Atracoes mais que tardias o ciberaudiovisual como representacao politica artefactual

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1 / 22 ATRAÇÕES MAIS QUE TARDIAS - O CIBERAUDIOVISUAL COMO REPRESENTAÇÃO POLÍTICA ARTEFACTUAL

Prof. Dr. Bráulio de Britto Neves Mestre em Comunicação Social: UFMG, 1997-2000 Doutor em Multimeios: Unicamp, 2007-2011 Pos-Doc 1: EME, UFMG, 2012-2013 Pos-Doc 2: Poéticas Audiovisuais, PUC-Minas, 2014-2016

Introdução Pode-se afirmar que se encontra consolidada, como hipótese explicativa, o argumento segundo o qual há uma convergência formal e teleológica entre o que Machado (1997) sinteticamente denominou "pré-cinemas" e "pós-cinemas". Esta hipótese, surgida há mais de 25 anos a partir dos trabalhos de revisão historiográfica sobre relatos e documentos concernentes à origem da comunicação cinematográfica nas pesquisas de Gunning, Burch, Gaudreault (consolidados na oportuna leitura sinóptica de Costa, 2005), assim como em estudos de matriz frankfurtinana (Hansen, Negt e Kluge), merece – parece-me – receber uma reinterpretaçao, nos dias atuais, que atribua a ela o status de uma teoria consolidada. Há hoje muito mais possibilidades de demonstrar a consistência ampla do argumento, tanto a partir da exploração da sua convergência com argumentos de outras teorias contemporâneas (teorias do documentário, da representação política democráticodiscursiva e etnometodologia da mídia) quanto a partir da observação de fenômenos recentes da comunicação ciberaudiovisual. Além de factível, a consolidação da teoria segundo a qual o "cinema clássico" deva ser tratado como um interregno na história do audivisual (e não seu modelo normativo) constitui também uma responsabilidade política da pesquisa: ao fornecer ferramentas para uma interpretação crítica sobre o potencial emancipatório das condições contemporêneas, o pesquisador deveria oferecer aos praticantes da comunicação audiovisual recursos conceituais suficientes para persistir diante da pressão das estratégias governamentais e corporativas de supressão do uso do uso anti-hierárquico e anti-capitalístico dessas possibilidades. Se a comunicação ciberaudiovisual se aproxima do cinema das origens, cabe à pesquisa acadêmica politicamente responsável identificar e propiciar a persistêncai do seu o caráter “proletário” ou “oposicionista”, ou seja, e sustentação do autêntico poder de auto-regeneração e emancipação das esferas públicas, instaurada no contexto presente. Atrações mais que tardias (Bráulio de Britto Neves, 30mai2016)

2 / 22 Assim, ao invés de meramente observar e enlutar-se diante da iminente dissipação do potencial emancipatório ressurgido, opta-se, neste projeto, por apoiar a persistência e o florescimento das contrapublicalidades que a nova "mudança estrutural" da esfera pública audiovisual (Hansen, 1994) oportuniza. Propósitos O propósito do presente projeto é explorar a potencialidade heurística dessa idéia de "retorno às origens" para esclarecer as condições de ampliação da reflexividade político-discursiva da produção ciberaudiovisual atual. Pretendemos satisfazer esse propósito a partir de dois esforços paralelos. O primeiro, de caráter teórico-conceitual, consiste em trazer para um mesmo contexto argumentativo os horizontes de experiência emancipatória dos atos comunicativos documentários, da reflexividade político-discursiva e dos eventos de eclosão de espaços e entes transculturais. O segundo, de caráter empirico-analítico, consiste em abordar a textualidade e os arranjos de enunciação de produções da televisão digital interativa (ref. Neves, 2015), os videogames (Bogost, ) e práticas de apreciação coletiva ciberativistas (Kunsch) e cibercineclubistas (Bamba). Acreditamos que elas irão demonstrar, de modo ainda mais nítido do que a difusão das imagens eletrônicas analógicas e digitais, nos anos 1980-90, (cf. p. ex., Hansen, 1994; Renov, 2004) a convergência de característcas textuais e relacionais das práticas de comunicação ciberaudiovisual contemporânea com aquelas do 'primeiro cinema'. Ao inverter a perspectiva sobre o caráter supostamente necessário do arranjo enunciativo cinematográfico "clássico" (apoiado na articulação narrativa dramatúrgico-romanesca de imagens figurativas, no arranjo produtivo industrial e num dispositivo "narcotico" de apreciação massiva) a conexão entre cinema das origens e o cinema cibertextual precisa ser demonstrada não apenas na correspondência de características textuais, mas no exame sobre a convergência das relações entre posições actanciais do audiovisual contemporâneo (eletrônico, digital, telemático e embacado embarcado em mídias móveis) com aquelas típicas dos atos comunicativos do cinema das origens (atrações circenses, monstruosidades, ilusões, vaudeville, interpelação do apreciador, exibição de traços das relações de produção).1

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Neste caso, por tratar dos "desdobramentos históricos e do entrelaçamento entre os setores do audiovisual (produção, difusão, recepção), além de abarcar a análise das políticas do audiovisual elaboradas por diversos atores sociais (corporações profissionais, Estado, empresários, etc." a presente proposta é pertinente à linha de pesquisa "História e Políticas do Audiovisual" do Programa de Pós Graduação de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos. Atrações mais que tardias (Bráulio de Britto Neves, 30mai2016)

3 / 22 Fundamentação teórica Para satisfazer esse interesse, julgo necessário e pertinente aproveitar-me de três teorizações que resultaram do esforço de interpretação da comunicação política ciberaudiovisual, desdobradas desde a minha pesquisa de doutorado, sobre o documentário ciberaudiovisual altermundista (Neves, 2010). As três estão em elaboração final, sendo prevista a produção de artigos acadêmicos para sua apresentação é prevista como resultado do meu atual vínculo acadêmico com o programa de pósgraduação em comunicação social junto à PUC-Minas (junto ao grupo de pesquisa "Poéticas Audiovisuais Contemporâneas: Dispositivo e Temporalidade"). Atos documentários A primeira, provisóriamente, será denominada "teoria do ato documentário por meios audiovisuais". Trata-se de um desdobramento dos conceitos "imagem-câmera" e "sujeito-da-câmera", propostos por Ramos (2012) e da perspectivação da deriva histórica da estilística do cinema documentário segundo "campos éticos" (Ramos, 2004). Segundo esta teoria - em elaboração, embora já esboçada, em versões diferentes, na I Jornada de Grupos de Pesquisa em Semiótica (USP, agosto de 2015) 2 e no I Cinemídia (UFSCar, novembro de 2015)3, a comunicação audiovisual documentária instaura uma relação entre três posições actanciais (do act-, ou "ente diante da objetiva"; do operat-, ou "ente detrás da ocular"; e do appreciat-, "ente defronte a tela"). Essa abordagem (Neves, 2010) postula que a retórica audiovisual documentária, enquanto uma classe natural4 da retórica moderna, se distingue por sua causa final: a promoção de aprendizado coletivo que resulte na mudança deliberada na ação política dos cidadãos. O motivo do privilégio da exploração das peculiaridades semiósicas da imagem-câmera, assim como de outras práticas de "inscrição científica" (Winston, 1993) se expicam pelo caráter eminentemente moderno da retórica documentária: seus critérios de validação não podem se apoiar (apenas, ou principalmente) em formas de fixação de crenças (Peirce, 1877) dependentes da tenacidade de tradições ou em autoridade institucionalizadas; elas precisam ser, mesmo quando incorporam pressupostos apriorísticos não demonstráveis, seguir o método experimental e/ou observação empírica. No entanto, conforme o caso, a retórica audiovisual documentária pode dispensar alguns de seus “traços teleologicamente determinados”, e até mesmo a imagem-câmera pode prescindir, como nos ocorre em Ryan, Persépolis ou Valsa com Bashir, quando o fenômeno em tela concerne à percepção 2 3 4

Distribuição actancial no documentário - dos 'modos' às classes naturais de representação política Doc>>Trans: Transmedialidade Documentária e Representação Política Artefactual Sobre as classes naturais como alternativa para teoria dos gêneros, vide Hulswitt, 2002. Atrações mais que tardias (Bráulio de Britto Neves, 30mai2016)

4 / 22 e à cognição subjetiva, imaginária, memorialista ou fantasiosa sujeitos individuais. O caráter dêictico da enunciação pode, assim, dispensar a exibição de vestígios de referentes externos, dos quais a indicalidade fotográfica é o paroxismo. Ainda no contexto dessa argumentação, propomos tratar a enunciação audiovisual documentária como um ato comunicativo que, ao corporificar textualmente um artefato de representação política instaura uma representação dotada de subjetividade própria (Sobchack, 1992) que ocasiona uma inversão na relação entre pessoas e artefatos, um ventriloquismo no qual os objetos determinam sujeitos (Cooren, 2008, 2010). As implicações políticas dos atos documentários por meios audiovisuais podem ser observados na deriva histórica do documentário. Como observam vários autores (Ramos, Nichols, Renov, DeFrance, Da-Rin, Sobchack), na história do documentário, padrões estilísticos a valores éticos se encontram inextricávelmente entrelaçados, em "conjuntos etico-estilísticos". Nossa proposta é identificá-los segundo padrões de distribuição de funções dramáticas (cf. Souriau, Ubersfeld, Greimas) a cada posição actancial. Representação política artefactal A segunda, a "teoria da representação artefatual", resulta da leitura das teorias normativas e descrivas da ciência política sobre a representação política democrática, que a meu parcer, sugerem que desde os trabalhos de Pitkin (1962), até os contemporânos (Saward, Rehfeld, Runciman, Dryzek, Disch, Montanaro, Rubenstein, Latour), mostra uma crescnete aproximação das teorias da democracia em em direção à semiótica e à filosofias da linguagem, esboçando uma abordagem semiótica da política moderna (uma "politossemiótica" ou "metodêutica política" [ref. Ipsa, Compolítica]). Emerge, com nitidez, a ocorrência de "distribuições dramatoscópicas" entre os diversos componentes da representação política (cf. Rehfeld, ???), de modo que funções de protagonista/valor,

árbitro/beneficiário,

adjutor/oponente

são

variavelmente

atribuídas

a

pretendentes a representantes políticos, a promotores desses pretendentes, aos representados, aos entes que conferem legitimidade à representação, aos responsáveis pelos processos de definição de representantes legítimos e assim por diante. Essas convergências tornam exequível avaliar os atos documentários por meios audiovisuais como representantes políticos, manobra pertinente para o propósito de buscar potenciais emancipatórios em enunciações audiovisuais e ciberaudiovisuais (em eventualmente, em outros artefatos simbólicos, tais como ambientes on-line, games, protestos e performances urbanas). No contexto da teoria democrática, entre as concorrentes concepções de democracia -- liberais, repubicano/comunitaristas e deliberacionistas (Habermas, 1995) - a vertente mais crítica, próxima Atrações mais que tardias (Bráulio de Britto Neves, 30mai2016)

5 / 22 das teorias da línguagem, a "democracia deliberativa" (Dryzek 2000), fornece uma chave para examinar os potenciais emancipatórios convergentes dos "pré-" "pós-cinemas". Ao reinterpretar a teoria deliberativa habermasiana segundo seus potenciais mais emancipatórios - divergindo da teoria deliberativa mais conservadora, "liberal constitucionalista" - esta corrente teórica insiste na centralidade da /reflexividade/ como critério de legitimação democrática. Em linhas bem gerais, o princípio é que nenhum representante ou representação política se legitima isoladamente ou estaticamente: a legitimação emerge na medida em que as pretensões de um ente de traduzir em ação a vontade de outros, em função de valores supostamente comuns, são validadas quando essas pretensões mudam de ambiente ou contexto. No caso de atos comunicativos documentários, a corporificação deles em artefatos textuais postos em circulação pública, faz com que algumas de suas propriedades textuais e paratextuais [escolhas de ambientes de publicação, estratégias de promoção, permissão de recursos dialógicos, facilitação de acesso à apreciação e a análise, permissão de reprodução e produção de enunciações derivadas] desenhem determinados limites para a sua reflexividade político-discursiva. Por exemplo, assim como legitimidade de um representante não provém imediatamente do voto da maioria de um eleitorado (pois ele precisa respeitar os direitos de minorias para representar toda uma população), tampouco é a indicialidade fotográfica de uma tomada que torna legítimo um documentário (pois a decupagem, a montagem e as estratégias de publicização do filme precisam ser consistentes com o propósito de aprendizado coletivo). Nem o contexto da eleição, nem o da tomada, são a fonte de legitimidade da representação (eleitoral ou documentária); é a partir da recursão dos propósitos iniciais sobre os resultados do percurso posterior que se pode julgar como democráticos ou emancipatórios os efeitos ação do representante humano e da representação documentária. Assim como a legitimidade de uma representante político humano provém dos efeitos que suas ações, enquanto representante, tem sobre a capacidade dos representados em se emancipar e serem capazes de agir elaborando publicamente seus próprios interesses (Montanaro, Runciman), um ato documentário deve ser eticamente avaliado pela medida e maneiras pelas quais promove a eficácia dos atores sociais em intevenham sobre a produção de sentido da sua própria representação audiovisual documentária no espaço público (e /como/ espaço público, cf. Kluge, 1981; Hansen, 1983) Transculturalidade O terceiro esforço de teorização que pretendo convocar na sondagem dos potenciais emacipatórios compartilhados pelo audiovisual contemporâneo e originário pode ser descrito como uma Atrações mais que tardias (Bráulio de Britto Neves, 30mai2016)

6 / 22 argumentação em favor da tese da "metaeticidade dos artefatos de percepção emergentes". Apoiamo-nos na argumentação de David Tomas (1995; 1996; 2004), acerca da "implosão" ou "integração mimética" que seria ocasionada por situações de primeiros contatos interculturais ("choque cultural") e nas primeiras experiências com máquinas de percepção. A descrição de Tomas, sobre o embaralhamento e indistinção dos juízos de percepção (ref. Peirce, CP 5.115, CP 5.181; Calvet de Magalhães, 1998; cf. Neves, 2010a) que sustentam os processos infra-reflexivos paralelos da subjetivação individual (consolidação da imagem-de-corpo ) e da percepção do ambiente circundante, que fariam o percipiente aperceber-se pelo "lado avesso dos sentidos" aproxima-se bastante da situação vivida pelos apreciadores do primeiro cinema, assim como dos "interactores" de obras interativas e imersivas contemporâneas. Segundo Tomas, a dissolução das fronteiras entre indivíduos e ambientes descortina uma espécie de subsolo da comunicação, "espaços transculturais" nos quais os sujeitos e objetos se indistinguem enquanto "entes transculturais". Estaria a experiência compartlhada da "distração" proletária, proporcionada pelo cinema primevo (segundo juizo de Krakauer, Benjamin, Kluge e Hansen), e sua reabertura ao precariado pósindustrial, como "cinema mais que tardio", muito distantes daquela dos espaços e entes transculturais descritos por Tomas? As características da experiência dos "choques culturais" e desorientações com "novas mídais" no seu transcurso - sensações de absurdo, sensualidade parafílica, violência, medo e humor -- parecem próximas daquelas surgidas na experiência compartlhada da "distração" proletária, proporcionada pelo cinema primevo (segundo juizo de Krakauer, Benjamin, Kluge e Hansen), e reaberta ao precariado pelo "cinema mais que tardio" atual. Antes de qualquer conteúdo proposicional de oposição, ou contra-informacional, o caráter emancipatório dessas experiências reside (segundo Negt e Kluge, e Hansen) no franqueamento do acesso coletivo dos participantes à suas fantasias recônditas, à experiência compartilhada da imaginação desenfreada. Estas, que outrora se encotravam reprimidas nas relações de trabalho "produtivo" (ou seja, lucrativo), são hoje canalizadas nas atividades de consumo e de autoespetacularização (na "vida para o consumo" denunciada por autores como Bauman, Baudrillard e Debord). É plausível que o horizonte emancipatório semelhante ao da experiência compartlhada da "distração" do primeiro cinema tenha sido reaberta ao precariado pós industrial pela apreciação do audiovisual imersivo, não linear, produzido colaborativamente, dependente de paratextos on-line "explicadores" e exuberante em termos de vestígios das próprias relação de produção.

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7 / 22 É preciso notar que a idéia de "esfera publica de oposição" ou "esfera pública proletária" em Negt e Kluge não se referem a práticas comunicativas realmente existentes (como e o caso da concepção de contrapúblicos" de Nancy Fraser ou Michael Warner), mas deriva do uso da "dialética negativa" adorniana. Elas são as contraformas da vassalização do primeiro cinema "de atrações" na narrativa dramatúrgico-romanesca, e devem ser buscadas, no "cinema mais-que-tardio" como nas brechas pelas quais o, o apreciador é pressionado, como "interactor" consegue escapar de agir como "empreendedor", a deixar de buscar compreender a integralidade dos sentidos da experiência da situação de apreciação audiovisual, a renunciar aapropriar-se da integralidade do sentido. Hipóteses Relendo as "Onze histórias do cinema" de Kluge (2007), a partir da antropologia simétrica latourniana, observamos que o cinema pode ser descrito como rede sociotécnica em que são articuladas três caixas-pretas: o cinematógrafo é a caixa de imagens-câmara, que inscreve imagens indiciais figurativas e as projeta em um anteparo; a bilheteria, caixa de trocas econômicas, que para tornar economicamente sustentável (ou rentável) a comunicação audiovisual, limita o acesso a ela; e a sala de exibição, caixa da assembléia dos apreciadores, que confere reflexividade a apreciação enquanto experiência coletiva. Cabe investigar o consensos, agonismos e antagonismos entre apropriações publicas e privadas em cada uma delas, na experiência da enunciação ciberaudiovisual atual (Neves, 2010a). Para isso, a primeira hipótese desta investigação é A produção audiovisual contemporânea atualiza potenciais emancipatórios que, tendo emergido com/no/através do "cinema das origens", foram soterrados pela hegemonia do arranjo produtivo industrial e capitalístico do "dispositivo" do cinema "clássico". As evidências que sustentam a validade dessa hipótes derivam-se de que, tanto no audiovisual contemporâneo (“cinema mais-que-tardio”) quanto no "cinema das origens" ocorre uma eclosão de espaços transculturais em que ambientes, objetos e sujeitos se tornam indistintos entes transculturais, como é próprio aos experimentos inaugurais de uso de máquinas lógicas de percepção e cognição anteriormente inexistentes (Tomas), de potencial emancipatório (Kluge). Essas circunstâncias conduzem à expressão pré-comunicativa ao soluções de de atrações, segundo a qual das cinema origens quanto o cinema mais-que-tardio articulam de maneira inaugural as condições de absurdo, humor, violência, identificação da imagem do corpo ao ambiente percebido (e não mais ao corpo sede dos aparelho sensorial). O que está em questão não é ainda a transmissão de informações ou a consistência das representações mas a saída do caos na estipulabilidade de Atrações mais que tardias (Bráulio de Britto Neves, 30mai2016)

8 / 22 símbolos: lexicalização, sintaxização, gramatização, semantização, condensação de tropos. A expressão, nestas circunstâncias, prioriza não a comunicação, que se torna vaga e "ruidosa", mas a emergência de condições de comunicação anteriormente inexistentes: criação de inteligibilidade de código, instauração de parâmetros compartilhados de veracidade epistêmica, de sinceridade intencional dos sujeitos, e de correção relacional (ou reconhecimento, por sua vez, nos planos: afetivo, jurídico e social). (Ref. Habermas, ; Honneth, ) Seguindo-se uma dialética negativa, essa hipótese valida-se pelas maneiras como sua possibilidade é concretamente solapada pelas relações de dominação político-econômica: Da mesma maneira como outrora o arranjo capitalístico industrial de produção cinematográfica usava a narrativização dramatúrgico-romanesca e os processos massivos de distribuição, hoje uma "cultura participativa" preserva a apropriação privada sobre os bens simbólicos que permite que as corporações empresariais transnacionais façam a exploração "semântica" da produção de sentido coletiva. Práticas ciberativstas como a "bricolagem", o hacktivismo, o software libre e o financiamento participativo este interesses acumulativos, promovendo a apropriação comum, não pritizável, de conhecimentos e bens simbólicos. Ambas as tendências aparecem, confituosamente, na expressividade ciberaudiovisual atual. Como uma "esfera pública de produção" (Negt e Kluge, 1993), os recursos atuais da comunicações audiovisual por meios distribuídos permitem tanto a banalização cínica quanto a dramatização ética e visibilização de desigualdades, injustiças e falhas de reconhecimento. A capacidade das comunicações distribuídas em adquirir reflexividade político-discursiva é disputada segundo as condições da preestrutruação da esfera pública a partir de redes de topologia prenominantemente distribuída . Essa disputa se manifesta na concorrência entre protocolos e nas disputas do poder de configurar de regiões das redes comunicativas (Thacker e Galloway). Por um lado, o interesse corporativo e governamental converge para a geração, a partir da apropriação de traços da privacidade dos usuários, de conhecimentos com valor comercial e de vigilância difusa. Neste caso, a tendência é conduzir as comunicações à projeção de "esferas publicas de representação", que, no plano das experiências individuais, favoreceria o narcisismo secundário. No das experiências, a encenação plebiscitária de falsos consensos.

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9 / 22 Por outro, a interpretação dessas comunicações distribuídas apresenda um horizonte irredutivel de projeção da experiência comum. A propria argumentação necessita ser representada em um "grande plano geral", enquanto projeto de "boa vida" e "bem comum" (Trenz, 2009). As comunicações distribuídas adquiririam a capacidade auto-renerativa de uma esfera pública autêntica na medida em que articulem processos inferenciais de descoberta coletiva, condutores à inovações políticoeconômicas. A perspectiva de criação de autonomia política dos públicos residiria nas possibilidades abertas de exploração de práticas de inovação através da bricolagem. Partindo de recursos disponíveis para atender a propósitos públicos comuns, a bricolagem nega a lógica tecnocientífica instrumental que pretende submeter ou gerar meios disponíveis a causas pseudofinais (acumulação de capitais simbólicos, econômicos ou políticos). Ela traduz nao só um duplo irredutível da produção tecnocientífica capitalística, mas também a perspectiva persistente da emancipação dos produtores, na obsolescência das relações hierárquicas de poder e alienadas de produção, como é o caso do hacktivismo e do software libre, ref. Coleman, Stallman) - . Pseudofinais porque o acumulo de capital simbólico, econômico e político são tornados fins em si, na lógica da alienação capitalística) Finalmente, ao interpretarmos [os atos documentários] de cinema como atos comunicativos dotados de pretensões à representação política que supendem os parâmetros hegemônicos de determinação das respresentações de espaço (urbano), corpo (individual e coletivo) e agência (política), cabe indagar: – Quais as implicações dessa suspensão para a da constituição de contrapúblicos, para a capacidade de ação política de cidadãos politicamente interessados e de organizações cívicas autodependentes? – Até que ponto essa suspensão se manifesta como "contrapúblico proletário" (Negt e Kluge), ou seja, como potencial prática emancipatória, no uso cívico político de ambientes on-line de interação? – Pode-se, com os modos de endereçamento politicamente ambíguos (de publicalidade e privacidade superpostas) propiciados pelo uso ferramentas de social networking oferecidos pelas semanticorporações, superar as limitações em termos de propiciamento (affordance) de reflexividade política (necessárias à sua consistência enquanto representações políticas propriamente democráticas)?

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10 / 22 Objetos de sondagem empírica Estas indagações se dirigirão, em busca de evidências empíricas, aos fenômenos da expressão audiovisual cibertextual (documentários interativos não-lineares - "i-docs" - e docugames) cotejados com a pesquisa de cronofotográficas, as "atualidades" e as "atrações" das primeiras práticas de enunciação cinematográfica. Inicialmente, sugerimo-nos abordar os seguintes objetos: •

a produção participativa do programa "Mulhere-se" da Rede Minas, por ser um programa pioneiro em termos de experimentação das possibiliades da televisão digital interativa usando o padrão Ginga (Neves, 2015)



as práticas de crianças e adolescentes de jogo, invenção e bricolagem do indiegame Minecraft, com ênfase na produção de mods (modificações do código do jogo elaboradas por usuários e compartilhadas entre entusiastas)



as atividades de organização de apreciação coletiva de produtos audiovisuais em cibercineclubes de Belo Horizonte, da qual este pesquiador é participa.

Metodologias de análise De início, pretende-se fazer uma reconstrução da rede sociotécnica (Latour, 2001; Akrich, 1992) de cada uma das enunciações. Será feita a elaboração de uma série de traços empíricos presumivelmente indicativos de representações político-reflexivas e de "integrações miméticas" passíveis de serem identificados nos fenômenos alvo do estudo. Para viabilizar o exame interpretativo, a será feito um mapeamento quantitativo de uma população de segmentos cibertextuais ou eventos de apreciação, para identificação de casos típicos e idiossincráticos das enunciações mercedores do exame qualitativo aprofundado. Sobre estes segmentos, serão realizadas análises de conteúdo textual fílmica classica (baziniana), de distribuição dramaturgica por posições actanciais dos atos comunicativos audiovisuais. Acompanhando tais análises, faremos o levantamento de usos de recursos comunicativos, para observar paratextos institucionais e a ativação de affordances de interação propiciadores de reflexividade político-discursiva, indicativos da "distração" e de "implosão mimética". A partir desses estudos, acreditamos ter sucesso na publicação de artigos em periódicos nacionais e internacionais.

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11 / 22 Bibliografia AKRICH, Madaleine. “The De-Scription of Techinical Objects”. In: BIJKER, Wiebe E., ANDERSON, CW ; Kreiss, D . Black Boxes as Capacities for and Constraints on Action: Electoral Politics, Journalism, and Devices of Representation . Qualitative Sociology, 2013 Dec, Vol.36(4), pp.365-382 ANDREJEVIC, Mark (2002) The kinder, gentler gaze of Big Brother - Reality TV in the era of digital capitalism. New Media & Society, Jun, Vol.4(2), 2002. pp.251-270. AUSTIN, John L. How To Do Things With Words. Cambridge: Harvard University Press, 1962. BAMBA, Mohamed. “A ciber-cinefilia e outras práticas espectatoriais mediadas pela internet”. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 28, 2005. Rio de Janeiro. Anais. São Paulo: Intercom. CD-ROM. BARDONE, Emanuele (2010) Affordances as abductive anchors. Studies in Computational Intelligence Volume 314, 2010. p. 135-157. (2011) Seeking Chances - From Biased Rationality to Distributed Cognition. Berlim: Springer, 2011. BAUDRILLARD, J. [1970] A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 1995 BAUDRY, Jean-Louis. [1970] "Cinema: efeitos ideológicos produzidos pelo aparelho de base". In: XAVIER, Ismail (Org.). A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Graal, 1983. p. 383-410. BAUMAN, Zigmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008 BENDOR, Roy; LYONS, Susanna Haas; ROBINSON, John. What’s There Not To ‘Like’? The Technical Affordances of Sustainability Deliberations on Facebook. JeDEM 4(1): 67-88, 2012 BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas I: Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 1985. BERGMAN, Mats; PAAVOLA, Sami. The Commens Dictionary of Peirce's Terms. Helsinki: Helsinki Metaphysical

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