C. P. Falcão, \"Manuscritos iluminados. A União Europeia também começou assim\", in \"Jornal I\", 23/09/2013
Descrição do Produto
-
7
([SRVLÄÀR
."/64$3*504 *-6.*/"%04
"6OJÊP&VSPQFJB UBNCÌN DPNFËPVBTTJN %VSBOUFB*EBEF.ÌEJB PTNBOVTDSJUPTKVSÐEJDPT WJBKBSBNVNQPVDPQPSUPEBB&VSPQB1PSDBVTB EFMFT 1PSUVHBMGPJVNEPTQBÐTFTRVFOFTUF QFSÐPEPUFWFVNBJEFOUJEBEFFVSPQFJB$BSPMJOB 1FMJDBOP'BMDÊPQSPDVSPVTBCFSNBJT
$
descoberta em Portugal de manuscritos jurídicos estrangeiros que remontam à Idade Média revela episódios históricos e o trabalho de estudiosos, mas também relatos de viagens. E assim foi. Entre Portugal e outros países europeus, manuscritos entraram e saíram, alguns dos quais podem agora ser vistos na exposição “Os Manuscritos Jurídicos Iluminados”, na Biblioteca Nacional, Lisboa, até 5 de Outubro. A investigadora Maria Alessandra Bilotta, que integra a organização da exposição, explica as razões desta presença: “Na Idade Média, os estudantes faziam viagens por todas as universidades da Europa, trazendo consigo manuscritos estrangeiros. Esta é uma das razões porque existem manuscritos estrangeiros em diferentes partes da Europa. Por outro lado, os professores das universidades também traziam manuscritos com eles quando iam dar aulas a universidades europeias.” Percebe-se assim que, não pertencendo a nenhuma entidade de poder maior mas antes a quem os fazia, estes manuscritos circulavam livremente, na companhia dos respectivos autores. “Os manuscritos pertenciam a quem os fazia. E quando essa pessoa fazia uma viagem a alguma parte da Europa, levava consigo os livros de que mais gostava, os que eram mais úteis para o seu trabalho e estudo.” Estudo era precisamente ao que mais se destinavam estes manuscritos, como
nos explica Maria Alessandra: “Eles continham os textos legais mais importantes e eram necessários para estudar Direito, para todas as pessoas que trabalhavam sobre o direito. Portanto, não eram sempre livros de leis aplicadas nos países, mas tratava-se de leis mais universais.” No entanto, a grande riqueza destes manuscritos jurídicos, que circulavam pelas mãos de clérigos, professores e estudantes, vai mais longe: “Estas viagens permitiram uma grande circulação de ideias e modelos, permitiram a formação de outros estilos que se fundam sobre os mais antigos.” Quer isto dizer que estas viagens proporcionaram um diálogo entre diferentes países, “um diálogo que é hoje muito actual, é muito presente”, remata Maria Alessandra. Neste sentido, encontramos Portugal entre os países que tiveram grande destaque nesta área, que alcançaram, portanto, e devido a estas viagens de manuscritos e consequentes trocas de ideias, uma identidade europeia: “Portugal tinha uma grande circulação de pessoas que chegavam de Espanha, Itália e sobretudo da França meridional, havendo uma
"FYQPTJËÊPDPNFTUFT EPDVNFOUPTFTUÅOB #JCMJPUFDB/BDJPOBM BUÌEF0VUVCSP
grande ligação com as universidades desta zona francesa, como Toulouse, Avignon ou Montpellier. “ Tudo isto nos conduz a uma questão importante que a investigadora não deixa escapar: “Pensamos a Idade Média como uma época de estabilidade, em que todos os países estavam fechados. De facto, como vemos, não é assim. Tudo isto permitiu a criação de uma grande cultura na Europa, a criação de uma linguagem europeia.” Maria Alessandra Bilotta vai mais longe: “Podemos dizer que as viagens começaram com o homem. Todos os homens têm esta grande tendência para a viagem e a circulação. Era uma coisa que já estava na Antiguidade, continua na Idade Média e depois no Renascimento.” Assim, para Alessandra, este é um fenómeno interminável: “No que toca aos manuscritos, por exemplo, estão em bibliotecas ou colecções particulares, ou à venda em antiquários, e circulam pela rede do comércio entre Europa e Estados Unidos. É uma viagem que continua hoje.”
8PGRVPDQXVFULWRVMXUÊGL FRVTXHSRGHU¾VHUYLVWRQD H[SRVLÄÀR(VWHVGRFXPHQ WRVHUDPJHUDOPHQWHDFRP SDQKDGRVGHLOXPLQXUDV "/5¸/*0$053*.-64"
Lihat lebih banyak...
Comentários