As redes sociais : Vício ou progresso tecnológico?

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XIV. As redes sociais: Vício ou progresso tecnológico?

José A. García del Castillo (U. Miguel Hernández de Elche -Espanha) Carmen López-Sánchez (U. de Alicante -Espanha) Victoria Tur-Viñes (Universidad de Alicante -Espanha) Álvaro García del Castillo-López (U. Miguel Hernández de Elche -Espanha) Irene Ramos Soler (U. de Alicante -Espanha)

1. Introdução Antigamente, a propósito das evoluções cientificas, as reacções faziam com que os grandes pensadores vissem o futuro como algo inconsciente e carente de eficácia, pensando que este seria muito mais perigoso que benéfico. Platão (370 a. de C.) no seu diálogo com Fedro, coloca na boca de Sócrates o que para ele significa a escritura, que faria perder a tradição oral dos mestres e embruteceria os discípulos: “Pai da escritura e entusiasmado com a tua invenção, atribuis-lhe tudo o contrario dos seus efeitos verdadeiros. Ela não produzirá mais do que esquecimento nas almas dos que a conheçam, fazendo-lhes desprezar a memória; fiados neste auxílio estranho abandonarão o cuidado de conservar recordações, cujo rasto perderá o seu espirito. Tu não encontraste um meio de cultivar a memória, mas de esperar remi-

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niscências; e dás aos teus discípulos a sombra da ciência e não a própria ciência. Porque quando virem que podem aprender “muitas coisas sem nenhum mestre, pensarão que são sábios e a maior parte não serão mais do que uns ignorantes e falsos sábios no comercio da vida” (Platão, 370 a. de C., 341). Vinte e um séculos depois deste diálogo ter sido escrito por Platão, McLuhan (1967) com o seu famoso axioma “o meio é a mensagem” faz-nos pensar que as tecnologias vão fazer-nos perder a nossa privacidade entre muitas outras coisas: “Os antigos e tradicionais conceitos de pensar e agir privados, isolados - os padrões da tecnologia mecânica - estão muito seriamente ameaçados por novos métodos de recuperação eléctrica instantânea da informação armazenada, pelo banco de maços de papel processados electricamente pelos computadores... essa grande secção de bisbilhotice que não perdoa nem esquece, da qual não existe possível redenção e não deixa apagar os primeiros ‘erros’” (McLuhan, 1967,12). As novas tecnologias têm sabido estabelecer-se no espectro social de uma forma meteórica e consistente, alcançando uma repercussão impensável há poucos anos atras. Estamos a assistir a uma autêntica revolução tecnologia que incide poderosamente nas relações sociais, colocando-se no primeiro plano da virtualidade para tornar-se num motor universal de interconexão. Conceitos básicos do convívio diário das pessoas como a amizade, profissão, docência ou ciência, entre outros, converteram-se em detonadores de um novo sistema de relações que alteram completamente o seu sentido primário, fazendo com que o nosso estilo de vida se transforme. As redes sociais, durante a sua relativamente curta existência, talvez duas décadas, conseguiram modificar a realidade social. Foi criado um novo ambiente de comunicação e de relação onde diferentes avances tecnológicos convergem e desenvolvem-se todos no mesmo sentido. Um telemóvel deixou de ser apenas um instrumento de comunicação oral, a sua missão tradicional, para passar a contar com uma funcionalidade amplia através de diversas aplicações de comunicação, além da conversa convencional (Flores, 2009). Pensando no lado positivo, podemos afirmar que foi um grande passo dado, puseram-se em contacto directo e imediato milhões de utilizadores, sem tomar em conta a hora, lugar ou qualquer outra questão que pudesse estabelecer a interrelação entre pessoas e grupos. Por outro lado, pensando no lado negativo encontramo-nos com um mais que possível comportamento vicioso, levando a um autoreforço, além de todas as conotações particulares que este tipo de relações entre pessoas contém. Mas conscientes da grande evolução que significam as redes sociais, tal como menciona Díaz (2011), as redes virtuais passam a ser redes reais com uma importante função social. Podemos acrescentar que, para os mais jovens, o não estar em contacto através destas redes seria uma maneira de não existir, de exclusão social, não estar integrado

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no mundo dos outros, não participar nos acontecimentos do seu ambiente, de não ser ninguém. Para uma grande quantidade de utilizadores torna-se muito gratificante passar horas em frente ao ecrã sin intromissões e sem necessidade de estabelecer contacto real com os seus interlocutores, e isto pode traduzir-se a um desejo incontrolável de estar permanentemente na rede. De facto, de acordo a um estudo elaborado pela Fundación Orange (2011), 94,1% dos jovens entre os 16 e os 24 anos tinham usado a internet nos últimos três meses e 85,3% entre os 25 e os 34 anos. Devido a estas altas percentagens de utilizadores, os estudos epidemiológicos falam de um 77% de jovens entre os 18 e os 24 anos que podem considerar-se viciados nas novas tecnologias (Masip, 2014). Uma utilização racional e coerente das redes sociais implica um progresso pessoal, profissional, cientifico e de aprendizagem. Um uso abusivo acaba num comportamento vicioso que pode ainda induzir a outros vícios associados a estas redes (sexo, compra, trabalho...). Por isso, uma das contradições que enfrenta o uso racional e o uso vicioso é precisamente que, quanto mais activo o utilizador se mostra nas redes sociais, mais probabilidades tem de aceder a novas oportunidades pessoais, laborais ou académicas assim como de adquirir um vicio, ou seja, um fenómeno de feedback. O objetivo geral deste capitulo é analisar, através de princípios teóricos, as vantagens das redes sociais para o crescimento pessoal, profissional e académico enfrentando a possibilidade de adquirir um comportamento vicioso por um uso irracional e abusivo.

2. Conceito e uso das redes sociais A internet é um ambiente virtual onde os utilizadores podem publicar e partilhar conteúdos multimedia, jogar online com os amigos, conhecidos ou desconhecidos, obter informação de qualquer coisa, trocar ideias, conhecimentos, opiniões, trabalhar em equipa à distancia e um enorme etcétera, que fazem do seu uso uma fonte infinita de possibilidades. As redes sociais ou serviços de redes sociais, uma das muitas possibilidades que favorece a internet, têm vindo a crescer há pouco mais de uma década (Social Media Marketing, 2011) e provocam um impacto social de grandes proporções, que surpreenderam os seus próprios criadores. Segundo a definição de Boyd e Ellison (2008), podemos dizer que as redes sociais, ou mais concretamente os “serviços das redes sociais” (SRS) (entendidos como sites ou serviços web), são comunidades virtuais onde as pessoas podem criar um perfil próprio e plasmar todo o tipo de informação pessoal interagindo com os perfis dos amigos na vida real, assim como conhecer novas pessoas com quem partilhar algum interesse”. Estes autores sugerem três etapas diferentes entre o nascimento das redes sociais e

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a situação actual: 1. O primeiro período caracteriza-se pela criação de numerosas redes sociais para complementar os diferentes perfis dos utilizadores e potenciais utilizadores. 2. No segundo período, aproximadamente no ano 2000, as redes sociais começam a aglutinar o espectro económico mediante redes profissionais. 3. O terceiro período caracteriza-se por ser o auge das redes sociais e o que estas implicam na investigação da comunicação.

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de se fazer conhecer aos outros e que estes pensem de outra maneira. Se conseguir pode tornar-se numa vantagem substancial para ultrapassar problemas de timidez ou relação, sempre e quando as relações sejam levadas a cabo dentro e fora da rede. Um bom exemplo disto é o que nos indica Boyd (2008) no seguinte relato: “Se não estas no MySpace, não existes. Tenho 13 anos e estou no sétimo ano. Não sou representante dos estudantes, nem sou animadora, nem chefe do grupo de debates. Não sou bonita nem popular na escola. Sou um pouco tímida e é muito divicil para mim chegar a impressionar os meus colegas para ser amiga deles. Quando vou de férias com os meus pais tiro muitas fotografias e escrevo sobre os lugares que visito e depois ponho tudo nas redes sociais, porque acho que se os meus colegas lerem o que digo vão querer ser meus amigos” (Boyd, 2008, 119) “Si no estás en MySpace, no existes.Tengo 13 años y estoy en séptimo grado. No soy representante de los estudiantes, ni soy animadora, ni jefe del equipo de debate. No soy una chica guapa ni popular en mi clase. Soy un poco tímida y es muy difícil llegar a impresionar a mis compañeros para ser su amiga. Cuando me voy de vacaciones con mis padres tomo muchas fotografías y escribo sobre los lugares que visito y después los cuelgo en las redes sociales, porque creo que si mis compañeros leen lo que digo y cómo lo digo querrán ser mis amigos” (Boyd, 2008, 119).

2.1. Aumento da vulnerabilidade

O uso praticamente massivo destas redes pela população de adolescentes e jovens, traz consigo uma serie de vantagens e problemas associados às redes sociais como grupos mais vulneráveis. Além de alterar a forma de comunicação convencional, como nos indica Carr (2013, 123), “até a nossa experiência directa do mundo começa a ficar mediatizada” nas redes sociais. Podemos destacar outras características que estão a aparecer singularmente e que abrem novas tendências aos usos das redes sociais: Alteração estrutural das relações Uma primeira característica que se está a desenvolver com grande rapidez nas relações interpessoais dos mais jovens é a negação à possibilidade de uma relação cara a cara por ser considerada como impossível e tentar a relação através das redes com a intenção

Uma segunda característica é encontrada na sobreexposição dos mais jovens nas redes sociais, colocando-os numa situação de vulnerabilidade ante muitos perigos. O excesso de confiança é uma das facetas mais representativas dos pre-adolescentes e adolescentes. Uma prova disto encontra-se no estudo de Almansa Fonseca e Castillo (2013), onde chegam à conclusão que a sobreexposição dos jovens entre os 12 e os 15 anos no Facebook da população espanhola e colombiana é patente. De facto indicam que aceitam desconhecidos como amigos e até põe dados telefónicos para contacto. Encontramos também no mesmo nível de vulnerabilidade o problema do cyberbulling (Gámez, Orue, Smith e Calvete, 2013), que cria problemas clínicos de depressão, uso de substancias e outros problemas de comportamento. Estes extremos, geralmente muito problemáticos, podem ser amortizados pela própria aprendizagem dentro das redes.

2.2. Diminuição da idade de começo Uma terceira característica do uso das redes sociais reflecte-se na tendência marcada por um acesso cada vez mais precoce. No estudo de Colás, González e de Pablos (2013), baseado num grupo de 1.487 jovens com idades compreendidas entre os 13 e os 19 anos, mais do 94% começam a utilizar as redes sociais entre os 10 e os 15 anos

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de idade. Na população portuguesa, de um grupo de 3.039 jovens entre os 10 e os 15 anos, mais de 90% têm acesso às redes sociais (Almeida, Delicado e Alves, 2008). Assim, através do relatório Obercom (2010), afirma-se que mais de 95% dos jovens entre os 10 e os 15 anos têm acesso à internet de sua casa, visitando websites, jogos e redes sociais. Em grupos americanos, 93% dos jovens entre os 12 e os 17 anos utilizam a internet e os seus serviços de redes sociais (Lenhart, Purcell, Smith e Zickuhr, 2010). É uma vantagem destacável que os jovens tenham contacto com as novas tecnologias tão cedo, sempre e quando a sua utilização esteja minimamente supervisada por adultos.

2.3. Motivações de uso de redes sociais perfiladas E finalmente indica-se que as motivações dos utilizadores jovens das redes sociais vão-se rematando cada vez mais, os rapazes procuram-nas com intenções de cobrir necessidades do tipo emocional e as raparigas levam a cabo um uso mais relacional e social (Colás, González e Pablos, 2013; Costa 2011; Flores, 2009; De Haro, 2010). A aproximação às redes sociais através destes perfis favorece o desenvolvimento normalizado nos jovens, que pode fomentar novos valores. Como indicam Espinar e González (2009), o que mais chama a atenção dos jovens nas redes sociais virtuais é o facto de poderem satisfazer plenamente as suas necessidades de comunicação, sem esforço nenhum, de uma forma divertida e imediata. Para fazer um bom uso das redes sociais, devia contar-se com algumas estratégias preventivas ou factores de protecção (Ramón, 2010;Velasco, 2014): Limitar as horas de conexão racionalmente como um acordo. Fomentar e reforçar actividades diferentes ao estar na internet (desporto, sair com os amigos, leitura, cinema, voluntariados, trabalho em grupo,...). Ter muito cuidado com a informação que se mostra nas redes sociais (dados pessoais, fotografias, vídeos,...). Divulgar ao máximo a comunicação com a família, amigos e conhecidos... Nos últimos anos as redes sociais profissionais e académicas têm adquirido uma grande relevância, criando um contacto entre os utilizadores que procuram emprego com os que o oferecem, no âmbito profissional, assim como ao facilitar a visibilidade do conhecimento cientifico mediante redes sociais académicas. Embora, como indicam Barrajón e Tur-Viñes (2014): “Existe um grande desconhecimento quando ao potencial das novas tecnologias como meio de incremento da qualidade na comunicação e mais concretamente das redes sociais como recurso educativo, tanto pelos alunos como pelos professores, já que os resultados obtidos demonstram que os docentes não usam esta ferramenta como meio educativo” (Barrajón e Tur-Viñes, 2014,61).

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3. Comportamento vicioso e redes sociais Muitas das fronteiras entre um comportamento normal e um comportamento vicioso estão ainda por determinar, sobretudo quando nos referimos aos vícios de conduta ou psicológicos. As primeiras referencias aos vícios psicológicos são já clássicos, Marlatt e Gordon (1985) já indicavam que as condutas habituais e quotidianas como comprar, trabalhar, jogar, etc., que contam com efeitos altamente fortalecedores para a maioria das pessoas têm ao mesmo tempo uma característica de imediato reforço, tornando-as potencialmente viciantes. No entanto, este argumento tão alarmante não nos pode induzir a pensar que qualquer comportamento fortalecedor e imediato nos levará a um vicio, porque todos estes comportamentos contêm muitos benefícios que a maioria das pessoas sabem assimilar sem chegar a criar um problema de saúde (García del Castillo, 2013). Actualmente a American Psychiatric Association (APA) não reconhece a maioria destes comportamentos como vícios, entre outro motivos porque continuam a ser mais qualificados como um problema de controlo de impulsos do que como um vicio propriamente dito (Brugal-Martos e Villalbí, 2006). Provavelmente a postura mais aceitada se apoie no modelo biopsicosocial de Griffiths (2005), que compara o abuso das substancias químicas (álcool, tabaco e outras drogas) com o vicio das novas tecnologias. Os critérios clínicos que sugere podem ser agrupados da seguinte maneira (García del Castillo, 2012, 9): Saliência: Quando uma actividade particular se torna na mais importante da vida da pessoa, dominando os seus pensamentos, sentimentos e condutas. Um exemplo orientado ao vicio das redes sociais: “Paso a maior parte do meu tempo a observar o que os outros fazem nas redes sociais (ou a pensar fazê-lo)”. Alterações de humor: Experiencia subjectiva que as pessoas relatam quando se integram numa actividade particular. Pode expressar-se como “sentir uma subida”, sentimentos “desestressantes” ou tranquilizantes de escape, disforia. Um exemplo orientado ao vicio das redes sociais: “Quando participo nas redes sociais esqueço-me completamente de todos os meus problemas”. Tolerancia: Aumento necessário de qualquer coisa para chegar a sentir os mesmos efeitos do principio. Um exemplo orientado ao vicio das redes sociais: “Cada vez passo mais tempo a jogar nas redes sociais para me sentir bem”. Síndrome de abstinência: Sentimentos de incomodidade ou estado físico, psicológico, social desagradável quando uma actividade se reduz subitamente. Um exemplo orientado ao vicio das redes sociais: “Sinto-me muito mal se por algum motivo não consigo dedicar o meu tempo a participar nas redes sociais”. Conflicto: Conflictos interpessoais ou connosco próprios (intra psíquico). São conscientes de que têm um problema mas não conseguem controlá-lo (experiência de perda de controlo). Um exemplo orientado ao vicio das redes sociais: “Por passar dema-

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siado tempo nas redes sociais tive problemas com os meus melhores amigos”. Recaída: Tendência a voltar aos padrões originais da actividade depois de um grande período de abstinência. Um exemplo orientado ao vicio das redes sociais: “Se passo algum tempo sem usar redes sociais, quanto volto a fazê-lo a minha actividade continua a ser a mesma”. Apesar de não ainda não contarmos com um critério único de diagnóstico, o abuso das novas tecnologias passa obrigatoriamente pela internet como motor principal, criando duas vertentes em duas direcções: Por um lado a consideração de poder ser viciado as redes e por outro o facto da internet levar a outros vícios psicológicos (sexo, compra, redes sociais, etc.) (García del Castillo), 2013). Sabemos que quanto maior for a frequência de uso, maior será a probabilidade de vicio. Os utilizadores com uma frequência alta de utilização da internet têm um perfil que inclui as seguintes variáveis psicossociais: a tendência à introversão; sentimentos de incapacidade para se relacionarem com os outros; relações sociais incómodas; a procura de reforços sociais sem necessidade de contacto real (García del Castillo, Terol, Nieto, Lledó, Sánchez, Martín e Sitges, 2008). Como já foi mencionado anteriormente, as redes sociais não são um sinónimo de problema, têm muitos benefícios potenciais para os utilizadores moderados. O que realmente pode originar um comportamento vicioso às redes sociais não é o padrão de conduta implicado mas sim a relação que uma pessoa estabelece com essa conduta (Alonso, 1996; Echeburua e Corral, 2009). Os sintomas que nos podem indicar a diferença entre o uso e abuso das redes sociais foi sugerido por Youn (1998): Muito tempo nas redes (recortando o sono, as obrigações...). Substituir a internet por outras actividades relevantes (contacto familiar, relações com amigos e conhecidos,...). Obsessão por estar na internet. Ser repreendido por abusar da frequência e tempo dedicados às redes, chegando a mentir sobre o tempo que realmente passa nestas. Tentar estar menos tempo na internet e não conseguir. Diminuir o rendimento laboral e académico. Sentir-se estranhamente feliz quando está nas redes. Os factores de risco envolvidos no abuso das redes sociais podem agrupar-se nas seguintes variáveis (Echeburúa, 2012):

Vulnerabilidade psicológica Stress Familias desequilibradas

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Pressão social Uso excessivo, que leva ao risco de vicio nas redes sociais virtuais, está associado também a variáveis de personalidade que podemos agrupar da seguinte maneira (García del Castillo, 2013): Personalidade narcisista (La Barbera, La Plagia e Valsavoia, 2009). Extroversão, manifestações neuróticas e a abertura a novas experiências (Correa, Hinsley e Zuniga, 2010). Aborrecimento e procura de solidão (Zhou e Leung, 2012). Associação entre um grau de extroversão alto e um compromisso baixo (Wilson Fornasier e White, 2010). Extroversão para melhorar as relações e a introversão para neutralizar a falta de relações (Kuss e Griffiths, 2011). Ansiedade alta, estados depressivos e falta de habilidades sociais (Herrera, Pacheco, Palomar e Zavala, 2010).

4. Conclusões Fica comprovado que estamos numa emboscada difícil de resolver, porque os possíveis benefícios das redes sociais virtuais são muitos e muito variados, assim como os seus perigos. Podemos arriscar e dizer que se passa algo similar, tirando as distancias, com o consumo de algumas substancias que medicamente têm propriedades insubstituíveis, como por exemplo o ópio, mas que usadas arbitrariamente e de forma recreativa se tornam em autênticos desastres para a saúde e para o ambiente dos seus consumidores. Em principio o uso moderado e controlado das redes sociais virtuais é altamente benéfico como já indicámos. Caldevilla (2010) indica que ajudam no crescimento das tecnologias, modificam o jornalismo clássico facilitando a informação imediatamente, permitem aprender e melhorar idiomas, desenvolver novos hobbies, melhorar a interatividade, etc. Mas como também afirma o autor, afinal o uso que se faz das redes depende das intenções e dos critérios éticos e morais dos utilizadores. Podemos acrescentar que o problema não são as redes sociais mas sim o uso que se faz destas, um axioma tão universal que serviria para inúmeras questões e situações. Provavelmente uma das questões que dificultam o estudo pormenorizado dos efeitos viciosos das redes sociais encontra-se na rapidez com que estas se desenvolvem, assim como na quantidade de ramificações e derivados que originam. Os escritos de Carr (2013) acerca dos malefícios das novas tecnologias deviam ser recordados. Alteram-se esquemas básicos na forma de pensar, no vocabulário, na concentração, entre muitos outros, passando a ser muito mais superficiais. Os riscos do vicio, apesar de não estarem claramente definitos e ainda se falar nos

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critérios diagnósticos, mostram-se perigosos para uma grande quantidade de utilizadores que abusam do tempo nas redes, que se refugiam nas tecnologias para não terem de enfrentar relações reais e que falsificam as suas vidas com dados fictícios para recrear novas identidades nas que se sentem mais seguros, que abandonam as suas actividades e obrigações para se dedicarem às redes sociais como encoberta das suas próprias carências. Não podemos nem devemos pluralizar a problemática destas tecnologias, mas temos a obrigação ética, moral e profissional de tentar controlá-las entre a população mais jovem. Sabemos quais são os factores de risco e protecção para enfrentar um possível vicio nas redes sociais virtuais e por isso temos que pôr em andamento os mecanismos que possibilitem o crescimento da tecnologia e a diminuição dos perigos que estas podem trazer consigo.

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