Avaliação ergonômica em uma Peixaria

August 13, 2017 | Autor: J. Tissot da Silv... | Categoria: Evaluation
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AVALIAÇÃO ERGONOMICA EM UMA PEIXARIA BINS ELY, Vera Helena Moro (1); TISSOT, Juliana Tasca (2); SIEBRA, Fernanda (3). (1) Universidade Federal de Santa Catarina, Doutora em Engenharia de Produção. e-mail:[email protected] (2) Universidade Federal de Santa Catarina, Mestranda em Arquitetura e Urbanismo. e-mail:[email protected] (2) Universidade Federal de Santa Catarina, Aluna de disciplina isolada do Pósarq. e-mail: [email protected] RESUMO O estudo consiste em uma análise dos postos de trabalho dos funcionários de uma peixaria localizada no Mercado Público da cidade de Florianópolis/SC. A pesquisa tem caráter qualitativo e a avaliação do ambiente é feita sob a ótica da ergonomia, utilizando métodos de observação e entrevista. Diversos problemas foram constatados, sendo prioritários os relativos ao layout. Recomendações gerais e específicas foram efetuadas para a peixaria avaliada.

ABSTRACT The study consists in an analysis of the workstation of employees in a fish market located in the Public Market at the city Florianópolis/ SC. The research has qualitative character and searches for an environmental evaluation from the ergonomics’ perspective. Several problems were identified, however, priority one´s concerns of layout design. New proposals and general recommendations for fish markets were suggested.

1.

INTRODUÇÃO

Este trabalho consiste em uma análise dos postos de trabalho dos funcionários de uma peixaria, localizada no Mercado Público de Florianópolis/SC. A maior parte das atividades realizadas exige que os funcionários fiquem constantemente na postura de pé e em contato com balcões frigoríficos, que emitem ar frio constantemente. Há queixas de constrangimentos tanto em relação ao ambiente físico quanto organizacional. Além disso, a profissão não está regulamentada pela CBO (Classificação Brasileira de Ocupações). Essa pesquisa tem por objetivo um melhor planejamento do espaço físico com foco no layout para, assim, melhorar as condições ambientais de realização das tarefas. A seguir será apresentado o objeto de estudo, métodos e técnicas adotadas na pesquisa, resultados alcançados e as recomendações para a peixaria analisada.

2.

OBJETO DE ESTUDO

O Mercado Público Municipal de Florianópolis (Figuras 1, 2 e 3) é um centro de comércio e edifício público histórico. O prédio é composto de duas alas, norte e sul, separadas por um vão central. No local acontece um variado comércio, além de outras atividades. Por sua tradição e centralidade urbana, o mercado público é um importante ponto de encontro e lazer da cidade, tanto para moradores quanto para turistas.

Figura 1 - Área externa. Fonte: ndonline.com.br

Figura 2 - Área interna. Fonte: litoraldesantacatarina.com

Figura 3 - Área externa. Fonte: flickr.com

A peixaria avaliada nesta pesquisa possui dois pavimentos numa área de 37m². O pavimento inferior, com 17 m², (Figura 4) funciona para atendimento ao público, limpeza e armazenamento de peixes e caixa para pagamento. O pavimento superior (Figura 5), com 20 m², possui um banheiro para funcionários, depósito e câmara fria. Nesse comércio trabalham nove funcionários, sendo 08 balconistas e 01 limpador de peixe. Funciona de segunda a sexta-feira, das 07 às 19 horas; sábado das 07 às 14 horas; e domingo das 07 às 12 horas.

Figura 4 - Planta baixa pavimento inferior. Fonte: Autores.

3.

Figura 5 - Planta baixa pavimento superior. Fonte: Autores.

MÉTODOS E TÉCNIAS

Foram utilizados os seguintes métodos: Pesquisa Bibliográfica, Visita Exploratória, Entrevistas Semiestruturadas com funcionários e clientes, Observação do Ambiente e Questionário Nórdico

(Kuorinka, 1987) com funcionários. A Análise Antropométrica (Iida, 2005) foi efetuada para simular e identificar constrangimentos nos funcionários durantes suas atividades. A pesquisa bibliográfica foi realizada para obter informações sobre a classificação da profissão e/ou normas regulamentadoras, porém, como exposto anteriormente, não foram encontradas classificações para a ocupação de balconista de peixaria. Buscou-se inicialmente conhecer o ambiente e os estímulos do meio a partir de visitas exploratórias, quando foi realizado levantamento físico-arquitetônico, registro com fotos e observações assistemáticas da rotina dos funcionários e clientes. Efetuou-se uma observação dos traços físicos que, segundo Zeizel (2006), serve para identificar como os usuários se comportam no ambiente a partir de vestígios deixados pelas atividades realizadas. Estes traços podem ter sido deixados no ambiente de forma consciente ou inconsciente. O autor os organiza em quatro categorias: produtos de uso (mostra como as pessoas utilizaram os ambientes para realizar alguma atividade), adaptações ao uso (mudanças que os usuários realizam para adequar o ambiente às suas necessidades), manifestações de identidade (consiste na apropriação, a partir da marcação do espaço, refletindo a identidade do usuário) e mensagens públicas (avisos que os usuários deixam nos ambientes para comunicarem-se com um grande número de pessoas). Para avaliar a percepção dos usuários em relação ao ambiente e obter dados sobre as tarefas e atividades que cada um realiza, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas com apoio de um formulário. O Questionário Nórdico (Kuorinka, 1987) auxiliou para compreender problemas musculoesqueléticos. Para obtenção de dados referente à percepção dos clientes sobre o espaço físico da peixaria foram realizadas entrevistas com apoio de formulário. Os métodos foram aplicados durante a realização das 04 visitas, com duração de meio período cada.  





Primeira visita: com o intuito de conhecer o ambiente físico e organizacional da peixaria, realizou-se levantamento métrico, fotográfico e observações assistemáticas dos funcionários; Segunda visita: foram feitas entrevistas com nove funcionários, durante o horário de expediente, pois não podiam ausentar-se do trabalho. As entrevistas tiveram apoio de um formulário com 15 perguntas relacionadas ao ambiente e as tarefas, e quando havia alguma dúvida, acrescentavam-se novos questionamentos. O Questionário Nórdico (Kuorinka, 1987) foi feito durante essas entrevistas, com 03 perguntas relacionadas a dores e desconfortos; Terceira visita: realizaram-se observações no ambiente para conferir se a tarefa informada pelos funcionários durante as entrevistas era realmente a tarefa realizada. Os traços físicos do ambiente foram observados e anotados em um formulário para posterior tabulação; Quarta visita: realizaram-se entrevistas com 50 clientes, com apoio de um formulário, com 11 perguntas iniciais, sendo acrescentadas outras em caso de dúvidas.

Após as visitas foram formuladas tabelas, plantas-baixas e elevações para organizar os dados obtidos sobre o ambiente, perfil dos funcionários, tarefas e atividades realizadas, além das Análises Antropométricas (Iida, 2005). 4.

RESULTADOS

Os resultados, a seguir, estão organizados segundo a relação usuário X atividades x ambiente, independentemente do método que possibilitou a obtenção dos dados. 4.1 Usuários Através das entrevistas com clientes, obtiveram-se as seguintes informações:  Faixa etária: entre 40 e 60 anos;  44% mulheres e 56% homens;  86% moradores da cidade e 14% turista. Os clientes foram questionados sobre sua percepção a respeito do espaço físico da peixaria. A maioria dos entrevistados considerou o ambiente agradável, sendo a única reclamação a falta de organização nos atendimentos em dias de maior movimento. Os dados dos funcionários, juntamente com suas funções, também foram obtidos através das entrevistas e são apresentados no Quadro 1. Quadro 1: Funcionários da Peixaria em estudo

População

Idade (anos)

Altura (m)

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

31 36 38 28 22 59 34 36

1,75 1,73 1,89 1,80 1,72 1,83 1,74 1,71

P9

38

1,65

FUNCIONÁRIOS Tempo de trabalho na função (anos) Função Peixaria Outras Nelson peixarias Santos 02 08 02 20 0,5 02 01 11 Balconistas 01 06 30 1,5 25 03 15 Limpador De peixe 02 13 Fonte: Autores.

Turnos (Manhã ou tarde = 06 horas ou Integral = 08 horas)

Manhã

Tarde

Integral

Os funcionários trabalham uniformizados. O limpador de peixe utiliza jaleco, calça, bota e avental branco (Figura 6); os balconistas utilizam apenas botas, calças e jalecos brancos (Figura 7). A única diferença entre as vestimentas dos funcionários é o avental que impede que o limpador de peixe se molhe. Este acessório, para os balconistas, se torna dispensável pois não tem contato direto com água.

Figura 6 - Limpador de peixe. Fonte: Autores.

Figura 7 - Balconista. Fonte: Autores.

4.2 Tarefas Com as entrevistas foram obtidas informações sobre as tarefas e as observações confirmaram que a tarefa prescrita corresponde à realizada, não havendo classificação da tarefa pela CBO. O trabalho é realizado na postura de pé, não existindo nenhum tipo de apoio nos horários em que não há clientes. A pausa é realizada em uma área adjacente ao Mercado Público, pois a peixaria não oferece um local que ofereça suporte social aos seus funcionários. Há pausas de 60 minutos unicamente para os funcionários que cumprem turno de 8 horas. O Quadro 2 mostra a tarefa de cada funcionário: Quadro 2: Funcionários x tarefas

Função

Turno

Balconista Balconista Limpador De peixe

Manhã Tarde Integral

FUNCIONARIOS X TAREFAS Tarefas Carregar Montar Vender Embalar mercadorias balcão X X X X X X X X

Receber pagamento X X

Desmontar balcão X X

Fonte: Autores.

Os funcionários relataram constrangimentos por contas das tarefas realizadas. O Questionário Nórdico (Kuorinka, 1987) ajudou a identificar estes problemas e conclui-se pela predominância de queixas na região lombar e nos membros inferiores, no caso dos balconistas, conforme Figura 8.

Figura 8 - Constrangimentos balconistas Fonte: Autores.

Figura 9 - Constrangimentos limpador peixe. Fonte: Autores.

No caso do limpador de peixe (Figura 9), as queixas dizem respeito à região lombar e membro superior esquerdo, por ele ser canhoto e repetir o mesmo movimento inúmeras vezes durante seu expediente. Para as análises antropométricas, consideramos apenas o posto de trabalho do balconista. O relato do limpador de peixe é que seu posto de trabalho está adequado para a realização de sua tarefa. Ao observar, nota-se que os constrangimentos estão relacionados à forma como sua tarefa é organizada e não com o espaço físico. Essa atividade quase não possui pausas e os movimentos são repetitivos. Neste caso, o indicado seria uma análise ergonômica na organização da tarefa, não sendo o foco desta pesquisa. Para as análises antropométricas, utilizamos os balconistas de menor e maior estatura (1,71 e

1,89 m), onde as dificuldades mais recorrentes e críticas observadas são relacionadas ao balcão expositor. O funcionário de menor estatura (Figura 10) tem problemas em visualizar, conversar com os clientes e alcançar a balança, ficando geralmente na ponta dos pés e esticando os braços, o que resulta em uma sobrecarga nos membros superiores e inferiores. O funcionário de maior estatura (Figura 11) não tem problemas de alcance na balança ou de visualizar os clientes, conforme simulação estática. Seu ponto crítico refere-se ao braço, pelo movimento repetitivo de pesar os pescados, após a escolha dos clientes.

Figura 10 - Menor estatura Fonte: Autores.

Figura 11 - Maior estatura. Fonte: Autores.

O acesso às mercadorias, que ficam dentro do balcão expositor, geram constrangimentos aos balconistas. Como o balcão é muito profundo e a abertura é pequena, o funcionário de maior estatura (Figura 12) se inclina para alcançar os produtos, e como realiza este movimento diversas vezes ao dia, o problema se intensifica. O balconista de menor estatura (Figura 13) não sofre tantos constrangimentos para realizar esta tarefa. Os dois funcionários repetem os movimentos constantemente, o que gera desconforto.

Figura 12 - Maior estatura. Fonte: Autores.

5.

Figura 13 - Menor estatura. Fonte: Autores.

AMBIENTE

A partir das visitas exploratórias, levantamento métrico, fotográfico e observações, identificamos características relativas ao ambiente físico da peixaria que estavam dificultando a realização das tarefas dos funcionários, trazendo conflitos de fluxos, além da falta de privacidade,

suporte social, controle do ambiente e distrações positivas. A seguir, destacam-se os problemas em relação a estes 06 aspectos, relacionando-os, quando possível, com os traços físicos de duas categorias – produtos do uso e adaptações ao uso - segundo Zeisel (2006). Realização de Tarefas: 

A área do caixa (Figuras 14 e 15) ocupa espaço desnecessário prejudicando a circulação dos balconistas, relacionando-se com a categoria produtos do uso de Zeisel (2006), pois observa-se que a banqueta danificou tanto a grelha plástica como riscou a parede ao fundo. O granito que reveste o caixa também está com desgaste devido ao uso. Esta categoria produtos do uso nos mostra o que os usuários ocasionam nos ambientes durante a realização de suas tarefas.

Figura 14 - Caixa. Fonte: Autores.



O balcão expositor (Figura 16) está mal conservado e sem manutenção. O piso de cerâmica é coberto com grelhas plásticas (Figura 17) para isolar o contato da água - que cai dos balcões - com os pés dos funcionários, porém devido ao mau dimensionamento destas grelhas, isso não ocorre. Ambos os casos, enquadram-se na categoria produtos do uso devido ao desgaste tanto do balcão quanto das grelhas, produzidos pelos usuários.

Figura 16 – Balcão expositor. Fonte: Autores.



Figura 15 - Caixa. Fonte: Autores.

Figura 17 – Grelhas plásticas. Fonte: Autores.

Não há armários para guardar materiais de limpeza, isopor e jornais (Figuras 18 e 19) obrigando os funcionários adaptar locais para este fim. Enquadram-se na categoria adaptações ao uso. Observa-se a colocação dos materiais acima da câmara fria e também sacos de jornais no piso por não ter um espaço adequado para guardá-los.

Figura 18 – Ausência de armários. Fonte: Autores.

Figura 19 – Ausência de armários. Fonte: Autores.



Outros: Não há E.P.I´s para acesso à câmara fria, o que pode prejudicar a saúde dos trabalhadores.

Privacidade: 

Banheiro dos funcionários não possui porta (Figura 20) e falta espaço para troca e armazenamento de roupas (Figura 21). Associam-se a categoria adaptações ao uso. Os funcionários precisam colocar caixas no acesso ao banheiro para que ninguém entre e por possuir uma lateral em vidro – fachada da loja – também são obrigados a colocar uma proteção para não serem vistos enquanto usam o espaço. Na Figura 22 notam-se roupas penduradas nos equipamentos devido à ausência de armários apropriados.

Figura 20 – Bwc Funcionários. Fonte: Autores.

Figura 21 – Troca de Roupas. Fonte: Autores.

Suporte Social: 

Não há espaço para descanso de funcionários.

Distrações positivas: 

Ausência de som ambiente ou televisores.

Controle do ambiente 

No inverno os funcionários devem agasalhar-se para se proteger do frio dissipado pelos balcões.

Fluxos: 

No pavimento inferior (Figura 22), para o acesso à loja, o elevador dificulta a circulação, passando apenas uma pessoa por vez. A mesa onde os peixes são embalados atrapalha a circulação, tendo os balconistas que se revezar para realizar esta tarefa. Esses conflitos de fluxo geram produtos relacionados ao uso, como por exemplo, o desgaste da pedra próxima à entrada da loja do balcão expositor.



No pavimento superior (Figura 23), não foram identificados conflitos de fluxo visto que sobe um funcionário por vez pelo elevador.

Figura 22 – Pavimento Inferior. Fonte: Autores.

Figura 23 – Pavimento Superior. Fonte: Autores.

6.

DISCUSSÃO

Considerando as respostas encontradas nas entrevistas, observaram-se aspectos ambientais e comportamentais referentes aos funcionários que foram comparadas com as avaliações feitas a partir da observação das pesquisadoras, conforme apresentadas no Quadro 3. De maneira geral, os funcionários percebem o ambiente de forma positiva. No entanto, na avaliação das pesquisadoras, alguns aspectos são muito constrangedores para a realização das atividades de forma segura e confortável, e relacionam-se prioritariamente ao layout. Os demais dizem respeito à temperatura do ambiente e à inadequação do mobiliário e equipamentos. Quadro 3: Pontos positivos e negativos do ambiente Positivo Negativo ASPECTOS Percepção do ambiente

Equipamentos

FUNCIONÁRIOS - Boa relação entre os funcionários. - Consideram o ambiente agradável.

- Balcão expositor muito profundo com janela de acesso pequena e parte inferior não é utilizada, pois não funciona. - Elevador de acesso ao pavimento superior em má conservado e sem proteção. - Não lavam as mãos entre os atendimentos, pois não há pia próxima dos locais de atendimento. - Grelhas plásticas não isolam a água do piso. - Ausência de materiais adequados para dividir as mercadorias no balcão expositor.

- No inverno sofrem com o ar frio dissipado pelos balcões. Temperatura - Ruído das maquinas não atrapalham.

PESQUISADORAS - Há boa relação entre os funcionários. - Ambiente é agradável, porém há constrangimentos na realização das tarefas devido aos equipamentos e fluxos cruzados. - Balcão expositor muito profundo com janela de acesso pequena, parte inferior não funciona prejudicando o trabalho dos balconistas. - Elevador de acesso ao pavimento superior em má conservado e sem proteção para funcionários. - Falta de local apropriado para higienizar as mãos após os atendimentos. - Grelhas plásticas não isolam totalmente a água do piso, muitas vezes molhando os funcionários. - Ausência de materiais adequados para dividir as mercadorias no balcão expositor. - Ausência de EPI para acesso à câmara fria. - Balanças muito alta e com números pequenos dificultando o trabalho dos balconistas e visibilidade dos clientes. - Ausência de calha coletora da agua dos balcões. - A falta de controle do ambiente ocasiona incomodo aos funcionários, pois nem sempre ficam em conforto devido ao frio emitido pelos balcões. - Ausência de condicionadores de ar. - O ruído das máquinas é incomodo,

Ventilação

- Ruído da movimentação das pessoas pelos corredores do mercado não atrapalha e é considerada uma distração. - Bem arejado.

Iluminação

- Suficiente.

Mobiliário

- Mesa para embalagens é pequena dificultando a tarefa dos balconistas.

Ruído

- Bem arejado. - Iluminação natural e artificial é adequada de forma geral.

- Falta de privacidade no banheiro.

Outros aspectos

mas os funcionários se acostumaram.

- Falta de espaço para descanso quando não há clientes. - Ociosidade quando o fluxo de clientes é menor. - Espaço inadequado para troca de roupas.

- Mesa embalagem pequena dificulta a realização das tarefas. - Falta privacidade no banheiro dos funcionários por não existir porta e ter uma pele de vidro que se situa para o corredor do mercado público. - Ausência de bancos no pavimento inferior para os balconistas quando não há clientes. - Quando não há clientes, ficam apoiados nos balcões conversando entre si. - Espaço para troca de roupas sem porta.

Fonte: Autores.

Analisando a tabela acima, identifica-se uma mesma percepção entre pesquisadores e funcionários em relação a muitos aspectos do ambiente. Aqueles percebidos exclusivamente pelas pesquisadoras pode revelar que os funcionários, por já estarem acostumados com o ambiente, não percebem os fatores que alteram ou prejudicam a realização de suas atividades. Essa observação é importante, pois o funcionário não deve se adaptar a uma situação que cause constrangimento, e sim o ambiente estar adaptado às suas necessidades. 7.

RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES

Após as análises e tabulação dos dados, foram propostas recomendações para a melhoria do posto de trabalho do balconista e realização da tarefa. As sugestões e queixas por parte dos usuários foram confirmadas pelos pesquisadores através das observações. É importante destacar que a boa relação entre os funcionários colabora para que a rotina não seja tão exaustiva. Pelo ponto de vista dos pesquisadores, mesmo num espaço físico restrito, a alteração do posicionamento de equipamentos e a otimização da circulação, tornaria o espaço mais agradável e mais funcional para os balconistas. As alterações relativas ao layout são apresentadas nas Figuras 24 e 25. O Quadro 4 relaciona os problemas encontrados com as soluções propostas. Ressalta-se que algumas diretrizes propostas para este espaço também servem para projetos futuros de outras peixarias.

Figura 24 - Alteração pavimento inferior. Fonte: Autores.

Figura 25 - Alteração pavimento superior. Fonte: Autores.

Quadro 4: Problemas x recomendações PROBLEMAS DIAGNOSTICADOS - Dores nas pernas por ficar muito tempo em pé. - Balcão com portas quebradas refrigeram a parte inferior da loja causando desconforto nas pernas dos balconistas; - Balcão é muito profundo com abertura pequena; - Ausência de local para atender pessoas de baixa estatura, cadeirantes e idosos. - Falta de espaço para higienização dos funcionários após atendimento e cobrança. - Grelha plástica que cobre o piso está danificada. - Acúmulo de sujeiras entre a circulação dos balconistas e a área de limpeza dos peixes. - Ausência de local para estoque de sacola, isopor e jornais. - Falta de EPI´s para acesso à câmara fria. - Elevador dificulta acesso à loja e prejudica a circulação; - Elevador sem proteção e com muito ruído.

- Ociosidade em dias de menor movimento. - Caixa ocupando muito espaço e sendo pouco utilizado. - Balanças para pesagem muito alta e com números pequenos, impossibilitando o cliente de enxergar o peso. - Conflitos no atendimento de clientes nos dias de maior movimento. - Problemas na circulação dos funcionários em dias de maior movimento. - Peixaria não oferece local para descanso e para refeições. - Banheiro sem privacidade.

RECOMENDAÇÕES Instalação de banco para descanso (01). - Troca do balcão expositor com áreas para instalação de balanças de bancada (02). - Criação de uma área mais baixa no balcão para atendimento especial (03).

- Instalação de uma pia próximo ao caixa (04). - Troca das grelhas plásticas por material mais resistente (05). - Colocação de calhas coletoras (06). - Colocação de prateleiras para estoque (07). - Instalação de um suporte para colocação dos EPI´s para acesso à câmara fria (08). - Rotação do elevador para ocupar menos espaço na área de acesso à loja (09); - Isolar motor do elevador e colocar grade de proteção em volta da plataforma de transporte (10). - Instalação de som ambiente (11). - Otimização da área do caixa (12). - Troca das balanças suspensas balanças digitais de bancada (13).

por

- Instalação de senhas para atendimento (14). - Layout livre (15).

- Colocação de mesa e cadeira no pavimento superior para os funcionários (16). - Instalação de porta e chuveiro (17).

- Espaço inadequado para troca de roupa dos funcionários. - Mesa de embalagem atrapalha circulação entre os balconistas. Sobre ergonomia: - Dificuldade para leitura dos preços das mercadorias.

- Instalação de um trocador de roupa com armários para os funcionários (18). - Substituição da mesa (19).

- Instalação de novas placas com números maiores e padronizados. Fonte: Autores.

8.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa foi desenvolvida com foco principal na análise das atividades do balconista de peixaria, identificando possíveis problemas na realização das tarefas devido ao ambiente físico. Mesmo que durante as entrevistas os funcionários demonstraram, de forma geral, satisfação; as observações realizadas permitiram descobrir vários problemas e solucioná-los com a remodelação do layout e instalação de equipamentos novos. Os métodos mais eficazes utilizados na pesquisa foram as entrevistas e as observações. Através das entrevistas, feitas com o apoio de um formulário, compreendeu-se a organização da peixaria e identificaram-se as rotinas e tarefas. As observações comprovaram o que foi relatado, além de aproximar os pesquisadores do objeto de estudo, como por exemplo, identificar os constrangimentos aos quais estão relacionados, sendo neste caso o balcão expositor o principal problema. As observações dos traços físicos segundo Zeisel (2006) contribuíram para identificar a usabilidade dos espaços e pensar nas possíveis mudanças projetuais baseadas em como os funcionários estavam utilizando o espaço. Conseguiu-se identificar os problemas e fazer recomendações para que o espaço se adapte às necessidades dos usuários. Essa pesquisa serviu para levantar questionamentos sobre o posto de trabalho dos balconistas, oferecendo novas possibilidades projetuais para peixarias com base nas avaliações ambientais. Dada à importância do Mercado Público como um local atrativo, recomenda-se que futuras pesquisas analisem as áreas de circulação geral dos clientes nessa edificação. 9.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação Brasileira de Ocupações. Disponível em: , acesso em 09 nov. 2013. IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo. Edgar Blucher, 2005. KUORINKA, I; JONSSON, B; KILBON, A.; BIERING-SORENSEN, F.; ANDERSSON, G; VINTERBERG, H.; JORGENSEN, K. Standardized Nordic Questionnaires for the Analysis of Musculoskeletal Symptoms. Applied Ergonomics, v. 18, n. 3, p. 233-37, 1987. ZEISEL, John. Inquiry by Design: Environmental/ Behavior/ Neuroscience in Architecture, Interiors, Landscape and Planning. New York, 2006.

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