Assistindo e tuitando: análise da repercussão no Twitter das entrevistas com presidenciáveis no Jornal Nacional em 2014 (monografia)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL

Assistindo e tuitando: análise da repercussão no Twitter das entrevistas com presidenciáveis no Jornal Nacional em 2014

Leandro Cézar Santos Lourenço Orientador: Carlos Frederico de Brito D’Andrea

Belo Horizonte Junho de 2015

Leandro Cézar Santos Lourenço

Assistindo e tuitando: análise da repercussão no Twitter das entrevistas com presidenciáveis no Jornal Nacional em 2014

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Jornalismo, da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção ao título de bacharel

Orientador: Carlos Frederico de Brito D’Andrea

Belo Horizonte Junho de 2015

LEANDRO CÉZAR SANTOS LOURENÇO

ASSISTINDO E TUITANDO: ANÁLISE DA REPERCUSSÃO NO TWITTER DAS ENTREVISTAS COM PRESIDENCIÁVEIS NO JORNAL NACIONAL EM 2014

Monografia apresentada à banca examinadora do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel. Orientador: Prof. Doutor Carlos Frederico de Brito D’Andrea

___________________________________ Prof. Doutor Carlos Frederico de Brito D’Andrea Universidade Federal de Minas Gerais

__________________________________ Prof. Doutor Marcus Abílio Gomes Pereira Universidade Federal de Minas Gerais

___________________________________ Mestrando Pedro Henrique da Silva Nogueira Universidade Federal de Minas Gerais

“Você compreenderá agora o poder que suas palavras possuem, caso simplesmente as escolhas com sabedoria”. Anthony Robbins

AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus e à minha família. Meu pai Vicente, minha mãe Maria do Carmo e irmã Daniele, pela criação e apoio. Aos tios, avós e primos, por não medirem esforços quando precisei. À Aline, Bianca, Carol, Isabella, Laiza, Lorena e Marjorie, tenho sorte pela amizade dentro e fora de sala que perdurará. Aos demais amigos e colegas de curso e da Moradia, agradeço pelo companheirismo na convivência. Não poderia me esquecer do intercâmbio, seis meses cheios de experiências, amizades e amadurecimento. Sou grato também às pessoas e locais em que fiz estágio, por possibilitar meu crescimento profissional. À UFMG, primeiro sonho realizado depois de muita dedicação. Agradeço, por fim, ao orientador Carlos D’Andréa e aos envolvidos com a pesquisa “WebTVs em conexões intermidiáticas”, cujos ensinamentos e direcionamentos me guiaram ao longo dessa importante e conclusiva etapa.

RESUMO O objetivo deste trabalho é analisar as conexões intermidiáticas entre televisão e Twitter a partir de quatro das entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional com os candidatos à presidência do Brasil (Aécio Neves, Eduardo Campos, Dilma Rousseff e Marina Silva) nas eleições de 2014. Desse modo, tweets referentes a quatro hashtags (#AecioNoJN, #EduardoNoJN, #DilmaNoJN e #MarinaNoJN) foram coletados e analisados para discutir a repercussão em resposta à transmissão televisiva das entrevistas no telejornal de maior audiência do país. Vários tipos de atores sociais emergiram - como militantes políticos, bots e perfis oficiais dos candidatos e partidos - e demandaram conhecer essa mobilização política no online. Para isso, e através do Parse Tweets e Gephi, ferramentas adotadas que analisam cada hashtag em planilhas e em visualizações gráficas, os dados coletados foram apresentados e problematizados permitindo identificar comportamentos emergentes. Por fim, o objetivo não é trazer uma conclusão geral a respeito, mas apontamentos e tendências que deem conta da diversidade de conversações possíveis no ambiente online.

Palavras-chave: Conexões intermidiáticas; Televisão; Twitter; Eleições; Jornal Nacional; Mobilização Online.

ABSTRACT The main goal of this work is to analyze the intermedia relations between TV and Twitter giving special attention the four interviews conducted by the tv newscast “Jornal Nacional” with the presidential candidates in Brazil (Aécio Neves, Eduardo Campos, Dilma Rousseff and Marina Silva) in 2014. Having this in mind, four hashtags was used (#AecioNoJN, #EduardoNoJN, #DilmaNoJN and #MarinaNoJN) these hashtags were selected and analyzed to bring up to discussion the repercussions in response to television interviews on the most watched tv newscast in Brazil. Many types of social actors emerged - as political activists, bots and profiles of Official Candidates and Parties - and demanded a look at the political mobilization in online. For this, and through the Parse Tweets and Gephi, tools used to analyze each hashtag in spreadsheets and graphical views, the data collected were presented and problematized that have identified emerging behaviors. Finally, the effort is not bringing a general conclusion about it, but notes and trends that give account of the diversity of possible talks in the online environment.

Keywords: Intermedia; Television; Twitter; Elections; Jornal Nacional; Online mobilization.

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8 2 - DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 11 2.1 - CONEXÕES INTERMIDIÁTICAS E TV/TWITTER ................................................... 11 2.2 - TV/TWITTER E ELEIÇÕES ..................................................................................... 17 2.3 – JORNAL NACIONAL E ENTREVISTAS PRESIDENCIAIS .................................... 22 2.3.1 - O JN .................................................................................................................. 22 2.3.2 - Entrevistas ....................................................................................................... 24 3 - METODOLOGIA............................................................................................................. 26 4 - APRESENTAÇÃO DE DADOS ...................................................................................... 30 4.1 - AÉCIO NEVES......................................................................................................... 31 4.2 - EDUARDO CAMPOS .............................................................................................. 36 4.3 - DILMA ROUSSEFF ................................................................................................. 40 4.4 - MARINA SILVA ....................................................................................................... 43 4.5 – SÍNTESE DOS DADOS .......................................................................................... 46 4.6 – COMPARAÇÕES ENTRE DILMA E AÉCIO ........................................................... 50 5 - ANÁLISE E CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 58 6 - REFERÊNCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 65

1 - INTRODUÇÃO Criado em 2006, o Twitter é uma rede social que permite aos usuários enviar e receber atualizações de outros contatos em textos de até 140 caracteres, conhecidos como "tweets". Através da plataforma, usuários podem seguir (following) e serem seguidos (followers) por outros perfis. Outros recursos mais comuns são o de curtir, compartilhar um tweet (retuitar, ou RT) e responder diretamente um usuário (reply). Essas características dão ao Twitter instantaneidade e popularidade junto à internet como um importante espaço de numerosas e diversificadas conversações. Neste contexto, a televisão continua sendo uma destacável opção de entretenimento e informação, mas as pessoas não aceitam mais a tradicional forma de ver TV no sofá. Essa nova apropriação do conteúdo televisivo é vista por Primo (2010) como uma vontade social de interagir e pensar junto do que está sendo visto. Partindo desse pressuposto, os meios para a participação da população estão cada vez mais amplos e acessíveis. Canavilhas (2009) ressalta que, neste contexto, as mídias sociais são o suporte para prática do debate social pois, por ora, tenta eliminar a filtragem da mídia tradicional, propiciando a cada indivíduo se manifestar com críticas, sugestões e denúncias de interesse coletivo e pessoal. Esse envolvimento da sociedade se torna mais evidente com o cenário político em período de eleições para presidente, já que o tema domina parcela considerável dos meios de comunicação tradicionais. Além disso, a emissora brasileira mais vista no país, Rede Globo, tem a tradição de oferecer ampla cobertura nesses períodos. Já o telejornal de maior audiência da TV brasileira, o Jornal Nacional, da Globo, realiza debates e entrevistas com os principais candidatos, tornando-se uma referência e agendando outros veículos e o público eleitor. Sendo assim, o Twitter passa a captar essa movimentação que emerge da sociedade, já que os meios de comunicação tradicionais não conseguem abranger questões ligadas à opinião do público de forma mais plural como na internet. Com esse propósito, o presente trabalho propõe analisar as conexões intermidiáticas entre televisão e Twitter durante as quatro entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional com os candidatos à presidência do Brasil (Aécio Neves, Eduardo Campos, Dilma Rousseff e Marina Silva) em 2014. Como objetivo específico, iremos discutir o uso dessa rede social durante a campanha eleitoral a fim de conhecer e entender as participações dos diversos tipos de atores

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sociais envolvidos. Como por exemplo: os perfis oficiais dos políticos e partidos, fakes1, bots2, militantes partidários e candidatos, jornalistas, humoristas e outros. Ao adentrar nas questões teóricas, será outro objetivo específico a identificação da existência de “sistema emergente de Resposta” um termo apropriado por D’Andréa (2011) a partir de Braga (2006), que diz sobre a emergência de forma auto-organizada em rede nas interações no Twitter a partir das quatro entrevistas que traz uma resposta da sociedade à mídia. Para efeito de organização, o trabalho trará em seu segundo capítulo, após esta introdução, a revisão teórica que fundamenta o estudo. O subitem “Conexões intermidiáticas e TV/Twitter”, o mais extenso, tem a prioridade de abordar as interações, particularidades e apropriação do conteúdo televisivo nas redes sociais online, em especial no Twitter. Em um segundo momento, a relação dessa rede social com um período de grande complexidade (período eleitoral) situará o caso mais recente e objeto de pesquisa: as eleições presidenciais de 2014. Por último, e sendo mais especifico, traremos detalhes sobre o Jornal Nacional e o formato de entrevista com candidatos adotado desde 2002. Questões como prestígio, credibilidade, autoridade jornalística, celebridade e simpatia dos âncoras, emissora e formato serão considerados por se tratar de um telejornal notório no país. No capítulo 3, será tratado detalhes metodológicos que darão conta de conhecer e explicar as ferramentas e recortes temáticos feitos a partir de uma pesquisa muito mais extensa, pois vários movimentos foram percebidos durante a exibição das entrevistas. A escolha exclusiva do Twitter se deu por essa rede social ser um espaço em que os assuntos televisivos dominam3, como novelas, eventos esportivos e premiações, e pela velocidade de inserção da participação e repercussão, características essenciais da própria plataforma. Já sobre as ferramentas de coleta e visualização gráfica, vale ressaltar o apoio técnico e metodológico dos envolvidos com a Pesquisa “WebTVs em conexões intermidiáticas”, coordenado Professor Carlos D’Andrea, também orientador dessa monografia. Já no capítulo 4, a aplicabilidade teórica será realizada através da análise dos dados coletados das hashtags [#AecioNoJN (18.017 tweets coletados), #EduardoNoJN (4.340 tweets coletados), #DilmaNoJN (5.054 tweets coletados) e #MarinaNoJN (8.856 tweets coletados)] utilizadas e repercutidas, respectivamente, no dia em que cada candidato foi entrevistado no Jornal Nacional. A partir disso, foi realizado o processamento desses dados através da Usuários da rede que se passam por outras pessoas ou alguém que não existe, mas movimentado por humano. Perfis coordenados por robôs. 3 Televisão domina o Twitter no Brasil, diz estudo: http://goo.gl/3AS4DG 1 2

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ferramenta Parse Tweet, que possibilita análise de cada hashtag em planilhas com dados quantitativos isolados, como usuários que mais tuitaram o termo no período. Já a visualização gráfica foi feita através do programa Gephi que permitiu identificar e conhecer comportamentos padronizados e específicos, além das interações e conexões envolvidas. Em um segundo momento, no subitem 4.5, traremos uma síntese dos dados e um olhar geral sobre os resultados das quatro hashtags. No subitem 4.6, se fez necessário comparar as hashtags dos candidatos Aécio Neves e Dilma Rousseff, devido ambas apresentarem mais complexidades e possibilidades de confrontar dados. Essa comparação foi feita analisando a mobilização das militâncias envolvidas e o tratamento sobre o apresentador e jornalista William Bonner, que se ocupou papel de destaque na repercussão. Já caminhando para o final do trabalho, o capítulo 5 trará uma análise e considerações finais resgatando as teorias expostas anteriormente, retomando exemplos e observações pontuais feitas ao longo do processo de apresentação dos dados. Por fim, e deixando claro, não será o objetivo maior obter uma conclusão geral a respeito, pois não se trata de uma ciência exata. Mas, mesmo assim, será uma preocupação obter apontamentos e indicar desdobramentos possíveis sobre a repercussão no Twitter a partir das entrevistas com os principais presidenciáveis de 2014 no mais notório telejornal do país até então.

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2 - DESENVOLVIMENTO 2.1 - CONEXÕES INTERMIDIÁTICAS E TV/TWITTER A expansão do uso da internet e adesão das redes sociais têm levado a uma adaptação dos meios de comunicação mais tradicionais, como a televisão, por exemplo. Nesse contexto, percebemos uma certa união da audiência televisiva com o ambiente virtual. Essa nova apropriação do conteúdo televisivo é vista por Primo (2010) como uma vontade social de interagir e pensar junto do que está sendo visto. Para ele, especificando as redes sociais, esse “telespectador/twitteiro” mostra que a televisão continua sendo uma importante opção de entretenimento, mas por outro lado não aceita mais a tradicional forma de ver TV no sofá. O consumidor do produto televisivo quer ressignificar os conteúdos que recebe, além de querer compartilhar seus pontos de vistas e saber o que os outros estão dizendo. Primo (2010) diz ainda que, esse interesse em saber o que está sendo dito não é o “ruído de toda a massa”, mas sim, o que pensam os participantes de suas comunidades; o que dentro do ambiente de redes sociais, em específico o Twitter, tem relação com o círculo de amizade que cada pessoa cria e mantem na rede, ou seja, a opinião dos “amigos” virtuais - ou “seguidores” - sobre determinados assuntos. Nessa perspectiva, deparamos com questões que criam destaque de certos conteúdos repercutidos nas redes sociais. Sendo assim, o tema perpassa pelo conceito de agenda-setting, proposto por Maxwell McCombs e Donald Shaw na década de 1970. Segundo os autores, “os elementos proeminentes na imagem da mídia tornam-se proeminentes na imagem da audiência. Aqueles elementos enfatizados na agenda da mídia acabam tornando-se igualmente importantes para o público” (McCOMBS, 2009, p. 111). Certo ponto de vista fica claro ao levar em consideração veículos de grande relevância, como a Rede Globo, pautando a sociedade e outros meios de comunicação com seus produtos jornalísticos e até mesmo peças da teledramaturgia. Esses veículos configuram uma arena importante, apesar de não serem espaços exclusivos onde os temas se tornam visíveis. Suas atuações dão um cenário de tensões que envolve reconhecimentos diversos por parte do público, participando da construção da pauta que norteia a conversa pública. “Não parece adequado encarar a construção da agenda pública como um fluxo decisório que se dá de modo unilateral, das redações para o resto do público, mas seria mais produtivo entendê-lo como uma dinâmica recursiva, em que diversos atores concorrem para a sua elaboração” (LARA, 2014, p.40).

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Pensando por esse lado, fica claro que os acontecimentos televisivos também repercutiriam nas redes sociais. Porém, esse contexto online de múltiplas vozes acaba por evidenciar de forma mais clara essa dinâmica recursiva, já que não é adequado afirmar o efeito irrestrito do agendamento. Segundo McCOMBS: Alguns observadores sociais preveem o fim do agendamento à medida que as audiências se fragmentam e virtualmente todo o mundo tem uma agenda midiática única que é um composto altamente especializado construído desta vasta riqueza de notícias e de fontes de informação. (McCOMBS, 2009, p. 224).

Apesar do conceito prever esse enfraquecimento do efeito de influência nos casos das redes sociais, McCombs considera também que o poder das mídias tradicionais passaria para o ambiente virtual criando formas de controle no efeito de repercussão em outras plataformas. Algo observado pelo número de seguidores das páginas oficiais de grandes emissoras de TV. A Rede Globo (@RedeGlobo) por exemplo possui mais de 8 milhões de seguidores, ocupando o 12° lugar4 em 2014 entre os perfis brasileiros mais seguidos no Twitter, atrás de celebridades como o jogador Neymar e a cantora Ivete Sangalo. Porém, mesmo com essa capacidade das emissoras de televisão de se inserirem nas mídias sociais, existem certa particularidade do direcionamento do agendamento na rede. McCombs (2009) chama de intermídia agenda-setting o “modelo horizontal de agenda-setting que, no âmbito da internet, pequenos grupos podem influenciar outros conjuntos de pequenos grupos e até mesmo a mídia de massa” (McCOMBS, 2009, p. 224). É relevante pensar que esses pequenos grupos podem ser organizar de certa forma e propiciar grande destaque, exercendo relevância temporária no ambiente online. Trazendo essa discussão para o foco da relação entre a TV e o Twitter, o conceito de cultura de convergência, trabalhado por Jenkins (2008), aborda a temática de forma mais direcionada ao objeto de estudo. Segundo ele, essas conexões intermidiáticas podem ser vistas como um caso típico de convergência marcada mais por aspectos culturais do que por mudanças técnicas. "Uma transformação cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos" (JENKINS, 2008, p. 49). Essa mudança ocorre com os consumidores individuais em suas interações sociais com outras pessoas, dentro de um contexto emergente de formas de comunicar. Transformação cultural que perpassa pela consolidação de uma lógica colaborativa muitas vezes na contramão de modelo massivo de produção e de circulação de informação.

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http://goo.gl/qvVdi0

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Sendo assim, levando em consideração que estamos cada vez mais conectados a conteúdos midiáticos diversos, d’Andrea (2014) cita Jenkins para abordar essa diversidade. "cultura da convergência" é marcada pela co-existência de duas convergências. Identifica-se um processo de “convergência vertical”, que é planejada pelas empresas de mídia, enquanto a participação auto-organizada dos fãs, espectadores etc alavanca uma “convergência horizontal” marcada pelo engajamento e pela produção de bens culturais à revelia da lógica comercial que controla os produtos "originais". A constante negociação entre esses dois modelos é marcada por variadas formas de mediação de natureza sociotécnica, o que, em última instância, alavanca o surgimento de variadas formas de conexões intermidiáticas (D’ANDREA, 2014, p. 1).

Já Alzamora (2012) chama de "rede intermídia" o resultado do processo atual de relações entre diferentes dispositivos midiáticos. Segundo a autora, “a diversificação midiatizada das mediações tensiona e complementa a mediação exercida por instituições de mídia tradicionais porque ambas circulam nos interstícios da rede intermídia, contaminando-se mutuamente" (ALZAMORA, 2011, p.90). Algo que reforça a especificidade do termo “intermídia agenda-setting”, apontado por McCombs (2009), pois corrobora com uma emergência horizontal que surge e se organiza dentro da rede. Sendo assim, para entendermos as conexões intermidiáticas é preciso considerar o que cada dispositivo envolvido tem de específico e as relações estabelecidas com os outros dispositivos midiáticos. Nesse sentido, é fundamental ressaltar que a televisão apresenta uma capacidade de constante reinvenção, além de ser uma espécie de mídia absorvente por agregar diversas formas emergentes de comunicação (D’ANDREA, 2014). Além disso, as emissoras de TV conseguem agregar um volume muito significativo de espectadores simultâneos dispostos a interromper ou programar sua rotina para acompanhar um acontecimento midiático. Os produtos televisivos contam com uma “audiência conectada”, Sendo assim, Estamos falando, portanto, de uma televisão que, longe de se esgotar na transmissão (ao vivo ou não) de seus programas, parece se reorganizar a partir e para além dessa emissão, visando adequar o modelo massivo na qual sempre se sustentou. Scolari (2009) utiliza o termo “hipertelevisão” para designar “uma particular configuração da rede sociotécnica ao redor do meio televisivo” (p.183). Já Fechine (2013) opta pelo termo "televisão transmídia", que "designa uma lógica de produção, distribuição e consumo de conteúdos televisivos, a partir da digitalização da TV e da sua articulação com outras plataformas no ambiente de convergência" (D’ANDREA, 2014, p. 7).

Essa “transmidiação” é possível a partir do apoio das propriedades técnico-expressivas que está ancorada pela cultura participativa. Essas experiências com a televisão podem propiciar novos procedimentos de distribuição não autorizada de conteúdos televisivos e de apropriação informal pela audiência (FECHINE, 2013), como veremos adiante.

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Além de conhecer essas novas formas de interconexões, é preciso destacar também a heterogeneidade de agentes em ação nas redes sociais online. No contexto eleitoral no Twitter, por exemplo, diversos atores (perfis oficiais, fakes, bots, militantes, usuários ocasionais, humoristas, jornalistas entre outros) propiciam essa diversidade. Aprofundamento que nos faz recorrer a Teoria Ator-Rede (TAR) para ajudar a clarear a existência desse conjunto diversificado de atores. Segundo Buzato (2012), “a TAR trata de redes constituídas por entidades de variados tipos que transportam ações, constituindo o que chamamos de redes heterogêneas” (p. 67). Para o autor, "mediar, na TAR, significa interferir na produção de um efeito da rede" (p.68). Essa interferência se reorganiza internamente apoiada nesses múltiplos atores. Temos assim uma rede composta de atores que se envolvem em uma intensa negociação de sentido entre agentes - humanos e não-humanos - que atuam como mediadores na própria rede ao se engajarem de formas variadas (D’ANDREA, 2014). Um perfil robô, por exemplo, pode propiciar um destaque de um detalhe de uma entrevista televisiva no Twitter, ao passo que um usuário humorista pode se apropriar e/ou ressignificar a discussão, pautando-a a partir de então. Para o momento, é importante conhecer e situar nas variadas formas de conexões entre Twitter e transmissões audiovisuais. D’Andrea (2014) os classificam em três desses tipos para abordar a questão: 1) as iniciativas institucionais de canais de televisão; 2) as formas autoorganizadas de conversação online que problematizam e ressignificam as temáticas e perspectivas pautadas pelas transmissões ao vivo; e 3) novas formas de transmissão audiovisual via internet (streaming). O primeiro tipo apontado se refere às iniciativas institucionais de canais de televisão como forma de conexão intermidiática. Podendo ser visto como o processo de convergência vertical (JENKINS, 2012). Essa apropriação dos canais de TV está ligada aos denominados aplicativos de “segunda tela”, caracterizada por uma "oferta de conteúdos interativos complementares e sincronizados com a programação por meio de aplicativos desenvolvidos para tablets e smartphones" (FECHINE, 2013 p.3), sendo vistas como resultado da "intencionalidade de uma instância produtora" para propagar e expandir a emissão televisiva. Outra estratégia cada vez mais comum é o esforço das emissoras para “institucionalizar” essa repercussão através do “domínio” das hashtags - palavras-chave que no Twitter são usadas massivamente para destacar um conteúdo ou defender uma ideia. A iniciativa parte de um

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esforço dos canais de televisão a fim de captar ainda mais a audiência. Algo controlável a partir do ponto que as emissoras escolhem a dedo quais conteúdos serão exibidos como oficiais. Um trabalho minucioso, pois nas próprias redes sociais a conversação se mostra incontrolável e aberta a diversidades de opiniões. Pois, “para uma audiência conectada, as hashtags são actantes não-humanos capazes de aproximar espectadores com interesses específicos ou de propor perspectivas alternativas sobre o assunto em questão” (D’ANDREA, 2014, p. 5). A iniciativa em que as formas auto-organizadas de conversação online problematizam e ressignificam as temáticas e perspectivas pautadas pelas transmissões ao vivo, que fazem emergir sistemas de respostas, é considerada como o segundo tipo apontado por D’Andrea. Esse movimento auto-organizado da “audiência conectada” através do Twitter pode ser visto como o “sistema emergente de resposta” da sociedade à mídia (D'ANDRÉA, 2011). Braga (2006) diz que as relações entre produção e recepção midiáticas aponta para a importância da “circulação posterior à recepção” do conteúdo veiculado, algo capaz de captar a “movimentação social dos sentidos e dos estímulos produzidos inicialmente pela mídia” (p.28). Segundo ele, esse sistema corresponde a atividades de resposta produzida e direcionadora da sociedade em interação com os produtos midiáticos. Esse retorno emerge de uma participação diferida e difusa (p.22). O que a sociedade faz com sua mídia, ou seja, a resposta se resulta em objetivos muito variados, pois “a sociedade assume no tratamento dos produtos e processos de sua mídia: crítica; retorno – feedback; controle da mídia; sistematização de informação; circulação comercial; processos educacionais e formativos; processos de aprendizagem em público” (p. 38). Uma gama de resultados que endossa a ideia da diversidade de agentes e de opiniões a redor dos conteúdos intermidiáticos. Sendo mais específico no caso do Twitter, D’Andrea (2014) considera a “avalanche” de tweets com críticas sobre qualquer assunto como um “sistema emergente de resposta social” típico do modelo colaborativo de comunicação. Pois, ao invés de um processo coordenado pela emissora de televisão, identifica-se “a emergência, de forma auto-organizada, de hashtags ou palavras-chave publicitadas sem um planejamento prévio e/ou propostas por forças externas determinantes” (p.10). Certo ponto de vista fica evidente ao se tratar de contexto político na rede. Usuários com determinada influência dentro do ambiente online e com propósitos claros podem se destacar e possibilitar ascensão de um ponto de vista. Sendo essa influência de certos usuários algo previsto pela “intermídia agenda-setting”, pois o conceito prevê uma formação horizontalizada

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e emergente de opinião, já que existe a vontade social de interagir e pensar junto sobre o que está sendo visto (Primo, 2010). Dessa forma, a possibilidade do surgimento não programado pela emissora de uma resposta social contrária ao veículo contribui para a diversidade de hashtags, temáticas e conversações que emergem da audiência conectada durante uma transmissão televisiva. Pois, trata-se de um ambiente rico em controvérsias que, em última instância, nos ajuda a compreender as dinâmicas sociais contemporâneas em seus momentos de maior intensidade e complexidade (VENTURINI, 2010). Sendo assim, a utilização de uma mídia (Twitter) para se expressar sobre outra (televisão) gera um debate não só sobre o conteúdo apresentado, mas também sobre a mídia em si. Todos esses elementos são passíveis de análise e geração de opiniões múltiplas, colocando em destaque os pareceres dos telespectadores sobre eles e, no uso mais ativo das mídias sociais, sobre as opiniões dos outros sobre tais e, inevitavelmente, sobre o feedback de suas próprias opiniões. Um verdadeiro ciclo onde a participação popular encontra facilidade de se inserir ao longo do processo. De maneira geral, fica evidente um jogo de força nas conversações dentro das redes sociais online. Uma resposta da sociedade à mídia evidencia o próprio “sistema emergente de resposta” (D’ANDRÉA, 2011) que se potencializa ao tratar de um contexto de “respostas diferidas e difusas” (BRAGA, 2006). Sendo assim, D’Andrea (2014) considera que: Esta situação - que chamamos aqui de segundo tipo de conexão intermidiática - caracteriza-se por uma relação mais equilibrada entre as transmissões ao vivo e as repercussões nas redes sociais online, uma vez que as temáticas e abordagens em destaque nesses dispositivos midiáticos podem se aproximar ou se contrapor, relativizando ou mesmo subvertendo a influência de uma “mídia regente” (D’ANDREA, 2014, p.12).

Essa “mídia regente”, apontada também por Fechine (2013), é o espaço em que “se desenvolve o texto de referência (o programa narrativo principal) a partir do qual se dão os desdobramentos e articulações” (p.6). Nessa mesma linha, McCOMBS (2009) aponta que elementos enfatizados na agenda da mídia acabam tornando-se igualmente importantes para o público. Mas, como vimos, há especificidades que não possibilitam o agendamento irrestrito por envolverem diferentes formas de reconhecimento por parte do público. Já como um terceiro tipo de conexão intermidiática, apontada por D’Andrea (2014), temos a crescente e novas formas de transmissão audiovisual via internet (streaming). Mais do que se apropriar das redes sociais online para amplificar suas emissões, parecem já se organizarem na lógica dessas redes, ou seja, um conteúdo muito mais próprio do contexto. Vale

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ressaltar ser um ambiente composto quase em sua totalidade de imagens amadoras, destacandose um forte poder mobilizador da audiência conectada por esse tipo de transmissão audiovisual. Em relação ao objeto de estudo, as conexões intermidiáticas entre TV e Twitter durante as quatro entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional com candidatos à presidência do Brasil nas eleições de 2014, podemos situá-lo dentro do tipo de conexões no que diz sobre as formas auto-organizadas dentro da rede (segundo tipo). Mas, ao mesmo tempo tangencia o primeiro por criar algo que assemelha a uma iniciativa “oficial”, já que são expressões de referência adotadas pelos partidos. Apesar disso, tal fenômeno estudado não surge da iniciativa institucional de canais de televisão, pois o Jornal Nacional ou a Globo não fomentam, por exemplo, o uso de hashtags para controlar ao ponto de exercer uma “convergência vertical”, ou seja, não é uma instância produtora na rede que propaga hashtags oficiais, por exemplo. Apesar disso, o contexto abre uma brecha para a ascensão de conteúdo político e eleitoral que acaba por produzir e direcionar a participação do telespectador. As iniciativas têm uma intenção de expandir a emissão televisiva da “mídia regente”. Algo feito por meio de hashtags de apoio, twittaços e desconstrução do adversário, etc. Ou seja, uma auto-organização partidária dentro de uma repercussão que gera uma influência próxima a algo “oficial”, como a definição da palavra-chave a ser utilizada durante a exibição das entrevistas. Mas, mesmo assim, não deixa de ser um movimento horizontal de origem de “fãs”, expondo o “sistema de resposta social”. 2.2 - TV/TWITTER E ELEIÇÕES Muitas ações tentam incentivar a população a se tornar mais participativa no processo político, no entanto, o assunto continua despertando pouco interesse dos cidadãos. Algo que pode estar relacionado a dois fatores: a falta de meios para a participação da população no processo político ou a falta de engajamento cívico (POZOBON; KOEFENDER, 2012, p. 1). Porém, com o advento da internet, os meios para a participação da população estão cada vez mais amplos e acessíveis aos cidadãos em geral. Recuero (2012) considera as redes sociais um processo cada vez mais dinâmico que tem expandido e evoluído para serem espaços conversacionais importantes, propiciando a cada indivíduo se manifestar com críticas, sugestões e denúncias de interesse pessoal de forma aparentemente livre.

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Além disso, as contribuições técnicas tem sido um importante papel nesse processo, tendo em vista que a tecnologia avança cada vez mais pela instantaneidade e facilidade de interações sociais variadas. Esses suportes técnico e interacional podem ser vistos como um convite aos cidadãos a participarem da rede e, consequentemente, do processo político. Essas mesmas mídias sociais se tornam de grande valia no contexto político. Algo que foi fundamental para a eleição do presidente americano Barack Obama, conforme declarou em 2008 Michael Cornfield, cientista político e diretor de pesquisa do Projeto Democracia On-line da Universidade George Washington: “Sem internet não haveria Obama. A diferença de compreensão, entre as campanhas de Obama e Clinton, sobre o que se pode realizar por meio da política on-line tem sido um fator decisivo nessa que é a maior reviravolta na história das primárias presidenciais” (CORNFIELD, 2008, apud GOMES; FERNANDES; REIS; SILVA, 2009, p.1). Já Cervi e Massuchin (2011), em relação ao Brasil, aponta que a internet começou a ganhar destaque durante a última campanha nacional (2006), pois os candidatos e assessorias passaram a dar atenção a esse mecanismo como forma de atingir uma camada segmentada da população que acessa a internet. Quase 10 anos se passaram da campanha eleitoral que elegeu Obama pela primeira vez, o que aponta para um amadurecimento e eficácia ainda maior das mídias sócias como estratégia eleitoral para as próximas eleições, sobretudo as presidenciais (Silva e Martins, 2014). Sendo assim, esse crescimento do uso das redes nesse contexto acompanha o maior engajamento político. Canavilhas (2009), ao citar Barnett (1997) direciona essa questão para uma participação ligada ao conceito de comunicação política. O conceito de comunicação política evoluiu e ultrapassa a restrita relação entre governos e eleitorado para a promoção da cidadania do conhecimento, entendida como acesso a informação relevante não distorcida, ou o livre acesso aos espaços de debate onde os cidadãos podem deliberar e desenvolver os seus próprios argumentos (Barnett, 1997, apud CANAVILHAS, 2009, p. 3).

Canavilhas (2009) ressalta que, nesse contexto, as mídias sociais são o suporte para prática do debate social. Para o autor, este espaço é “um novo terreno onde os cidadãos, individualmente ou em grupo, apresentam opiniões, reagem a posições políticas, trocam argumentos e questionam os políticos” (CANAVILHAS, 2009, p. 3). Nessa lógica, o Twitter é um grande exemplo onde o engajamento se difunde e vai além de algo previsto pelo governo, políticos e mídia tradicional. Pois a “comunicação política formada pela triangulação político, imprensa e eleitores, tem na internet uma forma de estabelecer um contato direto com o

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eleitorado, sem filtros jornalísticos” (CANAVILHAS, 2009, p. 1). Sendo mais atual, blogs e páginas no facebook tem servido como outras formas de alcançar público. Essas novas apropriações possibilitam que um eleitor também possa ser produtor de conteúdo. Um espaço de opinião individual ou de grupos passíveis de questionar a ação dos políticos e imprensa tradicional. Canavilhas (2009) aponta ainda características que podem influenciar o processo de comunicação política, dando vantagens aos novos dispositivos ao compará-lo aos meios tradicionais. Para o autor, são elas: a infinita disponibilidade de informação bruta que não encontra barreiras em questões de tempo e espaço na internet; possibilidade dos cidadãos poderem comunicar entre si, independentemente da sua localização geográfica; acesso à informação sem qualquer tipo de impedimento temporal; e acesso universal com a presença simultânea de qualquer local com uma ligação à rede. Apesar dessas vantagens das mídias sociais irem ao encontro de uma ausência de “filtros jornalísticos” tradicionais, certos grupos na rede podem se organizar e transformar em formadores de opinião ou monopolizarem as discussões, mesmo que não seja nada tão definido como na mídia televisiva, por exemplo. Pensando nisso, e com a finalidade de entender como a rede se organiza para lidar com ascensão de alguns pontos de vista, Pereira (2011) subdivide as possibilidades de mobilizações online em três segmentos: a mobilização de militantes internautas ocasionais; a mobilização das bases; e a mobilização entre entidades da sociedade civil. Veremos como cada um pode contribuir para dialogar com a temática desse trabalho. A mobilização dos internautas ocasionais parte do princípio de que estes indivíduos já possuem algum interesse para as questões políticas. Os internautas militantes ocasionais podem se interessar por causas das mais distintas. “Temos então uma militância à la carte, pois tratase de um engajamento periódico e algumas vezes distanciado, dado que o internauta não precisa se expor às pressões sociais que normalmente acompanham este tipo de atividades”. (PEREIRA, 2011, p.15). Comportamento percebido no período eleitoral em que vemos maior participação da sociedade nos assuntos políticos, já que o tema domina quase que completamente os meios de comunicação tradicionais. Com essa particularidade, o engajamento possui “uma característica fundamental que é a liberdade do militante ‘não formal’ de se envolver quando quiser e onde quiser, sem os altos custos da participação ‘formal’” (PEREIRA, 2011, p.15). Participação que pode ou não se desdobrar em atividades fora da internet. Sendo assim, a militância online encontra na internet

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um espaço cada vez mais propício para estabelecer relações de forma simples, econômica e de grande repercussão. Para que estes internautas militantes eventuais sejam “seduzidos” a participar das ações de mobilização promovidas pelas entidades, Pereira (2011) aponta que é necessário que exista uma ação almejada dos mesmos, de forma tal que estejam dispostos a acessar as páginas das entidades e possam ver o que está a acontecer em termos de mobilização. Trata-se de uma rede informal onde as mensagens convocatórias das ações irão circular. Assim sendo, a existência das redes sócio técnicas e seu potencial viral de propagação são fundamentais para que exista uma disseminação de informação através de meios eletrônicos e, consequentemente, a mobilização de internautas militantes ocasionais. Para que isto aconteça, o processo de mobilização deve ser composto por dois momentos: primeiro, o convencimento da importância de tal temática e a construção de um consenso em torno dela; e segundo, a mobilização presencial (manifestações de rua, boicotes, etc) ou online (re-transmissão de emails, assinaturas virtuais, desobediência civil eletrônica). Em ambos os casos, o custo da participação não deve ser demasiadamente elevado para os militantes eventuais, pois poderia levar a uma defecção na participação. No limite, apesar de favorecer a ação coletiva, a Internet continua sendo um instrumento que apenas reduz as barreiras à participação, mas não as rompe completamente como muitos o desejavam (PEREIRA, 2011, p.15).

Já em relação a articulação entre as entidades da sociedade civil e suas bases, Pereira (2011) destaca que a internet não resolve a questão da participação igualitária, basicamente em função da exclusão digital, realidade que impera de formas distintas em todo o mundo. “É necessário muito cuidado ao falarmos sobre a Internet como mecanismo de aperfeiçoamento democrático, pois uma grande parcela da população mundial ainda está fora do processo de apropriação de novas tecnologias” (PEREIRA, 2011, p.17). O autor chama atenção para os excluídos da revolução digital que podem fazer parte das bases dos movimentos sociais e ONGs. “Temos um processo paradoxal, uma vez que naqueles locais em que grande parte dos indivíduos estão plugados, há possibilidades de aprofundamento democrático, aumentando assim a distância em relação àqueles que não estão conectados” (PEREIRA, 2011, p.18). A situação pode ser um risco para a troca de informação entre as referências locais com os movimentos globais, já que as bases envolvidas podem sofrer dessa exclusão digital. Por último, a mobilização entre entidades da sociedade civil diz respeito aos desenvolvimentos das novas tecnologias de comunicação e informação que tem permitido que o ativismo político se organize de maneira que se superem constrangimentos temporais, financeiros, espaciais, ideológicos, colaborando para a ampliação das atividades a níveis antes

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poucas vezes imaginados. Esse espaço cria uma opção aos movimentos que conseguem se inserirem de forma mais fácil se comparada aos meios de comunicação tradicionais. Porém, especificamente nas eleições presidenciais de 2014, por exemplo, os blogs sem produção jornalística profissional tiveram 4,2% dos compartilhamentos no Facebook e no Twitter durante os últimos dez dias do pleito brasileiro. Já os links por usuários que vieram de conteúdo publicado na mídia profissional - em jornais, portais, TVs, rádios, sites de notícias locais ou imprensa internacional – alcançaram 61%, segundo portal da Folha5. Apesar disso, o ativismo político, como os blogs partidários, encontram na internet um espaço plural e democrático no ponto de vista de inserções, algo que permite às organizações menores de intervir e interpelar as instâncias políticas formais e superiores, pois é nesse ambiente de aparente ausência de filtros que opiniões diversas e pouco contemplada pelos meios de comunicação tradicional têm chances de sobressaírem. Para finalizar, é importante trazer um panorama sobre as eleições presidenciais de 2014. Primeiramente vale destacar o clima tenso e atípico causado pela morte de Eduardo Campos, entrada de Marina Silva na disputa e empate técnico apontado em várias pesquisas eleitorais entre Aécio Neves e Dilma Rousseff. Com isso, a televisão dedicou ainda mais à cobertura da disputa com matérias, bastidores, entrevistas e debates. Vale ressaltar também que a internet ocupou lugar de destaque, não só como campanha virtual dos partidos, mas também pelos militantes que propagavam conteúdos positivos para seus candidatos ou/e inferiorizar a conduta pessoal ou como gestor público dos adversários. Sendo a internet um espaço aparentemente “sem regras”, o cenário durante as eleições em qualquer rede social consolidou uma grande disputa para convencer indecisos nessa que foi uma guerra virtual6, e o que levou a um acirramento muito grande e o clima de ódio, segundo o sociólogo Sérgio Amadeu, doutor em Ciência Política pela USP7. Outro cenário evidenciado foi a utilização de robôs nas campanhas eleitorais. Os chamados bots são programas que executam com maior velocidade e precisão do que a mão de obra humana diversas tarefas na internet, entre elas replicar mensagens nas redes sociais. O documento reservado de análise da comunicação do Governo, divulgado pelo jornal Estadão8, aponta para o uso desse mecanismo para disseminar mensagens pela internet a favor da então

http://goo.gl/q6WYCH http://goo.gl/SfWUvu 7 http://goo.gl/yXtWlK 8 http://goo.gl/Z4Jx0u 5 6

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candidata à reeleição Dilma Rousseff durante a campanha. Além disso, o texto afirma que não só a campanha da petista usou robôs durante o pleito, considerando que essa estrutura teria sido mantida ativa pelo PSDB mesmo depois da derrota no 2.º turno. Além disso, o lado humorístico e cômico da situação gerava memes9 e piadas pela rede. O exemplo mais evidente é o perfil fictício da candidata petista, a Dilma Bolada (@diimabr), que narrava bastidores irreais da disputa. Usuários comuns também entraram na “brincadeira” deixando de lado o foco sério e político, trazendo recortes de cenas e situações dos presidenciáveis para rir. Exemplo disso foram as imagens e frases bem-humoradas e irônicas do candidato Eduardo Jorge (PV), gerando várias postagens sobre isso que “viralizavam” pelas redes sociais, como as listas do site BuzzFeed Brasil10. 2.3 – JORNAL NACIONAL E ENTREVISTAS PRESIDENCIAIS 2.3.1 - O JN Jornal Nacional (ou JN), o jornal televisivo de maior audiência da TV brasileira, estreou no dia de 1º de setembro de 1969 com a apresentação de Hilton Gomes e Cid Moreira. A primeira edição foi inaugurada por eles anunciando: "O Jornal Nacional, da Rede Globo, um serviço de notícias integrando o Brasil novo, inaugura-se neste momento: imagem e som de todo o país". Cid Moreira encerrou: "É o Brasil ao vivo aí na sua casa. Boa noite". O nome deriva de seu primeiro patrocinador, o Banco Nacional. O telejornal era exibido via satélite entre 19h45 até 20h15. Durante a década de 70, por interesse próprio, o telejornal deu ênfase à cobertura internacional e aos esportes11. Em 1977, o JN foi o primeiro telejornal brasileiro a exibir participação de um repórter em uma entrada ao vivo. Na ocasião, foram lançados equipamentos portáteis para geração de imagens. Ao longo do tempo, a evolução técnica esteve presente e apareceu primeiro no Jornal Nacional, fazendo que o próprio jornal virasse notícia pela sua modernização. No ano de 1989 aconteceu um dos episódios mais polêmicos da história do Jornal Nacional. Durante a edição do debate do segundo turno das eleições entre Collor x Lula, teria ocorrido algo de forma que Collor fosse supostamente beneficiado e se sobressaísse a Lula. A Globo sempre negou que tivesse havido má-fé, mas admite que não foi uma edição equilibrada.

Usado para descrever algo que se espalha via Internet. http://goo.gl/IYycx9 11 http://goo.gl/IC9OaG 9

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O fato ganhou um novo capítulo em virtude das comemorações em abril de 2015 dos 50 anos da emissora, quase 20 anos depois do ocorrido. Segundo o jornalista e âncora do JN, William Bonner, um debate político não poderia ter sido editado como aconteceu. “Um jogo de futebol, com os melhores momentos, que foi a ideia na época, é um risco enorme” e que “um debate entre candidatos é um confronto de ideias que precisa ser visto no todo”, disse. Bonner assumiu, ainda, que foi exibido mais tempo de falas de Collor do que de Lula12, como detalharemos adiante. Em 1996, Cid Moreira - que apresentava o telejornal desde sua estreia - e Sérgio Chapelin, passam a bancada para William Bonner e Lillian Witte Fibe, e, em 1998, Fátima Bernardes substitui Lilian Witte Fibe. A partir dessa fase, o fator “química” e afinidade ganha mais relevância. Laços afetivos com os apresentadores são estabelecidos com o “casal vinte” da TV brasileira. Em 2001, O JN foi indicado ao Emmy devido à cobertura dos atentados de 11 de setembro; o programa conquista o Prêmio Esso de Jornalismo, na estreia da categoria telejornalismo, com o trabalho "Feira de Drogas"; e neste ano também estreou o site do Jornal Nacional. Nas Eleições 2002, o JN inovou realizando entrevistas ao vivo no próprio cenário, com quatro candidatos à Presidência13. O público sente a aparente emoção que o “casal nacional” transmite. Em algum evento internacional em que a Fátima se deslocava para ancorar o jornal, como por exemplo a Copa da África do Sul em 2010, William chamava a participação da esposa e colega de trabalho com o “Onde está você Fátima Bernardes?”. O que era suficiente para o público imaginar os sentimentos de saudade e carinho entre os dois, o que repercutia também na imprensa. Essa vigilância sobre a vida dos apresentadores já gerou várias outras situações, como por exemplo quando os modelos de cachecóis que a Fátima usava na Copa de 2010 era um dos assuntos mais comentados no Twitter. Precisa-se destacar também que o próprio William Bonner, mantem uma informal e contínua relação com seus "sobrinhos” dessa rede social (@realwbonner), que, querendo ou não, é uma forma de atrair um público novo e diferenciado para o telejornal. É importante ressaltar que, embora a presença do apresentador e editor-chefe no Twitter ser constante e relevante, o William Bonner usa a ferramenta mais para lazer ou narrar bastidores do telejornal, ficando, a princípio, distante de polêmicas e situações políticas. Já a

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http://goo.gl/VDbCsr http://goo.gl/NYXSRW

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conta oficial do JN, @jornalnacional, também tenta manter um perfil mais descontraído, trazendo detalhes dos bastidores, matérias menos polêmicas e alertas do início das edições. Em 1º de dezembro de 2011, a Rede Globo anunciou em uma coletiva de imprensa mudanças importantes na apresentação do Jornal Nacional. Após quase 14 anos, Fátima Bernardes deixou a bancada do telejornal para dar lugar à Patrícia Poeta, ex-apresentadora do Fantástico. Já no dia 31 de outubro de 2014, Renata Vasconcellos foi apresentada ao público e passou a assumir o posto, mantendo-se até os dias atuais. 2.3.2 - Entrevistas Os debates e entrevistas nas principais redes de televisão alcançam uma repercussão ainda mais expressiva por se tratar de um engajamento sazonal do período eleitoral. No Brasil, é comum em anos eleitorais as entrevistas com candidatos transmitidas diretamente das bancadas dos telejornais. Durante as eleições para presidente da República, as entrevistas ocupam um lugar central. Nessa lógica, O Jornal Nacional é o exemplo mais propício e de maior destaque. O JN, desde 2002, convida para a sua bancada os principais candidatos à presidência. Nas eleições de 2014, foram entrevistados, na ordem de exibição: Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB), Dilma Rousseff (PT), Pastor Everaldo (PSC) e Marina Silva (PSB). O JN priorizou abordar questões polêmicas das candidaturas e o desempenho deles em cargos públicos. O tempo total foi de 15 minutos, dos quais o minuto e meio final para o candidato falar sobre os projetos prioritários caso eleito. Vale ressaltar que, segundo o próprio JN14, as participações de candidatos à reeleição são feitas no Palácio do Planalto, Brasília. Todas as entrevistas ocuparam um bloco do telejornal e foram exibidas ao vivo. De maneira geral, esse formato de entrevistas “ao vivo” é um risco ao procedimento de tratamento da edição prévia, “uma vez que insere no noticiário um ato conversacional em que o tempo da realização e o tempo da transmissão são simultâneos” (GOMES, 2012, p.2). Assim, não há o controle total e o tratamento jornalístico sobre o discurso. Mas, mesmo assim, “os ganhos de autenticidade superariam as perdas produzidas pelo risco de erro e de descontrole típicos de qualquer coisa que seja exibida no noticiário sem corte ou edição” (GOMES, 2012, p.2).

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http://goo.gl/0xlCcj

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Nessa perspectiva, os entrevistadores acabam obtendo papel de destaque e controlador ao tentar compensar essa ausência de edição e controle jornalístico. “Os entrevistadores não são meros mestres de cerimônia, mas principalmente atores numa arena argumentativa que travam com o ator político uma tensa negociação sobre o conteúdo e a forma das suas falas”. (GOMES, 2012, p.3). Apesar disso, “é a voz do entrevistado no jornalismo que deve prevalecer ao invés do entrevistador” (BAZI; ROLDÃO; BENEDITO, 2015, p. 87). Wilson Gomes (2012) discute o papel que os atores nesse formato exercem. O autor considera atores no caso o entrevistador e o entrevistado. Espera-se que o jornalista use a sua autoridade para: (a) fazer questões que permitam ao público obter do político toda a informação política necessária para uma decisão eleitoral qualificada; (b) impedir que o político manipule a audiência com respostas inconclusivas ou falsas, informações distorcidas sobre si ou sobre os adversários ou simplesmente produza mais propaganda. Assim, a autenticidade parece garantida ao mesmo tempo pela ausência de filtros, supressões e acréscimos que alterem a voz genuína do ator político, mas também pela presença de constrangimentos produzidos pela autoridade jornalística que está ali, presente e vigilante (GOMES, 2012, p.4).

Gomes (2012) aponta para uma competição pelo controle da argumentação entre os atores das duas instituições envolvidas. Segundo o autor, o capital específico da instituição jornalística está em jogo nas entrevistas diretas. Mas, além disso, jornalistas são mais ou menos importantes em virtude do vínculo afetivo envolvido. “Os entrevistadores, portanto, estão em geral ungidos por prestígio, credibilidade, autoridade jornalística, celebridade e simpatia” (GOMES, 2012, p.8). Dessa forma, o jornalismo se arma para tomar providências no controle sobre o que os políticos dizem nas entrevistas. Uma outra providência de controle tem a ver com os comportamentos verbais usados pelos apresentadores para manter os entrevistados “na linha”. “Intervenções corretivas, interrupções de raciocínio, recusa dos percursos argumentativos, contestação de afirmações, reiteração do ponto de vista, mudança de assunto e insistência” (GOMES, 2012, p.8) são exemplos de atos verbais empregados para o controle jornalístico da fala política em entrevistas não editadas.

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3 - METODOLOGIA O trabalho em questão partiu de um interesse em analisar a repercussão no Twitter durante as entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional com candidatos à presidência do Brasil nas eleições de 2014. A escolha pelo Twitter se deu por essa rede social ser um espaço em que os assuntos televisivos dominam15, como novelas, eventos esportivos e premiações, e pela velocidade de inserção da participação e repercussão, características essenciais dessa plataforma. O apoio técnico e metodológico da Pesquisa “WebTVs em conexões intermidiáticas”, coordenado Professor Carlos D’Andrea, também orientador dessa monografia, foi primordial para direcionar os primeiros passos da coleta. O grupo pertence ao “Núcleo de Pesquisa em Conexões Intermidiáticas" (NucCon), vinculada à pesquisa CNPq "Centro de Convergência de Novas Mídias" (CCNM). Para filtrar o objeto de estudo, ficou definido a primeira análise prévia dos dados coletados para então orientar os rumos metodológicos e bibliográficos que dependiam das realizações das entrevistas no Jornal Nacional durante as primeiras semanas de agosto de 2014. Como primeiro corte, foi definido o uso das entrevistas com Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). Dessa forma, ficou de fora do trabalho a entrevista com o Pastor Everaldo (PSC), além de manter a análise do candidato anterior e a que concorreu pelo PSB, Eduardo Campos e Marina Silva, respectivamente. Sobre o período de coleta, ficou definido em torno de 30 minutos antes da entrevista e uma hora após a participação. O recorte temporal assim definido foi pensado a fim de coletar uma movimentação mais espontânea antes e a reverberação após a participação dos presidenciáveis. Algumas ferramentas serviram para a coleta dos dados. Um deles foi através do site Flocker16, que constrói redes do Twitter em tempo real a partir de palavras inseridas. É possível ver os perfis que mais estão usando, respondendo ou compartilhando o termo através de listas, mapas e nuvens de palavras associadas. Apesar dessas características instantâneas e interessantes, a ferramenta não suporta o volume elevado de dados coletados e acaba travando em momentos de grande repercussão, como é o caso das entrevistas. Porém, seu uso prévio serviu para identificar palavras que dialogam com termos referentes para serem incluídas nas outras ferramentas e que foram “surpresa”.

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Televisão domina o Twitter no Brasil, diz estudo: http://goo.gl/3AS4DG http://flocker.outliers.es/

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Um outro programa usado para a coleta foi o Hootsuite. Utilizando a mesma tecnologia do YTK17, a ferramenta é um painel de mídias sociais que permite o gerenciamento de várias plataformas e perfis em um aplicativo web simples e funcional. Nele é possível monitorar os comentários sobre diversos assuntos (como hashtags ou palavras) ao mesmo tempo, além analisar e extrair resultados em relatórios de estatísticas. A versão utilizada na coleta é referente à conta cedida da Pesquisa “WebTVs em conexões intermidiáticas”, grupo que também prontamente prestou toda orientação necessária para a utilização da plataforma. Nessa ferramenta, foram cadastradas palavras previamente definidas que supostamente repercutiriam durante as participações. Por exemplo, na entrevista com a candidata Marina Silva estavam inseridas: Marina, #JN, #Jornalnacional, Bonner, Poeta, Campos e #MarinaNoJN. Mas, com os rumos dos temas das perguntas no Jornal Nacional e repercussão nos assuntos mais falados no Twitter (trending topics), como “Acre”, “avião” “#MarinaSuprema”, também foram acrescentadas a partir de então. Além das ferramentas anteriores, também foi utilizada a coleta através do servidor lotado no Departamento de Computação da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Diamantina. Com apoio do bolsista Marco Tulio Silva Guimarães, foi possível o cadastro dos termos com antecedência pelo software yourtwapperkeeper, que é uma versão disponível para implantação em servidores próprios. Após o período de coleta foram arquivados resultados de pelo menos 20 termos diferentes de cada candidato, entre eles os pré-definidos e os novos “surpresas”. Com esse grande número de material, foi necessário um filtro para que o estudo possibilitasse uma análise mais equilibrada. Dessa forma, observamos uma hashtag semelhante bem posicionada nos Trending Topics que apareceu nas quatro entrevistas, que era composta pelo nome do candidato seguindo de “NoJN”. O termo era usado e disseminado pelos perfis de apoio e oficiais para divulgar a participação dos candidatos. Mas, às vezes, apropriação negativa surgiam, atrapalhando o caráter, a princípio, apenas positivo das expressões. Dessa forma, devido a necessidade de restringir o escopo e a semelhança de uso para os quatro entrevistados, ficou determinado que a análise seria das seguintes hashtags: #AecioNoJN, #EduardoNoJN, #DilmaNoJN e #MarinaNoJN.

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multi-plataforma de aplicações de código aberto.

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A partir disso, foi realizado o processamento desses dados com a quebra em planilhas menores agrupados por assunto. Para isso, foi utilizado o Parse Tweet, um script18 que possibilita a análise isolada de cada hashtag. Por exemplo, ver quais usuários mais utilizaram #EduardoNoJN, quais tweet com a expressão obteve mais RT’s, ver outras hashtags associadas à analisada que alcançaram destaque, gerar arquivo para nuvens de palavras correlacionadas, entre outros componentes. Apesar do Parse Tweet ter propiciado um excelente material de consulta, foi preciso ver esses dados de forma gráfica e dimensional. Para isso, e também com ajuda dos membros da Pesquisa “WebTVs em conexões intermidiáticas”, foi utilizado o Gephi19, ferramenta de software livre e colaborativo para manipulação de grafos20. Vale ressaltar o auxílio do bolsista Leonardo Melgaço da Pesquisa “WebTVs em conexões intermidiáticas” que orientou em relação às questões operacionais do programa. A utilização da ferramenta serviu para visualizar formações referentes às hashtags selecionada. Foi possível destacar grupos – ou clusters – semelhantes em relação ao comportamento na rede formada. Por exemplo, ver que a militância petista possui laços mais fortes e ampliados com toda a rede. A partir disso, a visualização foi induzida de acordo com os interesses de visualizar específicos comportamentos, como a influência do apresentador William Bonner na entrevista e a própria força das militâncias. Vale ressaltar que todos os tweets continham as hashtags escolhidas e que para os dados serem expostos pela ferramenta precisavam receber RT’s, ou seja, uma opção em utilizar uma rede formada só por retweets em seu grau de entrada21. Decisão feita devido os dados do grau de entrada de retweets terem destacados em quantidade e interesse que os dados do grau de saída22 e de menções, algo percebido através da análise preliminar. Os dados gráficos e visuais serviram para explanar sobre cada casa e para compará-los entre si. Apontamentos observações foram feitas que demandaram retomar à teoria, e vice versa, para entender melhor o que acontecia nas conexões intermidiáticas entre Televisão e Twitter das quatro entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional com os candidatos à presidência do Brasil em 2014.

Conjunto de instruções para que uma função seja executada em determinado aplicativo. http://gephi.github.io/ 20 Formado por um conjunto de coisas chamadas vértices e um conjunto de coisas chamadas arcos. 21 A quantidade de retweets que uma pessoa recebeu 22 A quantidade de retweets que uma pessoa deu. 18 19

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Por fim, a apresentação de defesa realizada no dia 29 de junho de 2015 contou com uma exposição oral de 20 minutos que sintetizava as partes mais importantes do trabalho escrito. Os slides traziam questões pontuais e quadros organizacionais dos dados e procedimentos utilizados, como podemos ver o exemplo da imagem a seguir (FIG.1): FIGURA 1 - Slide 10: síntese de tweets coletados de cada candidato

FONTE: Elaboração do autor

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4 - APRESENTAÇÃO DE DADOS O primeiro candidato à presidência entrevistado pelo Jornal Nacional foi Aécio Neves (PSDB), no dia 11 de agosto de 2014, uma segunda-feira. A edição do telejornal do dia começou às 20:30 e a entrevista foi de 20:40 às 20:55. Como regra definida, o tempo total foi de 15 minutos, sendo o último um minuto e meio reservado para o candidato expor os projetos essenciais caso eleito. A segunda entrevista foi com o candidato do PSB, Eduardo Campos, no dia 12 de agosto de 2014. A sabatina foi realizada da mesma forma e no exato horário do candidato anterior. Vale lembrar que a entrevista foi também ao vivo e na noite anterior do acidente que o matou em um acidente aéreo. A princípio, a entrevista com a presidenciável do PT à reeleição, Dilma Rousseff, seria logo na sequência, no dia 13 de agosto. Mas, com o falecimento de Eduardo Campos, vários candidatos interromperam suas atividades de campanha por alguns dias. Sendo assim, a nova data da sabatina com a petista foi dia 18 de agosto, uma segunda-feira. Além das regras padrões para todos os entrevistados apontadas no site do programa23, o Jornal Nacional deixa claro que quando o presidenciável é um candidato à reeleição, como foi o caso de Dilma, a entrevista seria realizada em Brasília, no Palácio da Alvorada, também ao vivo. Por último, no dia 27 de agosto, após Marina Silva ser escolhida para substituir Eduardo Campos. A nova candidata na disputa também foi convidada a ir ao Jornal Nacional. Na data da sabatina, o horário eleitoral gratuito já havia começado e o JN passou a ser exibido mais cedo. A entrevista começou às 20:05 e o recorte temporal passou a ser entre às 19:30 às 21:30. Sendo, aproximadamente, 30 minutos antes e uma hora e meia após cada entrevista. As 4 hashtags adotadas para o estudo foram usadas e disseminadas pelos perfis dos candidatos, partidos e militância. Apesar dos termos não serem oficiais por parte da emissora, a forma como essas hashtags surgiram tornou-se praticamente padrão para as mobilizações de campanha no Twitter. Os termos eram compostos pelo nome do entrevistado e a expressão “NoJN”: #AecioNoJN, #EduardoNoJN, #DilmaNoJN e #MarinaNoJN. Todas elas oscilaram nas primeiras posições da versão brasileira dos “assuntos mais falados do Twitter”, os Trending Topics.

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http://goo.gl/0xlCcj

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4.1 - AÉCIO NEVES A entrevista com o candidato do PSDB começou com pergunta sobre a necessidade de adotar medidas recomendadas por economistas para o país retomar o crescimento, sendo essas não populares, como aumento da gasolina. Já Patrícia Poeta o confronta sobre corrupção mensalão Mineiro versus Mensalão do PT - citando o nome de Eduardo Azeredo, réu do caso mineiro, segundo UOL24. Em seguida, Bonner retoma a palavra e o questiona sobre a polêmica do aeroporto da cidade de Cláudio. Na área social, Poeta pergunta se os programas do governo petista, como bolsa-família, serão mantidos. Além disso ela fala sobre o não sucesso dos programas dessa área em seu governo em Minas Gerais. Antes do minuto final, o tema era saúde pública. No tempo para o candidato falar dos projetos prioritários caso fosse eleito, Aécio dá exemplos de pessoas para quem ele quer governar, como personagens do Norte-Nordeste evocados para ilustrar sua motivação em trabalhar pelo país. Apesar do Jornal Nacional ser o telejornal de maior audiência até então no Brasil, e as entrevistas com os candidatos acontecerem desde 2002, a repercussão no Twitter ficou pouco evidente no dia, isso pode ser explicado talvez pelo falecimento horas atrás do ator americano Robin Williams, dominando os assuntos mais comentados no período, mas, por exemplo, #AecioNoJN alcançou a nova posição dos Trending Topics brasileiro às 20:58 no dia. Apesar disso, destaca-se uma repercussão mais irônica e crítica. Essa rede de piadas, “zueiras” e “memes” acaba dominando a discussão, além dos comentários sobre postura firme dos apresentadores e a boa oratória do candidato que enfraquecia e esquivava nas tentativas de explicar temas polêmicos, como o aeroporto de Cláudio. Para este momento, traremos dados gerais dos tweets que tinham #AecioNoJN durante o período escolhido para análise. As informações foram geradas a partir dos gráficos do script Parse Tweet. Sendo assim, #AecioNoJN coletou 18.017 tweets e, entre eles, 14.945 receberam pelo menos um RT também durante o período. A hashtag apresentou 3.257 usuários usando o termo, ou seja, para que #AecioNoJN alcançasse o total coletado cada perfil precisou, em média, tuitar a hashtag seis vezes. Tal resultado sugere um certo grau de engajamento dos usuários diante o termo. Em relação à associação de outras hashtags mais utilizadas no mesmo tweet que possuía #AecioNoJN, três delas foram positivas para o candidato: #somosaecio, #mudabrasil e #estamoscomaecio, motivadas principalmente pelo tweet de @Welbi ("Vou tomar as medidas 24

http://goo.gl/299zNR

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necessárias", diz @AecioNeves sobre as medidas que tomará, eleito #AecioNoJN #SomosAecio) #mudabrasil e #estamoscomaecio)25 que recebeu 359 RT’s e foi o sexto tweet mais retuitado que trazia #AecioNoJN. Duas outras hashtags podem ser consideras neutras para os candidatos (#jn e #aovivo) e duas negativas: #descontruindoaecio para comentar as declarações do candidato passíveis de inverdades, segundo perfis de militantes petistas. Uma dessas postagens recebeu 331 RT’s e foi do usuário @nortonlimajr: “#AecioNoJN uma mentira chamando outra mentira, mentira em cascata… #DesconstruindoAecio”26”, além de #aecioporto, que fazia referência irônica ao caso do aeroporto da cidade mineira de Cláudio. A segunda hashtag associada a #AecioNoJN e que teve mais usuários utilizando-a foi #foradilma, que apareceu em tweets de 1.169 perfis. Ou seja, praticamente um terço dos usuários que usaram #AecioNoJN também utilizaram #foradilma, mostrando muito mais uma aversão à presidente do PT do que um forte apoio ao candidato do PSDB. Ao analisar os perfis mais mencionados combinados com #AecioNoJN, ou seja, combinado com a hashtag e que de alguma forma, respondendo ou marcando, citaram outras contas foram, respectivamente, @RedeGlobo, @VEJA e @AecioNeves. A presença dos dois veículos de comunicação se dá pelo tweet27 (FIG. 2) que não obteve muitos RT’s, mas o conteúdo praticamente igual apareceu em vários outros perfis com poucos seguidores. A publicação tinha também o intuito de incentivar doações no site do movimento anti-petista “Brazil No Corrupt”28.

http://goo.gl/qd07JM http://goo.gl/iyzCfH 27 http://goo.gl/ROVTYp 28 http://goo.gl/WYzqXe 25 26

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FIGURA 2 – Tweet anti-Dilma

FONTE: @antonyOrganizad, 2014

O usuário que mais usou a hashtag #AecioNoJN (201 vezes no período) foi @bobmeirelles, com apenas 728 seguidores. Ele se comporta na rede como militante tucano que só retuita publicações pró-Aécio Neves e contra o Governo atual. O segundo colocado nessa categoria (@rodrigolrocha1) postou 119 tweets e apresenta um comportamento semelhante, assim também como os próximos colocados. Apesar disso, os dois perfis anteriores parecem não ser robôs, segundo diagnóstico da ferramenta Bot or Not29, que avalia perfis e traçam a probabilidade de uma conta ser robô ou não a partir da análise do histórico, seguidores e interações. Já em relação aos dez tweets mais retuitados que continham #AecioNoJN, destaque maior para os elogios ao candidato devido a sua postura clara e boa oratória, ao passo das comparações à Dilma e sua aparente falta de clareza. Muitos comentaram sobre suas propostas e até conseguiram reverter temas polêmicos colocando-os como positivo. Esses comportamentos ficam visíveis ao destacar alguns tweets no grafo gerado pelo programa Gephi (FIG. 3). Cada uma das arestas (traços) é um RT dado aos perfis identificados pelos círculos ou nós –, que tem sua cor e tamanho intensificados de acordo com o número de RT’s recebidos. Vale ressaltar que será destacado alguns tweets específicos de alguns usuários, o que não indica

29

http://truthy.indiana.edu/botornot/

33

que esses perfis não tuitaram mais. Além disso, as escolhas por essas publicações nem sempre foram feitas por serem os tweets com mais RT’s, mas também por desempenhar um comportamento peculiar e interessante a ser analisado, como por exemplo o @moronazo na imagem a seguir (FIG. 3) que não obteve muitos RT’s mas se destacou pela formação de um grupo marginal consolidado ligando a parte central do grafo. FIGURA 3 - rede de RT's recebidos em #AecioNoJN

FONTE: Elaboração do autor

No grafo acima (FIG.3), temos o destaque de 6 comportamentos diferentes definidos pelas arestas de cores amarelas, verdes, azuis, roxas, vermelhas e pretas. Os RT’s recebidos dos outros tweets não destacados ficaram com a cor azul turquesa. As mesmas foram classificadas no próprio Gephi que fornece a possibilidade de buscar todos os perfis que deram retuites em determinadas publicações. Além disso, nesse grafo, as cores iguais das arestas representam postagens com conteúdo semelhante, por exemplo, os dois usuários com arestas vermelhas

34

(@nortonlimajr e @thczar) falavam mal do Aécio Neves, mesmo utilizando #AecioNoJN no corpo da postagem. Vejamos os tweets e usuários escolhidos: QUADRO 1 - Tweets em destaque na rede de RT's de #AecioNoJN Cor

Usuário @WinstonTedd @TucanosEmRede @DiegoAraxa @_souaecio @thczar @nortonlimajr @moronazo

Tweet A raiva do PT é que nesse aeroporto do Aécio não pousa avião com cocaína do Evo e das Farc #AecioNoJN ISSO, AÉCIO! Olhando no olho do povo e falando direto com ele! GOLAÇO! #AecioNoJN Aécio representa um jeito novo de pensar o estado, uma era de desenvolvimento está por vir. #AecioNoJN @aecionevs Vou tomar as medidas necessárias para fazer o Brasil crescer #AecioNoJN Responde #AecioNoJN para de enrolar! Fala do heliponto, da coca, dos aeroportos, fazendas e de enriquecimento ilícito! #AecioNoJN uma mentira chamando outra mentira, mentira em cascata! #DesconstruindoAecio É dono da fazenda, do Helicóptero com 500kg-cocaína e patrão do piloto. O país Sem-dono! Apoia o Aécio #AecioNoJN FONTE: Elaboração do autor

Nº de RT’s 383 372 353 350 341 331 12

O tweet mais retuitado, do usuário @WinstonTedd (arestas amarelas), alerta para um comportamento comum: um anti-petismo sobressaindo em relação ao apoio direto ao PSDB/Aécio. Algo curioso é perceber que os usuários que criticam Aécio Neves a partir dos dois tweets – do @thczar e do @nortonlimajr (arestas vermelhas) – compartilham e frequentam de mesmo público de usuários que postaram mensagens de exclusivo apoio ao candidato Aécio Neves, como a publicação do @DiegoAraxa (arestas verdes). Ao investigar alguns usuários imersos nessa área mais concentrada do gráfico, chegamos em perfis sem tendência robô, como o da usuária Elma Nunes (@elmanunes), perfil ativo desde 2010 e que deu 26 RT’s no período entre conteúdos positivos e negativos para Aécio, além das postagens anti-petistas. A concentração e proximidade na parte inferior do grafo de tweets que apoiam e reprovam o tucano pode indicar que o candidato conta com um apoio pouco convicto e incerto. Apesar disso, os tweets de @aecioblog e @_souaecio, perfis criados para a campanha, se distanciam dessa parte inferior do grafo, mas ainda possuem certa ligação. Algo que indica que o grupo de usuários acima e levemente à esquerda de @aecioblog pode apontar para um grupo bem mais convicto do apoio ao candidato tucano, já que não incide com tanta força a repercussão de tweets de reprovação (arestas vermelhas) ou claramente anti-petista (arestas amarelas) nessa área. Já o perfil @TucanosSemRede, ironicamente, conecta duas partes distintas na rede criada. A primeira, a mesma do grupo inferior do grafo composto por tweets anti-petismo, pró-

35

Aécio e contrário ao candidato do PSDB; e a outra um grupo mais isolado e padronizado. Ao conhecer esses usuários, foi possível ver o predomínio bem particular de contas das alas da juventude mineira do partido, como @jpsdbfrutal, @jpsdblavras, @jpsdbcongonhas, @jpsdbpassos, @jpsdbsaojoao, entre outras. Outro usuário que não obteve muitos RT’s com um único tweet, mas que tuitou 27 vezes com teor crítico ao candidato tucano foi um perfil com comportamento petista, o @moronazo. Esse caso serve também para mostrar a apropriação contrária de uma hashtag de aparente apoio a um candidato. @Moronazo se encontra no grafo de forma bem marginal, o que pode explicar o isolamento dos demais assuntos que giravam em torno de anti-petismo e pró-Aécio. A única conexão do usuário à rede predominante é através do RT recebido por ele do @nortonlimajr, que também criticou o presidenciável do PSDB e se encontrava na parte central e mais concentrada do gráfico. 4.2 - EDUARDO CAMPOS Patrícia Poeta abre a série de perguntas questionando o candidato sobre qual das promessas que ele não cumpriria, já que algumas delas, segundo a jornalista, se colidem em relação à origem de recursos. A segunda pergunta, também da Poeta, é sobre os cortes pesados necessários para o Brasil voltar a crescer. Ela emenda indagando-o se o próximo ano será difícil. William Bonner pergunta sobre nepotismo. A duas seguintes também são do apresentador, uma sobre o Agronegócio e Marina e a outra sobre código florestal e Marina. Poeta retoma e questiona sobre a ligação com Dilma e Lula. Para finalizar, já no minuto final que o candidato tem para falar de seus projetos essenciais caso eleito, Eduardo Campos apontou os feitos positivos seu governo em Pernambuco. Ele termina dizendo que agora quer representar o sonho do brasileiro e que “não podemos desistir do Brasil!”. No período, #EduardoNoJN coletou 4.340 tweets, sendo que entre esses 3.325 receberam pelo menos um RT. O número de usuários utilizando a hashtag foi 1.000 perfis diferentes. Já em relação à associação com outras hashtags, destaque para a ocorrência de referências a Marina Silva, vice na chapa até então. As duas primeiras hashtags #marinanatv40, usada por 743 usuários, e #eduardoemarina foram incentivadas pelo perfil oficial da então vice na chapa (@Silva_Marina), que transcrevia frases do entrevistado.

36

Apesar de uma ocorrência bem pequena, #sabedenadadudu foi utilizado pela militância petista, principalmente pelo perfil do blog jornalístico @MudaMais30 para desmentir afirmações feitas pelo candidato do PSB. Tendência que mostra o peso e ação sincronizada dos aliados do PT nas redes sociais. No período de coleta do Eduardo Campos, observamos um perfil mencionado de forma discrepante em relação aos demais. @apoio40 obteve 720 menções a partir do seguinte tweet: “Liga a TV! Eduardo Campos agora no Jornal Nacional. #EduardoNoJN”31, que recebeu 635 RT’s. Já o perfil oficial do candidato (@eduardocampos40) apareceu em segundo com 141 menções. Entre os dez usuários mais relevantes, a conta de Marina Silva não aparece, mas o oficial do Aécio Neves figura em nono, mostrando que o candidato tucano foi citado em comparação ao desempenho entre os entrevistados. O usuário que mais retuitou a hashtag foi @DanieleDannyl, 198 vezes no período. Ela possui apenas 38 seguidores e a última atividade do perfil foi no final de outubro e possuía predomínio de retuites. Apesar disso, o usuário parece não ser robô, segundo a ferramenta Bot or Not. Além disso, o perfil mais mencionado combinado com a #EduardoNoJN (o @apoio40) só apareceu em nono entre os que mais tuitaram. Mostrando ser um perfil com baixa interação, mas amplamente disseminado. Além do tweet do @apoio40 que obteve 635 RT’s, o segundo só obteve 24 RT’s (QUA. 2). Apesar disso, quase todos os tweets mais retuitados são positivos para o candidato e de origem de perfis oficiais. @eduardocampos40 tuitou 11 vezes e 5 deles estiveram entre os 10 de maior repercussão no período de coleta. Vejamos como essa situação se configura no grafo dos tweets que receberam RT’s no período e que continham #EduardoNoJN:

30 31

http://goo.gl/uJHrlQ http://goo.gl/ddtPPt

37

FIGURA 4 - Rede de RT's recebidos em #EduardoNoJN

FONTE: Elaboração do autor

Agora vejamos esses cinco tweets selecionados por serem os mais retuitados ou/e ter apresentado um comportamento “curioso” que se destacaram no grafo anterior: QUADRO 2 - Tweets em destaque na rede de RT's de #EduardoNoJN Cor

38

Usuário

Tweet

Nº de RT’s

@apoio40

Liga a TV! Eduardo Campos agora no Jornal Nacional. #EduardoNoJN

635

@eduardocampos40

Eduardo reforça que a aliança com Marina não é baseada nas opiniões dele ou dela, mas sim em um programa. #eduardonoJN

24

@moronazo @WalterFeldman @flaviocamposPSB @EduardoeMarina40

#EduardoNoJN Quem é pior? Ele que põe a mãe e toda a família nas tetas do estado ou Aécio que usa dinheiro público em aeroporto O Brasil quer mudança #EduardoNoJN está¡ entre os 10 assuntos mais comentados no twitter do Brasil. PARABÉNS! Ficou claro que o @eduardocampos40 é o melhor para o Brasil! #EduardoNoJN E a Maratona Eduardo e Marina não acabou! Depois de #EduardoNoJN - Agora AO VIVO #MarinaNaTV40 http://t.co/8kY7ttuAq9 FONTE: Elaboração do autor

24 16 11 4

Analisando o grafo, o @apoio40 (arestas vermelhas), que recebeu 635 RT’s em apenas um tweet, não apresenta um comportamento visual significativo comparado aos outros tweets destacados com bem menos RT’s recebidos, como o perfil oficial do candidato, @eduardocampos40 com um tweet com 24 RT’s (arestas amarelas). O caso é intrigante e essa irregularidade pode apontar que @apoio40 possa ser um perfil que sirva de base para atuação robô. O tweet32 em questão ainda está disponível na rede e apresenta apenas 29 RT’s contabilizados atualmente (maio de 2015), e não 635. Essa discrepância pode apontar que quase 600 RT’s “sumiram” por motivos de contas deletadas – algo possível de acontecer com perfis robôs após inatividade. Outro movimento que ficou visível foi a particularidade da usuária @DanieleDannyl, que retuitou 198 vezes e tuitou apenas uma vez e não recebeu nenhum RT por isso. Ela aparece como a principal disseminadora de conteúdo de quatro usuários na rede: @WalterFeldman, deputado federal paulista pelo PSB; @olhonarede, usuário comum que atualmente critica gestão Dilma/PT; @maisumnarede, perfil da Rede Sustentabilidade33; e @redeitupevasp, diretório municipal da Rede Sustentabilidade com apenas 78 seguidores. Com exceção de @WalterFeldman, os outros três perfis muito retuitados pela @DanieleDannyl não obtiveram tweets populares ao ponto de se destacarem no grafo. @maisumnarede, por exemplo, tuitou 21 tweets vezes no período contendo #EduardoNoJN e recebeu 37 RT’s ao todo, sendo que @DanieleDannyl retuitou todos eles, ou seja, as 21 publicações. Dessa forma, sobrou outros 16 RT’s dados a @maisumnarede que se distribuiu entre a rede formada, algo que não foi suficiente para aumentar o grau de entrada (retweets recebidos) do nó (o círculo) do perfil da Rede Sustentabilidade. Um outro fator que sobressaiu é o usuário com comportamento petista @moronazo que apareceu criticando o candidato, algo semelhante ocorrido com #AecioNoJN, porém de forma 32 33

https://goo.gl/6Kc8sL Movimento político e um projeto para a fundação de um partido político brasileiro, liderado por Marina Silva.

39

ainda mais isolada da rede principal. Sendo assim, isso pode apontar para uma repercussão bem menor, mas, ao mesmo tempo, sem muita apropriação negativa da hashtag, já que tweets criticando o político do PSB e anti-petismo não incidiram de forma relevante na rede central formada. 4.3 - DILMA ROUSSEFF Na entrevista, William Bonner começa perguntando sobre corrupção e questiona o tratamento de “heróis” que o PT teria dado aos condenados do mensalão. Marcada por várias interrupções dos apresentadores, Dilma não toma posição sobre a postura do partido em relação ao caso. Patrícia Poeta, questiona sobre saúde, afirmando que "nada fora feito" e que "as filas se multiplicam", mas Dilma afirmou que hoje, ao contrário do passado, o atendimento de saúde pública atinge 50 milhões de brasileiros, destacando o Programa Mais Médicos. Bonner retoma a palavra e questiona sobre economia e inflação. O apresentador também não demonstrou satisfeito com a resposta. As críticas aos apresentadores, em especial ao Bonner, foram ainda mais incisivas em relação à postura firme e de constante interrupções. Só o termo Bonner na coleta livre, sem associação com #AecioNoJN, coletou 26.334 ocorrências através do Hootsuite, chegando a ficar durante a entrevista no Trending Topics brasileiro do Twitter. Por um lado, apoiadores da candidata criticaram muito o jornalista chamando-o de “grosso” e incisivo. Já sobre a atuação da candidata, ela se mostrou incomodada e pouco articulada para concluir seus raciocínios, gerando críticas muito comuns por parte dos eleitores que não apoiam a candidata e, ao mesmo tempo, exaltação do apresentador por ser firme com a petista. #DilmaNoJN coletou 5.054 tweets, sendo que 2.126 usuários diferentes utilizaram a hashtag no período. Já sobre outras hashtags associados à #DilmaNoJN, os quatro mais utilizados foram a favor da candidata do PT, #dilma13denovo, com 844 perfis usando e #dilmadenovo com 248. Ambas muito utilizadas pelo perfil do portal de notícias petista, o Muda Mais (@MudaMais), o segundo usuário que mais tuitou durante a entrevista e o mais mencionado junto com a palavra-chave. Na sequência aparecem duas hashtags relativas ao programa, #jn e #jornalnacional. Seguido

do

#dilminhalacrandonojn,

lançada

por

um

perfil

falso

da

candidata

(@DilmaRousselff) que apoiava a participação da petista de forma bem humorada, aproximando a candidata petista a uma rainha. Atualmente, após as eleições, o usuário possui

40

242 mil seguidores e posta imagens e frases humorísticas descontextualizadas de temas políticos. A hashtag seguinte, #calabocabonner, mostra as críticas feitas ao apresentador, William Bonner, devido a sua postura firme e constantes interrupções feitas ao longa da entrevista. Alguns usuários a associaram com o Faustão e Galvão Bueno. Na sequência, #ForaDilma aparece sendo muito utilizado para falar da fuga dos temas das perguntas propostas. Essas duas hashtags servem para mostrar a capacidade de apropriação de agentes diversos na rede, ou seja, o que parecia uma hashtag de apenas apoio foi utilizada em combinação com outras palavraschave para criticar o apresentador e a própria presidenciável entrevistada. As postagens que mais receberam RT’s no período ou/e que destacaram visualmente e curiosamente podem ser vistas no grafo a seguir: FIGURA 5 - Rede de RT's recebidos em #DilmaNoJN

FONTE: Elaboração do autor

41

Vejamos agora mais detalhes desses principais tweets no QUA. 3. A tabela traz 6 publicações indicando a cor correspondente das arestas no grafo, além do número de RT’s recebidos e os usuários que postou cada tweets: QUADRO 3 - Tweets em destaque na rede de RT's de #DilmaNoJN Cor

Nº de RT’s

Usuário

Tweet

@diimabr

Bonner e Poeta acabaram de chegar. Marcela Temer está fritando coxinha pra servi-los... #DilmaNoJN

104

@moronazo

Olha ai coisa linda que Dilma tá realizando no nordeste! Elogiado por Eduardo Campos, Miguel Arraes... #DilmaNoJN

86

@diimabr

Os preparativos para a minha entrevista no Jornal Nacional: http://t.co/lwDXzFQokO #DilmaNoJN #Dilma13DeNovo

39

@JujuFranceschi @MudaMais

@eduardonino

Toda atrapalhada. Reflexo total do governo dela. #DilmanoJN Deu no Globo Rural: Mais Médicos melhora a vida também no Amapá. #Dilma13denovo http://t.co/Y50TZATxX0 #DilmaNoJN #DilmaDeNovo @EsquerdadeLuta BORA MILITÃNCIA MAIS AMADA DO BRASIL !!!!! #Dilma13DeNovo VEJA #DilmaNoJN http://t.co/0auBkdbDnw FONTE: Elaboração do autor

37 34

18

Os dois tweets feito pelo perfil fictício Dilma Bolada (@DiimaBr) expõe sua importância não só como um humor isolado de apoio, mas algo difundido e conector de redes. É possível identificar uma ligação entre uma região mais marginal superior que praticamente só deu RT no Tweet: “Bonner e Poeta acabaram de chegar. Marcela Temer está fritando coxinha pra servi-los... #DilmaNoJN”34 (arestas vermelhas). Já a região mais central, concentrada e “principal”, onde circula a militância, o outro tweet da Dilma Bolada, “Os preparativos para a minha entrevista no Jornal Nacional: http://t.co/lwDXzFQokO #DilmaNoJN #Dilma13DeNovo”35 (arestas amarelas), foi retuitado por perfis mais espalhados pela rede. Apesar de ambos terem o lado humorístico, o primeiro (arestas vermelhas) apresenta algo mais exclusivamente “piada”. O que pode explicar o grupo de usuários na parte superior não estarem no espaço onde circula a militância ou por não terem dados outros RT’s em tweets que continham #DilmaNoJN, ou seja, usuários que podem compactuar do humor da Dilma Bolada mas não apoiam irrestritamente Dilma Rousseff. Já o outro retuites (arestas amarelas) refere-se a postagem que traz link para um texto narrativo dos bastidores fictícios da entrevista 34 35

https://goo.gl/vuDTz4 https://goo.gl/K0veUL

42

na página no Facebook da personagem, além de uma outra hashtag exclusivamente de apoio: #Dilma13DeNovo, que também foi utilizada pelo perfil do blog alinhado ao partido, o @MudaMais (arestas roxas). Sendo assim, esse último tweets da Dilma Bolada demanda maior engajamento e empatia pela causa que vai além apenas do humor e indica um apoio mais claro à candidata petista. O perfil @moronazo que aparecia com certo destaque durante as outras entrevistas esteve presente e em posição central quando Dilma Rousseff participou do JN. Apesar disso, um outro perfil ocupou o papel de crítica à candidata, assim como @moronazo fez com #AecioNoJN e #EduardoNoJN. O perfil em questão foi @JujuFranceschi, jornalista e apresentadora de um programa esportivo da Band, que tuitou: “Toda atrapalhada. Reflexo total do governo dela. #DilmanoJN”36 (arestas azul-turquesa). Mesmo assim, ao contrário do caso do candidato Aécio Neves, o tweet não interferiu na região central do grafo. 4.4 - MARINA SILVA Após a morte de Eduardo Campos e discussões para escolher quem ocuparia o cargo de candidato à presidência pelo PSB, Marina Silva foi confirmada como a nova presidenciável pelo partido. A ex-vice de Eduardo Campos também foi ao Jornal Nacional ser entrevistada, mediante as mesmas regras definidas pelo telejornal. O ponto central da entrevista com a candidata do PSB foi o confronto entre “nova” e “velha” política apontada por ela, mas antes os entrevistadores passaram por questões como a legalidade questionável do jatinho usado por Eduardo Campos. Já Poeta pergunta sobre o terceiro lugar nas eleições de 2010 em seu berço político, Acre. “É muito difícil ser profeta em sua própria terra”, diz a presidenciável. Marina fala ainda sobre transgênico e células embrionárias. No momento final, para falar dos projetos prioritários, a candidata do PSB destaca a necessidade de renovação da política para beneficiar o povo brasileiro. Através da #MarinaNoJN foram extraídos 8.856 tweets, entre eles, 4.329 receberam pelo menos um RT. As hashtags associadas à #MarinaNoJN trazem variações do nome da candidata no período (#marina40, #soumarina40, #marinasilva, #marinapresidente e #marinasuprema). Esse comportamento serve para perceber o peso do nome da candidata. Em 2010, a ex-PV se destacou no final da campanha eleitoral conquistado aproximadamente 20 milhões de votos,

36

https://goo.gl/xXzcev

43

segundo notícia da época do jornal do Estadão37. O resultado forçou a realização do segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Os perfis mais retuitados trazem dados curiosos. O @apoio40 obteve esse resultado devido ao seguinte tweet: “Começa agora a entrevista de Marina Silva no Jornal Nacional #MarinaNoJN”38. Mas, mesmo assim, o @apoio40 tem apenas 61 tweets publicados atualmente (maio de 2015) e menos de 3 mil seguidores. Sua atividade se limitou ao período da campanha presidencial até o final do primeiro turno. O tweet acima obteve 1.047 RT’s, enquanto o segundo mais popular obteve apenas 257. Importante ressaltar que o perfil oficial da candidata (@Silva_Marina) apareceu com grande destaque, pois a presidenciável estava postando, em tempo real, trechos das declarações dadas na entrevistada em primeira pessoa. O segundo, terceiro e quarto tweets mais populares são da conta oficial da candidata. Essas tendências de perfis oficiais acabam por se destacar também no grafo: FIGURA 6 - Rede de RT's recebidos em #MarinaNoJN

FONTE: Elaboração do autor

37 38

http://goo.gl/qftTiL http://goo.gl/XM0Pk2

44

Além dos RT’s dados ao @apoio40 e @silva_marina, arestas amarelas e roxas, respectivamente, vejamos outros tweets que se destacaram na rede #MarinaNoJN. QUADRO 4 - Tweets em destaque na rede de RT's de #MarinaNoJN Cor

Usuário

Tweet

Nº de RT’s

@apoio40

Começa agora a entrevista de Marina Silva no Jornal Nacional #MarinaNoJN

1047

@silva_marina

Quando sai do ministério do meio-ambiente eu disse que perdia o pescoção mas não perdia o juízo. #MarinaNoJN

257

@Lucas9Fontes

Gostei das cortadas que Marina Silva deu na Poeta e no Bonner. #MarinaNoJN

91

@WalterFeldman @Silva_Marina40

O poder é do povo e o povo está com Marina Silva #MarinaNoJN Quer participar do Tuitaço de hoje? Junte-se a nós @Silva_Marina40 use a hashtag #MarinaNoJN. A partir das 19h55. FONTE: Elaboração do autor

83 22

O @apoio40, assim como no caso da entrevista com Eduardo Campos, não apresenta comportamento visual que condiz com o volume de RT’s recebidos por um único tweet: 1047 retuites. O perfil ocupa uma repercussão visualmente semelhante e pareada ao do usuário @walterfeldman, deputado federal pelo PSB/SP e do perfil de campanha, @Silva_Marina40. A exceção a esse caráter institucional é o perfil de @lucas9fontes, que possui atualmente 197 mil seguidores e tuita muito sobre televisão. O seu tweet, “Gostei das cortadas que Marina Silva deu na Poeta e no Bonner. #MarinaNoJN”39 (arestas azul-escuras), recebeu 91 RT’s e se encontra mais periférico na rede. Já o perfil aliado à militância petista que apareceu marginalmente criticando Aécio Neves e Eduardo Campos e apoiando Dilma Rousseff, o @moronazo, não tuitou durante o período utilizando #MarinaNoJN, mesmo apesar dos ataques na época do ex-presidente Lula, do PT e da própria Dilma para desconstruir politicamente Marina Silva após ser escolhida como substituta e presidenciável pelo PSB. Algo que foi abordado pela mídia, como em um texto do portal Brasil 247 que justifica a medida petista como uma defesa eleitoral40. Por fim, o perfil oficial da candidata Marina Silva, @Silva_Marina, se destacou por ter sido muito ativo, já que a conta postava durante toda a entrevista frases dela ditas no telejornal. No grafo, é possível ver dois tipos diferentes de repercussão: uma mais difusa e compartilhada no centro da movimentação onde estão os perfis oficiais e de campanha; e a outra de forma 39 40

https://goo.gl/szy5OZ http://goo.gl/9I2fy2

45

mais periférica e que, provavelmente, possui mais interesse pela “pessoa” e ideologia própria da Marina, já que esses usuários não interagiram com outras partes da rede e com os perfis de campanha. 4.5 – SÍNTESE DOS DADOS Os primeiros dados a serem vistos em sua totalidade é o número de usuários utilizando cada uma das quatro hashtags. Nessa lógica, AecioNoJN foi o termo que mais obteve tuites coletados (18.017). Porém, é importante destacar a dificuldade de comparar esses números devido a coleta partir de uma amostragem, ou seja, não é possível considerar como padrão comportamental para toda a rede envolvida, mas apenas um termômetro específico relacionado a cada hashtag. No caso da entrevista com Dilma Rousseff, o destaque fica por conta do blog alinhados ao partido, o @mudamais; perfis de militantes, como @moronazo; e um usuário de humor que agrega o cômico ao incentivo positivo, a Dilma Bolada (@diimabr). Por outro lado, Aécio Neves conta com contas criadas para a campanha (@aecioblog e @_souaecio) e um antipetismo latente que competem uma posição central do grafo onde os usuários compartilham conteúdos favoráveis e desfavoráveis para o candidato tucano. Já na edição em que Eduardo Campos foi entrevistado, as duas primeiras hashtags de maior destaque associadas à #EduardoNoJN foram #marinanatv40 e #eduardoemarina. No dia da entrevista com a própria candidata, variações do nome da candidata esteve em 5 das 10 palavras-chave associadas à #MarinaNoJN no período analisado. De maneira geral, esses dados mostram que o uso das hashtags sofre total influência dos apoiadores e peso do candidato. Marina Silva se destacou durante a entrevista com Eduardo Campos e se consolidou ainda mais no dia da sua própria entrevista, mostrando que a personalidade política da candidata é mais relevante se comparada à Eduardo Campos e ao partido. Outro fato relevante sobre os dois candidatos do PSB é a grande semelhança de comportamento entre eles. O que é exemplificado pelo domínio de um perfil específico, o @apoio40. Essa conta foi retuitada centenas de vezes de forma discrepante em relação aos demais tweets. O fato aconteceu com a mesma finalidade: avisar sobre o início da entrevista. Uma movimentação anormal e atípica que sugere a apropriação massiva e orquestrada por robôs. Como vimos, esse tipo de repercussão não ficou evidente nos grafos dos candidatos do PSB, além desses tweets não apresentarem essa totalidade de RT’s como anteriormente.

46

Uma outra movimentação constante e de grande repercussão é o “Fora Dilma/PT”. Algo que apareceu no dia da entrevista da própria petista na forma de #ForaDilma e também na edição em que Aécio Neves foi entrevistado. Já as palavras de maior destaque, associadas as hashtags, podem ser visualizadas através das nuvens de termos a seguir (FIG. 7), mostrando claramente os temas que mais estiveram evidentes nas quatro entrevistas: FIGURA 7 - Nuvens de palavras de #AecioNoJN, #EduardoNoJN, #DilmaNoJN e #MarinaNoJN

FONTE: Elaboração do autor

Os candidatos do PSB, Marina Silva e Eduardo Campos, apresentam traços parecidos em decorrência dos tweets do @apoio40. Na nuvem de palavras do Aécio Neves é possível ver a força do discurso de “tomar medidas necessárias para o Brasil”, além de temas polêmicos como “aeroporto” e suas críticas ao PT. Já nos termos relativos à Dilma Rousseff, chama a atenção palavras como “Nordeste” e “militância”. Além de “Bonner”, mostrando o papel de protagonista que o jornalista e entrevistador assume nesse tipo de entrevista, principalmente na nuvem da candidata do PT, o que pode indicar uma possível “perseguição” maior à Dilma exposta pelos seus aliados e militantes da candidata, algo historicamente apontado pela esquerda brasileira em resposta a imprensa tradicional que é vista como “de direita”. Além disso, “no que se

refere

a essa série

de

entrevistas,

a

exposição foi dos

apresentadores/entrevistadores, evidenciando gestos, olhares, tom de voz e mudanças no semblante de acordo com cada entrevistado” (BAZI; ROLDÃO; BENEDITO, 2015, p. 88).

47

Durante a entrevista com Aécio Neves, “os dois jornalistas, em momentos distintos, balançam a cabeça afirmativamente, como quem concorda com a avaliação negativa que o candidato tucano faz da atual gestão do Governo Federal” (BAZI; ROLDÃO; BENEDITO, 2015, p. 90). Já quando Dilma Rousseff foi entrevistada, “Patrícia Poeta participa pouco, mas faz interrupções e gesticula de maneira nervosa durante as respostas da candidata. É agressiva e irônica em sua pequena participação. Já William Bonner se apresenta mais tranquilo durante toda a entrevista. Ele só se irrita no fim, quando Dilma não quer parar de falar da saúde” (p. 93). Mais sobre a petista, os autores consideram que “os jornalistas praticamente transformaram as entrevistas em debates. E aí o diferencial fica evidente, não só na entrevista de Dilma Rousseff, que, sem dúvida, foi a mais enfática por parte dos apresentadores” (p. 97). Entre esses grupos mais atuantes que movimentam essa repercussão, talvez o mais presente seja os militantes, principalmente os ligados ao Partido dos Trabalhadores. Exemplo dessa força é que um de seus membros também se destacou na coleta das outras entrevistas. @moronazo apareceu bem colocado entre os perfis nos outros três candidatos criticando-os e defendendo a candidata do PT. O usuário utilizava como nome o “Isso a Globo esconde” e fazia duras acusações pessoais e administrativas aos adversários. Atualmente o perfil se encontra suspenso pelo Twitter desde o dia 24 de outubro de 2014, dois dias antes das eleições de segundo turno. Não é possível ver suas publicações antigas. Outro grupo que acaba por alterar a discussão é o uso ou indícios de robôs. A movimentação anormal e atípica do perfil @apoio40, por exemplo, sugere a apropriação massiva e orquestrada por bots durante a entrevista dos candidatos do partido, Eduardo Campos e Marina Silva. O que configura um outro tipo de ator social. O perfil, sem interações, serviu para disseminar conteúdo para apoiadores de ambos as candidaturas do PSB. A postagem mais antiga e ainda disponível foi do dia 25 de julho de 2014 e a última foi feita dia 5 de outubro, data das eleições do primeiro turno. O tweet, “Começa agora a entrevista de Marina Silva no Jornal Nacional #MarinaNoJN via @apoio40”, por exemplo, alcançou 1.047 RT’s. A ferramenta Bot or Not, aponta para uma taxa de 49% de chance para que a conta seja considerada não real, mas tudo indica que o perfil sirva de base produtora de conteúdo para outros perfis não disponíveis atualmente que permite igual análise. Porém, além dessa discussão, é preciso destacar que de qualquer forma essa mobilização pode possibilitar um agendamento na rede. Pois, no âmbito da internet, pequenos grupos podem influenciar outros grupos e até mesmo a mídia de massa

48

(McCOMBS, 2009). Dessa forma, pessoas passam a incluir como assuntos de discussão a partir do surgimento desse conteúdo nos Trending Topics, por exemplo. Por fim, não podemos deixar de abordar outro grupo de atores sociais que levam a discussão para outros caminhos: o lado humorístico e irônico. Um comportamento característico do Twitter que emergiu de formas variadas em todas as entrevistas. No dia da entrevista do candidato Aécio Neves muitas sátiras rondaram a rede sobre o caso do aeroporto de Cláudio. Apesar com destaque menor, #sabedenadadudu foi utilizada pela militância petista para provocar as declarações do candidato do PSB. Já na edição em que Dilma Rousseff recebeu o Jornal Nacional em Brasília, Dilma Bolada (@diimabr) se destacou com a narrativa fantasiada dos bastidores da entrevista (FIG. 8): FIGURA 8 - Tweet 41do perfil fictício Dilma Bolada

FONTE: @diimabr, 2014

Já Marina Silva obteve apoio da hashtag #marinasuprema que a tratava como diva, talvez uma tentativa de se assemelhar ao perfil de Dilma Bolada. O movimento foi iniciado pela conta @MarinaSuprema (FIG. 9): FIGURA 9 - Tweet do perfil 42fictício @marinaecologica

Fonte: @marinaecologica, 2014

41 42

http://goo.gl/WgXEuT http://goo.gl/D8v6vZ

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4.6 – COMPARAÇÕES ENTRE DILMA E AÉCIO Ao olhar para os dados analisados até o momento, como por exemplo as nuvens de palavras (FIG. 7) que trouxe termos como “militância” e “Bonner”, ficou claro que os detalhes trazidos pelos grafos de Dilma e Aécio apontam mais complexidades e possibilidades de comparações, por mais que as entrevistas escolhidas antecederam o primeiro turno das eleições de 2014, ou seja, a presença na disputa de outros candidatos. Dessa forma, torna-se interessante e importante destacar os dados das candidaturas do PSDB e PT em particular sobre dois aspectos: o apoio dos militantes engajados em cada um dos políticos e o comportamento diferenciado – ou não – ao citar o apresentador William Bonner que foi muito comentado nessas edições do Jornal Nacional. Para o momento, iremos entender como comporta o apoio aos dois candidatos na rede utilizando os dados das hashtags de exclusivo apoio associadas aos termos definidos na coleta (#AecioNoJN e #DilmaNoJN). No caso da hashtag #AecioNoJN, três palavras-chave se destacaram e evidenciaram claramente o apoio ao político do PSDB: #somosaecio (483 tweets coletados), #mudabrasil (202 tweets coletados) e #estamoscomaecio (120 tweets coletados). Os termos ocuparam, respectivamente, a segunda, quarta e oitava posição das hashtags com mais tweets coletados que também tinham #AecioNoJN. No grafo a seguir (FIG. 10), temos arestas destacadas de três cores. As verdes, por exemplo, representam os RT’s recebidos dos tweets que continham #AecioNoJN e #somosaecio. Indicamos também um perfil que se destacou na disseminação de cada um dos termos, como @_souaecio, que alcançou tal resultado recebendo muitos RT’s em tuites que possuíam #mudabrasil e #AecioNoJN.

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FIGURA 10 – Rede de RT’s dos tweets com hashtags de apoio associadas à #AecioNoJN

FONTE: Elaboração do autor

QUADRO 5 - Principais disseminadores das hashtags de apoio à Aécio Neves Cor

hashtag

Principal perfil disseminador

#somosaecio

@welbi

#mudabrasil

@_souaecio

#estamoscomaecio

@aecioblog FONTE: Elaboração do autor

Agora veremos o mesmo movimento com os tweets que continham #DilmaNoJN e que também utilizaram as hashtags de apoio à candidata, que no caso as escolhidas foram #dilma13denovo (844 tweets coletados) e #dilmadenovo (248 tweets coletados). Os termos ocuparam, respectivamente, a primeira e segunda posição das hashtags com mais tweets coletados que tinham outra palavra-chave além de #DilmaNoJN. Um movimento diferente que não aconteceu com os dados do Aécio Neves foram tweets com as três hashtags ao mesmo tempo (#dilma13denovo, #dilmadenovo e #DilmaNoJN) e que foram representadas no grafo com a cor verde, vejamos:

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FIGURA 11 – Rede de RT’s dos tweets com hashtags de apoio associadas à #DilmaNoJN

FONTE: Elaboração do autor

QUADRO 6 - Principais disseminadores das hashtags de apoio à Dilma Rousseff Cor

Hashtag

Principal perfil disseminador

#dilma13denovo

@eduardonino

#dilma13denovo e #dilmadenovo

@MudaMais

#dilmadenovo

@MudaMais FONTE: Elaboração do autor

Partindo para as comparações, observamos que mesmo #AecioNoJN ter coletado 18.017 tweets e #DilmaNoJN 5.054, o total de publicações com alguma das hashtags de apoio com #AecioNoJN é 805, já no caso da candidata Dilma Rousseff é 1.092. Ou seja, mesmo com mais que o triplo de tweets coletados, as três palavras-chave de exclusivo apoio ao candidato tucano não repercute mais que as duas hashtags que se destacaram quando Dilma Rousseff foi a entrevistada. Mas, em compensação, #ForaDilma associado à #AecioNoJN coletou 1.169 tweets. Mostrando, novamente, o anti-petismo muito mais forte que o apoio ao político do PSDB.

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Além disso, percebemos também que no grafo referente à Aécio Neves as três hashtags estão completamente centradas em dois perfis de campanha (@_souaecio e @aecioblog) e outro que se comporta como militante (@welbi). Já no caso da candidata do PT, #dilma13denovo e #dilmadenovo consegue atingir toda a rede de forma claramente perceptível. As arestas vermelhas, tweets que continham #dilma13denovo e #DilmaNoJN, passam a sensação que todos os tweets da rede utilizaram as duas palavras-chave. Além disso, o uso de um termo de apoio não restringe o outro, como exemplo temos o perfil @mudamais que foi disseminador das duas hashtags ao mesmo tempo (#dilma13denovo e #dilmadenovo), ao contrário da rede do candidato do PSDB que evidencia uma lógica mais individual e pouco compartilhada, já que cada hashtag de apoio se limitou a cada um dos perfis, sem apresentar convergência entre elas. A partir de agora traremos dados coletados que destacam outro tipo de movimentação também relevante, mesmo que no objeto de estudo não tenha sido tão presente. Estamos nos referindo à crítica ao veículo, gerando conflitos que rompem o processo coordenado pela emissora de televisão. Essa aversão ao conteúdo pode ser percebida através de hashtags e palavras-chave (D’ANDREA, 2014) e evidencia o “sistema de resposta social”. No caso do objeto de estudo, o termo que emergiu e pode ser visto como uma resposta contrária e não previsível para a emissora foi o #calabocabonner. A hashtag trazia críticas feitas ao apresentador, William Bonner, devido a sua postura firme e repleta de interrupções feitas ao longa das entrevistas. A hashtag tem um resquício de uma origem histórica de crítica à Globo, já que durante a Copa de 2010 #calabocagalvao foi o assunto mais popular nos Trending Topics mundiais ao longo do evento esportivo em resposta ao locutor visto por muitos como “chato” e que “fala demais”. Especifico sobre o #calabocabonner, a movimentação repercutiu ao ponto de ganhar destaque associada à #DilmaNoJN, sendo a sexta correlacionada com 56 tweets filtrados no período. O tweet a seguir (FIG. 12) é o exemplo que obteve mais retuites no período (26 RT’s):

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FIGURA 12 - Tweet43 utiliza #calabocabonner

FONTE: @ComPadilhando, 2014

Tal repercussão pode recorrer às tradicionais críticas feitas por aliados da esquerda em virtude das recorrentes queixas dos aliados à candidata petista que grandes veículos de comunicação, principalmente a Globo, serem defensores de partidos de direita, o que é visível em vários perfis no Twitter de militantes do PT que trazerem imagens e o discurso de “Fora Globo”, “Globo Golpista”, “Globo apoiou a ditadura”, “Globo tucana” entre outros. Na entrevista com Dilma Rousseff, um portal de notícias44 criticou a postura do apresentador: Foi inacreditável a ação eleitoral do Jornal Nacional contra a presidente Dilma Rousseff; William Bonner fez perguntas quilométricas; Patrícia Poeta chegou a fazer cara de nojo e a colocar o dedo em riste diante de Dilma em razão do "nada" que teria sido feito na área da saúde em 12 anos, ditos com ênfase pela apresentadora; Dilma mal teve a oportunidade de responder perguntas que eram acusações, como sua suposta incapacidade de se cercar de pessoas honestas e os números da economia (BRASIL 247, 2014).

Baseada na força da militância petista, a resposta contrária ao veículo surge, ganha força e contribui para a diversidade de conversação que é garantida pela ausência de filtros jornalísticos (CANAVILHAS, 2009) do ambiente das redes sociais. Sendo assim, se faz necessário ver e comparar as próprias referências ao apresentador William Bonner durante as entrevistas da candidata Dilma e Aécio. Em ambos os casos, foram classificados tweets específicos que faziam alguma referência ao apresentador global. Vale relembrar que as publicações também continham #AecioNoJN e #DilmaNoJN e, dessa vez, os tweets escolhidos foram os mais retuitados nesse filtro específico:

43 44

http://goo.gl/Fik630 http://goo.gl/1E297p

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FIGURA 13 – Principais tweets com citações à William Bonner com #DilmaNoJN

FONTE: Elaboração do autor

QUADRO 7 - Principais tweets que citaram William Bonner e usaram #DilmaNoJN Cor

Usuário @wilsoncabus @_MauricioDias @flavinhapais

@ComPadilhando

Tweet Bonner perdeu a compostura na entrevista, ou seria debate? Ele esperava uma Dilma acuada e viu uma Dilma segura. #DilmanoJN "Dilma não jogou os ""aliados"" na fogueira como o @realwbonner queria. #Dilma13DeNovo #DilmaNoJN #DilminhaLacrandoNoJN Achei a presidenta segura e convicta! Imbatível ao deboche e prepotência do Bonner! #DilmanoJN RESUMO da #DilmanoJN = NÃO VAI TER SEGUNDO TURNO... ELA É CORAÇÃO VALENTE E BOCA QUENTE #CALABOCABONNER! FONTE: Elaboração do autor

Nº de RT’s 38 29 27

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Agora, vamos ver os tweets que continham #AecioNoJN e que também mencionou William Bonner durante o período de coleta para comentar sobre o apresentador:

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FIGURA 14 – Principais tweets com citações à William Bonner com #AecioNoJN

FONTE: Elaboração do autor QUADRO 8 - Principais tweets que citaram William Bonner e usaram #AecioNoJN Cor

Usuário

Tweet

@Martacg_Tata

Só quero ver o Bonner com a Dilma #AecioNoJN

@VeraLuciaDutra

Quero ver o @realwbonner perguntar sobre a compra da refinaria de Pasadena #AecioNoJN

@narizgelado @ampg5

Gostei do Bonner perguntar do aeroporto pro Aécio Neves. Espero que pergunte do porto de Mariel. Aécio não foge da pergunta manhosa de WBonner. Dá-lhe #AecioNoJN FONTE: Elaboração do autor

Nº de RT’s 373 35 27 15

As queixas em defesa da candidata petista e contrária ao apresentador global mais recorrentes, baseado no tweets destacados no grafo da Dilma Rousseff, diz respeito ao jornalista “falar demais”, ser “debochado”, interromper, ser incisivo e grosso. Esse tipo de repercussão 56

traz uma crítica emergente ao apresentador e indiretamente a emissora, como a publicação do @compadilhando (arestas amarelas), visto anteriormente (FIG. 12). Além disso, membros da militância tentam exaltar a candidata frente a postura do jornalista, como o tweet mais retuitado dessa segmentação (38 RT’s): “Bonner perdeu a compostura na entrevista, ou seria debate? Ele esperava uma Dilma acuada e viu uma Dilma segura. #DilmanoJN”45. Já o grafo do candidato Aécio Neves apresenta uma aversão semelhante ao apresentador, mas se limitou basicamente em reclamar das interrupções do jornalista, exaltar o entrevistado e exigir postura semelhante quando a candidata petista fosse entrevistada, como no tweet mais retuitado com 373 RT’s: “@Martacg_Tata: Só quero ver o Bonner com a Dilma #AecioNoJN”46. Na sequência, o segundo tweet nessa lista possuía apenas 35 RT’s, ou seja, menos de um décimo do primeiro. Sendo assim, e reforçando mais uma vez, essas observações confirmam a indicação de uma conduta muito mais anti-petista do que própria de apoio ao candidato do PSDB. Já que mesmo quando poderiam criticar o apresentador, parte dos defensores do candidato Aécio Neves se concentram envolver a presidenciável petista na questão. Algo que no caso da Dilma Rousseff se limitou a refutar o apresentador e exaltá-la como uma entrevista forte.

45 46

https://goo.gl/grK3yh http://goo.gl/v1pLd6

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5 - ANÁLISE E CONSIDERAÇÕES FINAIS A vontade social de interagir e pensar junto do que está sendo visto (PRIMO, 2010) é algo ainda mais evidente quando se trata de momentos quando assuntos dominam a agenda pública, como período eleitoral. Apesar disso, o tema desinteressa parte da população. Talvez pela própria falta de engajamento cívico ou a falta de meios para a participação da população no processo político (POZOBON; KOEFENDER, p. 1, 2012). Mas, com as redes sociais, ferramentas que possibilitam um processo cada vez mais dinâmico tem expandido e evoluído para serem espaços conversacionais importantes (RECUERO, 2012). O engajamento político encontra um espaço primordial para um bem construído coletivamente que beneficia o acesso à informação (RECUERO, 2009). Dessa forma, o Twitter passa a ser o suporte técnico e comunicacional que incentiva os cidadãos a participarem cada vez mais das conversações e, consequentemente, do processo político. Algo que já é e se tornará cada vez mais utilizado nas próximas eleições, sobretudo as presidenciais. (SILVA; MARTINS, 2014). Canavilhas (2009) direciona essa questão para uma evolução do conceito de comunicação política que, segundo o autor, ultrapassa a restrita relação entre governos e eleitorado para a promoção da cidadania do conhecimento, entendida como acesso a informação relevante não distorcida ou o livre acesso aos espaços de debate. “Um novo terreno onde os cidadãos, individualmente ou em grupo, apresentam opiniões, reagem a posições políticas, trocam argumentos e questionam os políticos” (p. 3). No caso do objeto de estudo, por exemplo, a aparente hashtag de apoio #DilmaNoJN apresentava conexão com outras de reprovação, como #ForaDilma. Esse tipo de movimentação pautada expõe o engajamento de grupos que passa a estabelecer contato direto com o eleitorado, sem filtros jornalísticos (p.1). Sendo assim, se faz necessário entender o que leva a esse agendamento de determinado assunto na rede. Para McCombs (2009), os elementos proeminentes na imagem da mídia tornam-se proeminentes na imagem da audiência. Lara (2014) relativiza e afirma não ser adequado confiar no efeito irrestrito de agendamento dos veículos de comunicação tradicional exerce na sociedade, já que envolve diferentes tipos de reconhecimentos por parte do público. Além disso, por dar “voz” a mais pessoas, o próprio ambiente online já evidencia e refuta esse fluxo decisório unilateral. McCombs (2009) chama de intermídia agenda-setting o modelo horizontal de agenda-setting que, no âmbito da internet, pequenos grupos podem influenciar outros conjuntos de pequenos grupos e até mesmo a mídia de massa. Exemplo disso são os

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militantes petistas que se organizam através tuitaços, blogs de apoio, desconstrução de adversários, emissora ou apresentador. Essas ressignificações mostram que a mídia tradicional não consegue determinar com exata precisão o que será a pauta da sociedade. Porém, mesmo assim, a “mídia regente” continua desenvolvendo o texto de referência (FECHINE, 2013) para os demais meios. Algo que é ainda mais previsível por se tratar do telejornal mais visto do canal líder de audiência, como o Jornal Nacional da Rede Globo. No Twitter, o perfil da emissora (@RedeGlobo) está entre as contas com mais seguidores do país, mas no caso do objeto de estudo, não foi uma instancia produtora e disseminadora das hashtags selecionadas (#AecioNoJN, #EduardoNoJN, #DilmaNoJN e #MarinaNoJN). Ou seja, não parte de uma iniciativa institucional da emissora em tornar oficial os termos para destacar e controlar o conteúdo exibido ao ponto de exercer uma convergência vertical. Apesar disso, o JN interfere muito na repercussão. O telejornal agrega todo uma seriedade e empatia dos âncoras que levam o próprio programa e apresentadores serem notícias. “Os

entrevistadores,

portanto,

estão

em

geral

ungidos

por

prestígio, credibilidade, autoridade jornalística, celebridade e simpatia” (GOMES, 2012, p.8). Além do mais, esse formato “ao vivo” apresenta um risco ao procedimento de tratamento da edição prévia, já que não é possível prever a repercussão. Mas, mesmo assim, “os ganhos de autenticidade superariam as perdas produzidas pelo risco de erro e de descontrole típicos de qualquer coisa que seja exibida no noticiário sem corte ou edição” (GOMES, 2012, p.2). Dessa forma, os apresentadores assumem papel de mediadores nesse formato muitas vezes questionado, apontando para uma competição pelo controle da argumentação entre os atores envolvidos. Essas intervenções corretivas e interrupções de raciocínio (GOMES, 2012) são exemplos de atos verbais empregados em formatos “ao vivo” pelos apresentadores do JN para tentar manter os entrevistados “na linha”, já que é a forma encontrada para tomar providências e controlar os rumos das entrevistas. As entrevistas com os candidatos a presidente expuseram várias situações nesse sentido. Com um cenário político acirrado e exaltado, o JN priorizou nas entrevistas confrontar os candidatos e seus resultados em gestões anteriores, além de não deixar de lado temas polêmicos. Para lidar com todos esses agravantes, os apresentadores tiveram que interromper os presidenciáveis diversas vezes. Situação que repercutiu muito no Twitter e, por exemplo, levou ao surgimento da hashtag #calabocabonner. Esse movimento auto-organizado da “audiência conectada” através do Twitter pode ser visto como o “sistema emergente de resposta” da

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sociedade à mídia (D'ANDRÉA, 2011). Ou seja, um feedback da “movimentação social dos sentidos e dos estímulos produzidos inicialmente pela mídia” (BRAGA, 2006, p.28) que pode subverter a influência da “mídia regente” (D’ANDREA, 2014). Além da hashtag #calabocabonner, destacamos nos grafos citações referentes ao apresentador e comparamos os resultados apontados na associação com #AecioNoJN e #DilmaNoJN. Na entrevista com o político do PSDB, destacou um sentimento mais de reclamação das interrupções do jornalista, exaltação ao entrevistado e exigência de uma postura semelhante quando a candidata petista fosse ao telejornal. Já no dia em que Dilma foi entrevistada, os tweets que continham #DilmaNoJN e “Bonner” mostrou mais uma crítica centrada em condenar a postura do apresentador. Esses ataques mais acentuados quando a petista foi entrevistada pode ser evidenciado devido a entrevista ter sido a mais enfática por parte dos apresentadores (BAZI; ROLDÃO; BENEDITO, 2015, p. 97). Além disso, essa diversidade de críticas encontradas é vista por D’Andrea (2014) como algo típico do modelo colaborativo de comunicação que evidencia a resposta social. Pois, ao invés de um processo coordenado pela emissora de televisão, identifica-se a emergência de uma repercussão auto-organizada sem um planejamento prévio que surge de forma horizontalizada na rede. Essas várias apropriações do conteúdo exibido originam-se de diversos tipos de atores sociais que atuam na rede, como perfis oficiais, fakes, bots, militantes, usuários ocasionais, humoristas e jornalistas. Essas entidades “transportam ações, constituindo o que chamamos de redes heterogêneas” (BUZATO, 2012, p.67). Esses atores se organizam e ganham influência que gera todo um efeito de produção na rede. Temos assim uma rede composta de atores que se envolvem em uma intensa negociação de sentido entre agentes - humanos e não-humanos que atuam como mediadores na própria rede ao se engajarem de formas variadas (D’ANDREA, 2014). Os possíveis robôs utilizados por Marina Silva e Eduardo Campos que inflaram os resultados das hashtags #EduardoNoJN e #MarinaNoJN e os perfis que tentavam emplacar memes e tweets com propósito humorístico são exemplos dessa negociação dentro da rede. Entre esses grupos de atores sociais, talvez o mais atuante no objeto seja os militantes. Em especial os membros ligados ao Partido dos Trabalhadores. Esse maior comprometimento pode ir ao encontro de uma maior necessidade de balancear a imprensa tradicional que, segundo eles, tendem a apoiar partidos de direita. Essa vontade de apropriar das redes, aparentemente sem filtros tradicionais (CANAVILHAS, 2009), torna-se o mote para a militância do PT se

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organizar e engajar mais para ocupar um espaço de inserção facilitada e de baixo custo. O Partido dos Trabalhadores conta com perfis no Twitter de apoiadores engajados e blogs alinhados, como o do perfil @MudaMais, que possibilitou uma maior repercussão sem necessariamente possuir mais usuários ativos. Como vimos, #AecioNoJN coletou 18.017 tweets, já #DilmaNoJN foram apenas 5.054 tweets coletados. Mesmo assim, visualmente nos grafos das hashtags das militâncias ficou claro que os apoiadores do PT fizeram muito mais conexões e convergência entre apoiadores que na rede formada do candidato Aécio Neves. Pensando nisso, é oportuno retomar as considerações de Pereira (2011) que subdivide as possibilidades de mobilizações online em três segmentos. A primeira dela é a mobilização de internautas ocasionais, “uma militância à la carte, pois trata-se de um engajamento periódico e algumas vezes distanciado” (PEREIRA, 2011, p.15). Ou seja, pessoas passam a militar por necessidades pessoais ou coletivas para defender interesses ligados às ideias propostas, continuação ou o fim de um governo. Podemos citar como resultado disso o destaque da hashtag #foradilma, já que se trata de um momento oportuno e não envolve altos custos de uma participação “formal”. Já em relação a articulação entre as entidades da sociedade civil e suas bases, Pereira (2011) destaca que a internet não resolve a questão da participação igualitária, basicamente em função da exclusão digital. Nas eleições de 2014, por exemplo, repercutiram muitos casos de preconceito contra nordestinos por apoiarem majoritariamente a reeleição de Dilma Rousseff. Pesquisas eleitorais baseadas na renda e preferência pelo voto feita pelo DataFolha47 mostraram que pessoas de classes econômicas mais elevadas, ou seja, com mais acesso à internet, votariam no Aécio Neves (PSDB), enquanto os cidadãos pesquisados com ganho salarial menor, algo ainda mais acentuado na região Nordeste do país, votariam na Dilma Rousseff (PT). Por último, a mobilização entre entidades da sociedade civil diz respeito ao desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação e informação, como o próprio Twitter, que têm permitido que o ativismo político se organize de maneira que se superem constrangimentos temporais, financeiros, espaciais, ideológicos, colaborando para a ampliação das atividades a níveis antes poucas vezes imaginados. Esse espaço cria uma opção aos movimentos que conseguem se inserir de forma mais fácil e econômica se comparada aos meios de comunicação tradicionais. Essa situação pode estar ligada ao motivo pela maior organização dos militantes petistas na rede através de blogs alinhados ao PT (@MudaMais) e tuitaços 47

http://goo.gl/jfBS4Y

61

(#DilmaDeNovo e #Dilma13DeNovo), que tentam oferecer um conteúdo alternativo da mídia tradicional. Antes

de

partirmos

para

as

considerações

finais,

vale

ressaltar

que

o estímulo de uma hashtag ao ativismo político encontra a possibilidade de defender ou repudiar um partido, ideia ou candidato. Sendo uma movimentação aparentemente sem filtros jornalísticos tradicionais, o objeto estudado na prática, os dados coletados de #AecioNoJN, #EduardoNoJN, #DilmaNoJN e #MarinaNoJN, não partiram de iniciativas institucional do Jornal Nacional, ou seja, de uma “convergência vertical”. Mas, apesar disso, esse tipo de autoorganização gera uma influência próxima a algo “oficial”, já que cada hashtags selecionadas vieram das militâncias de apoio e que foram objeto de trabalho para tentar destacar a presença de seus entrevistados no telejornal. Mas, mesmo assim, não deixa de ser um movimento horizontal de origem de “fãs”, expondo o “sistema de resposta social” passível de apropriações contrárias, como a hashtag #foradilma associada à #DilmaNoJN. Portanto, e com base no que foi exposto, faremos alguns apontamentos sobre o trabalho. Apesar disso, não é possível obter uma conclusão geral a respeito, pois esse não foi o objetivo, mas sim conhecer a fundo características e encontrar - ou não - comportamentos semelhantes a partir da análise das conexões intermidiáticas entre televisão e Twitter durante as quatro entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional com os candidatos à presidência do Brasil (Aécio Neves, Eduardo Campos, Dilma Rousseff e Marina Silva) em 2014. Como objetivo específico, estava definido discutir o uso dessa rede social durante a campanha eleitoral para conhecer e entender as participações dos diversos tipos de atores sociais envolvidos. Além disso, identificar a existência do “sistema emergente de Resposta” (D’ANDRÉA, 2011). Sobre os apontamentos, comecemos pelo destaque massivo que as militâncias ocupam nesse tipo de conteúdo. Os partidos e simpatizantes fazem uma força tarefa nas redes para ressignificar as conversações, claramente baseados na autopromoção, autodefesa e ataques aos adversários. Esses grupos são o tipo de atores sociais que mais sobressaem na rede. Além disso, embutido no apontamento anterior, aferimos também que a militância petista é a mais atuante nas redes sociais e a que trabalha de forma mais coordenada e articulada. Os militantes do PT conseguem se inserir através de mobilizações pontuais como tuitaços e desconstrução de adversários, a ponto de propiciar algo próximo de uma “convergência vertical”, ou seja, um planejamento que tende a ter indícios de algo contrário à lógica auto-oganizacional, mas a algo

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orquestrado pelo partido. Já a base de apoio ao candidato Aécio Neves, o conteúdo apoio se limita a perfis de campanha e ao fator anti-petismo. Nessa lógica, Marina Silva e Eduardo Campos ficam pouco evidentes. Os dois candidatos do PSB não desenvolvem grandes interações e a pouca relevância na rede dos dois candidatos foi devido o nome conhecido de Marina Silva e um comportamento que tudo indica ser motivado por robôs. Mas, mesmo o uso de bots serem uma forma de colocar em destaque o tema no Twitter, ou seja, as hashtags de apoio, a discussão não vai muito além disso, o que mostra a necessidades de perfis pessoais e comprometidos para ramificar e conectar a rede. Podemos considerar que a necessidade de robôs dos dois candidatos do PSB pode estar ligada à ausência de militância do partido por ser menor ao se comparar ao PSDB e PT. Outro comportamento comum foi ver que, mesmo se tratando de um assunto sério, como política, o Twitter consegue levar quase tudo para o lado cômico e irônico. Muitas vezes pelo próprio feeling da piada com objetivo pessoal de ser “famoso” nessa rede social. Por outro lado, o perfil relevante e conhecido, Dilma Bolada (@diimabr) consegue captar a atenção dos usuários que interessam pelo humor e, ao mesmo tempo, carrega um apoio político direto e indireto embutido. Apesar desses apontamentos, o trabalho se limita por motivos de tempo e escopo de pesquisa, ou seja, várias hashtags e outras conversações se destacaram durante a coleta e que #AecioNoJN, #EduardoNoJN, #DilmaNoJN e #MarinaNoJN não captaram. Isso se dá pela avalanche de possiblidades que uma conversação pode gerar e pelos termos escolhidos serem boa parte de apoio, apesar de moderada taxa de emergências de repercussão contrárias, como #foradilma associada à #DilmaNoJN. Por mais que cada coleta se limitou em um período em torno de duas horas, seria interessante uma análise temporal para entender o comportamento simultâneo e preciso da repercussão. Esse tipo de análise geraria resultados que dariam para conhecer dados segundo a segundo que ampliariam a possibilidade de análise. Porém, um escopo maior e novas hashtag incluídas para análise dificultaria um aprofundamento e descobertas mais específicas sobre o objeto. Outro fator limitante da pesquisa é a possibilidade de afirmar com grande certeza que movimentações suspeitas podem ser propiciados por perfis robôs. Uma vez que o aparato técnico adotado, a ferramenta bot or not, mostrava apenas a possibilidade. E, além do mais, muitos perfis e tweets que se destacaram na coleta não estão mais disponíveis para consulta.

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Também sobre ferramentas adotadas, o gerador dos grafos (gephi) não é uma plataforma completamente amigável que permite o manuseio facilitado e visualização totalmente clara. O programa tem suas limitações técnicas que dificultaram a extração ideal para que pudesse mostrar com ainda mais facilidade o panorama das repercussões analisadas. Porém, o resultado final apresenta uma situação aceitável, apesar de exigir um esforço extra para serem compreendidos. Como sugestão de desdobramento, podemos citar a possibilidade de um objeto que possa abordar a situação atual e futura que antecedem as eleições de 2018, já que o clima político no cenário nacional tem se mantido aquecido devido às manifestações, crise financeira, corrupção na Petrobras, baixa aprovação do Governo e do PT, alta da inflação e pedidos de impeachment. Exemplo prático disso seria aprofundar em novas análises da repercussão durante os chamados “panelaços” ou a utilização do aplicativo de mensagens para celular (Whatsapp) como ferramenta de compartilhamento de imagens e vídeos para “atacar” o Governo. Existe um movimento nas redes ligada à oposição para fomentar essas conversações? Como a militância petista tem trabalhado para reverter algo completamente contrário ao Governo? Questões como essa podem servir de mote para futuros estudos que sigam a metodologia analítica e contemplem essas emergentes formas de expressão política que a internet vem permitindo.

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6 - REFERÊNCIAL TEÓRICO ALZAMORA, Geane. Entre a TV e a internet: mediações sobrepostas em IReport for CNN. In.: SOSTER, Demétrio; LIMA JR., Walter (org.) Jornalismo digital: audiovisual, convergência e colaboração. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2011. p.84-104.

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