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XXVII Semana Nacional de Oceanografia - Belém, Pará, 2015

Extração de proteínas totais de Sargassum spp coletadas em praias de Salinópolis, nordeste paraense: potencial uso como adubo

NEGRĀO, Yago; BRANCO, Felipe; AQUINO, Rafael; CHAVES, Emerson;
MARTINELLI-FILHO, José E.; KAWAKAMI, Silvia K.

Faculdade de Oceanografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, PA – Brasil.

Nos últimos anos, aproximadamente a cada mês de maio, toneladas de Sargassum spp, espécie pelágica de macroalga marrom, têm sido encontradas em praias de Salinópolis, costa nordeste do Pará (Fig. 1). O município de Salinópolis é um importante pólo turístico e agrega comunidades que dependem da pesca como subsistência e comércio. O recolhimento e o descarte das algas acumuladas nas praias, apesar de não serem tóxicas, tem sido feitos pois as mesmas comprometem a paisagem, conferem odor desagradável, entopem redes de pesca e podem causar acidentes por servir de hábitat para organismos nocivos.
Coleta e preparo das amostras: As amostras de Sargassum spp (Fig.1) foram coletadas vivas, na orla da Praia do Atalaia, Salinópolis (nordeste paraense) em 10/05/2015. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos com água do mar, sob refrigeração e transportadas para o Laboratório de Oceanografia Química da UFPA. As amostras foram lavadas com água destilada e escovadas para remoção de epibiontes e sais para posterior armazenamento em freezer para análises. Quantidades de cerca de 150 mg foram utilizadas para as análises de proteínas totais.

Extração: As amostras foram maceradas e transferidas para tubos tipo eppendorf juntamente com 1500 µL de solução tampão fosfato 0,1 M com pH ajustado a 7,0. A extração das proteínas foi realizada com auxílio de banho de ultrassom (60 kHz). Foram testados 3 tempos de extração, em triplicatas, de 10, 30 e 40 min. Ao final, os extratos obtidos foram centrifugados por 5 minutos.

Análise: As proteínas foram determinadas por espectrofotometria de absorção (comprimento de onda de 595 nm) com reagente de Bradford e por comparação com curvas analíticas de padrões de albumina bovina sérica (BSA). A cada alíquota de 100 µL dos extratos foram adicionados 900 µL de tampão e 1000 µL de reagente de Bradford. O branco foi preparado da mesma forma, substituindo o extrato da amostra por solução tampão.
Para a obtenção da curva analítica de proteínas (Fig. 3a), foi necessário submeter os padrões diluídos de BSA à homogeneização em vórtex antes da análise espectrofométrica. As concentrações de proteínas totais foram obtidas a partir dessa curva analítica e dadas em termos de peso úmido de alga e porcentagens (Fig. 3b). As concentrações variaram de 143,6 a 216,7 μg g-1. Comparando-se as porcentagens de proteínas extraídas, percebeu-se que o método referente a 10 min forneceu resultados adequados por permitir otimização do tempo de processamento de amostras. Portanto, futuramente, para a extração de outros componentes bioquímicos da alga será adotado o tempo de 10 min de extração.
As concentrações de proteínas obtidas das amostras de Sargassum spp encontradas na praia de Salinópolis encontram-se na Tabela 1. As condições sazonais, o estado fisiológico e as variações ambientais, incluindo concentrações de nutrientes dissolvidos e irradiação solar, podem influenciar a composição bioquímica das algas. A degradação de proteínas, por exemplo, se intensifica no fim da fase estacionária do desenvolvimento das algas (Marín et al. 2009). Os processos naturais intrínsecos ao estresse fisiológico e os condicionantes do meio, tais como exposição a diferentes salinidades e/ou desidratação mais acentuada das algas encalhadas, provavelmente não resultaram em perdas consideráveis no conteúdo proteico total das amostras coletadas.

Para macroalgas, as concentrações de nitrogênio total (NTotal) podem ser estimadas pela relação (Oliveira et al. 2009):

Proteínas totais = 6,25 x Ntotal

As amostras apresentaram concentrações de Ntotal entre 23,0 a 34,7 μg g-1 (peso úmido). As análises de minerais e fósforo totais estão em processamento e os resultados também poderão ser utilizados para auxiliar na avaliação do potencial nutritivo das algas.
Figura 3. (a) Curva analítica para proteínas totais com uso de padrão BSA e reagente de Bradford. (b) Comparação entre os tempos de extração e as respectivas concentrações de proteínas totais obtidas. As barras de erros indicam desvio padrão das triplicatas.
O encalhe de toneladas de Sargassum nas praias pode ocasionar diversos problemas locais. Contudo, essa macroalga pode, a princípio, ser utilizada em benefício da população, já que as algas possuem consideráveis teores de proteínas que podem ser aproveitadas como adubo orgânico. Trabalhos futuros serão necessarios para verificar outros componentes bioquímicos relevantes.
Conclusão
Materiais e métodos
Introdução e objetivo
Resultados e discussão
Referências:
MARÍN et al. 2009. The marine algae Sargassum spp. (Sargassaceae) as feed for sheep in tropical and subtropical regions. Rev. Biol. Trop. 57 (4): 1271-1281.
GATENBY et al. Biochemical composition of three algal species proposed as food for captive freshwater mussels. Journal of Applied Phycology 15: 1–11, 2003.
OLIVEIRA et al. 2009. Nutritive and non-nutritive attributes of washed-up seaweeds from the coast of Ceará, Brazil. Food Chemistry 254–259.
KUMAR et al. 2015. Assessment of nutritional value in a brown seaweed Sargassum wightii and their seasonal variations. Algal Research 9 (2015) 117–125.

Agradecimentos: PROPESP-UFPA/CAPES Edital Interdisciplinar 2014.
A biomassa algal, no entanto, apresenta potencial nutritivo e representa uma alternativa de baixo custo como adubo para a agricultura local.
O presente estudo tem como objetivo investigar, de forma preliminar, o potencial nutritivo das algas Sargassum spp coletadas nas praias de Salinópolis para uso como adubo.
Figura 1. Macroalgas encalhadas na Praia do Atalaia
Foto: J.E.Martinelli-Filho
(Fig.2a)
(Fig.2b)
Figura 2.

amostra de Sargassum spp coletada na Praia de Salinópolis;
(b) limpeza das amostras para retirada de epibiontes e sais.
MACROALGA
%PROTEÍNAS TOTAIS
REFERÊNCIA
Sargassum spp
6,3 ± 0,04
Marín et al., 2009
Pool de macroalgas
12,2
Oliveira et al., 2009
Sargassum wightii
8,0-12,2*
Kumar et al., 2015
Sargassum spp
15,6 ± 4,6#
Presente trabalho
Tabela 1. Comparação dos teores médios de proteínas totais e nitrogênio total de macroalgas. *peso seco; #10 min de extração.
(a)
(b)
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tempo de extraçāo (min)
% proteína total

proteína BSA (ug/mL)
absorbância (a 595 nm)