Atuação do Designer e do Engenheiro na concepção de um projeto automobilístico: a importância da interação entre as áreas

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CAMILA RODRIGUES PIRACIABA

ATUAÇÃO DO DESIGNER E DO ENGENHEIRO NA CONCEPÇÃO DE UM PROJETO AUTOMOBILÍSTICO: A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE AS ÁREAS

LORENA, 2014

CAMILA RODRIGUES PIRACIABA

ATUAÇÃO DO DESIGNER E DO ENGENHEIRO NA CONCEPÇÃO DE UM PROJETO AUTOMOBILÍSTICO: A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE AS ÁREAS

Monografia apresentada ao Curso de Design das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila como Trabalho de Conclusão de Curso. Orientador: Prof. Dr. Nelson Tavares Matias

LORENA, 2014

P667a

Piraciaba, Camila Rodrigues Atuação do Designer e do Engenheiro na concepção de um projeto automobilístico: a importância da interação entre as áreas Lorena: Camila Rodrigues Piraciaba, 2014. Monografia (Graduação em Design) – Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, 2014. Orientador: Prof. Dr. Nelson Tavares Matias. 1. Interação 4. Atuação

2. Design 5. Projeto Automobilístico

COD. 658.512.2:629.113

3. Engenharia 6. Interfaces técnicas

CAMILA RODRIGUES PIRACIABA

ATUAÇÃO DO DESIGNER E DO ENGENHEIRO NA CONCEPÇÃO DE UM PROJETO AUTOMOBILÍSTICO: A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE AS ÁREAS

Monografia apresentada ao Curso de Design das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila como Trabalho de Conclusão de Curso. Orientador: Prof. Dr. Nelson Tavares Matias

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Nelson Tavares Matias Faculdades Integradas Teresa D’Ávila

Prof. Dr. Rosinei Batista Ribeiro Faculdades Integradas Teresa D’Ávila

Prof. Me. Paulo Vinícius de Omena Pina Faculdades Integradas Teresa D’Ávila

Lorena, 03 de dezembro de 2014.

Dedico este trabalho à todos que acreditam na integração do Design e da Engenharia, todos que veem esta junção de conhecimentos como algo produtivo

e

esclarecimento profissional.

entendem mútuo

da

a

necessidade atuação

de

de cada

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à minha mãe que sempre fez e faz o possível para que meus sonhos se tornem realidade.

Ao meu orientador Prof. Dr. Nelson Tavares Matias, pela confiança e disponibilidade em ajudar sempre que preciso, e pelo exemplo de mestre dedicado e paciente.

À todos os professores que ajudaram direta e indiretamente na realização deste trabalho, assim como na conclusão do meu curso.

Aos meus amigos, por existirem, por estarem ao meu lado e sempre me incentivarem.

Aos Designers e Engenheiros que contribuíram com minhas pesquisas.

"Numa era em que a tecnologia da informação está permitindo profissionais com diferentes backgrounds representar e comunicar ideias complexas,

parece

que

esta

lacuna

entre

engenheiros e designers industriais poderia ser preenchida para criar eficientemente projetos conceituais que conjuguem forma e função." Smyth e Wallace

RESUMO

PIRACIABA, Camila Rodrigues. Atuação do Designer e do Engenheiro na concepção de um projeto automobilístico: a importância da interação entre as áreas. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Design) – Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, Lorena, São Paulo, 2014. [Orientador: Prof. Dr. Nelson Tavares Matias]

Pode-se dizer que os estudantes de Design, vivem em estado de reflexão sobre sua própria área de atuação, seja por se sentir especial, bem como discriminado. Neste sentido o projeto apresenta o estudo da atuação profissional do Designer e do Engenheiro em um projeto automobilístico, delimitando as atividades desempenhadas, interfaces técnicas, ferramentas, recursos e métodos utilizados. O objetivo principal é apresentar resultados que demonstrem a importância das áreas de conhecimento e especificidades técnicas e como a integração entre ambos possibilita o desenvolvimento de projetos inovadores, de alto valor agregado e forte acréscimo tecnológico. O método adotado foi a pesquisa exploratória, realizada por meio de pesquisa bibliográfica e entrevistas, levantando as informações que possam colaborar na percepção dos profissionais. A percepção da importância do Design e da Engenharia em um projeto é fundamental para que ambos os profissionais saibam de qual forma podem contribuir, e quais capacidades e formas de atuação podem ser desempenhadas de forma conjunta. A partir das informações coletadas, foi possível confirmar que há falha na comunicação entre Designers e Engenheiros, falta conhecimento das profissões e de suas especificidades.

Palavras-chave: Interação – Design – Engenharia – Atuação – Projeto Automobilístico – Interfaces técnicas

ABSTRACT

PIRACIABA, Camila Rodrigues. Performance of the Designer and Engineer in the conception of an automobile project: the importance of interaction between areas. 2014. Monograph for the Bachelor Degree in Design – Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, Lorena, São Paulo, 2014. [Professor adviser: Prof. Dr. Nelson Tavares Matias]

It could be said that design students live a state of reflection about their own field of expertise, either by feel special, or discriminated. In this sense, the Project presents the study of professional work of Designer and Engineer for na automobile Project delimiting the activities performed, technical interfaces, tools, resources and methods. The main objective is to present results that demonstrate the importance of the knowledge areas and specific techniques and how the integration between both enables the development of innovative projects with high added value and strong technological augmentation. The method adopted is the exploratory survey, conducted through literature research and interviews, raising information that may assist in the perception of the professionals. The perception of the importance of Design and Engineering in a project is critical to both professionals know which way they can contribute, and what skills and ways of working can be performed jointly. From the information collected, it was possible to confirm that there is a failure in communication between designers and engineers, lack knowledge of professions and their specificities .

Keywords: Interaction - Design - Engineering - Expertise - Automobile Project Technical Interfaces

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Desempenho comparativo do portfólio de empresas que investem em design em relação às empresas em geral .................................................................................... 20 Figura 2 – Elementos básicos constituintes do processo de interdisciplinaridade ......... 25 Figura 3 - Interação da ergonomia com diversos campos de conhecimento .................. 28 Figura 4 - Propostas formais de alunos de Design ......................................................... 30 Figura 5 - Propostas formais de alunos de Engenharia .................................................. 31 Figura 6 - Exemplos de técnicas de projeto típicas do design – linguagem holísticasintética ........................................................................................................................... 33 Figura 7 - Exemplos de técnicas de projeto típicas da engenharia– modelagem matemática ...................................................................................................................... 34 Figura 8 - Departamento de design (à direita) e departamento de engenharia de indústria automobilística ............................................................................................................... 38 Figura 9- Índice de número de respostas relacionado ao dia de aplicação do questionário ........................................................................................................................................ 40 Figura 10 - Gráfico referente à pergunta 2 - Já trabalhou em algum ambiente onde houvesse interação entre Design e Engenharia? ............................................................. 41 Figura 11 - Gráfico referente às perguntas 6 e 7 – Qual o nível de importância do Design/Engenharia em um projeto automobilístico (para Designers) ............................ 47 Figura 12 - Gráfico referente às perguntas 6 e 7 – Qual o nível de importância do Design/Engenharia em um projeto automobilístico (para Engenheiros) ........................ 48 Figura 13 - Gráfico referente às perguntas 6 e 7 – Qual o nível de importância do Design/Engenharia em um projeto automobilístico (para profissionais de outras áreas de atuação)........................................................................................................................... 48 Figura 14 - Gráfico referente à pergunta 8 – Você acredita que há alguma falha na comunicação entre estas áreas? ...................................................................................... 49 Figura 15 - Introdução ao questionário online gerado pelo sistema do Google Drive ... 60 Figura 16 - Modelo de múltipla escolha gerado pelo sistema do Google Drive sobre qual a profissão do participante .............................................................................................. 60 Figura 17 - Modelo de múltipla escolha gerado pelo sistema do Google Drive para questionar os participantes sobre trabalho em ambientes com interação entre Design e Engenharia ...................................................................................................................... 61

Figura 18 - Conjunto de caixas de texto para perguntas abertas gerado pelo sistema do Google Drive .................................................................................................................. 61 Figura 19 - Perguntas com escala de importância geradas pelo Google Drive .............. 62 Figura 20 - Perguntas referentes à comunicação entre Designers e Engenheiros .......... 62

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Fatores de competitividade das empresas de classe universal ..................... 36 Quadro 2 - O que é Design e o que é Engenharia para Designers .................................. 42 Quadro 3 - O que é Design e o que é Engenharia para Engenheiros .............................. 43 Quadro 4 - O que é Design e o que é Engenharia para profissionais de outras áreas .... 44 Quadro 5 - Opinião de Designers sobre a interação das áreas em projetos automobilísticos .............................................................................................................. 45 Quadro 6 - Opinião de Engenheiros sobre a interação das áreas em projetos automobilísticos .............................................................................................................. 46 Quadro 7 - Opinião de Profissionais de outras áreas de atuação sobre a interação das áreas em projetos automobilísticos ................................................................................. 46 Quadro 8 - Opinião de Designers sobre como o ambiente profissional pode ser melhorado para que Designers e Engenheiros convivam de forma mais harmônica ..... 50 Quadro 9 - Opinião de Engenheiros sobre como o ambiente profissional pode ser melhorado para que Designers e Engenheiros convivam de forma mais harmônica ..... 51 Quadro 10 - Opinião de profissionais de outras áreas de atuação sobre como o ambiente profissional pode ser melhorado para que Designers e Engenheiros convivam de forma mais harmônica ............................................................................................................... 52

SUMÁRIO

1.

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15 1.1.

JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 16

1.2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 17 1.2.1. Objetivos gerais ............................................................................................. 17 1.2.2. Objetivos específicos..................................................................................... 18 2.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 19 2.1. O QUE É DESIGN? ............................................................................................ 19 2.2. O QUE É ENGENHARIA? ................................................................................. 21 2.3. INTERAÇÃO ENTRE DESIGN E ENGENHARIA .......................................... 22 2.3.1. Interdisciplinaridade ...................................................................................... 23 2.3.2. Ergonomia: um exemplo de relação .............................................................. 27 2.3.3. Criatividade e criação – conceito de percepção ............................................ 29 2.4. O CENÁRIO AUTOMOBILÍSTICO NA ATUALIDADE ................................ 34

3.

MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 39 3.1. COLETA DE DADOS......................................................................................... 39 3.1.1. Pergunta 1: Qual sua profissão? .................................................................... 40 3.1.2. Pergunta 2: Já trabalhou em algum ambiente onde houvesse interação entre o Design e a Engenharia? ........................................................................................... 40 3.1.3. Perguntas 3 e 4: Para você, o que é Design? / Para Você, o que é Engenharia? ................................................................................................................................. 41 3.1.4. Pergunta 5: Como você vê a interação entre estas áreas em um projeto automobilístico? ...................................................................................................... 45 3.1.5. Perguntas 6 e 7: Qual o nível de importância do Design/Engenharia em um projeto automobilístico? .......................................................................................... 46 3.1.6. Pergunta 8: Você acredita que há alguma falha na comunicação entre estas áreas? ....................................................................................................................... 49

3.1.7. Pergunta 9: Se sim, como isso pode ser melhorado para que os profissionais convivam de forma mais harmônica?...................................................................... 50 4.

RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 53 4.1. ANÁLISES DAS RESPOSTAS .......................................................................... 53 4.1.1. O que é Design e o que é Engenharia? .......................................................... 53 4.1.2. Interação entra Design e Engenharia em um projeto automobilístico .......... 54 4.1.3. Há falha na comunicação entra Design e Engenharia? Como ela pode ser melhorada? .............................................................................................................. 54

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 56 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 57 APÊNDICE 1: FORMATAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ......................................... 60

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta o estudo da atuação de Designers e Engenheiros na concepção de um projeto automobilístico e delimita as competências desenvolvidas por ambas as áreas. É de fundamental importância para a plenitude de um projeto que haja interação entre Design e Engenharia, pois as duas áreas estão inseridas em um processo de complementação de conhecimentos e experiências profissionais. Designers e Engenheiros estão cada vez mais inseridos no mesmo convívio profissional. Ambos os profissionais lidam com transformações, a distinção está no enfoque de seus esforços baseado nas experiências e especificidades técnicas de cada um. [...] visto que, de forma abrangente, os aparatos mecânicos, elétricomecânicos ou eletrônico-mecânicos, plenamente desenvolvidos por equipes de Engenheiros precisam receber o tratamento estético-formal, funcional e ergonômico – atribuições normalmente destinadas aos Designers (GORNI, 2008, p. 16).

Embora sejam campos de conhecimento bastante divergentes, a interação entre as áreas é fundamental na concepção de um projeto, pois enquanto a Engenharia configura sua competência profissional ligando-se eminentemente a tarefa à técnicas e procedimentos de experimentação científica, o Design está ligado às necessidades dos indivíduos e atua no desenvolvimento de objetos que atendam os requisitos e limitações humanas. A delimitação da atuação de cada profissional em um projeto e a comprovação da importância dessa interação é fundamental para que haja melhor comunicação. Com base em pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e entrevistas com profissionais de ambas as áreas, foi possível traçar um paralelo das atividades desempenhadas por cada um, assim como as interfaces técnicas, ferramentas, recursos e métodos que podem por vezes se complementar para obtenção de melhores resultados no projeto. A percepção da importância do Design e da Engenharia em um projeto é fundamental para que ambos os profissionais saibam de qual forma podem contribuir, e quais capacidades e formas de atuação podem ser desempenhadas de forma conjunta. É importante ainda frisar, que por vezes, os profissionais tentam impor soluções formais sem verificar se são viáveis do ponto de vista de outra área, por isso, é necessário o 15

conhecimento das competências desenvolvidas por cada um para que ambos atendam aos seus propósitos na concepção do projeto.

1.1. JUSTIFICATIVA

A integração de diferentes áreas de conhecimento é uma condição preponderante no contexto profissional atual, além de ser um processo enriquecedor, que pressupõe não apenas a troca de informações, mas a evolução da percepção de todas as partes de um projeto e as diversas formas do saber na obtenção de novas posturas profissionais. Essa integração é fundamental para troca de conhecimentos, informações e experiências no processo de tomada de decisões, o que acarreta na conclusão de projetos com alto valor agregado. Não é possível desenvolver um automóvel com atuações individualizadas e sem a participação conjunta de diversos campos de conhecimento com o objetivo de solucionar problemas imediatos e constrangimentos técnicos e funcionais. É fundamental que na concepção do projeto haja a participação da Engenharia, técnica e de experimentação científica, assim como a participação do Design, relacionada às necessidades e requisitos que atendam as limitações humanas. Percebe-se que ainda existem problemas na comunicação dos profissionais, visto que não há nenhuma interação durante o período acadêmico e ambos não reconhecem as capacidades e formas de atuação desempenhadas pelo outro. Por vezes, acontecem imposições de um dos profissionais sem que seja analisada a viabilidade do ponto de vista da outra área no processo produtivo, uma vez que os campos de conhecimento são bastante divergentes. Observa-se um distanciamento relativo ou uma tendência ao isolamento e retenção de conhecimentos entre Designers e Engenheiros embora haja uma interpenetração de valores e competências, além de estarem cada vez mais inseridos no mesmo convívio profissional. Este fator desagregador, em um mercado altamente competitivo e ansioso por inovação, traz à tona a necessidade de percepção dos motivos que levam os profissionais com competências próximas e exercerem seus potenciais com plenitude,

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para que quando associados, resultem em projetos inovadores e com forte acréscimo tecnológico. A delimitação da atuação de cada profissional no desenvolvimento do projeto permitirá a comprovação da importância da interação entre as áreas e como as atividades desempenhadas por cada um podem se complementar para plenitude de projeto. Com base em pesquisas e entrevistas, será possível traçar um paralelo dessas atividades, interfaces técnicas, ferramentas, recursos e métodos, e assim facilitar a compreensão de quais capacidades e formas de atuação podem ser desempenhadas de forma conjunta. Dentro do contexto apresentado, justifica-se este estudo como forma de comprovar a importância da interação entre Engenharia e Design e desenvolver um melhor relacionamento entre os profissionais que trabalharão conjuntamente, embora em áreas distintas e campos de conhecimentos diversos. Segundo Kawano (2014), ex designer da Apple, o maior equívoco com relação à qualidade do design de um produto é acreditar que isso deve-se apenas a equipe de designers. It's actually the engineering culture, and the way the organization is structured to appreciate and support design. Everybody there is thinking about UX and design, not just the designers. And that's what makes everything about the product so much better... much more than any individual designer

or

design

team

(KAWANO,

2014,

entrevista

para

fastcodesign.com).

É importante que ambos os profissionais percebam as aproximações e diferenças entre as áreas e também o enriquecimento profissional que terão ao constatarem que suas profissões não se contradizem, mas se integram dentro de um contexto projetual.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivos gerais

- Compreender a atuação do Designer e do Engenheiro na concepção de um projeto automobilístico e apresentar resultados que demonstrem a importância da interação entre as áreas, seus conhecimentos e especificidades técnicas.

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1.2.2. Objetivos específicos

- Realizar pesquisa exploratória por meio de pesquisa bibliográfica, de campo e entrevistas, com intuito de levantar as informações que possam colaborar na percepção dos profissionais. - Levantar as principais dificuldades dos profissionais envolvidos no projeto, os critérios no processo organizacional e demanda de atividades. - Explicitar problemas técnicos e constrangimentos ocasionados pela falta de interação e compreensão de quais capacidades e formas de atuação cada profissional deve desenvolver.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. O QUE É DESIGN?

A essência do Design é a concepção e execução de projetos com linhas harmoniosas, definidas pelo equilíbrio nas formas e na integração dos materiais, considerando conhecimento técnico, arte, prazer e gosto pelo belo. A técnica é definida pelo desenho, ergonomia e construção e o êxito dos projetos está centrado na capacidade criativa e artística, inseridos no projeto com flexibilidade e disciplina. Jovem como área profissional, o Design vem ampliando cada vez mais seu universo de atuação (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2000, p. 6). O Design descreve o processo de seleção de formas, materiais e cores para estabelecer a forma de alguma coisa a ser feita. O objeto pode ser uma cidade ou vila, um prédio, um veículo, uma ferramenta ou qualquer outro objeto, um livro, uma propaganda ou um cenário. O Design é a atividade que forma uma parte importante da realidade conforme a experimentamos (PILE apud NELSON, 1995 apud GORNI, 2009, p. 24).

Mesmo após quatro décadas de implantação do Design no Brasil, ainda existe dificuldade na definição do termo. “Esta atividade projetual, embora de caráter multidisciplinar, possui características pedagógicas próprias que estão em evolução desde as experiências pioneiras da Bauhaus e os avanços da Escola de Ulm [...]” (SIQUEIRA, 2012, p. 12). Conforme cita a Secretaria de Educação Superior/SESU (MEC, 1987), o Design é a profissão que participa de projetos de produtos industriais atuando nas fases de definição de necessidades, concepção e desenvolvimento do projeto, objetivando a adequação destes às necessidades do usuário e às possibilidades de produção. Muitas transformações têm ocorrido no cenário mercadológico, e estas causam uma maior demanda por designers, visto que são profissionais com criatividade, possuem raciocínio abstrato, assimilação rápida de informações e de habilidades, flexibilidade para enfrentar situações novas, capacidade de compreender as bases sociais, econômicas, técnicas e científicas relacionadas ao seu trabalho (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2000, p. 8). 19

Uma vez que o projeto das características dos produtos relacionadas à sua interface com os seres humanos nos níveis funcionais, estético e simbólico é o objeto de estudo e prática do design industrial, é essencial que as empresas o incorporem ao seu processo de desenvolvimento de produtos, tradicionalmente orientado de forma predominante pelas engenharias (BREFE, 2008, p. 14).

Segundo Brefe (2008, p. 46) “Diversos estudos comprovam a importância de possuir um processo maduro de desenvolvimento de produtos, que permita a adequada integração do design industrial às engenharias, para aumentar a chance de sucesso comercial e financeiro das empresas”. A partir da análise feita pelo Design Council (REINO UNIDO, 2004, p. 2), do desempenho de empresas que investem em Design, é possível notar destaque com relação à empresas sem o mesmo investimento. Na Figura 1, que verifica a performance das empresas durante dez anos (1994-2003), as linhas vermelha e amarela representam o desempenho do valor das ações das empresas que investem continuamente em design em relação à média geral das outras empresas.

Figura 1 – Desempenho comparativo do portfólio de empresas que investem em design em relação às empresas em geral FONTE: DESIGN COUNCIL, 2004

Os produtos com mais sucesso na atualidade, são exatamente aqueles que têm uma maior preocupação com a percepção do usuário além de características técnicas, sendo 20

imprescindível a participação do designer na concepção dos projetos. O Design é uma atividade que relaciona criatividade com propósitos tecnológicos e científicos. Confirma cita Gorni (2009, p. 26), “[...] Design é uma atividade agregadora da técnica e da criatividade com suporte empírico. As decisões projetuais são obtidas através de uma intensa relação entre o impulso criativo e as imposições tecnológicas e científicas”. Ele ainda cita a proposta significativamente consciente da amplitude de atuação do designer. Simon (1981, p. 129, tradução livre) cita uma das definições mais frequentes na literatura do design: “Todos aqueles que planejam uma ação como objetivo de mudar uma situação existente em uma situação preferida, está fazendo design. [...] Design, pensando dessa forma, é o núcleo de todo treinamento profissional” (apud SIQUEIRA, 2012, p. 31). Todos os homens são designers. Tudo o que fazemos, quase todo o tempo, é design, design é básico a toda atividade humana. O planejamento e padronização de qualquer ato em busca de um fim desejável e previsível, constitui o processo de Design. [...] Design é o esforço consciente para impor uma ordem significativa (PAPANEK, 2000, p. 4).

Conforme citado no site da Industrial Designers Society of America (IDSA, 2010), o designer é treinado para preparar de forma clara e concisa recomendações através de desenhos, modelos e descrições verbais, sendo serviços geralmente prestados em um contexto de trabalho cooperativo com outros membros do grupo de desenvolvimento do projeto. Esse grupo geralmente inclui gestores, marketing, engenheiros e especialistas de manufatura. A ênfase do designer é nos aspectos do produto ou sistema relacionados diretamente às características humanas, necessidades e interesses, por isso a importância que aspectos conjuntos à Engenharia para o sucesso de um projeto.

2.2. O QUE É ENGENHARIA?

Diferente do Design, a Engenharia é uma área há muito conhecida e praticada. Segundo Gorni (2009, p. 30) “Uma pessoa diplomada e legalmente habilitada a exercer alguma das múltiplas atividades da Engenharia data da segunda metade do século XVIII”. Apesar de ser uma atividade antiga, poucas são as referências bibliográficas que fornecem subsídio para definir a fundamentação teórica da Engenharia. 21

A engenharia é a arte da aplicação dos princípios matemáticos, da experiência, do julgamento e do senso comum, para implementar ideias e ações em beneficio da humanidade e da natureza. Os engenheiros projetam pontes, equipamentos médicos, assim como desenvolvem processos para o processamento de dejetos tóxicos e sistemas para o transporte de massas. Em outras palavras, a engenharia é o processo de produzir um produto técnico ou sistema, que seja adequado para resolver uma questão específica (COCIAN, 2012, p. 11).

Segundo Holtzapple e Reece (2006, p. 1), engenheiros são indivíduos que combinam conhecimentos da ciência, da matemática e da economia pra solucionar problemas técnicos com os quais a sociedade se depara. O que distingue engenheiros e cientistas, é o conhecimento prático, visto que ambos são mestres da ciência e matemática.

2.3. INTERAÇÃO ENTRE DESIGN E ENGENHARIA São escassas as informações sobre a integração entre Designers e Engenheiros, sendo em sua maioria, frutos de estudos internacionais. Há dificuldade em um estudo mais profundo, pois os resultados variam de acordo com o país, setor e tipo de empresa, metodologia, amostragem, intensidade dos problemas encontrados e causas apontadas. É possível afirmar que a falta de conhecimento sobre o que é design, sua contribuição e papel no desenvolvimento de produtos são relacionados como fatores críticos por vários estudos (BREFE, 2008, p. 78). Na literatura nacional, citamos a Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, que possui ações de integração entre Design e Engenharia de Materiais, como o Laboratório de Design e Seleção de Materiais, além de artigos publicados especificamente sobre integração entre design e engenharia (KINDLEIN, 2006); à FERREIRA et. al. (2003) que publicou artigo sobre o assunto, embora pareça ser uma iniciativa isolada (BREFE, 2008, p. 78-79). A literatura sobre a integração entre design e engenharia em empresas de grande porte no Brasil é praticamente inexistente. Porém, existem evidências oriundas do contato prático com departamentos de design e engenharia em grandes empresas brasileiras, que indicam uma dinâmica problemática, permeada por rivalidades, discordâncias, incompreensão, preconceitos, enfim, falta de integração (BREFE, 2008, p. 81-82).

22

Brefe (2008, p. 82) ainda apresenta trechos retirados de entrevistas com dois engenheiros mecânicos a respeito da relação entre design e engenharia em grandes empresas: O departamento de design da empresa X é grande, com uns quinze designers. Eu trabalhava na engenharia, e não tinha problemas com os designers, mas a maioria dos engenheiros não aceitava de forma alguma o que vinha de lá. Comentavam que o pessoal do design queria mandar no que seria desenvolvido. Tínhamos muitos problemas, inclusive de preconceito de ambos os lados. Trabalhei na empresa Y por um ano. O departamento de design era um problema. Trabalhavam lá uns cinco designers, formados e tudo. Mas era um tal de passar o projeto para lá e para cá: os engenheiros reclamavam que o que os designers propunham era difícil de produzir, os designers reclamavam que os engenheiros eram quadrados (informação verbal).

2.3.1. Interdisciplinaridade

Questões relacionadas ao processo de obtenção de conhecimento entre Designers e Engenheiros são relevantes no estudo da interação profissional entre as áreas. O conhecimento é obtido primordialmente através da informação. Setzer (1999, apud. GORNI, 2009, p. 53), associa-se informação à semântica e conhecimento à pragmática, ou seja, perceber o significado da informação colhida e aplicar-lhe o conhecimento com vistas à solução de problemas. A informação é o recebimento de mensagens que são decodificáveis pelo processo cognitivo (GORNI, 2009, p. 54). A assimilação de informações relaciona-se com o decorrer do desenvolvimento mental de cada indivíduo e com sua capacidade de percepção, constituindo, de forma conexa e ordenada, o corpo de conhecimento deste indivíduo. Há uma família de quatro elementos que se apresentam como mais ou menos equivalentes:

pluridisciplinaridade,

multidisciplinaridade,

interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Sentimo-nos um pouco perdidos no conjunto destas quatro palavras. As suas fronteiras não estão

23

estabelecidas, nem para aqueles que as usam, nem para aqueles que as estudam, nem para aqueles que as procuram definir (POMBO, 2005, p. 4).

A interdisciplinaridade se pauta em uma prática para formar alunos com visão global de mundo, aptos à articular, contextualizar, globalizar e reunir os conhecimentos adquiridos (MORIN, 2002, p. 29 apud AUGUSTO; CALDEIRA; CALUZI; NARDI, 2004, p. 279). A interdisciplinaridade, entretanto, não é oposta à prática disciplinar, e sim complementar, desenvolvendo-se e apoiando-se nas disciplinas. “A própria riqueza da interdisciplinaridade depende do grau de desenvolvimento atingido pelas disciplinas e estas, por sua vez, serão afetadas positivamente pelos seus contatos e colaborações interdisciplinares (SANTOMÉ, 1998, p. 61 apud AUGUSTO; CALDEIRA; CALUZI; NARDI, 2004, p. 279). Ao docente, cabe a tarefa de verificação de conteúdos necessários para um planejamento eficiente na transmissão de informações, formando o conjunto de conhecimentos que serão abordados com significância para a formação no discente. É importante que o discente perceba a real inserção do conhecimento obtido no resultado final de seu processo de aprendizagem. Daí observa-se a importância de se considerar novas possibilidades na apresentação do conteúdo e a inclusão de diversas e novas formas de “ensinar”. O planejamento não é tarefa única, desenvolvida para uma disciplina de forma estanque e apresentada de forma imutável durante anos, sem predisposição para alterar o conteúdo defasado. Planejar é tarefa constante, que exige estruturação diferenciada de conteúdos, formatação individualizada da forma de apresentar. Inserção contínua de valores e conhecimentos obtidos, evitando improvisações e trazendo maior integração entre disciplinas. O planejamento também tem reflexo em todo o conjunto de conhecimentos de um curso. É fundamental a visão globalizada do que está sendo transmitido aos discentes, de forma cooperativa e participativa (GORNI, 2009, p. 56).

O processo de transmissão de informações é feito através de disciplinas, que devem valer-se de um planejamento e percepção abrangente do entorno de conhecimento do curso, além de objetividade, funcionalidade, simplicidade, flexibilidade e utilidade. As disciplinas formam-se a partir de conjuntos de conteúdos que fornecem subsídios aos discentes para identificar sua inserção dentro do curso. “De um lado, um ensino cada 24

vez mais especializado, do outro, um procedimento heurístico que necessita – sob pena de esterilidade – da interdisciplinaridade” (DURAND, 1991, p. 34 apud POMBO, 2005, p. 10). É certo que sempre haverá conteúdos com maior grau material teórico e outros com maior intensidade prática e de experimentação. Estas variantes determinam a necessidade pedagógica de inserção de práticas que demonstrem o grau de significação da disciplina (GORNI, 2009, p. 61).

A interdisciplinaridade é a condição de fragmentar o conhecimento das ciências e simultaneamente exprimir um saber unificado. Ao dividir cada uma das partes até aos seus mais ínfimos elementos, a ciência parte do princípio de que poderá recompor o todo e reconstruir sua totalidade, sendo o todo, a soma das partes (POMBO, 2005, p. 6). A Figura 2 mostra a interdisciplinaridade em sua forma simplista, imaginando que cada círculo corresponde a uma disciplina de um determinado curso. A interseção de cada curso corresponde a um processo de interdisciplinaridade, unindo disciplinas de forma a abranger conhecimentos em comum e criando interações no processo de obtenção de conhecimento.

Figura 2 – Elementos básicos constituintes do processo de interdisciplinaridade FONTE: GORNI, 2009, p. 65

25

É da natureza do ser humano a necessidade de formar interações entre diversas formas de relação com a natureza (aspectos psíquicos, culturais e afetivos). De acordo com Jantsch e Blanchetti (1999 apud GORNI, 2009, p. 64) “A necessidade da interdisciplinaridade na produção do conhecimento funda-se no caráter dialético da realidade [...] que é, ao mesmo tempo, una e diversa e na natureza intersubjetiva de sua apreensão”. A necessidade de interdisciplinaridade está presente no processo de obtenção de conhecimento, devendo haver união entre as disciplinas de forma a abranger conhecimentos em comum e criando interações que permitem ao discente visualizar a amplitude alcançada a partir destes. Para Pombo (2005, p. 10), perceber a transformação epistemológica em curso é perceber que lá, onde esperávamos encontrar o simples, está o complexo. Que quanto mais fina é a análise, maior a complexidade que se abre à nossa frente. Ou seja, o problema da especialização encontra os seus limites justamente aqui, no momento em que a ciência toma consciência que o todo não é a soma das partes. Etges (1994 apud GORNI, 2009, p. 66) ainda cita duas formas equivocadas da aplicação da interdisciplinaridade: - Interdisciplinaridade generalizadora: De acordo com o autor, se trata da forma mais comumente usada em propostas de formatação disciplinar. Pressupõe a percepção de que o ser humano pode abarcar todo o conhecimento universal. A partir disto, os denominados “conhecimentos menores” seriam compartimentalizados dentro de um universo maior do saber e fariam parte da sabedoria maior. A percepção equivocada de uma ciência maior que absorve todas as outras formas de conhecimento está, segundo a percepção do autor, acompanhada de um método único, já que a universalização do conhecimento está diretamente relacionada também com um método superior. Trata-se de um conceito que implica em valorizar a ciência em detrimento de outras apreciações do conhecimento. Também impõe perceber que a natureza é única, imutável e percebida somente através de um conjunto absoluto e científico.

26

- Interdisciplinaridade instrumental: Toda ação humana está reduzida a servir de meio para um fim específico visado pelo homem. Ao contrário da anterior, trata a ciência como uma mera ponte ou instrumento para a obtenção da denominada “razão instrumental”. Segundo o autor “a racionalidade se reduz à relação de meios e fins, importando fundamentalmente a questão do meio, se é ou não adequado ao fim subjetivamente proposto”.

A interdisciplinaridade compreende troca e cooperação, integração entre as disciplinas de modo que as fronteiras entre elas tornem-se invisíveis para que a complexidade do objeto de estudo se destaque. Nesta visão interdisciplinar, o tema a ser estudado está acima dos domínios disciplinares (AUGUSTO; CALDEIRA; CALUZI; NARDI, 2004, p. 281).

2.3.2. Ergonomia: um exemplo de relação

Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem e de toda situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e a máquina. Isso ocorre em ambientes físicos ou aspectos organizacionais. Conforme cita Iida (1990, p. 1), uma definição concisa da ergonomia é a seguinte, feita pela Ergonomics Research Society, Inglaterra: "Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento". Segundo Pequini (2005, p. 33) a ergonomia estuda aspectos como postura e movimentos corporais, seja sentado, de pé, empurrando, puxando ou levantando pesos; fatores ambientais como ruídos, vibrações, iluminação, clima e agentes químicos; informações captadas pela visão, audição e outros sentidos; relações entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas. A conjugação adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes. Os objetivos práticos da ergonomia são a segurança, satisfação e o bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos. A eficiência virá como resultado. Em geral, não se aceita colocar a eficiência como sendo o objetivo principal da ergonomia, porque ela, isoladamente, poderia significar sacrifício e sofrimento dos trabalhadores e isso é

27

inaceitável, porque a ergonomia visa, em primeiro lugar, o bem-estar do trabalhador (IIDA, 1990, p. 2).

Ilda (1990) ainda cita a importância destes objetivos serem considerados não só por Designers e Engenheiros em seus projetos, mas também por gerentes e administradores de empresas. A ergonomia trata cientificamente dos assuntos relacionados à interação homem x máquina, tendo como base conhecimentos e metodologias para produzir resultados satisfatórios não só durante o projeto, mas também durante a operação dos sistemas produtivos. As contribuições da ergonomia para introduzir melhorias em situações de trabalho dentro de empresas pode variar conforme a etapa em que elas ocorrem e conforme a abrangência com que são realizadas. A Figura 3 mostra a interação da ergonomia com diversas disciplinas, exercendo papel de interseção entra várias modalidades acadêmicas, uma vez que trata-se de uma disciplina cientifica que modela sistemas e abordagens empíricas para melhorias operacionais de projetos (GORNI, 2009, p. 36):

Figura 3 - Interação da ergonomia com diversos campos de conhecimento FONTE: GORNI, 2009, p. 37 (Adaptado de Vidal, 1999 apud Hubault, 1992, modificado 2)

28

2.3.3. Criatividade e criação – conceito de percepção

A criatividade está diretamente ligada ao processo de criação, que é constituído desde a infância e moldado com o passar do tempo. A maioria de nós aceita como verdade tanto a criatividade das crianças como a sua subsequente perda. Nós não tentamos entender esta perda. Porém, o desaparecimento da criatividade não é um mistério; a explicação está em um ponto de interrogação: o que aconteceria se através de todas as escolas os jovens fossem provocados a questionar os Dez Mandamentos, os fundamentos do patriotismo [...]? A resposta: a sociedade, suas instituições e as organizações seriam radicalmente transformadas pela geração inquisitória produzida. Nisto está a dificuldade: a maioria dos que controlam a sociedade não querem transformar a sociedade e os seus segmentos. Eles preferiram sacrificar aquilo que as mentes criativas do futuro progresso social causariam do que correrem os riscos de perderem os produtos do progresso prévio que as mentes menos criativas são determinadas a preservarem. Os principais beneficiários da sociedade contemporânea não querem arriscar a perder os benefícios que desfrutam. Desse modo, eles, e as instituições que controlam, dirigem e organizam, suprimem a criatividade antes que as crianças e adolescentes adquiram a competência que os capacitariam para a produção das transformações sociais necessárias. A maioria dos adultos teme a forma comum e funcional da sociedade, suas instituições e organizações não possam sobreviver à investida de jovens criativos e competentes (ACKOFF apud GOMES, 2001, apud GORNI, 2009 , p. 42).

Para Gomes (2001, apud GORNI, 2009, p. 43), o discente no curso de Design, na maioria das vezes, tende a investir parte de sua emotividade criativa no início do projeto, não verificando sua viabilidade. Por isso a necessidade de disciplinas como Metodologia de Projeto e Ergonomia, que podem ser consideradas “barreiras” para sua expressão criativa, mas são parte da fundamentação empírica do seu trabalho e fundamentais para resultar na completitude de um projeto de Design. O discente de Engenharia, por outro lado, tende a priorizar a exatidão matemática, rigor científico e o empirismo, tornando o processo criativo escasso. Eles são constantemente estimulados ao cumprimento de normas e atitudes profissionais, o que proporciona desconforto para inovar conceitos e ideias.

29

Lee e Radcliffe (1990 apud GORNI, 2009, p. 48) realizaram uma análise com relação à visão do Designer e do Engenheiro “A percepção envolve uma série de processos mentais que se relacionam diretamente com as experiências de vida anteriores e a capacidade cognitiva”. A percepção projetual das duas áreas difere significativamente, o que não significa que sejam projetos antagônicos. As diferenças são manifestações de pontos de vista divergentes, que estimulados, discutidos e apreciados, geram harmonia e plenitude no projeto. As Figuras 4 e 5 são exemplos de propostas de discentes em Design e Engenharia. Na primeira, fica claro a preocupação com a inovação formal, pouco levando em consideração aspectos funcionais e definições de atributos ou restrições. Nota-se ainda a necessidade de criação de uma marca que identifique o produto:

Figura 4 - Propostas formais de alunos de Design FONTE: LEE; RADCLIFFE, 1990, p. 104 apud GORNI, 2009, p. 49

30

Os discentes de Engenharia, por outro lado, preocuparam-se com especificidades, como determinação da forma de construção, predição de medidas e graus de tolerância rígidos, regulagens, encaixes, formas de montagem e desmontagem, dobras, transporte e materiais. Não foi verificado nenhum tipo de cuidado referente à forma, ou elementos atrativos e diferenciais, conforme Figura 5:

Figura 5 - Propostas formais de alunos de Engenharia FONTE: LEE; RADCLIFFE, 1990, p. 105 apud GORNI, 2009, p. 51

31

Os projetos poderiam ser apressadamente definidos e rotulados como: belas opções de mesa que jamais poderão ser construídas e excelente detalhamento técnico para uma mesa pouco atraente. Este experimento não teve a intenção de determinar juízos de valor para qualquer turma. O que se conclui é que profissionais de áreas distintas têm maneiras também distintas de apreciar um projeto e propor soluções. Propostas a princípio divergentes são complementares e corroboram o fato de que a integração conduz à excelência e a reafirma que a divergência, quando amalgamada com uma visão amplificada da obtenção do conhecimento, tende para a harmonia e a conjunção projetual (GORNI, 2009, p. 52).

Segundo Kindlein (2006, p. 6 apud BREFE, 2008, p. 105), as diferenças durante o processo de desenvolvimento de produtos são as seguintes:

Design – “[...] Possui conhecimentos ligados à “medida” da percepção (instrumentos

psicométricos,

perfis

sensoriais)

e

a

relação

consumidor/produto (tendências, histórico dos produtos, famílias de produtos, etc.). A formação deve conduzir e igualmente familiarizar o Designer com os materiais e, em especial, com o campo amplo de materiais disponíveis (cerâmicos, polímeros, metais, etc.). Finalmente o Designer, focaliza seu interesse no consumidor em termos de modos de vida ou mesmo de hábitos. De certa maneira sua proximidade com o consumidor o afasta das características estruturais e cálculos relativos ao produto”.

Engenharia – “Durante as diferentes fases do processo de concepção, o engenheiro planeja o futuro produto utilizando convenções e instrumentos adquiridos em sua formação inicial e contínua (desenhos técnicos, desenhos globais, planos detalhados, etc.). Neste aspecto, o produto primeiro é representado a partir das capacidades oferecidas pelas modelagens científicas que permitem dar configuração e dimensionamento aos seus principais elementos, em relação à sua capacidade física de ser materializado. Inspirando-se junto a metodologias procedentes da análise do valor, nas fases da concepção, o engenheiro trabalha a partir de um processo técnico e econômico que caracteriza o futuro produto. Efetua então numerosos cálculos a fim de dimensioná-lo. Este dimensionamento está ligado às características pedidas pelo cliente. Os cálculos são realizados através de diferentes

32

softwares de simulação e estes são fundados sobre diferentes abordagens ou teorias científicas e recorridos a uma representação do produto através de parâmetros numéricos. A competência dos engenheiros é aqui fortemente ligada ao seu conhecimento em cálculos e a destreza de saber utilizá-los”.

Figura 6 - Exemplos de técnicas de projeto típicas do design – linguagem holística-sintética FONTE: BREFE, 2008, p. 106

33

Figura 7 - Exemplos de técnicas de projeto típicas da engenharia– modelagem matemática FONTE: BREFE, 2008, p. 106

2.4. O CENÁRIO AUTOMOBILÍSTICO NA ATUALIDADE

O cenário automobilístico é marcado por uma competição acirrada, sendo assim modificado com frequência para suprir a demanda por qualidade, menor custo e melhor eficiência. Segundo Gritti (et al, 2002 apud CANGÜE; GODEFROID, 2004) “Devido às pressões ambientais, econômicas e mercadológicas uma revolução está em curso no setor automobilístico em decorrência da crescente necessidade de produzir-se automóveis mais leves, econômicos, seguros e menos poluentes”. Os setores que se ocupam dos projetos e da fabricação de veículos vivem num ambiente caracterizado pela ebulição: são ideias novas em relação a materiais,

processos,

engenharia

e,

principalmente,

a

automóveis

diferenciados. Todos se preocupam com o carro do futuro. Não é possível dar uma resposta única. Tudo depende do uso que se pretende fazer do veículo, dos materiais disponíveis, do custo, dos impactos ambientais, etc (Revista Metalurgia & Materiais. v. 54, n. 473, fev. p 63-64, 1998 apud CANGÜE; GODEFROID, 2004).

34

Para Cangüe e Godefroid (2004), a competitividade é fundamental no setor automobilístico, uma vez que todas as empresas buscam vantagem com relação aos concorrentes, maiores lucros, e destaque no mercado. Os fornecedores são assim continuamente desafiados

a suprir as

demandas

ambientais,

econômicas

e

mercadológicas. Um material que suprisse à todas essas necessidades seria uma possível solução, mas este material ainda não existe, o que faz com que as empresas busquem maior desempenho através dos materiais existentes, o desenvolvimento contínuo dos materiais clássicos ou ainda mudanças na utilização de novos materiais. Santiago (1999) citou que "A indústria siderúrgica vem sendo severamente pressionada por materiais alternativos, tais como de alumínio, plásticos e polímeros compostos, ligas de magnésio e ligas de titânio". No Brasil, a indústria automobilística teve início tardio em relação à outras nações mais desenvolvidas, que já produziam automóveis há pelo menos 50 anos. Para estimular a concorrência e forçar a modernização das empresas nacionais e de seus produtos, o governo brasileiro, no começo da década de 1990, reduziu as tarifas de importação de 80% em 1990 para 35% em 1994. A indústria automobilística foi diretamente afetada por essas modificações, exigindo uma grande reestruturação nesse setor. Uma referência aos automóveis brasileiros tornou-se famosa, cunhada pelo então presidente Fernando Collor de que os veículos nacionais eram verdadeiras carroças. Juntamente com o avanço tecnológico para acompanhar os produtos importados que faziam frente aos produtos nacionais, a indústria automobilística brasileira se viu obrigada a desenvolver-se (CANGÜE; GODEFROID, 2004).

O setor automobilístico apresenta sucessivos recordes de produção, aumento de produtividade, multiplicação dos investimentos, construção de novas plantas e modernização dos produtos, tendo ainda uma poderosa rede de benefícios estatais (SALERNO, 1998, p. 17 apud ROTA; BUENO, 2012, p. 4). Atualmente, o mercado automobilístico é marcado pela produção do carro mundial, que exige o mesmo projeto tecnológico independente dos fornecedores ou do país de origem. Os carros são montados a partir de grandes módulos que chegam prontos à linha de montagem (SANTIAGO, 1999). Sendo assim, para uma empresa ter destaque com relação à outras, é necessário haver uma combinação entre a produtividade (redução de custos) e o valor (qualidade do serviço oferecido ao cliente). 35

No Quadro 1, Sales (2000 apud CANGÜE; GODEFROID, 2004) cita fatores de competitividade em empresas:

Quadro 1 - Fatores de competitividade das empresas de classe universal

QUALIDADE - adequação ao uso, atendimento às exigências do consumidor, redução da variabilidade, desempenho, características, confiabilidade (diminuição da frequência de falhas), conformidade (ausência de defeitos), durabilidade, assistência técnica, estética, qualidade percebida.

VELOCIDADE - as empresas estarem dispostas a pagar mais para serem servidas mais rapidamente, fazendo com que o intervalo de tempo entre o início do processo de manufatura e a entrega do produto ao cliente seja menor que o da concorrência. Um dos princípios básicos da Ford, chamado Princípio da Intensificação, diz que o tempo da produção deve ser reduzido e que o produto deve ser rapidamente colocado no mercado (CHIAVENATO, 1997, p. 111).

CONFIABILIDADE - a confiabilidade de entrega tem sido considerada como um critério competitivo de grande importância no mercado atual e futuro. Com a tendência generalizada de se reduzirem estoques, as empresas passam a necessitar de entregas mais frequentes e confiáveis por parte de seus fornecedores. Excelência na confiabilidade de entrega é importante para prover um bom nível de serviço ao cliente.

FLEXIBILIDADE - ser capaz de variar e adaptar a operação, seja porque as necessidades dos clientes são alteradas, seja devido a mudanças no processo de produção, causadas às vezes por mudanças no suprimento de recursos. Flexibilidade significa estar apto a mudar o quanto seja necessário e com rapidez suficiente, ou seja, a capacidade de os sistemas de produção responderem eficazmente a mudanças não planejadas.

CUSTO - para empresas que concorrem diretamente, o custo será o principal critério competitivo. Quanto maior a redução nos custos de operação (funcionários, instalações, tecnologia, equipamentos e materiais) maior o acréscimo nos lucros. FONTE: SALES, 2000 apud CANGÜE; GODEFROID, 2004

36

Segundo a Revista Metalurgia & Materiais (v. 54, n. 473, fev. p 63-64, 1998 apud CANGÜE; GODEFROID, 2004) O setor automobilístico vive em um ambiente caracterizado pelo surgimento de ideias relacionadas a materiais, processos, engenharia e design diferenciado. O uso do veículo, os materiais disponíveis, o custo e o impacto ambiental são fatores primordiais na criação de um novo modelo. O envelhecimento da população mundial e o aumento do padrão de vida exigirão

veículos

confortáveis.

Paralelamente,

questões

ambientais

continuam desempenhando um papel cada vez mais importante nas especificações dos carros. Os veículos deverão ser menos poluentes e mais recicláveis (CAMPENHOUT, 1998; RIZZO; FERNANDES, 1999 apud CANGÜE; GODEFROID, 2004).

As montadoras instaladas no Brasil estão aperfeiçoando e adaptando suas necessidades estratégicas, traçando novas políticas de produção. Desde que iniciou-se a ampla abertura do mercado brasileiro à concorrência internacional, as empresas nacionais têm o desafio de modernizar seus produtos e serviços (CANGÜE; GODEFROID, 2004). Segundo Rotta e Bueno (2012, p. 7-8), as transformações na cadeia produtiva continuam ocorrendo em todo o Brasil, sendo a reestruturação produtiva uma delas. Verifica-se um processo de desconcentração espacial tanto das montadoras como dos fornecedores de autopeças Tovey (1997 apud BREFE, 2008, p. 107) cita a forma de projetar dos designers na indústria automobilística, onde é mais clara a divisão de responsabilidades e os limites de casa área do conhecimento. Nos processos de projeto de estilo [design industrial] houve muito menos uso de computação do que na engenharia. Há características importantes do processo de estilo que torna difícil analisá-lo e dar uma forma externa aos seus processos detalhados. Isto porque é intuitivo e holístico, com uma forte cultura não-verbal. É também individual e existem, às vezes, diferenças bem definidas de abordagem e técnicas de um estilista [design industrial] para outro. (p. 10) [...] De forma a entender e examinar objetivamente o design industrial foi necessário colocá-lo em seu contexto histórico e educacional. Foi definido de forma a se distinguir de outros tipos de design, tanto de forma geral, quanto em seu processo particular de criar produtos manufaturados. Designers industriais empregam técnicas visuais, criativas e intuitivas no fazer de sua contribuição especial para o processo de projeto. Isto pode ser

37

visto mais claramente no caso particular da indústria automobilística. É também possível identificar a partir do design automotivo o modelo operacional e as saídas requeridas que o gerenciamento [em relação à integração entre as áreas] exige (p. 29).

Figura 8 - Departamento de design (à direita) e departamento de engenharia de indústria automobilística FONTE: BREFE, 2008, p. 99

38

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. COLETA DE DADOS

De acordo com Rudio (2008 apud GORNI, 2009, p. 76), a coleta de dados é a fase da pesquisa que objetiva a obtenção de informações referentes à realidade. A partir desta fase se obtêm instrumentos capazes de coletar amostras de dados significativos que compõe uma visão detalhada de elementos que são importantes para a apreciação e discussão de resultados. Para isso, fez-se necessária a criação de um questionário. Como método para formulação, foi avaliado um modo de aplicação que permitisse aproveitamento e interesse nas perguntas por meio dos participantes, uma vez que um questionário muito longo demanda tempo e desestimula a participação, reduzindo o número de dados e comprometendo sua validação. A partir disso, foi criado um formulário online na plataforma do Google Drive (http://drive.google.com), onde é possível planejar eventos, enviar pesquisas, aplicar testes ou colher informações de modo direto e fácil, e as respostas são encaminhadas automaticamente para uma planilha. O questionário era focado na participação de Designers e Engenheiros, podendo ainda ser respondido por profissionais de outras áreas de atuação. Sua aplicação foi feita durante o período de 24 de outubro a 30 de outubro.

39

Número de respostas por dia 3

2

1

0 24/out

25/out

26/out Designers

27/out

28/out

Engenheiros

29/out

30/out

Outros

Figura 9- Índice de número de respostas relacionado ao dia de aplicação do questionário FONTE: AUTOR, 2014

3.1.1. Pergunta 1: Qual sua profissão?

A primeira pergunta era referente à área de atuação do participante, podendo ser selecionado “Designer”, “Engenheiro (a)” ou “Outro”. Foi possível notar equilíbrio entre as duas profissão, sendo 50% dos participantes Designers, 43,75% Engenheiros e apenas 6,25% outros.

3.1.2. Pergunta 2: Já trabalhou em algum ambiente onde houvesse interação entre o Design e a Engenharia?

A segunda pergunta questionava se o participante já trabalhou em algum ambiente onde houvesse interação entre Design e Engenharia. A Figura 10 ilustra as respostas:

40

6

5

4 Sim

3

Não 2

1

0 Designers

Engenheiros

Outros

Figura 10 - Gráfico referente à pergunta 2 - Já trabalhou em algum ambiente onde houvesse interação entre Design e Engenharia? FONTE: AUTOR, 2014

Dos participantes, 62,5% responderam que já trabalharam em um ambiente com interação entre Design e Engenharia e 37,5% responderam que nunca trabalharam.

3.1.3. Perguntas 3 e 4: Para você, o que é Design? / Para Você, o que é Engenharia?

A terceira, quarta e quinta perguntas apresentavam formato de resposta aberto, pois eram referentes a opiniões próprias dos participantes com relação a o que é Design, o que é Engenharia e como eles veem a interação entre estas áreas em um projeto automobilístico. Este formato de resposta foi escolhido devido ao foco do trabalho em verificar a opinião real de Designers e Engenheiros com relação às áreas de atuação e sua interação. Por ser um questionário online, foi possível que os participantes organizassem suas ideias na prerrogativa de produzir um

material

com

capacidade de

expressão sem

constrangimentos ou distorções de pensamento. 41

No Quadro 2 é possível verificar as respostas de Designers para as perguntas três e quatro (Para você, o que é Design? / Para você, o que é Engenharia):

Quadro 2 - O que é Design e o que é Engenharia para Designers

Para você, o que é Design?

Para você, o que é Engenharia?

Design é criação, desenvolvimento da Engenharia é tudo o que não se vê, o interação final com o usuário, o que se vê.

mecanismo que funciona por trás do design.

Design como Valor: Design é um conceito Uma

Ciência

exata

munida

de

que nasce do uso de diversas ferramentas metodologias próprias para soluções de sistematizadas que juntas resultam em um problemas específicos e que não tem no produto ou serviço capaz de satisfazer as indivíduo humano seu foco principal. necessidades

do

maior

número

de

indivíduos. Design como Ciência: Design é uma ciência de caráter multidisciplinar, pois lança mão dos diversos saberes das demais ciências clássicas, e que objetiva criar e produzir bens e serviços pautados nos preceitos de forma e função oriundos da Bauhaus. Design é projeto. É através da arte e da A engenharia é a ciência, a arte e a ciência um condicional humano. Uma profissão de adquirir e de aplicar os mistura de cálculos e pinceladas.

conhecimentos matemáticos, técnicos e científicos na criação, aperfeiçoamento e implementação de utilidades, tais como materiais,

estruturas,

máquinas,

aparelhos, sistemas ou processos, que realizem uma determinada função ou objetivo. Design é uma metodologia de projetos Engenharia baseada na experiência do usuário.

é

uma

metodologia

de

projetos baseada nos recursos. 42

Pensar em melhorar as coisas, o ambiente, Engenharia é conhecimento matemático, tudo em sua volta.

físico e financeiro das coisas a nossa volta.

Pensamento projetual com o intuito de Ciência que tem como intuito a utilização encontrar solução para os problemas de de conhecimentos matemáticos e técnicos usuários de produtos de qualquer natureza.

para o desenvolvimento/aperfeiçoamento de tecnologias.

A arte segue a função. A possibilidade de Utilizar das ciências mães como a física, um produto, gráfico ou serviço ser criado, matemática, química, em função de criar, melhorado, adaptado ou ampliado através melhorar ou implementar conceitos em de um olhar instintivo.

materiais,

sistemas,

processos,

tecnologias através de um olhar científico. Projeto focando no usuário que irá utilizá- Projeto. lo. FONTE: AUTOR, 2014

No Quadro 3 verifica-se as respostas de Engenheiros para as mesmas perguntas (Para você, o que é Design? / Para você, o que é Engenharia):

Quadro 3 - O que é Design e o que é Engenharia para Engenheiros

Para você, o que é Design?

Para você, o que é Engenharia?

Design é a criação, é a imaginação, a A engenharia é a estrutura, o que torna as beleza, é a área que pensa no conforto coisas possíveis, através do uso das leis da visual do usuário, pensa no que as matemática, física e química fazer o pessoas gostam em um determinado imaginário se tornar real. produto, a fim de tornar o mesmo mais competitivo. Trata-se de um profissional que trabalha Trata-se da arte de transformação dos com a comunicação visual e o desenho processos, do produto.

respeitando

produtos, as

bens

interações

e

serviços

econômicas,

técnicas, ambientais, materiais e sociais. 43

Esta relacionado a todo um visual de um A engenharia é a ciência, a arte e a produto ou objeto, podendo ser ele desde profissão de adquirir e de aplicar os uma simples cadeira até uma área mais conhecimentos matemáticos, técnicos e complexa como a de uma carro. Onde o científicos na criação, aperfeiçoamento de design

pode

ser

a

ergonomia,

a um produto ou objeto.

elaboração, o conceito do automóvel. Para mim, tem a ver com desenho, moda, É a arte de engenhar, de resolver problemas etc.

dando

soluções

práticas,

rápidas

e

econômicas. Design é a área responsável pelo Engenharia é a área responsável pelo desenvolvimento

dos

modelos

do atendimento dos requisitos.

produto. É o profissional que quer "embelezar" as Engenheiro é o profissional mais bem propagandas.

preparado para resolver questões simples e de raciocínio lógico.

Todo o exterior de uma peça, lugar, É a união de ciência com aplicações correspondendo a sua forma, adornos, práticas. Compreende projetos, cálculos em layout etc. Num projeto automobilístico, todos os aspectos de um objeto de estudo. deve levar em conta conceitos de marketing para ser apelativo. FONTE: AUTOR, 2014

Houve ainda uma resposta de um profissional de outra área de atuação. A mesma pode ser verificada no Quadro 4:

Quadro 4 - O que é Design e o que é Engenharia para profissionais de outras áreas

Para você, o que é Design?

Para você, o que é Engenharia?

É o profissional especializado com caráter Profissional especializado na aplicação criativo e artístico para elaboração de dos vários ramos da tecnologia, com projetos.

conhecimentos

físico-matemático

para

construção de algo. FONTE: AUTOR, 2014

44

3.1.4. Pergunta 5: Como você vê a interação entre estas áreas em um projeto automobilístico?

Seguindo o formato das perguntas anteriores, a pergunta cinco tinha possibilidade de resposta aberta. Nela, os participantes deram sua opinião sobre como é a interação entre Design e Engenharia em um projeto automobilístico. Seguem Quadros 5, 6 e 7: Quadro 5 - Opinião de Designers sobre a interação das áreas em projetos automobilísticos

Designers Extremamente necessária, o designer precisa saber como esta o projeto do engenheiro e vice-versa, para uma construção de um automóvel mais versátil e com uma aparência agradável. Fundamental, uma vez que por natureza a engenharia se preocupa em resolver questões diretamente relacionadas com os resultados da máquina enquanto o Design vislumbra o problema com foco no ser humano. Uma conversa entre o que é funcional, estético e artístico com o lógico e matemático. Se completam. A engenharia serve para projetar as partes mecânicas, escolha de materiais, mas junto ao design, para que possam juntos ter soluções melhores de acordo com o projeto do carro. Por exemplo: para um carro econômico, colocar materiais mais baratos e de fácil produção, projetar um motor menor, mas com a mesma potência, etc. as duas áreas devem trabalhar e estar em sintonia em todas as partes do projeto. Penso que a Engenharia proporciona ao projeto o carácter técnico e científico, já o Design fica incumbido de analisar/produzir em prol dos aspectos de experiência da forma e também do conforto e experiência dos utilizadores do veículo. Engenheiros e designers projetam juntos, mas o designer foca o projeto já pensando no futuro usuário. O design poderá ser responsável pela criação de inovações no campo do que já está instaurado na indústria automobilística. A engenharia através das ciências poderá revelar a forma que um objeto de design possa ser criada ou adaptada neste contexto. Seu uso pode ser desde o combustível partindo da bioquímica até os materiais e estruturas utilizadas para o desenvolvimento deste projeto. FONTE: AUTOR, 2014

45

Quadro 6 - Opinião de Engenheiros sobre a interação das áreas em projetos automobilísticos

Engenheiros Vejo uma interação muito harmoniosa entre as duas áreas, pelo menos nos projetos que dão certo, não se pode dimensionar a importância de cada uma, pois ambas são igualmente importantes, penso que o grande problema que existe é quando o imaginário não tem condições técnicas ou financeiras de se tornar real num dado momento, fazendo com que ambas as partes saiam perdendo. Muito importante no desenvolvimento de produtos e na seleção dos materiais. Como o engenheiro ficará responsável por toda a parte técnica do veículo, como por exemplo, aerodinâmica, motores, potência, a parte do visual é responsabilidade do designer que cuidará de todo o conceito do automóvel. A mistura da engenharia com o Design. A interação entre essas áreas tem que ser constante. O engenheiro sabe o que é necessário ser feito em um projeto e o designer faz com que este fique mais bonito. A engenharia deverá definir as diretrizes para o pessoal de design criar de forma que o desempenho do automóvel não seja muito afetado. FONTE: AUTOR, 2014

Quadro 7 - Opinião de Profissionais de outras áreas de atuação sobre a interação das áreas em projetos automobilísticos

Profissionais de outras áreas de atuação A interação seria em questões de estética do projeto automobilístico. FONTE: AUTOR, 2014

3.1.5. Perguntas 6 e 7: Qual o nível de importância do Design/Engenharia em um projeto automobilístico?

Ainda foi verificado nas perguntas seis e sete, qual o nível de importância do Design e da Engenharia em um projeto automobilístico. Para responder estas perguntas, os

46

participantes utilizaram uma escala de 0 a 10, onde 0 representava pouco importante e 10 representava muito importante. Na Figura 11 é possível verificar a classificação de importância feita por Designers: 12 10 8 6

Design Engenharia

4 2 0

Figura 11 - Gráfico referente às perguntas 6 e 7 – Qual o nível de importância do Design/Engenharia em um projeto automobilístico (para Designers) FONTE: AUTOR, 2014

As Figuras 12 e 13 apresentam as respostas de Engenheiros e profissionais de outras áreas de atuação:

47

12 10 8 6 Design Engenharia

4 2 0

Figura 12 - Gráfico referente às perguntas 6 e 7 – Qual o nível de importância do Design/Engenharia em um projeto automobilístico (para Engenheiros) FONTE: AUTOR, 2014

3,5 3 2,5 2 Design 1,5

Engenharia

1 0,5 0 Outros 1 Figura 13 - Gráfico referente às perguntas 6 e 7 – Qual o nível de importância do Design/Engenharia em um projeto automobilístico (para profissionais de outras áreas de atuação) FONTE: AUTOR, 2014

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A partir dos gráficos é possível verificar que para a maior parte dos profissionais, tanto Design quanto Engenharia são importantes em um projeto automobilístico. Verifica-se ainda que houve divergência de opinião apenas de dois Designers e um profissional de outras áreas de atuação, tendo estes classificado a importância das áreas com nota 3.

3.1.6. Pergunta 8: Você acredita que há alguma falha na comunicação entre estas áreas?

A pergunta oito questionava os participantes se eles acreditavam haver falha na comunicação entre Designers e Engenheiros. 81,25% dos profissionais acredita que sim, e apenas 18,75% respondeu que não. A Figura 14 ilustra estes dados: 7 6 5 4 Sim 3

Não

2 1 0 Designers

Engenheiros

Outros

Figura 14 - Gráfico referente à pergunta 8 – Você acredita que há alguma falha na comunicação entre estas áreas? FONTE: AUTOR, 2014

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3.1.7. Pergunta 9: Se sim, como isso pode ser melhorado para que os profissionais convivam de forma mais harmônica?

A nona e última pergunta do questionário, arguia os participantes sobre uma possível forma de melhorar o ambiente profissional de Designers e Engenheiros. Mesmos alguns dos participantes que responderam não haver falha na comunicação entre as áreas, deram sua opinião sobre como tornar o ambiente profissional mais harmonioso. No Quadro 8 estão as opiniões de Designers sobre como a falha na comunicação entre os profissionais pode ser melhorada para que convivam de forma mais harmônica:

Quadro 8 - Opinião de Designers sobre como o ambiente profissional pode ser melhorado para que Designers e Engenheiros convivam de forma mais harmônica

Designers Primeira coisa, interação com o usuário, descobrir as necessidades do consumidor. Depois ser repassado para a equipe de criação, na qual o engenheiro esta junto. Um engenheiro deve pensar um pouco como designer e um designer tem que pensar também como engenheiro para, juntos, atingirem um potencial maior. Esclarecimento

mútuo

dos

campos

de

atuação

de

cada

e

o

trabalho

conjunto/colaborativo, permitindo a interação entre as áreas. Um saber melhor a função e importância do outro. Mais conhecimento e menos preconceito aos engenheiros, que na maioria (maioria mesmo, quase todos, 90% diria, principalmente na área de mecânica e projetos) das vezes são conservadores e acreditam que designers só sabem desenhar, fazer logos e web sites. Não vejo falha nesse envolvimento. Talvez as empresas (no âmbito da gestão), não consigam permitir tal interação. No que se refere a ciência, sempre houve um caminho compartilhado. O campo da interdisciplinaridade vem sendo estudado e aplicado a fim de romper as barreiras entre diferentes áreas de atuação nas quais podem ser aplicadas em conjunto, buscando sua união em campos disciplinares distintos. 50

O problema é que poucos conhecem o que é e qual é a real importância do design. As empresas precisam enxergar que o design é muito mais que forma, estética. Ambas (engenharia e design) áreas não apenas podem, mas DEVEM trabalhar juntas. FONTE: AUTOR, 2014

Nos Quadros 9 e 10, verifica-se a opinião de Engenheiros e profissionais de outras áreas de atuação sobre a mesma questão:

Quadro 9 - Opinião de Engenheiros sobre como o ambiente profissional pode ser melhorado para que Designers e Engenheiros convivam de forma mais harmônica

Engenheiros Realização de seminários, congressos, Workshops, pesquisas (IC, Mestrado, Doutorado e Pos-Doc) e participação dos órgãos classistas como: ADP, ADG e CREA e Universidades. Muitas vezes pode se achar que uma área é mais importante que a outra, mas se não houver uma interação entre a parte técnica e a parte de design o projeto pode ser tornar um fracasso. É muito importante que, as duas áreas estejam envolvidas no projeto, desde a sua concepção até a entrega final do projeto. O design do automóvel sem a tecnologia não será uma automóvel, e um automóvel com tecnologia sem design não será um automóvel. Pode haver o problema de o design afetar o projeto da engenharia, de uma forma a alterar desempenho e outras características. Deve ser bem definido um fluxo dentro do qual a engenharia deve aprovar os projetos dos designers a fim de os mesmo poderem ser efetivamente aplicados. Haver de alguma forma a multidisciplinaridade de ambos. As conversas técnicas têm que ser mais constantes e objetivas A engenharia é a base de tudo, o design é o complemento. FONTE: AUTOR, 2014

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Quadro 10 - Opinião de profissionais de outras áreas de atuação sobre como o ambiente profissional pode ser melhorado para que Designers e Engenheiros convivam de forma mais harmônica

Profissionais de outras áreas de atuação Diálogo é a melhor forma de comunicação entre profissionais de qualquer área. Expressar ideias com argumentos fundamentais para melhoria do projeto é uma fonte de convivência harmônica em um ambiente profissional. Trabalho em equipe é fundamental. FONTE: AUTOR, 2014

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. ANÁLISES DAS RESPOSTAS

4.1.1. O que é Design e o que é Engenharia?

A partir das respostas coletadas através do questionário online, é possível criar uma análise da opinião de Designers e Engenheiros sobre suas profissões e a interação entre elas. Nota-se um padrão de respostas de grupos identificáveis. Verifica-se que os Designers, no geral, são unânimes ao afirmar que o Design está ligado à experiência do usuário, ao pensamento projetual com intuito de solucionar problemas e melhorar objetos e ambientes através de ferramentas sistematizadas capazes de satisfazer o maior número possível de indivíduos. Para eles, a Engenharia está ligada ao mecanismo por trás do Design, é uma ciência exata, que aplica conhecimentos

matemáticos,

técnicos,

científicos

e

financeiros

para

desenvolvimento/aperfeiçoamento de tecnologias, sem foco específico no usuário. Os Engenheiros, por outro lado, veem o Design como imaginação, beleza, e toda parte visual do produto. Para eles a palavra Design está ligada à desenho, formas e adornos. Se tratando da Engenharia, verifica-se maior profundidade nas respostas, trazendo termos como estrutura, processos, raciocínio lógico e cálculos. Segundo os Engenheiros, a Engenharia torna as coisas possíveis através de seus conhecimentos científicos e técnicos, respeitando interações econômicas, ambientais, materiais e sociais. Na opinião do profissional de outra área de atuação, ainda é possível verificar que o Design é visto como responsável pela parte criativa e artística do projeto, enquanto a Engenharia se especializa na aplicação dos ramos da tecnologia.

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4.1.2. Interação entra Design e Engenharia em um projeto automobilístico

Se tratando da interação entre as áreas para concepção de um projeto automobilístico, ambos os profissionais acreditam que é fundamental. Os Designers frisam que a Engenharia serve para projetar a parte mecânica, mas o Design é essencial para requisitos ligados à necessidade do usuário, tanto estética quanto funcional. Os Engenheiros acreditam que o Design deve se responsabilizar pelo embelezamento do projeto de forma que seu desempenho não seja afetado, uma vez que a Engenharia é responsável por toda a parte técnica do veículo. Verifica-se que o Design ainda é visto por profissionais de outras áreas, apenas como a ciência responsável por deixar as coisas mais bonitas. Falta um conhecimento mais aprofundado sobre as reais funções e importância desta área, e como o Designer pode contribuir na concepção de projetos, de modo que estes se tornem muito mais atrativos e funcionais.

4.1.3. Há falha na comunicação entra Design e Engenharia? Como ela pode ser melhorada?

A opinião tanto de Designers quanto de Engenheiros com relação à comunicação entre as áreas é de que precisa haver mais diálogo. É fundamental que haja interação também com o usuário para que sejam explicitadas suas reais necessidades e expectativas em um produto. Uma vez entendidas estas necessidades, a equipe de criação deve se comprometer em entender e respeitar a função de cada profissional para que possam atingir um potencial maior. Esclarecimento mútuo da atuação de cada um torna o trabalho conjunto colaborativo e permite que a interação entre as áreas seja feita da melhor forma possível. É necessário ainda que não haja preconceito, visto que cada profissional é fundamental para plenitude do projeto. Cada um deve entender a importância do outro, a interdisciplinaridade deve ser aplicada para romper barreiras entre as áreas e permitir conhecimento e trabalho conjunto, buscando união de campos disciplinares que se complementam. Realização de seminários, congressos, workshops e pesquisas foram 54

citados como forma de contribuir para este conhecimento da aplicabilidade de cada ciência. É necessário que os profissionais entendam que não existe uma área mais importante que a outra, mas sim áreas que se complementam e precisam estar envolvidas desde a concepção de um projeto até sua entrega final. Conversas técnicas mais frequentes e definição de fluxos de trabalho permitiriam um desempenho mais eficaz entre as equipes de trabalho sem que uma prejudicasse a outra.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das informações coletadas, foi possível confirmar que há falha na comunicação entre Designers e Engenheiros. O Design, visto por leigos ou profissionais de outras áreas, é frequentemente confundido com uma atividade artística ou meramente ligada ao embelezamento de produtos. Estas visões equivocadas podem ser compreendidas porque a parte mais perceptível do trabalho do Designer é a forma, a preocupação com uma interface que dialogue com o usuário da melhor maneira possível, e por isso, mais voltada para estética do que as formas geradas por Engenheiros ou profissionais em geral. Foi possível notar a partir das entrevistas, que alguns Designers acreditam que a Engenharia tem papel mais significativo na concepção de um projeto automobilístico do que o Design, enquanto um Engenheiro e um profissional de outra área de atuação consideraram o Design mais importante que a Engenharia. Esta avaliação demonstra que por vezes, pessoas no geral consideram a estética do produto mais significativa do que partes técnicas e funcionais. É importante ainda, frisar que o Design carece do conhecimento matemático, físico e quantitativo das disciplinas que embasam a Engenharia. A Engenharia está ligada à todo mecanismo por trás do Design do produto, e é fundamental para seu funcionamento. Engenheiros têm conhecimento técnico e científico, trabalham com raciocínio lógico e respeitam interações econômicas, ambientais, materiais e sociais. É essencial que ambos os profissionais entendam esta delimitação de funções, para que juntos complementem seus conhecimentos na elaboração de projetos. A disputa interna inter-departamental, a falta de compreensão do papel do Design e o preconceito, velado ou explícito, entre as duas áreas, torna a interação dificultosa e prejudica a concepção de um projeto com maior potencial. Fica claro que falta interdisciplinaridade para entendimento das profissões e suas funções em um mesmo projeto, além da percepção de que não há área mais ou menos importante, mas sim áreas, que trabalhando juntas, são muito mais eficientes e capazes de desempenhar seu trabalho sem contenção de ideias ou defasagens no projeto.

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APÊNDICE 1: FORMATAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

Introdução do questionário com informações referentes à pesquisa.

Figura 15 - Introdução ao questionário online gerado pelo sistema do Google Drive FONTE: AUTOR, 2014

Reprodução das perguntas, sob a forma de múltipla, sobre qual a profissão dos participantes e se já trabalharam em ambientes com interação entre Design e Engenharia.

Figura 16 - Modelo de múltipla escolha gerado pelo sistema do Google Drive sobre qual a profissão do participante FONTE: AUTOR, 2014

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Figura 17 - Modelo de múltipla escolha gerado pelo sistema do Google Drive para questionar os participantes sobre trabalho em ambientes com interação entre Design e Engenharia FONTE: AUTOR, 2014

Caixas para resposta das perguntas abertas.

Figura 18 - Conjunto de caixas de texto para perguntas abertas gerado pelo sistema do Google Drive FONTE: AUTOR, 2014

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Reprodução das perguntas com escala de importância.

Figura 19 - Perguntas com escala de importância geradas pelo Google Drive FONTE: AUTOR, 2014

Reprodução das perguntas, sob a forma de múltipla, sobre a opinião dos participantes com relação à comunicação entre Designers e Engenheiros e como isso pode ser melhorado.

Figura 20 - Perguntas referentes à comunicação entre Designers e Engenheiros FONTE: AUTOR, 2014

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