Brand DNA ​ como Estratégia de Design da Marca Gráfica \"Prosa\"

June 4, 2017 | Autor: Doug Menegazzi | Categoria: Graphic Design, Visual Identity, Visual Branding
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Brand DNA ​ como Estratégia de Design da Marca Gráfica  "Prosa"   

Rodrigo Roncaglio  UFSC /Graduando em Design   

Douglas Megazzi  UFSC /Professor Mestre   

Palavras­chave: ​ Identidade Visual. Branding. Design Gráfico. DNA de marca.   ​ 1. Introdução  Este  artigo  apresenta  um  recorte  dos  resultados de pesquisa obtidos no  trabalho  de  conclusão  de  curso  em Design na  Universidade Federal  de Santa  Catarina, acerca  da “Construção de Marca de Cervejaria Artesanal por meio da  Metodologia  ​ TVU  Branding​ ”  (RONCAGLIO,  2014),  desenvolvido  entre  agosto  de  2013  e  junho  de  2014.  Será,   aqui,  demonstrada  a   aplicabilidade  da  ferramenta  “​ Brand  DNA  Process​ ”,  desenvolvida  no  âmbito  do  Laboratório  de   Orientação  da  Gênese  Organizacional  (LOGO  UFSC),  utilizada  para  a  construção  e  definição  estratégica  da  marca  gráfica  da  cervejaria  artesanal  “Prosa”.  Para  atingir  os  objetivos  deste  artigo,  são  realizadas  pesquisas  bibliográficas,  coleta  de  dados  secundários  por  meio  de  entrevistas  desenvolvidas  com o cliente e potenciais consumidores da marca, bem como o  relato  da  aplicação  e  validação  da  metodologia  por  meio  de  discussão crítica  reunindo os conhecimentos prévios teóricos e pragmáticos.  É  importante,  primeiramente,  contextualizar  quanto  a  importância  das  práticas  de  ​ branding  no  atual  cenário  de  competitividade  dos  mercados  e  produtos,  já  que  nesse  âmbito  supersaturado  torna­se  cada  vez  mais  difícil  destacar  uma  marca  perante  a  infinidade  de  concorrentes.  Estudos  demonstram que atualmente somos “expostos  a  cerca  de  6  mil  mensagens  de  propaganda diariamente”, como relata Davis (​ apud ​ WHEELER, 2008, p.14).  



Neste cenário, o maior desafio  pelo  qual as empresas têm de passar é  o da diferenciação.  Diferenciar­se para ser reconhecido e lembrado. Fazer com  que  os  clientes  se  apaixonem  pela  marca  e  acreditar  nas  qualidades  desta  (WHEELER,  2008).  ​ Essa  crença se estabelece  pelas  escolhas do  consumidor  se  tornarem  cada  vez   mais  focadas  sobre  os  aspectos  mais  ​ simbólicos,  à  aparêcia  estética   e  à  experiência  de  consumo,  enquanto  a  condição  de  funcionamento  do produto  já  deixa de ter  tanta importância  em relação  ao que  o  distingue  dos demais. Como  argumenta  Bedbury (2002),  uma  marca passsa   a tocar  as  pessoas com uma “experiência conectiva poderosa”, que transpassa   seu produto para ir simbolicamente ir de encontro às emoções do público.   Como,  então,  proporcionar  a  uma  marca  gráfica  a  habilidade  de  relacionar­se  estratégicamente,  também  em  escala  emocional  com  os  seus  clientes?  Alguns  estudos  da área  de ​ Branding vem  aprimorando ferramentas e  metodologias que podem colaborar a esta questão.     2. ​ Branding  Branding,  ​ também  chamado  de  gestão  de  marca,  trata­se  de  um  conjunto  de  práticas  que  visam  a  construção  e  a  administração  contínua  dos  recursos  tangíveis  (físicos)  e  intangíveis  (simbólicos)  de  uma  marca   (​ brand​ ),   como  argumenta Keller (2006). É, também percebida, segundo o autor, como o  ato  de  administrar  a  imagem  de  uma  empresa,  um  processo  de  invenção  e  reinvenção  contínua  de  um  significado  para  a  marca,  que  deve  ser  cultivado  tendo  por  princípio  a  coerência,  dada  por  um  DNA  próprio  e  único,  como  defendem  Gomez  e  Prestes  (2009).  Esta  metáfora  do  DNA  refere­se  à  estrutura  essencial  e  única  que  uma  marca  específica  deve  possuir  com  o  objetivo  de  diferenciação,  singularização,  tal  qual  acontece  nos  seres  vivos.  (GOMEZ;  PRESTES,  2009).  Portanto,  quanto  mais  coerente  for  a  prática  de 

branding  com   o  DNA​ ,  ​ inclusive  na  sua  construção  enquanto  marca  gráfica,   mais pregnante e forte esta se tornará na mente do consumidor.   



2.1. A metodologia “Brand DNA Process” e o DNA de Marca    Com  o  estímulo  de  unificar  interesses  na  gestão  estratégica  e  na  construção  gráfica  de  marcas,  percebeu­se  ​ a oportunidade  de  experienciar  de  forma  prática  uma  metodologia  de  ​ branding  ​ como  Projeto  de  Conclusão   de  Curso  em  Design.  Tendo  a  intenção  de  excercer  um  projeto  mais  próximo de  sua  viabilidade  real,  encontrou­se  a  oportunidade  de  criação  de  uma  nova  marca  para  produtos  desenvolvidos  por  pessoas  próximas.  Trata­se  de  uma  marca  que  nasce  da  profissionalização  do  ​ hobby   de  um  produtor  de  cerveja  artesanal local.  O cliente,  qual detinha  todos  os  instrumentos necessários para  a  produção  de  cerveja,  desde  a  infra­estrutura  e  ingredientes,  como  também  certo  reconhecimento  do  público  local  pela  qualidade  da  sua  cerveja,  não  possuía  ainda  nenhuma marca  ou  nome  para  seu  produto, apesar da intenção  de ampliar e profissionalizar o negócio.  Neste  âmbito  de  possibilidades,  unindo  interesses  na  formação  acadêmica  e  visando  a  oportunidade  de  implementação  do  novo  produto,  foi  encontrada  na  metodologia  ​ Brand  DNA   Process  ​ a  ferramenta  ideal  para  a  construção  da  marca.  A metodologia foi desenvolvida  e  vem  sendo atualizada  pelo  Laboratório  de  Orientação  da  Gênese  Organizacional (LOGO),  vinculado  ao  curso  de  Design  da  Universidade  Federal  de  Santa  Catarina  (UFSC).  A  Brand  DNA  Process  busca  identificar  e  validar  o  DNA  de  marca  por  meio  de  práticas  de cocriação, uma vez que propõe que os principais responsáveis pela  marca  (​ stakeholders)  estejam  envolvidos  nas  decisões  desde  o  início  do  processo  criativo,  opinando  e  auxiliando  a  direcionar  o  processo  com  informações  pertinentes  para  a  definição  de  um  código  genético  efetivo  e  diferenciador, como afirmam Gomez et al. (2014).  Para  a  definição  do  DNA,  a  ​ Brand  DNA  Process  possui  um  caminho  pré­determinado de etapas. Seu início  é com uma fase de Diagnóstico, que tem  por  objetivo  adquirir  o  maior  número  de  informações  sobre  a  empresa  e  o  produto,  definindo  expectativas  e  percepções  em  relação  aos  âmbitos de sua  atuação.  Nesta  etapa, o primeiro  passo  é  uma  Pesquisa Preliminar, que busca  conhecer  como  é  a  organização  atualmente.  Como  a  cervejaria  ainda  não 



possuía  nenhuma marca, estas etapas  consistiram em uma reunião de ​ briefing  (coleta  de dados) ​ com  os ​ stakeholders​ ,  que permitiu traçar um panorama geral  de  como  iria­se  dar  início  às  atividades  da  empresa  a  partir  das  visões  de  diferentes colaboradores da marca​ .  A  união  de  todas  as  informações  coletadas  até  então  gerou   uma  Análise  ​ SWOT​ ,  que  listou  os  pontos  fortes  (​ Strenghts​ ),   pontos  fracos  (​ Weaknesses​ ),  oportunidades  (​ Opportunities​ )  e  ameaças  (​ Threats​ )  da  organização.  É  por  meio  da  análise  ​ SWOT,  ​ como  demonstra  Kotler  e  Keller  (2006),  que  se  pode  obter  critérios  para  a  definição  estratégica e  estabelecer  metas  específicas  de  desenvolvimento  empresarial.   A  partir  destes  tópicos  gerados e posteriormente  cruzados, possibilitou­se  identificar para a marca: as  Vantagens   Competitivas;  Capacidades  de  Defesas;  Necessidades  de  Orientação; Vulnerabilidades.  A  partir  da  Validação  de  todo  o  material  já  adquirido,  iniciou­se  o  principal  e  mais  dinâmico  momento  da  construção  de um  DNA de Marca  pela  metodologia  ​ Brand  DNA  Process​ :  o  Evento  Criativo.  Para  esta  ocasião  são  convidados  diversos  ​ stakeholders  ​ a  se  unirem  em  um  ambiente  agradável  e  descontraído,  propiciando  um  bom  processo  cocriativo  para  a  aplicação  da  Brand DNA  Tool​ , uma ferramenta­chave da metodologia, baseada em múltiplos  1

brainstormings  na geração de adjetivos para  materializar o DNA da corporação  em  conceitos  verbais,  na  forma  de  adjetivos.  São  geradas  centenas  de  conceitos  em um  curto espaço  de  tempo, e estas  listas  passam por triagens e  debates  entre  o  grupo, até tornarem­se apenas os cinco conceitos  que definam  a essência da marca. (VEIGA, 2013)  O  DNA  gerado,  portanto,  consiste  em  cinco  metáforas  (figura  1),  que  agem  por  integração,  tal  qual  aos  quatro  componentes  químicos  do   DNA  humano  (Adenina,  Timina,  Guanina  e  Citosina),  quais  na  metodologia  são  representados  pelos conceitos: Técnico;  Resiliente; Emocional; Mercadológico;  Agrupados por um conceito Integrador​ . 

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 Técnica de geração de ideias e conceitos de maneira criativa e sem restrições ou triagens. 



  Figura 1 ­ Diagrama das Metáforas do DNA (LOGO UFSC,2013) 

Como demonstrado p​ or Veiga (2013), ​ cada  elemento do DNA de marca  tem  uma funcionalidade  específica,  mas também  global  em  relação ao arranjo   que  estabelece  com  os  demais,  denotando  alto  grau  de  singularidade a cada  marca  por  menor  que  seja  sua  variação.  A  categoria  “Técnico”  do  DNA,  por  exemplo,  representa  aquilo  que  há  de  mais  tangível  na  marca,  uma  característica  de  seu  produto  ou serviço  que  é  de percepção unânime,  muitas  vezes  um  atributo  físico.  Resiliente  é  o  conceito responsável  pela  capacidade  de  mudança  e   adaptação,  sem  deixar   de  lado  a  autenticidade.  O  valor  Emocional  tem  a  função  de  aproximar  a  marca  das  emoções  que  influenciam  todos  os  aspectos  da  vida  racional, e tem  uma  grande  importância no que  diz  respeito  à  diferenciação  e  à  fidelização  dos  consumidores.  O  componente  Mercadológico  representa  a  forma  pela  qual  a  empresa  pretende  vender­se  e  apresentar­se ao  mercado.  Por  fim, o conceito  Integrador  é o que representa a  verdadeira essência da marca,  sendo  mais forte que os  outros quatro, e capaz  de  interferir  na  forma  como  eles  interagem  entre  si,  funcionando  como  vantagem competitiva.   

2.1. O DNA validado  O  resultado  obtido  com  a  aplicação  da  ​ Brand  DNA  Tool​ ,  já  demonstrado  por   meio  de  um  Painel  Semântico  (Imagens  Complementares  a  cada  conceito)  para  a  nova  marca  de  cervejaria  artesanal  apresenta­se  no  diagrama abaixo (figura.3): 



  Figura 3 ­ Painel Semântico dos Conceitos do DNA da marca “Prosa” (LOGO UFSC, 2013) 

O  adjetivo  Natural  representa o conceito  Técnico  por  se  tratar de  uma  cerveja  produzida  apenas  com  ingredientes  naturais:  água,  malte,  lúpulo  e  leveduras.  Para  o  conceito  Resiliente  foi  escolhido  o  adjetivo  Criativa.  Assim,  conforme as mudanças  que  surgirem  ao longo do tempo, a marca manterá sua  autenticidade  buscando sempre formas criativas  e inovadoras de se posicionar,  buscando fugir das práticas mais comuns.  Camarada  é  sinônimo  de  amigo,  colega.  Presume  alguém  com  quem  se  tem  afinidade,  de  companhia  agradável,  capacidade  de  empatia.  Foi  escolhido  como  conceito  Emocional  porque  a  nova  marca  de  cerveja  será  camarada  na  sua forma de abordar o público, e em se esforçar para entender o  que  o  cliente  realmente  quer.  Por  isso,  será  o  conceito  responsável  pela  fidelização do cliente à marca, assim como um amigo se torna fiel a outro.  O  conceito  Personalizada  foi  selecionado  pensando  em  um  planejamento  futuro,  em  como  a  marca  poderá  se  posicionar,  seu  perfil  Mercadológico.   Como  um  dos  pontos  fortes  identificados  pela  Análise  ​ SWOT  foi  a  facilidade  de  criação  de  diferentes  receitas,  enxergou­se  a  possibilidade  de  suprir  uma  brecha  de  mercado,  que  é  a  oferta  de  cervejas  artesanais 



personalizadas,  e  é desta  forma que nova marca de Cervejaria Artesanal irá se  vender.  Para o conceito Integrador foi selecionado o que há de mais tangível na  marca,  o  fato  de  ser   um  produto  Artesanal.  Ser  uma  Cerveja  Artesanal  presume  o  conceito  Natural,  devido  aos  ingredientes  utilizados.  A  Artesanalidade  também  se  alinha  com  o  conceito  Camarada,  por  ser  um  processo que demanda  cuidado  e  atenção  especial do cervejeiro, trabalho que  será  muito  melhor  desempenhado  se  houver  uma  dedicação  exclusiva  com  o  produto  e  o  cliente. Relaciona­se  com  o  conceito Criativa  pela  facilidade  que o  fato  de  ser  uma  produção  Artesanal  oferece   em  relação  à  criatividade  nas  receitas,  e  sua  capacidade  de adaptação conforme a demanda, podendo gerar  a Personalização buscada e a sazonalidade dos sabores.    

3. O Design Estratégico da Marca Gráfica “Prosa”  A  partir  da  validação  do  DNA,  deu­se  início  ao  processo  de  criação  gráfica  da  marca  por  meio  a  tradução  dos  conceitos  gerados  em  elementos   visuais  simplificados  que  representem  esta  essência.  Como  explicita  Wheeler  (2008),  reduzir uma ideia complexa  à sua essência visual requer  perícia,  foco,  paciência  e   disciplina.  “Todos  os  elementos  de  uma  linguagem  visual  devem  ser  intencionalmente  desenhados para que possam impulsionar a estratégia de  marca”. (WHEELER, 2008, p.76).    

3.1. A geração do Nome da Marca  Anterior  ao  desenvolvimento  gráfico  da  marca,  justifica­se  o  nome  “Prosa”, qual foi gerado estrategicamente com base no DNA, prevendo também  seu  uso  como  solução  visual  na  aplicação  do  nome  por  escrito, sem símbolo  adicional,  ou  seja,  materializado  apenas  por  meio  de  uma  logotipia.  "Prosa"  surgiu para representar  principalmente  o  conceito  Camarada,  já que remete às  interações  sociais  positivas  nas  quais  a  cerveja   está  presente,  como  numa  conversa  de  bar.  Por  estes  motivos  o  nome  “Prosa”  mostrou­se  ideal,  já que, 



como  afirma Rodrigues  (2011), um nome precisa funcionar como um chamativo  completo,  que  informe  pelo  tom,  sonoridade  e  conteúdo  ao  que  se  destina,  favorecendo  associações  positivas que legitimam  e facilitam a compreensão da  marca, comunicando a essência desta.   

3.2. A geração do Sistema de Identidade Visual  A metodologia ​ Brand DNA Process propõe a criação de um Sistema de  Identidade Visual  capaz  de sintetizar e difundir  de  forma gráfica o ​ Brand  DNA.  O  Sistema  de  Indentidade Visual, para Peón  (2000)  é  tratado  de forma ampla,  abrangendo  elementos  primários,  secundários  e  terciários.  Entretanto,  neste  artigo  demonstra­se  apenas  a  construção   do  Sistema  Primário  de  Identidade  Visual  composto  basicamente  pela  assinatura  da  marca  gráfica  principal,  que  engloba  os  componentes  indissociáveis:  logotipo  (tipografia),  paleta  de  cor,  grafismos, e ​ tagline​ .  Alinhadas  às  estratégias  conceituais  do  DNA,   Pesquisas  de  caráter  Semântico,  descrita  por  Noble  e  Bestley  (2013),  auxiliaram  na  materialização  de  sentido  entre  signos  e  símbolos  verbais  e   visuais.  A  coleta  de  referências  caminhou  em paralelo com a Geração de Alternativas. Houve desde o início do  processo  criativo  uma  preocupação  em  dar  à  marca  um  logotipo  exclusivo,  utilizou­se  da  técnica  de  ​ lettering,  ​ por  assemelhar­se  a  uma  escrita  cursiva,  mantendo  qualidades  artesanais  da  caligrafia.  Com  isso,  a  marca  tipográfica   reforça o conceito  Artesanal do DNA, pois  desta  forma  conota  ser feita à mão,  de  maneira  artesanal  como  a  própria  cerveja.  O  estilo  ​ cursivo  ​ também  consegue  ser  amigável,  aproximando­se  do  conceito  Camarada,  e  portanto  com uma estratégia intimista de aproximação ao público.  Definida  a  escolha  de  um  dos  estilos caligráficos  gerados,  decidiu­se  utilizar  das  formas  circulares  e  elípticas  para  a  construção  de  uma  malha  construtiva  para  a  padronização  dos  caracteres.  Estas  formas  têm  por  característica  a  fluidez  e  dinamismo,  tal qual  uma  boa  conversa entre  amigos. 



Este  ​ grid  ​ (grade  de  orientação)  proporcionou  a  geração  de  um  diagrama  elíptico para a formação e adequação dos caracteres da palavra. 

  Fig. 4 ­ Malha Construtiva e Diagrama Elíptico (Fonte do autor, 2014) 

  A  forma  como  as  letras  se  unem  demonstra  sutileza  ­  devido  às  espessuras mais finas  das  ligaturas ­  e continuidade ­  como  acontece em uma  conversa,  em uma “prosa”. O movimento fluido e as terminações em formas de  círculos  que  lembram  gotas  tornam  a forma esteticamente  agradável,  além de  remeter  ao  líquido,   o  que  é  adequado  ao  tipo  de  produto,  a  cerveja.  Nestas  condições  foi  finalizada  a  assinatura  visual  da  marca, acrescentando ​ tagline  ​ e  grafismos.  O  ​ tagline,  que  para  Wheeler  (2008)  apresenta­se  como  um  elemento  esclarecedor em forma de ​ slogan ​ ou  frase  de apoio,  foi  escolhido  para auxiliar  a  definição  da  marca  junto  ao  ramo  de  atividade,  por  ser  a  marca  nova  no  mercado  e  possuir um  nome  muito poético. Para compor a tagline foi escolhida  uma  tipografia  não­serifada  e  de  aparência  condensada,  para   que  houvesse  bastante  contraste  com  o ​ lettering do nome,  contribuindo para compreensão do  conjunto  de  elementos  de  forma  complementar,  mas  não  contínua.  Ainda,  foram  integrados  dois  detalhes  gráficos  (grafismos)  que  se  assemelham  a  gotas,  desenhados  com  a  mesma  malha  de  construção  que  originou  a   tipografia. A função destes é não apenas embelezar e unificar estilisticamente a  assinatura  visual,  mas  também  remeter  ao  líquido.  Além  disso,  a  forma  de 

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disposição  dos  elementos  criou  um  movimento  fluido  e  suave  para  a  marca  gráfica como um todo, que condiz com as estratégias oriundas do DNA desta.   

  Fig. 5 ­ Assinatura Visual marca “Prosa” (Fonte do autor, 2014) 

Na  continuidade  do  Sistema de identidade  Visual  gerado,  para  a  paleta  de  cores,  foram  selecionados  matizes  (figura  5)  nas  quais  a  marca  pode  ser  aplicada de  forma  positiva ou negativada: Escala de Preto (inclui cinza) laranja,  amarelo queimado, vermelho e verde claro. 

  Fig. 5 ­ Paleta dos Sistema de Cores, Aplicação Positiva e Negativa(Fonte do autor, 2014) 

A escolha da paleta  de  cores  (figura  5) teve  por critérios estratégicos os  conceitos  do  DNA.  Nesta  condição,  com  base  em  Farina  et al. (2006,  p.  99)  , 

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utilizou­se  a  c​ or  vermelha  como  referência  à  “alimentação,  energia  e  fluxo  (sangue)”,  também  por ser  comunicativa  estimula  a sensação  de  acolhimento,  além  de  estabelecer  associações  com  o  amor,  erotismo  e   sensação  de  dinamismo  e  força.  Laranja  “é  a  que  tem  mais  aroma”  (FARINA  et  al.  2006  p.100),  está  diretamente  associada  no  sentido  material  ao  calor  e  festa,  afetivamente à  luminosidade,  energia e  senso de humor. O amarelo queimado,  vincula­se  ao  artesanal,  tem  associação  material  com  o  Malte  usado  na  cerveja.  Enquanto  o  verde,  de  acordo  com  a  nuance  das  misturas  de  azul  e  amarelo,  “contém  a  dualidade  do  impulso  ativo  e  a  tendência  ao  descanso  e  relaxamento”,  também  sido  escolhido para representar  o  conceito Natural,  por  sua  associação  com  a  natureza.  (FARINA  et  al.,  2006,  p.101) Tendo  a  marca  gráfica,  também  uma  aplicação  em preto e cinza, de maior neutralidade e força  do  contraste,  ​ a  possibilidades  de  aplicações  desta  pode  ser  variada  dentro  desta  linguagem  cromática  específica,  conferindo  flexibilidade  a  partir  da  integração dos elementos precisos.   

4. Considerações Finais  O  Design  ao  que  se  vincula  à  criação gráfica  ­  e  sensorial  ­ de  marcas  dispõe  de  estudos  e metodologias  pertinentes  para  uma  melhor  construção do  Sistema  de  Identidade  Visual (PEÓN,  200).  Por  meio  de técnicas associativas  fonéticas  e  verbais  por desenvolver a melhor opção  do  nome  gráfico da marca  (RODRIGUES,  2011),  seleciona  dentro  os aspectos  psicodinâmicos  das  cores  as  matizes  mais  precisas  (FARINA  et  al.,  2006)  no  intuito  de  gerar  a  comunicação  facilitada  e  singular  das  marcas  para  com  seus  públicos  (WHEELER, 2008).   Entretanto,  todo  esse  processo  criativo visual é,  muitas  vezes,  exercido  de maneira pouco  alinhada às estratégias de posicionamento das marcas. Isto,  por  falta  de  métodos tradução ao âmbito visual dos resultados obtidos por meio  das  análises   dos  ambientes  internos  e  externos  da  instituição  (KOTLER,  KELLNER,  2006;  KELLER,  2006),  por  não  considerar  a  relação  emocional  entre  produtos  e  consumidores  (BEDBURY,  2002)  como  um fator estético,  ou 

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ainda,  sem  critérios  precisos  de  tradução  entre  estes  aspectos  estratégicos  para a condição de códigos visuais materializados na forma de marca gráfica.  Este  artigo  teve  como  objetivo  demonstrar  a  importância  deste  alinhamento  das  estratégias  de  uma  marca  para  a  construção  gráfica  desta,  por  meio  do  uso  e  implementação  da  metodologia  ​ Brand  DNA  Process  (ASSUNÇÃO,  2014;  GOMEZ, PRESTES, 2009; VEIGA,  2013)  aplicada a uma  pequena  empresa  local  de  cervejas  artesanais.  Este  método  proporcionou  a  sintetização  das  estratégicas mercadológicas da  empresa a um DNA de marca  específico,  favorecendo  a  percepção  de  qualidades  sensoriais  e  a  escolha  e  formulação precisa dos elementos visuais para a geração gráfica da marca.   

5. Referências   ASSUNÇÃO,  H.;  GOMEZ,  L.S.R;  CROCOMO  DOS   REIS,  P.F.;  STODIECK,  W.F..  DNA  de  marca:  Um  estudo  prático  do  processo  de  identificação.  In:  ​ E­revista  Logo​ ,  v.II,  p.01­13,  2011.  Disponível   em:  .  Acesso  em:  04  de  maio  de  2014.  BEDBURY, Scott. ​ O novo mundo das marcas​ . Rio de Janeiro: Campus, 2002    FARINA, Modesto; PEREZ, Clotilde; BASTOS, Dorinho. ​ Psicodinâmica das Cores   em Comunicação​ . São Paulo: Blücher, 2006.    KOTLER,  Philip;  KELLER,  Kevin  Lane.  ​ Administração  de  marketing​ .  São  Paulo:  Pearson Prentice Hall, 2006.    KELLER,  Kevin  Lane;  MACHADO,  Marcos.  ​ Gestão  Estratégica  de   Marcas.  ​ São  Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.    GOMEZ,  LUIZ.S.R;  PRESTES,  Magali.  G.  A  experiência  da  marca:  proposta  de   metodologia  para  a  identificação  do  DNA  de  organizações.  Congresso  Brasileiro  de  Pesquisa  e  Desenvolvimento  em  Design,  Brasil,  2010.GOVERS,  R;  GO,  F.  In:  ​ Place  branding  –  glocal,  virtual  and  physical  identities,  constructed,  imagined  and  experienced​ . New York, Palgrave Macmillan, 2009.    NOBLE,  Ian;  BESTLEY,  Russell  (2013).  ​ Pesquisa  Visual:  Uma  introdução  à  metodologia de Pesquisa em Design Gráfico. ​ São Paulo: Bookman, 2013.    PEÓN,  Maria  Luísa.  ​ Sistemas   de  Identidade  Visual​ .  3.  ed.  Rio  de  Janeiro:  2AB,  2000.    RODRIGUES, Delano. ​ Naming​ , o Nome da Marca, 2AB, Brasil, 2011.   

13  RONCAGLIO,  Rodrigo.  ​ Branding  em  “Prosa”:  Construção  de  Marca  de Cervejaria  Artesanal  por  meio  da  Metodologia  TVU  Branding.  ​ Florianópolis,  2014,  p.  162.  (Graduação em Design) ­ Curso de Graduação em Designa, UFSC, 2014.    VEIGA,  Patrick.  Sapines  Parque:   DNA  de  Marca  e  Nova  Identidade  Visual  sob  a  perspectiva  de  Branding​ .  Florianópolis,  2013,  p.  134.   (Graduação  em  Design)  ­  Curso de Graduação em Designa, UFSC, 2013                                                               

Brand DNA ​ como Estratégia de Design da Marca Gráfica  "Prosa" 

  Rodrigo Roncaglio  Endereço eletrônico: ​ [email protected] 

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Graduando no programa de Design na Universidade Federal de Santa  Catarina, com interesses e estudos focados no Design Gráfico e ​ Branding​ .   

Douglas Menegazzi  Endereço eletrônico: ​ [email protected]  Orientador,  Professor   coordenador  do  Projeto  de  Pesquisa  e  Extensão  em  Ilustração  e  Interatividade  Visual  (Ilustrativa)  da  UFSC.  Mestre  em  Comunicação  Visual  pela  Universidade  Estadual  de  Londrina  (UEL).  Suas  pesquisas  se  concentram  nas  áreas  de  ​ Branding,  Ilustração  e  Comunicação  Visual aplicada ao Design e Publicidade.     

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