As tunicas e revolucao na modelagem

As túnicas e a revolução na modelagem

Por Lúcia Leiro UNEB/Setorial Moda BA/CNPC/MinC As túnicas são peças ancestrais. Usadas pelos povos antigos de diferentes partes do mundo (Grécia, Egito, Turquia, Rússia e etc.), a sua forma simples e sem muitos recortes faz dela uma peça de vestuário sustentável, porque não desperdiça o tecido, é confortável e traz uma dimensão política que poucos têm conhecimento. É uma peça que deu origem a várias outras, como o vestido, o blazer, a camisa e, por esta razão, há que se ter a deferência pela antiguidade, que é posto. Para além de sua importância histórica, a túnica é usada hoje socialmente como forma de o sujeito se ligar a esta ancestralidade, como memória e como afirmação político-identitária. A túnica é usada em cerimônias tradicionais, mesmo no Ocidente, mas, também, socialmente por aqueles que consideram o vestuário uma poderosa linguagem de afirmação estratégica identitária. Para os afrodescendentes, a túnica é uma peça que ajuda a revelar a beleza e os signos das estampas. É importante dizer que os desenhos inscritos nos tecidos são ao mesmo tempo beleza e identidade, já que por meio deles pode-se identificar o grupo étnico que o produziu. Assim a túnica é a tela na qual o artista cria e recria o seu traço, tendo como base a memória, e o corpo humano é o veículo de sua arte. Desta forma, vestir túnica é um ato político, saudável e consciente. Não há modelagem no mundo que possa traduzir sustentabilidade com eficiência como a túnica, talvez apenas as amarrações, usadas em apresentações culturais ou na moda resort - uma forma que a indústria da moda inventou para limitar o uso de uma modelagem e conter a sua força e a sua grandeza. Com essas opções sustentáveis na modelagem, proponho uma revolução pelo mais simples, pelo minimalismo, pela ancestralidade e pelo uso de peças genderless. A túnica é tudo isso. A túnica é revolução na moda sustentável.