Bandwagon online: O debate das pesquisas eleitorais de 2014 através do Facebook de mídias tradicionais

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BANDWAGON ONLINE: O debate das pesquisas eleitorais de 2014 através do Facebook de mídias tradicionais BANDWAGON ONLINE: The debate of presidential polls on traditional media Facebook fanpages in 2014 Jaqueline Kleine Buckstegge1 Ricardo Dantas Gonçalves2 Resumo: Ao analisar a produção de mídias tradicionais através de sua integração com redes digitais, cabe a discussão sobre aspectos do comportamento dos internautas e do debate público online dentro dos enquadramentos específicos. No entanto, quando da divulgação de pesquisas eleitorais, existe possibilidade maior de espaço para cada ator político na produção de notícia, sendo sua valência por vezes mais relacionada ao mundo off-line do que a decisões editoriais. Partindo deste cenário, o presente trabalho buscou analisar os comentadores e sua produção nas postagens sobre corrida eleitoral de dez jornais distintos, através das páginas destes do Facebook. Foram observadas as variáveis forma e reciprocidade do comentário e a hipótese principal do trabalho era de que, em postagens de corrida eleitoral, exista uma relação forte e positiva entre construções de comentários persuasivos e predominância de elogio ao candidato citado. Além da confirmação de tal hipótese, o trabalho também verificou equilíbrio entre comentários de crítica e elogio aos candidatos, mesmo com vantagem nas pesquisas, e predominância de “progresso” no discurso dos comentadores. Palavras-Chave: Bandwagon. Pesquisa Eleitoral. Facebook. Abstract: By analyzing the production of traditional media through its integration with digital networks, it is appropriate to discuss aspects of behavior of Internet users and online public debate within specific frameworks. However, with the focus on electoral polls, there is greater space for each political actor in news production, with its valence sometimes more related to the offline world than the editorial decisions. Based on this scenario, the paper seeks to analyze the commentators and their production in posts about the horse-racing in ten different newspapers’ Facebook funpages. The variable “form” and “reciprocity” were explored and the main hypothesis of the study was that, in the horse-racing posts, there is a strong positive relationship between buildings persuasive comments and predominance of praise to said candidate. In addition to confirming this hypothesis, the study also found balance between reviews of criticism and praise the candidates, even with advantage in the polls, and predominance of "progress" in the discourse of commentators. Keywords: Bandwagon. Electoral Poll. Facebook.

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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná. Bolsista CAPES e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (PPGCP-UFPR), [email protected]. 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná. Bolsista CAPES e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (PPGCP-UFPR), [email protected]

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1. Introdução A discussão sobre campanhas eleitorais no Brasil ganha, a partir da regulamentação de redes sociais digitais enquanto ferramenta política, uma nova dimensão analítica. O debate na literatura internacional sobre este aspecto específico do ambiente online ganhou muito destaque a partir da estratégia democrata nas eleições americanas de 2008, onde a campanha de Barack Obama conseguiu integrar a utilização de ferramentas já consolidadas para finalidades mercadológicas ao objetivo de aproximar o eleitor do candidato, maximizando os resultados de tais recursos (GOMES et al., 2009). A internet vem sendo tratada pelas pesquisas recentes como, ao menos, espaço adicional para a expressão política ou forma de comunicação alternativa à sociedade civil (GOMES, 2005). Dentro do ambiente eletrônico as redes sociais são meios pelos quais seus participantes são livres para expor crenças políticas, defender candidatos, interagir direta e indiretamente com outros internautas sobre questões políticas e debater suas opiniões por uma variedade de formatos – como os comentários em páginas abertas. Com esse pano de fundo, o problema que motiva este trabalho é entender como o internauta se comporta quando exposto à realidade eleitoral por ferramentas digitais, especificamente as páginas públicas da mídia tradicional no Facebook, e como este aspecto de representação de opinião pública influencia o posicionamento do internauta, tratado pela literatura como bandwagon effect (MARSH, 1985), e já analisado no ambiente off-line por Mutz (1992), Nadeau, Clotier e Guay (1993), Sonck e Loosveldt (2010). Esforços para analisar o comportamento dos indivíduos online condicionados pelo agendamento convencional da mídia já foram concretizados por trabalhos que utilizam como objeto, principalmente, os portais oficiais dos principais grupos de produção de notícia. (ALTHAUS; TEWKSBURY, 2000; CERVI; MASSUCHIN, 2013; CERVI, 2013; SOUSA, 2014). Aqui o recorte parte do Facebook, foram analisadas as postagens caracterizadas como “corrida eleitoral”, nas quais a notícia apresenta a posição de algum dos candidatos em relação a pesquisas eleitorais (Mutz, 1995, p.

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1015), observando três jornais nacionais e oito jornais locais, dentre os meses de julho a setembro de 2014, que citaram pelo menos uma das três principais candidaturas à presidência: Dilma Rousseff, Aécio Neves, Eduardo Campos/ Marina Silva. Na eleição de 2014, a análise de corrida eleitoral demonstrou ter relevância principalmente pelas diferenças reduzidas de intenção de voto entre os principais candidatos, cenário que ficava ainda mais intenso quando analisados apenas primeiro e segundo lugar. A eleição girou, majoritariamente, em torno de três partidos: PT, PSDB e PSB. E quatro candidatos: i) Dilma Rousseff, representante do PT, buscava a sua reeleição e quarto mandato do Partido Trabalhista no governo federal; ii) Aécio Neves, do PSDB, ex-governador do estado de Minas Gerais, pleiteava pelo retorno de seu partido ao governo que se encontra fora da presidência desde o governo FHC (2002); iii) Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, era candidato forte na região nordeste e representava o PSB até sua morte, em 13 de agosto de 2014, em um acidente de avião; iv) Marina Silva assume a disputa e o “legado” de Campos pelo PSB, a candidata é ex-ministra do meio ambiente e já tinha disputado a presidência em 2010. Nas pesquisas eleitorais, a disputa pelo segundo turno da eleição foi, durante quase todo o período analisado, majoritariamente entre as candidatas Dilma Rousseff e Marina Silva, sendo que o momento de virada, em que o candidato Aécio Neves ficou em segundo lugar na corrida3, e conseguiu assim seu lugar no segundo turno, ocorreu apenas na última semana anterior ao pleito. A hipótese principal do trabalho é de que, em postagens de corrida eleitoral, exista uma relação forte e positiva entre construções de comentários persuasivos e predominância de elogio ao candidato citado 4, visto que dentro destas postagens abre-se um espaço para tentativa de convencimento de eleitores indecisos. Este convencimento, dentro do conceito de bandwagon, é analisado apenas observando 3

Tal observação é feita a partir do momento em que Marina Silva se torna candidata oficial, visto que, enquanto a candidatura do PSB era encabeçada por Eduardo Campos, Aécio Neves ainda se mantinha em segundo lugar nas pesquisas. 4 A hipótese construída teve inspiração nas teorias de Bandwagon. No entanto, por limitações da pequisa, não foi possível neste trabalho a análise de conteúdo das publicações, que permitiria uma avaliação mais assertiva a respeito do posicionamento dos comentadores em relação a quem deteve valência positiva nos postagens.

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as porcentagens e posicionamento dos candidatos nas pesquisas como forma de fornecimento de informação. No entanto, com as novas possibilidades de observação de interação que as redes digitais proporcionam, o trabalho busca ampliar o conceito para a relação entre indivíduos dentro do debate online, nas páginas das mídias tradicionais selecionadas. Optou-se em organizar o trabalho em quatro partes: i) primeiro é apresentado uma breve exposição do enquadramento teórico dentro de debate político online e dos conceitos de Bandwagon ii) trata-se dos materiais e métodos utilizados pela pesquisa, da coleta à delimitação das dimensões analisadas; iii) análise dos dados dividida em postagens, comentadores e comentários; e por fim, iv) as considerações finais do trabalho.

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2. Debate político online e Bandwagon A análise do debate público em relação à esfera política, em especial em períodos de campanha eleitoral quando a temática ganha maior visibilidade nas diversas dimensões informacionais, torna-se cada vez mais multifacetada conforme criam-se ferramentas para o acompanhamento da opinião eleitoral on e off-line. A distribuição de conteúdo também se complexifica e não é mais possível isolar os media tradicionais da construção na web. Não existe, no entanto, análises que possam concluir a direção em que os comportamentos de eleitores on e off-line se influenciam, uma vez expostos ao respectivo conteúdo produzido, ou até mesmo se existe tal influência. Essa inexistência gera descrença da literatura em relação à relevância da internet na construção de opinião pública. Porém, como destaca Marques Se são diversas as ressalvas à internet enquanto esfera pública, por outro lado não se pode negar que muitos debates só se concretizam por causa do advento desta modalidade de comunicação. (...) o debate racional entre cidadãos comuns, por exemplo, se não acontece na internet, também não parece acontecer rigorosamente fora dela. Em outros termos, deve-se considerar que, funcionando mal ou bem, pelo menos o ambiente digital abre a oportunidade para a exposição de opiniões e formação de arenas conversacionais, instâncias antes pouco prováveis ou mais difíceis de se realizarem (MARQUES, 2006, p. 183)

Neste ambiente pós-web, como é classificado por Gomes com a integração de tais redes sociais digitais, a realidade verificada por Norris (2003), de restrição de abrangência apenas a eleitores já engajados e previamente interessados pelo cenário político, continua sendo verificada. A ampliação da acessibilidade à internet no Brasil cria possibilidades, mas não caracteriza o interesse direto do eleitor em se aproximar da esfera política. Opinião pública, dentro do debate contemporâneo, deve ser entendida como a soma de conjuntos de indivíduos que não se conhecem, mas levam em consideração a possibilidade de que a opinião ou a ação do outro, sobre temas públicos, seja próxima à sua (CERVI, 2013, p.80).

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Noelle-Neuman (2003) que explica a formação, alteração e continuidade da opinião pública, bem como seus efeitos e funções a partir de três premissas: i) a sociedade ameaça com isolamento e exclusão os indivíduos que se desviam do consenso; ii) os indivíduos, por sua vez, têm medo, em grande parte subconsciente e provavelmente com causa genética, de serem isolados; iii) este medo do isolamento faz com que as pessoas tentem constantemente mensurar quais opiniões e comportamentos – o clima de opinião – são aprovados ou desaprovados pelo seu meio social. Nesse sentido, os indivíduos que percebem sua opinião como reflexo daquela da maioria, as expõem com confiança. E, na contramão, os que se percebem em minoria expressam-se com cautela ou se colocam em silêncio, desse modo, reforçando a opinião como fraca até que, em última instância, ela desapareça ou sobre apenas a um “núcleo duro” de indivíduos que se agarrem a tal opinião. Na lógica de Noelle-Neuman, a opinião pública tem muito poder advindo da própria natureza social do homem, que pode ser ilustrada pelo medo do isolamento. Assim, a característica forte do fenômeno é a de controle social, que tem como fim garantir um nível suficiente de consenso social sobre os valores e objetivos comuns à sociedade criando um laço entre o indivíduo e a sociedade. De outra maneira, para que a coesão do sistema seja mantida, a sociedade ameaça com o isolamento aqueles que violam o consenso social que a mantém viva. (NOELLE-NEUMAN, 2003) Temos, portanto, que o debate público se coloca como momento em que os participantes do público “medem” suas opiniões frente às dos demais. Ou seja, o espaço de debate é um ambiente de interação usado para expor, medir proximidade e reformular posições (CERVI, 2013). A opinião pública, segundo Cervi (2013), é um fenômeno de caráter transitório depende de comportamentos próprios e dos outros, de sentimentos e percepções. Nesse sentido, mudanças nos elementos do debate, tais como a divulgação de novas informações sobre o tema, tem poder de alterar a opinião pública (CERVI, 2013, p.80). Esse ponto da discussão sobre a opinião pública é especialmente relevante para este estudo, que busca nas divulgações digitais de resultados de

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pesquisas eleitorais analisar o comportamento dos debatedores, aqui entendidos como comentadores das páginas oficiais dos media tradicionais.

2.1 Bandwagon Dentro da realidade de campanhas eleitorais, um dos principais e recorrentes fluxos de informação disponíveis para os eleitores são os resultados de pesquisas eleitorais. Os estudos que abordam a relação entre o conteúdo fornecido e o processamento do mesmo usualmente são feitos de forma experimental e são característicos da literatura norte-americana (MCALLISTER; STUDLAR, 1991; MUTZ, 1992, 1995; KISS; SIMONOVITS, 2014). Blais, Gidengil e Nevitte (2006) afirmam que “ao afetar as expectativas do eleitor em relação ao resultado da eleição, pesquisas eleitorais podem afetar o voto” (BLAIS; GIDENGIL; NEVITTE, 2006, p. 263, tradução nossa). Para os autores, a literatura estabelece duas vertentes de tal influência: a do voto estratégico e a do efeito do contágio (bandwagon). A primeira, que foca no voto estratégico, afirma que eleitores alteram suas escolhas, principalmente, quando percebem que existe uma redução na chance de vitória de seus candidatos ou partidos. No entanto, aqui, o que é alterado é a percepção da corrida, o que Mutz chama de “opinião coletiva” 5 (MUTZ, 1992), mas não a percepção que o indivíduo tem dos candidatos e partidos em si. A segunda, do efeito do contágio, entende que as pesquisas alteram as expectativas dos eleitores e, consequentemente, sua avaliação dos candidatos. Os eleitores tendem, portanto, a avaliar de forma mais positiva quem encontra-se na frente da corrida. Não é possível, é claro, buscar causalidade e nem mesmo correlações diretas entre os resultados de pesquisa divulgados por mídias tradicionais e a decisão do voto tendo por objeto apenas a análise quantitativa de arenas de debate público online, como as páginas oficiais dos jornais no Facebook6. No entanto, o presente

Para a autora, as pesquisas podem não ser capazes de alterar a opinião pessoal de cada indivíduo, mas transformam a percepção que se tem do clima geral de uma eleição, consequência que influencia indiretamente a decisão do eleitor. 6 É interessante ressaltar que, os estudos que controlam a variável de “corrida” em pesquisas usualmente utilizam metodologias experimentais e frequentemente não tratam simulações de toda 5

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trabalho reforça a necessidade de entender como os indivíduos que são expostos a tais informações reagem a elas, dentro do framework que a literatura experimental já traçou. Desta forma, é analisado como os comentadores das postagens de pesquisa, e especificamente de corrida eleitoral, utilizam formas de linguagem e foco em elogios ou críticas para ditar o tom do debate, construindo assim uma parte da “opinião coletiva” em relação às eleições presidenciais de 2014.

3. Materiais e Métodos Para a análise do comportamento dos comentadores das páginas de mídias tradicionais no Facebook, foram coletados postagens e comentários de três jornais nacionais (Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo) e oito regionais (A Tarde/BA, Correio Brasiliense/DF, Correio do Estado/MS, Diário do Pará/PA, Gazeta do Povo/PR, O Estado de Minas/MG, O Povo/CE, Zero Hora/RS). Foi utilizado pela coleta o software gratuito de indexação automática Netvizz, que extrai bancos de dados a partir de páginas do Facebook em períodos prédeterminados pelo coletador. O Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP/UFPR) realizou coletas semanais, de 07 de Julho a 09 de Novembro de 2014, resultando em dois bancos de dados principais. O primeiro, das postagens, totalizou 34.618 entradas de posts das páginas prédefinidas. O segundo, que utiliza os comentários como unidade de análise, soma mais de onze milhões de textos comentados dentro das respectivas postagens. Como forma de especificar a pesquisa, foi selecionado o tema “campanha eleitoral” dentre as postagens, considerando apenas a eleição presidencial, e a partir deste corte, foram definidos como objeto apenas os comentários que mencionam explicitamente alguma das três campanhas. Isso reduziu a coleta inicial a 2.595 postagens.

uma eleição, mas sim do posicionamento de candidatos em relação a determinadas políticas públicas.

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Para compreender a produção dos debatedores no espaço online objeto da pesquisa, foram analisadas as dimensões: (i) forma do comentário (ex.: elogio ou crítica) e (ii) reflexividade (progresso, persuasão, radicalização). O terceiro nível de análise, criado posteriormente para este trabalho, é o dos comentadores7 – os “donos dos comentários” – que citam um dos três candidatos principais em seus textos. Somam-se, nessa categoria, 81.825 debatedores com frequência de comentários que variam entre 1 vez e 847 vezes. A partir destas três bases (postagens, comentadores e comentários), os dados foram analisados através de software estatístico, buscando testes que se adequassem às variáveis categóricas e contínuas encontradas. Neste trabalho analisam-se as publicações que enfatizaram pesquisas eleitorais em comparação a outros subtemas dentro de campanha eleitoral, através do número de “curtidas” e “comentários”. A hipótese testada busca verificar incidência de reflexividade persuasiva e elogio a candidatos quando a temática é corrida eleitoral. Tal posicionamento é considerado pelo trabalho como forma de convencimento pelo comentador. É, também, testado o conceito de efeito do contágio como distinto por Blais, Gidengil e Nevitte (2006), onde os eleitores tendem a enfatizar comentários positivos uma vez que seus candidatos encontram-se em vantagem nas pesquisas eleitorais

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Definimos como “comentador” o perfil pessoal de Facebook, coletado como variável “dono do comentário”.

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4. Análise dos dados 4.1 As Postagens de Pesquisa e o cenário de Corrida Eleitoral Analisando apenas o primeiro turno da eleição 8, no total das 22.861 postagens publicadas pelos jornais analisado, 1.217 (5,36%) tinham como tema a campanha eleitoral presidencial. A partir desta categoria, foram possível destacar oito subtemas, cuja distribuição é apresentada pela Tabela 1. TABELA 1 Postagens Campanha Eleitoral Presidencial – Categorias Mês Julho

Agosto

Setembro

Contagem

30

59

62

Res. Padronizado

1,1

0,2

-0,8

Contagem

52

153

216

Res. Padronizado

-2

-0,6

1,8

Contagem

15

81

25

Res. Padronizado

-1,1

5,1

-4,1

Contagem

30

23

46

Res. Padronizado

3,5

-2,4

0,1

Contagem

8

15

24

Res. Padronizado

0,1

-0,7

0,6

Contagem

26

84

86

Res. Padronizado

-1

1,1

-0,3

Contagem Resultados de pesquisas Res. Padronizado

21

45

91

-0,9

-1,9

2,3

Temas de Campanha

Agenda, evento de campanha Imagem política dos candidatos Imagem pessoal dos candidatos Imagem administrativa dos candidatos

Imagem do governo em disputa Imagem da campanha e eleitores

Justiça eleitoral

Contagem

16

5

4

Res. Padronizado

5,9

-1,5

-2,2

Total

Contagem

198

465

554

Total 151

421

121 99 47

196 157 25 1217

(n = 1217, Qui-quadrado/Pearson = 125,83, V de Cramer = 0,227, Sig = 0,000) Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP/UFPR)

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O recorte do primeiro turno, assim como a construção da hipótese, teve limitação temporal a análise de dados que está sendo realizada pelo Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP/UFPR).

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A partir da distribuição apresentada pela Tabela 1, que associa as categorias de postagens de campanha eleitoral com os meses do primeiro turno, é possível rejeitar a hipótese nula de não relação (Sig = 0,000), sendo 22,7% do efeito de uma variável explicado pela outra, como indica o coeficiente V de Cramer. Considerando os resíduos padronizados da mesma comparação, constata-se a concentração significativa de casos. No mês de julho, as categorias mais apresentadas foram “imagem administrativa do candidato” e “justiça eleitoral”, explicadas (i) pelo foco no agendamento dado pelos jornais ao papel do Executivo Nacional na questão de infraestrutura do Mundial de Futebol sediado no país e (ii) pela momento de registro oficial de candidatos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), respectivamente. Na contramão, “imagem política do candidatos” ainda não era pautada pelos meios tradicionais analisados nas redes digitais. No mês de agosto, a única concentração de casos acontece também na categoria “imagem administrativa do candidato”, que pode ser ilustrada pelos resquícios das críticas ao fracasso atribuído ao Mundial e ao escândalo sobre o aeroporto da cidade de Cláudio (MG), vinculado à corrupção de gestão e família de Aécio Neves. No último mês do primeiro turno, como era esperado pela proximidade do pleito e maior objetividade nas informações divulgadas, as categorias “imagem pessoal do candidato” e “justiça eleitoral” apresentam frequência abaixo da esperada, enquanto “resultado de pesquisas eleitorais” ganha destaque maior nas publicações. Tomando o objetivo do trabalho de analisar o comportamento dos comentadores dentro do conceito de bandwagon, foi selecionado o subtema “resultado de pesquisas eleitorais” e a partir dele, foi feita nova categorização para criação de recorte “corrida eleitoral”. Corrida eleitoral, é definida como “notícias que enfatizam quem está na frente ou atrás, ou ganhando ou perdendo espaço” (Mutz, 1995, p. 1015, tradução nossa). A partir deste novo escopo, foram selecionadas 107 publicações, que envolvem 18.669 comentadores (22,67% do total daqueles que comentam campanha eleitoral) e 34.052 comentários (12,99% do total do tema campanha eleitoral).

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4.2 Os Comentadores Com o objetivo de analisar os modelos gerais de comportamento, a análise dos comentadores exclui a categoria “outliers” devido padrões desviantes em todos os aspectos observados. A Tabela 2 apresenta as estatísticas descritivas da comparação entre os comentadores de postagens de campanha eleitoral e daqueles que comentam no subtema corrida eleitoral. TABELA 2 Comentadores em Tema Campanha Eleitoral e Corrida Eleitoral

Campanha Eleitoral

Corrida Eleitoral

n

82281

18669

Média

3,18

1,82

Mediana

1,00

1,00

Desvio Padrão

10,39

3,25

Mínimo

1

1

Máximo

847

224

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP/UFPR)

Como é possível observar, o número de comentários feitos por um mesmo debatedor varia entre 1 e 847 em “Campanha Eleitoral” e entre 1 e 224 em “Corrida Eleitoral”. A média de comentário por usuário reduz pra 1,82 em “Corrida Eleitoral”, entretanto a distribuição é mais homogênea, dado que o desvio padrão é três vezes menor. Para realizar a análise do comportamento dos comentadores foram selecionadas as variáveis “Forma” e “Reflexividade”9. As Tabelas abaixo (3 e 4) apresentam as médias e os desvios padrão de comentadores e média de curtidas por comentário dentro das categorias de Reflexividade, primeiro em postagens de “Campanha Eleitoral” e depois no recorte de “Corrida Eleitoral”. 9

As categorias da variável “forma do comentário” foram reduzidas àquelas com maior frequência, quais sejam, Elogio ao Candidato; Crítica ao Candidato; Crítica ao Autor; e Crítica aos Internautas. Na variável Reflexividade foram deixadas apenas as categorias válidas, a categoria “Outros” foi excluída. Em busca de facilitar a análise, todas as variáveis foram dicotomizadas, em zero para ausência e 1 para presença de pelo menos uma ocorrência da característica.

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TABELA 3 Comentários por Comentador e Curtidas controlado por Reflexividade (Campanha Eleitoral) Persuasão Não

Progresso

Sim

Não

Radicalização Sim

Não

Sim

Média D. P. Média D. P. Média D. P. Média D. P. Média D. P. Média D. P. Comentários por Comentador Curtidas

1,54

1,51

6,24

17,03

1,99

3,32

8,80

22,89

1,70

2,27

6,66

18,21

3,43

27,32

3,97

25,87

3,56

28,53

3,90

16,64

3,59

28,91

3,68

21,13

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP/UFPR)

Como mostra a Tabela 3, existe uma média maior de comentários por comentador na categoria progresso, que também possui o maior desvio padrão (D.P. = 22,89). Considerando o número de curtidas como um indicador de visibilidade e interação no debate online10, é possível observar que as médias de curtidas por comentários são muito próximas entre as categorias e o que as distingue é o desvio padrão, que chega a 25,87 na categoria “Persuasão”. Ou seja, a reflexividade do comentário não define o apoio que o comentador recebe dos outros membros do debate em postagens de campanha eleitoral nas páginas dos medias tradicionais no Facebook. TABELA 4 Comentadores e Curtidas controlado por Reflexividade em postagem de Corrida Eleitoral Persuasão Não

Progresso

Sim

Não

Radicalização Sim

Não

Sim

Média D. P. Média D. P. Média D. P. Média D. P. Média D. P. Média D. P. Comentários por Comentador Curtidas

1,37

1,03

2,91

5,66

1,55

1,55

3,63

7,81

1,55

1,93

2,72

5,70

4,14

25,88

9,43

46,99

4,68

32,41 12,32 39,57

4,69

31,82

9,01

38,57

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP/UFPR)

Diferentemente, a Tabela 4 mostra uma alteração na hierarquia da média da Reflexividade

majoritária

no

discurso

dos

comentadores.

Olhando

agora

especificamente para o subtema “Corrida Eleitoral” é possível perceber que após 10

Este artigo não pretende definir conceitos de visibilidade e interação com base no Facebook, mas apenas indicar o potencial de uma das ferramentas, no caso “curtidas”, para o debate.

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progresso, a segunda categoria mais utilizada pelos comentadores passa a ser persuasão e não mais radicalização. Os desvios-padrão seguem a mesma tendência. No entanto, é interessante observar que, quando se trata da ferramenta “Curtida”, todas as categorias detém médias muito superiores àquelas encontradas nas postagens de “Campanha Eleitoral”, que pode indicar uma maior aderência à maneira do discurso do comentadores que se expressam. No que diz respeito às menções aos candidatos dentro da produção dos comentadores, a Tabela 5 apresenta com qual frequência cada categoria de reflexividade abordou os presidenciais considerados pela pesquisa. É interessante ressaltar que, frequentemente, o mesmo comentário fazia referência a mais de um dos nomes filtrados, o que faz com que as citações extrapolem o número de comentários analisados. TABELA 5 Citações de Candidatos por categoria de Reflexividade Campanha Eleitoral Persuasão Não

Progresso Sim

Radicalização

Não

Sim

Não

Sim

Média

D.P.

Soma

Média

D.P.

Soma

Média

D.P.

Soma

Média

D.P.

Soma

Média

D.P.

Soma

Média

D.P.

Soma

Dilma

,80

1,22

42641

3,13

10,13

90057

1,03

2,23

69735

4,35

13,57

62963

,78

1,37

44826

3,57

10,84

87872

Aécio

,33

,76

17720

1,72

6,87

49492

,44

1,41

29854

2,58

9,25

37358

,37

1,10

21255

1,87

7,32

45957

Marina

,50

,88

26596

2,50

8,77

71834

,71

1,76

48142

3,47

11,83

50288

,71

1,66

40669

2,35

9,29

57761

Corrida Eleitoral Persuasão Não

Progresso Sim

Não

Radicalização Sim

Não

Sim

Média

D.P.

Soma

Média

D.P.

Soma

Média

D.P.

Soma

Média

D.P.

Soma

Média

D.P.

Soma

Média

D.P.

Soma

Dilma

,73

,89

9692

1,58

3,70

8646

,83

1,19

13503

1,97

5,03

4835

,79

1,62

11332

1,63

3,34

7006

Aécio

,28

,61

3765

,78

2,45

4242

,34

,86

5538

1,01

3,23

2469

,36

1,34

5179

,66

1,72

2828

Marina

,53

,81

7028

1,28

4,02

6997

,62

1,09

10050

1,62

5,63

3975

,68

1,61

9819

,98

3,79

4206

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP-UFPR)

Em todas as formas de reflexividade, existe a tendência geral no primeiro turno da maior média de citações por comentador fazer referência a Dilma Rousseff, seguida da campanha de Marina Silva/ Eduardo Campos e, por último, Aécio Neves. Tal resultado era esperado uma vez que o mandatário detém visibilidade não apenas por aspectos da campanha, mas também pela própria avaliação de seu governo vigente. Outra característica deste pleito, que pode ser uma das explicações do posicionamento de Marina Silva em segundo lugar, foi o acidente e

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falecimento de Eduardo Campos na segunda semana de Agosto, gerando enorme visibilidade midiática. Uma forma de complementar a análise dos comentadores, é buscar uma relação entre as variáveis reflexividade e forma. Para isso, este trabalho propõe a análise dos próprios comentários e de como sua produção foi realizada.

4.3 Os Comentários

Além de compreender como os comentadores se comportam de forma geral, também é interessante perceber como sua produção no debate se concretiza. Para isso, observando os comentários como unidade de análise, foram rodadas análises de correspondência, utilizando as variáveis forma e reflexividade, buscando a relação entre suas categorias. TABELA 6 Reflexividade e Formato do comentário – Cruzamento Forma do Comentário Reflexividade

Elogio ao Candidato

Crítica a Autor

Crítica ao Candidato

Crítica aos Internautas

Total

Persuasão

3200

41

2489

193

5923

Progresso

629

305

1078

183

2195

Radicalização

389

238

3172

299

4098

Total

4218

584

6739

675

12216

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP-UFPR)

A Tabela 6 indica o cruzamento das categorias válidas entre as variáveis reflexividade e forma do comentário. Já é possível observar que existe maior frequência na relação entre as categorias “persuasão” com “elogio ao candidato” e “radicalização” com “crítica ao candidato”. Observando os totais marginais, fica clara a predominância do foco nos candidatos, tanto em elogio como crítica, na formulação dos comentários. Em relação à reflexividade, pode-se afirmar que os comentadores tinham como prioridade persuadir dentro do debate no ambiente observado em detrimento, principalmente, ao progresso da discussão.

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A partir da análise de correspondência desta relação, é possível rejeitar a hipótese de não relação entre categorias, devido ao qui-quadrado = 2.692,73, acima do limite crítico para 95% de confiança (limite crítico, 4 graus de liberdade = 9,488). TABELA 7 Reflexividade e Forma do Comentário – Perfis de Linha e Coluna Perfis de linha Forma do Comentário Reflexividade

Elogio ao Candidato

Crítica a Autor

Crítica ao Candidato

Crítica aos Internautas

Total

Persuasão

0,540

0,007

0,420

0,033

1,000

Progresso

0,287

0,139

0,491

0,083

1,000

Radicalização

0,095

0,058

0,774

0,073

1,000

Massa

0,345

0,048

0,552

0,055

Perfis de coluna Forma do Comentário Reflexividade

Elogio ao Candidato

Crítica a Autor

Crítica ao Candidato

Crítica aos Internautas

Massa

Persuasão

0,759

0,070

0,369

0,286

0,485

Progresso

0,149

0,522

0,160

0,271

0,180

Radicalização

0,092

0,408

0,471

0,443

0,335

Total

1,000

1,000

1,000

1,000

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP-UFPR)

A Tabela 7 apresenta os perfis de linha e de coluna da correspondência entre variáveis, que indicam a concentração da massa entre duas categorias e, consequentemente, uma correspondência maior entre elas. Destacam-se, aqui, a relação entre “persuasão” com “elogio ao candidato” e “radicalização” com “crítica ao candidato”, cuja concentração já foi demonstrada pela Tabela 6 que indicava a frequência dos casos. Nos perfis de coluna, as correspondências mais fortes são, novamente, entre “persuasão” com “elogio ao candidato” e, agora, também entre progresso” e crítica ao autor”. Esta última relação pode ser explicada, apesar de sua frequência reduzida, pela tendência dos comentadores a avançar no debate a partir de uma análise negativa do argumento expressado anteriormente por algum outro debatedor. Em relação às dimensões da análise, demonstradas graficamente pelo Gráfico 2, observa-se que a dimensão 1 apresenta massa = 0,183, enquanto a dimensão 2 tem massa = 0,037. Em termos de porcentagens de explicação, a

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dimensão 1, sozinha, explica 83,1% do modelo. A partir de tais análises estatísticas, é possível afirmar que o gráfico de correspondência pode ser analisado pela relação significativa entre as categorias. GRÁFICO 2 Relação entre Reflexividade e Forma do comentário

(n = 12.216; Graus de liberdade = 4, Sig = 0,000; Qui-quadrado = 2.692,73) Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP-UFPR)

O Gráfico 2 apresenta visualmente a correspondência entre as categorias. Como é possível observar, existe uma aproximação espacial grande entre comentários radicais e as críticas ao candidato, relação já comprovada pela tabela de concentração de massas em perfis de linha e coluna. Apesar da diferença considerável no número de casos entre as categorias “crítica aos candidatos”, “crítica aos internautas” e “crítica ao autor”, é interessante observar que o internauta,

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quando é radical, dirigi seu foco a um dos presidenciáveis e não aos membros do próprio debate. Ainda, como era esperado, também existe aproximação entre comentários persuasivos e àqueles que elogiam alguma das três candidaturas à presidência. Isso indica que, independentemente do candidato mencionado, quando os comentadores constroem seu discurso não tem como objetivo convencer através de argumentos negativos sobre outros candidatos, mas sim com avaliações positivas. Em relação à hipótese teórica deste trabalho, é possível perceber que existe sim uma tendência de aproximação entre comentário persuasivos que focam os candidatos de maneira positiva. Finalmente, como forma de compreender a relação entre elogios e críticas e a menção dos candidatos11, a Tabela 8 apresenta frequência simples da relação entre as categorias na redação dos comentários das postagens de corrida eleitoral. TABELA 7 Citação e Forma do Comentário (elogio ou crítica ao candidato) – Corrida Eleitoral

Forma Citação

Elogio

Crítica

Dilma

14435

11479

% Total

22,49%

17,89%

Aécio

8207

7621

% Total

12,79%

11,87%

Marina

12799

9639

% Total

19,94%

15,02%

Total de Citações

Total 25914 40,38% 15828 24,66% 22438 34,96% 64180

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP-UFPR)

Dadas as restrições específicas de análise desta relação, uma vez que os comentários podem mencionar mais de um candidato, o que pode-se concluir é: a) existe um concentração maior de menções entre as candidatas Dilma Rousseff e Marina Silva, o que é consistente com a ideia de que os líderes da corrida eleitoral 11

Na contabilização das menções, como já explicitado durante o texto, o banco de dados permite que mais de um candidato seja contabilizado por entrada, o que explica o número elevado no total de citações em comparação ao número total de comentários. Não há como, no entanto, descriminar a quem é a crítica ou o elogio predominante uma vez que mais de um presidenciável é alvo do mesmo comentário.

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obtenham maior foco no debate; b) o alto número de citações a algum dos três candidatos pode ser relacionado ao próprio recorte da pesquisa, no qual as postagens de corrida eleitoral tendem a mencionar a posição nas pesquisas de pelo menos dois candidatos; e c) apesar de existir uma predominância de citações da mandatária em relação ao total geral, a proporção entre críticas e elogios é muito similar no total de cada presidenciável. Voltando à base de dados, foi possível constatar que 11,14% do total de citações mencionou as duas candidatas ao mesmo tempo, proporção que ainda permite certa independência na análise da forma de cada uma. Ao contrário do que a teoria indica, no caso das eleições presidenciais de 2014 existiu um equilíbrio na forma dentre as menções da candidata que se manteve à frente nas pesquisas, criando um ruído grande e evitando a percepção de tendências gerais de “opinião coletiva”.

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5. Conclusão Através da análise das páginas no Facebook de três jornais nacionais e oito regionais, foi possível perceber a relevância do subtema “resultados de pesquisa”, enquanto o terceiro mais focado dentro das postagens sobre a campanha presidencial de 2014. As postagens obtiveram uma maior concentração conforme a proximidade com o pleito, o que já era esperado dado que o número de pesquisas tende a aumentar, seguindo a característica de horse racing, em que os media acompanham subidas e descidas periódicas dos candidatos. A partir de tais postagens, o trabalho buscou analisar como os comentadores de tais páginas do Facebook se comportaram em relação à reflexividade de seu discurso e à forma com o qual o mesmo era construído quando mencionavam algum dos três principais candidatos à presidência. Foi possível concluir que existe predomínio da categoria “progresso”, ao contrário do que era esperado pela hipótese teórica de que os debatedores tenderiam a construir discursos de convencimento, pautados na persuasão e utilizando as postagens de corrida eleitoral como oportunidade. Não existiu, no entanto, disparidade nas menções às candidaturas da eleição e também foi possível perceber que, mesmo estando sempre à frente das pesquisas, o apoio à candidata Dilma Rousseff dividiu a opinião coletiva (não sendo apenas positivo). Todos os candidatos foram incluídos em discursos de diferentes reflexividades, tanto nas postagens da “campanha eleitoral” como nas específicas de “corrida eleitoral”. Mesmo com a presença preponderante de “progresso” como estilo de construção argumentativa, foi possível perceber na análise dos comentários que existe forte relação entre as variáveis reflexividade e forma em todos os testes propostos. O comportamento predominante foi de aproximação entre as categorias “persuasão” e “elogio ao candidato”, assim como “radicalização” e “crítica ao candidato”. Isso verifica a ideia de que, quando persuasivos, os comentários tendem a ter conotações positivas em relação aos candidatos. Já a radicalização é focada na figura dos próprios presidenciáveis e não de outros possíveis destinatários do debate, como autores ou outros internautas.

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