Autopoiese e autenticidade: construindo o conceito de Cidade Autêntica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE DIREITO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

LUCAS BERDAGUE CORRÊA – 77803

Autopoiese e autenticidade: construindo o conceito de Cidades Autênticas

VIÇOSA (MG) 2015

LUCAS BERDAGUE CORRÊA

Autopoiese e autenticidade: construindo o conceito de Cidades Autênticas

Artigo Científico apresentado para cumprimento das Exigências da Disciplina DIR 483 – Direito Ambiental ministrada pelo Professor Carlos Augusto Motta

VIÇOSA (MG) 2015

Isso nós sabemos. Todas as coisas são conectadas Como o sangue Que une uma família... O que acontecer com a terra Acontecerá com os filhos e filhas da terra. O Homem não teceu a teia da vida, Ele é dela apenas um fio. O que ele fizer para a teia estará fazendo a si mesmo. - Ted Perry, inspirado pelo Chefe Seattle

RESUMO Realizando uma abordagem diferenciada e difusa da questão urbanística, entende-se que o sistema urbano está intrinsecamente conectado com a os caracteres humanos e sua condição orgânica, que é ao mesmo tempo social e psíquica, produzindo sentido em sua existência, interagindo com o meio e seus elementos, bem como reproduzindo esses caracteres de modo a perpetuar sua cultura. Desta forma, surge a busca por outro método de conduzir o processo autopoiético, de produzir, organizar, destruir e recriar o urbano, bem como seus subprodutos sistêmicos, totalmente integrado em cada elemento que o forma, assim como com o meio em que se encontra, por realizar interações internas e externas que possibilitam o eterno aprendizado e desenvolvimento de suas potencialidades, assim como ocorre com os seres humanos. A necessidade de um desenvolvimento autêntico se mostra pertinente, a partir de um contexto de massificação cultural, da padronização do consumo e das formas de conceber o urbano, que em si carrega os traços da diversidade, tanto quanto na humanidade.

Palavras-chave:

Cultura; Desenvolvimento Sistemas orgânicos, sociais e urbanos; Autopoiese.

Urbano;

Autenticidade;

SUMÁRIO

Introdução ..................................................................................................... 5 1. A cidade que pulsa ..................................................................................... 7 2. Autenticamente construído ................................................................... 13 3. A Cidade Autêntica ................................................................................. 16 4.Conclusão .................................................................................................. 22 Referências e material de apoio .................................................................. 24

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Introdução Este não é um artigo comum. Foi concebido com o intuito de convidar à construção dos conceitos, não de simplesmente apresenta-los e afirma-los como postos. Diferente do que se espera de um artigo científico baseado em outros estudos, não estão presentes dados estatísticos, citações de obras reconhecidas mundialmente no meio acadêmico, muito menos correntes doutrinárias se digladiando quanto a aspectos minuciosos e detalhes terminológicos. Trata-se de um convite às infinitas possibilidades de expansão do saber humano e de realizar conexões entre as diversas áreas nas quais ele se encontra dividido. Feitas tais considerações, para alcançar os objetivos propostos, será necessário adotar uma lógica difusa, permitindo a utilização criativa do pensamento

na

elaboração

de

paralelos

e

encontros,

relacionando

conhecimentos sobre cidades, conceitos das ciências biológicas, paradigmas criados pelas ciências humanas tradicionais – como o Direito, a História, a Geografia e a Sociologia – e as novas integrantes no panteão do conhecimento, como a Antropologia, Urbanismo e o Desenvolvimento Pessoal. Percebe-se, ao longo do tempo, que esta perspectiva interdisciplinar gerou grandes encontros entre as áreas do conhecimento que anteriormente se distinguiam, mas que ao se reaproximarem, produziram resultados ainda mais significativos. Não diferente é no estudo das cidades, que deixa de ser uma mera busca metafísica pela justa forma – como ensinavam os gregos – se tornando um complexo (e compreensível) organismo com características de sistema humano, cultural e comunicacional. Neste sentido, o presente trabalho abordará, primeiramente, uma nova perspectiva do que se entende por espaço urbano, algumas características atribuídas a ele e como ele se assemelha a um organismo vivo. Em seguida, algumas abordagens urbanísticas interessantes, que colaboram para a ideia de que o urbano, como sistema humano, cultural e comunicacional, é criativo, se reproduz, decai e se renova. Será importante delinear em que consiste a autenticidade, em termos humanos, além de localizá-la no contexto atual da era da informação. Por fim, a questão central do trabalho: o que se pode

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entender como uma cidade autêntica? Como colaborar para a produção deste conceito? Quais são os feixes que cortam este novo paradigma?

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1. A cidade que pulsa Quando se está chegando a São Paulo de avião pela primeira vez, no período noturno, a primeira impressão que se tem é de que há algo diferente acontecendo no chão naquele lugar. Avistam-se ao longe as luzes da vida noturna, que estão acesas desde antes do pôr-do-sol, criando veias de cor amarelo-alaranjado, que até certa distância podem ser confundidas com fogo pelos olhares mais criativos. Daquele chão salta energia que faz os sentimentos palpitarem por dentro das pessoas que se empolgam com o belo, com a novidade cênica, que pode, inclusive, gerar uma sensação de estar sendo aquecido pela euforia do momento. Conforme a aeronave desce, as formas tornam-se mais nítidas e a sensação de conexão com aquele espaço se consolida, o que torna verdadeira a energia que fora gerada no momento em que os olhos fitaram o deslumbrante show de luzes que é a vista aérea da capital paulista à noite. Não é mera coincidência que, quando se observa fotos e mapas relacionados aos maiores focos de luz no planeta durante o período noturno, São Paulo figura como o mais brilhante dos poucos que existem no Brasil. Não são apenas as luzes que impressionam: todo o conjunto da obra produz a sensação de que há conexão em cada detalhe, de que a cidade está viva, que possui tecidos como os de organismos vivos e que, por mais que seja uma grande construção humana a partir de concreto, metal e outros materiais, desenvolve um ritmo próprio, uma personalidade. Tem traços, costumes e horários originais. A malha urbana se mostra como um grande emaranhado de células que se interligam e formam ruas, bairros, zonas (leste, oeste, sul e norte), até chegar a um contexto amplo, que evidencia a cidade como um todo, que terá características culturais distintas das outras. Este mesmo raciocínio pode levar à organização de regiões, estados e países, bem como continentes. No plano de fundo desta ideia está a concepção de sistemas.

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A narrativa acima possui uma linguagem muito próxima daquilo que um poeta produz, mas torna-se essencial para fazer entender as ideias que fundamentam a construção do novo conceito de espaço urbano que se busca apresentar. Camila Berdague, em sua dissertação denominada “A Autopoiese Urbana” trouxe, em grande parte de seu trabalho, ideias vindas de diversas áreas do conhecimento, de modo a realizar grandes interconexões para explicar o fenômeno do urbano de forma abrangente, compreensiva. Desta forma, ela apresenta uma perspectiva sistêmica do urbano1, não como um sistema trivial (determinado e que obedece a comandos, geralmente regras mecânicas), nem como um sistema orgânico (que se auto-organiza, mas que segue diretrizes previamente estabelecidas, como códigos – a exemplo do que se tem o código genético, presente em todos os seres vivos), mas sim um sistema prioritariamente social e psicológico, que segue regras comunicativas e autocriativas, produzindo sentido.2 Estes sistemas pressupõem algumas características que estão presentes em todas as escalas a serem analisadas, sendo uma destas características a reprodução do sistema como forma de manutenção, o que transfere seus caracteres para seus subprodutos e recebe outros de suas interações com os integrantes do macrosistema ao qual está vinculado. Fundamentada numa análise fisiológica, a teoria apresentada pela autora integra os tipos de sistemas, as concepções que do urbano e muda a forma de abordar a questão, não mais imaginando que este é um mero instrumento mecânico de satisfação das vontades humanas, mas que, como produto da cultura, possui, além de uma carga hereditária, traços e sentidos construídos e que continuam a ser produzidos diariamente, mesmo que de forma inconsciente.

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Urbano enquanto sistema amplo, que abrange tanto a ideia de cidade quanto de rural, além de território como todo espaço no qual o ser humano age de forma a realizar transformação, incluindo neste grande sistema as interações internas e externas destes meios. 2 BERDAGUE, Camila da Silva. A autopoiese urbana: degradação e revitalização da cidade. Viçosa, MG: UFV, 2004. Pg. 24. Quadro 03.

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Características essenciais ao sistema nervoso, quando se trata do estudo das condições neurofisiológicas do aprendizado, como é o caso da plasticidade3 (ou neuroplasticidade, no caso específico do sistema nervoso) são trazidas à tona no debate proposto. Aparece então a ideia de autopoiese. Explica Camila4: Essa distinção entre unidade e meio – ou sistema e ambiente, para se usar termos da cibernética – é possível porque há uma organização básica do todo a ser vivo, e que Maturana e Varela definem como organização autopoiética. Tal organização tem como premissa a proposição de que “[...] os seres vivos se caracterizam por – literalmente – produzirem de modo contínuo a si próprios” [...] (MATURANA e VARELA, 2001, p.52). Uma característica essencial da organização autopoiética é o fenômeno unitário de coconstituição do metabolismo celular (interações internas) e da formação de uma fronteira, sendo que não há uma relação de produção de um por outro, mas de condições de possibilidade mútua (MATURANA e VARELA, 2001). A fronteira não apenas limita a rede de interações (ser vivo), como dela participa. Portanto, não há separação entre produtor e produto. O único produto da rede de interações de um ser vivo é ele mesmo e não é possível separar o ser e o fazer de uma unidade autopoiética, o que lhes garante serem unidades autônomas pois, por meio do processo contínuo de ser e fazer, especificam sua própria legalidade, 3

Plasticidade é entendida enquanto a capacidade de se adaptar a variações relacionadas ao meio ou a estímulos externos. Nas neurociências ela está profundamente associada às capacidades de aprendizado, de produção e fixação de memórias e de desenvolvimento de conexões neurais (e da força destas). 4 BERDAGUE, Camila da Silva. A autopoiese urbana: degradação e revitalização da cidade. Viçosa, MG: UFV, 2004. Pg.28. (Grifos da autora)

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criando e cumprindo suas próprias regras (MATURANA e VARELA, 2001). [...] [...] Quanto à geração de novas unidades, diz-se que as unidades autopoiéticas se auto-reproduzem, pois é a dinâmica da própria unidade que determina o momento e o plano de fratura que resulta em novas unidades de mesma classe. Aspectos idênticos entre unidade original e unidade gerada são chamados de hereditários e os aspectos diferentes são chamados de variação reprodutiva (MATURANA e VARELA, 2001). A capacidade de se auto-reproduzir mantendo a invariância da organização, mas produzindo variações reprodutivas é essencial para compreender a evolução dos seres vivos, ainda que não seja característica exclusiva sua. Nesse ponto, a Teoria de Santiago5 apresenta uma abordagem diferente das teorias darwinistas, enfatizando a co-evolução entre unidade e meio. A partir disso, introduziu-se a ideia de autopoiese urbana, uma vez que o urbano fora concebido enquanto um sistema humano, e que, portanto, evolui em conjunto com aquele que o criou, seja como um sistema integrado, como um ser, ou como meio. Concebeu-se então o urbano como um subsistema ou semiosfera da sociedade humana total, que gera e é gerado pela cultura urbana, e que tem como diferença diretriz a dicotomia cidade/campo. Esta dicotomia opera como elemento de distinção física, psíquica e social, conformando uma 5

A Teoria de Santiago, representada por Humberto Maturana e Francisco Varela, biólogos chilenos, serve de base para o desenvolvimento da dissertação da autora, construindo uma fundação teórica que sustenta a ideia de que, se o urbano é um produto sistêmico da humanidade, ele possui características igualmente humanas, principalmente no que se refere à produção de sentido, através do uso da linguagem, além de também realizar o processo autopoiético.

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identidade urbana. O urbano é autocriativo (produz continuamente a si próprio), autolimitado (opera distinções que conformam a fronteira) e autoperpetuador (é capaz de desenvolver sua própria filogenia). O seu processo de formação e expansão – urbanização – é um processo autopoiético, um contínuo ser e fazer cujo intermédio distingue-se do meio natural. As cidades, por sua vez, são subsistemas dentro do urbano (constituídos por elementos físicos e simbólicos), criados e selecionados ao longo do tempo pela cultura de modo que sua inter-relação garantisse maior plasticidade ao sistema como um todo. Além de subsistemas do urbano, as cidades também são formas físicas de armazenamento e transmissão de linguagem, acopladas sincronicamente com sistemas psíquicos e sociais, conformando uma rede de atualizações (influências) cíclicas e recorrentes. São a manifestação física – através de redes e interações entre a malha viária e espaços públicos e privados – das nossas redes e interações sociais. Assim como o urbano, as cidades são capazes de produzir a si mesmas e especificar seus próprios limites.6 Na tentativa de sintetizar o que se pretende com esta construção teórica, alguns pontos principais para a análise: sendo o urbano um sistema derivado da sociedade humana, ele é dotado de características que se assemelham ao modo como funciona o seu criador, que, se visto em diversas escalas, constitui tanto os conjuntos sociais quanto o próprio indivíduo. Desta forma, o urbano possui características orgânicas e sociais (e psíquicas), produzindo e reproduzindo seus caracteres a partir de suas heranças e interações com o meio, além de fatores internos e externos, sistemas abrangentes e subsistemas.

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BERDAGUE, Camila da Silva. A autopoiese urbana: degradação e revitalização da cidade. Viçosa, MG: UFV, 2004. (Grifos da autora)

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O que diferencia, então, uma cidade, enquanto elemento de um sistema urbano, de uma pessoa, num sistema social? Ambos atendem a todas essas premissas em relação ao processo de autopoiese, buscam perpetuar ao longo do tempo, produzem sentido através da linguagem7 (tendo em vista que ambos estão imersos num contexto cultural) e se desenvolvem de forma adaptativa conforme recebem influências ao longo de sua existência (internas e externas). Porém, a cidade é perene, enquanto o ser humano encontra seu fim corpóreo no momento da morte. Não há como permanecer eternamente vivo num corpo humano. O processo de autopoiese enquanto espécie pressupõe a substituição de peças na teia da vida. A cidade, portanto, possui a dádiva que os seres humanos almejam desde a antiguidade: ela pode morrer e renascer a qualquer momento, mudando suas formas e modo de agir, mas sem deixar de ser ela mesma. A vida, para as cidades, não é um processo linear como o de um ser humano, que nasce, desenvolve, reproduz e então morre. Ela em si possui seu próprio ciclo autopoiético de degradação e restauração, de morte e renascimento, bem como fazem os sistemas do corpo que realizam a substituição de células todos os dias, mas sem a limitação de ser apenas uma peça mortal na preservação de uma espécie. O resultado disso é que, se a cidade fosse pensada como um ser humano em eterno desenvolvimento (uma vez que ela é criada a partir de um contexto humano) poderia desenvolver infinitos potenciais que estão em germe no âmago da sua existência. Esta é uma perspectiva um tanto quanto espiritualizada e presente em diversos ensinamentos, sobretudo vindos do Oriente. Mas que, a partir da abordagem apresentada acima, começa a fazer sentido lógico.

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Existe preferência pessoal pelo termo comunicação (inclusive enquanto esfera de poder), pois se entende que a linguagem é uma forma complexa de comunicar. Porém, cabe o termo uma vez que se pressupõe a geração de sentido, que só é gerado a partir da apropriação subjetiva daquilo que fora comunicado, tornando a comunicação complexa e, portanto, uma forma de linguagem.

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2. Autenticamente construído Das primeiras coisas que se ouve quando se estuda desenvolvimento pessoal é sobre a busca do propósito. O propósito é aquilo que dá sentido às ações e decisões que serão tomadas pela pessoa, sendo construído por suas crenças pessoais e reflexões em relação às experiências de vida pelas quais a pessoa passou. Em verdade, o propósito é enterrado, perdido ou rejeitado pela pessoa caso essas crenças e experiências não sejam genuínas, mas sim projetadas pela convivência com os outros, pela repressão, pelo cerceamento das liberdades individuais, pela imposição de uma maneira de pensar e ver o mundo que não seja aquela que já nasce inata no ser e por qualquer outra violência contra o desenvolvimento natural e saudável daquele indivíduo. Isso afeta a chamada autenticidade de forma negativa. Autenticidade é um termo difícil de definir. Tão difícil quanto amor. Cientificamente talvez possa ser reduzido a um significado muito restrito, tendo em vista a vasta quantidade de possibilidades interpretativas que decorrem da simples frase “Fulano é autêntico”. Seria ele verdadeiro? Original? Sem máscaras? Não passou por cirurgias de cunho estético? Não mede palavras? Criativo? São inúmeras as possibilidades interpretativas e tentativas de definir com sinônimos o que seria “ser autêntico”. Caracterizar a autenticidade é uma abordagem mais interessante para que não haja um alto grau de taxatividade na utilização do termo. A expressão que pode ser vinculada à ideia de autenticidade é “ser genuíno”, ou seja, algo em que se pode confiar, pois procede como aquilo que realmente é. Não apenas exterioriza algo, mas também carrega em si, na intenção de seus atos, em seu propósito, aqueles mesmos valores. A fundamentação das ações de uma pessoa autêntica se encontra naquilo que ela acredita de forma consciente, presente, com clareza, não se condicionando a dogmas, construções ou projeções exteriores ou internalizadas de forma imposta. Aquele (ou aquela) que é autêntico(a) aprende com o exterior, mas apenas internaliza aquilo que lhe fizer sentido.

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O mestre zen Osho ensina, em diversas obras, que a qualidade do ser humano é de observador. O ser humano deve contemplar a existência, celebrando-a a cada instante. Seus ensinamentos podem ser resumidos em duas vertentes que dialogam entre si e colaboram para o desenvolvimento mútuo: a vertente externa, que seria o amor, a celebração da vida e das relações; e a vertente interna, que se traduziria na meditação, no ato de estar presente em consciência em cada ação. Se estiver comendo, a pessoa deve colocar sua consciência, sua concentração, no ato de comer. Se estiver observando a natureza, deve concentrar-se no observar, realizando o exercício de contemplação e deixar que os pensamentos venham, mas sem apreendê-los, sem realizar julgamento, apenas deixa-los passar, como se fossem borboletas. Desta forma, a sabedoria zen permite que toda autenticidade seja contemplada, realizando aquilo que está direcionado em seu propósito, sem se apropriar das projeções externas, que produzem falsas crenças que acabam por gerar dúvida quanto ao propósito. A ideia de agir com presença, como demonstrado acima, permite também, enquanto observador, selecionar de forma qualificada aquilo que faz sentido levar adiante, tentar desenvolver em si, e o que pode ser descartado, pois não se alinha com o propósito pessoal. Isto, em termos de desenvolvimento humano, é algo que muitas pessoas buscam, mas que grande parte delas diz não ter tempo ou tem problemas demais para se dar ao luxo de fazê-lo. Na era da informática, a enxurrada de informações que inunda o dia-a-dia de todos acaba por sufocar a existência autêntica. Isso porque se demanda que a pessoa saiba de tudo o que tem acontecido no mundo, sendo que, na grande maioria das vezes, não se sabe nem o que está acontecendo no quintal da própria casa enquanto se espera no trânsito ou se está no trabalho. Além disso, padrões de consumo (e ideologias) são projetados todos os dias para que sejam absorvidos por todos, inclusive de forma inconsciente, reativa. Isso demonstra que a falta de presença e de clareza na vida é um dos grandes problemas das sociedades atuais. São geradas pessoas através de formas desenvolvidas pelas agências de publicidade e propaganda, com mentes formatas para um padrão de consumo

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x, fiéis às marcas a, b e c, assinantes do conglomerado de notícia tal. E assim se perde a característica da autorrepresentação, defendida pelo professor Massimo Canevacci8, que consiste no poder de ter a sua identidade e se apresentar enquanto indivíduo ou grupo singular. É ideal reforçar que, autenticidade não pressupõe a rejeição a tudo que é exterior, mas sim o despertar para um poder de escolha consciente daquilo que é ou não interessante de se absorver, aprender e desenvolver a partir de um estímulo externo. Não é copiar de forma irrestrita aquilo que se observa, mas gerar inspiração para o desenvolvimento próprio de algo que faça sentido para si.

No projeto “A Cidade Sentida”, buscou-se estruturar a cidade e o espaço urbano enquanto um produto cultural movido principalmente pelo poder comunicacional. Tal perspectiva indica que a faísca que impulsiona o motor da transformação no meio urbano se dá através da comunicação, que acontece por diversos meios e pode ser realizada por qualquer conjunto humano na atualidade, alcançando as massas, uma vez que os meios de comunicação sofreram esta massificação e popularização. O conceito de autorrepresentação aparece como a possibilidade de alguém ou de um grupo apresentar a si próprio e também perceber o outro, não mais sendo necessário que outro grupo ou pessoa que detenha o poder comunicativo o faça através de suas visões de mundo e projeções de sentido. 8

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3. A Cidade Autêntica Retomando a narrativa anterior, sabe-se que as cidades possuem caracteres humanos, pois são subsistemas dos sistemas sociais. Foi dito também, ao final da primeira seção, que, se a cidade for vista enquanto uma pessoa em eterno processo de desenvolvimento, infinitos são os potenciais a serem despertados. Em seguida, foi introduzida a ideia de autenticidade a partir de conhecimentos voltados para o desenvolvimento pessoal, área do conhecimento que ganhou grande espaço nas livrarias de todo o mundo recentemente, tendo em vista as crises existenciais produzidas pelo estilo de vida adotado pela maior parte da população mundial com poder aquisitivo e a disseminação de um padrão de consumo induzido e reativo, que afasta a pessoa de seu papel de protagonista em suas escolhas, bem como subjuga seu propósito, sua presença autêntica e clara quanto à vida ao redor. Isso se dá pela massificação da comunicação, que pressupõe a produção em escala industrial e segmentada de informação, não colaborando para o desenvolvimento autêntico, mas sim apresentando padrões, mesmo que de forma inconsciente, que serão absorvidos pelos indivíduos sem o devido processo de observação, compreensão e escolha daquilo que faz sentido de ser levado adiante como estilo de vida a ser integrado, em sintonia com o propósito de cada um. Sendo assim, uma vez que as cidades são frutos da ação humana transformadora do meio, bem como o rural e o território, sofrerão os reflexos do estio de vida que seus habitantes escolherem para si, pois na reprodução do sistema social, essas características serão passadas também para o sistema urbano, através do processo autopoiético. Paula Abreu, ex-advogada, escritora e coach de alta performance, traz em seu livro “Escolha Sua Vida” a seguinte frase: “Não escolher também é uma escolha”. Os reflexos da não escolha estão presentes todos os dias, seja na vida pessoal, seja nos negócios, mas também na produção de uma cidade. Quando, por exemplo, começa a surgir um assentamento em área de risco e o Poder Público finge que não vê, logo mais os problemas aparecerão e este

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mesmo Poder Público terá que agir de forma a remediar os danos ocorridos, na maioria das vezes de forma precária e sem condições de retornar ao status quo natural. Neste caso, por não ter escolhido como agir em relação ao assentamento, o Poder Público escolheu que este fosse feito e aceitou as consequências disso. Esta pode ser considerada uma escolha autêntica? Partindo do pressuposto de que há um propósito que guia as escolhas autênticas, pode ser que permitir o assentamento na área de risco a seja, mas que, para ser considerada autêntica, deveria receber a devida atenção para que os riscos fossem diminuídos. Caso a cidade não tenha mais para onde expandir e haja a necessidade genuína de alocar as pessoas, este é o propósito que norteia a ação, sendo necessária a presença total do ator na execução dos atos para aquele fim. Mas, numa cidade autêntica, quem são esses atores? É apenas o Poder Público? As corporações, como trata Milton Santos, em sua obra “A Urbanização Brasileira”, que difundem seus interesses na produção das cidades e ditam o ritmo? São os habitantes? Uma força invisível que move o processo de desenvolvimento e evolução, como Gaia9? Os atores são todos esses ao mesmo tempo, pois o sistema se forma da interrelação dessas forças e elementos, que cooperam e embatem provocando os ciclos transformadores. Porém, a célebre frase de Milton Santos traduz o maior obstáculo para a produção de uma cidade autêntica: “A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos que apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une”. Imagina-se que cada um possui um interesse privado, seja na política, nos negócios, benefícios pessoais, principalmente de cunho financeiro, quando surge qualquer tipo de ação benéfica ou ideia inovadora local, para solucionar questões próximas, não necessariamente pensando em “acabar com a fome na África” ou “conduzir à paz mundial” ou “acabar com a corrupção em Brasília”, 9

Gaia é o nome da divindade grega que representa a Terra, mãe dos Titãs. Em diversas culturas ela é representada como uma grande mãe que tem vida própria e designa os movimentos da vida no planeta. Existe uma teoria, desenvolvida por James E. Lovelock, denominada Teoria de Gaia, que concebe a Terra enquanto um grande sistema vivo e integrado que controla tudo relacionado à vida interna. Em outras palavras, tudo estaria interligado em Gaia.

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bordões que se escuta diariamente como dignos e representantes de boa vontade. Em verdade, o que importa para desenvolver uma boa qualidade de vida, que é o que todos anseiam, suprindo suas necessidades fisiológicas e de segurança, em primeiro lugar, e então suas necessidades sociais (inclusas aqui as necessidades de interação e de aprendizado), seguindo por outras camadas da chamada Pirâmide de Maslow10. E isso é comum a todos, desde o prefeito até o mendigo que vive debaixo de uma ponte, sendo que cada um se encontra num estágio da pirâmide diferente. Conduzida pela mídia de massa e pelo processo globalizatório11, a ideia de desenvolvimento urbano tem se apresentado, desde o início do século XX, como a produção de soluções técnicas para suprir necessidades humanas nos meios artificiais que são construídos pela ação destes seres. A Carta de Atenas, documento que data da década de 30, trouxe diretrizes para pensar o urbanismo neste formato utilitarista, o que, de certa forma, enseja a produção de padrões testados empiricamente em diversos lugares e a consequente cópia dessas soluções por outros. De certa forma, esses padrões permitem ter um norte para compreender como desenvolver soluções inteligentes e compatíveis com os problemas que venham a existir. Porém, não se pode negar que as sociedades humanas são guiadas, bem como seus indivíduos, pela diversidade, por isso qualquer que seja o padrão proposto deve passar pelo processo de observação, compreensão e escolha, bem como de adaptação, a cada realidade local. Essa é a essência de uma cidade autêntica: ela se conhece, seus habitantes têm consciência do que é importante, do propósito que deve conduzir as ações de intervenção urbana no processo autopoiético urbano, aquilo que realmente faz sentido na realidade local, que tem traços, cultura, formas e necessidades distintas de qualquer outro lugar do mundo. Ela pode aprender com os

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A Pirâmide de Maslow representa as necessidades humanas em grau de prioridade escalonada, daquilo que o ser humano busca saciar primeiro para que então comece a procurar atender a outro tipo de anseio. 11 Para compreender o contexto comunicacional e cultural, é interessante retomar a leitura de “A Cidade Sentida”, em que se delineia tanto a construção histórica quanto sociológica e antropológica da relação entre cidade, comunicação e cultura.

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exemplos de fora, mas não terá a obrigação de se enquadrar em projeções que dominam o contexto global. A cidade autêntica gera soluções que fazem sentido para si e para gerar (e manter) suas interações saudáveis com o meio. Ela não se agride gratuitamente, se permite ser vulnerável (do ponto de que se permite testar ideias que fazem sentido e que se alinham ao seu propósito, mesmo que contradigam os padrões estabelecidos), busca observar o interior e o exterior, de forma a estar presente e aprender para benefício próprio, e celebra a sua existência com energia pulsante, irradiada na qualidade de vida de sua população. Ela pode ter como característica a criatividade, da produção espontânea e única de soluções, mas não é sinônima da ideia de cidade criativa, pois pode também agir de forma semelhante ao que é proposto por outras, se assim couber, sem que essas ações sejam traços marcantes de sua essência. O que se entende por cidade autêntica, neste contexto, é um conjunto de possibilidades a brotarem a partir de um processo de autopoiese consciente, que pressupõe a participação de cada integrante do sistema urbano, cada ser que carrega consigo o propósito de uma vida em equilíbrio e de qualidade, qual seja o encontro do bem estar, que não surge do vasto exterior, do infinito existencial particular. Como exemplo de cidade que pode ser considerada autêntica, Curitiba, capital do Paraná, possui um alto grau de reconhecimento populacional. Ao que consta, mais de 90% das pessoas que moram em Curitiba dizem gostar muito da cidade e mais de 60% não se veem morando em outro lugar. O diferencial da cidade está, não só nas soluções inteligentes e comunicativas do Poder Público, que fazem com que até mesmo os que não são de lá se sintam acolhidos e cidadãos, mas também do próprio sentimento dos habitantes em relação à construção de sua cidade da forma que expresse e atenda suas necessidades, tendo uma forte cultura bairrista, que pressupõe laços orgânicos entre as pessoas a fim de colaborar para o alcance do bem comum.

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Curitiba recebe vários apelidos, sendo o mais famoso “Cidade Sorriso”, que reflete o estado de espírito que emana dessa cidade e de quem a produz diariamente. Quando se visualiza nas redes sociais os perfis da Prefeitura Municipal de Curitiba e do próprio prefeito, publicações bem humoradas, positivas e que demonstram intervenções urbanas que colaboram para a qualidade de vida da população (sendo que estas publicações são diárias e possuem alto índice de participação, bem como de acessos, inclusive de pessoas de fora da cidade) recebem alguns comentários com cobranças relacionadas a problemas locais recentes, que são prontamente atendidos de forma tranquila e precisa pelas equipes responsáveis. Além disso, outras pessoas participam do debate, integrando informações e fomentando a construção coletiva do espaço, que já não é apenas físico, mas também virtual. De forma impressionante, diferente do que existe em outras localidades, as pessoas defendem seu Poder Público e cobram dele quando não age de forma tempestiva, sendo prontamente atendidas através dos meios de comunicação para sanar qualquer tipo de angústia, oferecendo, inclusive, espaço para divulgação de serviços, eventos e ideias locais que marcam como diferencial na cidade, como é o exemplo das feiras orgânicas e dos diversos incentivos que a Prefeitura dá aos desenvolvedores de software, sobretudo de jogos eletrônicos, além das campanhas afetuosas, como a de soltar diversos balões vermelhos em formato de coração no dia dos namorados ou de incentivar o turismo e a produção criativa através das publicações diárias na rede social de fotografias instantâneas, Instagram, em que a Prefeitura lança um desafio diário temático para que os usuários publiquem imagens vinculando ao perfil da mesma, geralmente relacionadas à cidade, como pontos turísticos ou às estações do ano, que graças à posição geográfica são bem definidas, mesmo tendo um tempo predominantemente nublado, segundo relatos de moradores. Dessa interação, mesmo havendo grande influência de grandes marcas de fora que trazem consigo padrões globais, surgem grande satisfação e sentimento de identidade nas pessoas que têm a oportunidade de conhecer e de viver Curitiba em sua plenitude. Isso reverte em outras ações alinhadas com o propósito de viver bem e de produzir uma cidade que priorize a qualidade de vida em relação a seguir padrões de desenvolvimento que não sejam

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sustentáveis pela realidade local. Existe essa consciência em grande parte da população, o que faz com que Curitiba seja, de fato, uma cidade autêntica. Outra frase de Milton Santos resume o propósito que há por trás desta busca por um conceito de cidade autêntica: O futuro é formado pelo conjunto de possibilidades e vontades, mas estas, no plano

social,

dependem

do

quadro

geográfico que facilita ou restringe, autoriza ou

proíbe

a

ação

humana.

Alcançar

intelectualmente o futuro não é questão estatística, nem simples arranjo de dados empíricos, mas questão de método. Se o método mecanicista de olhar para o fenômeno urbano, seguindo aspectos rígidos e buscando padrões universais abstratos, não tem funcionado para solucionar as questões que surgem todos os dias, talvez seja necessária uma abordagem diferente, mais parecida com o ser humano: difusa, confusa, mas que produz sentido ao se conectar os pontos.

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4. Conclusão Em meio às perspectivas científicas, políticas, econômicas e sociais que circundam aquilo que é reconhecido como urbano, a humanidade se esquece de que o território é, na verdade, sua criação a partir do desenvolvimento de sentido. Quando o humano gera um sentido para o meio, este recebe, de forma conjunta, caracteres hereditários daquele, passa a funcionar com semelhança tal que nem mesmo o homem pode dominá-lo dali para frente, em semelhança ao que se percebe nas relações interpessoais, cujas disputas de poder existem, bem como projeções e imposições ideológicas, mas em espírito, o ser é livre e tem a capacidade de escolha. Inclusive de escolher aquilo que quer se tornar, mesmo que por omissão. Assim sendo, as cidades, enquanto subprodutos de um sistema urbano, que por sua vez é uma produção da cultura - ou seja, produto humano que carrega características humanas - têm em si todas as potencialidades possíveis em sua existência. Ao tratar das cidades por uma perspectiva humana, como um ser que está aqui para aprender, se desenvolver, interagir, se reproduzir e produzir sentido, é possível construir novas formas de gerenciar (e construir) este subsistema urbano. Considerando o processo autopoiético, as características culturais e os aspectos especiais que circundam as cidades, pode-se alcançar um alto nível de desenvolvimento autêntico e eficaz, capaz de dar àqueles que nelas habitam a tão almejada qualidade de vida, que não é encontrada nos padrões de consumo pregados pelas agências, muito menos nos conglomerados globalizados de difusão de informações, que inundam diariamente olhos e ouvidos com notícias do mundo todo, sobretudo de catástrofes e mazelas humanas, que causa desespero massivo, gera sentimento de escassez e incredulidade, além de nublar as potencialidades pessoais e o despertar do propósito.

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Debater a autenticidade mostra-se essencial. Não apenas pela questão urbanística, mas por se tratar de uma doença sistêmica quando esta característica se esvai dos seres humanos. A não autenticidade causa sofrimento, angústia, compulsividade, permite que crenças limitantes sejam arraigadas, bem como destrói a autoconfiança e o poder criativo presente em todos os seres humanos. O cerceamento da autenticidade faz com que os seres se tornem estagnados, ou até mesmo regridam a estados menos complexos de existência, o que, por si só, já é grande limitação e causa de problemas de saúde, como a depressão, por exemplo. Celebrar a autenticidade é, portanto, uma forma de celebrar a diversidade e o poder transformador presente na natureza e em toda existência. É poder mudar sem perder o propósito. Estar alinhado com seus valores e, conforme queira transformá-los também. O primeiro passo para a cura das cidades está na cura dos seres humanos. Em sua capacidade de reconhecer em si e no próximo suas potencialidades e o quão capazes são de se transformar, se adaptar, de aprender, de cooperar e de criar (bem como compreender que também podem destruir). Curando os elementos básicos do sistema, logo todo o tecido que forma a teia da vida estará regenerado, conseguindo conquistar o tão sonhado equilíbrio.

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