Avaliação de Tecnologias web 2.0 para interfaces com cidadãos - Projeto Pensando o Direito

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Descrição do Produto

Ministério da Justiça SECRETARIA DE ASSUNTOS LEGISLATIVOS - SAL PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD

Projeto Pensando o Direito – SAL / PNUD PRODOC BRA/07/004 Consultoria PNUD – Produtos Previstos

Produto 01 Relatório da Avaliação de Tecnologias web 2.0 para interfaces com usuários

Brasília, 01 de dezembro de 2010

À SECRETARIA DE ASSUNTOS LEGISLATIVOS Dr. Felipe de Paula Secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça Tel.: 61 2025-3114 e-mail: [email protected]

Ref. Relatório conclusivo sobre a investigação do panorama atual de tecnologias de portais web 2.0 utilizados para publicação de conteúdos e interação com usuários Em consonância com os objetivos e Cronograma previstos no âmbito do projeto BRA/07/004: Democratização de Informações no Processo de Elaboração Normativa, firmado entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça (SAL), a consultora abaixo subscrita vem, por meio deste, apresentar Relatório conclusivo sobre a investigação do panorama atual de tecnologias de portais web 2.0 utilizados para publicação de conteúdos e interação com usuários, configurados como produto 1 da consultoria técnica em Design de Interfaces para especificação e desenvolvimento de sites no âmbito do Projeto Pensando Direito da SAL Na certeza de poder colaborar, sistematicamente, para o cumprimento das ações propostas, coloco-me a disposição para quaisquer esclarecimentos. Atenciosamente,

Yasodara Maria Damo Córdova Consultora PNUD - Design de Interfaces para especificação e desenvolvimento de sites no âmbito do Projeto Pensando Direito da SAL/MJ

1. Apresentação Este relatório é parte da consultoria para o projeto Pensando o Direito (BRA/07/004) que tem como objetivo possibilitar que publicações relativas ao projeto Pensando o Direito se tornem parte de um acervo público na rede, para que publicações e produtos das pesquisas acadêmicas possam ser discutidos e expostos na web, tanto para expor e qualificar o trabalho da Secretaria de Assuntos Legislativos, quanto para incentivar e possibilitar o debate entre cidadãos e as instituições, bem como fomentar a participação pública na construção legislativa. A finalidade dessa consultoria é estabelecer os parâmetros para a construção de uma metodologia para a concepção e desenvolvimento de interfaces aplicável ao projeto Pensando o Direito, de modo a definir uma plataforma que estimule o debate. Essa plataforma web 2.0 vai permitir a publicação, em uma linguagem própria da internet, de todo o material relativo ao projeto Pensando o Direito, além de construir um espaço que seja convidativo à contribuição e interação dos visitantes. O trabalho do consultor visa facilitar o processo documentando tudo para posterior internalização dessa tecnologia na infraestrutura de Tecnologia da Informação do Ministério da Justiça. Atendendo-se aos requisitos da arquitetura e-PING - Padrões de Interoperabilidade de Governo Eletrônico, publicada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o desenvolvimento deve observar a adoção preferencial de padrões abertos e a priorização do uso de software público e/ou software livre. 2. Introdução Não existe um conceito consolidado sobre o que é a web 2.0. A velocidade das mudanças dentro do contexto de rede permite que definições sejam sugeridas e que as metodologias de trabalho com redes sigam padrões mistos e extremamente voláteis, dada a organização dinâmica dos grupos que partem da web. Cabe ressaltar que a experiência de interatividade em rede está extremamente ligada à impressão visual. O foco no design da experiência é importante porque a saturação dos usuários aos estímulos não pertinentes, conseqüência do diálogo visual inexistente e falta de adaptação de

discurso ou mesmo de pertinência visual da informação não provoca e ainda desestimula o debate. Sendo assim, a plataforma de produção do mesmo deve permitir a implementação de recursos de design de interação completos e integrados. Segundo Tim O'Reilly1, “a regra mais importante da web 2.0 é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem interativos”. Estes efeitos são conhecidos por serem provocados por ferramentas que possibilitam alta capacidade de interferência e participação de usuários e comunidades em rede. O objetivo dessa consultoria é transformar as redes sociais em espaços para canais de colaboração no processo de construção legislativa, aproveitando o potencial da internet 2.0 para a participação pública em rede, de modo pioneiro e integrado aos contextos acadêmicos nos quais os temas tratados pelo projeto estão inseridos. 2. As escolhas de gerenciamento de conteúdo e interação Estas características da web 2.0 direcionam as escolhas tecnológicas para ferramentas que permitem o gerenciamento dos conteúdos e interação de modo rápido e por usuários iniciantes, além disso, é necessário também que o aplicativo para gerenciar conteúdo online seja customizável, replicável, flexível, modular e disponha de possibilidades de comunicação, via código, com outras aplicações da nuvem. A resposta às demandas precisa ser ágil e constante, visto que sistemas web 2.0 pressupõem participação quase em tempo real e ininterrupta. Sendo assim, o presente relatório pretende analisar as principais tecnologias disponíveis do ponto de vista do design de experiência e interfaces, levando em conta também o produto 01 do consultor Thiago Bezerra, que pretende analisar as ferramentas do ponto de vista do desenvolvimento. A decisão final sobre o sistema de gerenciamento de conteúdo deve ser fundamentada em ambos os documentos. CMS é a sigla para Content Management System e define um conjunto de funções que permite ao usuário gerenciar a publicação de dados em diversos formatos na internet - vídeo,

1

OREILLY. "What Is Web 2.0". Sobre fundamentos e desenvolvimento da rede. Apresenta conteúdo acadêmico. Disponível em: . Acesso em: 01 dez 2010

áudio, texto, imagem etc. As principais funções de um CMS, do ponto de vista do design, são facilitar e organizar a publicação. Os gerenciadores de conteúdo são escritos em linguagens de programação. A maioria apresenta a possibilidade de customizar toda ou parcialmente a interface que vai aparecer no browser para o usuário final, a qual se dá o nome de front-end. O front-end de um site é construído com HTML, que é uma marcação para que se trabalhe a imagem e a identidade com CSS - o conjunto de regras que define os parâmetros para exibição de conteúdo. O php é uma linguagem que foi muito utilizada para a construção de gerenciadores de conteúdo. Tem como vantagem o fato de ter mais representatividade entre programadores. É uma linguagem de programação que surgiu da necessidade de construção de páginas dinâmicas na web - Personal Home Page Tools. Pelo seu caráter de construção menos estruturada tem alta adesão entre programadores iniciantes ou amadores. Também por estar bastante pulverizada em fóruns de discussão é uma linguagem que circula bem entre designers e programadores de interface. A resolução de problemas de modo rápido, é uma vantagem sobre outros gerenciadores, bem como a edição do código via browser, com alterações em tempo real. Já python é a linguagem base de ferramentas utilizadas com freqüência em portais governamentais, como por exemplo o Brasil.gov.br, que utiliza o CMS Plone. Seguem exemplos de sites realizados nas ferramentas supracitadas:

Exemplo 1: Site do Repórter Brasil Online: Django

Exemplo 2: Site do Ministério da Cultura: wordpress

Exemplo 3: Site do Ministério da Educação: joomla

Exemplo 4: Site em Plone (Plone)

Todos os CMS utilizados podem ser customizados de modo livre, no entanto, alguns se sobressaem em alguns pontos com relação às opções de interatividade. O Wordpress já vem preparado para que os plugins sejam adicionados facilmente, via FTP, pelo browser, o que permite alta velocidade na resposta às demandas imediatas e mudanças inerentes ao meio. O

Plone e o Joomla são mais burocráticos com relação a essa questão, pois ambos apresentam interfaces administrativas que separam o que existe por trás do Software do que vai aparecer na tela do computador. A manipulação e visualização feita desse modo tente a duplicar o trabalho, uma vez que o usuário precisa abrir e fechar várias abas quando está executando o serviço. O Django, no entanto, exibe a interface mais amigável, embora o sistema de organização dos templates seja mais complexo. Atendendo também aos requisitos do documento de Referência da e-PING – Versão 2011: "o desenvolvimento deve observar a adoção preferencial de padrões abertos e a priorização do uso de software público e/ou software livre" está o CMS "Wordpress", que é software livre e parte da plataforma "Xemelê", disponibilizada pelo Ministério da Cultura. A comunidade "Xemelê", que foi batizada desse modo por ter suas bases assentadas sob o conceito do XML (Extensible Modeling Language), tem como foco principal a interatividade e a preocupação com a cultura de uso do internauta. "(...) o xemelê faz o link das máquinas, dos softwares, das inteligências artificiais que se estendem e descolam do ser humano. Máquinas que não conversam entre si não agregam valor para a comunidade. A sociedade da colaboração exige esta conversação." 2 Esta comunidade tem 4.297 membros ativos dentro do Software Público e se mescla com toda a comunidade de desenvolvedores do Wordpress, uma das maiores comunidades de usuários e desenvolvedores de Software Livre do mundo. A rede "Culturadigital.br", que hospedou o debate sobre o Marco Civil da internet, apresenta hoje cerca de 3.000 usuários que mantém blogs e tem como um dos objetivos desde a sua criação a "discussão de políticas públicas para a Cultura Digital"3. Dessa forma, percebe-se seu potencial para sediar discussões relevantes, no que tange à interatividade e direcionamento, uma vez que os participantes já estão presentes pelo caráter de construção política através da colaboração e diálogo. Além disso, a rede foi citada

DIMANTAS, Hernani. Marketing Hacker. 1a ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2003. Rede Cultura Digital. Rede para debate e construção de políticas concernentes à cultura digital no Brasil. Software Livre. Disponível em: . Acesso em: 01 nov 2010 2 3

como um dos melhores projetos usando Wordpress do mundo 4, além de ter sido premiada na edição de 2010 do Prix Ars Electronica5, o que mostra que é um projeto sólido e de resultados satisfatórios. 3. As escolhas de interação Uma vez que é possível traçar um paralelo entre o desenvolvimento em comunidades rurais frente à globalização6 e o modo endógeno como as relações acontecem dentro de nichos específicos da rede, pode-se assumir que desde que exista respeito à identidade local, o estímulo de conteúdo externo continua e é assimilando sendo transformado em algo legítimo e interno. As escolhas de interação e ferramentas de movimentação e diálogo estão intrinsecamente ligadas às redes sociais. Dentro das redes as interações e seu desenvolvimento entre os indivíduos acontecem de modo endógeno, em comunidades ou redes dentro de redes, que podem ser trackeadas por assuntos específicos, por exemplo, tendo suas relações mapeadas por tipos de atividade. As escolhas de interação, do ponto de vista do design, devem ser incorporadas ao quotidiano das redes de modo a respeitar as interações como atos de comportamento e cultura, uma vez que podem ser consideradas ambientes semi-fechados de interação que tem em suas aplicações de interoperabilidade os meios de acesso a outras redes e pontos (sites, por exemplo). Assim esta consultora pôde analisar e extrair o que há de essencial nas metáforas utilizadas nas redes sociais, para que se sigam padrões que tornem o design assimilável e pertinente ao contexto da discussão, dentro das redes sociais. Entender como funcionam estas redes é permitir que a experiência interna possa ser reaproveitada para que o debate advindo seja Memeburn. Notícias sobre o universo da tecnologia. Disponível em: . Acesso em: 06 jan 2011 5 Ministério da Cultura. Notícias sobre as ações do ministério da Cultura. Disponível em: . Acesso em: 01 nov 2010 6 GUZMÁN CASADO, G.I., GONZÁLEZ DE MOLINA, M. & SEVILLA GUZMÁN E. (Coord.) (2000) Introducción a la Agroecología como desarrollo rural sostenible. Madrid: Mundi-Prensa. 4

continuidade do que ocorre internamente às redes. É importante destacar, dentro deste contexto de pertinência, as metáforas assumidas para tornar o design do sistema todo consistente com a realidade não virtual dos participantes da rede. Tal ato pode ser considerado como a base para o início da construção do diálogo de identidade entre usuários e sistema, que deve ser reconhecido como um ambiente natural. As principais redes em uso aplicam metáforas bastante conhecidas, listadas abaixo: Facebook – Metáfora do “muro pessoal” Twitter – Metáfora do status pessoal Orkut – Álbum de fotos, livro de pessoas Identi.ca – Metáfora do status pessoal O uso de plugins que conectem essas ferramentas conservando o design e a experiência nativa das aplicações é aconselhável. Criar nova experiência para um site que tem por objetivo conectar e qualificar discussões em rede não é uma escolha eficiente, uma vez que a mente do usuário já está acostumada com o ambiente no qual realiza os seus debates no dia-a-dia. 4. Elementos estruturais de interface Para a composição do código da interface, ou seja, do HTML + Css dos sites recomendase o uso de um grid. Em design, chama-se grid a "malha criada e utilizada para demarcar e organizar proporções entre futuras localizações"7. Esta malha define a harmonia visual que existirá entre os espaços em branco e a "mancha gráfica" do conteúdo. Além disso, o grid pode colaborar para que código da interface obedeça aos padrões do W3C 8, importante para que os sites atendam às exigências mínimas para os padrões de acessibilidade e usabilidade mundiais. A escolha por um grid pré-definido para o uso no projeto se justifica pela existência do grid áureo, conhecido também como “960 golden grid”, utilizado pela Google e outras grandes 7

Revista WIDE. A revista dos profissionais de internet. Apresenta conteúdo para desenvolvedores e designers da internet. Disponível em: . Acesso em: 14 out 2010 8 W3c Consortium. Disponível em: . Acesso em: 23 out 2010

empresas de comunicação como base para seus wireframes. Além de estar disponível na rede, o grid é baseado na proporção áurea, o que o torna extremamente modular e flexível, além de visualmente harmônico. A possibilidade de intercambiar elementos do front-end sem perder a proporção entre os espaços e a largura das colunas é interessante do ponto de vista da legibilidade e do ritmo de leitura, que não ficarão prejudicados. A rápida adaptação a novos elementos também é uma vantagem, uma vez que as interações "in near real time" com freqüência são exigentes quanto ao surgimento de elementos surpresa durante o processo de crescimento e povoamento de um site/portal. A partir desses levantamentos realizados, buscar-se-á no segundo produto desta consultoria, traçar as diretrizes e metáforas para identidade visual, estabelecendo os paralelos necessários de acordo com a disponibilidade de aplicações de interoperabilidade entre sistemas e redes, aplicando-se o grid escolhido às interfaces que serão construídas.

Brasília, 01 de dezembro de 2010

Yasodara Maria Damo Córdova Consultora PNUD

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