Caderno de resumos do XII Seminário Nacional de Literatura, História e Memória e III Congresso Internacional de Pesquisa em Letras no Contexto Latino-Americano

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SIMPÓSIOS (Caderno de Resumos)

PPGL/UNIOESTE – CAMPUS DE CASCAVEL – 25 A 27 DE NOVEMBRO DE 2015

COORDENAÇÃO GERAL: Ximena Antonia Díaz Merino Lourdes Kaminski Alves Antonio Donizeti da Cruz COMISSÃO CIENTÍFICA: Acir Dias da Silva (Unioeste) Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (Unioeste) Alai Garcia Diniz (UFSC/UNILA) Alexandra Santos Pinheiro (UFRD) Alice Aurea Penteado Martha (UEM) Antonio Donizeti da Cruz (Unioeste) Beatriz Helena Dal Molin (Unioeste) Bertha Rojas López (Universidad Nacional del Centro del Perú - Huancayo, Peru) Carmen Luna Sellés (Universidad de Vigo – Vigo - Espanha) Clarice Lottermann (Unioeste) Eduardo Coutinho Faria (UFRJ) Encarnación Medina Arjona (Universidad de Jaén – Espanha) Jeffrey Cedeño Barrero (Pontificia Universidad Javeriana – Bogotá - Colombia) João Wanderley Geraldi José Kuiava (Unioeste) Juci Mara Cordeiro (Unioeste) Lilibeth Zambrano (Universidad de Los Andes – Mérida - Venezuela) Lourdes Kaminski Alves (Unioeste) Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC-GO) María del Carmen Tacconi (Universidad de Tucumán - San Miguel de Tucumán Argentina) Maricélia Nunes dos Santos (Unila) Mariluci da Cunha Guberman (UFRJ) Marly Catarina Soares (UEPG) Paulo Sérgio Nolasco dos Santos (UFGD) Rita Felix Fortes (Unioeste) Rogério Viana (Escritor/PR) Waldemar José Cerrón Rojas (Universidad Nacional del Centro del Perú - Huancayo, Peru) Ximena Antonia Díaz Merino (Unioeste) Organização do Caderno de Resumos: Ximena Antonia Díaz Merino Kaline Cavalheiro da Silva

ISSN: 21750943X

Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UNIOESTE

Seminário Nacional de Literatura, História e Memória (12.: 2015 : Cascavel - PR) S471c Caderno de resumos do XII Seminário Nacional de Literatura, História e Memória e III Congresso Internacional de Pesquisa em Letras no Contexto Latino-Americano. / Coordenação de Ximena Antonia Díaz Merino, Lourdes Kaminski Alves e Antonio Donizeti da Cruz. -- Cascavel, 2015. Online ISSN: 2175-0943X Disponível: http://www.unioeste.br/eventos/lhmseminario/ 1. Literatura - Congressos. 2. História - Congressos. 3. Memória – Congressos. I. Díaz Merino, Ximena Antonia, (coord.). II. Alves, Lourdes Kaminski, (coord.). III. Cruz, Antonio Donizeti da. IV. Título. CDD – 378.063 Sandra Regina Mendonça CRB 9/1090

CONFERÊNCIA INAUGURAL

"O novo comparatismo na América Latina: reflexos no ensino e na historiografia literária" Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

QUARTA-FEIRA 25/11/2015 08 h:15min. às 10 h Local: Anfiteatro Arnaldo Busato/Unioeste, campus de Cascavel/PR.

RESUMOS DAS MESAS DE REDONDAS

QUARTA-FEIRA 25/11/2015

MESA REDONDA LITERATURA IMIGRANTE, IDENTIDADES EM TRÂNSITO

10h:15min. às 12h Local: Anfiteatro Arnaldo Busato/Unioeste, campus de Cascavel/PR.

Irrupções do exterior: as asas assaltam os museus

Drª Eneida Leal Cunha (PUC-RIO)

RESUMO: Trata-se de uma breve reflexão que, se valendo do valor do anacronismo, tomará como corpus a conferência de Aby Warburg sobre sua visita aos pueblos americanos, em 1923, e o livro de Carl Einstein, Negerplastik, de 1915, dois exemplor de "irrupções do exterior", para explorar rasuras na racionalidade ocidental e problematizações produtivas para o nosso modo contemporâneo de fazer história e crítica, nos domínios da arte e da cultura.

Ingrid Betancourt y No hay silencio que no termine: un testimonio para religarse con el mundo

Dr. Jeffrey Cedeño Barrero (Pontificia Universidad Javeriana-Colombia) RESUMEN: La ponencia tiene como objetivo determinar la definición y el lugar de la vida dentro del testimonio No hay silencio que no termine (2010) de Ingrid Betancourt. El valor de la vida surge al punto desde un ejercicio de la responsabilidad, es decir, Betancourt erige una “respuesta”, un saber sobre la vida, cuyas fuentes no son otras que la muerte, la vulnerabilidad, la pérdida de la referencia y la fractura del sentido, el sufrimiento y la ausencia de cualquier relación y correspondencia con el mundo. Una vez libre, Betancourt vuelve en su testimonio sobre cada uno de estas aristas no sólo para trazar los límites de la resistencia sino, más importante aún, para religarse con el mundo, y con la vida.

Literaturas, mitos e identidades no processo de “decolonização” da América Latina Dr. Paulo Sérgio Nolasco dos Santos (UFGD) RESUMO: Dos mais representativos relatos acerca de “nuestra américa”, A cidade das letras, de Ángel Rama (escritor uruguaio e crítico literário, fundador e diretor da Biblioteca Ayacucho), acaba de ser reeditado no Brasil, e sua leitura/desleitura remete ao fato de que Colombo, em 1492, aportou no Caribe. Isto nos leva a retomar hoje, no âmbito dos países latino-americanos, de nosso subcontinente, atravessado por rasuras e ranhuras que caracterizaram a colonização, todo o legado cultural que arrasta desde sempre o registro de uma tradição oral, na qual, tanto as narrativas literárias aí produzidas, quanto os inúmeros relatos míticos dos vários povos indígenas, reforçam espelhando o processo de apagamento e desleitura das histórias dos povos ameríndios. Bem como, e ao passo que alertam para uma particular abordagem das produções culturais em consonância com o discurso crítico que se produziu na esteira de Ángel Rama, em especial sob a perspectiva da “decolonização”, segundo o pensamento crítico de Walter Mignolo: Lerning to unlern – Decolonial Refletions from Eurasia and Americas (2012). Desse ângulo, propomos uma leitura de América mítica: histórias fantásticas de povos nativos e pré-colombianos (2013), da brasileira Rosana Rios, e de obras do escritor caribenho/sanandresano, Jimmy Gordon Bull, A oscuras pero encendido (2001), Meridiano 82 la ruta de la langosta (2010) e Legado de piratas (2010), que, a partir do arquipélago de San Andrés, realiza um resgate cultural desta região do Caribe Insular. Aos mitos desses povos, superpõe-se um legado de piratas a serviço da Coroa, do colonialismo, em sequiosa pilhagem econômica e cultural. Vários pontos conectam as narrativas desses dois escritores, dentre os quais conflitos fronteiriços, que ressumam a intervenções epistemológicas fronteiriças enquanto clave de leitura-desleitura-desaprendizagem da “decolonização” como modelo de um pensamento e produção do conhecimento “decolonizadores”.

Debatedora: Profª DrªLourdes Kaminski Alves (UNIOESTE)

QUINTA-FEIRA 26/11/2015

MESA REDONDA POÉTICAS DESTERRADAS: ESPAÇO E LITERATURA

8:30h - 10h Local: Anfiteatro Arnaldo Busato/ Unioeste, campus de Cascavel/PR.

Limiares transterrados: Pirirí, Pororó, Pereré!

Drª. Alai Garcia Diniz (UFSC-PGET/UNILA-PPGIELA, Brasil) RESUMO: O estudo do tema bélico no imaginário sul-americano sugere un passeio pela perspectiva multimodal da literatura, do arquivo ao repertório (Diana Taylor) e do ritual à performance e ao audiovisual. Enveredar por línguas originárias em diglossias de um permanente conflito cultural; operar com categorias da performance em sua potencialidade epistemológica (Bianchiotti y Orchetto, 2013) e por redutos da nambréna e outros elementos de la bioética guarani (José Manuel Silvero Arévalos). Eis aí a ponte para chegar ao discurso xamânico Ava Guarani que conta o deslocamento entre Jacutinga, Acaraymi e o Tekoha Ocoí para encontrar a voz centenaria de Guilherme Tupã Ñevangaju Rocha en Guataha (2014).

A destruição da Amazônia e a necessidade de mudança no comportamento humano Drª. Mariluci da Cunha Guberman (UFRJ)

RESUMO: Discussão sobre a destruição da Amazônia e o papel que desempenha o homem na preservação dessa região, a maior diversidade de espécies do mundo. Incluise a participação do Estado que, além de monitorar o uso do solo e fomentar o desenvolvimento das atividades econômicas e sustentáveis, deve atuar com políticas públicas de divulgação e preservação do meio ambiente. Ao se apoiar no pensamento dos povos nativos desse território, que utilizam somente o necessário para viver, promovendo naturalmente a conservação e o uso sustentável do Bioma Amazônico, verifica-se que essa concepção requer, na atualidade, a adaptação da economia florestal ao pensamento dos povos ancestrais dessa região que souberam preservá-la. Cabe ressaltar a importância das literaturas, oral e escrita, da Amazônia, que são fundamentais como estratégias para um novo pensamento sobre o desenvolvimento da região amazônica.

Uma vida entre exílios: os desterros geográficos e subjetivos de Gregorio Gurstonsky

Drª Alexandra Santos Pinheiro (UFGD)

RESUMO: A literatura de Susana Gertopán está permeada de ficção e de memória. Nas narrativas da escritora paraguaia, conforme ela faz questão de enfatizar, estão presentes as histórias ouvidas de seus avôs e demais parentes que imigraram para o Paraguai durante a Segunda Guerra Mundial. O luto por aqueles que não conseguiram fugir do holocausto e o desejo acalentado de voltar à sua terra de origem inspiram o ato criativo da escritora. As lembranças e os sentimentos de seus familiares somam-se aos da escritora no momento em que os narradores-protagonistas criados por Gertopán rememoram as suas vidas. Neste texto, damos destaque a Gregorio Gurtonsky, protagonista e narrador do quarto livro da escritora, El otro exilio, publicado em 2007. Ao rememorar sua história, Gregório permite analisar o exilio por diferentes perspectivas: o forçado, o voluntário, o geográfico e o interior. A marca destes múltiplos desterros está impregnada na constituição identitária do sujeito em constante busca de si e de uma pátria. Para compreender as memórias do protagonista, a análise será amparada no referencial teórico voltado à memória, à identidade e à relação entre história e ficção.

Debatedora: Dra Ximena Díaz Merino (UNIOESTE)

SEXTA-FEIRA 27/11/2015

MESA REDONDA POÉTICAS DO ENCANTAMENTO: LITERATURA INFANTIL E JUVENIL

8h:30min - 10h Local: Anfiteatro Arnaldo Busato/ Unioeste, campus de Cascavel/P

O encantamento da palavra na obra de Marina Colasanti Drª Clarice Lotterman (UNIOESTE)

RESUMO: A preocupação com a palavra é uma das linhas-mestras dos contos de Marina Colasanti. Isso se revela na elaboração de contos, tais como A moça tecelã, Fio após fio, Além do bastidor, Com sua voz de mulher, Por um olhar e Um tigre de papel, que apontam para o próprio fazer literário e para a importância da literatura e da arte como elemento que não apenas representa a vida, é a própria vida. Nestes contos, o jogo metaliterário sobre as regras da construção narrativa, apontado por Teresa Colomer como elemento importante da fantasia moderna, é evidente. Tear, bastidor, fios e palavras, alçados à condição de objetos mágicos, desempenham a função de criar e proteger. Nesse universo, o poder divino passa pelo narrar histórias, a ficção pode ser mais real que a realidade e a obra artística tem vida própria, escapando do controle do criador. Ao apontar para o poder criador da palavra, recorrendo ao insólito, a autora descortina um universo no qual o resgate do maravilhoso não é superficial, envolvendo apenas nomes ou funções. Nos contos de Marina Colasanti, o maravilhoso aponta para uma nova forma de se relacionar com o real, abrindo espaço para um mundo de conjecturas, de fantasia e reflexões, provocando inquietações e levando o leitor a sair do modo stand by.

El encanto de la literatura infantil y juvenil

Drª Bertha Rojas López (Universidad Nacional del Centro del Perú) RESUMEN: El encanto de la Literatura infantil y juvenil se sustenta en el quehacer humano profundo y sublime, en el gencultural contemporizado, en el cosmos, en la imaginación y la naturaleza. PALABRAS CLAVE: Literatura infantil y juvenil, quehacer humano, gencultural contemporizado, cosmos, imaginación, fantasía.

Drª Alice Aurea Penteado Martha (UEM)

Debatedora: Drª Rita Felix Fortes (Unioeste)

26/11/2015 QUINTA-FEIRA

MESA REDONDA POÉTICAS DO IMAGINÁRIO E MEMÓRIA

10:15h às 12h Local: Anfiteatro Arnaldo Busato/Unioeste, campus de Cascavel/PR.

Dois poetas performativos: Gilberto Mendonça Teles e Lêda Selma.

Drª Maria de Fátima Gonçalves Lima. (PUC-Goiás) RESUMEN: Gilberto Mendonça Teles e Lêda Selma são dois poetas que acionam o imaginário coletivo em poemas musicalizados por grandes nomes da música. Gilberto possui vários poemas que são conhecidos pelo público por meio das canções de Marcelo Barra e Fernando Perilo, artistas da música de Goiás e Lêda Selma teve seu poema “Voa”, musicalizado por Ivan Lins. Nesse sentindo, a poesia desses artistas da palavra adotam performances poéticas movidas pela vocalidade sedutora e forças do imaginário que envolvem a coletividade, cativam o ouvinte-espectador e popularizam os textos perante as redes sociais e outras mídias, combinadas com os leitores da poesia dos autores.

A viagem na poética de Helena Kolody Dra. Marly Catarina Soares (UEPG)

RESUMO: Cruz Machado é o ponto de partida da vida de Helena Kolody, poetisa considerada pela crítica de valor inestimável, escreveu no Paraná sobre coisas da realidade paranaense e por esta perspectiva se revelou um novo dado nacional. Nesta colônia a filha mais velha e a primeira brasileira da família Kolody nasceu e viveu os seus dois primeiros anos. De cidade em cidade, Helena fixa residência na capital paranaense e deixa seu nome para sempre gravado na memória do Paraná como poetisa. Dos muitos temas explorados pela poetisa em sua poesia, um deles ganha relevo por se tratar de sua ascendência eslava: a imigração e com ela os temas filiados - a viagem e suas variantes, a presença do imigrante, a absorção e acomodação cultural – são temas que visitaram com certa frequência sua poesia. Este trabalho objetiva apresentar uma reflexão sobre o tema da viagem que materializa em expressão poética uma experiência por vezes não vivenciada. O tema se confirma e reafirma no deslocamento do imigrante, no sofrimento estampado, na esperança acalentada, no movimento interiorizado, na partida definitiva, nas viagens espaciais, nas formas diversas de escapismo. A viagem como deslocamento do mundo real para um mundo criado a partir de um desejo de ascensão em direção ao infinito materializa-se nas imagens poéticas que compõem inúmeros poemas escritos por nossa poetisa. PALAVRAS-CHAVE: Poesia Paranaense; Helena Kolody; Poética da Viagem.

La Poética de la Nueva Novela Histórica Argentina en `'El inquietante día de la vida' de Abel Posse Drª. Marìa del Carmen Tacconi (Universidad de Tucumán/Academia Argentina de Letras) RESUMEN: Puede postularse con pertinencia que en la nueva novela històrica argentina la Poètica del gènero se organiza en base a constituyentes fundamentales y opcionales. Son fundamentales a nuestro juicio: la impugnaciòn de laHistoria oficial, la experimentaciòn formal, la humanizaciòn de las figuras pròceres y el rescate de personajes de menor importancia social o polìtica. Son opcionales: los constituyentes mìticos y la parodia. En "El inquietante dìa de la vida" de Abel Posse reconocemos: 1. Impugnaciòn de la Historia oficial. La Historia oficial, elaborada en el Puerto (como desde el Interior nombramos a la Capital Federal) por los sùbditos del poder, asigna a este centro polìtico el mèrito de generar toda riqueza y todo progreso nacionales. La novela de Posse pone en evidencia que es el Interior el motor de toda producciòn y de todo progreso agro-industrial. 2. Experimentaciòn formal. Dos voces alternantes, de perspectiva ideològica, de experiencia vital y de generaciones diferentes tienen a su cargo el relato. El contraste opera como un procedimiento de relieve semàntico, al igual que la distancia temporal de los momentos de enunciaciòn. 3. Humanizaciòn de los pròceres y personajes de diversa categorìa. El presidente Roca, el ex-presidente Sarmiento y el gran jurista Alberdi intervienen en la diègesis humanizados. Figuras històricas de segunda y tercera lìnea participan en la ficcionalizaciòn. 4. Constituyentes mìticos. El pacto fàustico introduce el elemento mìtico e instala el problema del mal en el mundo representado. PALABRAS CLAVE: pasado federal; progreso; etología; pacto fáustico.

Debatedor: Dr. Antonio Donizeti da Cruz (Unioeste)

RESUMOS DOS SIMPÓSIOS E DAS COMUNICAÇÕES EM ESTUDIOS LITERARIOS

SIMPÓSIO - CINEMA, LITERATURA E OUTRAS LINGUAGENS ARTÍSTICAS COMO PROCESSO DE REVISITAÇÃO DA HISTÓRIA: MEMÓRIAS E ESQUECIMENTOS SALA 5

Coordenadores: Dra. Cláudia Maria Ceneviva Nigro (UNESP) Me. Flávio Adriano Nantes (UFMS/UNESP/CAPES) Ms. Vivian de Assis Lemos (UNESP/CAPES) RESUMO GERAL: O presente simpósio convida a discussões por intermédio da literatura, do cinema e de outras linguagens artísticas, que dizem respeito a eventos, memória e atores sociais rechaçados pela história oficial geralmente perpetrada pelo Estado-nação. Com base nas proposições de teóricos como Hugo Achugar (2006), para quem há sempre uma memória lembrada e outra esquecida; questionamos assim, quem é que determina o que deve ser recordado ou olvidado. Nesse sentido, buscar-se-á trazer à memória determinados eventos e sujeitos que foram vítimas de crimes (bélico, político, gênero, étnico, religioso, entre outros) no contexto da América Latina. Para Néstor García Canclini (2006), um dado constructo artístico pode converterse num monumento de pedra fixado no interior da sociedade quando se propõe recuperar a história/memória de atores sociais, que ao longo dos tempos foi rechaçada. Tal memória recuperada pode dar notícias – aos que não vivenciaram – acerca de vítimas e algozes e elucidar fatos que ficaram obscuros ou completamente ocultos, como os que aconteceram no duro período das ditaduras latino-americanas, o genocídio de outrora-agora de negros, indígenas, mulheres, etc. No pensamento de Beatriz Sarlo (2007), enquanto houver uma única pessoa que carregue o passado em si, não há como destrui-lo, assim, tais pessoas representadas nos diferentes constructos artísticos fazem com que o passado nunca passe. Dito de outro modo, podemos afirmar que a recuperação da memória por intermédio das coisas das artes poderia fazer a diferença na história: questionar a falta de espaço para a subalternidade e reivindicar o lugar não hegemônico para as latinidades. PALAVRAS CHAVE: Literatura; Interartes; Memória; Esquecimentos.

Produção fílmica Conflito das águas: o processo de colonização revisitado

Flávio Adriano Nantes (UFMS/UNESP/CAPES) RESUMO: O presente trabalho tratará de levantar algumas discussões, por intermédio da narrativa cinematográfica Conflito das águas, de Icíar Bollaín, 2010, acerca de um processo colonial ainda vigente na América Latina, ou uma colonização revisitada. O filme narra a tentativa de produção de um filme que representa a prática colonizadora perpetrada por Cristóvão Colombo nas terras do Novo Mundo. O filme está em processo de rodagem em Cochabamba, Bolívia, com os moradores locais, especialmente com os indígenas. Pelo fato de a Bolívia ser um país extremamente pobre, a mão de obra consequentemente seria barata; os produtores levam os nativos a trabalharem na produção do filme por quase nada ou por um saco de arroz. Como pano de fundo, os cidadãos bolivianos estão vivendo uma profunda crise política, o governo do país privatizou o sistema hídrico e toda água pertence ao Estado-nação, inclusive a da chuva (o nome original da narrativa fílmica é También la lluvia, que indica claramente que até esse elemento natural foi usurpado pelos governantes), o que de fato aconteceu no país em 2000. Em muitos momentos do filme evidencia-se o colonialismo em que os cidadãos das ex-colônias espanholas ainda estão submetidos, não apenas pelas políticas internas do Estado, mas também por elementos externos, como os próprios espanhóis, por exemplo. Para tratar desse processo de colonização e escravidão revisitadas lançaremos mãos, entre outras, das proposições de Hugo Achugar e Néstor García Canclini, em seus respectivos Planetas sem boca e Culturas híbridas. PALAVRAS-CHAVE: Colonização revisitada; Narrativa fílmica; Memória.

O passado que a memória não alcança: os silenciamentos em “Órfãos do Eldorado”, de Milton Hatoum.

Vivian de Assis Lemos (UNESP/Ibilce) RESUMO GERAL: Narrar os acontecimentos vividos há muito tempo significa tentar recuperar uma memória distante na incompletude e, também, tentar reconstruir aquilo que a memória não mais alcança. Em Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum, o narrador afirma, logo no início de sua narrativa, narrar “o que a memória alcança, com paciência”. Tal afirmativa suscita questionamentos sobre a postura do narrador para narrar o que a memória não consegue reconstruir, seja pelo tempo transcorrido, seja pela dor que uma lembrança pode trazer à tona. Partimos da hipótese de que o narrador não enfrenta tais memórias doloridas, mas sim as silencia. Portanto, entendemos que os silenciamentos na referida obra são os mecanismos do narrador para lidar tanto com as lacunas da memória, quanto para superar a memória dolorida de momentos traumáticos vividos. Pensamos a narrador da novela hatoumiana como uma espécie de sobrevivente da tragédia pessoal e familiar, que não consegue verbalizar os acontecimentos traumáticos e, por isso, silenciaos. Para tal estudo, utilizaremos como apoio teórico as considerações de Márcio Seligmann-Silva (2006), para quem a literatura sempre apresenta um valor de testemunho real e para quem a literatura se caracteriza pela articulação entre a necessidade de narrar um acontecimento traumático com a incapacidade da linguagem em verbalizar essa experiência. Além disso, consideraremos as postulações de Tania Pellegrini (2004), para compreendermos as oscilações entre anúncio e segredo na obra. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Silenciamento; Trauma; Milton Hatoum.

A estética da sobrevivência no rap de cárcere: fragmentos de memórias do Carandiru

Carla Cristiane Mello (UFSC) RESUMO: As diásporas africanas apresentam um legado de extrema importância no universo poético-musical contemporâneos. Exemplos disso são os estudos de teóricos como Stuart Hall (2003) e Paul Gilroy (2001), entre outros, que nos apresentam essas confluências há muito tempo. Aqui no Brasil, o rap – gênero poético-musical que faz parte do “Movimento Hip Hop” –, desde a década de 1980 vem crescendo junto com a emancipação cultural das diferentes periferias do país, delineando uma poética do enfrentamento, contando e cantando as mazelas sociais vividas pelos sujeitos periféricos. O rap de cárcere, por sua vez, reivindica a memória de sujeitos duplamente marginalizados pelo sistema. Os grupos “Detentos do Rap” e “509-E” surgem em 1996 e 1999, respectivamente, no extinto Complexo Carcerário do Carandiru, cenário do Massacre de 2 de outubro de 1992, que resultou na morte de cento e onze detentos, segundo números oficiais. Seus poemas-musicais apresentam o “realismo afetivo” (SCHØLLHAMMER, 2012) das barbáries cotidianas enfrentadas pelos sujeitos encarcerados: a superlotação, as violências, a banalização da morte, as estigmatizações, e em meio a tudo isso, a “linha de fuga” através do lirismo ácido do rap como uma estética de sobrevivência nesse ambiente hostil. As memórias e subjetividades desses rappers poetas também se manifestam através das performances em videoclipes gravados dentro desta prisão, que sobrevivem também como memórias audiovisuais da maior prisão da América Latina à época. PALAVRAS-CHAVE: Rap; Cárcere; Memória; Carandiru; Performance.

Da “ditabranda” à “Ditabranda”: memórias em disputa – a construção de “esquecimentos” e a crítica documentária da ditadura no Brasil

Rodrigo Ribeiro Paziani (UNIOESTE) RESUMO GERAL: Se concordarmos com a afirmação do cineasta e diretor Walter Salles, para quem "o papel do cinema é gerar uma memória de nós mesmos", então tornase cada vez mais evidente a necessidade de se pensar ativamente no potencial narrativo, interpretativo e político do cinema em confrontar-se com a persistência de certas memórias da ditadura civil-militar no Brasil que procuram desqualificar as diversas formas de violência, repressão e assassinatos cometidos contra militantes de esquerda e tantos outros brasileiros à base de coerção e consenso, e, portanto, de construção de hegemonia. Esse é o caso do termo “ditabranda”, que tem conquistado uma força discursiva intrigante tanto na mídia – ao ter sido usada pelo jornal “Folha de São Paulo” para comparar a nossa ditadura com outras da América Latina (e “esquecer” seu passado de envolvimento com o regime) – quanto por “ressentidos” intelectuais das Ciências Humanas. Contudo, o cinema parece capaz de “varrer a contrapelo” (W. Benjamin) esta memória coletiva (re)produzida pelos grupos dominantes e “revelar” outras memórias, narrativas e vozes partícipes deste mesmo período. Neste sentido, o objetivo deste trabalho será refletir acerca do termo “ditabranda” através da análise de “Ditabranda” (2009), documentário que re-visita a história da ditadura civil-militar e tece críticas à “ditabranda” propalada pela “Folha de São Paulo” por meio de memórias e experiências de jornalistas e militantes que combateram o regime e sofreram os estertores da ditadura. Além disso, queremos pensar, ancorados no documentário, as possibilidades do cinema de criar lugares de produção de memórias audiovisuais não hegemônicas. PALAVRAS-CHAVE: Cinema; política; ditadura civil-militar; memórias; “ditabranda”.

A FEB na II Guerra Mundial: Representação do herói brasileiro e a tentativa da construção de uma identidade nacional.

Alexandre Raphael Tondo Junior (UNIPAR) RESUMO GERAL: Desde a antiguidade, os campos de batalha tem sido o cenário mais adequado para que as imagens dos heróis possam ser esculpidas e cultivadas para posterior veneração. (MICELI, 1997). Com isso, podemos caracterizar e interpretar o que foi divulgado e propagado pela imprensa durante a campanha da FEB na II Guerra Mundial. Observamos que o governo ditatorial de Getúlio Vargas (no período do Estado Novo), carregado de caracteres de origem “fascistas”, tinha como estratégia a propagação de uma “identidade brasileira” e o fomento do nacionalismo. Criou-se estrategicamente um jornal para discutir os feitos brasileiros em solo italiano (O Globo Expedicionário) que engloba relatos e experiências de combatentes. Percebemos que o mito do herói é fortemente influenciado pelo contexto em que ele está inserido, e, sua influencia externa, ao longo dos anos, vai se enfraquecendo da mesma maneira em que novos heróis vão surgindo. A relação de herói e patriotismo é herança de tempos mais remotos, como quando a sociedade grega se lembrava com orgulho de seus ancestrais, tais como Aquiles e Heitor. No Brasil, a imagem e a idéia de uma síntese nacional é resultado de anos de histórias segregadas, como destaca Sérgio Buarque de Holanda. “Como forjar uma idéia de nacionalismo, quando somos ‘desterrados’ em nossa terra?”. (HOLANDA, 1995, p. 31). A indústria cultural e o poder da propaganda oficial em meios de comunicação de massa são elementos importantes na compreensão do desenvolvimento do nacionalismo brasileiro, dos mitos e representações envolvendo a nação brasileira. PALAVRAS CHAVE: Herói nacional; FEB; Identidade brasileira.

Histórias do Chile na obra de Antonio Skármeta

Joanna Durand Zwarg (Universidade Presbiteriana Mackenzie) RESUMO GERAL: Por intermédio da configuração de personagens fictícias cujas vozes reconstroem produtos culturais de dado lugar e período, Antonio Skármeta (1940) comunica a história do Chile. Em seus romances ficção e história se entrelaçam a configuração da palavra como condição humana, na forma das personagens perceberem a si mesmas a partir do uso da fala e da escrita em comunicação com elementos sociais e artísticos da contemporaneidade. A palavra é, nas vozes de certas personagens que ocupam a trama, fonte de resistência e rompimento com a história oficial. Veremos como tal processo se dá na composição da obra Soñé que la nieve ardía (1975) - a trama reconstrói o país então governado por Allende, pouco antes do golpe - , e o que esse primeiro romance de Antonio Skármeta comunica a respeito do conjunto da obra do autor. Nos contos e romances do escritor chileno a palavra surge como forma essencial de expressão de identidades conflituosas e como elemento formador de imaginários nacionais. Abordaremos a literatura como fonte de reconhecimento individual e do outro a partir da percepção de identidades e consequente formação de imaginários nacionais. Por isso textos de Beatriz Sarlo e Stuart Hall serão referenciados, entre outros, na composição deste trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Chile; História; Palavra; Skármeta.

Pardo, paisano e pobre – tirado a sabichão e a porreta: a ficção de Tenda dos milagres, de Jorge Amado e sua representação fílmica, de Nelson Pereira dos Santos

Mônica Fernandes Barbosa (UFRJ) RESUMO GERAL: Esta Comunicação pretende analisar o romance Tenda dos milagres (1969), de Jorge Amado (1912-2001) e sua representação fílmica (1977), dirigida por Nelson Pereira dos Santos destacando os aspectos sociológicos, etnográficos e antropológicos que delineiam a personagem principal, Pedro Archanjo. Procura-se enfatizar os recursos empregados pelo cineasta na transposição fílmica da obra, principalmente aqueles voltados para a descrição dos costumes da Bahia do início do século XX, bem como as polêmicas em que se envolve o protagonista em seus embates em defesa da cultura mestiça, das religiões afros e da cultura popular diante da intransigência do pensamento ariano capitaneado pelos seguidores das teorias de Gobineau (1816- 1882). Uma das marcas da ficção de Jorge Amado reside na riqueza de detalhes com que descreve os costumes pitorescos da Bahia em sua narrativa neorrealista. Assim, discute-se, nesta Comunicação, como Nelson Pereira dos Santos transpõe este olhar acurado do escritor baiano para a tela cinematográfica, levando-se em consideração que as linguagens literária e cinematográfica são distintas, afinal, segundo Stam (2008, p.20), “a passagem de um meio verbal como o romance para um meio multifacetado como o filme, [...], explica a pouca probabilidade de uma fidelidade literal, que eu sugeriria qualificar até mesmo de indesejável”. PALAVRAS-CHAVE: Costumes; Ficção; Fidelidade Filme; Preconceito.

Literatura e mercado: cânone e anticânone

Jorge Paulo de Oliveira Neres (UFRJ) Juliana Alves Barbosa Menezes (UNESP) RESUMO GERAL: A literatura clássica ou canônica, compreendida enquanto discurso instituidor de modelos é validada por críticos literários, universidades e escolas. Em contrapartida, a literatura de massa ou anticânonica é guiada pelo mercado. O mundo moderno apresentou mudanças que afetaram o estilo artístico, a abordagem temática, mas inauguraram as vanguardas, abrindo espaços para se pensar a arte dentro de “múltiplos olhares” literatura e cinema, a gravura, o desenho, a escultura, histórias em quadrinhos, música, teatro em suportes e meios convencionais. Seria a literatura anticanônica uma alternativa para o trabalho na escola? Qual seria o papel da escola na sociedade de consumo? Sob esta perspectiva, este trabalho propõe-se a comparar as linguagens fílmica e literária das obras Cinquenta Tons de Cinza e Lucíola, considerando que, conforme BENJAMIN (1994, p.201), “[...] Escrever um romance significa, na descrição de uma vida humana, levar o incomensurável a seus últimos limites”. Neste sentido, a obra de arte abre-se para uma natureza mais híbrida, rompendo as barreiras da tradição, para incorporar todas as modalidades de linguagens. Afinal, ainda conforme BENJAMIN (1994, p.187), “Quanto mais se reduz a significação social de uma arte, maior fica a distância, no público, entre a atitude de fruição e a atitude crítica, [...].”. Assim, a intransitividade da obra literária em sala de aula dilui-se em leituras mais abrangentes e fluidas abrindo caminhos pouco vislumbrados. PALAVRAS-CHAVE: Anticanônico; Cinema; Clássico; Literatura; Transposição.

SIMPÓSIO - ESTUDOS PÓS-COLONIAIS EM DIÁLOGO COM A HISTÓRIA, A LITERATURA E A ARTE MINI-AUDITORIO 2

Coordenadores: Ms. Patricia Cuevas Estivil (PG-UNIOESTE) Me. Paulo César Fachin (PG-UNIOESTE/FAG) Dra.Ximena A. Díaz Merino (UNIOESTE/EPD-UERJ) RESUMO GERAL: O Simpósio intitulado Estudos Pós-coloniais em diálogo com a História, a Literatura e a Arte Contemporâneas propõe uma reflexão sobre as relações sociais vinculadas ao campo das construções identitárias com ênfase na expressão literária e plástica dos grupos humanos considerados minorias pelo poder cultural. Para a discussão proposta é de vital importância abordar a pluralidade das tradições e dos intercâmbios entre fronteiras culturais a partir das textualidades que constituem a marca identitária dos povos originários, ação que possibilita conhecer as vozes, a história, a literatura e as artes dessas sociedades silenciadas. Considerando os questionamentos levantados por Walter Mignolo sobre o denominado locus enunciativo se faz necessário problematizar o lugar a partir do qual se articulam os discursos e para quem são direcionados. Assim também, a passagem da tradição oral para a escrita da expressão cultural dos povos originários, revela estratégias discursivas utilizadas por textualidades pós-coloniais cujo objetivo é resgatar o passado histórico do colonizado e questionar postulações coloniais, configurando processos de libertação e descolonização. Trata-se, portanto, de discussões que envolvem relações de dependência, conflito e apropriação de padrões culturais entre comunidades étnicas, regionais, nacionais e/ou transnacionais. PALAVRAS CHAVE: Estudos pós-coloniais; Identidade; Locus enunciativo

Subalternas: da margem à decomposição Alana Regina Sousa de Menezes (UFMS) RESUMO: Este trabalho tem como objetivo traçar um panorama de três personagens femininas da escritora brasileira Clarice Lispector, sob a perspectiva dos estudos subalternos. Sabe-se que é intensa a produção de Lispector quando a personagem feminina é elemento fundamental do texto. As regras da suposta moral que prendem a mulher em sociedades machistas e patriarcais são incessantemente questionadas na tessitura da autora, em seus romances, contos, crônicas e, também, em sua dramaturgia. Estão, portanto, selecionadas neste trabalho três personagens femininas claricianas (Ana, Lucrécia e Pecadora) que – enquanto protagonistas – vieram a denunciar o estigma da mulher subalterna – colonizada, arquivada. Nesse segmento, será destacada a opressão ideológica que se impõe como obstáculo à autonomia feminina; para isso, fazem-se basilares as contribuições de Brandão e Branco (2004); Rago (2012) e Lipovetsky (2000). No que tange à maneira com a qual Clarice Lispector problematiza a temática da subalternidade feminina, Spivak (2010); Mignolo (2003); Hall (2003); Durão (2011); Enedino (2015) e Nolasco (2009) trazem contribuições seminais para o presente estudo. O que se pode concluir é que Clarice Lispector marca seu projeto ficcional pela ferina reflexão acerca da opressora moral que – fundada na hipocrisia e na desigualdade – vem a isolar a mulher do centro social. Clarice desarquiva, portanto, a memória subalterna de uma classe silenciada. As personagens femininas de Lispector citadas neste trabalho são, pois, metáforas da marginalização, da degeneração e da subalternidade. PALAVRAS-CHAVE: subalternidade; feminino; Clarice Lispector.

A Razão Pós-Ocidental na obra do escritor sul-mato-grossense Hélio Serejo

Adrielly Vilela (PG-PPGMEL/NECC/UFMS) Dr. Edgar Cézar Nolasco (UFMS/NECC) RESUMO: Este trabalho propõe fazer uma reflexão conceitual de base póscolonial/ocidental estudada principalmente pelo pesquisador argentino Walter Mignolo a partir das obras do escritor sul-mato-grossense Hélio Serejo. O escritor retratou o Estado de Mato Grosso do Sul, suas paisagens, povos e cultura, mostrando a realidade da fronteira geográfica Brasil-Paraguai, a produção da erva-mate, e retratando a paisagem fronteiriça, e o sertão localizado na parte oeste do país. Assim nos deteremos em uma leitura crítica a partir da fronteira geográfica, mas também e epistemológica, do crioulismo e das paisagens sertanejas pertinentes em sua obra literária. Para isso nos valeremos também dos pressupostos conceituais, de sensibilidades locais e de fronteira propostos pelo teórico pós-colonial/ocidental Walter Mignolo, e também dos conceitos de paisagens biográficas, e sensibilidades biográficas, propostos pelo professor e pesquisador Edgar Cézar Nolasco nos livros Arte, Cultura e Literatura em Mato Grosso do Sul, e Perto do Coração Selbage da Crítica Fronteriza respectivamente, ambos inclinados para a razão pós-ocidental. Ressaltaremos também o locus enunciativo no qual o autor sul-mato-grossense está inserido pesando a partir do que propõe o teórico argentino, ressaltando a importância que tem o locus para a produção de conhecimento do sujeito, e em como isso reflete diretamente no que e em como ele irá produzir. PALAVRAS-CHAVE: Sensibilidades locais; Fronteira; Locus.

Feminismo pós-colonial e orientalismos: Formas de resistência do/no romance gráfico Bordados, de Marjane Satrapi

Ana Lúcia Dacome Bueno (PG-UEM) RESUMO: Sob os olhos de um feminismo ocidental ensimesmado, as mulheres do Oriente Islâmico são, até os dias atuais, consideradas demasiado submissas aos homens e à religião. Contudo, tomando a importância de uma teoria pós-colonial para relacionar diferenças e discriminações que embasam a hierarquia cultural e racial, o feminismo póscolonial destaca aspectos invisibilizados e contraditórios das narrativas dominantes, proporcionando, num movimento de crítica dentro da própria epistemologia feminista, contribuições para encaminhar a luta pela emancipação das mulheres por vias e diálogos mais coerentes com uma diversidade em ser e estar como mulher no mundo hoje. Aliando essas perspectivas políticas e teóricas, destacamos algumas autoras feministas pertinentes e procuramos estabelecer nesse trabalho relações entre estudos de contextos históricos específicos do Irã e sua relação com o islamismo, as chamadas formas sutis de resistência apontadas por Bill Ashcroft e a literatura autobiográfica feminina, a fim de entender como um discurso hegemônico ocidental é responsável pela construção homogeneizadora e essencialista das diversas mulheres de culturas muçulmanas. Para tanto, analisamos o romance gráfico franco-iraniano Bordados, de Marjane Satrapi, considerando as condições a que sua produção está submetida, a importância da autorrepresentação na obra e as formas próprias de estratégias feministas proporcionadas pelo contexto do hibridismo cultural que ela retrata/relata. PALAVRAS-CHAVE: Feminismo pós-colonial; Orientalismo; Resistências; Bordados

Transculturação citadina na obra Los ríos profundos, de José María Arguedas

Célia Camila Barbosa (PIBIC-FA/UNIOESTE) Dra. Ximena A. Díaz Merino (UNIOESTE/EPD-UERJ) RESUMO: Esta comunicação se centrará principalmente na análise da obra Los ríos profundos (1958) do escritor e etnólogo peruano José María Arguedas (1911-1969) acerca da transculturação citadina. Los ríos profundos revela o conflito interno do autor, filho de pai branco e mãe indígena, que vive a ambiguidade de pertencer a dois mundos. Arguedas se divide entre o desejo de preservar a cultura indígena em seu estado puro ao mesmo tempo em que sente a obrigação de redimir o indígena andino da condição econômica e social imposta pelo homem branco. Destaca-se nessa comunicação o olhar citadino do autor que percebe e descreve o encontro de dois tempos, dois mundos e duas histórias cristalizadas na junção do Cuzco pré-hispânico e do Cuzco moderno, imagens que revelam um encontro de culturas por meio do qual se pretende entender o enfrentamento entre o mundo indígena da serra e o modelo ocidental imperante no litoral peruano. A realidade indígena foi narrada por décadas sem alcançar seu verdadeiro espírito constituindo o denominado “indigenismo desde fora”, mas foi a partir das narrativas de José María Arguedas que se começou a falar de um “indigenismo desde dentro”, uma realidade narrada por homens que viveram em contato direto com índios e mestiços. PALAVRAS-CHAVE: Transculturação citadina; Resistência cultural; José María Arguedas.

História, memória e literatura de cidades da Transamazônica César Martins de Souza (UFPA) RESUMO: Estreito, Marabá, Altamira, Itaituba, Jacareacanga, Humaitá e Lábrea já existiam há décadas, vivenciaram histórias contadas em livros e relatos orais, a partir das memórias de seus moradores mais antigos mas, em 1970, assistiram com ansiedade e receio o anúncio de uma obra que se constituiria em elo entre estas tão diferentes cidades e que mudaria definitivamente suas realidades: a construção da rodovia Transamazônica. A rodovia de mais de cinco mil quilômetros que intentava interligar o oceano Atlântico ao Pacífico e a Amazônia, em seu interior, ao restante do país, foi a obra mais propagandeada do general-presidente Emílio Garrastazu Médici. Estas cidades, que no projeto de colonização oficial foram projetadas como principais centros urbanos para o processo de migração de nordestinos e sulistas para a Amazônia, foram transtornadas e transformadas pela rodovia. Ao analisarmos obras literárias e relatos orais de moradores percebemos que as cidades da Transamazônica receberam, com o gigantesco empreendimento, hospitais, mais escolas, algumas delas aeroportos, novas vias públicas, aumento considerável da população, com marcante diversidade cultural, mas também diversos problemas sociais, como violência, precarização de condições de vida e de moradia e conflitos entre migrantes e populações locais. A literatura permite compreender assim, a poética contida na prosa e na poesia, pautadas em memórias destas cidades, bem como os problemas que a estrada ocasionou a populações locais, como a indígenas e caboclos ribeirinhos, expulsos ou atingidos, em suas condições de vida, por uma das maiores obras da ditadura civil-militar brasileira.

Ressonâncias da mitologia asteca na lírica de Octavio Paz

Elis Regina Basso (UNIOESTE) RESUMO: O corpus, deste estudo, é constituído por quatro prosas poéticas do escritor mexicano Octavio Paz (1914-1998), presentes no livro ¿Águila o sol? (2013). Objetivase analisar comparativamente os textos: Valle de México, Mariposa Obsidiana, Dama Huasteca e La higuera a fim de verificar como a mitologia asteca e a cultura mexicana são representadas nestas obras literárias. A cultura asteca está imbricada na identidade do povo mexicano, assim, ressonâncias do passado indígena se presentificam na lírica de Paz; observar-se-á, portanto, como o autor resgata elementos da memória dos povos originários e os insere em suas produções literárias. Inicialmente, o conceito de prosa poética será problematizado; de acordo com Massaud (2004) e Todorov (1996). Em um segundo momento, tratar-se-á sobre Octavio Paz e sua relação com a Literatura Hispanoamericana, conforme Oviedo (2002); além de estudar sua presença na poesia mexicana contemporânea, consoante Brading (2010). Em relação à base teórica, fundamentar-se-á na Literatura Comparada defendida por Coutinho (2003) e Carvalhal (2007). Para a análise das obras líricas, no que concerne à mitologia asteca, basear-se-á em Chevalier e Gheerbrant (2009), Donato (1973) e Soustelle (1987). A relevância deste trabalho se dá na medida em que contribui para com a ampliação dos estudos mexicanistas no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Comparada; México; Astecas.

Memória e Identidades em Venenos de Deus, Remédios do Diabo, de Mia Couto

Emelle Ribeiro de Souza (PUCPR) Dr. Marcelo Franz (PUCPR) RESUMO: Mia Couto é hoje um dos romancistas africanos mais conhecidos e valorizados no Brasil. Renomado internacionalmente, o escritor moçambicano se destaca como representante da emergente literatura africana de expressão lusófona identificada como “pós-colonial”, isto é, surgida do universo cultural resultante da emancipação de países outrora colonizados por potências europeias e que, na afirmação de sua identidade (mesmo que use na literatura a língua do colonizador), assume um discurso de discordância ou revisão da dominação cultural sofrida por séculos. Contudo, a ficção de Mia Couto busca transcender esse traço de filiação a uma tendência de época, apostando na universalidade. Pretende-se neste estudo analisar o romance Venenos de Deus, Remédios do Diabo (2008) observando como a noção de identidade (pessoal, social, histórica) se articula à de memória coletiva na experiência dos principais personagens do romance. A problemática da “descolonização” sem horizontes é apontada nas reflexões de Bartolomeu Sozinho, o velho doente, saudoso dos tempos coloniais. Coloca-se, por meio das suas reminiscências de um suposto tempo de glória evocado na idealização de sua atividade de marinheiro no navio Infante dom Henrique. As dificuldades do presente o levam a legitimar o discurso do colonizador. Em sentido oposto, a estada do médico português Sidónio em Moçambique, na busca frustrada de um amor, resulta no rico envolvimento com o país, e aponta para a busca da construção possível de uma identidade a partir do confronto com o diferente. PALAVRAS-CHAVE: memória; identidades; Mia Couto

A invisibilidade dos elfos domésticos em “Harry Potter” como reflexo do racismo e da escravidão

Fernanda Carvalho (UEM) RESUMO: Tendo como linha de análise os estudos sociais, esse trabalho tem por objetivo refletir sobre a situação escravocrata e racista a que os elfos domésticos são acometidos na série infanto-juvenil Harry Potter. Na obra em questão, os elfos não são reconhecidos como sujeitos, sendo objetificados, o que “legitima” o discurso hierarquizante dos bruxos para vê-los como seres inferiores, tomá-los como propriedade e escravizá-los. Com o objetivo de desenvolver a análise, mobiliza-se um referencial teórico sobre racismo, pós-colonialismo e resistência a fim de discutir as relações entre preconceito racial, escravidão, colonialismo e literatura; a invisibilidade dos elfos domésticos na narrativa; o discurso do opressor, bem como o do oprimido. Mais além, sendo a obra uma metáfora da sociedade, pondera-se sobre que grupo social os elfos domésticos estariam representando, chegando-se à conclusão de que eles simbolizam os não-britânicos e não-brancos, ou seja, os imigrantes, que foram no passado escravizados, e que hoje devem se tornar “invisíveis” perante a sociedade europeia para serem aceitos. Sendo um reflexo da sociedade, vemos que ao fim dos volumes da série a situação dos elfos domésticos permanece imutável, assim como os não-britânicos não-brancos ainda são marginalizados, ficando aquém da sociedade, uma vez que há marcas do período colonial que não foram extirpadas. PALAVRAS-CHAVE: Racismo; Escravidão; Elfos domésticos; Harry Potter.

Perspectivas Ameríndias: as textualidades indígenas contemporâneas no Brasil e a descolonização das subjetividades Francis Mary Soares Correia da Rosa (UEFS) RESUMO: Trata-se de uma investigação dos mecanismos de representação política e identitária que ocorrem por meio da prática literária em comunidades indígenas brasileiras, tal como o estudo dos deslocamentos políticos que esta literatura de autoria indígena provoca no imaginário nacional e em uma perspectiva literária alicerçada no lócus enunciativo ocidental. Espera-se apontar as continuidades e descontinuidades observáveis nos processos de constituição das identidades étnicas, assim como os processos de etnogênese indígenas. Referenciando-se no discurso crítico a uma epistemologia eurocêntrica, busca-se apresentar os processos históricos que repercutiram no processo de desenvolvimento da tradição escrita nestas culturas de tradição oral e como a literatura indígena contemporânea pode se pronunciar com um espaço de enfrentamento aos discursos consagrados e unilaterais sobre a alteridade ameríndia. Espera-se contribuir para um conjunto de reflexões críticas sobre o uso político e afirmativo com que estas literaturas apresentam, assim como a configuração de uma identidade literária marcada pelo transcultural e pela luta do reconhecimento de direitos, valorização das culturas, reescrita da história e cosmovisões indígenas. PALAVRAS-CHAVE: etnogênese; literatura; indígenas; identidades; estudos póscoloniais.

A cultura Caiçara e o conceito de Carnavalização de Bakhtin

Joni Márcio Dorneles Fontella (PG-UNIOESTE) Dra. Carmen Teresinha Baumgartner (UNIOESTE) RESUMO: Até meados dos anos setenta, as comunidades Caiçaras paranaenses e paulistas viviam basicamente da pesca e de produtos extraídos de pequenas plantações. Para a obtenção desses meios de sobrevivência, o trabalho era realizado em forma de mutirão, nos quais as pessoas participavam voluntariamente com sua força de trabalho. Como forma de reconhecimento pelo auxílio prestado, ao final das atividades, a família anfitriã oferecia uma festa, com comida, bebida, música e dança. Essa festa era denominada de fandango, um momento de confraternização marcado pela brincadeira, espontaneidade e descontração. Tendo em vista a importância do fandango no contexto em foco, este trabalho tem por objetivo refletir sobre sua constituição enquanto festa popular, a partir da noção de carnavalização, conforme elaborada por Bakhtin (1987). Ao analisar o canaval como festa popular na Idade Média e no Renascimento, Bakhtin argumenta que as relações hierárquicas existentes entre as pessoas em outras circunstâncias da vida social eram completamente abolidas durante os dias de festa. Entendemos que a noção de carnavalização pode ser associada ao fandango Caiçara. Então, para a realização do estudo empregamos a metodologia de pesquisa que compreende a análise documental. Os instrumentos para geração de dados foram entrevistas constantes no livro O museu vivo do fandango (2006), em que membros das comunidades Caiçaras expressam suas representações sobre, dentre outras questões, significados do fandango. PALAVRAS-CHAVE: Fandango Caiçara. Carnavalização. Cultura.

A bússola de um bom lugar: Quimeras e primaveras no rap

Ludmilla Kujat Witzel (PG-UNIOESTE) RESUMO: “Salve quebrada, século XXI, chegamos,/mas quem diria?/Na era da informação a burrice dando as carta, a/ignorância dando as carta”. Esta é a voz de Emicida, das Batalhas de Mc’s até o último disco, lançado este ano, ecoando “da senzala para o mundo”, propondo-se a refletir sobre a sociedade e usando a arte do rap como veículo de expressão. Neste trabalho, portanto, “Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa” é pensado a partir das teorias pós-coloniais, elucidada a partir de autores como Hommi Babha, Silviano Santiago e Zilá Bernd, não obstante, antes de tudo, intenciona-se trazer a voz do rapper e as outras vozes que falam através de si, entendidas como representação do sujeito pós-colonial, materializada no rap (ritmo e poesia), viralizando na mídia e nas redes sociais, perpassando a barreira das classes sociais, sendo ouvida e valorizada, ganhando espaço, mas principalmente, propondo uma reflexão sobre os espaços do colonizado, do trabalhador, da infância, da mulher, do negro, na sociedade contemporânea nacional. “Todos temos a bússola de um bom lugar”, premissa expressa na letra da canção “Mandume”, que também cita e referencia um dos principais nomes do rap, a saber, Sabotage; nesse sentido, intenciona-se refletir sobre qual é o lugar ocupado pelo sujeito pós-colonial, para tanto, pensaremos a ocupação do espaço artístico, cultural e social, a partir da música de Emicida. PALAVRAS-CHAVE: Pós-colonialismo; rap; Emicida

Quem é Alice? Outremizações, representações e subordinações sobre a subjetividade da personagem Alice em As doze tribos de Hattie de Ayana Mathis.

Luiz Henrique dos Santos Cordeiro (UEM)

RESUMO: Entende-se que na sociedade contemporânea os sujeitos procuram sempre uma melhoria na qualidade do quadro social, de forma a promover melhores oportunidades para as pessoas de seu convívio além, claro, delas mesmas. Porém, até que ponto essa busca por melhorias não transforma os sujeitos, pertencentes a uma determinada sociedade ou classe social, de dominados para dominadores? E como a outremização constitui parte da identidade desses sujeitos? Com base em tais questionamentos, propomos uma análise e discussão acerca da personagem Alice, presente no capítulo Alice e Billups, da obra As doze tribos de Hattie, de Ayana Mathis, onde a mesma enfrenta um processo de questionamento se si mesma, tendo em vista a sociedade com a qual está convivendo, o que leva também a personagem acima, a questionar suas atitudes e posicionamentos, outrora de uma mulher simples, pertencente a uma classe social baixa, logo sem poder social algum, para uma dama da sociedade, com poderes de dominação sobre outras pessoas, incluindo até seu próprio irmão Billups. Com base nas teorias de outremização e alteridade de Edward Said, assim como as teorias de representação dos sujeitos de Roger Chartieu, e dos estudos sobre a subjetividade e identidade dos sujeitos de Stuart Hall, pretendemos questionar o papel dos sujeitos enquanto outremizados em culturas diferentes de suas próprias. PALAVRAS-CHAVE: Outremização; Pós-colonialismo; Subjetividade; Culturas; Classes sociais.

Marcas do pós-colonialismo no conto Varandas da Eva, de Milton Hatoum.

Marcos Douglas Pereira (PG-UNIOESTE) RESUMO: Este estudo apresenta uma análise do conto Varandas da Eva (2009), de Milton Hatoum, a fim de localizar na narrativa memorialística e intimista e na representação de algumas personagens os ecos de uma literatura tradicionalmente pautada em um olhar estrangeiro. São observadas as relações entre um autor amazonense de origem libanesa e as vozes dos habitantes nativos da região amazônica que se interrelacionam constantemente com os estrangeiros cujo olhar para a região é preponderantemente econômico. Como componente histórico sabe-se que a cidade de Manaus viveu intensas transformações estruturais devido à presença de povos de diferentes nacionalidades. Dessa forma, as marcas presentes na constituição identitária das personagens do conto apontam para uma estrutura de influências sociológicas diversas que estão presentes na descrição do ambiente – reconstruído sob a forma de memória pelo narrador – que é cenário de diálogo entre o elemento nativo e a civilização trazida pela perspectiva capitalista. Sob a luz da teoria de autores como Homi Bhabha, Frantz Fanon e Antonio Candido é possível identificar como Hatoum apresenta aspectos pós-coloniais que marcam a sociedade amazonense. A ambição colonialista e a nova ordem econômica da sociedade manauara são observadas por meio das categorias exploradas na análise do conto que contribui então para os estudos pós-coloniais. PALAVRAS-CHAVE: Milton Hatoum; pós-colonialismo; memórias.

Representações de si e do outro na pintura e no Diário de Frida Kahlo Paulo Fachin (UNIOESTE – FAG) Dra. Ximena A. Díaz Merino (UNIOESTE/EPD-UERJ) RESUMO: Frida Kahlo constrói seu Diário por meio de imagens e palavras, trazendo em toda a sua obra traços que denunciam os seus amores, sua dor, sua intimidade e aspectos de sua cultura mexicana. O Diário é um documento que responde aos últimos dez anos de sua vida agitada por amores e dores afetivas e físicas, pois, através dele e de sua obra pictórica, é possível perceber que Frida pintava o que ela vivia, pintava a sua própria realidade. O objetivo deste trabalho é discutir questões relacionadas à autobiografia e alteridade presentes no Diário e na pintura de Frida Kahlo apresentando sua origem e sua relação íntima com a cultura mexicana, atestando sua filiação às civilizações indígenas trazendo a miscigenação como princípio fundador da identidade nacional mexicana moderna e, sua valorização como autoridade cultural frente às representações coloniais e imperialistas norte-americanas e europeias. Para este estudo, serão utilizados os conceitos trazidos por Walter Mignolo sobre o locus enunciativo, problematizando de onde e para quem Frida escreve e produz suas obras. Assim, como forma de ser e viver no mundo, Frida Kahlo busca recuperar sua herança histórica e cultural. Sua memória, em sua obra, é um lugar onde ela manifesta a si e ao outro, com a intenção de construir a sua própria história e sua identidade com pertencimento ao México. PALAVRAS-CHAVE: Identidade; Imagens e Palavras; Diário; Alteridade.

Pós-Colonialismo e Polifonia em Cantos Folclóricos Chilenos e a Cantante Calva de Violeta Parra

Patricia, V. Cuevas Estivil (PPG–UNIOESTE) Dra. Ximena A. Díaz Merino (UNIOESTE/EPD-UERJ)

RESUMO: Romper os limites da arte e a literatura significou por muito tempo um empecilho para os poetas de todo o mundo. O livro de Violeta Parra, Cantos Folclóricos Chilenos [1959] trabalho de pesquisa e recopilação, e a arpillera La Cantante calva (1960) pela sua dialoguisidade permite fazer uma interessante inter-relação entre as diferentes expressões artísticas que a autora utilizava a modo dos melhores cantores da tradição popular. Buscar-se-á, por meio da analise comparativa e dos recursos oferecidos pelos estudos pós-coloniais, resgatar as vozes populares que respondem aos problemas da transculturação poética na literatura popular de começos do século XX. A pesquisadora descobre que no Chile foram silenciadas entre as paisagens rurais e os espaços suburbanos, a arte e o canto produzido pelos negros, índios, ou mestiços no tempo da Colônia, pela ideia de hispanidade atribuída ao canto popular. As obras explicitam arquivos da palavra oral, vozes de mulheres marginadas como a autora, pela modernidade, sistema imposto e alheio à comunidade implicada. A obra libera a oralidade de seu estigma colonial. Fundamentarão o estudo poético, Octavio Paz (1967:1984:1991) e Martin Lienhard (1990) quem analisa a marginalização dos povos não letrados em função do sistema imposto pelo conquistador. Assim também, se buscará compreender por meio da análise dos conceitos de polifonia de Mikhail Bakhtin (2010) as vozes silenciadas e as que falam através delas na tradição popular. PALAVRAS-CHAVE: Pós-colonialidade; tradição popular; polifonia; Violeta Parra

Cicatrizes pós-coloniais na poética do intelectual (des)conhecido Lobivar Matos Pedro Henrique Alves de Medeiros (PIBIC/CNPq – NECC/UFMS) Dr. Edgar Cézar Nolasco (NECC/UFMS) RESUMO: Nossa comunicação tem como intuito realizar uma leitura pós-colonial das obras de Lobivar Matos, poeta que esteve situado na tríplice fronteira do Mato Grosso do Sul com a Bolívia e o Paraguai, além de dar continuidade à pesquisa “Paisagens fronteiriças na poética de Lobivar Matos” em nível bolsista PIBIC/CNPq. Para tanto, fizemos uso de seus dois livros de poesias Areôtorare: poemas bóroros (1935) e Sarobá: poemas (1936), além de uma vasta bibliografia assentada na crítica biográfica e na póscolonialidade. Assim sendo, buscamos identificar na poética lobivariana marcas que demonstrem um pensamento pós-colonial já em meados da década de trinta, isto é, um posicionamento crítico em relação àquele sistema colonial de racionalização imposto à minoria negra e indígena marginalizada de Corumbá no século XX. O poeta e intelectual (des)conhecido Lobivar Matos contribuiu significativamente para todo o construto literário, social, político, intelectual e cultural da identidade do Mato Grosso do Sul, e, sobretudo, deu representatividade àquelas minorias caladas por uma sociedade majoritariamente branca, moderna, colonial e excludente alocada no lócus fronteiriço corumbaense. Por fim, nossos estudos indicam que Lobivar Matos como um escritor marginal, subalterno e periférico é pouco ou quase não é estudado dentro da academia, e nós, sujeitos também fronteiriços, buscamos estudá-lo a fim de aumentar sua visibilidade social e acadêmica. PALAVRAS-CHAVE: Lobivar Matos; Corumbá; periferia; pós-colonialidade; cultura.

Narrador multiplicador de vozes

Ruane Maciel Kaminski Alves (CAPES/PG-UNIOESTE) Dra. Ximena A. Díaz Merino (UNIOESTE/EPD-UERJ)

RESUMO: A formulação das imagens de identidade e as práticas de resistência empregadas pelos literatos africanos pós-coloniais atuam em um processo, definido por Bhabha, como produzido em um “terceiro espaço cultural que se forma no contato com a alteridade” (BHABHA, 2003, p. 67). Os romances Age of Iron (1990) e Disgrace (1999) do escritor sul-africano J. M. Coetzee podem ser lidos, como uma literatura pós-colonial, na qual reside a função de questionar o discurso colonial e denunciar a situação póscolonial. O uso do prefixo “pós” é empregado como possibilidade de construção das identidades neste deslocamento para o “além” com o poder de retornar, rever e reconstruir. O conceito de pós-modernidade, portanto, está em direta relação com os estudos culturais pós-coloniais, no sentido de tornar “[...] o espaço denominado como o além como uma forma de intervenção “[...] no aqui e no agora” (BHABHA, 2003, p. 26 – 27). Propõe-se, portanto, pensar na imagem de um narrador pós-colonial que incita no leitor a reflexão mas também poderá, através da sua experiência doar “[...] a sua voz aos silenciados da História” (CARVALHO, 2009, p.08). Utilizando-se das ferramentas da intertextualidade e interdiscursividade, o narrador pós-colonial é formado por uma polifonia de vozes que formam a coletividade, como forma de expressão dos grupos marginalizados historicamente. Os personagens e narradores de Age of Iron e Disgrace resultam dessa necessidade de se repensar as estruturas e conceitos do mundo colonial e pós-colonial. PALAVRAS-CHAVE: pós-colonialismo; literatura comparada; interdiscursividade; pós-modernidade; identidade.

Terra Sonâmbula: Testemunho, Leitura e Humanização

Thiago Alexandre Correa (PUCPR) Dr. Marcelo Franz (PUCPR) RESUMO: Observa-se atualmente um aumento no interesse pela literatura de testemunho por parte dos estudos literários. Essa corrente literária, de acordo com SELIGMANN (2003), mais do que um gênero em si, é uma face da literatura, geralmente voltada à caracterização de memórias relacionadas a algum trauma ou experiência de sofrimento. Em geral, trata-se da ficcionalização amparada na leitura de uma circunstância histórica, valendo-se do simbólico como forma (e força) de expressão que, embora voltada ao factual, mantém-se livre da prisão do verossímil trivial. Um exemplo dessa situação ocorre no romance Terra Sonâmbula (1992) de Mia Couto, no qual o centro do enredo é o contato do protagonista Muidinga com os escritos de Kindzu, achados nos escombros de uma guerra que destroçou o país onde vive. A relação afetiva do garoto com aqueles cadernos – que contam, de modo simbólico, da sua resistência do seu autor, também criança - leva Muidinga a superar a monotonia e a morbidez do ambiente de devastação causada pela guerra. A sua capacidade leitora lhe possibilita visitar outras realidades além do sofrimento e dos desafios que é obrigado a enfrentar. A partir destes apontamentos, pretende-se observar e refletir acerca do efeito dos escritos de testemunho sobre quem os lê a ponto de as memórias neles presentes interferirem na sua construção identitária individual. PALAVRAS-CHAVE: testemunho; leitura; humanização

Perspectiva pós-colonial e transcultural no contexto latino-americano

Ximena A. Díaz Merino (UNIOESTE/EPD-UERJ)

RESUMO: De acordo com Thomas Bonnici (2005) a dificuldade de encontrar um espaço para a América Latina na Teoria Pós-colonial se deve à focalização dada por Edward Said em seus estudos sobre o Oriente, os quais abordam o imperialismo francês e britânico a partir do século XIX, tendo como loci geográficos Argélia e Índia. Outro dos motivos pelos que a América Latina é muitas vezes excluída dos paradigmas pós-coloniais diz respeito ao fato de “as guerras da independência latino-americana não terem se dado entre as populações colonizadas e as populações colonizadoras e de essas guerras terem sido seguidas por guerras de extermínio contra as primeiras populações das Américas” (BONNICI, 2005). Walter Mignolo (2005), entende que a manifestação do pós-colonial não se refere somente ao discurso escrito depois da colônia, mas a um corpus maior que se estende desde o momento da colonização até o presente. O enfoque desses textos é a relação entre colonizador e colonizado, ainda que o colonizador já não domine em território, e a perspectiva representacional não necessariamente seja binaria. Dessa maneira a produção de textos pós-coloniais começa no momento da colonização e todos os textos que resistem à empresa colonizadora se incluem nesse corpus. Consoante Carvalhal (1996), trata-se de uma realidade que se estende a todos os povos que vivenciaram a experiência da colonização, uma realidade inerente tanto aos loci de enunciação de Said quanto da América Latina, posto que “[...] somos contados, isto é, integramos o relato do Novo Mundo, que se organiza a partir de um olhar de fora: o estrangeiro diz de nós para nós mesmos”. PALAVRAS-CHAVE: Pós-colonialismo; América Latina; Transculturação.

SIMPÓSIO - IDENTIDADE, HISTÓRIA E MEMÓRIA: TESSITURAS POÉTICAS SALA:1

Coordenadores: Dr. Edson Santos Silva (UNICENTRO) Dra. Mariléia Gärtner (UNICENTRO) Ms. Adriana Binati Martinez (UNICENTRO – PG-USP)

RESUMO GERAL: Esse simpósio tem o intuito de refletir a identidade, a memória e a história em poéticas que se configuram a partir da territorialidade latino-americana. Baseando-nos no pressuposto de que a América Latina é uma especulação (LUDMER, 2014) que orienta e influencia a escrita literária, o continente serve de postulado epistemológico que vai além de sua planificação político geográfica, mas, sobretudo, como prática social, histórica e simbólica. Nesse sentido, questões atreladas ao deslocamento do sujeito (escritor; narrativo; lírico; teatral) em processos de (i)migração, aos trânsitos, a representação da urbes, ao exílio, a diáspora, a movimentos étnicos, a globalização, a identidade, a fragmentação do corpopoético, a paradoxos da modernidade, a imbricação entre os gêneros literários, a reconfiguração de fronteiras espaciais e das linguagens são algumas das categorias internas às obras que nos permitem ler a literatura como tessitura heterogênea. A nação-Estado, a pátria e o continente são interpelados como comunidade imaginada (ANDERSON, 1993), ou seja, como valores culturais, lingüísticos e históricos que, a despeito de suas aporias e constituição plural, servem de articulação simbólica entre os povos. O discurso memorialístico e o discurso historiográfico são interpretados desde seu locus de enunciação como construções verbais sígnicas. O relacionamento estabelecido com o passado – seja no nível individual (sujeito/memória privada), seja no nível coletivo (naçãoEstado/memória pública) – se dá, principalmente, por meio da estrutura poética. No escopo teórico aqui proposto, a identidade desde América Latina é ainda uma questão em aberto e uma categoria relacional, intersubjetiva e histórica (QUIJANO, 1992). PALAVRAS CHAVE: América Latina; identidade; história; memória; tessituras poéticas.

Días de Fuego: identidade fragmentada Ms. Adriana Binati Martinez (UNICENTRO/Irati – PG-USP)

RESUMO: O romance Días de Fuego (2009), de Luis Fernando Cueto Chavarría, aborda o período histórico da ação militante do Partido Comunista Peruano – Sendero Luminoso (PCP-SL) contra o governo estatal no Peru. Situada entre o fim dos anos 80 e início dos 90 do século passado, a narrativa se distende entre o passado e o presente do protagonista narrador Segundo Rentería, desde seu período de formação na Escuela de Subalternos de la Policía de Investigaciones del Perú, passando por sua atuação como policial do estado até sua invalidez. De modo geral, calcada na memória desse personagem, o romance apresenta uma trama fragmentária pautada nos delitos sofridos nesse período marcado pela violência do conflito armado interno. Igualmente a obra deflagra os conflitos identitários desse eu narrativo com sua nação representada tanto no poder autoritário do Estado (a quem serve como policial), como nas múltiplas etnias e civis com os quais o narrador se relaciona. A história nacional se entrelaça com a história individual de Segundo Rentería tecendo uma narrativa ambivalente. Assim, baseando-nos em ADORNO, BENJAMIN, GINZBURG, LUDMER, SARLO, VIVANCO entre outros, nosso estudo tem como objetivo a análise da identidade em conflito desse sujeito narrativo, uma vez que as tensões não são apenas temáticas, mas também estruturais nesse romance. PALAVRAS-CHAVE: Días de Fuego; narrativa peruana; memória; identidade fragmentada

A construção do sujeito transculturado em Figura na sombra de Luiz Antonio de Assis Brasil

Ana Maria Klock (UNIOESTE) RESUMO: Apoiado nos pressupostos da Literatura Comparada e na confluência entre História e Literatura, o presente trabalho centra-se no estudo do romance metaficcional Figura na Sombra, do escritor gaúcho Luiz Antonio de Assis Brasil. Nosso intento é, partindo da compreensão das produções híbridas de história e ficção como modalidade de releitura crítica do passado e que busca dar sentido renovado ao presente, tratar do resgate memorial da biografia do naturalista francês Aimé Bonpland, figura que permaneceu à margem dos registros históricos, mas que agora se renova através da ficção. Essa possibilidade de reler a história materializada na obra literária gera múltiplas visões sobre o tempo pretérito e dá personalidade, origem e voz a essa figura silenciada, apresentando-nos a possibilidade de conhecer o passado pelo viés do anônimo. Viajante e grande estudioso da fauna e da flora americana, Bonpland ficou relegado à sombra e ao esquecimento, assim como o título insinua, abandonando a sua terra natal para estabelecer-se em definitivo no extremo sul-americano, onde integrou-se aos costumes, à língua e à identidade local após um longo período de andanças e trânsitos por diferentes países latino-americanos. A narrativa flerta, portanto, com questões relativas à formação identitária, trânsitos, travessia de fronteiras e processos transculturais em que o sujeito, durante a sua jornada, se renova no contato, nas trocas e nas relações com diferentes culturas, evidenciando, assim, um fenômeno pungente em toda a América Latina, e que ainda está em voga, e algo que se realiza também em âmbito global. PALAVRAS-CHAVE: transculturação; identidade; trânsito; viajante.

Identidade Nacional e Dramaturgia em Almeida Garrett

Dr. Edson Santos Silva (UNICENTRO) RESUMO: A questão da identidade nacional foi tema central das preocupações do Romantismo em Portugal, sobretudo na produção de Almeida Garrett (1799-1854). Com efeito, ao introduzir em 1825 o Romantismo em terras lusas, com a obra Camões, Garrett ensejava por meio da figura paradigmática do cantor das glórias lusitanas, o poeta Luis Vaz de Camões (1524-1580), autor de Os Lusíadas, trazer ao centro da liça a discussão do que seria a identidade portuguesa. Esta questão, como se sabe, dialogava de um lado com uma questão política, ou seja, a luta renhida pelo poder entre D. Manuel (defensor da Monarquia Absoluta) e D. Pedro IV (defensor da Monarquia Constitucional) - esta contenda ficou conhecida como Crise de Sucessão ao trono Português e durou de 1826 a 1834 -; de outro, uma sociológica; o número de analfabetos em Portugal no século XIX ultrapassava 70% da população. Para enfrentar essas duas questões, Garrett pegou em armas e lutou contra a Monarquia Absoluta e para dar azo à discussão da identidade nacional elegeu a dramaturgia, uma vez que ela, segundo Garrett, pela sua especificidade, pode atingir um número significativo de pessoas, pois dispensa a leitura de textos. Além disso, para Garrett, o teatro é um meio de civilização. Diante disso, pretende-se, por meio deste trabalho, analisar em que medida a dramaturgia garrettiana serviu de plataforma para discussão de um tema tipicamente romântico: a Identidade Nacional. PALAVRAS-CHAVES: Romantismo; Dramaturgia; Identidade Nacional.

Geopoéticas de América Latina: Un viaje por paisajes de silencio tras la identidad del llano y el sertón

Franklin Jhonatan Barreto (UNILA) RESUMEN: Esta investigación pretende realizar un acercamiento a las dinámicas psicoespaciales que se establecen al interior de El llano en llamas del escritor mexicano Juan Rulfo, y de Vidas secas del novelista brasilero Graciliano Ramos. Para ello es necesario establecer un vínculo entre la tierra, el hombre y la lucha, aspectos presentes en la tradición literaria latinoamericana y que permiten, a través de una revisión de los conceptos de memoria e identidad expuestos por Cosgrove, Halbwachs y Asmann, perfilar las atmósferas hostiles y desesperanzadoras que se establecen como escenarios históricos para la construcción de procesos sociales. A la hora de trazar esta geopoética sobre los ámbitos de América Latina, conceptos como paisaje, silencio y olvido cobran valor para comprender los fenómenos que se generan y desarrollan en espacios como el sertón y el llano, atmósferas que hacen parte del discurso latinoamericano, y donde el hombre exterioriza, entre otras cosas, su condición más franca. Así, se abre una ventana de análisis que permite volver la mirada sobre las conductas humanas que transitan las regiones del olvido, y que se hallan inmersas en dimensiones de despojo y abandono donde se recrean las prácticas de territorialidad presentes en esta tradición literaria que se encuentra ligada al dolor y la muerte. PALABRAS-CLAVE: Literatura latinoamericana; espacios literarios; identidad; memoria.

O menino grapiúna: da memória autobiográfica à memória histórica

Iva Carla Aveline Teixeira dos Santos (PPG/Letras-UFGD) RESUMO: A proposta do artigo é lançar um olhar para as teorias da memória de Maurice Halbwachs e Jacques Le Goff sob o viés da memória coletiva e da memória histórica. Posteriormente, será trazido para a discussão um corpus para análise. Trata-se do livro O menino Grapiúna (1981), do escritor baiano Jorge Amado. Em O menino Grapiúna, o autor relata suas memórias de infância e destaca alguns acontecimentos históricos, como o desenvolvimento de algumas cidades baianas e o comércio do cacau. Percebe-se nestes relatos o que nos fala Halbwachs: a voz de Amado se confunde com a memória da formação das cidades no sul da Bahia e do comércio do cacau. Isto porque, é comum que em um texto de memórias surja um cenário histórico a partir do momento que o personagem principal constrói o seu espaço dentro deste contexto compartilhado por ele e por toda uma sociedade. Nesse sentido, a primeira parte do artigo se propõe a discussão deste corpus, bem como o diálogo associado entre os trechos e às teorias para que na segunda parte seja possível delinear os aspectos memorialísticos autobiográficos e históricos que neles possam permear, e discutir a presença de uma memória que procura se afirmar como individual, mas que seja também coletiva. PALAVRAS-CHAVES: Memória; Literatura; Jorge Amado.

Dois escravos de identidades bem distintas na prosa machadiana

Isabella Todeschini (UTFPR) RESUMO: O presente artigo pretende analisar como a personagem escrava é focalizada na produção literária oitocentista de Machado de Assis, levando-se em conta que o sujeito escravo era visto na ficção quase como um ente invisível, quando muito uma figura cuja atuação restringia-se a mero coadjuvante ou figurante. Demais, convém pensar em Machado como uma expressão de arguta análise do tecido social e histórico em que estava inserido, cujo refluxo está na inauguração da modernidade literária brasileira. Consequentemente, a obra do bruxo do Cosme Velho vai refletir a construção de nossa identidade cultural com os laivos da escravidão, nódoas estas que continuam na tessitura do ethos nacional. Para efetuar esse estudo, a discussão centra-se em Prudêncio, o escravo alforriado e, por sua vez, de imediato dono de um escravo, no romance de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), e na crônica de 19 de maio de 1888, publicada na seção “Bons dias”, do Diário de Notícias, abordando a situação do jovem Pancrácio, recém-libertado por seu amo. Em ambas as narrativas, a ambientação é nitidamente a da esfera da ordem patriarcal e senhorial. Com o objetivo de compreender essa ordem escravocrata, esse trabalho emprega, entre outros, conceitos expressos em Gilberto Freyre, Eduardo de Assis Duarte e John Gledson. Nessa análise, observam-se dois contrastes relacionados à atitude da personagem do romance e a do conto, de modo a evidenciar a realidade social que envolvia a mentalidade escravocrata e suas perniciosas marcas na sociedade brasileira. PALAVRAS-CHAVE: Literatura oitocentista; histórico; identidade; personagem escrava.

Minha vida de menina: diário, memórias e escrita feminina

Janieli Salgueiro da Silva (PPGL-UFGD/CAPES) Alexandra Santos Pinheiro (PPGL-UFGD/Orientadora) RESUMO: Esta comunicação tem como objetivo a leitura e análise crítica do livro Minha vida de menina (1998) de Helena Morley, sob a perspectiva dos estudos de memória e de escrita feminina, bem como das reflexões em torno da escrita de si como parte constituinte do gênero íntimo. A obra se constitui como um diário íntimo da vida da escritora. Tratase de uma narrativa cuja história se passa em Diamantina, no interior de Minas Gerais, em fins do século XIX, compreendendo um período de aproximadamente três anos da vida de Helena Morley. Ao escrever de forma romanceada sobre seu cotidiano, a adolescente escritora, tece importantes reflexões sobre os valores socioculturais que regiam a sociedade de seu tempo, permitindo-nos não apenas reconstruir os modos de vida da época, mas, também refletir, a partir de uma perspectiva memorialística, e dos estudos de gênero, sobre a importância de obras dessa natureza para a re-visão, a contrapelo da história, de valores historicamente constituídos, além de, re-pensar o lugar da mulher enquanto autora e sujeito de sua própria escrita. Por essa razão, pode-se dizer que Morley se constitui, também, como uma escritora à frente de seu tempo, ao transcender as imposições socioculturais de sua época, traduzindo, na forma de um diário, não apenas suas dificuldades, mas uma maneira particular de perceber o mundo à sua volta. A metodologia aplicada se sustenta a partir dos autores que se seguem, a saber: Bungart Neto (2014); Lejeune (2008); Perrot (2005); Schmidt (2000); e Schwarz (1998). PALAVRAS-CHAVE: Helena Morley; Diário; Memória; Escrita feminina.

Outras Histórias sobre a Cidade: As Disputas pela Memória de Foz do Iguaçu

Lucas Eduardo Gaspar (UNIOESTE) RESUMO: A história de Foz do Iguaçu é marcada por alguns eventos comumente considerados como significativos para seu entendimento, exemplo disso são os marcos da construção da Usina de Itaipu, a construção da Ponte da Amizade e a expansão de seu circuito turístico e comercial. Ao propor contar outras histórias sobre a cidade estou adentrando em um campo de disputas, onde, por um lado encontram-se as memórias e histórias construídas ao longo dos anos pelas classes dominantes que enfatizam o avanço e crescimento do município de Foz do Iguaçu, e que na realidade caracterizam somente pontos que vão de encontro com seus interesses no presente. Por outro lado existem as memórias e histórias dos trabalhadores da cidade, que constantemente tentam ser silenciadas e ocultadas. Tais memórias não se tratam apenas de simples recordações de um passado vivido por trabalhadores e suas famílias, mas se caracterizam como a expressão de experiências históricas de toda uma classe, de suas lutas, dificuldades e conquistas. Proponho então para este trabalho analisar estas memórias, discutindo como historicamente os trabalhadores participaram das transformações de Foz do Iguaçu e de como tanto no passado como no presente estão disputando esta história e também seu espaço na cidade. A pretensão deste tipo de proposta é lançar um olhar ampliado sobre a cidade, que consiga observar como diferentes formulações, situadas tanto no passado como no presente, relacionam-se com interesses de classes e compõem um campo da luta de classes. PALAVRAS-CHAVE: Memória, Cidade, Trabalhadores, Luta de Classes.

A proposta poética de Alberto Caeiro

Ms. Luís Paulo Fiúza Marques (MACKENZIE) RESUMO: Propomos por meio deste trabalho analisar a poesia de Alberto Caeiro no exame do livro O guardador de rebanhos sob o enfoque da Filosofia da linguagem, especialmente do conceito de conhecimento de mundo do poeta por meio dos sentidos frente à natureza que o cerca. A metodologia de trabalho consistiu em uma leitura minuciosa e crítica da obra O guardador de rebanhos para definir os objetivos do estudo a partir dos poemas, considerando neles a filosofia do ver, a negação do pensar, a natureza e a percepção de Deus ou de religiosidade. Assim como uma leitura atenta da obra crítica de Literatura Portuguesa, em especial, de Fernando Pessoa e sua criação heteronímia. Justifica-se a escolha dos poemas V e o poema XLVI de Alberto Caeiro por sua relação entre sujeito e natureza à parte dele intermediada pelo olhar atento do pastor de rebanhos. Como fundamentações teóricas para este foram eleitas as formulações teóricas do círculo de Mikhail Bakhtin, Leyla Perrone-Moisés, Antonio Tabucchi. Os resultados alcançados por meio desta pesquisa apontam possíveis influências que a poesia de Caeiro sofreu perante o posicionamento de seu criador em face à existência, mesmo buscando negá-las por seus versos, Caeiro ainda sofre da dor de pensar nos seus poemas. PALAVRAS-CHAVE: O Guardador de Rebanhos; poesia dos sentidos; olhar de ver em Alberto Caeiro.

(Re) construindo memórias: o processo narrativo em Nove Noites

Dra. Mariléia Gärtner (UNICENTRO) RESUMO: O romance histórico Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho, é narrado em 1º pessoa, por um narrador-jornalista que resolve fazer uma investigação sobre o suicídio de Buell Quain, antropólogo norte-americano, que vai ao Xingu estudar os índios krahô. A narrativa se constrói por meio de um esforço interpretativo da compilação dos dados, que busca, por meio de cartas, memórias sobre da vida de Buell Quain no Brasil. Assim, o processo narrativo vale-se das cartas de Quain a Heloísa Alberto Torres (a responsável por sua estada no país), a Margaret Mead, a Ruth Landes, a sua orientadora Ruth Benedict e a mãe de Quain. Ainda, tem se a carta de Manoel Perna (amigo de Quain no Brasil), escrita para alguém que futuramente pretendesse conhecer a história do antropólogo (o que constitui uma narrativa que corre paralela à do narrador-jornalista), que apesar de não possuir referência direta no texto do narrador, é a partir dela que se introduz a história de Quain (o romance é iniciado com uma parte da carta de Perna), funcionando como uma espécie de prefácio. O processo narrativo de Nove Noites passa a ser o principal tema da obra, quando discuti a reconstituição de fatos vividos por Quain, no Brasil, por meio das cartas e das memórias do narrador, o qual mistura as informações das cartas com as suas lembranças pessoais, do tempo que viajava com o pai pela mesma região. PALAVRAS-CHAVE: Literatura e História; Literatura contemporânea; memórias.

As memórias de um herói da Cabanagem (1835-1840) e a questão do exílio no romance histórico “Lealdade” (1997), de Márcio Souza

Maria Cláudia de Mesquita (PG-UNESP/Assis/Bolsista CAPES) Dr. Benedito Antunes – Orientador (UNESP/Assis) RESUMO: O espaço no romance histórico “Lealdade” (1997), de Márcio Souza, tem um papel importante na medida em que a trajetória da narrativa do herói modifica-se em relação ao ambiente em que este se encontra e determina suas reflexões em relação a identificação com qual seria sua terra natal, bem como o sentimento de exílio. Este romance histórico apresenta as memórias do narrador-protagonista, Fernando Simões Correia, um engenheiro militar, filho de portugueses, nascido em 1783 na colônia portuguesa conhecida, no século XVIII, como Grão-Pará e Rio Negro. O espaço determina o desenvolvimento do protagonista que já maduro narra sua trajetória inicial infância e adolescência - por Grão-Pará, seus estudos – juventude - em Lisboa (Portugal), sua participação na Guerra em Caiena (território francês) e seu retorno a Belém. Na trajetória deste militar o sentimento de exílio é despertado desde a juventude o que o leva, posteriormente, a participar ativamente da Cabanagem (1835-1840) e engajar-se na política local, sendo eleito como vereador. Cada lugar influencia o personagem e suscita a dúvida recorrente sobre a quem ser leal: portugueses, brasileiros ou paraenses? O objetivo deste trabalho é demostrar como o espaço caracteriza-se como exílio, de acordo com Edward Said (2003), na medida em que o herói não se identifica com o local em que se encontra e isto determina suas reflexões na construção de suas memórias. PALAVRAS-CHAVE: Márcio Souza; Lealdade; Exílio; Espaço Narrativo; Memórias.

O Poeta em Trânsito: A Metáfora dos Caminhos em Drummond

Ana Carolina Junges (PUCPR) Marcelo Franz (PUCPR) RESUMO: A obra poética de Carlos Drummond de Andrade retrata e reflete de modo complexo os valores de sua época. Porém, sua arte vai além de apenas um século, retratando a condição humana no atemporal, sem se fixar em um contexto limitador, reportando-se à luta do ser humano para compreender a realidade (por vezes incongruente) à sua volta bem como as urgências de sua comunicação com o mundo. Nota-se em sua escrita, no uso de variados recursos linguísticos, a constante transformação do sujeito lírico em seu embate com a realidade externa (chamada genericamente de “mundo” em sua poesia). O presente estudo cogita sobre os significados da metáfora dos caminhos e do caminhar na poesia de Drummond, vista como um importante recurso para o retrato da instabilidade psicológica, social e cultural do homem do século XX. Igualmente, ela revela um modo de se entender a situação do artista nos embates com os valores de seu tempo. A reiteração desse motivo, abordado de forma polissêmica, reflete a procura do eu poético – em um deslocamento pelo grande mundo e pela História – por se situar diante dos enigmas da existência, da verdade, da memória, do outro. Isso nos leva a uma reflexão sobre os espaços culturais, históricos e vivenciais pelos quais o eu lírico transita, seja para deles fugir, seja para os confrontar, seja ainda para neles se encontrar. PALAVRAS-CHAVE: metáfora; caminhos; Drummond

Identidade Nacional e Modernismo

Raíza Brustolin de Oliveira (UNIOESTE) RESUMO: Tendo em vista a relevância da Identidade Nacional dentre as outras várias identidades que constituem o sujeito contemporâneo na sua construção como ser social, e da influencia da artes e da literatura como artefato cultural e social, na construção desse sentimento de pertencimento a uma nação, busca-se neste trabalho refletir sobre como o movimento modernista influenciou e buscou construir uma identidade brasileira. O movimento a ser analisado foi escolhido como objeto devido a sua intensa busca por uma “alma nacional”, e à característica singular de inovação e “revolta” influenciada pelo crescimento industrial e tecnológico, que perdura até a atualidade. O modernismo contesta os movimentos que o precederam e propõe que seja valorizado o povo brasileiro, ressaltando os tipos marginalizados. O escritor que mais teve influencia neste movimento foi Mário de Andrade e o aspecto que considerava importante para afirmação da identidade brasileira foi a língua, o modo de falar do brasileiro. A pesquisa será feita por meio de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, as reflexões serão baseadas em autores que desenvolvem pesquisas na área de identidade e literatura, grandes nomes como Hall (2006), e Woodward (2003), que esclarecem sobre identidade, e identidade nacional, e Candido (2000), que tece observações sobre a relação da literatura com a sociedade, e a literatura brasileira apresentando observações sobre o modernismo especificamente, este autores colaboram e embasam teoricamente o trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Identidade; Modernismo.

SIMPÓSIO - INTERMIDIALIDADE E LITERATURA: AS POSSIBILIDADES DA NARRATIVA NA CONTEMPORANEIDADE SALA: 36

Coordenadores: Dr. José Carlos Felix Drª Mauren Pavão Przybylski

RESUMO GERAL: Manuel Castells (2005) afirma que a sociedade em rede é a estrutura social dominante do planeta, pois encontra-se em um fluxo contínuo, absorvendo pouco a pouco as outras formas de ser e existir. Do mesmo modo, Umberto Eco, em seu livro Obra Aberta (1969), reflete acerca desse fenômeno ao examinar, na sociedade contemporânea, desde as “estruturas que se movem até aquelas em que nós nos movemos”, e cuja consequência mais sintomática é uma pletora de “formas que apelam à mobilidade das perspectivas”. A partir disso, pode-se entender que a revolução tecnológica transformou profundamente o modo pelo qual os sujeitos se inscrevem no mundo. Enquanto a modernidade erigiu as bases de uma tradição literária estreitamente pautada no domínio da escrita, afastando-se assim de uma tradição de narrativa oral de séculos, a sociedade e a cultura contemporânea são marcadas por uma tônica que confere à literatura uma gama de possibilidades, particularmente mediada pelo ambiente hipermidiático. Destarte, a produção literária, em constante diálogo com o cinema, a música, os quadrinhos e a internet, engendra um campo interdisciplinar que, ao ganhar legitimidade na atualidade, opera como um poderoso meio aberto a todas as formas e sujeitos outrora não inseridos em uma tradição literária canônica. Considerando estes fatores, e entendendo, aos moldes de Harvey (1992), que a fragmentação, a indeterminação e a intensa desconfiança de todos os discursos universais são o marco do pensamento pós-moderno, este grupo de trabalho pretende acolher pesquisas que discutam a produção literária em sua relação dialógica com outros campos inter e transdisciplinares. PALAVRAS CHAVE: Literatura; Intermidialidade; Transdisciplinaridade; Tradição; PósModernidade

Webcomics: o casamento entre os quadrinhos e a Internet Beatriz Cristina Godoy (UEM) RESUMO: As histórias em quadrinhos, ou HQs, são uma forma de expressão artística que conquista cada dia mais espaço na sociedade e, assim como outras artes, se estendeu para as mídias digitais e, posteriormente, para a Internet. Atualmente, as HQs estão presentes na rede de diferentes maneiras, seja como tiras diárias ou sites elaborados em torno de uma ou mais obras que unem a tradição de texto-imagem dos quadrinhos e as inúmeras possibilidades de integração com outras mídias que a Internet oferece. Entretanto, as obras denominadas como webcomics ainda carecem de uma definição específica no que diz respeito aos elementos essenciais que a caracterizam como uma outra forma de se criar quadrinhos. O objetivo desse artigo é analisar os primeiros capítulos de duas webcomics: Ava’s Demon, escrita e produzida por Michelle Czaskowski e It will all hurt, escrita e produzida por Farel Dalrymple. O objetivo da análise é identificar quais, se quaisquer, são os elementos que qualificam essas obras como webcomics a partir da problematização do termo e da aplicação das possíveis teorias levantadas a respeito do tema. A metodologia de investigação baseia-se principalmente nos textos teóricos sobre quadrinhos de Scott McCloud e na tese acadêmica sobre quadrinhos eletrônicos de Edgar Franco, além de outros artigos publicados por artistas e acadêmicos. PALAVRAS-CHAVE: webcomics; Internet; quadrinhos; hipertexto; multimídia

Colosso às Avessas: A Influencia de “The Colossus Of Ylourgne” em “Almost Colossus”, de Hellboy.

Vinícius Idalgo Becegato (UNIOESTE) RESUMO: As histórias em quadrinhos, desde seus primórdios, têm sido terreno fértil para releituras de obras literárias, adequando-as ao seu universo específico. A continuidade inerente à muitas obras dessa forma artística permite que um personagem estabeleça diversos intertextos com diversas obras ao longo de suas histórias, divididas em edições. Um dos mais notáveis exemplos é Hellboy, de Mike Mignola, que nos apresenta um mundo no qual eventos históricos e personalidades são fundidas com lendas, mitos e literatura, cujo processo de escrita deriva de extensas pesquisas literárias. No conto Quase um Deus (Almost Colossus), pode-se observar a influência do conto, The Colossus of Ylourgne, do escritor americano Clark Ashton Smith, que teve muita influência com suas histórias pulp em publicações populares no início do século XX. Neste artigo, pretendemos apontar para este intertexto e colocá-lo em perspectiva com o panorama maior da continuidade da série de Hellboy, assim como observar outros intertextos e simbologias utilizadas dentro na narrativa. Também faremos uma análise imagética para extrair efeitos de sentido utilizando-nos das teorias de Eisner (2010) e Cagnin (2014) e outros teóricos contemporâneos que abordam o gênero das histórias em quadrinhos, bem como teóricos da intertextualidade, como Samoyault (2008). Isso tudo apontando para a complexa construção do universo fictício presente nas histórias em quadrinhos. PALAVRAS-CHAVE: Histórias em Quadrinhos; Hellboy; Intertextualidade; The Colossus of Ylourgne.

Os comics de heróis e a representação social da masculinidade no Brasil do Século XX

Jeferson Wruck (UNIPAR)

RESUMO: O nosso estudo tem como objetivo analisar a influência das histórias em quadrinhos estadunidenses na a representação imagética da masculinidade no Brasil do século XX. A representação social da masculinidade não é uma consequência do desenvolvimento biológico do sexo, é uma construção cultural incutida nos indivíduos, e esse padrão não é fixo, mas mutável no tempo (NOLASCO, 2001). Historicamente, o papel social que ao homem cumpre interpretar encontra-se espelhado nos heróis cultuados pelo grupo. Podemos identificar essa relação entre valores sociais e imagens de heróis já durante o século XIX no Brasil. Nas imagens produzidas nesse período identificamos um tipo heroico positivista, o campeão da civilização “superior” europeia. Sua virilidade estava vinculada à imagem de guardião das tradições, sóbrio e erudito. Seu corpo era tão somente o repositório de uma alma nobre. A partir da década de 1930 as histórias em quadrinhos norte-americanas de aventura e superaventura (comics) foram inseridas no mercado editorial brasileiro causando grande impacto principalmente entre o público jovem. De acordo com Campos e Lomboglia (1984: 16), as personagens dessas HQs personificam o ideal de homem norte-americano. O herói, ou seja, o “homem de verdade” nos comics é definido pelo porte físico avantajado (corpo como objeto de desejo), pela atitude pragmática e a exaltação do individualismo face à uma sociedade repressora. A partir daí, podemos identificar em produtos culturais nacionais destinados ao público jovem, elementos assimilados das HQs de heróis e super-heróis sugerindo a introdução de uma nova representação da masculinidade alinhada à ideologia norte-americana (REBLIN, 2008: 48). PALAVRAS-CHAVE: História do Brasil; Representação; Masculinidade; Herói; História em Quadrinhos.

A autoficção e a narrativa dos games

Dra Cristine Fickelscherer de Mattos Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM Membro do Grupo de pesquisa Intermídia – CNPQ RESUMO: A presente comunicação tem como objetivo verificar, através do acercamento de considerações teóricas, os aspectos coincidentes ou contrastivos entre as narrativas circunscritas pela prática da autoficção e a narrativa de games. Embora os estudos destes últimos advoguem pela necessidade de considerações específicas, fora do âmbito de outras áreas de pesquisa, a comparação que aqui se propõe, justifica-se pela real impossibilidade de teorização sobre jogos digitais sem a análise de suas narrativas. Nesse sentido, o paralelo intermidiático aqui proposto constitui mais um caminho para a compreensão dos aspectos narrativos envolvidos nesse gênero eletrônico. Sendo a autoficção outra forma de entender-se o texto autobiográfico, com destaque para seus aspectos paradoxais de aliança entre o gênero biográfico e a ficção, este trabalho destaca seus modos narrativos de conjugar em um mesmo posicionamento discursivo o narrador, o protagonista e o autor. Conjugação semelhante realizam as narrativas de games, como consequência de seu caráter participativo-imersivo, de características igualmente paradoxais no que tange à recepção ativa (como o espectador no teatro) e passiva (como o leitor de literatura impressa convencional), que articula uma fusão de diferentes posicionamentos discursivos, agora envolvendo o jogador, o protagonista e um co-autor dos caminhos narrativos traçados pela prática do jogar. PALAVRAS-CHAVE: intermidialidade; narrativa; games; autoficção

A contracultura pós-moderna nos grupos de jovens das favelas brasileiras.

Vyrna Valença Perez (PÓS-CRÍTICA /UNEB) RESUMO: A análise do movimento da contracultura no Brasil nos anos sessenta e setenta e seus reflexos na sociedade contemporânea é o objeto do presente trabalho, que partirá da constatação de que o pensamento pós-moderno e os fundamentos da contracultura (princípio do prazer, valorização das atitudes e da rebeldia) estão presentes nos grupos culturais das nossas periferias. Esses grupos de jovens das favelas buscam revelar as suas identidades, não como vítimas, mas como protagonistas das suas histórias de vida, através da afirmação territorial de suas comunidades de origem. Combinam o “amor à comunidade” (RAMOS, 2007 ) com a adesão aberta aos signos da globalização, estabelecendo conexões entre o local e o universal via internet, sites e revistas. Como entende Appiah (1999) “o pós-modernismo pode ser visto, portanto, como um novo modo de compreender a multiplicação de distinções decorrente da necessidade de abrir um espaço para si” e é justamente esse espaço, esse investimento nas trajetórias individuais dos artistas e líderes dos grupos que são veiculadas na sua produção artística e cultura. Mas “O que advém da construção narrativa dos discursos minoritários para a existência cotidiana da metrópole ocidental?” (BHABHA, 2007). Essa é a questão que este trabalho quer responder, com base nos conceitos e autores supracitados. PALAVRAS-CHAVE: contracultura; pós-modernismo; jovens; favelas.

Trajetos marcados pela migração em Nossos Ossos, de Marcelino Freire

Mirvana Luz Teixeira (UFRGS) RESUMO: A presente comunicação faz parte do projeto de pesquisa “O romance brasileiro do século XXI: trânsitos, migrações e exílio”, o qual se propõe a investigar romances cujos personagens tenham um percurso definido pelo trânsito entre diferentes espaços, sobretudo aqueles marcados por situações de exílio e migração. Nossos Ossos, do escritor brasileiro Marcelino Freire, é o objeto de estudo desse trabalho. Nele pretendese analisar as relações existentes entre a migração e a história dos personagens principais da trama – o dramaturgo Heleno e o garoto de programa Cícero. Ambos têm origem nordestina e mudam para São Paulo em busca de uma vida melhor. Heleno procura encontrar-se como artista na grande metrópole enquanto Cícero almeja apenas um emprego comum que lhe dê algum dinheiro. Durante a trama, ainda que de modo diferente, acabam envoltos por um ambiente violento e marginalizado. Dessa forma, objetiva-se analisar a trajetória dos migrantes definida pelo trânsito bem como a importância do cruzamento entre os percursos dos mesmos. Como suporte teórico serão utilizados autores que tratam de migração, como Pierre Ouellet, e também aqueles que teorizam sobre identidade, pertencimento e estraneidade, como Júlia Kristeva e Zygmunt Bauman, visto que conceitos como esses são fundamentais para o entendimento dos personagens em trânsito. PALAVRAS-CHAVE: Nossos Ossos; Marcelino Freire; Migração; Origem; Pertencimento.

A poesia cordelista brasileira brasileira e a capacidade de transculturação revelada por seus produtores

Sílvia Gomes de Santana Velloso (PÓS-CRÍTICA / UNEB) RESUMO: A poesia cordelista brasileira é produzida pelo povo através do código linguístico oral, funcionando como um dos maiores meios de comunicabilidade popular. De acordo com Diégues, apud Batista (1977), essa literatura originou-se em Portugal e se tratava de uma poesia divulgada em folhetos presos por um pequeno cordel ou barbante. A abordagem sobre tal origem, no entanto, incomoda alguns pesquisadores, sobretudo brasileiros, como Abreu (1977), a qual possibilita a percepção de que entre o cordel brasileiro e o cordel português não há uma relação de origem, mas de transculturação e construção identitária. Nessa perspectiva, este trabalho discute a literatura de cordel como um texto que favorece o diálogo com diferentes culturas e identidades, revelando-as e desvendando-as, num intenso trânsito cultural. Objetiva-se evidenciar o potencial significativo desse gênero discursivo, o qual o torna, além de objeto epistêmico, importante aliado no trabalho com leitura literária em sala de aula. Este estudo é parte de uma pesquisa de mestrado que investiga a literatura de cordel como instrumento de leitura e letramento na educação de jovens e adultos- EJA. Assim, será apresentada uma análise bibliográfica pautada em autores como HALL (2002), ABREU (1993), PRATT (1999) e outros. PALAVRAS-CHAVE: cordel; transculturação; leitura.

Associação de trovadores e violeiros da região do Sisal da Bahia e os vestígios da cultura popular

Hadson Bertoldo Sales Lima (PÓS-CRÍTICA / UNEB RESUMO: Em um cenário onde culturas nacionais e locais são aplanadas a partir de padrões mundiais de comportamento, um grupo de violeiros, através da ASTROVERESAssociação dos Trovadores e Violeiros da Região do Sisal, realiza desde 1986 um encontro, com o intuito de resgatar os festivais e “preservar” as manifestações culturais da região. Essa pesquisa objetiva avaliar as implicações culturais que a Associação pode trazer à região, no sentido de promoção da cultura popular, investigar o processo pelo qual vem passando a manifestação, como também averiguar o possível nivelamento nos traços culturais pelos padrões de comportamento identitário. A pesquisa será qualitativa, pautada num trabalho teórico e, através de pesquisa de campo, se fará o registro das informações para traçar um paralelo do que consiste a identidade do cantador, como se apresenta a cantoria em tempos da ação voraz da globalização e quais os seus modos de produção. PALAVRAS-CHAVE: identidade; cultura popular; associação de violeiros; festivais.

A Crônica Contemporânea e sua Diluição do Espaço

Luis Eduardo Veloso Garcia (PG– UNESP) RESUMO: Considerado um dos gêneros mais expressivos da literatura nacional, a crônica atual aparentemente sofre de um problema significativo ao não conseguir escapar dos mesmos princípios teóricos levantados em seu primórdio e afirmar dentro do gênero características que o posicione pela perspectiva contemporânea, principalmente no que se refere à diluição da barreira local pela perspectiva globalizante. Se a leitura crítica da crônica como “a cidade feita letra” (reflexão de Eduardo Portella que ajuda a redimensionar o papel deste texto para retratar o cotidiano da cidade, afirmando o comportamento local) conseguia sustentar devidamente as características primordiais de grandes autores do gênero (como Machado de Assis, José de Alencar, João do Rio, Lima Barreto, Nelson Rodrigues, Sergio Porto e Antônio de Alcântara Machado), talvez ao reposicioná-la em perspectiva com alguns nomes da crônica atual como Gregório Duvivier, Xico Sá, Antônio Prata e Fabricio Carpinejar ela pode consequentemente perder a força de seus significados. Entre os pontos que podem justificar tais alterações nos debruçaremos em duas hipóteses centrais: o modo que a plataforma do jornal é recebida no tempo presente e a leitura necessária sobre o papel da internet e de suas redes sociais, espaço este fundamental para todos os autores contemporâneos citados do gênero. Portanto, o que se discute aqui não é a negação da teoria vigente e categorizada da crônica, mas a prerrogativa de um novo olhar para o gênero capaz de mostrar que sua leveza pode muito bem carregar questões profundas para se entender a própria época. PALAVRAS-CHAVE: Crônica; espaço; literatura brasileira.

Diálogos entre a Literatura e o Cinema: um estudo de caso da obra Looking for Mr. Goodbar de Judith Rossner (1975) e do filme homônimo de Richard Brooks (1977).

Gabriela Müller Larocca (UFPR) RESUMO: Segundo o historiador Robert Rosenstone, tanto fontes escritas quanto audiovisuais referem-se a acontecimentos, momentos e movimentos reais do passado, sendo compostas por conjuntos de convenções que as sociedades desenvolvem para falar de onde vieram. No século XX, tanto o cinema quanto a televisão ganharam enorme visibilidade, tornando-se importantes elementos para delimitar nossa relação com o passado e para o entendimento das sociedades. Sendo assim, é importante notarmos que os estudos sobre o cinema se encontram inseridos em uma rede muito mais ampla de conhecimento, entrelaçados com diversos movimentos e outras produções culturais como a literatura, os discursos religiosos e a imprensa escrita. Partindo dessas questões mais gerais, o objetivo da presente comunicação é problematizar as relações estabelecidas entre o cinema e a literatura, procurando compreender como dialogam entre si, se complementando e se diferenciando. Para tanto, foram escolhidos o livro Looking For Mr. Goodbar (traduzido como De Bar em Bar para o português) da escritora estadunidense Judith Rossner, publicado em 1975 e sua versão cinematográfica homônima, dirigida por Richard Brooks, de 1977. Recorrendo às duas fontes, nosso objetivo principal é compreender como ambas produzem, de formas diferentes, porém interligadas, um discurso extremamente moralista e violento direcionado ao público feminino. De tal forma, pretendemos contextualizar e problematizar a época e lugar de produção e veiculação destas obras, os Estados Unidos na década de 1970, momento de fortalecimento de um movimento conservador em relação à emancipação sexual feminina defendida e vivenciada pela contracultura e pelo feminismo. PALAVRAS-CHAVE: Cinema; Literatura; Interdisciplinaridade; Gênero; Estudos Midiáticos.

Fundamentalismo religioso e suas consequências: reflexões a partir das leituras de The scarlet letter, de Nathaniel Hawthorne e Roland Joffé

Rita Sacramento (UNEB /DEDC/ CAMPUS XIV) RESUMO: O livro The Scarlet Letter, de Nathaniel Hawthorne, escrito em meados do século XIX, e o filme de mesmo título, lançado como livre adaptação da história de Hawthorne feita por Roland Joffé em 1995, resgatam o fundamentalismo religioso dos puritanos que povoaram as primeiras colônias britânicas na América do Norte. Em ambas as obras é possível identificar a intolerância em relação ao descumprimento dos costumes e doutrinas religiosas respeitados por esta seita cristã e as consequências que decorrem da visão fechada em relação às necessidades e falhas humanas, as quais têm grande impacto no meio social em que os personagens estão inseridos. O objetivo deste trabalho é analisar as convergências e as divergências das duas obras, fazendo uma reflexão sobre o impacto do fundamentalismo religioso na sociedade e na vida das pessoas por ele influenciadas. Em nosso estudo, utilizaremos as concepções do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que considera que as religiões tenham um caráter niilista e demonstraremos a contradição da existência de fundamentalismos em um mundo multicultural. PALAVRAS-CHAVE: fundamentalismo; intolerância religiosa; puritanismo; niilismo.

Literatura, fotografia e revelação em W.G. Sebald: Austerlitz e Os emigrantes

Liliane Ruth Heynemann (PUC- RIO) RESUMO: A investigação sobre o uso recorrente da fotografia na obra de W.G. Sebald – notadamente em Austerlitz e Os emigrantes – constitui o esforço central dessa análise. É assim que, a híbrida produção memorialística de Sebald, que circula entre biografia, diário, autoficção, encontra cumplicidade na forma singular de inscrever a fotografia como uma “falsa evidência”. Nesse sentido, a insistente presença dessas fotos (que parecem compor com o texto uma totalidade inabordável em seu jogo de narrar e mostrar) amplia o estranhamento típico do universo biográfico, somando a este, algo da ordem de um excesso figurativo. Ficção e testemunho, a obra de Sebald, com seus personagens deambulantes, exploradores fantasmáticos de um mundo pós-catástrofe, engendra o gesto paradoxal de adesão e distanciamento, que é para Agamben, o próprio do contemporâneo. Sugerimos portanto, que a imagem fotográfica agencia aqui, para além de sua suposta função de corroborar o que é narrado, a possibilidade de uma outra escrita, que em larga medida corresponde ao “duplo olhar” que Jacques Rancière identifica no documentário histórico e que irá criar, mais do que registrar, o acontecimento. Além dos autores mencionados, a noção de fabulação em Deleuze e o conceito de imagem sobrevivente tal como aparece no pensamento de Didi-Huberman, orientam de modo privilegiado nossa compreensão das relações entre literatura e fotografia em Sebald. PALAVRAS-CHAVE: Literatura e fotografia; linguagens híbridas; escrita e visualidade

Carpinejar Cronista: o escritor e a relação com as novas mídias no século XXI

Renata Beloni de Arruda (UEL) RESUMO: A presente comunicação tem o intuito de analisar a inserção do escritor gaúcho Fabrício Carpinejar no cenário literário contemporâneo. Por meio da publicação constante de textos de crônicas em seu blog e em redes sociais como Facebook e aplicativos como o Instagram, e da publicação de volumes de crônicas impressas, Carpinejar possui uma escrita apurada e atual, despontando como referência significativa na literatura nacional. Deste modo, pretende-se verificar como os recursos tecnológicos advindos das novas mídias e a exploração do gênero crônica pelo escritor refletem no trabalho com a escrita. Além disso, analisar como o ambiente tecnológico pode ser utilizado como ferramenta para a divulgação e promoção de textos literários, bem como de servir como temática para a elaboração das crônicas. Com isso, abordaremos a questão das novas tecnologias e a relação com a formação de novos leitores, entendendo que o atual panorama literário encontra-se vinculado a estas ferramentas. Para tanto, utilizaremos como referenciais teóricos estudos que abordam a crônica e sua consolidação na literatura nacional, como Simon (2011), Arrigucci Jr (1987) e Cândido (1992), pesquisadores que vêm se debruçando sobre questões inerentes as relações das novas tecnologias com a literatura e artes como Clüver (2006 e 2011) e Bulhões (2012) e tecnologia e ensino, Santaella (2004). PALAVRAS-CHAVE: Carpinejar; Crônica; Novas Mídias.

Mover-se é preciso: o laborioso percurso da protagonista de Azul Corvo

Jéssica Fraga da Costa (UFRGS) RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar o percurso de Vanja, a protagonista do romance Azul Corvo, da autora brasileira Adriana Lisboa. Pretende-se destacar o quanto a personagem de treze anos, possui uma relação afetiva com a cidade do Rio de Janeiro, local em que fora criada pela mãe e que acredita guardar as suas raízes. Após ficar órfão, e não vendo outra saída, Vanja resolve procurar o pai e parte para o Colorado, desejando obter uma família, o que não mais possuía. É abrigada por Fernando, ex-marido da mãe e seu pai de registro, quem a ajuda a se estabelecer no local. Visa-se demarcar os problemas enfrentados por ela devido à brusca mudança, assim como sublinhar as mudanças que a protagonista apresenta durante a sua busca. Intenta-se mostrar o quanto a menina sente-se incomodada com tudo que a rodeia, em um primeiro momento, o que aos poucos vai sendo modificado. Finalmente, tenciona-se expor a modificação nas atitudes da personagem, assim como a nova relação estabelecida com a cultura americana, o que modifica completamente os planos da personagem, que parece colocar sua principal busca em um segundo plano o que não acontece uma vez que ela já a concretizara. A pesquisa fundamenta-se em autores como Zygmunt Bauman e Tzevetan Todorov - teóricos que abordam as questões discutidas neste trabalho. PALAVRAS CHAVE: Adriana Lisboa; Azul Corvo; pertencimento; raízes.

Bullying, cyberbullying e agressão: uma análise da violência em Todos Contra D@nte de Luis Dill

Gisela Johann (UNIOESTE) RESUMO: A proposta desse trabalho é analisar a temática da violência praticada por adolescentes, que é retratada na obra Todos contra Dante de Luis Dill (2008). Para esse estudo, será considerada tanto violência física, psicológica como também, aquela praticada por meios virtuais (cyberbullying). Desta forma, a análise sobre essa narrativa abre um leque de discussões pertinentes e atuais no âmbito escolar e, também, social do adolescente. Para falar e escancarar os dois lados da moeda, o bullying é apresentado no complexo emaranhado de links que formam o conjunto da história. Se a temática é violência, o título sugere exatamente isso. Assim, para essa análise será importante resgatar os conceitos de Bullying e Cyberbullying e as implicações que os cercam. Farse-á ainda, uma exploração do foco narrativo, pois, no que concerne ao narrador do texto, essa exploração mostrou-se fundamental para construir a narrativa de maneira inovadora e aproximá-la de seus possíveis leitores. Por isso, a contemporaneidade presente na obra traz a tona esse tema essencialmente juvenil (Cyberbullying), implicando para a análise da especificidade literária - com suas formas de narrar – cuja temática aparece imbricada a estética do texto. Assim, a literatura mostra-se como antítese social da sociedade, pois é a forma que vai dar o conteúdo (ADORNO, 2003). Essa manipulação do estético associada ao tema violência poderá ser explicada na análise de acordo com Antonio Candido, bem como, Barthes. PALAVRAS-CHAVE: Violência; Todos contra Dante; Literatura Juvenil.

Um retrato cultural da pajelança indígena na comunidade Boca da Mata – RR: sabedoria e espiritualidade.

Júlia América Vieira Campos (UNIVIRR) RESUMO: Nas comunidades indígenas do estado de Roraima as variações de práticas culturais têm ocorrido de forma gradativa desde a chegada dos primeiros missionários beneditinos a Roraima em 1909. Com a intenção de levar a fé cristã aos grupos étnicos para difusão do cristianismo era necessário o domínio da língua indígena. O frequente contato com os missionários e com os não indígenas não alterou apenas a fé dos indígenas, mas os aspectos da vida social e cultural. Com isso, não queremos dizer que o indígena não possa ter contato com outros povos ou culturas, uma vez que observamos que a cultura indígena é permanentemente recriada. Entretanto, é imperativo que cada grupo étnico reconheça e valorize o que considera como herança cultural, para que as alterações ocorridas no seio da comunidade não comprometam o contexto de produção e de transmissão de saberes tradicionais na atualidade. Assim, movida pelo interesse em contribuir para o desenho teórico acerca da pajelança indígena no estado de Roraima, em busca da autoafirmação da identidade indígena, o presente trabalho está empenhado em alargar reflexões sobre: Como ocorre a prática da pajelança no cotidiano indígena? Qual o valor interpretativo a respeito da pajelança mediado no contexto indígena? A partir dessas indagações fomentamos discussão sobre esse ritual religioso, a fim de realizar uma análise sobre o processo de modificações da prática da pajelança, com objetivo de fortalecer a identidade étnica no estado de Roraima. PALAVRAS-CHAVE: Cultura, Identidade; Pajelança; Comunidade Indígena.

Retratos de vida determinados pela migração em Outra Vida, de Rodrigo Lacerda

Suelen Oliveira Dorneles (UFRGS) RESUMO: O romance de Rodrigo Lacerda, Outra Vida, apresenta um painel de representações o qual se constrói, conforme questões sociopolíticas da contemporaneidade. Ademais, a trajetória das personagens é transformada, no decorrer do romance, por trânsitos que decidem a configuração de suas biografias em uma cidade nova. Desta forma, pretende-se estudar esta narrativa, visto que os processos migratórios nela presentes são fundamentais para a interpretação da trajetória de suas personagens. Objetiva-se analisar a transformação do protagonista, a partir de sua ida para a cidade grande, na qual se projetam expectativas para uma vivência estável. Visa-se mostrar como as diferenças de lugar motivaram na personagem o sentimento de não-pertencimento. Nesta narrativa, construída por retratos de vida, esta figura paterna passa a enfrentar problemas familiares, que ocorrem devido ao deslocamento. Estes incômodos encorajamno a ações antes não admissíveis, cujos efeitos incitam-no o desejo de retorno. Desta maneira, propõe-se verificar de que forma a cidade natal torna-se referencial identitário para o protagonista. Os resultados obtidos até então são parciais. Os estudos de Zygmunt Bauman, Pierre Ouellet, Julia Kristeva servirão de base teórica para o estudo. O presente trabalho vincula-se ao projeto de pesquisa “O romance brasileiro do século XXI: trânsitos, migrações e exílio”. PALAVRAS-CHAVE: Cidade; Pertencimento; Identidade; Outra Vida; Rodrigo Lacerda.

A narrativa trivial e a relação com os jovens leitores

Janaina Rosa Arruda (PG-UNIOESTE) Dra. Clarice Lottermann (UNIOESTE) RESUMO: A obra mais vendida na Bienal do livro no estado de São Paulo, em 2015, intitulada Muito Mais que 5Cinco Minutos, de Kéfera Buchmann, é considerada uma publicação voltada para o público adolescente. Interessante contraponto quando o discurso propagado socialmente seria o de que o jovem lê pouco ou não lê. Seguindo nessa direção, este artigo propõe algumas reflexões acerca das narrativas juvenis em conformidade com a teoria da narrativa trivial apresentada por Flávio Kothe (1994); os apontamentos quanto ao pastiche de Frederic Jameson (2007); e a função da literatura em Compagnon (1999). Assim, é importante analisar aspectos que permeiam as escolhas literárias do público adolescente, dentre os quais o laço afetivo que estabelecem com as obras. Se existe um mercado literário voltado a essa parcela da sociedade, e se essa parcela em questão é aquela que mais consome o “produto livro”, é imprescindível aos estudos voltados à literatura infantojuvenil voltar seu olhar para as obras lidas por esse público no sentido de explorar os elementos que compõem essas narrativas que cativam o jovem leitor. PALAVRAS-CHAVE: Literatura infantojuvenil; narrativa trivial; formação de leitores.

Letramento Digital: A intermidialidade no processo do multiletramento

Silvane Santos Souza (Pós-Crítica / UNEB Eliane Bispo de Almeida Souza (Pós-Crítica / UNEB RESUMO: O presente artigo objetiva analisar a percepção de multiletramento, ou seja, o letramento no sentido pluralizado, com ênfase mais abrangente na tangência ao letramento digital, a partir da concepção de ciberletramento desenvolvido mediante exploração pedagógica dos dispositivos tecnológicos que abarcam a multimídia e multimodalidade. Neste estudo explicitamos a idéia de inter-relações entre a literatura e outras formas de arte/mídia, capaz de gerar processos discursivos cada vez mais complexos. No que se refere à concepção de letramento, nos ancoramos em Soares (2002), que a define como o estado ou condição dos indivíduos, como também das sociedades letradas que realizam práticas sociais de leitura e de escrita. Quanto à multimídia voltada para a educação, salientamos a definição de Mayer (2001), que trata das diferentes formas de apresentação do texto, para assim chegarmos à combinação de hipertexto com multimídias alicerçados em Santaella (2008), que ampliou o sentido de multilinguagens para hipermídia, além de Dionísio (2008) que trata das questões de gêneros multimodais e multiletramento. Além destas questões, abordamos a interrmidialidade como um dos dispositivos que permite a realização de múltiplas possibilidades de roteiros de leitura dos textos literários nos ciberespaços, em que a cultura da cibercultura faz parte dos contextos de formação do cidadão leitor e letrado digitalmente. A metodologia adotada é a netnográfica, com uma abordagem qualitativa. PALAVRAS-CHAVE: Letramento digital; Intermidialidade; Multiletramento;

Literatura Juvenil Comparada: o universo hipermidiático na construção das narrativas juvenis brasileira e portuguesa.

Andressa Fajardo (UEM) RESUMO: A narrativa juvenil brasileira das últimas décadas, constituindo um subsistema diferenciado do infantil, tem mostrado diferentes facetas temáticas e formais, inclusive com a inserção de elementos do universo hipermidiático, contribuindo para aproximar jovens leitores dessa produção. Com o advento e a rápida popularização das tecnologias digitais, principalmente, com o surgimento da Internet, a partir da década de 90, surgem novos suportes com características que tem modificado as práticas textuais e de leitura. A partir dessa perspectiva, este trabalho destina-se a analisar, com respaldo nos estudos comparativos, os possíveis pontos de contato entre a literatura juvenil contemporânea brasileira e a sua vertente portuguesa, as quais tem se apropriado, cada vez mais, de signos visuais e sonoros retirados das mídias digitais, para compor o seu processo literário, entre eles, diálogo intergêneros, linguagem de e-mail, simulações de blog, twitter etc. O trabalho com esses elementos, por sua vez, busca trazer à tona a realidade do jovem leitor para dentro do livro e assim, alcançar um público-leitor acostumado à leitura virtual e, também, com tais modelos disponibilizados no ciberespaço. Além disso, a escolha do tema deu-se pela tentativa de estabelecer não apenas, uma relação interliterária entre as produções de ambos os países, mas também observar aquilo que transcende o elemento literário, ao incluir motivações de caráter cultural e social, a partir do cotejamento entre as narrativas juvenis contemporâneas brasileiras e portuguesas, que servirão como corpus de análise. PALAVRAS-CHAVE: Literatura comparada; Narrativa juvenil brasileira contemporânea; Narrativa juvenil portuguesa contemporânea; Hipermídia.

A arte de contar histórias: um passeio entre as serras e os lavrados roraimense para ouvir e descobrir os segredos das lendas indígenas

Raiany Leandro Silva Said (UNIVIRR) RESUMO GERAL: O objetivo deste trabalho é discutir sobre as narrativas orais indígenas, a fim de verificar as variações ocorridas entre as lendas, com intuito de fomentar uma discussão em torno de fatores como as práticas culturais, e ao mesmo tempo fortalecer a identidade étnica no estado de Roraima. É nesse sentido que encontramos nas narrativas orais indígenas vestígios de um mundo lendário, que estão repletas de informações e conhecimentos, capazes de definir um hábito e costumes de um povo. Reconhecida pelos mais antigos como fonte do saber, as lendas de acordo com Cascudo (2006) é caracterizada como um documento histórico que apesar de sua pouca veracidade é capaz de resistir ao tempo. Em muitas sociedades em que não existia a escrita, as narrativas orais eram um meio de sobrevivência, por isso muitas informações relacionadas às culturas e valores de um povo em sua maioria estavam guardadas na memória dos contadores de histórias. Por isso, lembrar as experiências já vividas, ter na memória as histórias de um povo é uma característica da sociedade antiga, mas que se mantêm até hoje em algumas sociedades indígenas, graças as tradições orais. De acordo com Zumthor (2010), a oralidade está ligada as antigas tradições culturais, portanto, percebemos que assim como a oralidade, a voz é importante dentro de uma determinada sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Narrativas orais; Narradores; Cultura; Memória.

De como a cultura e a figura do índio são projetadas a partir de uma literatura “marginalizada”

Maria Georgina dos Santos Pinho e Silva (UERR) RESUMO: A literatura oral no Brasil está imbricada às histórias dos indígenas, dos europeus e dos africanos. Talvez, por isso, ainda hoje encontramos uma visão vaga e muitas vezes equivocada quando a matéria se refere à produção oral dos indígenas. Sabendo das dificuldades de tal abordagem, a temática se restringe ao lugar que ocupa a literatura oral indígena, considerada por alguns críticos literatura “marginal” quando comparada à literatura “oficial”. Diante disto, pretendemos compartilhar o mundo indígena por meio das narrativas orais, a fim de desconstruir a imagem jocosa que lhes são conferidas. Na busca de melhor compreensão do assunto, partimos dos Estudos Culturais, para atentarmos à potencialidade que as narrativas orais fornecem à cultura e aos valores de uma sociedade, ponderando que vivemos num país plural, ou melhor, intercultural. Nesse sentido, nos valemos da ideia de que as discussões somam-se àquelas que, no campo dos estudos da literatura, valorizam as narrativas orais indígenas como expressão literária e identitária de um grupo social. De modo que a nossa intenção é contribuir para uma reflexão a respeito da literatura indígena no cenário acadêmico, para que sua cultura e suas narrativas possam ser reconhecidas e consideradas no contexto das relações étnico-culturais e literárias ainda bastante desiguais e marginalizadas. PALAVRAS-CHAVE: Cultura; Identidade; Literatura Oral; Literatura Marginal; Comunidade Indígena.

O real e a Fantasia na Assunção da Identidade Quilombola Arleide Farias de Santana (Pós-Crítica – UNEB) RESUMO: Este trabalho é uma análise da caracterização cultural nos eventos da festa realizada no Buri, no município de Pedrão-BA, em comemoração ao reconhecimento como comunidade quilombola, junto à fundação cultural Palmares, a partir de uma assunção prévia da identidade quilombola, que se reveste de uma lira imaginativa capaz de recriar um espaço romantizado a serviço das necessidades presentes de quem as evoca. No âmbito de uma valorização da identidade quilombola revistada no limite entre o que se tem/é e o que “deseja”- se conseguir/ser, surge ou “inventa-se”, a figura arquetípica do quilombola, o guerreiro negro que resistiu tenazmente à escravidão consciente de sua humanidade, de sua negritude e do seu direito à cidadania. Nesse sentido, esta comunicação vem fazer uma comparação entre o real e a fantasia que ocorre em muitas comunidades como forma de qualificá-las como quilombolas. Autores tais como: Stuart Hall, Franz Boas, Abdias Nascimento, Marilena Chauí pesquisa, serão o aporte desta reflexão. PALAVRAS-CHAVE: Quilombo; Cultura; Religiosidade; Preconceito.

Poesia e Filosofia

Leonilce de Lara Ferreira (UEPG) RESUMO: O presente trabalho destaca alguns aspectos poéticos e filosóficos na obra Tabacaria de Fernando Pessoa, procuro estabelecer uma relação entre a poesia de Pessoa e a filosofia existencialista. A intenção deste projeto é realizar uma interpretação filosófica da obra de Fernando Pessoa, analisando as reflexões acerca da existência, da natureza, do subjetivismo, do ser, indagando o que é o tudo e o nada numa perspectiva poético-filosófica pessoana. Tendo em mente esta visão de diálogo entre as duas searas busco mostrar que filosofia e poesia expressam a sociedade de um tempo, buscam encontrar a resposta no “ser”. Deverão ser destacadas neste trabalho a forma de expressar o “ser” através da arte literária; como se dá a forma de busca da “essência universal das coisas” na poesia; a angústia do homem expressa através da arte da poesia; o homem que busca encontrar no “mundo da poesia” seu refúgio e autorreflexão. Mostrando, assim, que apresentar as formas de expressar o mundo pela poesia, fixando-nos nas ideias presentes dentro da poesia que se aproximam de certas concepções e/ou correntes filosóficas, é compreender de forma mais global a poesia e sua importância. Buscando, assim, aproximar cosmovisões e ressaltar que perceber esta aproximação nos permite uma compreensão maior em relação ao mundo e a nossa existência em sua totalidade. PALAVRAS-CHAVE: Filosofia; Literatura; Fernando Pessoa.

SIMPÓSIO - NARRATIVAS DA DIÁSPORA AFRICANA: ENTRECRUZAMENTOS E NEGOCIAÇÕES SALA: 34 Coordenadoras: Profa. Dra. Divanize Carbonieri Profa. Ma. Soraya do Lago Albuquerque RESUMO GERAL: O presente simpósio pretende congregar pesquisas a respeito das narrativas da diáspora africana, envolvendo tanto as histórias da dispersão quanto as da permanência. O foco recai sobre o espaço diásporico formado pelas inter-relações entre África, América e Europa e sobre as literaturas que foram produzidas nessa configuração. Nos entrecruzamentos do Atlântico negro, miríades de vozes ofereceram relatos de redenção ou de aniquilação. Nessas inúmeras narrativas, congregam-se as identidades de paixão dos povos negros, mas também as especificidades que tornam a experiência de cada grupo algo singular. Fronteiras geográficas e/ou metafóricas segregaram os negros, separando-os de outros povos por uma linha de cor, mas também constituíram possibilidades de atravessamentos, intersecções, negociações. Dessa forma, são esperadas investigações a respeito das narrativas, ficcionais ou não, de situações fronteiriças, englobando as manifestações de escravizados, migrantes, refugiados, exilados, expatriados, repatriados e retornados, mas sem se esquecer das produções daqueles que permaneceram fixados em seus locais de origem. Objetiva-se examinar a situação da racialização e a resistência exercida durante o colonialismo histórico e, posteriormente, frente à colonialidade que segue existindo no atual sistema de poder mundial. Histórias do presente e do passado são aguardadas, com o intuito de averiguar continuidades e interrupções na trajetória dos sujeitos afrodiaspóricos. Além disso, a expectativa é que esses estudos interroguem quaisquer tentativas de hierarquização cultural, social e racial, questionando homogeneizações e universalismos. Leituras que tomem como base a diferença, sem interpretála como superioridade ou inferioridade, mas sim como um dado político e estético, constituem o alvo pretendido. PALAVRAS CHAVE: Narrativas; Diáspora; Sujeitos afrodiaspóricos; Redenção; Aniquilação

O combate ao Complexo de Borboleta: a sexualidade e a subjetividade femininas em literaturas indígenas norte-americanas

Alvany Rodrigues Noronha Guanaes (UNIANGUERA)

RESUMO: O Complexo de Borboleta é a conformidade a um rígido padrão estético exposto nas narrativas literárias eurocêntricas como premissa à subjetividade e à sexualidade das personagens femininas. Tal conceito nasceu de minha observação às personagens de alguns romances como, por exemplo, O Colecionador de John Fowles, no qual o misógino Frederick cobiça a linda e delicada Miranda como se ela fosse uma borboleta de sua coleção. Semelhantemente, em outros romances canônicos ocidentais as personagens femininas sujeitos de desejo e dotadas de agência são aquelas metamorfoseadas em um ideal alusivo ao arquétipo da fragilidade e da beleza, como as borboletas. Nesse raciocínio, o complexo em questão fundamenta-se no consenso subreptício literário da perfeição física equivocadamente atrelada à subjetividade e à sexualidade feminina. Ainda que em alguns romances as heroínas sejam epítomes de espíritos livres e dotadas de inteligência, qualquer divergência a um rígido padrão estético codifica-se numa condescendência narrativa forçosa de outros atributos para compensar as imperfeições físicas devidamente destacadas. Em contrapartida, a representação das mulheres em narrativas indígenas é fundamentada na força sociopolítica das personagens, independentemente de suas aparências físicas, derrubando rígidas fronteiras simbólicas limitadoras da formação do eu feminino. Em vista do exposto, o presente trabalho propõe uma discussão acerca da construção da sexualidade e da subjetividade femininas nas literaturas indígenas, resignificadas por corpos transgressores de padrões de beleza e de conduta passiva prescritivos, combativas, portanto, ao Complexo de Borboleta. Para tal, proponho uma análise das personagens femininas nas narrativas de Leslie Marmon Silko, Maria Campbell, Lee Maracle e Beatrice Culleton Mosionier. PALAVRAS-CHAVE: sexualidade feminina; padrão estético; literaturas indígenas

Discursos sobre o colonialismo em Chimamanda Ngozi Adichie

Alyxandra Gomes Nunes (UNEB) RESUMO: Chimamanda Ngozi Adichie é uma jovem autora nigeriana da terceira geração de escritores nigerianos que tem uma produção que já é bastante difundida no Brasil, em especial suas palestras The danger of a single story ou We all should be feminist. O conjunto de sua narrativa engloba temas que são de relevância sobre a cidadania em seu país, tais como o protagonismo feminino, os diálogos possíveis com os homens, o crescimento e a maturidade, o imaginário sobre a guerra de Biafra e as diferentes conjunturas políticas contemporâneas na Nigéria e sobre o movimento diaspórico de nigerianos para os Estados Unidos. Minha apresentação visa a apresentar o projeto político e literário da autora e debater como ela transita entre a ficção e a história em seus romances e contos, tais como Meio sol amarelo, Hibisco roxo e The thing around your neck. O foco se constituirá a partir da identificação de discursos do e sobre o colonialismo que constrói o imaginário nigeriano sobre o ser africano. Pretendo abordar como a autora situa o colonialismo que hierarquiza culturas autóctones em sua obra e como ela o desconstrói de dentro para fora nessas narrativas. PALAVRAS-CHAVE: Adichie; colonialismo; África

Linguagem e hibridismo em Small island, de Andrea Levy

Ana Flávia de Morais Faria Oliveira (UFMT) RESUMO: Publicado em 2004, Small island, de Andrea Levy trata de questões políticas, sociais e, sobretudo, culturais entre o Império Britânico e a Jamaica. A obra retrata como tema principal a questão da diáspora pós-guerra, uma vez que faz referência ao deslocamento em massa de centenas de afro-caribenhos que no ano de 1948 migraram para a Grã-Bretanha em busca de melhores condições de vida. O romance é composto pelo entrelaçamento de quatro narrativas que são contadas pelos jamaicanos Hortense e Gilbert Joseph e pelos britânicos Victoria Buxton (Queenie) e Bernard Bligh. Os narradores de diferentes gêneros, raças, classes e culturas, contam, cada um a seu modo, suas experiências individuais. O presente trabalho faz uma análise desses diferentes discursos, pautando-se pelos conceitos de Mikhail Bakhtin (2010 [1975]) a respeito da hibridização de linguagens, com o objetivo de entender como essa hibridização acontece em Small island. A investigação do trabalho nos permitiu entender que todo o romance é híbrido, mas os romances afrodiaspóricos, como é o caso de Small island, são híbridos de uma forma particular, pois são forjados na encruzilhada (WALTER, 2009). Além disso, notamos que os discursos dos sujeitos diaspóricos que aparecem no interior do romance possuem dupla pretensão: mostrar a mistura de duas ou mais culturas diferentes e a tensão constante que permeia essas culturas, resultando no que Homi Bhabha (2013 [1994]) entende por hibridismo cultural. PALAVRAS-CHAVE: linguagem; diáspora; hibridismo; Andrea Levy

Do apogeu ao declínio - o mito do herói guerreiro Okonkwo e suas relações simbólicas despedaçadas no romance Things fall apart

Claudia Regina Soares (UFMT) RESUMO: A obra Things fall apart (2009 [1958]) de Chinua Achebe, classificada como uma narrativa de resistência, trata da chegada dos britânicos à vila do guerreiro Okonkwo, fazendo desmoronar a sociedade que ali vivia. Okonkwo é um exemplo perfeito de alguém que procurou resistir à imposição da cultura estrangeira desde o princípio. Nesta comunicação, analisaremos por meio do personagem principal Okonkwo, os expedientes de crenças, tradições, resistência e negociação na nova ordem imposta pela chegada do homem branco em sua vila. Começaremos pelo surgimento e superação do guerreiro até sua queda, sendo comparado neste estudo, como mito-identidade, ao herói grego Heracles. Contribuindo com nossa discussão, nós nos apoiaremos nos estudos antropológicos de Gilbert Durand e no Imaginário Simbólico, que enfocam o universo imaginário dos personagens da obra literária, local em que se fomentam as relações simbólicas que definem o comportamento humano e suas culturas. Além disso, também contaremos com a colaboração da obra de Joseph Campbell, O herói de mil faces. O nosso objetivo é demonstrar que, quando esse universo simbólico é quebrado, há um desmoronamento do mundo do ser humano, um desequilíbrio em seu meio, e, para ele, o mundo se despedaça. O referencial teórico deste ensaio é dado pelos estudos póscoloniais, pelo Imaginário Simbólico e outros. PALAVRAS-CHAVE: resistência; cultura; identidade; Gilbert Durand; Chinua Achebe

Narrativas descolonizadoras da diáspora africana: GraceLand e Cidade de deus

Divanize Carbonieri (UFMT)

RESUMO: Estabeleço, nesta comunicação, uma comparação entre os romances GraceLand (2004) do nigeriano Chris Abani e Cidade de Deus (1997) do brasileiro Paulo Lins, principalmente por que ambas as obras retratam adolescentes vivendo nas favelas de Lagos e do Rio de Janeiro. Nesses casos, a favela parece funcionar como um cronotopo pós-colonial, compactando em si tempos e espaços do passado e do presente dos grupos africanos e afrodescendentes. O objetivo é demonstrar que essas narrativas centradas em jovens negros e pobres interrogam a colonialidade em que espaços afrodiaspóricos como Nigéria e Brasil ainda estão inseridos. PALAVRAS-CHAVE: favelas; colonialidade; Chris Abani; Paulo Lins

Migrações internacionais: As relações laborais dos imigrantes haitianos e o Estado brasileiro

Elvis Paulo Santos Trindade (UNIPAR)

RESUMO: Em 2010 o Haiti foi atingido por um violento terremoto, impactando de forma generalizada o país e seus habitantes. Os deslocamentos populacionais – que compreendem diversos períodos históricos – são motivados por guerras, crises econômicas, pobreza, perseguição política e religiosa e/ou desastres naturais. Essa catástrofe foi crucial para o desencadeamento de movimentações migratórias intensas da população haitiana. Segundo Chaves Jr (2008), o conjunto dessas situações adversas tem servido de estímulo para que expressiva parcela da população abandone o país em busca de melhores condições de vida. Figurando entre os mercados econômicos emergentes, o Brasil tornou-se um dos principais destinos para os imigrantes haitianos, em busca de oportunidades de emprego e estabilidade. A mão-de-obra haitiana foi bem absorvida pelo mercado de trabalho brasileiro, empregada em sua maioria pelos setores da construção civil e da indústria de alimentos. O Brasil não estaria se comprometendo a uma proteção sustentada dos migrantes haitianos com base em uma lei nacional sólida, mas estaria meramente oferecendo uma exceção baseada no sentimento momentâneo de que a negação de sua entrada no território não era recomendável. (THOMAZ, 2013). Diante disso, destacamos que a situação de fragilidade econômica, o distanciamento do país de origem e as dificuldades com o idioma resultam em uma condição de vulnerabilidade, dando margem para a exploração laboral e a marginalização dos imigrantes haitianos. Portanto, propomos discutir sobre o processo migratório, a vulnerabilidade dos imigrantes haitianos em sua inserção no mercado de trabalho brasileiro, bem como em torno da política pública de migração internacional do Estado brasileiro. PALAVRAS-CHAVE: história; Haiti; migrações; trabalho; história do Brasil

Uma perspectiva histórica em Gem Squash Tokoloshe

Luana Lima de Sousa (UFMT)

RESUMO: O livro Gem Squash Tokoloshe da escritora sul-africana Rachel Zadok apresenta uma narrativa que se passa nas últimas décadas do apartheid num ambiente rural. Nessa obra, por meio das fantasias infantis da protagonista, Faith, apresentam-se traços da hibridação cultural e do momento histórico da época. Num período de segregação social, a imaginação é colocada como um lugar de possibilidade desse encontro. Além da imaginação, a relação entre grupos étnicos é retratada de diferentes formas ao longo da obra, ora conflituosas e ora de ajuda mútua. Este trabalho tem como objetivo traçar uma perspectiva histórica da obra, paralelamente à análise literária, enfatizando a situação histórica da África do Sul no período em que se passa a narrativa, tendo em vista, especialmente o período do apartheid, as diferentes relações entre grupos étnicos e os lugares de encontro possíveis em tempos de segregação. Também se pretende realizar a análise sob a luz das teorias do pós-colonialismo, decolonialismo e hibridação cultural, referentes ao tempo e espaço retratados na obra. Além disso, não se pode deixar de mencionar a riqueza dos elementos míticos e fantásticos presentes tão ricamente nesse romance e os traços históricos que são contados por meio da memória da infância. PALAVRAS-CHAVE: hibridação cultural; pós-colonialismo; imaginação; Rachel Zadok

As “benfeitorias” de sujeitos brancos para com negros: um olhar sobre a visão de Debret e Matlwa

Mariana Sakaizawa Soares (UFMT)

RESUMO: Por séculos, o homem branco propagou a ideia de que sua raça era superior às demais e, baseado nisso, iniciou um processo de dominação sobre outras terras e outros povos, dando origem ao período colonial. Dentre os povos mais massacrados por esse movimento, estão as populações negras. Assim, o presente estudo discute a construção de alguns aspectos apresentados por diferentes formas de expressão artística acerca da relação entre brancos e negros em situações de opressão e dominação, como na época da escravidão no Brasil e no período do Apartheid na África do Sul. O intuito é estabelecer uma relação entre duas obras de Jean Baptiste Debret, “O jantar no Brasil” e “Uma senhora brasileira em seu lar”, e o romance Coconut (2007) de Kopano Matlwa, uma autora sul-africana. Ambos os artistas tratam de algumas “benfeitorias” oferecidas pelos brancos a alguns negros em situações de opressão racial. Então, este trabalho tem o intuito de analisar essas relações aparentemente harmoniosas entre brancos e negros de contextos e épocas distintos. Pretende-se questionar também até que ponto poderia haver harmonia na convivência entre esses dois grupos, tão claramente separados como dominante e dominado, investigando ao mesmo tempo se essa interação seria uma forma de resistência e sobrevivência encontrada pelos oprimidos para talvez superar o jugo dos brancos. PALAVRAS-CHAVE: escravidão; Apartheid; Debret; Kopano Matlwa.

Travessias e identidades nas obras Crônica de uma travessia (1997), de Luís Cardoso, e Terra sonâmbula (1992), de Mia Couto

Marinete Luzia Francisca de Souza (UFMT)

RESUMO: Tecidas por processos de resistência e negociação, as narrativas do moçambicano Mia Couto e do leste-timorense Luís Cardoso se aproximam por representarem literariamente a interculturalidade de seus países. Considerando o exposto, analisamos as obras Crônica de uma travessia (1997), de Luís Cardoso, e Terra sonâmbula (1992), de Mia Couto, com vistas ao estudo dos processos diaspóricos narrados pelo escritor leste-timorense e dos exílios desenhados nas histórias cruzadas contadas pelo autor moçambicano. Ambas as obras refletem o período pós-colonial (pós fim do colonialismo português na África e na Ásia) e as travessias históricas e políticas de seus países. Se, no romance de Mia Couto, as personagens exilam-se de si mesmas e de Moçambique, no de Cardoso, o personagem-narrador relata sua história, na tentativa de cruzar a linha imaginária que o separou de Timor-Leste. Identificam-se, nos dois romances, sejam as identidades diaspóricas, sejam as nacionais, e, por isso, para estudá-las, recorreremos aos estudos pós-coloniais, especialmente a teóricos como Stuart Hall e Benedict Anderson. PALAVRAS-CHAVE: negociação; resistência; identidades diaspóricas; Mia Couto; Luís Cardoso

Um olhar voltado para a desagregação, a busca e o pertencimento nas obras A Mercy, de Toni Morrison, e October, de Zoe Wicomb: possibilidades e percursos traçados via literatura engajada

Soraya do Lago Albuquerque (UFMT/UNIVAG)

RESUMO: Pretende-se com este estudo traçar um panorama sobre a forma como Toni Morrison e Zoe Wicomb apropriam-se de suas personagens para conferir a elas respostas que, na verdade, fazem parte de questionamentos pertencentes a toda uma coletividade de africanos e afrodescendentes. As duas escritoras se referem aos sentimentos de desapropriação, decorrentes da diáspora, ao sentimento de busca, recorrente nas duas obras, e à tentativa de encontro ou reencontro de um novo espaço, que poderá e deverá ser chamado de LAR. As autoras também recorrem às memórias para construir a narrativa dessas duas obras. Acreditamos que ambas anunciam em suas obras os reflexos do deslocamento forçado e que, ao fazê-lo, pretendem de fato mostrar pelo viés literário que há ainda uma possibilidade de audibilidade para tudo aquilo que não foi entendido e nem mesmo elucidado, como é o próprio sentimento de não pertencimento. Traçaremos alguns percursos feitos pelas personagens das duas obras que confirmam a nossa indagação sobre a postura engajada das duas escritoras. Para tal estudo, recorreremos aos apontamentos teóricos já apresentados pelos teóricos da pós-colonialidade e outros, entre eles Said (2005), Clifford (1998), Hall (2003),Walter (2009), Bhabha (1998), Spivak (2010), Halbwachs (2004), Ricouer (2007), Sarlo (1997). PALAVRAS-CHAVE: diáspora; memórias; Toni Morrison; Zoe Wicomb

Além da fronteira: a configuração diaspórica em A question of power, de Bessie Head

Valdirene Baminger Oliveira (UFMT)

RESUMO: Em A question of power (1973), a escritora sul-africana Bessie Head retrata a história de Elizabeth que, nascida “coloured” (termo designado para denominar pessoas mestiças durante o período do apartheid na África do Sul), não é branca e também não é negra, mas transita entre essas duas condições. Na tentativa de fugir do duro regime de segregação racial da África do Sul, das lembranças dos lares adotivos pelos quais passou e de um casamento desfeito, Elizabeth muda-se com o filho pequeno para uma vila do país vizinho, Botswana. No entanto, como uma outsider, lá ela também não é aceita pela maioria dos habitantes do lugar, que têm dificuldades em conviver com as diferenças. Assim, essa personagem terá de enfrentar rejeição, isolamento e, por vezes, o colapso mental num espaço de difícil negociação em que reinventar-se pode ser a única saída. Tendo como referencial teórico Gilroy (2001), Walter (2009), Hall (1997) e Bhabha (2001), este trabalho pretende analisar a configuração diaspórica na inter-relação entre os espaços geográficos fronteiriços da África do Sul e Botswana e sua relevância na construção dos processos híbridos e identitários, também fronteiriços, apresentados no romance. Além disso, este trabalho visa demonstrar que, apesar da importância dos textos canônicos, a literatura africana de países de língua inglesa, assim como outras literaturas não eurocêntricas, tem muito a contribuir com o cenário da literatura mundial, na medida em que oferece a possibilidade de se pensar em outras realidades, frequentemente estereotipadas e marginalizadas. PALAVRAS-CHAVE: diáspora; hibridismo; identidade; Bessie Head.

A memória lírica do Massacre de Sharpeville na poesia de Dennis Brutus

ViniciusMarcucci deAraujo (UNIOESTE) Valdeci Batista de Melo Oliveira (UNIOESTE) RESUMO: No presente artigo pretendo interpretar e analisar o poema “Sharpeville”, escrito pelo literato Dennis Brutus e publicado em sua obra Sirens Knucklesand Boots (1963), publicação que visava expor a segregação causada pelo apartheid, além de incitar revoluções políticas e culturais que combatessem tal regime no cenário da África do sul. A poesia de resistência marca o caráter ativista de Brutus, que iniciou sua militância priorizando a organização de uma associação esportiva sul-africana não segregacionista. O engajamento político do autor se tornou ainda mais distinto após as ondas de repressão às organizações anti-apartheid e o massacre de Sharpeville, episódio que aconteceu durante um protesto contra a lei de passes (decreto que limitava a circulação de negros em locais específicos do território sul-africano) e que foi permeado pela ação brutal da polícia sul-africana, que deixou 69 pessoas mortas e 186 feridas. O poema de Brutus retrata liricamente o morticínio ocorrido na cidade africana que nomeia o poema, a 45 quilômetros de Johanesburgo, em 21 de março de 1960, contra negros sul-africanos na luta contra o apartheid no país subsaariano. Como sabemos, é próprio da lírica rememorar fatos históricos que, devido a sua importância, se tornaram emblema das lutas dos oprimidos. Na África, dada a dimensão continental do colonialismo branco e europeu, coube à lírica ser o grito, o porta voz e o estandarte do explorado e a voz dos silenciados pelos fuzis e coturnos do colonizador. PALAVRAS-CHAVE: literatura sul-africana; apartheid; Dennis Brutus; Massacre de Sharpeville; poesia lírica.

SIMPÓSIOS - NARRATIVAS DO EU: AUTOBIOGRAFIAS, BIOGRAFIAS, DIÁRIOS, MEMÓRIAS E CORRESPONDÊNCIAS SALA: 66 Coordenadores: Viviane Bagiotto Botton (UNAM/UPEC/Paris XII) Fernando Bagiotto Botton (UFPR/UBA) Thamara Parteka (PG-Unioeste) RESUMO GERAL: Com o alvorecer dos modernos pensamentos iluminista, racionalista, romântico e humanista se deflagraram novas configurações ético-políticas daquilo que passou a ser denominado como o “sujeito” e suas configurações. Neste sentido, as teias de saberes e poderes configuraram uma maior valorização do “eu interior”, o qual servia de medida para a própria realidade do mundo. Esse novo culto egóico e narcísico alterou os pensamentos e comportamentos, fazendo com que cada indivíduo fosse (auto)compreendido cada vez mais pelas chaves do individualismo e da interiorização. As técnicas de confissão ou os ditames de uma verdade interior migraram da transcendente esfera religiosa para fragmentarem-se nos mais ínfimos e imanentes recônditos da cotidianidade, da política, das artes, das ciências etc. É nesse contexto que surgiram e se difundiram novas linguagens afim de suprir as mais surtidas formas de falar sobre si mesmo, as “narrativas do eu”: autobiografias, biografias, diários íntimos, memórias pessoais, correspondências, fotografias, filmes, hagiografias, histórias de grandes homens, diagnósticos institucionais, sessões psicológicas, num processo de continuidades e rupturas que transpassam nossos dias, seja por meio dos blogs, redes sociais, chats. Este Simpósio Temático propõe um plural espaço de encontros e debates interdisciplinares, privilegiando a interlocução entre os pesquisadores que, de diferentes formas e por distintas perspectivas, abordam alguma(s) dessas linguagens enquanto objetos de estudo e reflexão, seja de maneira direta ou indireta. PALAVRAS CHAVE: Autobiografias; biografias; diários; memórias e correspondências.

Memórias de um vencedor, ou quem vence a história?

Ana Vera Raposo de Medeiros (UFMT0 RESUMO: Examinando uma parcela da produção dos textos que tratam das memórias na literatura brasileira, entre autores e obras não canônicos, encontramos na obra Memórias de um vencedor, de Eduardo Barra (1995) uma oportunidade para examinar o tratamento dispensado à construção dessas memórias que são, ali, um retrato da trajetória de um brasileiro desde a sua adolescência, por volta de 1940, até a sua maturidade nos primeiros anos do século XXI. Ao lado de sua formação conturbada, em que as noções de ética e moral são bastante controversas, vai surgindo um painel em que se pode ver, para além da história particular do memorialista, a narração de seis décadas da história do Brasil por uma ótica pouco convencional. Vê-se, assim, um cruzamento das memórias pessoais com a descrição do entorno social e histórico do indivíduo em busca de significações para estes dois mundos: um de dentro, outro de fora. Os estudos de SIBILIA (2008); CABALLÉ (1995) e OLMI (2006) orientam as detecções deste movimento de retorno apo passado para entender o presente, tirando do EU os elementos para a compreensão de seu entorno histórico. Ao lado das discussões teóricas sobre os textos de memórias, examinaremos as noções do tempo histórico em busca da compreensão das continuidades e rupturas que são marcas da história, como propõe LE GOFF (2014). PALAVRAS-CHAVE: Memórias; Literatura Brasileira; História; Sociedade.

Retratos de São Petersburgo e escritas do eu na narrativa de Dostoiévski

Ana Paula Domingos Baladeli (UNIOESTE)

RESUMO: A correspondência e as narrativas ficcionais de Fiódor Dostoiévski são fontes para a compreensão do processo criativo do escritor, da vida de São Petersburgo do século XIX e, sobretudo das escritas do eu. As cartas de Fiódor endereçadas ao irmão mais velho Mikhail compõem juntamente com os textos ficcionais do escritor um corpus significativo que narram a relação das personagens e do escritor com a vida política, literária e cultural de São Petersburgo. Tanto a correspondência de Dostoiévski quanto sua biografia revelam suas influências literárias, o poder à época que a crítica literária russa exercia no processo criativo dos escritores, além disso, a questão da censura política do regime czarista e a condenação de Dostoiévski a quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria também se fazem presentes em sua correspondência pessoal e em suas obras posteriores. Desde então, suas narrativas tendem a intensificar os melodramas humanos, as desilusões amorosas e os conflitos existenciais das personagens em meio a monólogos intensos repletos de sarcasmo, compaixão e intensidade. Este artigo propõe discutir a contribuição das correspondências do escritor na construção do retrato histórico, político e cultural da época de Dostoiévski bem como a interface biografia e ficção nas escritas do eu dostoievskiana. PALAVRAS-CHAVE: Dostoiévski; literatura russa; correspondências; escritas do eu.

Manuel Bandeira: poeta-crítico itinerante

André Vinícius Pessôa (UERJ/Capes/Faperj) RESUMO: O Itinerário de Pasárgada (1984) surgiu de um compromisso que Manuel Bandeira assumira de escrever suas memórias para uma revista a ser editada por Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos, mas o texto acabou sendo publicado como livro pelo Jornal de Letras, do amigo do poeta e editor João Condé, no ano de 1954. Escrito em prosa autobiográfica, o livro revela alguns segredos do fazer poético de Bandeira, ao mesclar tanto elementos de sua memória afetiva quanto os de sua formação artística e intelectual. O crítico Davi Arrigucci Jr., em Humildade, Paixão e Morte (2003), livro que consagra à apreciação crítica da obra poética de Bandeira, lembra que “a incorporação da própria crítica, sob formas variadas, no interior do projeto de construção da obra” (2003, p. 124), realizada pelo poeta e por outros escritores de seu tempo, constitui-se numa marca da tradição moderna. Nesse sentido, são significativas as reflexões críticas de Bandeira sobre o seu próprio ofício, tanto as publicadas no Itinerário de Pasárgada quanto as que aparecem em diversos trechos de suas cartas, crônicas, conferências e ensaios. As assertivas teóricas de Bandeira combinam confissões íntimas com uma visão singular da poesia e do fazer poético. A comunicação, além de apresentar e debater alguns exemplos desse repertório, pretende situar o poeta no escopo maior da tradição do poeta-crítico no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Manuel Bandeira; autobiografia; poesia; crítica; poeta-crítico.

Vozes da repressão em Cuba: Antes que anochezca, de Reinaldo Arenas

Bárbara Loureiro Andreta (UFSM) Mônica Saldanha Dalcol (UFSM) Anselmo Peres Alós (Orientador/UFSM)

RESUMO: O escritor cubano Reinaldo Arenas nasceu em Holguín, Cuba, em 1943 e faleceu em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde vivia em exílio. Sofrendo com seu precário estado de saúde, devido às complicações causadas pelo vírus HIV, decidiu colocar fim à sua vida, em 1990, pouco depois de finalizar seu livro, Antes que anochezca, publicado postumamente. Nessa obra, Reinaldo Arenas apresenta um relato sobre a sua luta contra a ditadura de Fidel Castro e a perseguição que os homossexuais e opositores do governo sofriam durante o regime castrista em Cuba. Ao longo da autobiografia de Reinaldo Arenas, sua homossexualidade ocupa um papel central, bem como a forma como essa é reprimida pelo poder estatal. Seus diversos relacionamentos, vivenciados inicialmente em hotelitos de mala muerte, nas palavras de Vargas Llosa (1992) e depois, à medida que o controle estatal se tornava mais rígido, em banheiros públicos, matagais, quartéis, carros abandonados, dentro do mar e nos miseráveis quartos que habitava são narrados em Antes que anochezca. A autobiografia de Reinaldo Arenas, de acordo com Mario Vargas Llosa (1992), escrita com a pressa de um homem em fase terminal de AIDS e sofrendo de dores terríveis, contém a crueza de um trabalho pouco elaborado o que, entretanto, não empobrece sua obra, pelo contrário, reforça sua natureza transgressora, imprimindo, a certos episódios, a autenticidade de livros que devem sua grandeza não como boas criações literárias ou à perícia formal, mas à entrega de quem a escreve em uma espécie de sacrifício religioso. PALAVRAS-CHAVE: Repressão. Antes que anochezca. Reinaldo Arenas.

Breves reflexões sobre autoficção e mem ória em A vendedora de fósforos, de Adriana Lunardi

Caroline Biasuz, (UFSM) RESUMO: A apresentação do livro, de pronto, já nos assola: uma espécie de caixa de fósforo envelhecida com as bordas das páginas da cor da pólvora que compõe a cabeça dos fósforos. Um atrito e está feita a explosão. E explosiva é toda a narrativa de Lunardi. O relato das memórias de uma narradora-personagem que conta sua história, em tom de confidência, através de suas memórias numa espécie de expiação de culpa, autorreflexão e autoconhecimento através do outro, no caso, sua irmã. Narrativa, em primeira pessoa, que requer atenção aos movimentos sub-reptícios, aos pensamentos não-ditos, aos acontecimentos internos dos personagens, como também sensibilidade para perceber as ausências e as conexões entre lugares e tempos totalmente díspares exigindo uma mudança de atitude de nossa parte, enquanto seus leitores. Nessas breves reflexões sobre A vendedora de fósforos de Adriana Lunardi, trataremos sobre os temas da autoficção e da memória dentre os tantos mais que nos encantam no texto e na literatura contemporânea. Seguiremos pelo viés pós-estruturalista, norteados pela novas possibilidades e exigências dos romances contemporâneos como a fratura da narrativa e a nova postura do leitor. Uma análise que buscará explorar os elementos que permitem caracterizar o romance como autoficção e no modo da construção da identidade da personagem através de suas memórias. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Autoficção; Sujeito; Vestígios.

“Loucura” e “Psiquiatrização” em quadrinhos: Uma análise da autobiografia em quadrinhos “Parafusos”

Diego Luiz dos Santos (Unioeste) RESUMO:No ramo historiográfico conhecido como “História da Loucura e da Psiquiatria” há um recorrente debate acerca daquilo a que chamamos “Psiquiatrização da Normalidade” que, em uma breve descrição, consiste em relacionar simples problemas do cotidiano a “transtornos mentais”. Este trabalho tem como objetivo apresentar a pesquisa de mestrado, ainda em fase de desenvolvimento, intitulada “Artista, Louca e Genial: Uma análise da autobiografia em quadrinhos ‘Parafusos’ de Ellen Forney”. A Pesquisa trata-se de uma análise da autobiografia em quadrinhos escrita e desenhada pela artista estadunidense Ellen Forney. O livro foi lançado em 2012 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 2014 pela editora Martins Fontes, com tradução de Marcelo Brandão Cipolla. Em suas páginas, a autora narra sua vida a partir do momento em que foi diagnosticada, em 1999, como portadora de uma condição psiquiátrica popularmente conhecida como Transtorno Bipolar e, desse modo, passa a referir a si mesma como uma “louca criativa”. No entanto, torna-se pertinente questionar o que outorga este título à Ellen Forney? A própria loucura ou simplesmente o diagnóstico? Partindo de sua narrativa, esta análise busca compreender a influência deste diagnóstico na vida de Ellen, a fim de refletir sobre os efeitos de tantas possibilidades diagnósticas numa sociedade que passa por um processo de “psiquiatrização”. PALAVRAS-CHAVE: Autobiografia; História da Loucura; Quadrinhos.

Hilda e Caio: para uma amizade além das cartas

Eduavison Pacheco Cardoso (UFMS) Edgar Cézar Nolasco (UFMS) RESUMO: Este trabalho propõe fazer uma leitura crítica da relação de amizade entre a escritora Hilda Hilst e otambém escritor Caio Fernando Abreu por meio das cartas que autor gaúcho endereçou à poetisa paulista. Tal contato entre os artistas será estudado a partir das missivas que Abreu enviou para Hilst e que estão contidas no livro Caio Fernando Abreu: cartas, organizado por Italo Moriconi, e ainda por parte do arquivo da autora, presente na página digital do Centro de Documentação Cultural (CEDAE) do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da UNICAMP, tal comoum caderno que Abreu presenteou Hilst para que escrevesse O caderno rosa de Lori Lamby, bem como uma parte do manuscrito deste livro, o que demonstra o contato entre bios (entre vidas) e entre tais vivências e a ficção de Hilst. A amizade dos dois se iniciou em 1968 (ano em que Abreu se muda para a Casa do Sol, residência de Hilst) e persistiu até a morte do autor de Morangos mofados, em 1996. A proposição deste trabalho também é investigar como as cartas serviram como um meio de os amigos manterem contato, mas também como uma forma de ambos lerem a produção literária um do outro. Para desenvolver esta proposta, nos valeremos do aporte teórico da crítica biográfica, sobretudo as contribuições de Francisco Ortega e de Jacques Derrida em torno da amizade e de Eneida Maria de Souza ao tratar da natureza compósita que engloba vida e obra, entre outros autores. PALAVRAS-CHAVE: Hilda Hilst; Caio Fernando Abreu; Cartas; Crítica biográfica; Amizade.

O recorte da infância em Meus Desacontecimentos, de Eliane Brum

Elielza Souza Abreu (UFMT/ PIBIC/ FAPEMAT) RESUMO: Apesar da escrita de memórias apresentar, como marca, a história de uma vida em longa cronologia de enredo, inúmeros escritores retomaram, em obras específicas, apenas o período da infância ao escrever suas memórias: Jorge Amado; José Lins do Rego, Graciliano Ramos, José Saramago etc. Este aparente retorno a um espaço edênico, no entanto, carrega, em geral, uma carga de sofrimento que vai pontuando a escrita de memórias de episódios recorrentes, próprios dos confrontos emocionais do período. Ao propor sua versão da infância, a jornalista Eliane Brum apresenta, em vinte capítulos, um texto de memórias que mantém as características do Gênero, conforme proposto por Olmi (2006) e Todorov (2000), mas inova ao propor um relato de sua vida com as palavras que a cercaram em seu universo de formação ancestral, como aparece já no subtítulo do texto: “A história de minha vida com as palavras”. Compreender e refletir sobre a obra em questão e sobre as singularidades da escrita de memórias na dualidade do tempo do enunciado (infância) e do tempo da enunciação (presente) é nosso objetivo. Ao final, amplia-se o conceito de memórias e de retorno à infância ao sacralizar-se o literário como rito de passagem. PALAVRAS-CHAVE: Memórias; Literatura Contemporânea; Infância; Singularidade.

Narrativas autobiográficas na revista Blumenau em Cadernos

Elizandra Oestreich Siveris (UNIOESTE) RESUMO: A comunicação apresentará resultados do projeto de iniciação científica intitulado “Memória Autobiográfica de Imigrantes na Revista Blumenau em Cadernos (1997-2014)”, que visou investigar memórias autobiográficas de imigrantes inseridas na revista publicada desde 1957 pelo Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, de Blumenau – SC. O projeto foi desenvolvido junto à UNIOESTE, com financiamento da SETI/Fundação Araucária, e faz parte de um projeto maior, intitulado “História e memória autobiográfica de imigrantes alemães no Brasil”, coordenado pela Profa. Dra. Méri Frotscher (Financiamento do CNPq). No projeto de Pibic nos concentramos no último período da revista, de 1997, ano da modificação de seu projeto editorial, até 2014. O projeto visou, em primeiro lugar, a leitura do material correspondente contido nas revistas e a alimentação de um banco de dados, usando a ferramenta do Word, no qual foram inseridas somente as narrativas de conteúdo autobiográfico, com indicação de autores, títulos, tipo de narrativa autobiográfica, sessão da revista na qual se encontra, breve resumo, seu assunto principal e sua respectiva referencia. Posteriormente foram feitas tabelas para subsidiar a análise, por meio da qual foi possível perceber um grande número de memórias autobiográficas publicadas, um total de 165 textos. A grande maioria se refere ao espaço do Vale do Itajaí e o período de vida com o maior número de publicações foi a infância. Em geral, a memória e a narrativa são envoltas em tom de nostalgia. Ao se referirem ao cotidiano vivido na cidade, tais memórias saudosistas se constroem a partir da constatação das transformações que a cidade passou. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Escrita de si; Narrativa; Revista Blumenau em Cadernos.

Entre afetos e apreços: a amizade entre Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector Fernando Abrão Sato (PIBIC/CNPq – NECC/UFMS) Edgar Cézar Nolasco (NECC/UFMS) RESUMO: Esta comunicação tem por objetivo apresentar a criação metafórico-literária da amizade entre os escritores Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector, que tem sido executada na pesquisa “Paisagem e amizade entre Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector”, em nível de PIBIC. A metodologia do trabalho sustenta-se pela crítica biográfica, pois esta tendência permite a interpretação da literatura para além de seus limites intrínsecos, por englobar a relação vida-obra por meio da criação de “pontes metafóricas” (SOUZA), permitindo, assim, estabelecer a relação de amizade entre os escritores. Desse modo, o corpus do trabalho é composto tanto por textos literários quanto por textos documentais, como biografias, correspondências e fotografias. Enfatiza-se o fato de que os ficcionistas não foram especificamente amigos, segundo documentos biográficos que mostram os poucos encontros que realizaram. Entretanto, partiu-se da admiração de Abreu por Lispector revelada na epístola escrita para Hilda Hilst, de 1970, na qual relata o seu primeiro encontro com a escritora e as impressões que sentiu ao ver Clarice, apaixonadamente. A partir daí, e dos demais escritos, constatou-se a relação biográfica e literária que o escritor gaúcho estabelece com a contista, a qual foi analisada através da noção de amizade cunhada pelo filósofo franco-argelino Jacques Derrida (2003) e Francisco Ortega (2000), para expor os empréstimos literários na relação, propor uma amizade de cunho político-social ao ressaltar o contexto ditatorial em que vivenciaram, e, por fim, opor-se à crítica tradicionalista que postula a relação hierárquica entre escritores e defende a conotação de passividade nos estudos sobre influência. PALAVRAS-CHAVE: Amizade; biografias; comparatismo; correspondências; influência.

Ao sol carta é farol: o monumento, o documento e o literário na escrita do eu das Cartas perto do coração

Francine Carla de Salles Cunha Rojas (UFMS) Edgar Cézar Nolasco (UFMS) RESUMO: O trabalho, intitulado “Ao sol carta é farol: o monumento, o documento e o literário na escrita do eu das Cartas perto do coração”, visa, a partir do livro que reúne as cartas dos escritores Fernando Sabino e Clarice Lispector, o Cartas perto do coração (2011) do título, discorrer acerca da escrita do eu, de cada um dos citados escritores, pensando-a como a ponte que os uniu durante o período em que trocaram cartas, 1946 – 1969. Nesse sentido, defendo que as cartas eram uma espécie de anzol, como certa vez expressou Clarice em cartas para suas duas irmãs, Tânia Kaufman e Elisa Lispector, em Minhas queridas (2007). O anzol que ligava Brasil a outros países, como EUA (Washington, Nova York), Suíça (Berna), Inglaterra (Torquay) e que era responsável por levar notícias dos amigos, assumia também uma outra função, implícita nas entrelinhas das cartas e da amizade dos dois escritores, a de recordar ao amigo que este não fora esquecido e também assegurar que o remetente não seria esquecido pelo outro. A fim de embasar teoricamente minha preposição em torno do “objeto”, valho-me da crítica biográfica pós-ocidental e das considerações de Walter Mignolo em Histórias locais / projeto globais (2003), Ao sol carta é farol: as correspondências de Mário de Andrade e outros missivistas (1992) de Matildes Demetrio dos Santos, Janelas indiscretas e Crítica Cult (2007) ambos de Eneida Maria de Souza. PALAVRAS-CHAVE: Amizade; literatura; saudade; cartas; escrita

Escrita de si na obra de Ricardo Lísias: estudo de caso do romance Divórcio.

Janaína Buchweitz e Silva (UFPel) RESUMO: O autor Ricardo Lísias está se destacando no cenário literário nacional por fazer uso, em suas obras, de elementos autoficcionais. Além do romance O céu dos suicidas (2012) e do e-book Delegado Tobias (2015), o romance Divórcio (2013) também apresenta a temática da autoficção. Na obra, o autor apresenta uma etapa traumática de sua vida (o divórcio, ocasionado a partir da descoberta de um diário de sua ex-esposa) a partir do universo ficcional. Entendendo autoficção a partir do conceito proposto por Doubrovsky (2007) como um espaço híbrido entre a autobiografia clássica e a ficção, a presente pesquisa, em fase inicial, visa analisar os rastros autobiográficos do autor Ricardo Lísias presentes no romance Divórcio, debatendo a temática da autoficção a partir do ponto de vista literário e histórico, buscando analisar na obra a predominância de elementos ficcionais e autobiográficos. Entende-se que o autor de um romance autoficcional se expõe enquanto sujeito a partir do literário, o que ocasiona ainda a exposição das pessoas com as quais compartilha intimidade. Ao longo do romance Divórcio, Lísias vai fornecendo ao leitor informações que possibilitam a identificação de elementos autoficcionais, o que ao mesmo tempo em que se caracteriza como um elemento surpresa oportuniza que uma situação de trauma vivenciada pelo autor (no caso um adultério) seja problematizada e utilizada, a partir do recurso literário, como forma de resposta ou até mesmo vingança do autor, o que possibilita ainda uma interessante discussão sobre o papel da ética na literatura. PALAVRAS-CHAVE: autoficção; literatura brasileira contemporânea; escritas de si.

Autobiografia e Memória: análise do livro “Minhas Memórias: vivência em dois mundos” de Adolf Wilhelm Hense

Kellin Caroline Schöne (UNIOESTE) RESUMO: A presente proposta está relacionada à pesquisa do meu trabalho de conclusão de curso em História, e tem como objetivo analisar a narrativa autobiográfica do livro “Minhas memórias: Vivência em dois Mundos”, de Adolf Wilhelm Hense, publicado em Florianópolis em 1998. Escrito originalmente na língua alemã e traduzido para o português por Verena M. Hense Jungklaus, nora do autor, se tratando de uma edição de autor. Nesta pesquisa, busca-se perceber a construção que o autor faz, através da escrita, de uma determinada imagem de si. Dessa forma, o trabalho trata da problematização de uma história de vida, através da narrativa do próprio sujeito, que além de ter vivido experiências de sua vida em dois países diferentes, Brasil e Alemanha, também vivenciou experiências relacionadas ao nazismo e à Segunda Guerra Mundial. Segundo conta, os pais e avós de Hense imigraram da Alemanha para o Brasil na década de 1920, devido a uma crise financeira na Alemanha, Hense nasceu no Brasil em 1927, viveu aqui durante sua infância e adolescência. No entanto, no início de 1939 mudou-se para Alemanha com sua mãe e irmão, lá viveu sob o nacional-socialismo, participou da Juventude Hitlerista durante a Segunda Guerra e após o fim do conflito voltou ao Brasil com sua mãe, no ano de 1947. Nesta análise, buscamos identificar conexões entre o individual e o social, procurando perceber de que forma o autor narra sua trajetória de vida, quais os sentidos que atribui à ela e como significa e justifica suas experiências. PALAVRAS-CHAVE: Autobiografia; Memória; Narrativa.

O irmão alemão e flores artificiais: a construção da autoficção em chico buarque e luiz ruffato

Luís Cláudio Ferreira Silva (Doutorando/UNESP-Ar) Luís Eduardo Veloso Garcia (Doutorando/UNESP-Ar) RESUMO: Um dos elementos essenciais da pluralidade da literatura brasileira contemporânea é o do “retorno do autor”, cuja figura parece estar em evidência na mídia, sobretudo nas redes sociais. Não obstante a apregoada “morte do autor” anunciada por Roland Barthes, o perfil do escritor na contemporaneidade ganha grandes proporções. Há um interesse comercial e midiático em sua figura. Ademais, a presença do autor não se limita a estar fora da obra, mas sim dentro dela, na chamada autoficção. Nas obras que dialogam com esse tipo de literatura, há um jogo entre o autor “real” e o personagem, e na fusão dessas duas instâncias se cria um novo ser, sem compromisso com a verdade biográfica ou histórica, em um campo que não é nem totalmente ficção, nem totalmente realidade. O presente trabalho então terá como foco o estudo de dois romances autoficcionais publicados no século XXI por escritores brasileiros, a saber, Luiz Ruffato e Chico Buarque para mostrar a inespecificidade de um discurso autoficcional brasileiro contemporâneo, produzido e publicado em um contexto de imposição mercadológica. Palavras-chave: Escrita de si, literatura contemporânea; autoficção; espetáculo; ficção.

O diálogo com a História em Memórias de uma mulher impossível

Mayara Pereira Murilho (UFMT/ PIBIC/ FAPEMAT) RESUMO: Como disciplinas isoladas, existem inúmeras relações entre História e Literatura, sobretudo no âmbito da narrativa. Ambas retomam o passado, são retrospectivas, lidam com lacunas que precisam ser revistas e contam histórias, promovendo, cada qual a seu modo, um trabalho com a linguagem para dar conta de suas ambições. Focalizando em especial a escrita de memórias, estreitam-se ainda mais esses laços, já que o gênero memórias pode ser reconhecido como uma narrativa escrita em primeira pessoa por um eu que retorna ao passado para compreender o presente, focalizando não só a si, mas o mundo a sua volta (MACIEL, 2014). Neste esteio, a obra Memórias de uma mulher impossível (1999), de Rose Marie Muraro, não se difere do gênero memórias, ainda que alargue, em suas considerações, o diálogo com a História. Ampliando, no entanto, a visão histórica no espaço da recordação, Muraro apresenta menos a si que a seu tempo? Na tentativa de respostas para a questão que se apresenta, utilizando como suporte os conceitos de PINTO (1998) e LE GOFF (2003), o presente trabalho revê as possibilidades de desvelamento na escrita de memórias também como esconderijo ou máscara. PALAVRAS-CHAVE: Memórias; História; Máscara

A mobilização de identidades de gênero em cartas enviadas da Alemanha ao prefeito de Blumenau-SC (1946-1948)

Méri Frotscher (UNIOESTE) RESUMO: A comunicação se baseia na interpretação de cartas-pedido (Bittbriefe) enviadas entre 1946 e 1948 da Alemanha à prefeitura municipal de Blumenau-SC, Brasil, num momento de grande carestia na Alemanha, em virtude das consequências da guerra. Os pedidos de donativos ou informações vinham acompanhados de justificativas fundamentadas nas condições de vida circunstanciais e/ou nas histórias de vida dos remetentes. Trata-se de cartas-pedido endereçadas a uma autoridade e que estabelecem um primeiro contato e, por isso, dão a conhecer a expectativas dos solicitantes e as diferentes formas pelas quais se autorrepresentam e justificam seus pedidos. Elas nos informam sobre a luta cotidiana pela sobrevivência, as consequências da guerra para a vida privada, destinos trágicos de sobreviventes de bombardeios ou de famílias de alemães evacuados, refugiados ou expulsos de territórios a Leste, assim como sobre os ressentimentos em relação à morte de familiares e a perdas materiais e simbólicas. Mas mais do que isso, elas permitem apreender os modos pelos quais os escreventes se autoapresentam, as estratégias retóricas empregadas na interlocução com o destinatário, o imaginário existente acerca da cidade de Blumenau, a mobilização da identidade étniconacional e de gênero, e a configuração de escritas de si e narrativas trágicas da guerra e do pós-guerra. Nesta comunicação irei me ater à mobilização de identidades de gênero pelos remetentes, na tentativa de sensibilização e obtenção de solidariedade. PALAVRAS-CHAVE: cartas; escrita de si; identidades de gênero; Alemanha pósSegunda Guerra Mundial; Brasil

Autobiografia e Construção da Identidade nas Narrativas de Mohammah Gardo Baquaqua

Naiara Beatriz de Souza da Silva (UNESC) Gladir da Silva Cabral (UNESC) RESUMO: Este trabalho tem como tema “A construção da identidade pela escrita de si: a narrativa de Mohammah Gardo Baquaqua (1854)” e baseia-se no documento que narra a vida de Baquaqua, sua escravidão, seus sofrimentos, a fuga e a esperança de retornar à terra natal. Neste trabalho analisa-se sua autobiografia para entender como ocorreu a construção de si, no transcorrer da sua trajetória de escravo. Baquaqua, africano nascido livre, ainda adolescente foi levado, em um navio negreiro, ao Brasil, tendo trabalhado como escravo por dois anos em Pernambuco, sendo posteriormente vendido a um mercador de escravos e comprado pelo capitão de um navio. A bordo desse navio, ele chegou a viajar ao Rio Grande do Sul e, posteriormente, chegou a Nova Iorque, local em que ouviu dizer que havia liberdade. Chegando à terra de pessoas livres, ele foge do navio, porém é capturado pelas autoridades locais, sendo preso. Com o auxílio de amigos, foge da prisão, refugiando-se no Haiti, por ser um país livre da escravidão e com características climáticas semelhantes à sua terra de origem. No Haiti, Baquaqua converte-se ao cristianismo. De volta aos Estados Unidos, faz estudos preparatórios para se tornar um missionário na África. Por fim, vai ao Canadá, local em que narra sua autobiografia, que é publicada nos Estados Unidos. Levando em conta os estudos de Paul Lovejoy, Marcelo Campos e Mirna Galesco e com base nos estudos culturais, este trabalho analisa como se dá a construção identitária de Baquaqua por meio de sua escrita autobiográfica. PALAVRAS-CHAVE: Autobiografia, identidade, escravidão.

Inscrições do vivido: narrativas de si e da história a partir de Paul Ricœur

Raphael Guilherme de Carvalho (PGHIS/UFPR) RESUMO: Trata-se de um ensaio em torno das possibilidades e dificuldades de se trabalhar a noção de escrita de si – do ponto de vista da história, particularmente da historiografia (da história da história) – a partir da “hermenêutica de si” proposta por Paul Ricœur (1913-2005). Em Soi-même comme un autre (1990), o filósofo estabelece o conceito de “identidade narrativa”, pela qual – resumidamente – o sujeito-autor opera um retorno reflexivo sobre si mesmo, por meio de uma narrativa retrospectiva e com ambição de configurar uma totalidade coerente, na qual ele se reconhece. Entre “identidademesmidade” e “identidade-ipseidade”, a “construção de si” – pronome de caráter reflexivo – situa-se fundamentalmente em constantes processos de criação e configuração de sentidos ou, dito de outro modo, de inscrição do vivido em distintas temporalidades. Ao encarar o desafio de pensar as relações entre narrativas de si e da história, é necessário recorrer ao paralelo com outros trabalhos do autor, como Temps et Récit (1983-85) e L’histoire, la mémoire et l’oubli (2000). Todavia, não se faz tentar explicar, apenas, tal “hermenêutica de si”, mas indicar a sua potencialidade heurística e, talvez, estimular reflexão sobre que ligações e funções se pode delinear entre os constructos de si e a historiografia. Ele mesmo, Paul Ricœur, autor de uma “autobiografia intelectual” (Réflexion faite, 1995), deixa abertas algumas pistas destas pontes entre autobiografia e história em Temps et Récit, as quais são tomadas aqui como ponto de partida. PALAVRAS-CHAVE: Paul Ricœur; escrita de si; historiografia

Meus Verdes Anos e Meus Desacontecimentos: o eu no processo de posse das memórias

Sheila Dias Maciel (UFMT) RESUMO: Existe uma tradição da escrita de memórias no Brasil, mas não existe uma forma padrão para escrevê-las. A priori marcado como gênero genuíno que revisita o passado de um eu que tem muito para contar, a marca contemporânea da escrita de memórias assume a descrença no retorno isento ao passado. Este mistério que nasce do narrar-se e da impossibilidade de transpor-se, pela linguagem, para a página, desestabiliza a égide da memória e forma um elo a mais na intrincada corrente da relação arte-vida: narrar-se é autoficcionar-se. Neste âmbito, busca-se avaliar a retomada e a posse da memória em dois modelos distintos, tentando ir além dos pronomes possessivos que aparecem nos títulos das obras em xeque: Meus verdes anos (1956), do escritor regionalista José Lins do Rego, e Meus desacontecimentos (2014), da jornalista Eliane Brum. Para tanto, utiliza-se como aparato teórico os conceitos extraídos de SIBILIA (2008); CABALLÉ (1995) e ASSMANN (2011). Ao final, compreende-se que o retorno, ainda que impossível, revela, por escolhas singulares de seus autores, duas formas diversas de rever o passado: tentando, em vão, retê-lo ou livrar-se dele para renascer. PALAVRAS-CHAVE: Memórias; Literatura Brasileira; Alteridade.

SIMPÓSIO - O ENTRE-LUGAR LATINO-AMERICANO: FICÇÃO, MEMÓRIA E HISTÓRIA

SALA: 39 Coordenadores: Rafael Adelino Fortes (SEED/UEPG) Vinicius Ferreira dos Santos (UEL) Paulo Alexandre Gaiotto (IFPR) RESUMO GERAL: O presente simpósio busca estabelecer diálogos entre diversos gêneros literários produzidos na América Latina e a construção de um entre-lugar narrativo e cultural latino-americano. A partir de 1970, principalmente, a maior parte desses gêneros apostam num tecer literário revisionista que reflete sobre a História e a Memória oficiais. Ficcionalizando os dados históricos e a própria literatura, na maioria das vezes, o texto literário propõe uma viagem a outro passado, àquele que é possível acessar por meio da memória, promovendo a (re)visão de conceitos excludentes, a pluralidade de discursos e a (re)construção de fatos e posições ideológicas ao (re)negociar as fronteiras que separam a Europa, centro colonizador, da América, periferia do sistema colonial. Em Poética, Aristóteles esclarece que a História ficaria com o que aconteceu e a Literatura com o que poderia ter acontecido, entretanto, a separação entre o real e o ficcional não está bem delimitada neste tempo líquido e desestabilizador de estruturas que é a pós- modernidade. Dessa forma, os gêneros literários apresentam uma tessitura híbrida, mescla de ficção e História, que recupera temporalidades e subjetividades a partir da memória. Por meio dessa ficção histórica ensaia-se a vida presente da sociedade e criase um entre-lugar para pensar a América Latina. Para tanto, busca-se trabalhos que analisam a ficção histórica nos diversos gêneros e estejam ancorados nas perspectivas ideias de Santiago (1978), Aínsa (1991), Hutcheon (1991), Menton (1993), Bhabha (1994); Bauman (1998), Todorov (2003), Gobbi (2004), Esteves (2010), Ricouer (2010), Weinhardt (2011) entre outros. PALAVRAS CHAVE: Literatura; História; Ficção Histórica; Entre-lugar latinoamericano.

El Hombre Víbora (2013), de Irina Ráfols: um romance latino-americano

Adenilson de Barros de Albuquerque (IFPR) RESUMO: El Hombre Víbora não se apresenta como um romance histórico enaltecedor do passado, revisionista ou mediador. Por isso não merece a definição “reducionista” à maneira das teorias sobre o gênero que se apresentou em diferentes “moldes” desde o século XIX até os nossos dias. Essa narrativa aborda os primeiros anos que se seguiram à Guerra do Paraguai (1864-1870) e o tempo presente em que um professor etnólogo, acompanhado de um estudante rebelde buscam vestígios del Kurupi em uma região onde, na época da guerra, foi a Villa Saraki. Marcado por situações representativas do que se entende por realismo mágico ou maravilhoso, pela heteroglossia e por uma série de elementos que ajudam a desvelar os encontros destrutivos, deformadores e construtivos na formação historicamente híbrida do continente latino-americano, o romance da uruguaia Irina Ráfols, radicada no Paraguai faz muitos anos, pode ser considerado um paradigma do discurso literário cujas bases caracterizam sua condição de entre-lugar. Para fundamentar as análises empreendidas no presente artigo, recorrer-se-á à história e à teoria literária, especialmente àquelas mais identificadas com a formação problemática da sociedade, cultura e literatura na América Latina. A partir de uma exposição dialética entre pressupostos universalizantes e descentralizadores, objetiva-se demonstrar uma leitura em que se justifica a escrita literária como uma das artes que ainda melhor expressa os tempos e os lugares da formação humana. PALAVRAS-CHAVE: romance histórico; América Latina; entre-lugar; hibridização; maravilhoso.

Literatura e História - Análise do Romance O Bibliotecário do Imperador de Marco Lucchesi sob a Perspectiva Teórica do Romance Histórico

Emanuelly Venção Sutil (PUCPR) Marcelo Franz (PUCPR) RESUMO: A ficção histórica é composta por obras em que a historicidade é um dos elementos determinantes. Segundo Linda Hutcheon, em seu livro Uma Poética do PósModernismo – História, Teoria e Ficção, a literatura, baseada num autoconhecimento teórico da história e da ficção, repensa e reconstrói as formas e conteúdos do passado. A metaficção historiográfica problematiza o conhecimento da História e os limites entre o fato e ficção, contemplando também a autorreflexão, a referência histórica e a intertextualidade. Sendo assim, é possível concluir que ela constrói olhar diferente sobre fatos históricos, e por meio da palavra em nível estético, cria novas possibilidades de entendimento. Esta pesquisa tem como objetivo, a partir da leitura de pressupostos das teorias da literatura e da história, analisar o romance O Bibliotecário do Imperador (2013) de Marco Lucchesi, refletir sobre os aspectos pelos quais se pode considerar a obra um romance histórico contemporâneo. PALAVRAS-CHAVE: literatura; história; Marco Lucchesi.

Literatura e memória a partir d’A Legião Negra (2011), de Oswaldo Faustino Maria Eduarda Pinto Pereira (PIBIC-Jr/Fundação Araucária – IFPR/Umuarama) Adenilson de Barros de Albuquerque (IFPR/Umuarama) RESUMO: No romance A Legião Negra (2011), de Oswaldo Faustino, destaca-se a luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932, a partir das memórias da personagem Tião. A obra revela situações baseadas nos eventos históricos, a dura e até hoje silenciosa função desenvolvida pelos negros nos conflitos da época. Os serviços prestados por um grupo de pessoas menosprezado quanto aos aspectos sociais, econômicos e culturais, passam despercebidos aos olhos tanto da história oficial como das manifestações literárias que, até meados do século XX, estiveram em grande medida sob as diretrizes do cânone ocidental. Neste artigo, buscaremos apresentar considerações teóricas sobre o negro, na literatura brasileira, enquanto “minoria” no papel enunciador do discurso. Para tanto, recorreremos às contribuições teóricas de autores como Santiago (2004), Coutinho (2003), Benjamin (1994), Burke (1992) e Domingues (2003) com as quais serão empreendidas análises sobre a representação das minorias, de maneira geral, e do negro, em particular, no discurso literário. Como elemento de comparação ao discurso literário, já que o romance em foco tem no discurso memorialístico da personagem idosa (Tião), situada no ano 2012, sua base fundamental, traremos em evidência uma entrevista realizada em 2015, com uma pessoa que apresenta características semelhantes à personagem central d’A Legião Negra, para verificarmos como se dá a produção e a aceitação nas narrativas do negro no contexto social brasileiro. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Memória; Negro; Discurso.

As inter-relações dos povos latino-americanos no romance Tia Júlia e o escrevinhador de Mário Vargas Llosa Diego Henrique Barroso (FGU) Rafael Adelino Fortes (SEED/UEPG) RESUMO: A proposta para esse trabalho é a de refletir a nacionalidade, identidade e relação entre os povos presentes no território latino-americano focando-se na obra de Mario Vargas Llosa, Tia Julia e o escrevinhador (1977). Busca-se identificar o comportamento, os costumes e a relação entre peruanos, argentinos e bolivianos dentro do referido romance de Llosa. De acordo com Figueredo (2005), este romance se trata de uma obra híbrida, a qual mescla a realidade com a ficção. A política não está dissociada de outras modalidades sociais como literatura, cinema, entre outras artes, sendo assim pode-se definir a política como uma mais alta identidade coletiva, Rémond (1996). Com relação a esse pressuposto, será observado à relação entre as nacionalidades em questão: social, política, cultural e interpessoal no romance Tia Julia e o escrevinhador (1977) relacionando com contexto social e político do autor e dos países da América-latina mencionados no romance. Na formação Política da América-latina, os escritores e intelectuais sempre estiveram presentes, de acordo com Costa, (2009) o cenário político latino-americano é repleto de conflitos políticos e ideológicos, visando esse ponto e a característica do romance híbrido, o trabalho busca investigar a relação entre os povos latino-americanos presentes no romance e a hipótese de uma ideologia política do autor inserida na obra. PALAVRAS–CHAVE: nacionalidade; identidade; América-latina; romance híbrido.

La Santa Muerte (2006) de Homero Aridjis: entre la ficción y la realidad en el contexto cultural de la posmodernidad

Rafael Adelino Fortes (SEED/UEPG) RESUMEN: En la cultura de Mesoamérica los cultos a la muerte eran ritos significativos dentro del contexto de esas civilizaciones, en especial los pueblos aztecas y mayas. Con la llegada de Hernán Cortez en América y posteriormente con la catequización a los nativos de Mesoamérica, la muerte también ocupó su lugar de destaque. De acuerdo con Olmos (2010), después de la colonización cristiana, la muerte recibía mucho más pedidos de protección por los fieles que la propia Virgen de Guadalupe, ante eso, el ícono mórbido fue expulso de las iglesias bajo alegación de una divinidad oriunda de los indígenas y vinculada a brujería; santería, en otras palabras, la contestación fue más política do que propiamente religiosa. Con el paso del tiempo, en los guetos mexicanos el culto al que hoy se llama de La Santa Muerte viene creciendo de forma significativa, y consecuentemente, la mayoría de aquellos que rinden cultos a esa divinidad son estigmatizados como narcotraficantes, prostitutas, la clase marginalizada en general. Ante eso, se toma como referencia la novela La Santa Muerte (2006) de Homero Aridjis como medio de análisis con el propósito de discutir las relaciones entre lo real y el imaginario. Para tanto, se esboza en este trabajo un análisis socio-histórica sobre las dimensiones que el culto a la muerte ha tomado en la contemporaneidad y la construcción de la identidad religiosa en México en un contexto pos-moderno, cuyo está calcado en las observaciones teóricas de Althusser (1974); Chesnut (2011); Guzmán-Roca (2008); Hall (2005); Lomnitz (2006) y Olmos (2010; 2013). PALABRAS CLAVE: Santa Muerte; Homero Aridjis; religiosidad; identidad cultural.

Os tempos ditatoriais na literatura brasileira: ficção, história e historiografia

Lucas André Berno Kölln (Unioeste) RESUMO: A ditadura militar é, certamente, um dos temas mais estudados dentro da historiografia brasileira; além disso, ela é também um tema recorrente na literatura, que dela se utilizou por diversas razões e para distintos fins. Partindo do pressuposto de que a genealogia da criação literária é profundamente histórica, esse trabalho procura discutir questões e problemáticas presentes (e recorrentes) da literatura brasileira durante o período em que vigorou o regime militar, buscando nas "soluções literárias" das obras de autores tais como Carlos Heitor Cony, Rubem Fonseca, Alfredo Sirkis, Chico Buarque, Fernando Gabeira, Antonio Callado etc. fulcros de análise que permitam compreender tanto a economia interna das obras quanto o mundo histórico que as rodeia e no qual foram concebidas. Para levar a cabo esta tarefa, buscamos mapear tanto pontos em comum quanto idiossincrasias (como o engajamento como critério artístico, a violência como recurso narrativo, as obsessões autobiográficas etc.), para que, através delas, se possa rastrear intencionalidades, motivações e "leituras" de mundo, podendo-se assim construir uma compreensão que respeite as peculiaridades da composição literária, mas que também permita lançar luz sobre o processo histórico. Em outros termos, esse trabalho se arvora no devassamento da relação entre ficção e realidade como exercício interpretativo de cunho historiográfico, ainda que se valha de uma sensibilidade estética como ferramenta de análise. PALAVRAS-CHAVE: História; Literatura; Ditadura Militar.

Entre ruínas: experiência e memória na prosa de Milton Hatoum

Aídes José Gremião Neto (UERJ) RESUMO: Partindo da consideração de Paul Ricour (2005) de que “...é na narrativa que a memória é levada à linguagem” como releitura crítica do passado, este trabalho objetiva estudar os romances do escritor amazonense Milton Hatoum. Acreditamos que essas tramas, ao (re) criarem um arco temporal situado entre o século XIX e XX, cujo pano de fundo é a cidade ficcionalizada de Manaus, ‘pastichizam’ a história, conforme o termo de Linda Hutcheon (1991). Nesta perspectiva, cremos que este uso crítico do passado que a diegese hatouniana promove, possibilita-nos recolocar a história numa zona dialógica que, através de uma escrita autoconsciente, opera a partir do jogo entre o ‘real, o fictício e o imaginário’, segundo a tríade pensada por Wolfgang Iser (1983). Não almejamos determinar tais dimensões (real, fictício, imaginário) no plano estético de Hatoum, mas acreditamos que a junção dessas esferas nos propicia refletir acerca da condição do discurso literário contemporâneo frente aos desafios dos esteriótipos e da racionalização da ciência. Rompendo com uma tradição centralizadora ainda viva nos interstícios discursivos, buscaremos mostrar a ruína da história canônica e de todo tipo de pensamento que a ela se coaduna, ao renunciar todo discurso que considere o “...passado como norma para o presente” e/ou o presente como projeção futura, para citar Eric Hobsbawm (2013). Na leitura crítica das ‘mathesis’ – saberes, conforme denominado por Roland Barthes – dinamizadas na trama hatouniana, pensaremos o projeto literário do escritor a partir dos temas supracitados. PALAVRAS-CHAVE: Milton Hatoum; história; discurso literário.

Taunay e Serejo: o entre-lugar no discurso dos construtores da comarca

Mara Regina Pacheco (UEL) Este trabalho apresenta parte dos resultados da pesquisa da tese de doutorado sobre a comarca oral (PACHECO, 1992) presente na narrativa dos escritores Visconde de Taunay (1843-1899) e Hélio Serejo (1912-2007), que está sendo desenvolvida na UEL – Universidade Estadual de Londrina, e que será defendida no primeiro semestre de 2016. Essa parte em específico trata das considerações acerca do entre-lugar (SANTIAGO, 2000), considerado como um lócus de enunciação de um espaço territorial, geográfico, e também, discursivo. O mapeamento da articulação das vozes sociais (BAKHTIN, 1995) estabelecidas nas representações do sujeito, bem como na representação dos interesses sócio-histórico-culturais presentificados nas narrativas dos escritores em tela deixa transparecer a fala de uma voz que a carrega, de um lugar de sentido, e de suas identificações (BHABHA, 1998), marcando o lócus enunciativo de onde o conhecimento é criado e articulado (MIGNOLO, 2003). Como resultado, grosso modo, verificou-se a marcação de uma voz que defende um projeto nacional em Taunay, explicável devido aos conflitos da Guerra do Paraguai (1864-1870) e regional em Serejo, pela tentativa de divisão do antigo estado de Mato Grosso em dois, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que teve início em 1920, com a revolta constitucionalista, mas que se efetivou oficialmente por decreto somente em 1977. PALAVRAS-CHAVE: comarca oral; entre-lugar; lócus de enunciação; Visconde de Taunay; Hélio Serejo.

Made in América Latina: a crítica subalternista brasileira no contexto latino-americano

Joyce Alves (PG-UEL) Dr. Alamir Aquino Correia (UEL) RESUMO: Pensar a literatura latino-americana, muitas vezes, é sinônimo de associar produções geralmente em língua castelhana ou espanhola ao que se chama de produto literário da América Latina. Nota-se, porém, que a literatura brasileira nem sempre é enquadrada como produção latino-americana, inclusive pelos próprios críticos literários brasileiros. Esta pesquisa se desenvolve com o propósito de destacar o fato de que o Brasil produz literatura “de costas” para o continente, sempre voltado para o Oceano Atlântico a espera “do colonizador”. Em outras palavras, a literatura brasileira precisa reconhecerse, ou redescobrir-se, como latina para que se possa identificar, por exemplo, aspectos crítico-subalternistas no discurso de escritores nacionais. Acreditamos que estas produções contribuem para a definição da identidade cultural brasileira enquanto parte identitária da América Latina. Repensar ou redefinir a América Latina, nas palavras de Edgar Nolasco (2010), não seria tarefa para a comunidade letrada ou pela burguesia, mas pelas “vozes menores” que estão o tempo todo se manifestando: os subalternos. Mas, a quem cabe o papel de “ouvir” essas vozes para identificá-las? Segundo Nolasco, seriam os intelectuais, escritores, os mais próximos da percepção deste “balbucio”, para lembrar Achugar (2006). A sensibilidade de um escritor permitiria não só a percepção, mas o registro das vozes marginalizadas para então unir-se a elas numa só voz para construir a identidade do continente latino-americano. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Brasileira; América Latina; Subalternidade.

SIMPÓSIO - O ROMANCE COMO GÊNERO MODERNO QUARTA-feira SALA: 18 QUINTA-feira SALA: 16

Coordenadores: Dr. Edison Bariani Junior (IMES/FACITA/FASAR) Me. Eduardo Coleone (FASAR) Dr. Márcio Scheel (UNESP/SJRP) RESUMO GERAL: O simpósio ora apresentado deve concentrar-se no estudo do romance como gênero moderno, isto é, que surge como expressão fundamental da modernidade, desde a sua ascensão como forma narrativa em fins do século XVIII, mas que se consolida, como um modo de perceber e interpretar o estar-no-mundo do homem, ao longo dos últimos séculos. Desse modo, teóricos como Mikhail Bakhtin, György Lukács, Lucien Goldmann, Ferenc Fehér, Ian Watt, Temístocles Linhares e críticos como Walter Benjamin, Franco Moretti, Claudio Magris, Jorge de Sena, João Gaspar Simões, Sandra Vasconcelos são alguns dos referenciais mais significativos para situar o problema do romance em suas tensivas e ambíguas relações com o mundo moderno, para refletir acerca da natureza do herói romanesco, considerando que tipos valores, princípios, formas de agir, caracteres, relações com a ordem social e com outros indivíduos caracterizam esse herói. Essa perspectiva é importante porque o romance é uma produção estética, mas cujo entendimento de seus pressupostos formais transcende a área, assim, também a filosofia, a linguística, as ciências sociais (mormente a sociologia), a ontologia, a ética e a psicologia também se debruçam sobre as condições formais básicas que caracterizam o gênero. Além disso, cabe considerar algumas das visões do romance ao longo do tempo: crônica do mundo burguês, saga do indivíduo em busca de valores autênticos, percepção particular do tempo e do espaço, um perder-se no mundo como epopeia, périplo de venturas e desventuras que assinalam a experiência humana. PALAVRAS CHAVES: Romance; Modernidade; Herói romanesco; Estética; Ciências.

Estudo do romance em tempos modernos: Uma leitura da teoria para as novas propostas deste milênio

Eliane Maria de Oliveira Giacon (UEMS/GP. LMA) RESUMO: O gênero romance tornou-se alvo de estudos, do século XIX para o XX, sendo que do meio de XX para o final, há um momento em que o romance como leitor da sociedade passa a ser produzido em grande escala, tanto para atender ao mercado editorial quanto para descrever a sociedade da qual ele emerge. Forma longa de escrita e enunciação do sujeito moderno, o romance estudado por meio da teoria e dos temas está para a modernidade como a epopeia para a era clássica, pois tanto representa a sociedade quanto é representado por ela. Sendo assim a proposta desta comunicação é discutir o romance, enquanto teoria de um gênero e demonstrar como a teoria comporta e representa cada um dos diferentes estágios do romance. Um exemplo é o romance histórico, cuja forma de caracterizar o personagem está ligada à releitura do que poderia ter sido e não foi. O romance moderno traçou um trajeto pro meio da sociedade e da história do homem moderno, pois havia a necessidade de que ele se visse ou se projetasse para mundos externos ao seu. O homem moderno se transcendeu com o romance e trouxe a ficção para a realidade e a realidade para a ficção. Nesta osmose, os estudos do romance, no século XXI, podem proporcionar tanto uma leitura do histórico do romance moderno, quanto das perspectivas para o futuro como diria Tomás Eloy Martínez. PALAVRAS-CHAVE: Romance; moderno; estudos.

Lourenço Mutareli e João Gilberto Noll: O herói no romance contemporâneo

Luís Cláudio Ferreira Silva (UNESP/Ar) Luís Eduardo Veloso Garcia (UNESP/Ar) RESUMO: O romance é o gênero burguês por excelência, fruto da modernidade. Ele é a representação artística do nascimento de um novo herói, rompendo com a tradição. A sociedade burguesa na modernidade é que sustenta, basicamente, a formação e ascensão do romance, sobretudo na afirmação do indivíduo face ao coletivo. Os enredos épicos tradicionais perdem força dentro dessa sociedade, pois não conseguem representar o indivíduo. Assim sendo, o romance é o modelo de gênero que mostra fortemente essa mudança de pensamento, do coletivo para o individual, que vem desde o Renascimento, que foi de extrema importância para essa reorientação, uma vez que privilegiava o antropocentrismo. Entretanto, com a velocidade e o turbilhão modernos, já emprestando termos de Bauman (2001), era impossível que o romance permanecesse um gênero intocado, fixo e acabado. Evidentemente recebeu influências e se metamorfoseou. Como o romance apregoa um mundo individual, não é à toa que muitas de suas narrativas passassem do plano externo para o plano interno, que o mundo mostrado nas narrativas não fosse apenas o mundo objetivo. A subjetividade auxilia numa construção de mundo pela visão perspectívica. O sujeito agora é fragmento, perdendo sua unidade. Entendemos que na contemporaneidade a fragmentação das coisas se intensifica. Tendo como base as definições de Carneiro (2005), Resende (2008) e Schollhammer (2009), faremos uma leitura dos romances A arte de produzir efeito sem causa de Lourenço Mutarelli e Berkeley em Bellagio de João Gilberto Noll para entendermos como o herói romanesco se porta dentro dessa nova configuração. PALAVRAS-CHAVE: Romance; contemporaneidade; perspectiva; João Gilberto Noll; Lourenço Mutareli.

A poeticidade como transposição do mundo moderno no Livro do Desassossego, de Bernardo Soares

Ana Paula Garcia (UNESP/SJRP) RESUMO: A comunicação que ora se propõe visa pensar como a poeticidade da prosa de Bernardo Soares, semi-heterônimo de Fernando Pessoa, funciona como uma forma do ajudante de guardalivros suplantar a realidade exterior em seu Livro do Desassossego. O desejo do herói de transpor essa realidade de alguma forma reflete a quebra da totalidade entre homem e mundo e marca o fim do que Georg Lukács, em sua Teoria do Romance (2009), chama de “a era da epopeia”, iniciandose a do gênero romanesco. “Expressão do desabrigo transcendental” (2009, p. 38), o romance é a forma por excelência do novo mundo racionalizado e desencantado e do homem cujo poder de reflexão o distanciou do sentido da vida. Desse modo, representação de um herói apartado do mundo e dos valores de coletividade, o gênero fragmenta-se de dentro para fora, alcançando a dispersão que vemos, por exemplo, no romance de Soares. O fato de compor uma “autobiografia sem factos” já mostra a intenção desse herói-escritor de transpor a realidade banal dos acontecimentos em nome do desenvolvimento de sua interioridade, e é nesse sentido também, em busca de sublimar qualquer elemento da vida prática que figure em suas reflexões, que ele se vale de uma linguagem poética e muito imagética. O trabalho propõe-se, então, a mostrar de que modo as imagens e a poeticidade do Livro suplantam a vulgaridade do mundo moderno, enobrecendo-o e dando vazão à subjetividade problemática do herói. PARAVRAS CHAVE: Romance moderno; herói problemático; linguagem poética; Livro do Desassossego; Bernardo Soares.

A manifestação da narrativa poética enquanto subgênero do romance moderno em Memória de Elefante, de António Lobo Antunes.

Daniella Sigoli Pereira (UNESP/SJRP) RESUMO: Memória de Elefante, de António Lobo Antunes, apresenta-nos uma narrativa da trajetória de um dia na vida de um médico psiquiatra pelas ruas de Lisboa. É por meio das memórias desse personagem que acessamos o que o romance apresenta de mais significativo: o conhecimento das suas experiências, dos seus conflitos e das suas frustações acumuladas ao longo da vida. Entendemos tal livro e tal herói como sendo modernos, no sentido em que pensam Georg Lukács, em A teoria do romance, e Ferenc Fehér, em O romance está morrendo?. É por meio da leitura desses dois teóricos principais que pretendemos melhor explicar a forma do romance moderno e, nesse sentido, pensar tanto na organização das suas estruturas narrativas, quanto na representação de mundo proposta por esse romance. Além disso, nosso trabalho propõe um estudo do herói moderno, que, agora, encontra-se completamente abandonado, desamparado e solitário. O sentido elementar da vida é completamente retirado desse herói e lhe é imposto o desafio de trilhar um caminho obscuro, por razões duvidáveis e com um fim satisfatório pouco provável. Para Fehér, o romance e o herói são ambivalentes porque, ao mesmo tempo em que incorporam os valores do mundo burguês, recusam-se a representá-los integralmente. Ao construir uma narrativa poética como postulada por Ralph Freedman, em The lyrical novel, e por Jean-Yves-Tadié, em Le récit poétique, Lobo Antunes encontra uma forma de seu herói e romance incorporarem os valores burgueses e, simultaneamente, recusarem-se, por meio de manifestações líricas, à identificação completa com eles. PALAVRAS-CHAVE: Romance moderno; narrativa poética; Memória de Elefante; António Lobo Antunes.

Um retrato do artista como herói problemático

Fernando Aparecido Poiana (UNESP/SJRP) RESUMO: Este trabalho analisa o romance A Portrait of the Artist as a Young Man (1916), de James Joyce (1882-1941), e busca refletir sobre a natureza do herói romanesco joyceano a partir das ideias e ações do protagonista Stephen Dedalus, e das relações que ele estabelece com o seu contexto moral e social mais imediato. Para tanto, o presente estudo toma como premissa básica a ideia de que não há obra literária que não esteja diretamente relacionada ao mundo, e busca mostrar que uma das grandes tensões desse romance é justamente o choque entre, por um lado, a figura de Dedalus, jovem intelectual e esteta aspirante a artista, e, por outro, os valores moralmente conservadores da Dublin do início do século XX, cidade de aspirações e ideais provincianos. De fato, a Dublin que emerge das páginas desse e dos outros romances de Joyce é tomada de um forte moralismo religioso que gera uma atmosfera sufocante, de grande paralisia e estagnação. Do confronto entre o indivíduo e a cidade surge a figura do herói problemático joyceano, radicalmente cindido entre a idealização artístico-intelectual e as exigências do pragmatismo da vida quotidiana. Em A Portrait of the Artist as a Young Man, essa cisão é esteticamente construída pela ironia de Joyce, que se estabelece pelo uso do distanciamento como técnica narrativa que o autor aprendeu com Flaubert. Esse afastamento irônico dá ao leitor a dimensão exata do descompasso entre as escolhas e desejos de Dedalus e a realidade pragmática e moralista com a qual ele tem de lidar. Portanto, considerando que o romance opera no limiar entre a esfera privada e a pública, e que os limites entre literatura e história na Irlanda são virtualmente indistintos, esse trabalho investiga a hipótese de que é nesse conflito entre Dedalus e Dublin que as contradições profundas da sociedade irlandesa emergem contundentemente. PALAVRAS-CHAVE: James Joyce; romance irlandês; literatura e história.

Uma leitura do sujeito da modernidade em O som e a fúria, de William Faulkner

Hugo Giazzi Senhorini (UNESP/SJRP) RESUMO: A comunicação que ora se propõe visa pensar uma expressão da modernidade em O som e a fúria, de William Faulkner, especificamente no que diz respeito ao foco narrativo como tratamento da questão do sujeito moderno como o indivíduo solitário, que observa o mundo a partir de si mesmo como único referencial possível, numa observação que busca significado. Cláudio Magris, em “O romance é concebível sem o mundo moderno?”, diz que “o moderno surge marcado pela falta [...] de um valor central e fundante que dê sentido e unidade à multiplicidade da vida, que parece um acervo desconexo e desarticulado de objetos indiferentes. O romance nasce dessa desconexão e a reproduz”, noção esta que já está compreendida na Teoria do romance, de Lukács, que expõe a perda do clássico sentido imanente às coisas que, no mundo modenro, deve ser construído pelo sujeito, se ainda for possível tal construção. Esta posição do sujeito moderno é privilegiada por recursos literários que possibilitam a exploração da interioridade. No romance de Faulkner, que é dividido em quatro partes, há, nas três primeiras, narradores-personagem, e na última parte, um narrador em terceira pessoa. Procuramos apresentar proposições para compreender como o romance comporta a questão exposta acima, comparando principalmente a primeira e a última parte, que apresentam uma personagem que não compreende o mundo de forma lógica e que rompe com a própria ideia de tempo, a narrar-se, e outra, num retrato mais tradicional, a ser narrada. PALAVRAS-CHAVE: modernidade; romance; foco narrativo; William Faulkner; O som e a fúria.

Uma breve revisão crítica da figuração do romance e do herói romanesco no ensaio introdutório de The Lonely Voice, de Frank O’Connor

Leandro Henrique Aparecido Valentin (UNESP/SJRP) RESUMO: Desde os primórdios dos estudos críticos sobre as especificidades do conto enquanto gênero de ficção, o romance tem sido tomado como uma forma narrativa paradigmática em relação ao conto breve devido ao prestígio histórico adquirido pelo gênero romanesco na modernidade. Nesse sentido, muitos estudos, sobretudo a partir da publicação de The Philosophy of the Short-Story (1901), de Brander Matthews, têm procurado demonstrar que o conto e o romance apresentam naturezas distintas, isto é, que tais gêneros possuiriam traços constitutivos que não se reduziriam a uma diferença de extensão. Nesse contexto, o presente trabalho apresenta uma breve revisão crítica do ensaio introdutório de The Lonely Voice (1962), de Frank O’Connor, um marco nos estudos sobre o conto, centrando-se na análise da abordagem do gênero romanesco nas comparações feitas por O’Connor entre o romance e o conto. Os principais aspectos problematizados por este trabalho são: a) a abordagem feita por O’Connor do herói romanesco e do processo de identificação entre o leitor e o herói, que serão contrastados com as proposições de Georg Lukács (2000) sobre o herói problemático; b) a sua posição crítica de que, diferentemente da maioria dos romances, o aspecto principal do conto é uma “intensa consciência da solidão humana” (O’CONNOR, 2004, p. 19 — tradução nossa). PALAVRAS-CHAVE: Romance; herói Romanesco; teoria do conto; Frank O’Connor.

A nova tipologia do romance policia a partir de Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios de Marçal Aquino

Fábio Marques Mendes (UNESP/SJRP) RESUMO: A proposta é realizar uma análise crítica do romance Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios (2005), de autoria de Marçal Aquino, a fim de evidenciar como os códigos do romance policial estão presentes na narrativa, apesar da extrapolação de tais elementos. Assim, este romance adotaria a forma da narrativa policial a fim de problematizá-la, desarticulando sua estrutura padrão ao lançar mão de uma representação realista que subverte as regras da narrativa policial clássica, conforme criadas por Poe no final do século XIX e que chegou até nós através de três tipos (de enigma, noir e de suspense). Se “o romance policial por excelência não é aquele que transgride as regras do gênero, mas aquele que a elas se conforma” (TODOROV, 2003, p. 65), quais seriam as relações estabelecidas pelo romance aquiniano com o gênero policial clássico, dadas as especificidades sociais e políticas de um Brasil pós regime militar? Os desdobramentos cinematográficos (frases e períodos curtos e diretos; diálogos cortantes; cenas rápidas; economia de meios para a definição de ambiente e intriga), a trajetória dramática dos heróis, nos termos do herói problemático lukacsiano, e o uso estratégico da ironia, conformam o texto de Aquino à uma nova tipologia do romance policial. Deste modo, o autor usa a estrutura deste gênero romanesco, mas não é uma narrativa policial que ele cria, se alinhando à produção da nova ficção brasileira contemporânea e salientando os desajustes morais, econômicos, políticos e culturais que estão entranhados na sociedade brasileira. PALAVRAS-CHAVES: Marçal Aquino; romance policial; novo realismo.

Sociologia e literatura: a questão da identidade brasileira e as peculiaridades da brasilidade

Eduardo Coleone (FASAR) RESUMO: Desde a publicação do consagrado ensaio “Dialética da Malandragem”, em 1970, por Antonio Candido, na Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, trabalho dedicado à caracterização das Memórias de um Sargento de Milícias, de Manoel Antonio de Almeida, que surgiu o interesse em teóricos e críticos dos campos da sociologia, antropologia e literatura, no sentido de se debruçarem nas representações artísticas que trazem personagens genuinamente brasileiras como protagonistas, utilizando-as como objeto de reflexão, no intuito de se investigar as questões histórico-sociais que as circundam, além de se examinar como é ali representado o modo de ser do brasileiro, se é que há um específico e destacadamente singular em relação aos povos de outros países e seus comportamentos. Roberto Schwarz, por exemplo, sondou os pressupostos de Candido em um trabalho de 1979, “Pressupostos, salvo engano, de ‘Dialética da Malandragem’” e a malandragem brasileira vem sendo sistematicamente revisitada, como fez Roberto Goto em 1987, que se baseou nestes dois trabalhos citados e analisou como ambos construíram suas representações de malandros e da malandragem, em seu Malandragem Revisitada. No campo da antropologia e da sociologia, analisamos aqui o trabalho de Roberto DaMatta em O que faz o brasil, Brasil?, de 1984, que observa o brasileiro e sua casa, sua rua, seu trabalho, a ilusão das relações raciais, o carnaval, as festas da ordem, o jeitinho, os caminhos para Deus, buscando mapear a verdadeira identidade deste sujeito nacional e relacionando essas características com aquelas encontradas nos malandros nacionais de maior destaque na literatura, como Leonardo Pataca, o filho. PALAVRAS-CHAVE: literatura, sociologia, malandragem, jeitinho, brasilidade.

Das implicações da consciência do herói em O Ateneu: crônica de saudades, de Raul Pompeia

Paulo Ricardo Moura da Silva (UNESP/SJRP) RESUMO: Em sua teoria do romance, György Lukács (2000) propõe que, diferentemente do herói épico, o herói do romance estabelece uma relação de tensão, fratura e desajuste com o mundo exterior e consigo mesmo, em que as suas aspirações, anseios e projetos de vida se chocam e, por isso mesmo, se despedaçam diante de uma sociedade que se constrói sob o signo da modernidade, o que motivou que o pensador húngaro denominasse o herói do romance como herói problemático. A presente proposta de trabalho busca refletir sobre as implicações tensivas da construção do herói do romance O Ateneu: crônica de saudades, de Raul Pompeia, a fim de que possamos discutir a possibilidade de se tratar de um herói problemático, conforme as formulações de Lukács. O romance de Raul Pompeia coloca em cena as memórias de um narrador autodiegético que procura resgatar os primeiros anos de sua vida escolar em um colégio interno, no qual, distante da proteção do ambiente familiar, descobre as artimanhas, degradações e disputas que marcas as relações sociais, bem como o caráter e o comportamento humano. Nesses termos, nossa hipótese é que a vivência das descobertas deste período da infância é ressignificada pelo narrador, em sua condição de adulto e, ao mesmo tempo, escritor, tornando-se uma experiência de cisão para este narrador-personagem. Portanto, a criança representada não seria um herói problemático, mas sim o adulto que escreve suas memórias, porque tomado por sua consciência, que o leva à percepção conflituosa da realidade sociocultural e de si próprio. PALAVRAS-CHAVE: Consciência; herói problemático; György Lukács.

O romance como epopeia da solidão

Márcio Scheel (UNESP/SJRP) RESUMO: Bakhtin (1998), Lukács (2000), Fehér (1972), Goldmann (1967), todos os grandes teóricos do gênero romanesco, no século XX, tomam como ponto de partida de suas reflexões o contraste entre epopeia e romance. De um lado, o mundo da epopeia representa um passado ancestral, em que o sentido da vida e das ações do herói são marcados pela experiência da totalidade: herói e mundo formam uma unidade perfeita e homogênea, co-extensiva, já que o herói só conhece a comunidade primitiva e partilha com ela seus valores, interesses e princípios. Nesse mundo primevo, agir significa orientar-se pela necessidade coletiva, partilhar-se com o outro, sentir-se abrigado pela realidade, reconhecer seu lugar e destino. O mundo do romance, entendido como a forma narrativa moderna por excelência, que ascende e se consolida entre os séculos XVIII e XIX, por sua vez, é o mundo da sociedade, com sua estrutura impessoal, suas regulações abstratas, universalistas e alheais aos interesses ou vontades individuais, sua afirmação do trabalho, do dinheiro e do mercado, sua impessoalidade que constrange, desaloja e rechaça o herói. No mundo do romance, o indivíduo se vê compelido a agir ao mesmo tempo em que intui que toda ação parece um gesto extremado e, no limite, vazio, inútil ou sem sentido, já que não pode vencer a ordem de um mundo que, diante de cada um de seus gestos, lhe retribui com a desilusão, o desespero ou a solidão. PALAVRAS CHAVE: Epopeia; comunidade; romance; herói romanesco; sociedade; ação.

A sociologia e o romance: a sociedade e a vida

Edison Bariani Junior (FACITA/FASAR/IMES) RESUMO: As relações entre a sociologia e o romance já foram circunstancialmente abordadas, todavia, ainda persiste no senso comum a ideia de que tanto a sociologia quanto o romance refletem rigorosamente a sociedade tomada como uma realidade concreta, como mundo habitado pelos indivíduos na ocorrência de sua trajetória, a vida. Nada mais enganoso. A sociologia e o romance só podem representar a vida de modo a interpretá-la conforme instrumentos e processos de intervenção, uma vez que não há conhecimento imediato, nem é possível uma reprodução fiel da riqueza da vida, apenas uma recriação em termos artísticos, estéticos, baseados na imaginação criativa e, por outro lado, uma recriação, intelectual, científica, uma racionalização que, em última instância, aspira a alguma correspondência de aspectos da vida coletiva com o que é chamado de “sociedade” e, equivocamente, identificado à “realidade”. O mito da ciência como imagem fidedigna do mundo e da vida é já uma relíquia do século XIX. A pretensão da sociologia de explicar a vida é tão ousada quanto vaga. Ainda assim, grande parte da produção dessa ciência aproxima, de modo temerário, a explicação da vida social com a própria vida e o mundo que esta habita. Nessa empreitada, é seguida pela crítica – por vezes autoproclamada – “sociológica”, que postula uma direta conexão entre a obra literária e o contexto social (ou até a própria sociedade), seja como parâmetro para análises, seja de modo mais problemático ainda, como critério de valor estético da obra. PALAVRAS-CHAVE: romance; sociologia; vida; mundo; sociedade

SIMPÓSIO - POÉTICAS DO IMAGINÁRIO, MEMÓRIA E HISTÓRIA: SOCIEDADE, MITO E INTERCULTURALIDADE MINI-AUDITORIO 3

Coordenadores: Dr. Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE) Dra. Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC-GO) Dra. Encarnación Medina Arjona (Universidad de Jaén - Espanha) Me. Job Lopes (PG-UNIOESTE) RESUMO GERAL: O presente simpósio visa desenvolver reflexões e um olhar plural, interdisciplinar, sobre as relações entre imaginário e memória, com vistas ao estudo das imagens, mitos, símbolos e arquétipos, tendo em vista as relações entre a literatura e o processo social, histórico, cultural, nas mais diferentes formas de interpretação do literário e artístico, nos campos das relações estéticas e da crítica. Busca-se também refletir sobre o imaginário e a memória em obras líricas e narrativas ficcionais, confessionais ou intimistas, e textos artísticos (artes plásticas, visuais) e literários, com base na abordagem sociológica, fenomenológica, na mitocrítica, semiótica, hermenêutica, cultural, histórica, mítica e na teoria do imaginário e nos estudos da memória, e outras, bem como investigar as dimensões simbólicas, arquetípicas e míticas em diferentes gêneros textuais, a partir dos fundamentos mítico-sociais e das dimensões simbólicas, arquetípicas e míticas relacionadas aos textos literários. O simpósio dará ênfase, como aporte teórico, a teorias de autores como Philippe Lejeune, Maurice Halbwachs, Paul Ricoeur, Eneida Maria de Souza, Aleida Assmann, Jan Assmann e Leonor Arfuch, dentre outros, tendo em vista as teorias sobre os subgêneros da memória, memória individual, coletiva, social, urbana, etc, levando-se em conta os estudos literários contemporâneos a respeito de discursos confessionais e autorreferenciais, tais como, para citarmos alguns subgêneros memorialísticos: biografias, autorizadas ou não, autobiografias, memórias, diários íntimos, cadernos de notas, de viagens, testemunhos, romances autobiográficos, autoficções, filmes, entrevistas, talk shows, reality shows etc. PALAVRAS CHAVE: Poéticas do Imaginário; Memória; História; Interculturalidade.

Do homem que sabia Javanês ao homem cordial: sujeito, sociedade e patrimonialismo na República Velha

Valdinei José Arboleya (UNIOESTE) RESUMO: No presente estudo, objetiva-se analisar as marcas da cordialidade e do patrimonialismo no conto O homem que sabia javanês, de Lima Barreto, tomando como foco analítico a política personalista e o jogo de interesses e embustes que perpassa a trama. Busca-se demonstrar de que forma o conto se revela como recriação estética e simbólica da alienação e ignorância populares em relação aos seus direitos frente aos privilégios. O foco analítico, desta forma, centra-se na tentativa de perceber de que forma o autor e a obra souberam captar e capturar simbolicamente aspectos da vida política e social do Brasil na primeira República. As categorias de análise elencadas neste estudo pautam-se nos conceitos de patrimonialismo, personalismo, cordialidade e malandragem, oriundos da teoria social, eixo basilar da análise aqui pretendida. Em especial, utiliza-se do conceito de homem cordial como referência sociocultural personificada no protagonista do conto. Dentre os referencias empregados para delimitação da categoria de análise com a qual se pretende trabalhar, destacam-se as considerações teóricas de Holanda (1995) e Faoro (1985), por meio das quais se desenvolveram as ideias de patrimonialismo e formação do Estado nacional como referências contextuais. Tal proposta de análise considera a literatura como verdade estética que é parte integrante da verdade histórica e busca traçar um painel social do contexto sociocultural e político da Belle Époque brasileira, período no qual Lima Barreto extrai os fenômenos sóciohistóricos e as questões políticas que fomentam sua produção literária. PALAVRAS-CHAVE: cultura; patrimonialismo; homem cordial; sociocrítica.

Por detrás das janelas – um estudo da religiosidade em o Guardador de Rebanhos

Talitha Sautchuk (UFPR) RESUMO: O presente escrito verifica a convergência entre a religiosidade apresentada pelo eu lírico dos poemas d'O Guardador de Rebanhos e a religiosidade apontada por Moisés Espírito Santo (1990) como aquela que é comum a população provinciana portuguesa. Assim, analisam-se passagens em que as divindades cristãs são desconstruídas ou suplantadas por elementos da natureza ou ídolos pagãos, tendo como enfase o estudo do oitavo poema, no qual somos apresentados a figura de um Jesus transformado em Eterna Criança. Sustentados por Abreu (2004), Centeno (1993), Espírito Santo (1990) e Souki (2006) observamos que a obra assume caráter anticlerical por desconstruir as bases da igreja católica por meio da alegorização de seus símbolos, pois que Caeiro resignifica ídolos católicos a partir de um sincretismo religioso. PALAVRAS-CHAVE: O Guardador de Rebanhos; Alegorias; Religiosidade Popular.

O “eu” e o “outro” na lírica de Lília Silva: Um olhar filosófico e psicanalítico

Job Lopes (UNIOESTE) RESUMO: O presente estudo busca uma reflexão sobre as relações entre o “eu” e o “outro” abordadas na obra poética da autora brasileira Lília Silva. A escritora possui publicados mais de cem livros, nas áreas de Literatura: poesia, romance, teatro, literatura infantil, Artes plásticas (pintura e desenho), didáticos, de Direito e de Psicologia. A construção lírica da poeta reside dentre as possibilidades, a de retratar através de imagens poéticas, os afetos inerentes ao homem, ou seja, melancolia, angústia, solidão, medo, entre outros. A leitura das obras parte de uma perspectiva filosófica existencialista fundamentada nas teorias de Kierkegaard (1844) e Schopenhauer (1819) e apresenta ainda, uma visão psicanalítica com as contribuições de Freud (1932) e Lacan (1963). Os poemas selecionados para esse estudo compreendem: Balada ao anjo (1991); Ao anjo morto (1991) e Dor reeleita (2004). Os três poemas apresentam um eu lírico angustiado, um ser tétrico diante das mazelas da existência. Os versos se configuram por meio das facetas humanas, e sendo o homem, o principal elemento lírico da escritora, os males da Modernidade tornam-se recorrentes em sua escrita. Para Kaufmann (2004), o sujeito vive em uma sociedade esvaziada de afetos, as referências culturais se multiplicaram com os avanços globais, sem haver tempo de serem assimilados, desse modo a existência tornase melancólica diante das escolhas e dúvidas que angustiam a racionalidade humana. PALAVRAS-CHAVE: Lírica; Existencialismo; Psicanálise;

Memória literaria e interculturalidade em “Electra en la niebla”, de Gabriela Mistral

Claudiane Prass (PG-UNIOESTE) Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE) RESUMO: Considerar o processo de absorção e transformação literária, atuando crítica e historicamente é o objetivo deste artigo, ao propor um trabalho comparatista, sob uma abordagem intertextual, para compreender a relação do poema “Electra em La Niebla”, de Gabriela Mistral, com a referência canônica do mito de Electra, pautada sobretudo pelo valor poético de cada obra indistintamente, lembrando que, os textos se encontram produzidos em culturas, tempos e espaços diferentes. No poema mistralino o som e o sentido estão perfeitamente construídos, pode-se dizer que cada palavra fora lapidada com muito afinco, assim como descreve Paul Valéry. No jogo intertextual, a poeta, por meio da alusão, (re)significando palavras consegue remeter-se ao mito de Electra e, de uma maneira ímpar, transmite a ação e o sentimento de seu personagem, justamente pelo trabalho realizado com a matéria verbal, cuja semanticidade da palavra no verso é tão exclusiva e única que até mesmo sua tradução torna-se muito difícil. Nesse trabalho com a linguagem poética nota-se que apesar de toda a presença intertextual por meio das referidas alusões, o poema traz outro cenário, expressa emoções e sensações novas, e, mantém-se o contínuo movimento da arte literária em um ato de circularidade. PALAVRAS-CHAVE: Intertextualidade; Memória; Mito de Electra; Gabriela Mistral.

Ariano Suassuna e os Resíduos do Diabo Medieval na Farsa da Boa Preguiça

Francisco Wellington Rodrigues Lima (UFC) Elizabeth Dias Martins (UFC) RESUMO: Figura emblemática presente no imaginário popular europeu, devido à ascensão do Cristianismo como religião dominante, o Diabo recebeu diversas definições e transformações que o moldaram através dos séculos. Na literatura dramática brasileira, em especial, no teatro de Ariano Suassuna, temos de maneira bem significativa a representação residual de tais representações do Diabo, seguindo os moldes do imaginário cristão medieval, adaptando-se, segundo as necessidades do autor, à mentalidade do povo cristão que aqui se constituiu, conforme se encontra na Farsa da Boa Preguiça. Sendo assim, o intuito deste trabalho é demonstrar os aspectos residuais da representação do Diabo medieval no teatro brasileiro contemporâneo de Ariano Suassuna, tendo como método de pesquisa, a Teoria da Residualidade Cultural e Literária, sistematizada por Roberto Pontes e o método comparativo. Como resultado, defenderemos a hipótese de que a representação do Diabo no teatro medieval está residualmente presente no teatro brasileiro contemporâneo de Suassuna, bem como as questões relativas à mentalidade, o imaginário cristão medieval, o teatro, a representatividade e os resíduos literários de uma época para outra. PALAVRAS-CHAVE: Diabo; Medievo; Teatro; Ariano Suassuna; Residualidade.

A lembrança das ancestrais: remanescências do imaginário medieval acerca do feminino no cordel de metamorfose

Cássia Silva (IFRN/UFC) RESUMO: O cordel de metamorfose é um subgênero do cordel no qual acontece a transformação de um indivíduo em um animal. A causa mais comum para que haja a transfiguração é a desobediência a alguma regra imposta por um grupo social. De acordo com os estudos empreendidos, verifica-se que essa característica é fruto da forte presença do imaginário cristão medieval no Brasil contemporâneo. Para mostrar como isso acontece, analisa-se o cordel “A moça que virou cobra”, de Severino Gonçalves. O texto traz a transformação de uma mulher em uma cobra após ser repreendida pelos pais, por blasfemar contra padre Cícero. Como a transfiguração recorre sobre uma mulher, a análise feita foca o elemento feminino. Sendo assim, observa-se de que modo o imaginário cristão medieval sobre o feminino permanece através do cordel. Para comprovar o elo entre medievalidade e o cordel em questão no que diz respeito à figura da mulher, baseia-se na trilogia de Georgy Duby: Damas do século XII e na obra O imaginário medieval, de Jacques Le Goff. Nestas obras encontram-se figuras de mulheres que seguem um padrão estabelecido socialmente, caso contrário, são punidas. Como é possível que tais características restem em outra época e em outro espaço? As obras O sertão medieval: origens europeias do teatro de Ariano Suassuna, de Lígia Vassallo e La herencia medieval del Brasil, de Luis Weckmann explicam. Assim, apreende-se: as remanescências do passado no presente são possíveis pelos processos de hibridação cultural, sobre o qual falam Peter Burke e Nestor Canclini. PALAVRAS-CHAVE: Imaginário; cordel de metamorfose; feminino.

Appassionata: a elegia em Dora Ferreira da Silva

Sandro Adriano da Silva (UNESPAR) RESUMO: Esta comunicação pretende apresentar uma leitura da obra Appassionata (2008), de Dora Ferreira da Silva, último livro da poetisa, tendo sido publicado postumamente, pelo viés de seu alinhamento ao gênero elegíaco. Dora apresenta um lirismo órfico e dialogal, sua intertextualidade marca as influências de obras traduzidas pela poeta em seus textos, sobretudo Rilke e Jung. Do primeiro, Dora cultiva o tom elegíaco e, como vislumbre do visível no invisível como um continuum sem hiatos nem compartimentações. Do segundo, a sondagem do tempo e as fronteiras do sagrado. Sagrado não como testemunho deliberado de adesão a uma confissão religiosa, mas a uma natural disposição de sensibilidade sobre a realidade, um espaço aberto à hierofania. Appassionata, obra de saída-de-cena, relaciona o fazer poético à morte, na medida em que a poesia ressoa um destino marcado pelo crepúsculo, pelo tempo lírico e pela ideia de finitude tomada como uma forma de paixão. PALAVRAS-CHAVE: Poesia brasileira contemporânea; Dora Ferreira da Silva; Appassionata; Elegia.

Memória e ficção no romance histórico e autoficcional A chave de casa

Claudiana Soerensen (UFPR) RESUMO: A leitura de uma narrativa permite diferentes interpretações. No caso da autoficção A chave de casa, de Tatiana Salem Levy, dado o grau de subjetividade, ele pode ser lido a partir do viés psicanalítico, da estética da recepção, da crítica genética, entre outras possibilidades. Porém, o presente trabalho pretende analisar a obra pensando o plano histórico ou transindividual proposto por JAMESON (2007) para adjetivar a ficção enquanto romance histórico. As memórias ficcionalizadas no livro de estreia da autora percorrem o trabalho de luto e perdão. As possíveis viagens ancoram a escrita e a narradora-personagem retirando-a de um estado inamovível, colocando-a em confronto com traumas e questões familiares. Apoiado em RICOEUR (2008) e WEINHARDT (2011) o trajeto de análise é perceber o percurso não linear da narrativa ficcional e a busca empreendida para o perdão de si e para o outro, enquanto fenômeno que subsidia a classificação de A chave de casa como romance histórico. O intuito, contudo, não é balizar o real e o ficcional, mas explorar o discurso memorialístico individual e o processo de luto, esteticamente figurado, na tessitura ficcional, a partir da memória familiar, conjugada ao âmbito sócio histórico do ciclo imigratório lido, no presente trabalho, como ficção histórica. PALAVRAS-CHAVE: Romance histórico; Autoficção; A chave de casa; Memória e Ficção.

O Cenário e a representação da personagem Júlia, em A mulher de trinta anos, de Honoré de Balzac

Aline Benelli Mouro Zamboni. Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE) RESUMO: Considerado o precursor do Realismo francês e fundador do romance moderno, Honoré de Balzac deve grande parte de sua fama à obra A mulher de trinta anos (1832). Devido ao grande sucesso do livro, que serviu de inspiração para outros escritores, disseminou-se o termo “mulher balzaquiana” ou “idade balzaquiana”, que se difundiu na literatura e na música brasileira. O sucesso do romance está principalmente na caracterização da protagonista Júlia, já que Balzac representa seus combates interiores e sofrimentos de forma singular, relacionando seu estado de espírito com o ambiente em que ocorre a história. Otto Maria Carpeaux (2005) afirma que a representação do ambiente, na obra de Balzac, é inspirada nos clássicos do teatro francês. Este trabalho, portanto, propõe-se a analisar o modo como o escritor francês representa o ambiente, diferenciando-se dos cânones realistas e aproximando-se dos modelos do teatro clássico francês, e como isto, de certa forma, atua como elemento caracterizador da personagem, para projetar visivelmente, por meio do ambiente exterior, os sentimentos invisíveis da sua alma, como pano-de-fundo para evidenciar os contrastes latentes entre os personagens ou como elemento simbólico que ilumina o destino da protagonista. Para guiar as análises, baseamo-nos principalmente em Paulo Rónai (1947 e 1993), Otto Maria Carpeaux (2005 e 2008), Arnold Hauser (1998), Aleida Assmann (2011) e Edward Morgan Forster (1969). PALAVRAS-CHAVE: Literatura Francesa, Honoré de Balzac, Cenário.

A poética do imaginário em “A menina de lá” de Guimarães Rosa

Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC-Goiás) RESUMO: O presente estudo tem o objetivo apresentar uma abordagem sobre a poética do imaginário presente em “A menina de lá” de Guimarães Rosa, na medida em que o conto reflete a carência de humanidade no ser(tão) do homem desabitado, sem mito, sem estória, sem Deus, sem fogo, sem água, sem ar, sem terra, sem mundo, sem arte. Esta carência é revelada por meio de uma forma narrativa que se bifurca nos dois ramos que representam a arte da narrativa, real (ficcional) e ideal (mítica). Esse processo cíclico tem início na história, no real e é desenvolvido e enfatizado na estória da estória, no ideal e no mito. Assim, duas vertentes se estabelecem: a do real e a do ideal performatizando o ciclo da evolução da narrativa. O conto se processa utilizando as categorias básicas da narrativa: espaço, tempo, pessoa, narrador e fato, trabalhados, porém, de forma diferenciada nas vertentes do real e do ideal. Essas vertentes, no entanto, não são elementos estanques dentro do conto elas se interagem e se interpenetram formando uma parte e um todo. PALAVRAS-CHAVE: Imaginário, mito e metáfora.

Os quatro elementos bachelardianos na poética de Adélia Maria Woellner

Marcia Munhak Speggiorin (UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho objetiva analisar a relação entre a poesia woellneriana e os quatro elementos da matéria à luz dos estudos Gaston Bachelard. A imagem habita um universo de devaneio e percepções do mundo que atinge a profundeza do ser que sonha. De forma singular, Adélia Maria Woellner explora os quatro elementos da natureza em uma proposição criadora que eleva o universo material e o transporta para uma esfera imaginária. As imagens poéticas possuem sua própria lógica, são ambíguas, mas não estão sujeitas a qualquer interpretação daquilo que elas representam, as imagens relativas ao fogo, a terra, a água e o ar constituem uma composição poética que explora o universo imaginário individual ou coletivo. Para este estudo concepções de Octavio Paz (2012), Jean Cohen (1987) e Gilbert Durand (2011, 2012). PALAVRAS-CHAVE: Imaginário. Imagem poética. Adélia Maria Woellner.

História e memória nos contos de guerra de Maupassant

Clarissa Navarro Conceição Lima (UNESP-FCLAR) Guacira Marcondes Machado Leite (Or. UNESP-FCLAR) RESUMO: Guy de Maupassant participou da Guerra franco-prussiana quando jovem e, cerca de dez anos mais tarde, produziu diversos contos relacionados ao conflito. Em suas narrativas, a memória histórica tece o pano de fundo, oferece suporte para a construção da verossimilhança e colabora para o efeito do real que o autor transmite para o enredo e para as personagens; percebe-se ainda a constante presença de questionamentos quanto à guerra: o autor reflete sobre temas como a loucura, a vingança, a morte de inocentes, a miséria, a fome e a crueldade. Maupassant oferece seu testemunho, ainda que encoberto por outras vozes. Neste trabalho, refletimos sobre a questão do testemunho em forma de literatura, um tipo de testemunho talvez ainda pouco colocado em questão, uma vez que não temos a figura da testemunha. Não se trata de um “eu” que tudo viu e tudo viveu, mas de um “eu” encoberto pela sua imaginação, pela sua criação de imagens e comparações, ou seja, por suas histórias motivadas pela catástrofe com que teve contato. Buscamos provar que o testemunho a partir da ficção também pode ser autêntico, uma vez que, segundo Seligmann-Silva e Octavio Paz, toda verdade é histórica, toda literatura é testemunhal e todo testemunho tem o crédito máximo da verdade. Para tanto, contamos com o apoio de algumas teorias já conhecidas, como a análise e o aprofundamento teórico dos trabalhos de Seligmann-Silva, tais como aqueles presentes em História, Memória e Literatura: O testemunho na era das catástrofes entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Francesa; Maupassant; Testemunho; História; Memória.

Da memória ao resíduo: o Sangue Português, de Raquel Naveira

Mary Nascimento da Silva Leitão (UFC)

RESUMO: Apresentaremos reflexões preliminares acerca das heranças portuguesas presentes em Sangue Português, de Raquel Naveira. Alguns poemas, encontrados nessa penúltima publicação da autora, foram criados com base numa memória, ao mesmo tempo, individual e coletiva, aspecto que será discutido de acordo com os pensamentos de Joël Candau (2012). Observamos que essas memórias são produtoras de resíduos, ou seja, traços, marcas, resquícios de épocas anteriores perpetuadas nos textos naveirianos. Referidos traços não são apenas lembranças de outras eras, são, na realidade, elementos que colaboram com a construção da identidade poética de Raquel Naveira, já que permanecem vivos e atuantes. Nesse caso, reportamo-nos à Teoria da Residualidade, sistematizada por Roberto Pontes (1999), que tem como principal objetivo identificar os vestígios provenientes de tempos e culturas anteriores que colaboram com a formação de uma identidade atual. Destarte, nossa análise girará em torno de temáticas recorrentes em Sangue Português, e, mais especificamente, discutiremos acerca dos monumentos célebres do patrimônio histórico-cultural de Portugal. Trata-se de resgates de elementos da cultura lusitana e, a partir da análise de alguns textos, verificaremos o modo como esses resíduos influenciaram o fazer poético da autora sul-mato-grossense. PALAVRAS – CHAVE: Memória; Identidade; Residualidade

O mistério do coelho pensante: reflexões biográficas da narrativa

Mila Guimarães Darós (UFMS) Edgar Cézar Nolasco RESUMO: Este trabalho tem como propósito um estudo sobre as questões biográficas na obra O mistério do coelho pensante (1967), de Clarice Lispector, e sua versão em língua inglesa, The mystery of the thinking rabbit (1975), traduzida pela escritora Suzanne Jill Levine, além disso, com o intuito de identificar as diferenças e as semelhanças culturais do inglês para o português e vice-versa. Como a versão em língua inglesa não foi publicada, tendo disponível apenas a versão datiloscrita, iremos trabalhar questões culturais, biográficas e também da tradução. Para tanto, teremos como aporte teórico principal a Crítica Biográfica, dialogando vida e obra da autora, principalmente no que concerne às contribuições de Eneida Maria de Souza, de Diana Irene Klinger, e do periódico: Cadernos de Estudos Culturais: Crítica Biográfica. A pesquisa é centrada teórica e bibliograficamente no intuito de estabelecer um vínculo entre as duas obras e o bios (vida) da escritora. Contudo, este trabalho nos mostra as questões biográficas e de sensibilidade que acompanham a narrativa da obra supracitada clariciana, tanto em relação à cultura, quanto no que diz respeito à tradução de um texto, visando estabelecer um debate teórico-crítico sobre as paisagens biográficas nas produções da literatura infantil da intelectual Clarice Lispector. PALAVRAS-CHAVE: Clarice Lispector; Crítica Biográfica; Literatura Infantil.

Concienciarte en la comprodución lectora virtual

Waldemar José Cerrón Rojas (Universidad Nacional del Centro del Perú)

RESUMO: Se propone la interacción de conciencia, ciencia y arte en la comproducción lectora virtual. Formas de conocer la visualización, simulación, realitivización de conocimientos transdisciplinarios. Sensibilización necesaria para superar limitaciones históricas. PALAVRAS-CHAVE: Concienciarte; Comproducción Lectora Virtual

Da Praça Dauphine à Torre Saint-Jacques: André Breton e a mediação feminina do maravilhoso

Anderson da Costa (UFSC) RESUMO: Herdeiros da flânerie do século XIX, os surrealistas erraram no entre-guerras por uma Paris que é a antítese da Paris turística e dos monumentos históricos. A Paris surrealista é uma cidade mágica, emanadora de uma poesia estranha, onde real e imaginário fundem-se em um mesmo campo, condensando dessa maneira a busca surrealista. Essa Paris dos mistérios, dos fenômenos inexplicáveis, das coincidências atordoantes, é uma cidade que acorda quando a maioria dos seus habitantes dormem. Essa Paris noturna é muitas vezes capaz de lançar mão de encontros amorosos insólitos, a fim de revelar as pulsões de algumas das suas almas errantes. É essa experiência que viverá André Breton em Nadja, onde a Praça Dauphine ocupa um lugar central na narrativa, e n’A Noite do Girassol, quando surge a Torre Saint-Jacques, imponente, solitária e repleta de simbologia. Guiado por duas mulheres-mediadoras, a Paris que se descortinará irá revelar a Breton não só os aspectos mais obscuros e poéticos da cidade, mas também e principalmente, aqueles do poeta que erra pelas suas ruas, becos e praças. É a partir de duas manifestações poéticas de André Breton, Nadja e O Amor Louco, que essa comunicação pretende abordar a poesia surrealista, que para os seus criadores deveria ser capaz de resolver os problemas práticos da vida, demandando portanto, a priori uma práxis. PALAVRAS-CHAVE: Surrealismo; André Breton; Nadja; A Noite do Girassol; Poéticas do Imaginário.

Marinas de Portugal: O questionamento do feminino na sociedade portuguesa em Novas Cartas Portuguesas Priscila Finger do Prado (UFPR/UNICENTRO) RESUMO: O presente trabalho pretende apresentar uma leitura Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, a partir da análise do questionamento do feminino na sociedade portuguesa. Trata-se de uma produção feminina que tem como temática o feminino, portanto, importante para os estudos da crítica literária como um todo, mas principalmente para os estudos da crítica literária feminista. Ao retomar o mote das Cartas portuguesas, atribuídas a Mariana Alcoforado, as Novas cartas apresentam uma análise da clausura da mulher portuguesa, em várias situações, sendo uma das possibilidades de fuga a essa clausura a literatura. Para esse trabalho, buscaremos uma leitura do feminismo, especialmente os movimentos feministas ocorridos em Portugal, a fim de delinear temas recorrentes, bem como as formas de expressá-los. Entendemos que Mariana Alcoforado funciona como um mote para a representação do feminino nas Novas Cartas, por isso analisaremos como essas Marianas de Portugal aparecem na obra e qual sua função para o questionamento do feminino na sociedade portuguesa. A partir das primeiras leituras, pudemos perceber que a Literatura cumpre um papel fundamental na releitura que as Novas Cartas fazem das epístolas atribuídas a Mariana Alcoforado, pois é pela literatura que se delineia uma possibilidade de irmandade entre as mulheres e de libertação da clausura cultural que lhes é imposta no cenário português. PALAVRAS-CHAVE: Mariana ALcoforado, feminino, questionamento, Novas Cartas Portuguesas

O poder de humanização da poesia em Adélia Prado

Simone Maria Martins (PG-UNIOESTE) Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE) RESUMO: O intuito deste artigo propõe discorrer reflexões quanto ao poder de humanização da poesia diante a sociedade, a partir do pensamento de Adélia Prado. Neste estudo, busca-se analisar algumas de suas poesias que busca aproximar e aferir o que ela destaca quanto ao poder da humanização da poesia. A proposta deste artigo visa dialogar com essa poeta, por meio de alguns de seus poemas e de um documentário em que concede uma entrevista abordando a temática da huminazação da poesia. Para além disso, tivemos um primeiro contato com esta escritora, para que concedesse uma entrevista, destacando alguns aspectos onde possa indicar o que torna a poesia pertinente ao processo de humanização da sociedade. Assim, buscar-se-á analisar quais as perspectivas da poeta em relação as dificuldades sociais da atualiade e o que estas interferem num processo inverso, de desumanização do indivíduo. Segundo a visão de Adélia Prado, a poesia está em todas as manifestações artísticas, como afirma, ao tratar do fenômeno poético, qual pode se manifestar e ser revelado numa obra de arte, encontrado tanto na música, escultura, pintura, teatro, cinema, dança e literatura. Ao dialogar com esta escritora, buscou-se um breve estudo comparado com a ideologia de Immanuel Kant, que apontava na potencialidade da arte o poder em tirar o homem do seu estado de barbárie animal. Neste sentido, aponta-se nesta pesquisa as semelhanças e diferenças entre ambos autores, com objetivo principal em dialogar diante a importância da poesia e da arte no processo de humanização da sociedade. PALAVRAS-CHAVE: poesia, sociedade, poder, humanizar.

Lírica e Modernidade em Mário Lemanski: Lirismo, Poesia Concreta e Visual

Louisa Cristina Goes (PIBIC/CNPq/UNIOESTE) Antonio Donizeti da Cruz (Orientador - UNIOESTE) RESUMO: O presente trabalho, fruto da realização do Pibic, mantenedor CNPq, visou o estudo da poesia e o processo criativo do poeta Mário Lemanski, com o intuito de apresentar e divulgar seus poemas, desenvolvidos sobre uma poiésis que passa do tradicional, para uma experimentação visual, aproximando-se da Poesia Concreta e até mesmo da Poesia Visual. O artigo se embasa na revisão bibliografia das obras referentes ao autor e aos conceitos necessários para a compreensão e análise dos poemas, estudando assim a Lírica, as linhas estéticas e teóricas da Poesia Visual e Concreta, bem como aspectos relacionados à sociedade e produção artística na modernidade. Tais temas na conjuntura da poética desenvolvida por Mário Lemanski, ligam a produção estética e seus respectivos conceitos a obra de Lemanski, possibilitando a apreciação e análise dos poemas do autor, que se centram nos temas da solidão, saudade, amor, metapoeisa, tempo, memória, vida e morte, com uma intensa preocupação gráfica e visual. A produção analisada conta com: Coisas do Coração (1985), Versos Anemicos (1992); Poesianisso (1994); Todo es poesia (1997) e Poemínimos (2009), de publicação póstuma. Tal escolha justifica-se pela relevância de Lemanski, como poeta Paranaense e principalmente Cascavelense, trazendo à vista a produção poética do autor que apresenta uma obra com teor de modernidade, em representações líricas do amor, da vida e do dia-a-dia. PALAVRAS-CHAVE: Poéticas do Imaginário; Modernidade; Poesia Concreta; Poesia Visual.

Imagens poético-plásticas, história e memória em Helena Kolody e em Miguel Bakun Vanderlei Kroin (PG – UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho pretende observar comparativamente como se constroem as imagens poéticas na obra de Helena Kolody e as imagens pictóricas na obra de Miguel Bakun, agregando-as na história e à memória. A construção da arte dá um significado, interpreta e mostra a verdade da vida sob a potencializadora linguagem estética, bem como a memória constitui um acúmulo de vivências, experiências, lembranças e saberes, que o autor/artista utiliza na produção artística, construindo a história do mundo e de si mesmo por meio da linguagem simbólica. Em Kolody e Bakun essa relação entre memória e história figura-se essencialmente pela (re)apresentação da natureza com a qual os dois artistas, de descendência ucraniana tiveram contato. Os dois apreenderam diretamente da fonte o mais simples que a natureza oferece ao homem, apresentando isso na forma sublime da arte. Dessa forma, mostram a natureza como algo orgânico e inseparável, trazendo-a, de forma simplista e íntima nas artes que produziram e, por isso, fazem dela a força motriz que inspira e ao mesmo tempo acolhe e protege, uma natureza essencial, alcançada com o olhar, vista como a extensão do próprio humano. PALAVRAS-CHAVE: Estudos Comparados; Kolody; Bakun; História e Memória; Natureza.

Os contrastes simbólicos no conto “Antes do baile verde”, de Lygia Fagundes Telles, como representação da morte e da fuga da realidade

Odete da Glória Oliveira Tasca (UNIOESTE) RESUMO GERAL: O presente estudo tem por objetivo apresentar uma análise do conto “Antes do baile verde”, de Lygia Fagundes Telles, integrante da obra de mesmo nome, escrita de 1949 a 1969 e publicada em 1970. Far-se-á um estudo sobre os contrastes simbólicos presentes no conto, procurando demonstrar, sobretudo, como a morte contrasta com o clima festivo que envolve a história, o que é evidenciado pela utilização de objetos presentes na casa, os quais podem representar o estado de espírito das personagens, além de ressaltar os contrastes presentes no conto. Buscar-se-á também uma análise acerca do modo em que é representada a fuga da realidade por parte da protagonista. As reflexões procurarão demonstrar como a autora, utilizando-se de cores e de objetos simbolicamente dicotômicos, consegue representar o contraste entre a presença da morte versus a alegria e a vontade de viver. Nesse sentido, procurar-se-á demonstrar que, no conto, a principal simbologia refere-se à cor verde, a qual, além de representar a cor da natureza viva, contrastando com a presença da morte, também é dicotômica pelo fato de, na sua própria constituição ser formada por duas cores que contrastam entre si: o amarelo e o azul, as quais podem simbolizar, respectivamente: a vida e a morte. PALAVRAS-CHAVE: Conflito; Contraste; Morte; Vida.

Mito e Intertextualidade em Ana Harterly: Uma Abordagem Intersemiótica de O Mestre e Tisanas

Jéssica Caroline de Lima Círico (PIBIC/UNIOESTE) Ana Lucia Fernandes da Costa (PIBIC/UNIOESTE) Antonio Donizeti da Cruz (Orientador - UNIOESTE)

RESUMO GERAL: O presente projeto visa estudar a relação intertextual que as obras: O Mestre (1961) e Tisanas (2006), de Ana Hatherly, estabelecem com o mito. A partir desta investigação pretende-se elaborar uma pesquisa comparativa em que será analisado o material de ambas as obras a fim de cotejá-los com o mito. Deste modo propõe-se evidenciar o modo intersemiótico utilizado pela autora para representar tais signos mitológicos em suas obras. A opção pelas obras da escritora e a temática sobre a mitologia justificam-se pela relevância da autora no contexto da literatura portuguesa e brasileira, assim como a importância das investigações intertextuais presentes nas obras da modernidade, mais especificamente, a mitologia representada na atualidade PALAVRAS-CHAVE: Mito, Intertextualidade, Ana Hatherly, Narrativa, O Mestre, Tisanas

SIMPÓSIO - REGIÃO E REGIONALISMO: NOVAS PERSPECTIVAS QUINTA-feira SALA: 64 SEXTA-feira SALA: 46

Coordenadores: Dr. André Tessaro Pelinser (UCS / PNPD-CAPES) Dr. Márcio Miranda Alves (UCS) RESUMO GERAL: Este simpósio procura acolher discussões sobre as noções de região e regionalismo no âmbito da historiografia e da crítica literária, sobretudo no que concerne às perspectivas teóricas que têm surgido nas últimas décadas e em seu confronto com as visões tradicionalmente dominantes. Para tanto, entende-se a região em referência a um espaço antes culturalmente caracterizado do que geograficamente delimitado. Com isso, a noção ganha abrangência e não se reduz à mera ambientação das tramas em locais definidos a priori como tacanhos pelos centros legitimadores, de modo que a própria postura dos escritores e das obras em relação aos espaços ficcionalizados ganha complexidade. Nesse sentido, trata-se de investigar como, ao mesmo tempo em que a região dá ensejo ao regionalismo enquanto movimento literário, o regionalismo contribui para “escrever” a região. Parece consolidar-se, assim, uma dinâmica entre a literarização da região e a regionalização da literatura que a historiografia e a crítica literária têm se esforçado por apreender em seus esquemas temporais e em suas análises, por vezes culminando em formulações ainda insuficientes para a compreensão do fenômeno. A partir desse eixo temático, aceitam-se comunicações que discutam tanto a historiografia e a crítica literária quanto a própria representação literária e que contemplem questões relativas à região e ao regionalismo, visando ao confronto de perspectivas e à renovação desse campo de estudos. PALAVRAS CHAVE: região; regionalismo; historiografia; crítica literária.

Guimarães Rosa e a tradição regionalista: historiografia e crítica André Tessaro Pelinser (UCS) RESUMO: Este trabalho procura analisar como a obra de João Guimarães Rosa se relaciona com a tradição literária do Regionalismo e fratura os discursos críticos consolidados ao longo do tempo a respeito dos pressupostos estéticos que seriam característicos da vertente. As interpretações predominantes durante o século XX viramse na contingência de reconhecer as marcas regionalistas presentes na maior parte da literatura rosiana ao mesmo tempo em que o aparato teórico disponível para as análises geralmente identificava tal elemento como um demérito. Como consequência, obteve-se uma fortuna crítica polarizada entre o reconhecimento da qualidade das obras e o incômodo causado por uma possível vinculação ao Regionalismo. Em sentido diverso, as perspectivas críticas recentemente tornadas disponíveis ressaltam a importância da regionalidade na obra, considerando-a fundamental para a constituição do universo simbólico sobre o qual se assentam as personagens e produzem-se os sentidos estruturantes da narrativa. PALAVRAS-CHAVE: Guimarães Rosa; Regionalismo; Regionalidade; Historiografia.

As representações caipiras no conto “Os Curiangos”, de Valdomiro Silveira

Angela Simone Ronqui Oliva - UEL Regina Célia dos Santos Alves - UEL RESUMO: Valdomiro Silveira (1884-1941) é considerado o precursor da literatura de caráter regionalista no Brasil, oficialmente, ao publicar sua obra de contos Os caboclos, em 1920, representando a maneira de falar e a cultura do sertanejo, do caboclo ou caipira de parte de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e, sobretudo, do interior de São Paulo, do final do século XIX. De acordo com Riedel, “Valdomiro Silveira é um dos pioneiros do conto regional no Brasil” (RIEDEL, 1962, p. XV). O escritor tenta, ao máximo, representar a cultura e o modo de falar caipiras, representações essas, vividas durante a infância do escritor na cidade de Casa Branca, interior paulista e, mais precisamente, na época de seus avôs. Há, em Valdomiro, uma espécie de busca pelas origens e desejo de resgatá-las. Conforme Célia R. Silveira: “A recriação do universo caipira na literatura valdomiriana dá-se por meio da poética da oralidade, ou seja, pela valorização da tradição oral, que está intimamente ligada à memória.” (SILVEIRA, 2009). Além da oralidade, também há, em sua produção literária, registros da cultura e das superstições populares caipiras. Nesse sentido, este artigo visa fazer um estudo sobre o conto “Os Curiangos” desse autor, publicado na obra Os Caboclos (1920), ressaltando alguns aspectos da representação caipira presentes no mesmo, sobretudo, no que concerne à oralidade e à cultura regionais. PALAVRAS-CHAVE: Regionalismo; Valdomiro Silveira; Conto; “Os Curiangos”; Caipira.

Contexto, drama e sentido em Selva trágica, de Hernâni Donato

Avelino Ribeiro Soares Junior - UFGD RESUMO: Nesta comunicação, a produção literária de Hernâni Donato é tomada em análise, sendo o principal corpus de reflexão constituído por Selva Trágica: a gesta ervateira no sulestematogrossense (1956), expressão da interculturalidade na poética do escritor sul-matohibridismo da língua na fronteira do brasileiro Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Nosso interesse volta-se para a apresentação e contextualização da narrativa de Selva Trágica e reconhecido período histórico denominado Ciclo da erva mate, que é tema fundamental desta obra. Assim, nossos objetivos são pautados pela recuperação da bibliografia sobre Hernâni Donato, uma vez que vários têm sido os estudiosos e escritores a reconhecerem a relevância da obra do escritor, seja para a história regional sul-matopara os estudos de interculturalidade, de fronteira, e particularmente pela análise da narrativa literária, com vistas à verificação da proposta estética da obra, cujo relançamento hoje, em primorosa reedição, ao mesmo tempo em que reflete, também, evidencia formidável projeto artístico e igual fortuna crítica de Selva Trágica. A perspectiva de análise baseia-se em leitura da paratextualidade textual, na medida em que esta vertente dos estudos semióticos é contemplada pelos de literatura comparada, como preconizam Gérard Genette (2009), Tania Carvalhal (2005, 2006), Alberto Moreiras (2001) e a fundamental exegese de Jérri Marin (2013). PALAVRAS-CHAVE: Hernâni Donato; Selva Trágica; Regionalismo; Fronteiras.

As fronteiras da identidade: a instalação do campus da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) no município de Realeza/PR (2005-2015)

Fernanda Nichterwitz - UNIOESTE RESUMO: O trabalho de dissertação de mestrado que será apresentado pretende compreender e refletir sobre a instalação de um campus da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), na cidade de Realeza/PR, e como tal implementação foi percebida pela população do município, e permeia a construção e manutenção de sua identidade. Na época da aprovação do projeto de criação da UFFS, em 2007, o município de Realeza contava com cerca de 15 mil habitantes, segundo o IBGE. Após a instalação do campus da UFFS, em 2010, o município passou a contar com quase 17 mil habitantes, aumentando o número em quase dois mil, em poucos anos. Pensando em tão grande crescimento populacional se questiona como a população da cidade recebeu a Universidade, seus serviços, os migrantes (alunos, professores, funcionários, os familiares que os acompanham, entre outros), além de seus hábitos e práticas; e especialmente, questionar como a população da cidade passou a se perceber em relação ao novo grupo de migrantes. Assim, pretende-se, a partir da observação por meio de entrevistas, relatos orais e fontes jornalísticas, apresentar o processo de instalação do campus da UFFS no município de Realeza/PR, relacionando-o às narrativas da história do município contadas em dois livros. E a partir disso, pretende-se expor a complexidade identitária construída por tal literatura regionalista, que estimulou o processo de construção de fronteiras na relação entre os munícipes e os “novos residentes” de Realeza/PR. PALAVRAS-CHAVE: Universidade; História; Identidade; Fronteira; Realeza/PR.

As representações da identidade gaúcha presentes na cultura do rock nacional da década de 1980 Gustavo dos Santos Prado – PUCSP RESUMO: Pretende-se, nesse trabalho, abordar as representações da identidade gaúcha presentes em uma parcela da produção do rock nacional da década de 1980. Para tanto, visando dialogar com o Simpósio “Região e Regionalismos: novas perspectivas”, o artigo analisa em seu corpo a produção artística de “jovens roqueiros” que produziram tanto na grande mídia quanto no mercado underground. No primeiro caso elencado, pretende-se analisar uma parcela da obra (melodias, músicas e capas de discos) dos Engenheiros do Hawaii – importante banda do cenário fonográfico brasileiro daqueles tempos. Contudo, o trabalho ainda procura investigar outras representações do Rio Grande do Sul, provenientes da cena underground gaúcha; e para tanto, será analisado os fanzines – material impresso que serviu de instrumento para a comunicação da cultura punk. Esperase que o caráter eclético das fontes incorporadas para análise permita elucubrar as múltiplas relações identitárias que emergem do cenário musical gaúcho, tendo como base um estilo musical que ficou fortemente reconhecido na literatura acadêmica por seu “caráter unicamente global”; interpretação essa que a pesquisa problematiza. PALAVRAS-CHAVE: Região; Regionalismos; Rock; Identidades; Rio Grande do Sul.

Uma leitura comparativa de Selva trágica e de A selva no regionalismo brasileiro Josué Ferreira de Oliveira Júnior – UFGD RESUMO: Esta comunicação tem como objetivo a abordagem comparativa de Selva trágica (1956), de Hernâni Donato, e de A selva (1930), de Ferreira de Castro, sob a perspectiva da crítica literária e cultural. Procuramos, assim, aproximar obras de fronteiras geofísicas (Brasil-Paraguai) e de conteúdo transcultural (processo cultural e colonização amazonenses), enfocando o universo do regionalismo, a fim de analisar a emergência da temática da selva como uma região cultural, que, mediante sua natureza e extensão, extrapola os limites e fronteiras, interligando, através dessas narrativas, os regionalismos amazonense e sul-mato-grossense. Para tanto, lançamos mão das contribuições de Ricardo Kaliman (1994), seguindo a ideia de que uma região não se constitui como uma realidade natural, antes como resultado de um ato de vontade, político. A leitura e aproximação de ambas as narrativas têm como componente básico elementos que lhes são peculiares: a selva e seu contexto sócio-cultural – a exploração do homem e do meio, o processo extrativista e de colonização, colonização vs transculturação –, permitindo pôr em questão noções como as de região, regiões culturais, literaturas regionais e de fronteiras, pensadas a partir de espaços fronteiriços e marginais, não só como proposta de releitura de obras pouco estudadas, mas, também, pela atualização do local como rentável de manifestações artístico-literárias e culturais contemporâneas, e específicas. PALAVRAS-CHAVE: Literatura comparada; Regionalismo; Selva trágica; A selva.

Escrevendo a região: o Oéste Paranaense de Lima Figueiredo

Maicon Mariano - UDESC RESUMO: Oficial do exército brasileiro, Lima Figueiredo em sua obra Oéste Paranaense (1937) descreve a excursão que empreendeu por volta de 1930 desde Paranaguá, no litoral do Paraná, até Foz do Iguaçu, no extremo-oeste do Estado. O autor escreve a região fundamentando-se nos aspectos gerais do meio ambiente, do povoamento, costumes e linguagens de populações estabelecidas ou em movimento por uma extensa área do território paranaense. Figueiredo ao prosseguir em direção ao oeste enseja a imagem de uma região expatriada, em meio a riquezas naturais em um território demarcado por fronteiras políticas entre Brasil, Argentina e Paraguai: “Senti a nostalgia da sua pátria dentro da própria pátria: ansioso estava para abandonar todas aquelas belezas em busca de um recanto mais brasileiro” (FIGUEIREDO, 1937, p.149). O que desperta atenção em Oéste Paranaense é a possibilidade de pensar na sua perspectiva de região culturalmente caracterizada na prática social de diferentes grupos humanos nas relações entre si e com a natureza, confrontando a noção de região geograficamente definida, revigorando, assim, novas problemática para a análise historiográfica, tema central desta comunicação. PALAVRAS-CHAVE: Região; Cultura; Oeste do Paraná.

Apontamentos sobre regionalismo e regionalidade Márcio Miranda Alves – UCS RESUMO: No âmbito dos estudos de regionalidade questiona-se a validade de conceitos consagrados pela historiografia literária em relação ao Regionalismo. Para grande parte da crítica, Regionalismo literário significa a literatura produzida por escritores residentes fora do “centro” do país e que tomam como objeto de representação o universo pitoresco de alguma região específica. Por isso, escritores como Erico Verissimo, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e João Guimarães Rosa são considerados regionalistas. Entretanto, como o termo passou a ser sinônimo de literatura de qualidade estética duvidosa, resume-se tudo a “regional, mas universal”, acepção que quase nunca vem acompanhada da devida explicação do que viria a ser “universal”. Nesse sentido, pesquisadores como José Clemente Pozenato, Ligia Chiappini, João Claudio Arendt e os alemães Jens Stüben e Jürgen Joachimsthaler apresentam novas perspectivas sobre o tema, as quais reservam o termo “regionalismo” para as obras e autores que defendem determinada região em relação ao centro, como programa ou paradigma, com louvor e exaltação. O restante seria encarado como “literatura regional”, cujas marcas identificadas por meio do percurso histórico e cultural de um determinado grupo social são definidas como “regionalidades”. Assim, o próprio “regionalismo” seria identificado como “uma espécie particular de relações de regionalidade” (POZENATO, 2003, p. 155). Esta comunicação propõe fazer uma apresentação, ainda que breve, dos estudos recentes em relação aos conceitos de regionalismo, regionalidade, região e literatura regional. PALAVRAS-CHAVE: Regionalismo; Regionalidade; Região; Literatura regional.

O regionalismo: origem e desdobramentos

Maria Alice Sabaini de Souza Milani - UNESP RESUMO: A presente comunicação tem como objetivo traçar um panorama das modificações pelas quais tal termo passou ao longo da história da literatura brasileira e o desdobramento desse conceito, no sentido em que não mais limita-se a uma literatura que se debruça sobre uma determinada região, mas estende seu domínio para o sentimento íntimo do escritor que transparece não em um elemento ou fala característicos de uma determinada região, mas nos assuntos remotos no tempo e no espaço. Tal pensamento de um regionalismo mais abrangente defendido por Machado de Assis em seu texto Instinto de Nacionalidade. A importância desse texto reside no fato de que, assim com Antonio Candido, em seu livro A Formação da Literatura Brasileira, Machado de Assis já refletia sobre o conceito de regionalismo como tendo seu início no romantismo. Considerando a dinamicidade do conceito regionalista ao longo dos diferentes contextos históricos e literários, utilizaremos para o desenvolvimento desse trabalho alguns textos de Machado de Assis, Antonio Candido, Luís Bueno e Alfredo Bosi. Nesse sentido, esse trabalho, a partir da pesquisa bibliográfica, se dividirá em uma parte teórica acerca da origem e da nova perspectiva que os escritores, acima expostos, atribuem ao regionalismo a partir das reflexões e, em uma parte analítica, com exemplificações acerca das várias do regionalismo. PALAVRAS-CHAVE: Regionalismo; Desdobramentos; Romantismo; Modernismo

Terra em trânsito: Galileia e as paisagens contemporâneas do sertão

Mayara Alexandre Costa - UFRJ RESUMO: Este trabalho irá apresentar uma análise do romance Galileia, do escritor Ronaldo Correia de Brito, publicado em 2008. O objetivo é pontuar o modo como a obra capta uma série de paisagens que atravessam o sertão nordestino hoje; paisagens que são o resultado de uma diversidade de trânsitos próprios da contemporaneidade. Durval Muniz de Albuquerque (2011) afirma que a repetição de determinados temas e imagens – a miséria, a fome, o cangaço, a seca, a migração – proliferados nas ficções que se remeteram a esse espaço, fundaram os temas hegemônicos pelos quais a região será reconhecida. Para ele, a circunscrição desses aspectos do território sertanejo em obras canônicas nacionais poderosas estagnou o imaginário a respeito da região, geralmente entendida como fora da história, com características fixas e pouco variáveis. A consequência desse processo se vê na dificuldade de sobrepor um novo feixe de imagens que deem conta do permanente tornar-se e desfazer-se desse território e das identidades e subjetividades que o atravessam. Ao exibir um espaço tradicionalmente referido como repositório de símbolos originários e nacionais, marcado por conexões globais e fluxos culturais, físicos e simbólicos intensos, identifica-se na obra analisada uma reversão da representação tradicional do sertão. Neste trabalho, iremos nos debruçar na trajetória dos personagens Adonias e Ismael, acompanhando de que modo a obra ilumina as transformações subjetivas decorrentes do fluxo desses indivíduos em espaços culturais diversos. O intuito é cartografar e problematizar os deslocamentos empreendidos tanto pelos personagens como também pelos espaços atravessados por eles. Palavras-chave: Galileia; Sertão nordestino; Regionalismo; Paisagens transculturais.

Décimas gaúchas, ou a crônica do bandoleiro Silvino Jacques Maria Sinésia Nolasco dos Santos Vinchiguerra – UFGD RESUMO: Este trabalho tem por finalidade principal abordar a narrativa literária Silvino Jacques: O último dos bandoleiros (2007), de Brígido Ibanhes, que embaralha gêneros literários, misto de relato histórico e prosa poética e/ou ficcional. A reflexão inicial procura situar a perspectiva do sujeito dessa narrativa, a figura do próprio bandoleiro Silvino Jacques, através de sua trajetória e reflexo na obra e vida do escritor Brígido Ibanhes. A abordagem constitui-se da análise dos planos de enunciado e de enunciação da obra, compreendendo-se, por isso, a tessitura textual e a consequente leitura do tema segundo a trama do narrador protagonista (Silvino Jacques) que é visto como personagem herói/anti-herói da saga romanesca. Para tanto, a perspectiva metodológica busca elaborar uma reflexão subsidiada no campo da literatura comparada, particularmente em textos teórico-críticos da historiografia e da teoria literárias, pois que busca, assim, recuperar a trajetória literária e cultural de um tema com ampla projeção na literatura ocidental, articulado à interculturalidade regional da fronteira Brasil versus Paraguai em destacado diálogo com diferentes lugares culturais. Trata-se, enfim, de uma construção de leitura amparada pela prática da intertextualidade, uma vez que o próprio objeto de análise provém do diálogo com um texto anterior, as Décimas gaúchas (1978), atribuídas ao “bandoleiro” Silvino Jacques, e ligado ao cancioneiro popular. PALAVRAS-CHAVE: Brígido Ibanhes; Silvino Jacques; Bandoleiro; Saga romanesca; Décimas gaúchas.

SIMPÓSIO - RELEITURAS DA HISTÓRIA PELA FICÇÃO SALA: 37

Coordenadores: Dr.Wagner de Souza (UNIOESTE) Me. Robert Thomas Georg Würmli (UNIOESTE) RESUMO GERAL: Este simpósio se propõe a abordar as narrativas ficcionais que lidem com o conteúdo historiográfico, analisando e observando como se dão os processos de entrecruzamento dos discursos historiográfico e literário, tendo em vista o revisionismo do conteúdo historiográfico tradicional. Assim, abre-se espaço para apresentações sobre os gêneros híbridos de história e ficção, tais como o Novo Romance Histórico, bem como releituras da história pela ficção, de forma ampla, apontando para o contato e reconhecimento do outro em sentido lato. O fim do século passado e início deste são tidos como o momento do romance histórico, adrede, a imitação do discurso da historiografia no romance contemporâneo, concede voz aos excêntricos, denotando também um acréscimo no número de estudos críticos relacionados à maneira com a qual os indivíduos entendem seu passado histórico e analisem de forma crítica seu presente e seu futuro. PALAVRAS CHAVE: Romance histórico; Literatura e história; Revisionismo

Foco narrativo e metaficção em A viagem do elefante

Adrieli Aparecida Svinar Oliveira (UFGD) Gregório Foganholi Dantas (UFGD) RESUMO: A recepção crítica de A viagem do elefante (2008) tem enfatizado o seu caráter alegórico ao mesmo tempo em que reconhece a recuperação de um discurso metaficcional ostensivo. Destaca-se, nesse sentido, o foco narrativo que, como é comum na produção ficcional de Saramago, comenta constantemente, entre outros temas, os caminhos de sua ficção e o estatuto da História frente a outros relatos, além de implicar diretamente o leitor nestas digressões. Isso dito, o presente trabalho pretende elaborar uma leitura crítico interpretativa deste romance a partir de dois caminhos. Em primeiro lugar, a compreensão de que o foco narrativo em Saramago aproxima-se do modelo dos “narradores shandianos” descritos por Sérgio Paulo Rouanet (2007), modelo que remonta ao TristramShandy de Laurence Sterne e abarca narrativas como as de Garrett, Diderot, Xavier de Maistre e Machado de Assis. Ainda que a narrativa de A viagem do elefante seja relativamente mais linear do que a destes autores, compartilha com estes sobretudoa interpenetração do riso e da melancolia, expressos no cultivo obsessivo da digressão, em termos muito próximos ao de Rouanet. O segundo passo de nosso trabalho, será estabelecer como a construção deste foco narrativo promove um olhar crítico sobre a matéria histórica, compatível com o romance histórico pós-modernista ou, nos termos de Linda Hutcheon (1991), a metaficção historiográfica. No tom jocoso destinado às figuras históricas, na constante reflexão metaficcional e, finalmente, nas considerações ensaísticas sobre a redação da História oficial, o narrador revela uma evidente consciência dos mecanismos que regem a historiografia e a ficção contemporâneas, assim como ironiza nosso olhar sobre o passado, sugerido uma postura de revisionismo crítico. PALAVRAS CHAVE: Romance português; metaficção; José Saramago.

Uma (re)leitura da História: as memórias literárias de Graciliao Ramos

Amanda L. Jacobsen de Oliveira (UFSM) ESUMO:Ao pensarmos as construções linguísticas humanas, podemos compreender, em uma relação recíproca, que a História pode tratar da Literatura, assim como a Literatura pode ler (e contar) a História. Nesse sentido, estabelece-se uma relação que desestabiliza uma série de pressupostos, como, por exemplo, os limites entre realidade e ficção. Como seria possível separar o que é real e o que é criação ficcional? Talvez, não se trate disso. Talvez o principal e mais fortuito modo de lidar com a questão seja, precisamente, trabalhar com a possibilidade do hibridismo. Sendo que esse, então, proporciona uma amplitude que não afasta, mas aproxima a Literatura e a História, tendo-as como complementares uma à outra. A partir disso, buscamos um estudo do texto Memórias do Cárcere (1953), de Graciliano Ramos, pensando-o não apenas como criação narrativa poética, mas também como registro histórico. Para isso, deve-se levar em conta, ainda, o contexto de produção e, posteriormente, de publicação do livro, lembrando que foi escrito em um período histórico no qual ainda não se mencionava, livremente, a repressão sofrida pelos presos políticos no governo de Getúlio Vargas. Destarte, a sua trama narrativa pode ser lida como relativização ou até mesmo desconstrução do discurso oficial da época, divulgado por inúmeros meios de circulação. Propomo-nos, então, por fim, a observar o texto de Graciliano como linguagem literária que permite uma releitura da história. PALAVRAS-CHAVE:Memórias do Cárcere; Literatura; História; (re)leitura.

Representações iconoclásticas do canibalismo no contexto da descoberta e primeiros choques culturais na América

Bernardo AntonioGasparotto (UNIOESTE) RESUMO:O presente artigo é fruto de um dos subcapítulos produzidos na pesquisa de Doutorado que será apresentada no início de 2017, com o título: “Escritas antropofágicas na América Latina: ‘devoração’ do passado e suas novas perspectivas pela ficção”. Aqui me proponho a realizar uma breve análise de algumas gravuras que retratam o ritual de canibalismo e que acompanhavam os relatos produzidos pelos cronistas, propondo uma vinculação com a portada da obra de Antonio Torres, Meu querido canibal (2000), em que surge a gravura de Cunhambebe. Algumas das representações pictóricas foram realizadas pelos próprios autores, como é o caso de Hans Staden. Outros, no entanto, limitaram-se a se apropriarem do que contavam alguns exploradores para, então, criarem imagens dessa prática sem terem contato direto com a cultura autóctone ou mesmo com o “novo” território, como é o caso de Theodore de Bry, que se utilizou das gravuras de Hans Staden para fazer uma releitura, repleta de conceitos eurocêntricos e nos padrões estéticos adotados na Europa de seu tempo. Nessa abordagem tenho o interesse de trazer à memória as formas como reagiram os europeus frente às diferenças culturais existentes no choque entre as culturas europeias e pré-colombianas, especialmente diante da prática do canibalismo por parte dos autóctones, e a forma como os europeus transmitem para seu contexto por meio de representações em gravuras, bem como a forma como foi percebida e reaproveitada uma dessas gravuras do romance de Torres. PALAVRAS-CHAVE: Estudos culturais; Antropofagismo; Dominação cultural; Literatura comparada.

A narrativa antuniana entre a história e a ficção Camila Savegnago – UFSM RESUMO: Boa parte do romance português contemporâneo volta-se para o passado recente de Portugal, especialmente, para os acontecimentos que envolvem o período salazarista, as guerras coloniais e a Revolução dos Cravos. Essas temáticas históricas servem de pano de fundo para as narrativas ficcionais cujo intuito é provocar uma reflexão/resgate crítico acerca desse passado. Para exemplificar tal aproveitamento temático, a presente comunicação analisa o romance O esplendor de Portugal (1997), do escritor português António Lobo Antunes, e sua transfiguração do conflito colonial entre Portugal e Angola, além dos efeitos disso, como o estado da colônia após a retirada das tropas portuguesas. Nesse contexto, a obra de António Lobo Antunes, um relato ficcional/memorialístico, traz justamente a visão dos colonos portugueses (as vozes silenciadas) em Angola, suas vivências naquele país e o retorno de alguns deles a Portugal. Ressalta de maneira dramática, através do processo de rememoração, sujeitos que perderam sua identidade e seu lugar, uma vez que não eram mais colonos em Angola, mas também não tinham lugar na sociedade portuguesa quando retornavam à pátria. Assim, Lobo Antunes destrói os estereótipos sobre os quais se calcou a glória da pátria portuguesa em África.Objetiva-se observar ainda o quanto esses eventos sócio-históricos influenciam e são determinantes para a construção das personagens, no que diz respeito a sua densidade psicológica, suas relações familiares e sociais tanto em Angola quanto, após seu retorno, em Portugal. PALAVRAS-CHAVE: Lobo Antunes; revisionismo; discurso literário e histórico; memória.

História e ficção em Xente de inverno, de XoséLoisGarcía Carla Denize Moraes – UNICENTRO RESUMO: O objeto de estudo deste trabalho é a coletânea Xente de Inverno (1995), composta por quinze contos do autor XoséLois García, cujo trabalho tem uma grande importância no contexto da literatura galega. As histórias contidas no livro remetem aos duros anos da Guerra Civil Espanhola e da ditadura franquista na Espanha e relatam a vida cotidiana do povo galego permeada de sofrimento por conta da opressão. O objetivo de nossa pesquisa é investigar, através de revisão bibliográfica e análise crítica, a maneira como a narrativa ficcional trata esteticamente as questões relacionadas ao período histórico em questão, permitindo que se lance um novo olhar sobre a história oficial e, dessa forma, dando voz aos excluídos.Muito mais do que apenas resgatar a memória de um tempo histórico, seguindo na esteira do pensamento de Walter Benjamin, as narrativas ficcionais representam um trabalho de revisão da história tradicional que, através da alegoria, problematizamas lutas de uma minoria–nos contos, o povo galego - diante da opressão do poder. A partir da análise dos relatos, acredita-se ser possível demonstrar de que maneira a ficçãodesmonta a totalidade histórica tradicional e estabelece uma nova relação entre o passado e o presente, em um processo dialético essencial que permite que o antes seja transformado pelo agora. PALAVRAS-CHAVE: Narrativa ficcional; Literatura e História; Literatura galega; Xente de Inverno; XoséLois García.

Visiones de Galicia y su historia en la obra de Rosalía de Castro

Cristian Javier Lopez. (UVIGO) RESUMO: El estudio propuesto tiene como objetivo realizar una breve reflexión sobre la construcción identaria del pueblo gallego en su historia, así como la figura del emigrante gallego que deja su tierra y despierta añoranza en los que en ella quedan, por el análisis de esas imágenes presentes en la obra poética de la autora española Rosalía de Castro. Esa búsqueda por las raíces gallegas en su pasado de lucha y resistencia frente a un proceso de desvalorización se encuentra presente, especialmente, en su obra intitulada Cantares galegos, producida en el año de 1863. Para tal intento de análisis, nos valemos, específicamente, de tres poemas pertenecientes a la citada obra: Adiós rios, adiós fontes; Airiños,airiños, aires y A gaita galega. La elección de los mencionados poemas se debe a su importancia dentro de las letras gallegas y españolas y al contenido de los mismos que se enfoca en las relecturas del pasado. En estas composiciones vemos que la poeta retrata, en los versos libres, la historia de su gente, la emigración que se efectúa entre el pueblo gallego y que causa añoranza y dolor, la discriminación que sufren los gallegos dentro de su propio país, entre otras temáticas que retratan la realidad adversa vivida por un contingente que se busca poner al margen de la historia y del propio país, revelando la perspectiva literaria sobre el pasado desde una mirada crítica. PALAVRAS-CHAVE: Literatura gallega; Rosalía de Castro; Historia y memoria

O amor e o medo de Frei Cristoforo e Dom Abbondio na obra Os noivos(1840) de Manzoni

Dalila Mayara Barbosa (UNIOESTE) RESUMO: Obra considerada uma das maiores da literatura italiana, Os noivos, de título original I promessisposi, com a versão definitiva publicada em 1840, é também o primeiro romance histórico italiano. A obra de Alessandro Manzoni narra a história de Renzo e Lucia, que pretendiam se casar, mas, na véspera do casamento, descobrem que não poderão concretizar as bodas, pois o padre foi ameaçado por um dos homens mais importantes e influentes da aldeia e que queria Lucia para si. Daí em diante, tece-se uma teia de intrigas políticas e religiosas até que o desejo do casal se realize. A obra Os noivos foi um marco na literatura italiana, dando início ao romance histórico italiano, cujos personagens têm sua história narrada no período de 1628 e 1630, em um contexto de intensa agitação, pois a Itália estava sob o domínio hispânico e o tormento da peste negra. Diante da importância da obra, observa-se que, apesar de serem discutidos os princípios morais e humanitários da lei cristã na vida em comunidade (PAZZAGLIA, 2006, p. O148), poucas pesquisas direcionadas à vida de dom Abbondio e Frei Cristoforo foram realizadas. A postura de ambos são decisivas no desfecho da vida do casal protagonista, portanto, surgem questionamentos: o que motiva cada um a tomar suas decisões? Quais são os princípios que, de fato, são seguidos por cada um deles e quais as consequências disso para o enredo? Este artigo compõe a pesquisa que se efetivará no Trabalho de conclusão de curso realizado este ano. PALAVRAS-CHAVE: romance histórico; literatura italiana; análise literária; cultura italiana.

Lugares de memória na obra El lápizdel carpinteiro(1998)de Manuel Rivas

Débora Karine Vollmann (UNIOESTE) RESUMO: A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) foi um conflito bélico caracterizado por muitas violências, mortes e traumas; logo depois de finalizada, foi instaurada na Espanha a Ditadura Franquista (1939-1975), que prosseguiu com os métodos de torturas, aprisionamentos e fuzilamentos. Após esses acontecimentos de guerra e pós-guerra, houve um período de silenciamento na Espanha, que visava “esquecer” os fatos ocorridos durante 1936 a 1975, por meio de um acordo tácito entre os espanhóis. Essa temática (de guerra e franquismo) quase não era tratada nas representações sociais; foi somente a partir de 1990 que as memórias da Guerra Civil Espanhola e do Franquismo começaram a ser retomadas em diversos meios, como em obras de ficção. Entre as obras literárias que surgem para retratar esses temas, tem-se El lápizdel carpinteiro (1998), do escritor galego Manuel Rivas, obra que, atualmente, já existe traduzida para outros idiomas. Visto que a literatura galega foi praticamente silenciada durante o franquismo, o romance tem o intuito de revelar o terror que foi a GCE, especialmente na Galícia (atual Comunidade Autônoma na Espanha). A obra narra uma história que se passa em Santiago de Compostela e na Corunha, e busca retratar a realidade na guerra e no início da ditadura. Dessa forma, este trabalho visa verificar a representação das memórias encontradas nesse romance histórico, observando como o passado espanhol pode ser reconstruído de maneira bastante verossímil pela ficção. PALAVRAS-CHAVE: Guerra Civil Espanhola; Franquismo;El lápizdel carpinteiro.

A Imigração japonesa e o processo de construção da identidade nipo-brasileirana obra Nihonjin

Fabiana Almeida Sambati (UTFP) Maurício César Menon (UTFP) RESUMO: Este trabalho busca lançar um olhar sobre o processo formação da identidade cultural nipo-brasileira no romance histórico Nihonjin (2011), de Oscar Nakasato, que ilustra a saga de imigrantes japoneses no Brasil e suas peculiaridades, evidenciadas de forma marcante em contraste à cultura ocidental. A maioria dos japoneses que no Brasil desembarcou, no alvorecer do século XX, procurou preservar seus costumes e tradições, ainda que imersa em uma realidade bastante diferente daquela da terra natal. Em terras estrangeiras, onde se torna impossível evitar a "contaminação" dos costumes, da língua, e dos diversos fatores socioculturais, surgem os dilemas dos que se esforçam para adaptarse ao novo cotidiano, em oposição à resistência de outros que tem em macular a tradição que trazem arraigada em si, fruto de uma cultura milenar. Alguns desses elementos foram identificados na obra e lançados à luz para suscitar algumas reflexões sobre como se configura essa construção identitária de algumas das personagens do livro. Nesse contexto, emerge a figura de Hideo, representante dos imigrantes japoneses, recémchegado à terra nova, disposto a superar as dificuldades culturais impostas pela barreira da língua e dos costumes. Na condição de estrangeiro, o protagonista confronta-se não apenas com a difícil adaptação aos hábitos culturais divergentes, mas com o choque de gerações, decorrente da relação conflituosa com os filhos brasileiros. As transformações que se seguem na trama, fruto da incorporação dos novos costumes, são percebidas gradativamente no modo de pensar e agir das personagens. Sob essa perspectiva, este trabalho enfoca as problemáticas advindas do processo de formação cultural de algumas personagens do romance Nihonjin em face aos desafios da diversidade, do impasse diante da defesa de uma tradição milenar e da necessidade de assimilação de um modo de vida contrastante, em que o passado e o futuro se convergem. PALAVRAS-CHAVE: Imigração japonesa; Identidade cultural;Nihonjin.

As outras histórias do Brasil Colônia: O Fundador (2011), de Aydano Roriz – Tomé de Souza e as aventuras da fundação da primeira capital do Brasil sob as luzes da ficção

Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE) RESUMO: A história do “descobrimento” e da colonização do Brasil prevaleceu durante séculos registrada apenas sob o discurso hegemônico da história oficial composta de cartas, tratados, relatos, documentos emitidos pela Coroa portuguesa, etc, sendo todos produzidos sob a perspectiva do poder que tomava posse do território. A lenta, mas progressiva, adesão da literatura brasileira às releituras críticas do passado pela ficção, fortemente exercida pela literatura hispano-americanados países vizinhos ao Brasil já na década de 70 do século passado, tem trazido à luz uma série de novas perspectivas desses episódios tão marcantes de nossa história. Essas releituras conferemoutros matizesaos episódios antes registrados sob o discurso hegemônico da história,em escritas híbridas que se podem considerar novos romances históricos, metaficções historiográficas e romances históricos contemporâneos de mediação. Assim, romances como Terra Papagalli (2000), de José Roberto Torero e Marcus Aurilius Pimenta, Meu querido Canibal (2000), de Antonio Torres,O Fundador (2011), de Aydano Roriz, assim como Desmundo (1996), de Ana Miranda ilustram, respectivamente, essas diferentes modalidades de escrita híbrida de história e ficção que releem nosso passado. Entre esses romances, o de Aydano Roriz é o menos conhecido e, por esse motivo, dedicamo-nos a analisá-lo, a fim de constatar como o romancista efetua sua releitura da fundação da primeira capital do Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Romance histórico contemporâneo de mediação; Literatura e história; O Fundador (2011), de Aydano Roriz.

Em liberdade: História e literatura brasileira em um período repressor

Juliana Prestes de Oliveira (UFSM) RESUMO: Este trabalho procura analisar o entrecruzamento entre História e literatura brasileira no romance Em liberdade (1981), do escritor Silviano Santiago. Durante o enredo nos apresenta as memórias do escritor brasileiro Graciliano Ramos após ser da prisão durante o regime ditatorial do Estado Novo. Santiago escreve como se fosse o próprio Graciliano e utiliza estratégias linguísticas para convencer o leitor de que o livro se trata de um manuscrito deixado por Graciliano Ramos. Atenta a isso, a análise aqui proposta também busca entender o valor e o efeito semântico deste entrecruzamento de vozes, que remonta à história de um escritor que realmente existiu, à H(h)istória do Brasil e à história da literatura brasileira. Essas estratégiasnos levam a repensar alguns acontecimentos durante o regime de Getúlio Vargas e nos fazer refletir sobre a literatura nacional, sua situação e transformações, bem como que Silviano Santiago vivenciou. À medida que o romance vai sendo construído, percebe-se como estava a situação do país e da literatura em uma época de repressão e censura. Por meio desse jogo literário e a utilização de várias vozes, o autor traz à tona partes da História que eram deixadas de lado, ou apagadas por aqueles que detêm o poder, permitindo ao leitor o acesso a uma versão diferente dos fatos ocorridos. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; História; Em liberdade; Regimes políticos.

Mescla de elementos históricos e ficcionais no romance latino-americano contemporâneo: estudo de caso sobre as obras de Vargas Llosa e Junot Díaz Janaína Buchweitz e Silva – UFPel RESUMO: A presente pesquisa está alicerçada nos fundamentos da literatura comparada, e pretende versar sobre as relações entre literatura e história, a partir da análise das diferentes abordagens propostas pelos autores Mario Vargas Llosa e Junot Díaz nos romances A festa do bode e A fantástica vida breve de Oscar Wao. Nas obras, que retratam o período ditatorial da República Dominicana, são analisadas com maior detalhamento as temáticas da ditadura dominicana, da diáspora dominicana e mais especificamente da representação do ditador Leonidas Trujillo. Para a fundamentação teórica do trabalho será utilizado o conceito de metaficção historiográfica proposto por HUTCHEON (1991), tendo em vista que os dois romances apresentam características de metaficção, tais como a pluralidade dos pontos de vista e as frequentes intervenções do narrador. O fato de ambas as obras abordarem o mesmo período histórico motivou o interesse pelo desenvolvimento de um estudo comparatista, visando destacar as semelhanças e diferenças nas abordagens propostas pelas obras de Llosa e Díaz, principalmente referente às temáticas da ditadura dominicana, da diáspora dominicana e da representação do ditador Leonidas Trujillo. PALAVRAS-CHAVE: Metaficção historiográfica; ditadura dominicana; literatura latino-americana

Gabriel García Márquez e o pacto autobiográfico

Kaline Cavalheiro (PG-UNIESTE)

RESUMO: Gabriel José García Márquez é considerado um dos autores mais importantes do século XX. García Márquez foi um dos responsáveis pela difusão do realismo mágico na literatura latino-americana. Em sua obra Viver para Contar(2003) ele narra o início de sua carreira como escritor e as origens do realismo mágico. Com referencias a outras obras do escritor colombiano, tais como Crônica de uma morte anunciada (1981); O amor nos tempos de cólera (1985) e Cem anos de solidão (1967), Viver para Contar (2003) possui uma mistura do seu estilo de narrativa, que é tão particular de García Márquez, com as histórias de sua infância e seu início como escritor. Por esse motivo, nessa obra percebemos uma relação entre ficção e realidade, essa ligação é colocada em questão em toda a narrativa e é partindo desse ponto que esse artigo tratada relação de Viver para Contar (2003) e o Pacto autobiográfico definido por Philippe Lejeune (2008). Buscamos analisar como a obra de García Márquez trabalha com o gênero autobiográfico e como seu estilo de narrativa é refletido na construção da obra que narra a sua própria vida, além de perceber quando a relação de escritor e personagem se rompe e se mistura na construção de Viver para Contar(2003). PALAVRAS-CHAVE: Gabriel García Márquez; Autobiografia, Narrativa, Ficção.

As imagens de Malinche em Xicoténcatl (1826): primeiras configurações literárias de “La lengua de Cortés”

Leila Del Pozo González (PG-UNIOESTE) Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE) RESUMO: O romance Xicoténcatlé uma produção literária do período romântico hispano-americano. A sua publicação está rodeada de um certo mistério que obedece ao locus enunciativo presente no romance. Publicadoem espanhol na Filadélfia, Estados Unidos, em 1826 e, além do mais, de autor anônimo, Xicoténcatlnão só é a primeira manifestação de romance histórico latino-americano, também abriga o germe do novo romance histórico latino-americano. A personagem histórica presente nesse romance que pretendemos analisar é Malinali, ou Marina Ténepal, uma indígena que ocupou um lugar de destaque na historia da conquista da América Latina pelos espanhóis, mesmo que sua atuação tenha gerado muita controvérsia. Ao redor da vida dela se teceram muitas histórias, inclusive, foi considerada culpada pela queda de todo um império por grande parte da população mexicana. Esta mulher foi uma das vinte escravas com que o povo Totonaca presenteou o grupo de conquistadores liderado por Cortés (LÓPEZ DE GÓMARA, F. apud HERREN, 1993, p. 25). Enquanto que nas Cartas de relaciones de Hernán Cortés é referenciada unicamente como “lengua”, só é mencionado seu nome, Doña Marina, em momentos em que não é mais útil para Cortés. O romance Xicoténcatl(1826) introduz pela primeira vez na literatura a configuração da personagem histórica Malinche, sob a configuração de colaboradora de Hernán Cortés, representante da corrupção nativa durante o período da conquista americana. Pretendemos verificar a configuração da personagem histórica Malinche e confrontá-la com os documentos oficiais. PALAVRAS-CHAVE: Xicoténcatl (1826); Malinche; romance histórico latinoamericano.

A história da Guerra do Paraguai revisitada no romanceCunhataí

Marinalva da Silva Pedro de Almeida (UFGD) Paulo Bungart Neto (UFGD) RESUMO: A invasão dos paraguaios às terras da Província do Mato Grosso nos anos de 1864 a 1870 levou o Paraguai a um enfrentamento com a Tríplice Aliança, formada pela união do Brasil, Argentina e Uruguai, e deflagrou a Grande Guerra, Guerra do Paraguai ou Guerra da Tríplice Aliança,caracterizada como um marco histórico para esses países. Ainda hoje, após um século e meio de seu acontecimento, o episódio encontra-se entre os fecundos temas pesquisados, explorados e debatidos em obras conceituadas, quer histórica ou literária. Por conseguinte, é também o fio condutor que percorre a leitura reflexiva que nos propomos a fazer em torno da obra intituladaCunhataí: um romance da Guerra do Paraguai (2003), da escritora mato-grossense (Cuiabá) Maria Filomena BouissouLepecki. O romance apresenta marcas não só da ficção, mas também da história e da memória asquais, por intermédio da intertextualidade, vão se entrelaçando e enriquecendo a narrativa que recupera, pela ótica de uma mulher, a história dessa Guerra. Pautando-nos, então, nas premissas discutidas por alguns teóricos estudiosos dahistória e da literatura, buscamos compreender e apresentar a obra sob alguns pontos de vista que permeiam o espaço fronteiriço entre os saberes histórico, memorialístico e ficcional presentes no discurso contemporâneo. PALAVRAS-CHAVES: Cunhataí; intertextualidade; Ficção; História; Memória.

Anita Garibaldi sob as luzes da ficção – romances históricos latino-americanos relendo o passado

Marina Rohde (UNIOESTE) RESUMO: O presente artigo busca realizar uma análise dos romances Anita (2010), de Flávio Aguiar e Anita cubierta de arena(2003), de Alicia Dujovne Ortiz no que concerne uma reapresentação de personagens históricos deixados à margem pela história oficial. O romance Anita (2010) oferece uma releitura da personagem histórica Anita Garibaldi. Em linhas gerais, a obra busca configurar uma Anita distinta daquela evidenciada pela historiografia. Algo análogo acontece com o romance Anita cubierta de arena (2003),no qual a autora cria um enredo que ora corrobora com os aspectos históricos, ora os revê, propondo diferentes perspectivas à figura da protagonista. À luz dos pressupostos teóricos de Silviano Santiago (1971), com o conceito de “entre-lugar” – que situa o sujeito-escritor latino-americano em uma posição de mediação entre o cânone e o periférico – e Eduardo F. Coutinho (2003) – com a concepção da importância da mestiçagem e multiculturalismo na América Latina – procura-se atentar para a produção de romances por um viés que demonstre uma atitude descolonizada dos latino-americanos, permitindo que o seu imaginário deixe de ser uma extensão do imaginário europeu. Ainda como referencial teórico, abordar-se-á Menton (1993) com o conceito de Novo Romance Histórico, Fleck (2007-2011), com seu conceito de romance histórico contemporâneo de mediação, Mignolo (2001) que menciona que uma convenção de ficcionalidade não necessariamente presente na literatura e Sharpe (1992) com a concepção de uma “história vista de baixo”. Por fim, o artigo intenta apresentar uma distinta faceta de uma personalidade brasileira por meio de obras latino americanas que revitalizem o passado histórico. PALAVRAS-CHAVE: Anita Garibaldi; Romance Histórico Latino-americano contemporâneo; Literatura e História.

A história revisitada em A segunda Pátria de Miguel Sanches Neto: a escrita daquilo que poderia ter sido

Marco AntonioHruschka Teles (UEM) Luís Cláudio Ferreira Silva (UNESP) Jackson José Pagani (UEM) RESUMO: O presente trabalho faz uma análise do romance A segunda Pátria, de Miguel Sanches Neto, sob a ótica do pós-modernismo, mais especificamente da metaficção historiográfica. Sabe-se que muitos acontecimentos e pessoas foram silenciados, excluídos e / ou eliminados dos compêndios literários e dos registros históricos. Como identificar o que faz parte da história, ou seja, o que de fato ocorreu, e aquilo que foi inventado, uma ficção? Como saber se os documentos históricos são narrados com objetividade e neutralidade? Seria a história também uma ficção? Devido ao caráter subjetivo do discurso, sempre impregnado de intencionalidade, poder-se-ia dizer que a história e a ficção se confundem, problematizando a noção de verdade (única e absoluta), colocada em xeque, culminando em verdades (pontos de vista diferentes de um mesmo fato). Para Hutcheon (1991), a metaficção historiográfica se aproveita das verdades e das mentiras do registro histórico. O romance de Miguel Sanches Neto, autoconsciente de seu caráter ficcional, usa nomes, lugares e fatos históricos relevantes levando o leitor a refletir sobre o passado, agora alternativo, recontado pela voz de personagens excêntricos, os quais tiveram suas vozes abafadas ao longo da história. Para Jacques Ehrmann (1981), a história e a literatura não existem em si e por si, são os homens que as constitui como objeto de sua compreensão. PALAVRAS-CHAVE: Metaficção historiográfica; ficção; história; Miguel Sanches Neto; Romance.

A história da Guerra Civil Espanhola representada na ficção: o romance Las trece rosas e sua transposição fílmica Patrícia Dal’moro Mendes (PG-UNIOESTE) Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza.(UNIOESTE) RESUMO: Mesmo os fatos históricos por si só possuindo diversas versões, ao agregálos às histórias ficcionais se tem uma nova história, que ficcionaliza a realidade. Além dos romances históricos, tem-se outro meio que também pode ficcionalizar aspectos históricos: as narrativas fílmicas. A história de um romance transposta para um filme torna-se uma nova história. Este trabalho objetiva apresentar e analisar como aspectos relacionados ao pós-guerra na Espanha(1939-1975) são representados no romanceLastrece rosas(2003) e no filme de mesmo nome. As representações fílmicas possuem características próprias na narração de uma história, por esse motivo pretendese ainda verificar as mudanças de sentido que podem ser geradas na transposição do relato literário do romance, para a obra cinematográfica,Lastrece rosas (2007).Emborahomônimos, o romance e o filmeLastrece rosas possuem características próprias na narração dos fatos, fazendo com que um mesmo acontecimento histórico seja representado com suas diversas visões e versões. Tanto a obra literária, quanto a fílmica deLastrece rosas baseiam-se na história real de treze jovens que lutavam por seus ideais no pós-guerra espanhol. Entretanto o romance e o filme por serem retratados pormeios derepresentaçõesficcionais diferentes tornam-se histórias distintas, cada uma com suas características próprias.Atenta-se para o fato que mesmo a literatura e o cinema, ao exibir elementos históricos, como personagens e acontecimentos, sempre serão representações, mas nunca a própria realidade. PALAVRAS-CHAVE: Guerra Civil Espanhola; Lastrece rosas; Cinema; Literatura; Ficção

A atemporalidade mnemônica e o registro historiográfico: “Elextranjero”, de María Rosa Lojo

Robert Thomas Georg Würmli Gilmei Francisco (UNIOESTE) RESUMO: Esta publicação tem como intuito centralizar a obrada escritora argentina María Rosa Lojo. Crítica literária contemporânea e autora de renome, sua produção engloba, em geral, a temática da ruptura, do (não-)pertencimento e do desassossego, seja histórico ou existencial. Para contemplarmos parte de sua produção, delimitar-se-á o conto “El extranjero”, presente em sua coletânea Amores insólitos de nuestra historia (2011), como corpus fulcral de análise. Nele, serão visíveis as características de reconstrução historiográfica condizentes com boa parte da produção literária, essencialmente hispano-americana, do século XX – principalmente aquela realizada na segunda metade do século. Partindo da existência corroborável pela historiografia de indivíduos como Gabriel Iturri, andrógino argentino que vivia com o conde Robert de Montesquiou-Fésenzac durante o período decadentista da belle époque parisiense, o conto revisa os limites identitários entre indivíduos que não pertencem, sejam eles americanos ou europeus. Por meio do pluriperspectivismo, o conto questiona e relê parte das biografias de seres tão singulares à época em que viviam, projetando, assim, releituras contemporâneas da história e das relações entre viventes distintos. Para que tal análise seja perpetrada, no entanto, são necessárias as contribuições de diversos pesquisadores relacionados à área da Literatura, bem como àqueles que contato possuem com a historiografia. Portanto, serão utilizados, ao longo da feitura do texto, leituras e comentários de acadêmicos como Jameson (1986), Ahmad (1987), Kristeva (1994), Lojo (1996) e Esteves (2011). PALAVRAS-CHAVE: Literatura argentina; estrangeiro; revisionismo; o Outro; literaturas historiográficas

O relato do eu em O que é isso, companheiro?,de Fernando Gabeira

Weslei Roberto Cândido( UEM) RESUMO: A presente comunicação tem por objetivo discutir a construção de uma memória da ditadura militar a partir do relato do narrador-personagem do livro O que é isso, companheiro? Nesse relato Fernando Gabeira assume os riscos de narrar desde um ângulo pessoal, uma visão dos momentos de crise política no país, do qual participou como testemunha e muitas vezes como ator dos fatos. Como afirma Jacques Le Goff, “A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual e coletiva[...]” (2013, p. 435), portanto, esperamos mostrar como o ato de narrar é uma forma de buscar a identidade da personagem como atuante no processo de ditadura no país e, indiretamente, dar sua versão dos acontecimentos de 1964. Assim, por meio da memória individual conquista-se a memória coletiva do povo brasileiro. O livro de Gabeira está no limiar do hibridismo de gênero: difícil classificá-lo como romance, como história, como memória ou como relato pessoal de um momento da repressão político militar no Brasil, uma vez que a memória possui um caráter flutuante e se presta aficcionalizações. De acordo com Pollak isso se dá em “[...]função do momento em que ela é articulada, em que ela está sendo expressa. As preocupações do momento constituem um elemento de estruturação da memória. E se adequa ao contexto social e político em que vive aquele que narra suas experiências” (1992, p.4). Assim, pretende-se analisar como se dão essas negociações entre memória e história política na construção do livro de Fernando Gabeira. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Memória; História; Ditadura.

SIMPÓSIO - RELEITURAS DOS GÊNEROS CLÁSSICOS ANTIGOS, TRAGÉDIA E COMÉDIA NAS PRODUÇÕES DRAMATÚRGICAS CONTEMPORÂNEAS SALA: 35 Coordenadores: Dra. Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE) Dra. Carmen Luna Sellés (Universidade de Vigo – UVIGO) Ms. Maricélia Nunes dos Santos (UNILA/UNIOESTE) Me. Pedro Leites Junior (UNIOESTE) RESUMO GERAL: Considerando que uma das vertentes principais das artes contemporâneas ancora-se na releitura dos textos clássicos, o presente simpósio, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, tem como propósito refletir como os escritores literários e dramaturgos da contemporaneidade abordam e ressignificam temas e aspectos estruturantes da tragédia e da comédia antiga em suas produções dramatúrgicas contemporâneas. O simpósio pretende abrir espaços para discussão de releituras ou adaptações de clássicos, observando aspectos relativos aos temas, motivos, estruturas formais e produção de novos sentidos, ou seja, em que medida a produção contemporânea dialoga com o passado. Por meio de estudo comparado de autores que se aproximam, recriando ou fazendo transposições, propõe-se uma reflexão sobre a transformação de conceitos e temas privilegiados nos textos clássicos, tentando compreender de que maneira as formas da tradição são reinterpretadas na contemporaneidade, em especial o sentido do trágico e do cômico. Assim, este simpósio tem como proposta reunir pesquisadores interessados em expor suas experiências ou seus estudos sobre teatro e dramaturgia na relação com a teoria e a crítica comparada. PALAVRAS CHAVE: Dramaturgia; Intertextualidade; Estudos Clássicos; Releituras.

Classicismo e vanguarda em Federico García Lorca Carmen Luna Sellés. Universidade de Vigo – UVIGO RESUMO: Em relação com o Simpósio “Releituras dos gêneros clássicos antigos, tragédia e comédia nas produções dramatúrgicas contemporâneas” que tem como propósito refletir como os dramaturgos contemporâneos abordam temas e aspectos estruturantes da tragédia e da comédia antiga, analisaremos na produção dramática de Lorca a impressão do teatro clássico espanhol em dita produção, sobretudo na configuração das personagens. No repertório de Lorca, admirador e adaptador de várias obras de teatro do Século de Ouro espanhol, aprecia-se a textura clássica de seu teatro poético enlaçada com suas propostas de índole vanguardista. Através desta comunicação trataremos de mostrar, sobretudo centrando-nos em Bodas de sangre, La zapatera prodigiosa y Amor de Don Perlimplíncon Belisa en su jardín, como Lorca reinterpreta na contemporaneidade a herança do teatro clássico espanhol, em especial o sentido do trágico e o cômico. PALAVRAS-CHAVE: Dramaturgia; Lorca;releituras;clássicos; Século de Ouro.

As formas épico-narrativas na peça Café, de Mário de Andrade: o teatro épico no Brasil dos anos 1930 Sula Andressa Engelmann. Universidade Estadual de Maringá – UEM RESUMO: Essa comunicação tem como objetivo analisar como as formas épiconarrativas foram fundamentais para a expressão da crise da sociedade à época do modernismo em Café, de Mário de Andrade. O estudo parte dos textos: O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov de Walter Benjamin e Posição do narrador no romance contemporâneo de Theodor Adorno, para assim compreender como as modificações na forma narrativa resultaram em transformações na narrativa oral, no romance e no teatro. Segundo Benjamin, depois da Primeira Guerra Mundial a arte de narrar esteve quase em extinção, pois não era mais possível intercambiar experiências como antigamente. Adorno destaca também a impossibilidade de se narrar no romance contemporâneo, visto que a forma do romance tradicional já não condizia com o contexto histórico. Com isso, o romance questiona a linguagem, para assim diminuir a distância estética. Possibilitando uma abertura reflexiva sobre a função social da arte e uma dialética entre forma e conteúdo. Processo análogo ocorre com o teatro, o qual rompe com a forma do drama burguês colocando em cena o coletivo, buscando o diálogo crítico e reflexivo. Alinhado a isso, a peça Café, tragédia coral em três atos, adota a forma épica como meio de instaurar a reflexão sobre questões sociais e históricas da época, sendo que a narratividade ocorre pela presença do coro, guiado pelo ponto de vista do operário e do camponês, pela criação da linguagem, pelo uso da paródia e pelo assunto histórico. Interessa-nos mostrar como isso ocorre em determinadas passagens da peça. PALAVRAS-CHAVE: Literatura e Sociedade; Teatro Épico; Mário de Andrade.

Dias Gomes e a percepção pantagruélica sobre o mundo Cleiser Schenatto Langaro – UNIOESTE Lourdes Kaminski Alves – UNIOESTE (Orientadora) RESUMO: Dias Gomes, dramaturgo brasileiro do sec. XX, assim como Rabelais, escritor francês do sec. XVI, problematizou a realidade histórica, política e social de sua época a partir da estética do grotesco e suas variações e apresentou, em suas obras, uma visão cômica sobre o mundo e suas relações. O emprego de tais recursos estilísticos revela atitude de resistência ao dogmatismo, às posturas autoritárias, principalmente as da ditadura militar. Utilizando-se da farsa e do riso ambíguo e carnavalesco sugeriu o destronamento de figuras sociais, virtudes e vícios, mitos e estruturas formais, o que dialoga com o estilo rabelaisiano apresentado em Gargântua e Pantagruel, obra escrita em contexto francês de reformas e importantes transformações em fins da Idade Média e início do Renascimento. Tendo por base as formulações conceituais de Bakhtin (1996) sobre o realismo grotesco, o riso satírico e farsesco, a carnavalização que ridiculariza, destrona e regenera, além da paródia e da alegoria apresentadas na obra A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o Contexto de François Rabelais, concepções de Auerbach (2013), Hugo (2009), Minois (2003), Bergson (2001), Hutcheon (1985) e outros, propõem-se reflexões acerca da propagação do riso grotesco e carnavalesco às produções cômicas contemporâneas de Dias Gomes. Observa-se, portanto, que a percepção grotesca do mundo, o riso farsesco e a sátira política, comuns em Rabelais, são ressignificadas por Dias Gomes, compondo um diálogo a partir do estilo, pelo sentido do cômico e suas formas. PALAVRAS-CHAVE: Dias Gomes; Rabelais; realismo grotesco, sátira política, dramaturgia contemporânea.

A história como ficção – a construção do passado ficcional na Antiguidade Clássica Ricardo Hiroyuki Shibata – UNICENTRO RESUMO: Para o pensamento da Antiguidade Clássica e suas continuidades no Humanismo/Renascimento, a história, antes de ser uma disciplina ou um campo de saber autônomo, era considerada um tipo específico de gênero de discurso, quer dizer, um aparato literário que deveria se adequar a certos ditames pragmáticos e enunciativos. Assim, se Aristóteles afirmava, na Poética, que a poesia/literatura tratava do que “poderia ter acontecido” e a história do que “aconteceu”, a distinção não se restringia apenas ao grau de especulação filosófica, porém, ao modo de apropriação do real, ao aparato linguístico e às formas específicas de narrar. Nesse âmbito doutrinal, o que fica particularmente claro é que o ofício do historiador não é analisar os fatos e eventos, conforme as normas restritas do interesse documental ou arqueológico, porém, isto sim, trata-se de construir uma interpretação como forma heurística – literária, antes de tudo – em que pese, sobretudo, os juízos éticos e seu funcionamento moralizador. Nesse sentido, a história só pode ser devidamente interpretada pelo ponto de vista da ficção. A própria historiografia, com seu processo complexo de elaboração, por sua vez, deve passar necessariamente pelo crivo formal dos elementos ficcionais. É justamente, no interior dessa dialética entre história e ficção, que os indivíduos devem se constituir como sujeitos, levando em conta a forte temporalidade em que estão estrategicamente inseridos. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; História; Antiguidade Clássica; Poética.

Homero, Ilíada e suas confluências Lidiane Cossetin Alves – UNIOESTE Paulo Henrique dos Santos – UNIOESTE Lourdes Kaminski Alves – UNIOESTE (Orientadora) RESUMO: O objetivo desta pesquisa é refletir sobre aspectos de releitura referentes à obra Ilíada, escrita por Homero e que é considerada marco inicial da literatura no ocidente. Nesse sentido, será direcionada a atenção ao posicionamento da voz autoral na obra, à relação entre “fato” “ficção” e a convergência destes fatores na constituição do gênero epopeia. Utilizaremos como aporte teórico Aristóteles (2013), que em sua poética caracteriza o gênero pesquisado. Partimos, também, de pesquisas de Junito Brandão (2004), Thomas Bulfinch (2006) e Peter Jones (2013) para exemplificar os acontecimentos alusivos à obra e aos antecedentes dela, como a história da guerra de Tróia e as analogias feitas no enredo de Homero em outras culturas. Ademais, entendemos a obra clássica como uma importante ferramenta para a Paidéia, ou seja, a união de um povo e a disseminação de diferentes saberes por meio da prática de leitura, podendo ou não levar ao sentimento catártico. Tomamos Ilíada para estudo com a finalidade de apontar em quais momentos o mito se funde com a sabedoria oral e com o desenvolvimento das sociedades e da escrita até os dias de hoje. Busca-se demonstrar, nesse sentido, o quanto essa narrativa tem o poder de resgatar a fala popular e transformála em um discurso educativo segundo valores que reforçam o sentimento de nação e heroísmo na Grécia Antiga. PALAVRAS-CHAVE: Questão homérica; Ilíada; literatura clássica.

Coração Denunciador: Um diálogo entre linguagens e ensino Fernanda Tozo – FAG Juliana Batista – FAG Karen Fornari – FAG RESUMO: Este estudo tem por objetivo promover uma análise pelo viés das diferentes linguagens entre o conto Coração Denunciador (1843) de Edgar Allan Poe e o curtametragem produzido por Trish Mitchell (2001), que é considerado uma adaptação do conto. A análise visa a explorar o conceito do conto de terror, a partir de uma abordagem que explore, além das diferentes linguagens, os quatro eixos do ensino da Língua Portuguesa. A intenção e de comparar os dois textos ressaltando os diálogos que os dois apresentam: as características dos personagens empregados em cada um e a ambientação criada pelo diretor do curta-metragem. O conto se define pela sua pequena extensão e por ser um gênero literário que apresenta uma grande flexibilidade, ele também se destaca por ter um elevado índice de aceitação pelo público adolescente, por ser um gênero considerado instigante; o curta-metragem, por outro lado, apresenta de forma concreta o que o leitor possivelmente criou na mente no momento da leitura, permitindo a comparação da obra com a adaptação cinematográfica, o curta pode se constituir como forma de provocar a leitura do conto. A pesquisa deu-se a partir dos estudos sobre o autor Edgar Allan Poe com o embasamento teórico de autores como Antônio Cândido (2002); Fiorussi (2003); Hutcheon (2013), Samoyault (2008), dentre outros. PALAVRAS-CHAVE: Análise; Coração Denunciador; Conto de Terror;CurtaMetragem.

Intertexto e direcionamento trágico em Electra enlutada (1931), de Eugene O’Neill: diálogos com a tragédia grega Pedro Leites Junior – UNIOESTE RESUMO: Integrando o arcabouço teórico da Literatura Comparada descrito por pesquisadores como Sandra Nitrini (2000), Coutinho e Carvalhal (1994) e Brunel et al (1970), partindo ainda do conceito de Intertextualidade, tomado no sentido proposto por Jenny (1979), o presente estudo, resultado parcial de pesquisa de doutorado em andamento, propõe uma reflexão sobre alguns dos fatores determinantes dos processos miméticos empregados na elaboração de Electra enlutada (1931), trilogia dramática do autor estadunidense Eugene O’Neill. Tratar-se-á, mais especificamente, do sentido de tragicidade expresso no mímema. Para tanto, serão consideradas as relações de intertextualidade para com a Electra (413. a.C.), de Eurípides, a obra homônima (entre 420 a.C. e 413 a.C.) de Sófocles, assim como para com a Oréstia (458 a.C.) de Ésquilo. Pretende-se ver no intertexto, primeiramente, como se dá a concreção do substrato mítico grego na obra norte-americana. Posteriormente, propõe-se verificar de que forma dialoga com as estratégias de composição da tragédia grega enquanto gênero dramático/literário. O elemento trágico será tomado tanto desde o ponto de vista dos estudos literários como da perspectiva de pensadores amiúde estudados no campo da filosofia. Nesse sentido, elegemos, para a fundamentação teórica, os estudos de autores como Albin Lesky (2006), Peter Szondi (2004), Arthur Schopenhauer (1938), Junito de Souza Brandão (2011) e Aristóteles (1984). PALAVRAS-CHAVE: Mímesis; Mito de Electra; Electra enlutada; Trágico; Intertextualidade.

Aspectos da cosmovisão carnavalesca em Farsa da boa preguiça, de Ariano Suassuna

Maricélia Nunes dos Santos (UNIOESTE/ UNILA) RESUMO: A Antiguidade Clássica e o Helenismo caracterizam-se como períodos em que houve um processo intenso de desenvolvimento de inúmeros gêneros literários associados ao campo do chamado cômico-sério. Tais gêneros, conforme esclarece Bakhtin (1981), se assemelham no que concerne a sua íntima relação com o folclore carnavalesco, à cosmovisão carnavalesca que lhes é inerente e, amiúde, ao fato de que derivam de gêneros folclórico-carnavalescos orais. Nesse sentido, a literatura cômica medieval se aproxima do cômico-sério antigo, haja vista que ambos mantêm vínculo acentuado com o que Bakhtin (1981) chama de cosmovisão carnavalesca. No âmbito dessa cosmovisão carnavalesca, fartamente disseminada no contexto medieval, tiveram êxito diversos gêneros da esfera cômica, entre os quais se destaca a farsa. Considerando, pois, tal panorama, em que a referida cosmovisão figura historicamente como elemento inerente à fertilidade dos gêneros cômicos e compreendendo sua importância na consolidação da farsa como gênero da literatura cômica na Idade Média, interessa-nos a leitura interpretativa da obra Farsa da boa preguiça (1960), do escritor brasileiro Ariano Suassuna, com o intuito de apontar aspectos provenientes do cômico carnavalesco que operam na constituição dessa farsa contemporânea, de modo a caracterizá-la como uma produção cômica de caráter ambivalente, conforme o entendimento preconizado por Bakhtin (1981 e 1999). PALAVRAS-CHAVE: Farsa da boa preguiça; Ariano Suassuna; cosmovisão carnavalesca.

Masculinidades inconclusas: una lectura posible de la ficción de Malvinas Exequiel Svetliza. Universidad Nacional de Tucumán – UNT/Concejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas – CONICET RESUMEN: Durante la última dictadura militar argentina (1976 - 1983) se produjo un proceso de militarización de la cultura nacional en la que el Estado impuso un modelo de masculinidad hegemónica. La recuperación del territorio de las islas Malvinas por parte de las fuerzas armadas el 2 de abril de 1982 y la posterior derrota bélica en manos del ejército inglés, determinó no sólo la transición entre la sucesión de gobiernos de facto y el retorno de la democracia, sino también la puesta en crisis de esa cultura militar que la dictadura había instaurado. Algunos estudios - principalmente el desarrollado por Paola Ehrmantraut en: Masculinidades en guerra. Malvinas en la literatura y el cine - han abordado el análisis del corpus de obras ficcionales que nos ha legado el conflicto bélico desde una perspectiva de género. En este caso, partimos de una cartografía diferente de relatos literarios y cinematográficos de Malvinas producidos en Argentina en las que se representa una masculinidad en crisis. Analizamos este tipo de representaciones para deconstruir algunas de las formas de las que se ha valido la ficción para mostrar cómo la violencia impuesta por la cultura militar durante la guerra, lejos de consolidar ese modelo de masculinidad hegemónica, por el contrario, termina por deteriorarlo. En consecuencia, en la ficción de Malvinas, el ejército y la acción bélica no contribuyen a la formación de los hombres, sino a su de-formación y destrucción. PALABRAS CLAVE: masculinidad; Malvinas; guerra; representación.

Governo dos corpos: poder e controle a partir da perspectiva de Foucault Franciele Pereira – UNIOESTE RESUMO: Poder, em seu sentido lato, tem sido definido sob vários aspectos, em diferentes contextos ao longo do tempo. Michel Foucault (1926-1984) rompe com o conceito tradicional de poder, que se estabelece de cima para baixo. Essa seria uma explicação muito simples para um fenômeno tão complexo. Para ele, as relações de poder se dão por meio de uma interatividade entre os sujeitos e os grupos. Trata-se de um processo dinâmico, no qual o poder é exercido ora por um grupo, ora por outro, de forma que, em dado momento, os indivíduos (ou grupos) estão na condição de domínio e, em outro, de submissão. Nessa mesma toada, o filósofo formula um novo conceito de relação de poder que se exerce com vistas à regulação dos corpos: o biopoder, que seria o exercício do poder sobre a vida. São as técnicas desenvolvidas ao longo do tempo para dominar os indivíduos, adequando-os aos critérios do sistema vigente. Ao longo do tempo, nas gerações passadas, a atenção que se deu ao corpo e as teorias levantadas foram mudando e transformando-se, em uma relação dialética, e mesmo que renegados, os corpos, em determinadas épocas e culturas, nunca deixaram de ser objetos das relações de poder. Assim, a proposta desse trabalho é, a partir das formulações do teórico, discorrer acerca do controle e da disciplina dos corpos na contemporaneidade, visto como uma necessidade do sistema estabelecido, imprescindível para manter a sua funcionalidade. PALAVRAS-CHAVE: Corpo; política; biopoder.

O estado da arte no Ritmo e Poesia (RAP): a insurgência político-cultural em debate Ronaldo Silva – UNILA Angela Maria de Souza – UNILA Janaina de Jesus Lopes Santana.– UNILA

RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo refletir as insurgências dos significados político-culturais presente no Ritmo e Poesia (RAP), estilo musical do Movimento Hip Hop que se desenvolve como berço cultural nos Estados Unidos na década de 1970. Os significados no RAP ganham formas e se espalham pelos mais diversos Estados-nação, entre eles, vários países da América Latina e Caribe, revelando fenômenos das relações humanas que se cruzam num fluxo de associações, interações e articulações de práticas político-sociais de resistências e diversidades culturais. As dinâmicas de relações culturais pensadas na condição da “diáspora” (HALL, 2006), a partir da pesquisa desenvolvida no projeto de Iniciação Científica intitulado “Estéticas afro-latinoamericanas: o rap redefinindo fronteiras” (PIBIC-UNILA, 2011-2014), realizada no contexto tri-nacional (Foz do Iguaçu – Brasil, Puerto Iguazú – Argentina e Ciudad Del Este – Paraguai), permite-nos reinterpretar as intercessões e coexistências dos significados que cruzam e redefinem-se na produção do RAP. Uma narração das vivências, das experiências e das realidades que imbricam-se nos modos de ser e estar, entre os limites da arte e da vida, num movimento ininterrupto de performances socioculturais tecidos por sujeitos estigmatizados e marginalizados pelas fronteiras dos Estados-nação. Desse modo, como em múltiplas formas culturais, as fronteiras dos Estado-nação, passam a ser redefinidas em um movimento de passagens de significados do estado da arte a uma insurgência político-cultural que deslizam às margens das fronteiras simbólicas a produção de uma heterogeneidade cultural. PALAVRAS-CHAVE: Movimento Hip Hop; RAP; Fronteira.

A imagem convulsiva em Nadja de André Breton Cíntia Machado Santos – UEL RESUMO: A imagem surrealista constitui um novo entendimento de arte, mas especialmente, uma nova visão realidade e do próprio homem. No Primeiro Manifesto (1924) André Breton, fundador do movimento, objetivou delinear o espírito do surrealismo como meio de unificar a psique, de fundir o sonho e a realidade em uma espécie de realidade absoluta: a surrealidade, exaltando o inconsciente, o delírio, a loucura, o fantástico, o insólito; no Segundo Manifesto (1930) Breton propôs a necessidade de subverter a utilidade prática dos objetos. Ao longo da historia do movimento, os diversos artistas vinculados ao surrealismo ajudaram a desenvolver as noções de acaso objetivo e de pintura e escrita automática como formas de reencantamento da vida e, num segundo plano, como forma de construção de uma nova concepção de arte e da poesia, sendo que um dos ícones mais importantes foi a figura da mulher; o encontro amoroso como expressão paradigmática da aproximação de duas realidades distantes, resultando na superação das identidades e dos destinos individuais. O romance Nadja (1928) de André Breton é a expressão literária dos princípios surrealistas, trazendo rupturas para com paradigmas literários, como também o perturbador encontro entre Nadja e Breton. Neste sentido, a presente análise pretende o estudo destes elementos, destacando ainda a noção da beleza convulsiva suscitada neste texto literário. PALAVRAS-CHAVE: Surrealismo; Literatura; Arte; Nadja; André Breton.

SIMPÓSIO - LITERATURA, HISTÓRIA & OUTRAS ARTES NA AMÉRICA LATINA: DIÁLOGOS SALA: 23 Coordenadores: Dra. Isis Milreu (UFCG) Dr. Wellington R. Fioruci (UTFPR)

RESUMO GERAL: Este simpósio insere-se na vertente de estudos próprios à Intersemiótica e/ou às Interartes, desse modo, pretende estabelecer pontos de convergência entre a literatura e outras formas de expressão artísticas, em particular o cinema, considerando a relevância de sua relação com o discurso histórico no âmbito da América Latina. Durante muito tempo, o cinema latino-americano foi menosprezado pela crítica e por especialistas. Robert Stam (2006) postula que essa situação deve-se ao fato de que as produções cinematográficas dos países periféricos eram encaradas como subalternas ao cinema dominante. Nas últimas décadas vivenciamos uma mudança nesse panorama com a revalorização do cinema latino-americano, expressa tanto em premiações quanto na melhoria da circulação dos filmes e, consequentemente, no crescimento do público. Dentre essas produções, há um significativo número de filmes que dialogam com a literatura e com a história latino-americana. Nota-se que apesar da relevância e da qualidade estética de muitas dessas obras ainda há poucos estudos dedicados ao referido tema. Assim, justifica-se a existência deste Simpósio que visa a discutir as relações entre a literatura, a história e o cinema na América Latina, dada a força desse diálogo, no entanto, abre-se espaço para outras relações comparativistas que reflitam sobre linguagens artísticas em contato e, dessa forma, aproximem a literatura das HQs, graphicnovels, pintura, música, narrativas seriadas televisivas, teatro, etc.Nesse sentido, o presente simpósio aceitará trabalhos que abordem dialogicamente as linguagens interartísticas e o discurso histórico. PALAVRAS CHAVE: Literatura; História; Interartes; América Latina.

A recuperação da memória histórica da Argentina em O segredo dos seus olhos: da literatura para o cinema Carla Helena Lange (UTFPR)

RESUMO: Tendo como objeto o romance La pregunta de susojos (2005), do escritor argentino Eduardo Alfredo Sacheri, e sua adaptação cinematográfica El secreto de sus ojos(2009), dirigida pelo também argentino, Juan José Campanella, este trabalho tem o propósito de analisar a contribuição dessas duas obras em relação a recuperação da memória de um país. Sendo classificado como um romance policial contemporâneo, a obra de Eduardo Alfredo Sacheriapresenta diferenças marcantes em comparação ao romance policial tradicional de Edgar Allan Poe, começando pelo próprio detetive, que não é propriamente um detetive, mas sim secretário de um juizado. Porém, mesmo assim, o autor argentino manteve a tríade clássica do gênero policial: detetive, criminoso e vítima, estabelecendo, dessa forma, uma relação com a tradição do gênero policial. Percebe-se que o livro aborda questões relativas à memória histórica da Argentina como, por exemplo, o período ditatorial que o país viveu, principalmente na década de setenta. Assim também é o filme dirigido por Juan José Campanella, no qual ele recria para a telona cenas históricas vividas pelos argentinos durante esse período cruel, que foi a ditadura. Isto posto, as obras em questão serão objetos de uma investigação que busca explorar a forma que se dá essa busca pela recuperação da memória histórica de um país. PALAVRAS-CHAVE:Romance policial; Literatura contemporânea; Memória; História; Cinema.

Fragmentação em Capitu: Relação entre as linguagens literária e televisiva Evelin Gomes da Silva (UFGD) Prof. Dr. Paulo Custódio de Oliveira (UFGD)

RESUMO: A microssérieCapitu (2008) fez parte do Projeto Quadrante, da Rede Globo de Televisão. Trata-se de uma adaptação televisiva do livro Dom Casmurro (1899), que aceita o desafio de materializar a complexa e principal característica do personagem de Machado de Assis: a memória fragmentada do narrador da obra. Um exemplo da concretização do conceito de fragmentação pode ser observadona vinheta de abertura da microssérie, que utiliza diversos recursos tecnológicos, recursos de composição e modos narrativos ao adaptar o livro para a linguagem visual da televisão, pois busca fazer com imagens o que a literatura de Machado de Assis demonstra a partir de elementos narrativos. A vinheta é um recurso tecnológico que faz parte do sistema televisivo. É um elemento agregador de conteúdo que orienta o telespectador e apresenta o tipo de obra que este irá assistir. Em sua construção, geralmente, são utilizados recursos audiovisuais, além de técnicas de designer, produção e criação específicas que visam àidentificação da adaptação televisiva com o seu público. Para tanto, é necessário o estudo da relação entre as narrativas literária e visual, bem como dos sistemas de linguagem da literatura e da televisão. Sendo este o foco, opresente trabalho tem como referências textos de Eugênio Bucci (2000), Antônio Candido (2000), Linda Hutcheon (2013), Tânia Pellegrini (2003) e Renato Luiz Pucci Júnior (2014). PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Televisão; Capitu; Adaptação; Estudos Interartes.

“Pura memória”: experiência de exílio, representações da realidade e da identidade social da nação Fernanda Palo Prado (USP)

RESUMO: Outubro de 1974 foi a época que marcou a partida ao exílio do escritor argentino Pedro Orgambide (1929-2003). Em janeiro de 1983, por sua vez, coincidem dois momentos: o da volta da democracia e o do retorno deste escritor à sua cidade natal, Buenos Aires. O projeto de voltar do exílio já estava posto desde a partida, apesar da impossibilidade de qualquer previsão, este também seria mais um momento de ruptura.Foi durante este período de exílio, de desterro por conta de desacordos políticos que, entre outras obras, Orgambide escreveu uma trilogia intitulada “de la memoria”, um conjunto de romances onde o escritor ficcionaliza suas experiências e faz um recorrido pela história argentina, criando uma narrativa com personagens ficcionais, um espaço e um tempo que, embora ficcionalizados, são reconhecíveis.Esse trabalho propõe uma análise do segundo romance desta trilogia, Hacerla América: primeiro destrinchando sua estrutura narrativa, o tempo, os lugares e as pessoas narradas, na sequência, seu hibridismo e relações com outras artes e suas representações tanto de algumas formas de violência, repressão e racismo, como identitárias. PALAVRAS-CHAVE: Representações, história argentina, literatura argentina, Pedro Orgambide

Los libros y la noche: diálogos entre a literatura e a história

Isis Milreu (UFCG)

RESUMO:Jorge Luis Borges (1899-1986) é um dos autores mais importantes do século XX. Notamos que sua influência não se restringe ao meio literário, mas abrange várias áreas do conhecimento, tais como a filosofia e a psicanálise. No âmbito cinematográfico, o escritor argentino também deixou relevantes contribuições, pois atuou como espectador, crítico e roteirista. Além disso, várias de suas obras foram adaptadas para o cinema. Segundo Cozarinsky (2000), Borges associa o cinema à prática da narrativa, concebendoo como um material de leitura e um enriquecimento para a vida. O estudioso também aponta que o autor argentino postulava que o cinematógrafo poderia reduzir a incomunicação entre os habitantes do continente americano. Muitas dessas ideias borgeanas foram adotadas por diversos escritores e cineastas, contribuindo para combater o preconceito existente contra a sétima arte no início do século passado. Consideramos que a qualidade das incursões práticas e teóricas de Borges na esfera cinematográfica pode explicar a presença de fragmentos de seus textos, de capas de seus livros e de sua biografia em inúmeros filmes contemporâneos. Observamos que o escritor também foi convertido em personagem de algumas produções fílmicas, dentre as quais se destaca Los libros y lanoche (1999), dirigida por Tristán Bauer. Nesse filme, o diretor revisita alguns escritos borgeanos e, ao mesmo tempo, insere elementos da biografia de Borges. A partir dessas reflexões, propomos-nos a examinar como Bauer dialogou com a literatura e a história na mencionada criação cinematográfica. PALAVRAS-CHAVE: Los libros y lanoche; Borges personagem; literatura e cinema; história.

De Eduardo Sacheri a Juan Campanella: O Segredo de Seus Olhos e o caráter contemporâneo do romance policial para o cinema

Joana Bertani de Campos (UTFPR) Nathalia Ferrarini Vargas (UTFPR) RESUMO: No que tange aos estudos interartes, mais especificamente na relação entre literatura e cinema, este trabalho pretende analisar as contribuições dos recursos cinematográficos na adaptação homônima da obra O Segredo dos Seus Olhos (2005), escrita pelo argentino Eduardo Sacheri. Concebido como pertencente ao gênero policial contemporâneo, o romance se distancia da tradição racional-analítica proposta pelo policial de Poe na medida em que, a partir de recursos estéticos, pensa o texto literário juntamente com o crime, não desconsiderando, dessa forma, o pano de fundo histórico, ao revisitar o período ditatorial na Argentina, assim como explora narrativamente os processos investigativos e a presença tanto do sujeito-detetive como do sujeito-criminoso. A narrativa policial de Sacheri relê a tradição ao buscar discussões que circundam as relações interpessoais e como estas afetam o curso da narrativa, o peso lírico depositado no romance, bem como a relação de espelhamento que se dá entre personagens específicas. A premiada transposição cinematográfica da obra de Sacheri, dirigida pelo também argentino Juan José Campanella, O Segredo dos Seus Olhos (2009), acompanha a vertente lírica e existencial do texto literário, utilizando-se de diferentes recursos e adaptações para contribuir com a construção da contemporaneidade policial dentro das telas. A obra de Sacheri, bem como a transposição de Campanella, serão objetos de investigação para que se possa discutir a releitura da tradição policial no romance em questão e de que maneira, na tradução semiótica para o cinema, dá-se a contribuição fílmica. PALAVRAS-CHAVE: Romance policial; transposição cinematográfica; contemporaneidade.

A Resistência à Ditadura Militar em canções da MPB: uma análise da ação conjunta entre Letra e Música José Alfredo Silva Melo Sobreira (UFGD)

RESUMO: A ditadura militar, que vigorou no Brasil a partir de 1964, fez em 2014 seu 50º aniversário. Rememorar o passado ditatorial sem o parecer das manifestações artísticas, sobretudo, da canção popular, deixaria a memória e a história desses anos à beira da incompletude, afinal, a MPB juntamente com as demais artes desempenhou papel fundamental de resistência ao regime e à censura que lhe foi inerente. As manifestações artísticas se estabeleceram como verdadeiros inimigos ao regime que, com os anos, ascendeu sobremaneira,cerceando as vozes do teatro, da literatura e, principalmente, da música popular, especialmente a partir de 1968, com a outorga do ato institucional nº 5 (AI-5). Baseado nesse contexto, este estudo objetiva verificar em que medida a resistência à ditaduramilitaré representada através das dimensões poéticas e musicais de duas canções da MPB, a saber:Pra não dizer que não falei das Flores (1968), de Geraldo Vandré e Apesar de Você (1973), de Chico Buarque. A análise partirá da proposta sugerida por Charles A. Perrone (1988) em Letras e Letras da MPB,que concebe a canção como a ação conjunta entre letra (poema) e música, tornando, portanto, imprescindível uma análise que privilegie tanto as dimensões textuais quanto as dimensões sonoras. Esperamos contribuir para o avanço nas pesquisas que promovem uma interface entre arte literária e arte musical, com vistas a reforçar não só as afinidades entre poesia e música, mas também o papel suplementar desta em relação àquela, no que diz respeito ao sentido. PALAVRAS-CHAVE: ditadura militar; MPB; letra; música.

E se fosse azul? A literatura infantil sobrevive à margem do cânone Profa. Dra. Mitizi de Miranda Gomes (UFPel)

RESUMO: As produções literárias da escritora argentina Isol (Marisol Misenta) têm obtido sucesso no cenário da literatura infantil. Ganhadora do prêmio Astrid Lindgren Memorial (2013), um dos mais famosos do gênero, a autora tem transitado entre a escrita e a ilustração de uma literatura que aborda o universo infantil de maneira muito particular. Apesar de muitos textos destinados às crianças serem laureados internacionalmente, esses títulos e seus autores são pouco conhecidos porque o gênero infantil é tratado como menor, como um subproduto cultural, não chegando a merecer o status de canônico e, portanto, não fazendo parte das “histórias das literaturas”. Voltando o olhar para os textos Secreto de familia e Cosas que pasan, veremos que ambos trabalham com questões de identidade, conflitos existenciais e o ser/estar da criança no mundo, subvertendo um suposto caráter didático para adentrar em discussões mais profundas que povoam o imaginário infantil. Contudo, apesar de estas produções estarem à margem das histórias literárias tradicionais, curiosamente têm sem mantido vivas e atuantes junto a seus públicos. Certamente este gênero alcançará outro status quando os críticos, teóricos e historiadores considerarem-no como obra de arte literária híbrida, capaz de fundir linguagem visual e linguagem verbal, e, ainda, quando distanciarem-no do caráter pedagógico que o acompanha desde seu surgimento. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Infantil; Cânone; Identidade; Literatura Comparada.

Literatura e Cinema: Uma reflexão sobre a adaptação da obra “El coronel no tienequienle escriba” de Gabriel García Márquez Rosana PegorariCasteliano (UEMS) Dr.aEliane Maria de Oliveira Giacon (UEMS) RESUMO: A relação entre a literatura e as outras artes, sejam elas o cinema, a pintura, a música e o teatro não são fenômenos novos, contudo nem sempre esta relação se apresenta a luz da teoria como sendo pacífica, pois há teóricos que consideram que a literatura perde ou é desmistificada de seu papel de leitura das humanidades (BAZIN, 1991), outros por sua vez, dizem que são plataformas diferentes, que leem temas, que inspirados em obras literárias assumem formas de interpretação diversa (STAM, 2008). O século XX, mais precisamente depois da segunda metade, marca um diálogo mais frequente da literatura com outras artes, ou seja, as formas de manifestação da produção literária passam a dialogar com outras esferas artísticas, num contato onde tanto a literatura passa a ser influenciada pelas outras artes, quanto as outras artes buscam em temas, personagens e enunciados de obras literárias uma fonte inicial ou medial de construção artística. Considerando o exposto, a presente proposta de trabalho, visa apresentar pontos que levem o leitor a evidenciar o diálogo entre a obra literária e a produção cinematográfica, isso, estabelecendo um recorte no tocante a produção artística e literária latino-americana e tomando por objeto de estudo a obra “El coronel no tienequienle escriba”, do escritor colombiano Gabriel García Márquez. PALAVRAS-CHAVE:Literatura; cinema; diálogo; latino-americano.

A reconstrução ficcional de D. Pedro I e do Chalaça na graphic novelIndependência ou Mortos(2012) e no romanceO Chalaça(1994) Stanis David Lacowicz (UNIOESTE) RESUMO:Nesse artigo, buscaremos estabelecer uma leitura comparada entre o romance O Chalaça (1994), de José Roberto Torero, e o romance gráfico Independência ou Mortos (2012), de Abu Fobiya e Harald Stricker, a fim de contrapor a maneira como as duas obras reconstroem as personagens históricas de D. Pedro I e do Chalaça, amigo e secretário do Imperador. As duas obras procuram, em certa medida e de acordo com os seus recursos, apresentar uma imagem carnavalizada das figuras históricas, permitindo um novo olhar sobre a história do Brasil. No romance de Torero, essa questão é fomentada pela focalização do romance, estabelecida a partir do ponto de vista do Chalaça, secretário e alcoviteiro de D. Pedro, personagem às margens do discurso histórico e que aqui possibilita uma mirada interna aos eventos, dessacralizando-os. O romance gráfico, por sua vez, reapresenta a história integrando os acontecimentos da vida de D. Pedro com uma infestação e ataques de mortos-vivos, criaturas devoradoras de carne humana, fazendo da Independência do Brasil uma luta tanto contra os portugueses como contra aqueles seres. Partindo, então, dos estudos acerca das relações entre literatura e história no pós-modernismo (HUTCHEON, 1991), do entre-lugar (SANTIAGO, 2000), da paródia e da intertextualidade (KRISTEVA, 1974 – JENNY, 1979), objetivamos analisar a reconfiguração das personagens históricas de D. Pedro e do Chalaça nas duas obras, os sentidos que produzem nessa releitura e a maneira como se aproximam e se distanciam, ainda que lançando mão de processos semelhantes. PALAVRAS-CHAVE: romance histórico contemporâneo; O Chalaça(1994); Independência ou Mortos (2012); D. Pedro I; carnavalização.

Cartografias contemporâneas: cidade, sujeito e cinema Wellington R. Fioruci (UTFPR) RESUMO: O trabalho ora em questão visa à discussão pertinente aos estudos interartes, os quais vêm despertando particular interesse por parte da área de Letras. Nesse sentido, interessam as relações entre literatura e cinema, sobretudo no que diz respeito aos processos tradutórios ou intersemióticos entre essas diferentes linguagens artísticas, isto é, o processo de adaptação de um meio sígnico para outro. Nesse processo, deve-se levar em conta, segundo as bases teóricas em voga, a idiossincrasia de cada linguagem e seu criador, de modo que pensamentos hierarquizantes ou comprometidos com a falácia da fidelidade vão de encontro à proposta dessa aproximação. Assim, pretende-se analisar a transposição para o cinema do conto de Julio Cortázar “Manuscrito halladoenunbolsillo”, que integra a coletânea intitulada Octaedro (1974). A versão cinematográfica em foco é a do cineasta brasileiro Roberto Gervitz, realizada em 2005, cujo título, Jogo subterrâneo, mantém uma relação direta com o conto cortazariano, posto que traz para o primeiro plano a questão do espaço do metrô nas grandes cidades. No entanto, o cenário agora é São Paulo, e não Paris, sendo assim, deslocamento duplo, isto é, tanto de código quanto de geografia. Essas escolhas e as temáticas que envolvem o sujeito fragmentado, em conflito no espaço da urbe, dão o tom e a pauta desta análise. PALAVRAS-CHAVE: Cortázar; conto argentino; cinema brasileiro.

SIMPÓSIO INTERSEÇÃO E HIBRIDISMO NA ARTE, LITERATURA E CINEMA SALA: 08 EAD

Coordenadores: Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE) Dra. Zeloi Martins (UNESPAR) RESUMO GERAL: A partir de um escopo teórico que auxilia a compreensão dos fenômenos artísticos e culturais contemporâneos, pautamos nas reflexões de Linda Hutcheon, Fredric Jameson, George Steiner, Peter Burke, Jacques Derrida, Néstor Garcia Canclini, Robert Stam, Márcio Seligmann-Silva, Jacques Rancière, e outros para entender as interseções hibridas na arte, literatura e cinema. O olhar contemporâneo, considerando a multiplicidade e a circularidade das culturas enxerga na arte e suas múltiplas técnicas de composição formal: o multiperspectivismo, a preterição, a simbologia, a alegoria, o pastiche e outros. A ficção é a arte antes de tudo, enquanto configuração ou definição, uma invenção, uma fabulação - invenção e fabulação acompanhada de palavras e imagens. As artes e o cinema contemporâneo, de maneira geral, enquanto tradicional representação de “realidade”, ou de representação do real, ou representação real, quer dizer, fala sobre a realidade em múltiplos pontos de vista pela descrição, narração, análise, critica, ironia e mediante atalhos e desvios retornam a própria arte e a ficção. O hibridismo é lugar de observação, de análise, de interpretação, um entre lugar materializado na forma e inventado pelo espectador e leitor. Os narradores são manipuladores de objetos e diante disso, para este simpósio, elege estudos que interpreta a arte, a narrativa cinematográfica de forma múltipla e polissêmica. PALAVRAS CHAVE: Hibridismo Artístico; Pastiche; Arte; Cinema; Literatura; Roteiro e Crítica.

A utilização dos quadrinhos no trabalho com o gênero biografia, em sala de aula: explorando grandes nomes da literatura, arte, música e cultura da língua espanhola Ana Paula Rodrigues Ferro (PG-USCS/FACON)

RESUMO: Desde as décadas de 1950 e 1960, a extinta e consagrada Editora BrasilAmérica - (Ebal), já recorria às HQs para expor e trabalhar diferentes biografias, o que comprova sua trajetória e suporte para o desenvolvimento deste gênero textual. Ademais, as histórias em Quadrinhos (HQs) possuem um grande potencial para o trabalho interdisciplinar, o que possibilita, ao professor, meios para abranger diferentes conteúdos e gêneros textuais em suas aulas. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho, é relatar a ação prática, através da experiência com essa proposta, em sala de aula, com os alunos do ensino fundamental II e médio, na disciplina de língua espanhola, aliando a teoria ao conhecimento empírico, a fim de oferecer subsídios didático-pedagógicos, no intuito de desenvolver a criatividade do aluno, promover o conhecimento acerca de importantes nomes da literatura, arte, música e cultura da língua espanhola, bem como trabalhar leitura e produção escrita neste idioma. Este escrito está de acordo com a proposta do evento, por se tratar de um relato de uma ação didático-pedagógica, que apresenta os passos e possibilidades para trabalhar a escrita em língua espanhola, por meio do conhecimento do gênero textual biografia, ancorado no suporte das HQs, de maneira lúdica e criativa. Quanto ao delineamento do perfil teórico-metodológico, o presente trabalho está sustentado em revisões bibliográficas, vídeos e periódicos que versam sobre o tema em questão, ademais da experiência prática em sala e aula, e formação acadêmica do professor-autor. PALAVRAS-CHAVE: Educação, história em quadrinhos, gênero textual biografia, ensino de língua espanhola

Pinóquio e David: diálogo entre os dois não-meninos Joanir Rocha Pidorodeski (PG-UNIOESTE) RESUMO: O cinema, também conhecido como a sétima arte, é uma das linguagens mais recentes que existe. Tendo um pouco mais de 100 anos, passou por muitas fases rapidamente, em comparação com as outras linguagens. Com o avanço tecnológico, esta linguagem, que já era multifacetada, por trabalhar com tantos sentidos, ganhou novas possibilidades de leituras. Como em todas as linguagens, como o teatro, por exemplo, surge as adaptações de obras literárias para a arte do ver e do ouvir. Palavras e frases descritivas tornam-se imagens de cenários fantásticos e sons e trilhas sonoras dão tensão às cenas sombrias. Em Inteligência Artificial (2001), dirigido por Steven Spielberg, podemos perceber o emprego desses recursos em David, um menino robô construído para ser como um filho, que tem o desejo de ser um menino de verdade. Para isso, ele recorre à Fada Azul, personagem do clássico conto de Carlo Coloddi, As aventuras de Pinóquio (1883). A Fada Azul havia tornado Pinóquio em um menino. Isto posto, este artigo pretende buscar traços do conto de fadas no personagem David, comparando-o com Pinóquio. A proposta é verificar, por meio de algumas cenas, como as características de um personagem de conto são encenadas no cinema. Essa análise será feita à luz dos teóricos Antonio Candido, que discorre sobre o personagem de ficção e Robert Stam (2008), que aborda o tema da transposição de uma obra literária para o cinema. PALAVRAS-CHAVE: Conto; cinema; literatura comparada; personagem; Pinóquio; Inteligência Artificial.

A relação entre a palavra e a imagem em A guerra de um home só de Edgardo Cozarinsky Maria Augusta Vilalba Nunes (UFSC) RESUMO: A guerra de um homem só de Edgardo Cozarinsky é um filme construído com imagens de arquivo dos noticiários franceses produzidos durante a segunda guerra mundial e projetados nas salas de cinema antes do filme principal. Essas imagens estão montadas junto à narração de passagens dos Diários de Paris do escritor alemão Ernst Jünger. Estarei aqui analisando como a montagem entre as palavras de Jünger e as imagens opera por uma relação de aproximação e distanciamento, entendendo, que esses dois modos não podem existir um sem o outro. É preciso estar distante para poder se aproximar, pois estar demasiado próximo anula a distância necessária para que exista um deslocamento. O deslocamento será, assim, um conceito central para pensarmos a montagem do filme, pois a entendemos como um movimento que não se limita à relação entre os planos, mas um movimento que se dirige também para fora, enredando conexões com aquilo que não é visível na imagem. Esse movimento para fora nos permite entender que a imagem não se limita àquilo que vemos na cena, pois, como sugere Jacques Rancière, cada cena é formada por um regime de relações entre os diversos elementos que a compõe, e que esse regime provoca um efeito que estende a imagem para fora, definindo, assim, sua relação com o mundo. Desse modo, observaremos que o efeito de A guerra de um homem só revela como uma mesma imagem pode gerar efeitos diferentes sobre uma mesma história conforme variam as relações a que elas são submetidas. PALAVRAS-CHAVE: Cinema, literatura; memória; história.

O cinema e a transcriação literária

Alessandra Camila Santi Guarda. (UNIOESTE/PIBIC/CAPES) Dra. Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE)

RESUMO: O presente texto busca desenvolver reflexões sobre a transcriação fílmica, observando-se os aspectos relevantes no processo de tradução de uma obra literária para o cinema, na perspectiva dos estudos comparados, teorizados por autores como Tânia Carvalhal e Haroldo de Campos. Na contemporaneidade, essas questões não se resumem simplesmente a pensar sobre as traduções entre as linguagens, estendem-se para refletir sobre os constructos teóricos, questões econômicas, questões de público. Devido a um arraigado preconceito, faz-se cada vez mais urgente a necessidade de democratizar o conhecimento de que o filme derivado de um livro não é uma cópia malfeita de uma obra literária, que não se trata de uma hierarquia onde o livro está no topo e o filme é um produto inferior que vem para empobrecer uma grande obra literária, entende-se que são objetos culturais reconhecidos cada um com seu estatuto próprio. Estes estudos são embasados em teóricos como Robert Stam, Randal Johnson, André Bazin, Jacques Aumont e Ismail Xavier. PALAVRAS-CHAVE: Estudos Inter Artes; Contos; Edgar Alan Poe.

O cinema como fonte para a investigação historiográfica: estudo da obra fílmica do cineasta Humberto Mauro – “Descobrimento do Brasil” (1937). Dra. Zeloi Martins dos Santos (UNESPAR) RESUMO: A pesquisa analisa a relação entre cinema e história, como o filme com a temática histórica, revela o presente ao representar o passado, entender o que o cinema acrescenta a nossa compreensão do passado. A partir da análise do filme “Descobrimento do Brasil” do cineasta Humberto Mauro, identificar vestígios e sentidos ainda não identificados pelos historiadores recriando uma narrativa histórica, que sirva como fonte de investigação historiográfica. As teorias apresentadas por Marc Ferro, Robert A. Rosenstone dão possibilidades para responder esses questionamentos, mas, também abrem novos caminhos de pesquisa. As articulações internas do filme, presumidas a partir da estrutura narrativa, no experimento de registrar ou representar acontecimentos históricos, qual o entendimento do pensamento histórico que nos deparamos na tela, são outros pontos problematizados na obra fílmica escolhida para análise. A pesquisa pode ser classificada como bibliográfica de caráter teórico-prático, cujo método tem como fio condutor o referencial teórico dos autores que evidenciam a temática cinema e história, e sua intermediação com outras áreas do conhecimento PALAVRAS-CHAVE: História e Cinema; Literatura e História; Narrativa fílmica; Humberto Mauro.

Eu, Carolina; Eu, Preciosa: as imagens do auto-retrato em Quarto de Despejo e Preciosa Tallyssa Izabella Machado Sirino (UNICENTRO/UNIOESTE) Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE) RESUMO: Este estudo pretende abordar as imagens do auto-retrato das personagens Carolina e Preciosa, das obras – literária e cinematográfica, respectivamente – Quarto de Despejo: diário de uma favelada (1960), de Carolina Maria de Jesus, e Preciosa (2009), longa-metragem ganhador do prêmio Oscar de melhor roteiro adaptado, em 2010, dirigido por Lee Daniels. O filme em questão é uma adaptação do romance Push (1996), de Sapphire, que foi fortemente influenciado por Quarto de Despejo, em especial, no que se refere ao papel da escrita autobiográfica. A obra de Carolina Maria de Jesus é uma seleção de textos, escritos em vários diários, durante sua passagem pela favela do Canindé, enquanto, em Preciosa, a escrita no diário faz parte de seu processo de alfabetização. Portanto, acredita-se relevante analisar as imagens assumidas pela descrição das duas personagens protagonistas: como se descrevem para si e para o leitor/expectador. Dessa forma, busca-se suporte teórico em Linda Hutcheon, principalmente em suas discussões sobre intertextualidade e intersemiose. Os seguintes teóricos ainda embasam esta reflexão: Gilles Deleuze (1999), sobre o ato da criação cinematográfica; Gilles Deleuze e Félix Guattari (2005), e Roland Barthes (1972) e (2013), sobre a escritura. PALAVRAS-CHAVE: Auto-retrato; Carolina Maria de Jesus; Quarto de Despejo; Preciosa.

Simbologias religiosas na comunidade Haitiana: múltiplas identidades em contato

Carolina Vieira. (Anhanguera/Cascavel)

RESUMO: Este trabalho tem por objetivo refletir sobre e caracterizar as simbologias religiosas do Vodu presentes na comunidade Haitiana que reside na cidade de CascavelPr. Nesse sentido, realizar-se-á uma catalogação e identificação de cada símbolo utilizado nesta coletividade e a exposição do que esses representam para a comunidade social que os integra em suas práticas identitárias desde uma perspectiva de experiência individual e coletiva. O Vodu é a religião mais exercida e presente no Haiti, sendo que possui uma relação intrínseca com a natureza, desde uma ótica na qual o homem tem consciência de que faz parte dela. Nele há uma hierarquia das forças naturais e dos seres, em que tudo está incluído e interatuando de maneira equilibrada: os deuses, os animais, as plantas e os minerais. Os praticantes da religião Vodu acreditam profundamente na existência dos seres espirituais que vivem na natureza. Para o estudo de tal manifestação de identidade, utilizamo-nos da arte que sempre foi um meio de comunicação do homem desde os primórdios. Por meio dos simbolismos pelos quais o homem realiza sua interação com o mundo, podemos identificar tais símbolos e o que representam. Isso oferece uma possibilidade de conhecer e compreender essa religião como também a idiossincrasia desta comunidade e os processos pelos quais se efetua a conservação e a transmissão da memoria destas pessoas em novas terras como o Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Arte e religião; Simbologia religiosa; Arte e memória.

O uivo de Ginsberg: trajetória de uma liberdade Samir Afonso de Carvalho (PG-UNIOESTE) RESUMO: O presente trabalho tem por intuito analisar as formas pelas quais Allen Ginsberg contribuiu para a liberdade de expressão em um ambiente primeiramente norte americano e, posteriormente, por consequência, a nível global, principalmente através de sua obra, mas também de sua participação social. Analisa-se os poemas contidos no livro “Uivo e outros poemas”, no sentido de elencar as criações poéticas do literato americano, que serviram para destravancar a poesia da época, seguindo a tradição iniciada por aquele que seria citado como grande influência para o próprio Ginsberg, a saber, Walt Whitman. Ademais, usar-se-á do filme “Howl”, de Rob Epstein e Jeffrey Freidman, para elucidar o êxito obtido pelo poeta a nível jurídico, ao vencer um embate legal em 1957, quando tentavam impedir a circulação da obra alegando obscenidade. O diálogo com o filme parte de um ponto literário e histórico, já que o filme consiste em leitura parcial do poema que dá título ao filme, leitura esta acompanhada de imagens representativas, entrecortadas por momentos de entrevistas com o poeta Allen Ginsberg (encenado por James Franco) e representação do desenvolvimento jurídico do caso. Finalmente, pretende-se situar historicamente a participação da poesia de Allen Ginsberg, como fôlego de influência, em desenvolvimentos artísticos e culturais posteriores, ou seja, consiste em um trabalho que analisa a herança ginsberguiana. PALAVRAS CHAVE: Allen Ginsberg; Uivo e outros poemas; Howl; literatura; censura.

O poder das imagens pela força do olhar no texto de Maria Gabriela Llansol

Winnie Wouters (PG-UNESP-SJRP/ CAPES) RESUMO: "Olho o quadro./ Não vou escrever —/ Mas estou já a escrever —/ É porque não pinto.". (ESPÓLIO DE M.G.L, Caderno 1.46, 1997, p. 68). Essa frase, retirada de um dos cadernos deixados por Maria Gabriela Llansol, mostra a força que uma obra de arte é capaz de exercer sobre seu espectador, incitando-o a agir, interferir em sua realidade, mas não só. Nesse caso, o fragmento é mais uma evidência da singularidade do processo de composição dessa autora, que cria uma escrita baseada na imagem, visando uma especial forma de interação, ao romper com a estrutura da verossimilhança em prol de novas formas de relação no texto. Por conseguinte, os encontros entre as imagens, entre a imagem e aquela que a vê pela escrita, e ainda entre o leitor e o texto, enquanto imagem, fundarão um vínculo pelo olhar: a imagem será capaz de receber o olhar e devolvê-lo, numa troca em que os aspectos de cada ser serão iluminados, proporcionando o desenvolvimento de cada um dos integrantes da cena. Para discutirmos como se efetua o contato e as trocas possíveis no texto llansoliano por esse viés, pautar-nos-emos nas obras de José Gil, em Imagem nua e as pequenas percepções (1996) e Merleau-Ponty, em O olho e o espírito (1992), por compreendermos que ambos autores voltam-se à imagem em seu caráter pictórico, fenomênico, congregando a isto sua posição ativa e reveladora, tal como consideramos que a imagem aparece em Llansol. PALAVRAS-CHAVE: Olhar; Imagem; Maria Gabriela Llansol.

A saga dos heróis: um estudo comparado entre Dante e Homero sobre os heróis e seus caminhos. Gabriel Bonatto Roani (UNIOESTE) Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho tem por função analisar O Inferno da Divina Comédia de Dante em comparação com os três primeiros cantos da Ilíada de Homero, dois autores e suas duas respectivas obras literário escritas em tempos diferentes, mas que utilizam conceitos semelhantes estabelecidos em seus devidos tempos. Tratam-se dos itinerários ou caminhos percorridos pelos heróis durante a trama da obra, ou seja, a perspectiva do personagem e o decorrer da trama, que envolve esse itinerário. A proposta desse trabalho será, então, analisar esses caminhos nas obras de cada autor considerando as origens, os caminhos que percorrem, as escolhas e como reagem aos acontecimentos que os circulam no decorrer da trama. Sendo esses heróis Aquiles na Ilíada de Homero e o próprio Dante em sua Divina Comédia. As referências utilizadas no trabalho serão: No campo da literatura comparada, Eduardo Coutinho e Tania Carvalhal; Junito Brandão, com sua obra de três volumes Mitologia Grega; Joseph Campbell, com seu O Herói de Mil Faces; além de Hesíodo com duas Teogonia; e algumas obras complementares de Mircea Eliade. Também serão trabalhadas e demonstradas ilustrações e pinturas referidas às obras, de autores como Sandro Botticelli, Anselm Feuerbach, Gustave Doré, Alessandro Vellutello, além de ilustrações gregas antigas e de autores desconhecidos. PALAVRAS CHAVE: Estudos Comparados; Divina Comédia; Ilíada; Caminhos dos Heróis.

Parresía Cínica, resistência e cinema Stela Maris da Silva (UNESPAR /PUCPR) RESUMO: A proposta de pesquisa esta situada no campo de reflexão das relações entre cinema e filosofia. As lutas de resistência, contra o aparato técnico e de dispositivos que dirigem e controlam as subjetividades, devem ter seu foco na recusa de sermos o que somos como sujeitos submetidos às normas e padrões de assujeitamento implantados pelas relações de poder. A parresía cínica, tema tratado nos anos 80 por Michel Foucault, esta relacionada a um modo de ser do sujeito, podendo se constituir como resistência se entendida como a coerência entre discurso verdadeiro e estilo de vida. Afirma que a arte moderna, relacionando estilo de vida e manifestação da verdade, se configura como exemplo de parresía cínica. Isso acontece de dois modos: o primeiro (século XIX), na preocupação com a vida do artista, pois a arte pode fazer na existência uma ruptura com toda outra, sendo forma da verdadeira vida e autenticação da obra de arte. O segundo, na própria arte, seja a música, a literatura, a pintura, ou no cinema, esta deve na relação com o real desnudar, decapar, para se chegar ao elementar da existência. O objetivo da pesquisa é analisar como o princípio cínico de “viver escandalosamente” e a obra de arte. No cinema moderno, tomado como obra de arte, são encontrados elementos que desnudam verdades e como um cinismo da cultura podem, nas relações de poder, constituir-se como estratégia de poder, e, portanto de resistência, na apreensão de um novo modo de ser do sujeito. PALAVRAS-CHAVE: Foucault; Parresía ; Resistência; Cinema e filosofia.

De véu, grinalda e boquê: narrativas e imagens da noiva na obra de Julia Lopes

Elenita Conegero Pastor Manchope (PG-UNIOESTE)

RESUMO: Este artigo tem como objetivo estudar a imagem da mulher/noiva a partir da obra O livro das noivas, de Julia Lopes de Almeida, publicado em 1896, o qual traz informações e orientações a respeito das atribuições e responsabilidades da mulher nas atividades designadas como próprias do mundo feminino, desde os preparativos para o casamento até o cotidiano do lar após o matrimônio, além de ser ilustrado com imagens que aludem a esse universo. Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, fundamentada nos teóricos que tratam da fotografia, da alegoria, da história, da memória e da literatura, tais como Benjamin (1989/1994), Assmann (2011), Gagnebin (2005), Hansen (2006), Barthes (1984) Sontag (1986) e Kossoy (2001). Ao olhar para a obra literária buscou-se compreender como o texto literário materializa as inscrições do tempo e da memória. O presente estudo procurou retomar a relação entre texto literário, fotografia e representação alegórica na obra em tela. Parte-se do pressuposto que cada texto carrega em si os vestígios de afetos, de discursos e de diálogos com o tempo e com a sociedade. A volta ao passado possibilitou, por meio das leituras e análises da obra e das imagens, decifrar caminhos ainda não percorridos, pistas e trilhas abandonadas para compreender a representação da mulher/noiva nos diferentes tempos e espaços sociais. PALAVRAS CHAVE: história, memória, literatura, fotografia e alegoria

Conto Manuscrito encontrado num bolso e filme Jogo Subterrâneo: análise de uma transcriação

Mayara Regina Pereira Dau Araujo (UNIOESTE/CAPES)

RESUMO: Apoiada nas contribuições de Robert Stam (2008), acerca do diálogo intertextual travado entre literatura e cinema e nas reflexões de Hutcheon (1985) concernentes ao processo paródico comum a esse tipo de produção intertextual, entre outros teóricos, pretendemos demonstrar as particularidades da linguagem cinematográfica quando da apropriação desses elementos narrativos nos processos de migração de uma linguagem para outra. Abordaremos o conto Manuscrito encontrado em um bolso de Julio Cortázar, publicado na coletânea de contos Octaedro em (2011), dialogando com o roteiro e o filme baseado no conto de Cortázar, Jogo Subterrâneo (2005), sob direção de Roberto Gervitz e roteiro do próprio Gervitz juntamente com Jorge Durán, com o objetivo principal de perceber os mecanismos de adaptação, os cortes, transposições, adições, supressões, os recursos da linguagem cinematográfica e seus efeitos no filme. Pretende-se, nesse sentido, realizar um estudo comparativo de ambas as linguagens, buscando aliar na análise tanto a forma como o conteúdo do conto e filme selecionados para compreender os mecanismos intertextuais que atuam na construção da transcriação de um conto para o gênero roteiro de filme, e o resultado final da película cinematográfica. Procuraremos desvendar também os motivadores ideológicos que norteiam as escolhas de certos mecanismos em detrimento de outros, e cujo resultado reflete as escolhas do cineasta. PALAVRAS-CHAVE: literatura; cinema; roteiro.

Desconstrução: escrita, imagem e arte Angelo José Sangiovanni (UNESPAR) RESUMO: Este trabalho busca explicitar alguns pontos da dicotomia entre escrita e fala partindo da visão de Derrida do dialogo Fedro. Na abordagem de Derrida destacaremos a problemática da ordem do discurso e da resistência aos pressupostos que os organizam, ainda, analisaremos em que medida a escrita é diferente do discurso vivo. No Fedro Platão expõe sobre a escrita utilizando a força do mito, a dialética entre o mito e o discurso faz transparecer a oposição entre imagem e palavra. O sofista não diz a verdade. Derrida coloca o sofista como o homem da não-presença e da não-verdade, o exemplo que aparece no Fedro do político que enuncia o discurso que foi elaborado por outro, mostra a encenação. Perguntaremos qual é o valor da escrita. Em que medida a escrita pode resgatar o momento da enunciação, o ato de falar. O ato de falar é imediato ligado a narração e a memória, mantendo o presente ligado ao passado, expondo uma sequência de fatos que se ligam uns aos outros. O caráter ambíguo da escrita dá-se, por um lado, ao esquecimento do momento da enunciação, por outro, a recuperação da enunciação de quem já não está mais presente. Desconstruiremos a representação da realidade aproximando da arte e da ficção apontando interseções na arte, literatura e cinema. PALAVRAS-CHAVE: Estética, Literatura; Memória; Narração, Representação.

Hibridismo na arte narrativa cinematografica de Paolo Sorrentino Acir Dias da Silva (UNIOESTE) RESUMO: Essa comunicação tem como propósito os estudos das interseções e hibridismo na arte narrativa cinematográfica do diretor Paolo Sorrentino no filme A Grande Beleza. O olhar do diretor parte da multiplicidade e a circularidade das culturas em citações estilizadas de uma variedade filmes, principalmente as obras de Frederico Fellini. A arte contemporânea lida com múltiplas técnicas em sua composição formal: o multiperspectivismo, a preterição, a simbologia, a alegoria, o pastiche e outros. A ficção é a arte antes de tudo, enquanto configuração ou definição, uma invenção, uma fabulação - invenção e fabulação acompanhada de palavras e imagens. As artes e o cinema contemporâneo, de maneira geral, enquanto tradicional representação de “realidade”, ou de representação do real, ou representação real, quer dizer, fala sobre a realidade em múltiplos pontos de vista pela descrição, narração, análise, critica, ironia e mediante atalhos e desvios retornam a própria arte e a ficção. O hibridismo o lugar de observação, de análise, de interpretação é uma entre lugar materializado na forma e inventado pelo espectador. O narrador é um manipulador de objetos e diante disso, para este simpósio, elege estudos que interpreta a arte, a narrativa cinematográfica de forma múltipla e polissêmica. No escopo teórico, auxilia a compreensão desse fenômeno as reflexões de Linda Hutcheon, Fredric Jameson, George Steiner, Peter Burke, Jacques Derrida, Néstor Garcia Canclini, Robert Stam e outros. PALAVRAS-CHAVE: Hibridismo Artístico, Narrativa Cinematográfica, Cinema, Literatura, Roteiro e Crítica

As Insígnias da Masculinidade em Desenhos Animados da Década de 1980

Érico Peres Oliveira (UTFPR)

RESUMO: O trabalho objetivou detectar as insígnias do que poderia compor uma ideia de masculinidade presente em dois desenhos animados da década de 1980. Utilizou-se a teoria psicanalítica para avaliar a linguagem verbal e não verbal presente em dois episódios selecionados aleatoriamente dos desenhos He-man e Thundercats. Com a análise dos episódios mencionados, conseguimos elencar diversas insígnias do masculino. Além disso, observou-se outras representações concretas que também podem ser ligadas à masculinidade, como o altruísmo, a liderança, a importância dos amigos e sobre como podemos recorrer a eles nas situações de dificuldade. Entre outros pontos detectados na análise dos episódios destacam-se a força e os músculos como grande representante da masculinidade. Assim, misturam-se as boas atitudes com aspectos relativos à força para criar um ideal de masculino a ser seguido sempre fazendo uso da linguagem verbal e não verbal para solidificar tais características. A linguagem verbal é visivelmente observada no processo de utilização dos poderes provendo as transformações. A linguagem não verbal está impregnada nas atitudes heroicas dos personagens principais. Também foi possível verificar nos desenhos elementos identitários da masculinidade como a força, mas, principalmente, a espada como representante do falo permitindo o elo entre todas as insígnias detectadas à premissa de ser detentor de um pênis. PALAVRAS-CHAVE: desenhos animados, masculinidade, linguagem.

SIMPÓSIO - TRAJETÓRIAS INTELECTUAIS, ETNOGRAFIAS DA EXPERIÊNCIA E NARRATIVAS BIOGRÁFICAS NA AMÉRICA LATINA SALA: 41 Coordenadores: Dr. Andrea Ciacchi (UNILA) Dr. Anaxsuell Fernando (UNILA) RESUMO GERAL: O gênero biográfico tem alcançado ultimamente grande sucesso. Tanto entre o público acadêmico quanto entre o público em geral, tal fenômeno mundial registra ocorrência em diversas áreas do conhecimento dentre as quais pode-se destacar o jornalismo e a literatura. As ciências sociais e a história, ainda de maneira tímida, buscam contribuir epistemologicamente com este campo. Narrativas biográficas envolvem a seleção, descrição e análise de uma trajetória individual a partir de diferentes enfoques e metodologias as quais podem incorporar memórias pessoais (autobiografias e testemunhos), pesquisa documental, reconstrução historiográfica de vivências e experiências sociais permeadas pela problematização dos mecanismos de esquecimento, desconfiança e legitimização. Neste Simpósio esperamos receber propostas de comunicação que mapeiem características e particularidades da construção da memória social a partir do biografismo. Nos interessam particularmente trabalhos de pesquisa acionadores de diferentes modelos discursivos, os quais possam despertar amplas discussões sobre suas possibilidades teóricas, aplicabilidade de seus métodos, suas ambições etnográficas, historiográficas ou literárias. Nosso objetivo é construir um espaço interdisciplinar privilegiado de interlocução entre pesquisadores para a troca de experiências, informações e conhecimentos sobre teorias, fontes, métodos e abordagens. E, a partir da criação deste espaço comunicacional discutiremos os modos de apreensão de uma experiência pessoal e as formas de reavaliação e reconstrução do passado a partir das relações entre indivíduos, grupos e sociedade, para que se possam explicitar os mecanismos culturais e políticos de sua produção, a partir de dimensões coletivas e institucionais que atuam em narrativas de afirmação/construção da memória e do esquecimento. PALAVRAS CHAVE: Biografias; Memória; Narrativas.

Entre memória e ficção: uma leitura dos registros cascudianos

Regina Lúcia de Medeiros (UFRN) RESUMO: Propomos uma leitura dialógica, a três vozes, de Na ronda do tempo, Ontem: maginações e notas de um professor de província e Prelúdio e fuga do real, obras de Luís da Câmara Cascudo. Na ronda do tempo, diário de 1969, e Ontem, datado de 1972, são cadernos compostos por notas múltiplas e fragmentárias, registro da vasta e múltipla experiência de Cascudo como professor, historiador, leitor de literatura, potiguar frequentador dos bares natalenses e anfitrião na sua conhecida casa da avenida Junqueira Ayres. O Prelúdio e fuga do real, por sua vez, data de 1974 e é composto por diálogos imaginários entre um narrador-personagem que atende ao vocativo de “professor”, e personagens históricos, mitológicos ou ficcionais, além de intelectuais e políticos. Sua narrativa imaginária parece constituir o desenvolvimento e a problematização de muitas observações anteriores, por meio de uma escrita complexa que mescla ficção e memorialismo, servida pelos recursos expressivos próprios desses dois modos da produção literária. Nosso objetivo principal é caracterizar o diálogo existente entre os registros memorialísticos dos diários e a escrita híbrida do Prelúdio e fuga do real, observando o imbricamento da ficção e da memória e, mais extensamente, a interação entre as memórias de leituras e as memórias de vida. Neste trabalho, apresentaremos os primeiros resultados da nossa pesquisa de doutoramento, desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para tanto, tomamos como pressupostos teóricos os escritos de Bakhtin (2002, 2003), Blanchot (2005) e Ricœur (2007). PALAVRAS-CHAVE: Cascudo; memória; dialogismo; trajetória intelectual.

Relatos de uma Natureza na América Portuguesa do século XVI: narrativas biográficas de viajantes, aventureiros e jesuítas

Aline Cristina da Silva Oliveira (UEM-LHC) Christian Fausto Moraes dos Santos (UEM-LHC) RESUMO: No século XVI teve inicio o processo europeu de expansão marítima. Homens como viajantes, mercadores, comerciantes, exploradores, jesuítas e missionários protestantes, navegavam por mares desconhecidos até depararem-se com terras do Novo Mundo. Certamente, quando os primeiros europeus desembarcaram na América, na costa atlântica que tornar-se-ia o Brasil, perceberam toda exuberância da Mata Atlântica, uma floresta rica e exótica em diversidades de espécies da fauna e flora. Tal contato entre o Velho e Novo Mundo propiciou, na percepção dos colonizadores, o destaque do mundo natural da América. Devido às suas peculiaridades naturais, a Mata Atlântica foi, desde o início da colonização, o grande motivo para a produção de inúmeras narrativas descritivas sobre o Brasil. Os primeiros exploradores e jesuítas redigiram crônicas, tratados, textos e cartas, ou seja, uma literatura específica sobre a realidade física do Brasil. As narrativas descritivas sobre a natureza da América Portuguesa provêm da trajetória individual dos cronistas, como suas experiências cotidianas nas florestas e suas vivências com os indígenas, negros e outros europeus. Estes relatos contêm informações que permeiam todos os âmbitos da vida na colônia, assim, o intuito deste trabalho é que por meio destes relatos como fonte documental possamos apreender o conhecimento do mundo natural, aspectos sobre as estratégias de sobrevivência e hábitos alimentares, como a caça. Estes relatos, além de serem construídos a partir das experiências dos próprios cronistas, também se constroem a partir do olhar e entendimento que a Europa do século XVI tinha sobre o mundo. PALAVRAS-CHAVE: América Portuguesa; Século XVI; Narrativas; Crônicas; Mata Atlântica.

Memória e História intelectual na narrativa biográfica oitocentista da brasileira Nísia Floresta

Laura Sánchez Pereira Battistella (UNIOESTE) Fábio Lopes Alves (UNIOESTE) RESUMO: A história da intelectualidade mostra que, basicamente, ela se formou a partir de textos de autoria masculina. A mulher do século XIX foi invisível ao processo letrado, sendo impedida e considerada não apta para o desenvolvimento intelectual. Este trabalho apresenta a contribuição dos conceitos de Memória e História intelectual para o estudo da vida e obra da escritora e educadora brasileira Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo, Nísia Floresta, (1810–1885) e suas contribuições para a intelectualidade do gênero feminino no Brasil oitocentista. A partir das narrativas autobiográficas de Nísia Floresta esta pesquisa constitui-se numa tentativa de contribuir para uma discussão interdisciplinar sobre o contexto histórico e intelectual das mulheres brasileiras e para o próprio resgate da memória desta escritora e educadora que foi apagada da história durante 70 anos. Nísia é considerada pioneira do feminismo no Brasil, e a primeira mulher a “romper as fronteiras” entre o espaço público e privado, publicando textos em jornais. Suas obras de caráter histórico em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos não deixaram impassíveis a uma sociedade dominada intelectualmente por homens. Nos seus livros a autora menciona e descreve o cotidiano feminino, um cotidiano restrito as tarefas de esposa fiel e mãe dedicada. A escritora, nas suas narrativas, leva ao leitor a refletir sobre o direito da mulher à educação e ao desenvolvimento da sua intelectualidade. Compara a mulher brasileira com a europeia permitindo ao pesquisador da sua obra um olhar às memórias através das suas personagens e cenários históricos. PALAVRAS-CHAVE: Biografia; Memória; Narrativas; História.

Entre livros: a biblioteca de Cora Coralina

Andréa Figueiredo Leão Grants (UFSC) RESUMO: O trabalho de pesquisa apresenta uma proposta acerca do estudo, em andamento, das obras que compõe a biblioteca particular da poetisa goiana Cora Coralina. Pretende-se refletir sobre o aspecto autobiográfico implícito não apenas na seleção dos títulos colecionados, mas sobretudo na tecitura de associações das experiências e memórias presentes em obra. No contexto das questões gerais sobre a arte de colecionar livros e sua provável relação com o ato de leitura indago sobre o horizonte de leitura à luz do qual Cora Coralina acumulou, colecionou as obras que integram sua biblioteca particular. A pesquisa, de caráter documental, contempla a biblioteca particular como parte do espólio da escritora que está localizado no Museu Casa de Cora Coralina na cidade de Goiás. A obra de Cora Coralina se destaca pelo diálogo com o subjetivo, o simbólico e o referencial, à ficção e à confissão, a história como arquivo e, sobretudo, as relações histórico-sociais do século XX. A biblioteca catalogada e analisada possui 912 títulos e 978 exemplares, portanto, dar visibilidade a esse acervo, disponibilizando-o em forma de catálogo significa trazer do “esquecimento” um autêntico repertório de fontes e inspirações da poetisa. Ao manusear o acervo encontrou-se nas centenas de páginas impressas, rastros de suas leituras, redes de relações, escritas de margens em forma de anotações, adendos, rasuras, além de, dedicatórias, pós-escritos, excertos inéditos em prosa e verso que servem como subsídio para se contar uma história de leitura. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Autobiografia; Biblioteca; Cora Coralina.

Entre algemas e Grades: Uma reflexão sobre Vidas e Memórias no Cárcere

Maria Aparecida de Barros (UFGD) RESUMO: Nesta comunicação, pretendemos analisar, à luz dos Estudos Culturais, os testemunhos orais apresentados pelas narradoras FC e RP, mulheres que estão, temporariamente, privadas de liberdade, cumprindo pena em uma penitenciária feminina. Para colher esses depoimentos, dentro do espaço prisional, escolhemos o método proposto pela moderna história oral; por meio dela, também aquele que está à margem, pode ter a sua história ouvida, reconhecida e documentada, considerando que, a biografia de qualquer pessoa, conhecida ou anônima, tem a mesma importância. A partir desta análise, propomos uma reflexão sobre a memória biográfica, como um espaço pertinente para que as diversas experiências vividas possam ser trazidas à luz. Ao revisitar suas histórias, as narradoras encontram em suas memórias um passado de alegrias, mas também de angústia e lágrimas. Revelam o estigma por serem mulheres, pobres e encarceradas, o repúdio à violência física e psicológica, as dores e perdas, a recusa ao esquecimento. Ao revelarem suas memórias, empoderadas do falar, FC e RC, tornam-se as porta-vozes de suas próprias trajetórias, e, constroem identidades possíveis. Para esta análise teremos como referências teóricas estudos sobre a abordagem da história oral, as narrativas biográficas, a memória individual e coletiva, as identidades culturais em tempos de pós-modernidade, e reflexões sobre o papel da mulher no decorrer do tempo. PALAVRAS-CHAVE: mulher; narrativas biográficas; memorialística; prisão.

Aspectos da memória nas obras de Hélio Serejo

Hélia Marcia Kovalski Castilho Teno (UFGD) Paulo Bungart Neto (UFGD) RESUMO: Esta comunicação tem por objetivo retratar alguns aspectos da memória presentes nas obras do escritor regionalista Hélio Serejo, e que convida o leitor a mergulhar nas narrativas desse escritor, para que vença o tempo e o esquecimento, tomando como iniciativa a obtenção da memória coletiva registrada por ele sobre a comunidade ervateira. Nascido em Nioaque-MS, em sua infância o autor viveu na cidade fronteiriça de Ponta Porã-MS, acompanhando o trabalho de seu pai e, assim, entrando em contato com peões ervateiros e com a exploração econômica da erva-mate na região. Esta vivência no campo, com os galpões crioulos e com a paisagem sertaneja, foram temas refletidos em sua produção literária e formatou a tradução da vivência de um povo, da forma mais completa, voltando-se para o registro da história e dos costumes de vida na fronteira Brasil-Paraguai. O prosador sempre esteve ligado às questões políticas e ao desenvolvimento do Estado, retratando-os de forma poética, com linguajar ímpar, marca registrada do autor. Contudo, ao analisarmos as obras de um ficcionista como Serejo, que se utilizava de componentes históricos e memorialistas, faz-se indispensável o conhecimento de conceitos ligados à memória. Nesta perspectiva, a fundamentação teórica vincula-se às reflexões de Halbwachs (2006), Le Goff (2003) e Lejeune (2008). PALAVRAS-CHAVE: Memória; Hélio Serejo; História.

José Pereira Lins: Memória de um educador em Dourados

Luciano Primo da Silva (UFGD) RESUMO: Na atualidade, uma das principais vertentes dos estudos literários comparados diz respeito à análise e valoração do acervo do escritor, de fontes primárias, como constitutivos da recuperação da memória e do perfil dos homens de Letras, com fulcro na sua trajetória, em sua história de vida. O objetivo principal desde trabalho é divulgar estudos inicias sobre o acervo e a memória do professor José Pereira Lins, nome dos mais expressivos intelectuais sul-mato-grossenses, que deixou significativo legado à comunidade e cultura do estado de Mato Grosso do Sul. O trabalho põe em perspectiva a vertente dos estudos e da crítica autobiográfica contemporânea, de natureza comparatista, visando à recuperação de acervo, da memória e do resgate de fontes primárias. Com isso, verificou-se que o intelectual e escritor douradense e sul-matogrossense deixou registrado não só um dos mais representativos acervos históricoliterários, imprescindível ao conhecimento da cultura brasileira, mas também inscreveu-se como homem de Letras de seu tempo por meio de um currículo bem diversificado. Disso se conclui que o professor José Pereira Lins torna-se nome emblemático e dos mais representativos para a real compreensão da história regional do estado de MS. Fundamental para essa constatação foi a consulta ao acervo bibliográfico disponível na biblioteca da Universidade Federal da Grande Dourados, bem como ao levantamento de uma fortuna crítica inicial que assinala para a pertinência do estudo e a expressiva produtividade em torno do acervo e da memória do professor, escritor e homem de Letras. PALAVRAS-CHAVE: José Pereira Lins; Autobiografia; Memorialismo; Acervo; Arquivo.

José de Alencar e José Américo de Almeida: dois exemplos nacionais de escritas autobiográficas intelectuais

Elaine Aparecida Lima (UEL/UNILA) RESUMO: O presente trabalho, por meio da análise comparativa entre dois textos autobiográficos, produzidos por escritores literários: Como e porque sou romancista, de José de Alencar, e Memórias: antes que me esqueça, de José Américo de Almeida, demonstrará os artifícios utilizados pelos autores para a exposição de suas experiências como justificativas de suas produções e posicionamentos intelectuais da maturidade. Tomar-se-á as escrituras memorialistas citadas como resultantes de processos de seleção que expõem os contextos históricos e sociais de engajamento dos escritores à realidade nacional brasileira, resultando especialmente das opções dos autores diante de movimentos literários específicos, a saber o nacionalismo romântico e o regionalismo modernista. Neste sentido, refletir-se-á sobre os mecanismos culturais e políticos que forjaram os textos, expondo, em detrimento à tentativa de representação de um eu individual, o esforço de construção de um eu representativo para o coletivo e para a posteridade brasileira. Além disto, considerando os textos comparados como representantes de distintos estágios da produção autobiográfica intelectual no Brasil, procurar-se-á compreender o trajeto que nasce da rejeição pela escrita de si, marcante no texto de José de Alencar, editado em 1893, alcançando a quase obrigatoriedade de produções intelectuais desta estirpe, como indica o título produzido por Almeida no ano de 1976. PALAVRAS-CHAVE: Autobiografia; Intelectualidade; Literatura; História.

Trajetórias, linhagens e heranças: sobre a vida de algumas antropologias latinoamericanas

Andrea Ciacchi (UNILA) RESUMO: Neste trabalho, apresento uma hipótese de trabalho, oriunda dos resultados parciais da minha pesquisa sobre histórias das antropologias na América Latina: a possibilidade de orientar essas reconstruções cronológicas a partir de uma dupla dimensão articulada: institucional e biográfica. Com base no estudo preliminar de alguns casos nacionais (Argentina, Brasil, Colombia e Uruguai), compreendo que a construção e a consolidação dos paradigmas teóricos, das práticas metodologicas, das agendas temáticas e das formatações institucionais (museus, faculdades, revistas etc.) não passam apenas pela relação com as “antropologias centrais”, das quais essas antropologias “periféricas” teriam recebido pautas teóricas, metodológicas e temáticas e modelos institucionais. Mais do que isso, algumas dessas tradições nacionais (disciplinares, mas não só, pois abrigam longas e significativas relações com outros saberes e práticas: arqueologia, paleontologia, antropologia física, história, medicina – desde, pelo menos, meados do século XIX) alimentam-se das e pelas trajetórias de alguns “pioneiros”, de formação híbrida, inspiradores de campos científicos e, por isso mesmo, portadores de conteúdos que se alastram com força, no tempo e no espaço dessas tradições, se apresentando como fundacionais. Proponho, então que algumas dessas trajetórias intelectuais sejam, ao mesmo tempo, estudadas com maior profundidade e inseridas num desenho de pesquisa que nos permita a melhor compreensão da história de algumas das nossas natropologias latino-americanas. PALAVRAS-CHAVE: Histórias da Antropologia; Trajetórias intelectuais; Antropologias latino-americanas.

Polifonias da existência: memória, arquivos e vozes na tessitura de uma narrativa biográfica

Anaxsuell Fernando da Silva (UNILA) RESUMO: Este trabalho busca problematizar aspectos formais presentes nas biografias. Para tanto, discute o papel dos biógrafos sejam eles jornalistas, historiadores, sociólogos, antropólogos ou escritores, possuidores de outro tipo de arcabouço teórico-metodológico e com outros interesses, sejam eles social, pessoal ou comercial, ou ainda presos às exigências do próprio mercado editorial. A partir deste panorama, discutiremos com maior vagar a alternativa apresentada por Roland Barthes. Para quem o que é mais valioso, não é apresentar a história do indivíduo, com começo, meio e fim delimitados, mas alguns momentos significativos de sua vida, conectados em sua trajetória como um todo. Para isso, Barthes conceituou o termo biografema. Em relação a estas possibilidades e impossibilidades, a escrita, a fabulação, apresenta-se como recurso essencial para compor uma narrativa biográfica. PALAVRAS-CHAVE: Biografia; biografema; memória

RESUMOS DOS SIMPÓSIOS E DAS COMUNICAÇÕES EM ESTUDIOS LINGUÍSTICOS

SIMPÓSIO - DISCURSO, IDEOLOGIA, PODER SALA: 21

Coordenadores: Dr. Alexandre Sebastião Ferrari Soares (Unioeste) Ms. Maria Roseli Castilho Garbossa (PG-Unioeste) RESUMO GERAL: A Análise de Discurso de orientação francesa (AD) tem sua gênese na análise de textos políticos, com os estudos de Michel Pêcheux, na década de 60. No entanto, considerando que a própria teoria está situada social, histórica e ideologicamente, ela vem, em suas condições de produção, se (re)constituindo, o que possibilita, atualmente, a análise dos mais variados discursos. Isto se dá, também, pelo fato de a AD se constituir como a disciplina do entremeio, atravessada e articulada por uma teoria da subjetividade, de natureza psicanalítica, a partir da qual ela explica como o sujeito é interpelado, sem perceber, pela ideologia. Assim, considerando que o funcionamento da língua está imbricado com o histórico e que os efeitos de sentido se dão no confronto entre o dito e não-dito, acolhemos, neste simpósio, trabalhos - concluídos ou em andamento- os quais buscam compreender de que forma os discursos são produzidos, sustentados e propagados ao mesmo tempo em que (tantos) outros são silenciados, fazendo com que, dessa forma, os efeitos de sentido pareçam naturalizados. PALAVRAS CHAVE: Discursos; Efeitos de sentido; Silenciamento(s)

Desvelando o discurso jornalístico sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal

Alcemar Dionet de Araujo (UNIOESTE) Alexandre Sebastião Ferrari Soares (UNIOESTE) RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo analisar o funcionamento do discurso jornalístico e seus efeitos de sentido sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo (doravante CPMS), em Portugal, a partir de notícias veiculadas no Jornal Diário de Notícias - um dos jornais matutinos e uma das principais referências no país em relação à circulação -, que compreendem os períodos de junho de 2010 a junho de 2011. O recorte temporal que estabelecemos para a gestão do corpus é coeso com a proposta teórica que nos auxiliará na análise das matérias, uma vez que observaremos de que forma o casamento entre pessoas do mesmo sexo e, consequentemente, a homossexualidade é construída/produzida e circula neste meio de comunicação. Visando contextualizarmos e apresentarmos os principais conceitos teóricos no qual este trabalho se desenvolverá, destacamos, inicialmente, que ele se fundamenta a partir da concepção francesa de Análise de Discurso, na qual buscamos compreender como a ideologia se inscreva na língua e como o sujeito e o sentido são interpelados pela ideologia. Baseado no pensamento de autores, como Pêcheux (1988; 1990), Orlandi (1987; 1999; 2005), Brandão (1986),Mariani (1998), entre outros, observaremos os aspectos relacionados aos efeitos de sentidos e ao sujeito para podermos discutir os processos discursivos que permeiam a construção e a circulação do discurso jornalístico. Nos propomos, sobretudo, compreender como as formações imaginárias acerca da diversidade sexual se naturalizam nas páginas desse jornal formulando uma memória do futuro sobre o CPMS e os sujeitos homossexuais. PALAVRAS-CHAVE: Análise de Discurso francesa; Diversidade sexual; Casamento entre pessoas do mesmo sexo; Imaginário.

Movimentos Sociais e Democracia na Grande Mídia no Paraná Contemporâneo

Alessandro Pimentel (UNIOESTE) RESUMO: Apresento como proposta de analise compreender o papel desempenhado pela grande mídia paranaense em relação aos movimentos sociais que se manifestaram a partir do inicio do século XXI no Estado do Paraná. Percebendo como a grande mídia se posiciona frente às mobilizações populares ao longo dos primeiros anos deste século. Entendo a mídia como um aparelho privado de hegemonia e situado dentro de um campo de luta de classes. Pois esses aparelhos de comunicação sejam eles jornais revistas programas jornalísticos televisionados, ao se posicionarem sobre determinados assuntos de interesse sociais acabam influenciando diretamente sobre o desenrolar dos acontecimentos. Nesse sentido penso que é importante situar a mídia dentro de um campo de relações sociais. A análise proposta tem como fonte o maior jornal que circula no Estado do Paraná, o JornalGazeta do Povo e Folha. Pois esse periódico se coloca como formador de opinião defensor da liberdade de expressão e da democracia. Portanto a compreensão e a analise das relações da mídia com os movimentos sociais têm grande relevância para compreendermos como aparecem e como são entendidos os movimentos sociais e as relações democráticas na mídia capitalista paranaense. PALAVRAS-CHAVE: Mídia; Movimentos Sociais; Democracia.

Saberes Indígenas na Escola: Entre o Profano e o Sagrado. Uma Análise Discursiva de Narrativas de Professores Indígenas de Dourados MS

Alexandra Aparecida de Araujo Figueiredo(UNIOESTE) Alexandre Sebastião Ferrari Soares (UNIOESTE) RESUMO: O presente trabalho pretende realizar uma leitura acerca dos discursos sobre os saberes tradicionais indígenas no contexto escolar, a partir de narrativas de professores participantes do Projeto Saberes Indígenas na Escola. O projeto é uma Ação permanente do Ministério da Educação que integra os territórios etnoeducacionais. Dentre as atividades do mesmo está a inserção dos mestres indígenas tradicionais as atividades pedagógicas, no intuito de que os saberes dos mesmos possam ser repassados aos professores, assim revitalizar as lendas, mitos e rezas, e colaborar com organização de materiais didáticos que auxiliem as atividades docentes. Contudo, esses saberes não encontram terreno tranquilo na escolar, visto que muitos dos professores e alunos indígenas, não partilham mais das mesmas crenças. A expansão da igreja evangélica dentro da aldeia é significativa e isso reflete em embates entre as “coisas que são de Deus e as coisas do diabo”. É assim que muitos dos professores dizem que seus alunos se referem aos saberes tradicionais. Logo, isso sugere um deslocamento de sentido em relação ao que era sagrado, ou ainda é, e passa a ser visto como profano, segundo os indígenas mais jovens. Assim, para essa leitura, pautamos nas orientações da Análise do Discurso de linha francesa, no que tange ao conceito de paráfrase, (PÊCHEUX, 2009), pois de acordo com a AD, o funcionamento discursivo é sustentado por um sempre “já lá”, um dito que permite esse retorno, ou seja, há uma relação entre o já dito, o dizer e o interdiscurso, apoiados por uma memória do dizer. PALAVRAS CHAVE: Discurso; Efeitos de Sentido; Educação Escolar Indígena.

A domesticação do corpo e a normalidade compulsória

Alexandre Sebastião Ferrari Soares (UNIOESTE) RESUMO: Os discursos midiáticos sobre a homoafetividade têm se deslocado, de uma forma quase que geral, sobretudo nos grandes meios de comunicação, para outras formas de construção das imagens dos sujeitos homossexuais, sejam eles, gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais (LGBTT): o discurso sobre a paternidade/maternidade tem se mostrado bastante atual quando se trata de organização de núcleos afetivos produzindo um discurso de normalidade nessas relações; ou, em se tratando de travestis, os discursos sobre profissionalização e educação formal também são recorrentes nos discursos da imprensa normalizando corpos e comportamentos. Ou ainda, um discurso médico sobre os/as transgêneros/as efetivando um outro lugar para esses sujeitos na ordem do discurso midiático. Essas novas formas de ressignificação das Formações Imaginárias sobre a comunidade LGBTT, na mídia, produzem novos sentidos nos discursos dessa comunidade sobre si, sobre os seus estilos de vida, sobre as suas necessidades e direitos. A partir da teoria francesa de análise de discurso, criada por Pêcheux, na França da década de 1960 e difundida, no Brasil, sobretudo por Eni Orlandi, proponho analisar o funcionamento do discurso nos principais veículos onlines de informação a fim de compreender os novos sentidos produzidos pelos sujeitos homossexuais sobre si. Duas perguntas me guiaram durante todo o percurso de realização desse trabalho: A) Qual é o lugar, diante da proliferação cotidiana de linguagens na mídia, da memória pessoal, cultural e social do sujeito homossexual? e B) Quais deslocamentos são materializados na língua que me permitem observar as novas formas de denominações desses sujeitos nos meios de comunicação? PALAVRAS-CHAVE: mídia, homossexualidade, corpo, AD francesa.

Invisibilidade, desigualdade e exclusão na canção “Humildade” e “A vida que eu levo” do grupo de rap indígena BrôMc´s

Anderson Aparecido Pires (UFGD) Rita de Cássia Pacheco Limberti (UFGD) RESUMO: Com base nos aparatos metodológicos daanálise do discurso francesa, pretendemos, no presente trabalho, analisar as a letras de músicas “Humildade” e “ A vida que eu levo” , compostas pelo grupo rapindígena BrôMc´s, cujos integrantes são jovens indígenas moradores da aldeia Jaguapiru, município de Dourados/MS. É sabido que o município apresenta uma significativa população indígena e com a ascensão de um grupo de rap diferenciado, que faz com que atenhamos nossos olhares de pesquisadores às canções, a fim de compreendermos como a invisibilidade, a desigualdade e a exclusão se manifestam. Nossas análises se baseiam nas teorias de Michel Pêcheux (2010) eEniOrlandi (2012), sendo esses teóricos nossos norteadores a respeito do entendimento do que é o discurso e de que forma o discurso faz significar a compreensão de mundo.Foucault (2010) nos auxiliará na interpretação da relação poder e discurso, em que será afirmado o posicionamento de que o poder se faz no discurso, (re) produzindoo. Em linhas gerais, nosso trabalho procura esboçar uma reflexão sobre a sociedade indígena de Dourados, tomando como fatores: a invisibilidade, desigualdade e exclusão, a partir daquilo que lhe é (não) dito pelo índio douradense. PALAVRAS-CHAVE: Análise do Discurso; Sociedade Indígena;BrôMc´s.

Ethos do discurso científico sobre as plantas medicinais: o silenciamento do conhecimento tradicional

Carla Andreia Schneider (UFGD) Monica Alvarez Gomes (UFMS) RESUMO: O uso das plantas medicinais foi único durante muito tempo ao longo da história, entretanto, com o estabelecimento da indústria farmacêutica e de investimento de recursos no desenvolvimento de novos fármacos, o uso sofreu oscilações entre as comunidades. Considerando esse quadro econsiderando que a linguagem ocupa a parte essencial da construção dos sujeitos, de forma individual ou coletiva, é possível deduzir que a oscilação do uso foi determinada pelos sujeitos envolvidos, em decorrência da hipótese da imposição do conhecimento científico como apropriado, silenciando outros conhecimentos pelos discursos produzidos. Desta forma, este estudo tem por objetivo analisar, a partir de uma abordagem teórica da Semiótica Greimasiana e da Análise de Discurso Francesa, os efeitos de sentido produzidos pelo ethos discursivo construído nos resumos de trabalhos científicos sobre as plantas medicinais, produzidos pela comunidade acadêmica de Dourados-MS, com abordagem etnodirigida. Foram analisados 13 resumos científicos provenientes de Trabalhos de Conclusão de Curso, pesquisas publicadas online em anais de eventos científicos em Dourados-MS e em outras regiões do país ou publicadas em revistas científicas online do Brasil. Os resultados mostram que o ethos do discurso científico sobre as plantas medicinais apresenta-se como um especialista competente, ora impositivo, em que o conhecimento científico se coloca como apropriado, silenciando o conhecimento tradicional, ora sereno, quando atua apenas como inventariante registrandoo conhecimento tradicional. Esseethoscontribui para reforçar a autoridade e legitimidade do conhecimento científico sobre o conhecimento tradicional a respeito das plantas medicinais, silenciando-o. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Ethos, Plantas Medicinais; Silenciamento.

Da alienação primordial à alienação ideológica

Caroline Reisdorfer (UNIOESTE) RESUMO: Pensar que a Psicanálise faz parte da tríade escolhida por Michel Pêcheux para fundamentar a base da Análise de Discurso (AD) de linha francesa, suscita percorrer o trajeto que vai de uma teoria à outra. Lacan faz um retorno a Freud, no mesmo momento em que Althusser fazia retorno a Marx e que em seguida Pêcheux irá, também à luz de seu tempo, dar passos, retornando a Linguística no campo que ela deixara aberto: o discurso. Com as concepções da Psicanálise, História e Linguística, a AD é criada como um dispositivo de investigação que irá, na materialidade da língua, denunciar a ideologia a que os sujeitos estão sendo efeito ao se pronunciar. É assim, olhando para o sujeito e seu assujeitamento ao Outro que, tanto Lacan retoma Freud, quanto Pêcheux retoma a própria Psicanálise. Contudo, não é no mesmo espaço discursivo que os teóricos ouvem esses sujeitos. Fato que torna importante um recorte que os situe como “objeto de teoria” para cada uma delas. A Ideologia está para todas as estruturas psicanalíticas, mas não são todas que revelam um sujeito. Portanto, o sujeito do, e no inconsciente, a quem será possível o acesso à ideologia emerge para a Psicanálise apenas na neurose e, ainda que diferenciado, na perversão. Nessas estruturas se passa de uma alienação a outra pelo corte simbólico, e com elas é possível compreender como Psicanálise e AD se aproximam para todas as outras analogias existentes entre elas. PALAVRAS-CHAVE: Análise de Discurso; Psicanálise; Sujeito; Neurose; Inconsciente.

Aspectos referentes às relações de poder estabelecidas no período emancipatório da cidade de Cascavel – Paraná

Dhyovana Guerra (UNIOESTE) Thaluan Rafael Debarba Baumbach (UNIOESTE) RESUMO: O presente estudo, de cunho qualitativo, visa uma análise comparativa entrebibliografia e história oral referente às relações de poder estabelecidas no período emancipatório de Cascavel – Paraná. No tocante a pesquisa bibliográfica se trata de uma pesquisa aos livros: (i) Cascavel - a História de Alceu Sperança; (ii) Terra, Sangue e Ambição: a gênese de Cascavel de Vander Piaia. No tocante a história oral se trata de uma análise aos depoimentos de pioneiros referentes à história política da cidade. Cascavel teve sua emancipação decretada no dia 14 de dezembro de 1952. Nesse período a cidade sofria reflexo econômico pautado no ciclo da madeira. Baseado nissoos resultados deste estudo apontam que as relações de poder, durante o período temporal analisado, estão enraizadas nas disputas por terras e que no contexto destas disputas havia um agente mediador, ou seja, o jagunço. Assim sendo, nosso intuito é discutir sobre as relações de poder contidas nestes livros abordando o recorte temporal dentre a década de 1950 – 1970 em comparação a recortes das entrevistas. PALAVRAS-CHAVE: Relações de poder; Ciclo da Madeira; História Política de Cascavel.

Sempre ela, a impura: revelações em discursos produzidos sobre a mulher

Fernanda Pereira (UNIOESTE) RESUMO: Um curioso protesto de uma corredora, em abril deste ano, durante a Maratona de Londres, causou polêmica na sociedade mundial. Menstruada, Kiran Ghandi decidiu correr 42 km sem usar absorvente, como forma de protesto contra a opressão da mulher e para promover uma discussão sobre o assunto, visto que, em muitos países, temas relacionados à intimidade feminina ainda são considerados tabus e devem ser reprimidos. No entanto, a reação das pessoas, em diferentes partes do mundo, foi de revolta, choque e até de não reconhecimento do protesto em si. Neste trabalho, pretendese, portanto, utilizar a Análise do Discurso de orientação francesa (AD) para compreender como um ato de protesto, que visava à libertação da mulher e à promoção do domínio sobre a narrativa do corpo feminino, provocou efeitos de sentido contrários, principalmente em meio às próprias mulheres. Através da análise de comentários feitos por leitores sobre a matéria publicada no site Terra Mulher, relatando o ato de Kiran, durante a maratona, pretende-se tornar visível a ideologia interpelando estes sujeitos, materializada nos discursos produzidos e propagados. A ideia de impureza do corpo feminino, presente em diferentes formações discursivas ao longo da história, sustenta estes discursos que se materializam em diferentes formas de hostilidade à mulher em nossa sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Mulher; Discurso; Efeitos de sentido.

Memórias e discursos sobre a casa Familiar Rural e sobre perspectivas de vida no Campo

Jaciele Hosda (UNIOESTE) RESUMO: O êxodo rural vem aumentando consideravelmente nas últimas décadas, principalmente entre as novas gerações. Acredita-se, que um dos fatores dessa desvinculação com o campo seja a falta de incentivo ou perspectivas de vida neste meio. Considerando a grande importância das atividades do campo para a população, dentre elas, a produção de alimentos da cesta básica, especialmente via agricultura familiar, busca-se com esta pesquisa, conhecer o funcionamento das Casas Familiares Rurais (CFR’s), as quais desenvolvem o trabalho com o propósito de manter os jovens no campo, com qualidade de vida e perspectivas de um futuro promissor. Diante deste modelo diferenciado de educação, com discursos e técnicas voltadas aos jovens residentes e trabalhadores do meio rural, é que se propõe com esta pesquisa, resgatar as CFR’s, sua memória, lutas, implantação, conceitos, objetivos e conhecimentos construídos. Para isso, embasado teoricamente na Pedagogia da Alternância (PA), especialmente nos estudos de Freire (1997), Gimonet (2007), Morin (2002) e através da coleta de questionários, analisase, neste trabalho, o processo de implantação, objetivos, dificuldades e conquistas de uma CFR. Pretende-se com este estudo, identificar se o discurso vinculado à PA, proposto pelas CFR’s é, de fato, promissor de inovações para a agricultura familiar e capaz de diminuir o êxodo rural, aumentando, com isso, a qualidade de vida no campo destes jovens que usufruem de um ensino diferenciado. PALAVRAS-CHAVE: CFR; Discurso; Jovens; Campo.

O discurso político/midiático como instrumento desarticulador do movimento indígena Guarani pela retomada dos territórios tradicionais no Oeste do Paraná

Jairo César Bortolini (UNIOESTE) RESUMO: A presença Guarani no Oeste paranaense remonta a um longo período histórico no qual esses grupos sofreram alterações significativas, principalmente em relação à ocupação do espaço, sobretudo no último século. A história destas comunidades foi marcada pelo processo de colonização e expansão agropecuária aliada, na década de 1970, ao processo de formação do Lago de Itaipu, fatos que promoveram a dispersão de muitas famílias para outras regiões. Dessa forma, a região Oeste do Paraná vem presenciando, nos últimos anos, a intensificação dos conflitos territoriais entre indígenas e a população envolvente, fruto das demandas por demarcação de terras indígenas tradicionais. Ancorado nos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise de Discurso de orientação francesa, este trabalho versa sobre o discurso difundido pela mídia e por políticos representantes do agronegócio, contrários à demarcação das terras indígenas, na tentativa de promover a hostilização do povo Guarani, impedindo a delimitação e demarcação das áreas indígenas. Procura-se, nessa perspectiva, analisar materialidades discursivas veiculadas na mídia sobre o tema em questão, a fim de compreender os efeitos de sentido que elas produzem e, principalmente, desvendar aqueles que são silenciados. PALAVRAS-CHAVE: Demarcação; Territórios Tradicionais; Movimento Indígena Guarani.

O silêncio como aniquilação simbólica

João Carlos Cattelan (UNIOESTE) RESUMO: Nas elaborações teóricas que se encontram nos diferentes prismas de abordagem da língua/discurso, o silêncio é tratado como implícito, esquecimento, recalque ou injunção. De um lado, ele circula par e passo com o dito; de outro, ele condiciona o dito a título de interpelação sobre o que se diz ou não; de outro, ainda, ele não pode ser dito pela interdição que o reprime; e, por fim, ele é alijado para fora da enunciação, por força da ordem que determina que o sentido seja um e não outro. Sem negar que o silêncio se “manifeste” de todas estas maneiras, entendo que, ao lado dessas distintas formas de o não-dito habitar o dito ou ser mantido à distância, há uma forma de silêncio que não coincide com nenhuma delas e que denomino como “aniquilação simbólica”. Neste caso, o silêncio não fica implícito, não pode ser retomado pelo acesso aquilo que é esquecido, não remonta a qualquer conteúdo que tenha sido recalcado e nem remete aquilo que fica afastado pela obrigação de dizer: ele é o silêncio do sentido não cogitado, da ignorância e do impensado. É a este silêncio que pretendo dar forma por meio da observação de propagandas de produtos infantis para crianças na primeira infância. PALAVRAS-CHAVE:Discurso; Silêncio; Aniquilação Simbólica; Pai; Publicidade.

Enfermagem e homossexualidade:Análise de discursos de acadêmicas e acadêmicos de Enfermagem sobre a sexualidade de crianças adotadas por casais homossexuais Jonathan Chasko da Silva (UNIOESTE) Carmen Teresinha Baumgärtner (UNIOESTE) RESUMO: Neste trabalho tivemos oobjetivo de apresentar dados referentes ao estudo de discursos produzidos poracadêmicos dos cursos de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Cascavel.Investigamos as representações dos acadêmicos sobre a influência de casaishomossexuais na sexualidade de crianças por eles adotadas. Pretendemos apontarquais são as formações discursivas e ideológicas presentes em respostas àpergunta “Em sua concepção, qual a possibilidade de uma criança, que foi criadapor um casal homossexual, ser homossexual também?”, constante em questionárioaplicado aos sujeitos participantes da pesquisa por uma Organização NãoGovernamental que atuava na defesa dos direitos LGBTs. Selecionamos asrespostas em especial destes sujeitos por considerarmos que esses estão, de certaforma, mais próximos a estudos sobre a homossexualidade e seu caráter patológico(ou não). Observamos a presença tanto de uma formação discursiva e ideológicaque explica o fenômeno por fatores externos, ou seja, pela visão do social, quantooutras que o explicam pelo viés de fatores internos, istoé, pela biologia/genética e/oupsicologia. Ressaltamos que essa pesquisa faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso nomeado Análise dos discursos de acadêmicas e acadêmicos de Ciências Biológicas e Enfermagem acerca da sexualidade de crianças adotadas por casais homossexuais. PALAVRAS-CHAVE: Análise do Discurso; Homossexualidade; Discurso deAcadêmicos.

Efeitos de sentido sobre a proibição do assédio ideológico nas escolas

Juliana Karina Voigt (UNIOESTE) RESUMO: A Análise de Discurso francesa é conhecida como a disciplina do entremeio. Ancorada na Linguística, na Psicanálise e no Materialismo histórico, a teoria, elaborada pelo filósofo Michel Pêcheux, comporta o estudo sobre o discurso, ou seja, sobre os efeitos de sentido entre interlocutores.Entendendo que ao procurar explicar a linguagem, o homem está procurando explicar algo que lhe é próprio e que é parte necessária de seu mundo, buscar-se-á, nesse artigo, trabalhar com o objeto teórico da vertente francesa e interpretar de que maneira a proposta de lei do deputado federal Rogerio Marinho (PSDBRN), titular da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que torna crime o assédio ideológico em ambiente escolar é significada pelos seus interlocutores.O projeto de lei pede alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para que seja incluído entre os seus direitos o de “adotar posicionamentos ideológicos de forma espontânea, livre de assédio de terceiros”. Valendo-se de autores como Pêcheux (1993), Orlandi (2005) e Mariani (1998), pretende-se compreender como os objetos simbólicos produzem sentido e qual é a significância feita por sujeitos para sujeitos. Destarte, objetiva-se interpretar, pensando nas condições de produção, qual é o efeito de sentido sobre esse projeto de lei e a sua (re) produção nos canais midiáticos. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Ideologia; Mídia.

O poder da língua: O dito e o não-ditosobre a ciência e o sujeito da ciência no discurso midiático

Kelly Fernanda Guasso da Silva (UFSM) RESUMO: Situados no lugar teórico que estabelecelíngua, discurso e ideologia como noções essenciais para a apreensão do sujeito, nossa proposta éanalisar discursos produzidos e divulgados pela mídia quando versam sobre a ciência e o sujeito da ciência. Nossa pesquisabusca responder às seguintes perguntas: Qual é a concepção de ciência que está em voga na atualidade?O que é dito e o que é silenciado? Como os discursos midiáticos definem ciência e quem faz ciência? Os conhecimentos produzidos pelas humanidades são considerados ciência? À procura de respostas, mobilizaremos o conceito de “língua de vento”, aquela definida por Pêcheux ([1981]2004, p. 24) como a que “permite à classe no poder exercer sua maestria, sem mestre aparente”; sendo, portanto, o nosso objetivo geral relacionar língua, ideologia e poder. É de nosso interesse também recuperar a concepção de “sujeito deslocado”, trazida por Pêcheux – ainda sob o pseudônimo de Thomas Herbert ([1967] 1995) – quando define aquele sujeito que, para produzir conhecimentos, precisa deslocar os sentidos estabelecidos, os já-ditos;tal sujeito produz algo diferente daquilo que é esperado dele enquanto indivíduoassujeitado pela ideologia dominante. Tais acepções apontam um possível caminho para entendermos um pouco mais sobre discurso, sujeito, ideologia, ciência e poder, bem com sobre os efeitos de sentido que mobilizam. Nesse viés, este trabalho mostra-se relevante por fazer parte de um estudo maior que é a nossa dissertação de mestrado, ainda em fase inicial, onde buscamos analisar os discursos de e os discursos sobre a ciência e o sujeito da ciência. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Sujeito; Ideologia; Ciência; Poder.

Memórias da Maternidade: um gesto de leitura sobre o materno e o feminino nas revistas Crescer e Cláudia Bebê

Luciana Vedovato (Unioeste/UFRGS) RESUMO: Ao abordar a questão da memória Orlandi (2012) aponta para o fato de que a memória tem características especiais, quando tratada em relação ao discurso, assim, a memória discursiva é responsável pelo não apenas pelo dizer, mas é responsável pelas formas de acionamento das relações entre a palavra e suas condições de produção. Para Pêcheux (apud ACHARD, 2007), não há como pensar na planificação da memória, uma vez que ela também está no terreno da instabilidade por ser composta por saberes heterogêneos e contraditórios, podendo, no caso em tela, ser reconfigurada pela (re)inscrição, no interdiscurso. Nesse contexto,construção do lugar do feminino, durante a gravidez, evidencia a forma como a memória discursiva trabalha tanto o lugar do sagrado – a mulher é santificada pela condição de gerar – como o lugar do heroísmo: a mulher é capaz de lidar com todas as situações de forma a satisfazer todos os setores: trabalho, família, etc. Como também aciona outros saberes como o questionamento sobre a paternidade, se a maternidade realmente é um desejo da mulher e, por fim, os mecanismos de transformação da gravidez em um evento quase midiático. Considerando os pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa, trabalharemos, no presente trabalho, o modo como as revistas já mencionadas organizam os saberes sobre o feminino e sobre a maternidade. PALAVRAS-CHAVE:Memória; Análise do Discurso; Ideologia; Maternidade.

Quem cala não consente: discurso, silêncio e protesto

Luiza Boézzio Greff (UFSM) RESUMO:No início do século XX, em um contexto (jurídico) em que as mulheres tinham pouco ou nenhum direito constitucional – sobre seu corpo, mundo do trabalho, relações sociais como um todo –, os Estados Unidos da América viram surgir e tomar força o movimento sufragista que exigia o direito de voto para as mulheres. Como parte da agenda de protestos, as Silent Sentinels, em 1917, mantiveram-se em frente à Casa Branca por um dia inteiro, em silêncio, como protesto pela reivindicação de seus direitos.Tomando a posição de analista de discurso, refletindo sobre língua, linguagem, discurso, a partir de uma filiação materialista histórica – sob este viés, admitimos que o discurso tem uma materialidade (a língua, pensada como “base para processos discursivos diferenciados” [Pêcheux, 2009]) e esta pode ser vária. Partindo desse pressuposto, Orlandi, em As formas do silêncio (2007), procura compreender “a materialidade simbólica específica do silêncio” (p.14) e pensá-lo não mais como o nada ou como o nãodito, mas como materialidade significante por excelência. Articulando o evento da Silent Sentinels, as reflexões discursivas sobre o silêncio (Orlandi, 2007) e questões relacionadas à memória (Pêcheux, 1999; DAVALLON, 1999) e a ideologia (Pêcheux, 2009; Herbet, 1995), buscaremos compreender como este silêncio das Sentinelas coloca em funcionamento uma memória (social e discursiva) da condição da mulher (e demais classes oprimidas) e da ideologia (política) que afeta esses sujeitos, colocando-os em posição de dizer ou não dizer. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Silêncio; Protesto.

Discurso,vontade de verdade e história na obra “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos”, de Aluízio Palmar

Marco AurelioMorel (UNIOESTE) RESUMO:Este estudo tem por objetivo abordar como a literatura participa da constituição da verdade e da história, regulada por mecanismos de controle do discurso. Para tanto, elegemos “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos”, de Aluízio Palmar, para observar como uma obra – pretensamente de memórias – adquiriu status de prova documental no relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Por meio da Análise de Discurso Francesa, buscar-se-á demonstrar o discurso como algo movente, pois “não há discurso estanque que os torne de todo ‘controláveis’ nem discurso que garanta uma correspondência estrita aos lugares (posições) em que é produzido”(ORLANDI, 2002, p.121), fato demonstrável pelo deslocamento discursivo de enunciados da obra para o âmbito legal. Em relação à vontade de verdade, observarse-á como se constitui “apoiada em um suporte e uma distribuição institucional”(GREGOLIN, 2004, p.98), haja vista ter sido assegurada a partir do momento em que as proposições do livro transcendem para a um relatório oficial,sofrendo coerções e silenciamentos próprios do discurso jurídico. Nesse movimento de deslocamentos discursivos e vontade de verdade, será observada, também, a constituição da história que, apesar de não ser estanque, institui-se de acordo com a vontade de verdade vigente e, portanto,deve ser vista criticamente, pois “a história ‘aparenta’ o movimento da interpretação do homem diante dos ‘fatos’. Por isto a história está ‘colocada’.” (PÊCHEAUX, 2006, p.9). PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Literatura; Vontade de verdade; História.

Corpo: uma produção discursiva regrada

Maria Roseli Castilho Garbossa (UNIOESTE) RESUMO: Ao observarmos a produção discursiva do corpo, em diferentes suportes como a dança, o esporte, a moda, o teatro, a novela, a revista e a publicidade, dentre outros, parecem-nos que eles sempre remetem ao mesmo, como que se esses discursos fossem parafraseados e, em sua gênese, buscassem produzir os mesmos efeitos de sentido. O corpo passa a ser nesse processo uma construção discursiva regrada, normatizada, disciplinada, pois não é qualquer corpo que é mostrado, propagado, admirado e sonhado, mas aquele que cabe à formação discursiva predominante. Assim sendo, pretendemos, neste trabalho, analisar a construção discursiva do corpo adolescente na revista Capricho, considerando que o corpo não é só um corpo, mas também o que se diz e o que não se diz sobre ele. Para isso, nos amparadosnos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise de Discurso de orientação francesa e considerando que a adolescência nem sempre esteve posta na sociedade, buscamos compreender a produção discursiva do corpo adolescente como uma manifestação ideológica, que sob a aparente transparência da linguagem, produz (e apaga) efeitos de sentido que são tomados como óbvios em dadas condições de produção. PALAVRAS-CHAVE: Ideologia; Corpo; Efeitos de sentido; Silenciamentos.

O raciocínio analógico no discurso argumentativo e a construção do éthos

Monica Alvarez Gomes (UFMS) RESUMO: O presente trabalho consiste na análise de textos jornalísticos argumentativos, coletados de sites especializados, como o da Folha de São Paulo e de O Globo, dentre outros. A partir desses textos, busca-se verificar como a utilização do raciocínio analógico contribui para um determinado desempenho argumentativo e para a constituição de um éthos específico. Em outras palavras, pretende-se verificar como esse tipo de estruturação constrói um caráter, o próprio éthos, e como se insere em uma cena enunciativa nos termos de Maingueneau (2005), sobretudo. Além disso, sua força argumentativa se sobrepõe a outros recursos mais tradicionalmente estudados, embora tenha sido categorizado pela tradição escolar como um recurso restrito à literatura e ao campo da Retórica Clássica, como se não fizesse parte do dia-a-dia e, por esse motivo, constitui um dado pouco explorado. Do ponto de vista metodológico, percorreram-se as seguintes etapas: (1) reconhecimento do contexto de uso do texto envolvido no corpus coletado; (2) seleção e análise dos textos jornalísticos que apresentaram analogias (amplo senso) em seu processo argumentativo; (3) análise da importância de tais construções para a persuasão; (5) reflexão sobre a prática linguística e seu caráter social de legitimação da autoridade do enunciador, a partir do aparato teórico da Análise do Discurso francesa. É possível constatar que as estruturas que estabelecem o raciocínio analógico são reveladoras de um éthos claramente impositivo e que isso se dá de modo velado, na tensão entre o dito e o não-dito, contribuindo fortemente para a adesão à tese do argumentador. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Éthos; Argumentação.

O discurso da mídia sobre o adolescente em conflito com a lei: marginalização e estigma

Patrícia Zancanaro Godin (UNIOESTE) RESUMO: Este artigo objetiva discutir e analisar quais são os efeitos de sentido desencadeados pelo discurso midiático sobre adolescentes em conflito com a lei internos em centros de socioeducação, pelos portais de notícias online Carta Capital, Globo, Jornal Opção e Veja. Inicialmente, na primeira seção, são elencadas algumas considerações epistemológicas acerca da Análise do Discurso, a qual servirá como aporte teórico e metodológico para o desenvolvimento deste trabalho. Na sequência, discute-se a contribuição da mídia na constituição do imaginário social. Posteriormente, a terceira seção focaliza a análise de sequências discursivas retiradas de quatro reportagens dos portais de notícias acima citados, a fim de explicitar o trabalho discursivo da mídia na formulação de estereótipos acerca de adolescentes em conflito com a lei. Esta seção demonstra os artifícios utilizados pela mídia, exemplificada, por meio dos canais acima citados, na produção de um discurso que descredibiliza estes jovens e produz identidades estigmatizadas por meio da reafirmação da reincidência e incessante adjetivação depreciativa ao referir-se aos mesmos. Por fim, na quarta seção, expõem-se algumas considerações acerca da materialidade discursiva analisada. PALAVRAS-CHAVE: Adolescente em conflito com a lei; Discurso; Efeitos de sentido; Mídia.

A representação de gênero no Plano Nacional De Educação: ideologia e relações de poder

Priscila Barbosa Ribas Ansbach (UEPG) RESUMO: O propósito deste trabalho é examinar como as representações de gênero social aparecem no Plano Nacional de Educação (L13005/2014) e abordar como essa temática foi tratada no processo de aprovação do Projeto de Lei do referido plano. A partir da Análise do Discurso francesa (AD) consideramos que é por meio do mecanismo ideológico que se constroem as transparências, desconsiderando a opacidade da linguagem e da história para serem interpretadas por determinações históricas que se apresentam como imutáveis e naturalizadas. O trabalho da ideologia, conforme a teoria de Pêcheux, é produzir evidências, pois coloca o sujeito na relação imaginária com suas condições materiais de existência. Assim, o espaço escolar é um dos mais importantes para trabalhar as categorias de gênero e para combater a desigualdade e a discriminação entre alunos e alunas, através da desconstrução de discursos machistas e sexistas, já naturalizados pela sociedade pela ideologia fundamentalista cristã do país. O Plano Nacional de Educação e demais documentos das políticas públicas educacionais não têm um papel neutro, que possa ser dissociado de valores sociais e de preconceitos, analisálos assegura, como apontam VIANNA&UNBEHAUM (2004), condições necessárias para avaliar como o Plano contribui ou não na aquisição de padrões democráticos. Espera-se com este trabalho contribuir para os estudos de gêneros sociais voltados à educação, já que o PNE serve de base para a elaboração de documentos oficiais como os PCN’s e, consequentemente, de outros subsídios e materiais didáticos que terão grande influência e participação no discurso escolar sobre as relações de gênero. PALAVRAS-CHAVE: Análise do Discurso francesa; Gênero; Ideologia; Plano Nacional de Educação.

Dos sentidos de virilidade: MMA (Mixed Martial Arts), corporeidade e mídia Rafael de Souza Bento Fernandes (PG-UEM/GEDUEM) Ismara Tasso (UEM/GEDUEM) RESUMO: O estudo apresenta as primeiras reflexões para a constituição de uma problemática de pesquisa de doutorado, que tem por objetivo compreender, à luz da análise do discurso de orientação francesa, como se constitui o discurso excludente de constituição do corpo masculino veiculado pelas mídias em contexto das academias de lutas que, dada a sua condição de existência enunciativa, relega o anormal (aquele que foge de padrões cristalizados) à condição de pecado (e de fracasso), impelindo-lhe certa crise de identidade e de pertencimento que reaviva memórias de potência, de performance, de desempenho e de “culto da força”, circunscritas a um “regime de visibilidade”. Em um primeiro momento, discute-se sobre o processo de “desmarginalização” das lutas multimodais MMA (Mixed Martial Arts) no que diz respeito à imagem do lutador Anderson Silva (como uma pessoa afável, tranquila e vaidosa) para, em um segundo momento, tratar de outras representações de corporeidade extraídas de revistas masculinas (como a Men’s Health) e de propaganda televisiva (o comercial da P&G “Old Spice – O chamado”). Tais processos de subjetivação, materializados no referido corpus com dizeres como “Você de corpo novo”, “Deixe de ser gordo”, “Atenda o chamado, se for homem”, constituem discurso sobre o que é ser “homem viril” em um dado jogo de memória. PALAVRAS-CHAVE: Corpo; Mídia; MMA.

Uma perspectiva sobre estereótipos em Lampião da Esquina: efeitos de sentido sobre “bichas”

Ronielyssom Cezar Souza Pereira (UNIOESTE) RESUMO: Partindo da discussão sobre as noções e implicações do conceito de representação, e situando-me num diálogo com autores como Roger Chartier, Pierre Bourdieu, Stuart Hall e Erving Goffman que se debruçaram sobre esse conceito em diferentes perspectivas, proponho uma interface desse diálogo com a Análise de Discurso de orientação francesa (AD) sobre os efeitos de sentido que o jornal Lampião da Esquina propiciou no trato das representações do estereótipo de “bicha assumida”. Nesse intento atenho-me, a priori, nas manchetes do jornal que utilizaram o termo bicha, um total de 16 edições, para posteriormente elencar as reportagens mais representativas dos efeitos de sentido atrelados ao termo. É preciso salientar que esta proposta de interface parte da problematização sobre o atrelamento do termo bicha aos homossexuais masculinos e não apenas da mera análise das representações desse termo nos espaços de homossociabilidade. Embora a problematização exista na contemporaneidade, estabelecendo diálogos profícuos com a Queer Theory, a discussão desta análise se inscreve entre no período que o jornal circulou, 1978-1981, situado na transição do período de “abertura lenta e gradual” para o governo João Figueiredo (1979-1985). Destarte o contexto político em que o jornal emerge, bem como a ênfase no processo histórico da movimentação homossexual que interligados, e sem desconsiderar que os editores e colaboradores do jornal também eram interpelados pela ideologia em torno da construção social do estigma da homossexualidade, constituem a formação discursiva que atribuía sentidos para além dos apontamentos de James Green em Além do Carnaval. PALAVRAS-CHAVE: Representação e discurso; Lampião da Esquina e efeitos de sentido; Estereótipo de bicha-assumida.

A literatura sadeana na França do século XX: discursos conflitantes em relação às edições das obras completas do Marquês de Sade em 1956

Sara Vicelli de Carvalho (UEL) RESUMO:A literatura do Marquês de Sade tornou-se referência no cenário do século XX, ganhando um lugar de honra, sobretudo entre as gerações que se reuniam em torno dos surrealistas. Entretanto, apesar da literatura sadeana vigorar neste contexto havia os que continuavam a condenar suas obras, caso evidenciado no ano de 1947, quando JeanJacques Pauvert deu início à edição das obras completas de Sade – até então exiladas no Enfer da Biblioteca Nacional da França – o que resultou em um processo judicial no ano de 1956, no qual foi acusado de publicar livros imorais que se enquadravam na qualidade de perigosos de acordo com a Comissão Nacional do Livro (em Parecer emitido em 1955). Entendemos que o julgamento de Pauvert constituiu um paradoxo entre o que almejavam certas parcelas da sociedade francesa e aquilo que uma instituição – a Comissão Nacional do Livro – definiu e impôs. Apoiamo-nos em pressupostos provenientes de Michel Foucault de que os saberes são produzidos no mundo graças às múltiplas coerções e nele produz efeitos de poder, sendo as práticas e discursos produzidos, apropriados e legitimados por instituições de saber que interferem e direcionam os discursos, práticas sociais, culturais e econômicas de um contexto. Apresentaremos as apropriações das obras de Sade e os discursos das personagens envolvidas no processo em questão – focando-nos nos surrealistas que constituíram parte majoritária das testemunhas do caso, e no Estado francês, como instância de imposição e silenciamento, com vistas a explanar as estratégias discursivas, sustentadas e legitimadas por seus diferentes saberes e competências. PALAVRAS-CHAVE: Literatura sadeana; Apropriação; Legitimidade discursiva.

O padrão de beleza ressignificado pela propaganda

Tailane Flores Antunes (UFGD) RESUMO:Esta comunicação pretende tecer algumas considerações acerca da construção do éthos discursivo da qual se valem as propagandas da empresa O Boticário, que se apropriam de vários elementos histórico-culturais para produzir significados. Assim, o objeto de análise abordado é composto porquatro propagandas da campanha “Contos de fadas”, de 2005, que se utilizam do discurso literário dos contos de fadas para alcançar a finalidade de vender sua ideologia, um padrão de beleza,pela ressignificação dos contos de princesas. Para tanto, objetiva-se no trabalho entender como essa campanhaajuda a construira imagem de O Boticário, por meio do éthospré-discursivo, para vender produtos de beleza com a promessa de que, quem comprá-los, pode ser o que quiser. Portanto, pretende-seanalisar quais recursos o fiadormobilizapara construir seu discurso e apresentar como o éthos discursivo da propaganda se constrói e se incorpora por meio de um éthospré-discursivo já estabelecido na memória das pessoas a respeito dos contos de fadas. Serão considerados os pressupostos teóricos da Análise do Discurso Francesa, bem como os postulados por Maingueneau (2005, 2008, 2015) sobre a construção do éthosOs resultados dos efeitos de sentidos das análises indicam que propaganda investiu-se de sentidos já cristalizados por um éthospré-discursivo para construir e disseminar uma nova visão ideológica, que joga com a ideia de que a aquisição dos seus produtos é o caminho para a realização pessoal e, consequentemente, acaba por ressignificar/reafirmar a máxima "felizes para sempre". PALAVRAS-CHAVE: Éthos discursivo; Propaganda; Contos de fadas.

SIMPÓSIO – ESTUDOS DA TRADUÇÃO SALA: 19 Coordenadores: Dra. Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) Dr. José Carlos Aissa (UNIOESTE) RESUMO GERAL: A aplicação de metodologia de corpus tem possibilitado um melhor entendimento da natureza dos textos traduzidos e da sua relação com textos não traduzidos, oferecendo evidências sobre o comportamento e estilo dos autores e dos respectivos tradutores, e abrindo novos caminhos para pesquisas nas áreas da Tradução e dos Estudos Literários e Linguísticos. Este simpósio tem por objetivo acolher trabalhos que discutam os diferentes aspectos dos Estudos da Tradução (Estudos da Tradução Baseados em Corpus, Linguística de Corpus, modalidades tradutórias, etc) em relação a textos de diversas tipologias e gêneros (tradução literária, técnica, jurídica, corporativa, jornalística, etc). PALAVRAS CHAVE: Estudos da Tradução; Linguística de Corpus; Modalidades de tradução; Estilo do autor e do tradutor; Análise contrastiva.

Estudo de traços de simplificação e explicitação em Quarto de Despejo e Casa de Alvenaria em relação aos respectivos textos traduzidos

Patrícia Cristina Capelett (UNIOESTE) Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) RESUMO: Com base na abordagem interdisciplinar proposta por Camargo (2005, 2007), o presente trabalho tem como objetivo mostrar traços de simplificação e explicitação (Baker, 199) em duas obras brasileiras da autora brasileira Carolina Maria de Jesus: a primeira, Quarto de Despejo: diário de uma favelada (2004) e, a segunda, Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada (1961), em relação às traduções, Child of the Dark (2003) e I’m going to a little house: the second diary of Carolina Maria de Jesus (1997), respectivamente. De acordo com Baker (1996), a simplificação é a tendência utilizada pelos tradutores para tornar a língua usada na tradução mais simples, facilitando a compreensão do leitor. Esse traço é manifestado nos textos traduzidos por meio de quebras de sentenças longas, mudanças na pontuação e na densidade lexical mais baixa do que nos textos originais. Já a explicitação é a tendência de o tradutor explicar trechos que se apresentam implícitos no texto original. Essa característica pode ser encontrada no tamanho maior do texto traduzido em relação ao texto original, assim como mudanças sintáticas e lexicais. Para que possamos verificar a riqueza vocabular nas traduções, utilizamos funções do programa linguístico WordSmith Tools, versão 6. Assim, pretendemos com este trabalho mostrar algumas características recorrentes nos textos traduzidos em relação às obras brasileiras que compõem o corpus deste estudo. PALAVRAS-CHAVE: Tradução; Linguística de Corpus; Traços de simplificação e explicitação.

Composição e tradução na obra de Mia Couto: Uma análise a partir da Linguística de Corpus

Amauri de Lima (UNIOESTE; UDC/Medianeira; CEE Euclides da Cunha) Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) RESUMO: Discussão sobre os estudos centrados na fronteira entre o texto “original” e sua tradução, como caminho de reflexão sobre como aspectos culturais, ideológicos e estilísticos produzidos em língua portuguesa têm sido transpostos para a língua inglesa, num trabalho de valoração e divulgação do português e de autores que escrevem neste idioma. A abordagem está centralizada em obras do escritor moçambicano Mia Couto e as respectivas traduções para a língua inglesa, cuja responsabilidade é do britânico David Brookshaw. Para exemplificar o desenvolvimento da pesquisa selecionamos como corpora de estudo o conto “O dia em que explodiu Mabata Bata”, que integra uma das narrativas do livro Vozes Adormecidas (publicado em 1986) e sua tradução para o inglês (publicado em 1990). Para subsidiar a análise recorremos ao arcabouço teóricometodológico dos Estudos da Tradução Baseados em Corpus (BAKER, 1993, 1996; CAMARGO, 2005, 2007) e da Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2004); além da contribuição de uma base sociológica para a análise literária. PALAVRAS-CHAVE: Estudos da tradução baseados em corpus; Linguística de Corpus, Literatura brasileira traduzida; Mia Couto

Linguística de Corpus – (r)evolução na análise de dados

Patricia Denicolo David Prati (UNIOESTE/Cascavel) Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE/Cascavel) RESUMO: Este trabalho objetiva apresentar aspectos histórico-teóricos da Linguística de Corpus, como metodologia de pesquisa, além do programa WordSmith Tools, considerado como uma ferramenta de análise e investigação de questões referentes a áreas centrais da Linguística. A Linguística de Corpus se apropria da coleta e da análise de corpora (conjunto de documentos) com o escopo de orientar pesquisas referentes a uma língua ou variedade linguística. Neste sentido, explora-se a linguagem por meio de indícios empíricos obtidos através do computador. O olhar mais meticuloso da Linguística de Corpus direciona-se para o léxico. Isso é perceptível ao serem analisados dicionários atuais de língua inglesa, os quais são elaborados baseados em corpus. A Linguística de Corpus prima pelo léxico. Todavia, ela também perpassa por outras áreas de investigação linguística, como a sintaxe, a morfologia e a fonologia e, mais recentemente, as pesquisas em tradução. Esta temática foi escolhida, justamente por tratar de uma revolução nas análises da linguagem. As contribuições da Linguística de Corpus são fundamentais para comprovar teorias, discordar de outras, e apresentar novos conceitos nas pesquisas referentes ao uso autêntico da linguagem, seja ela oral ou escrita. O uso do computador vem como aliado nas pesquisas na área da linguagem, pois além de permitir a visualização de fenômenos novos, também pode alterar a maneira de se visualizar a linguagem. Ou seja, trata-se de uma oportunidade não só de proporcionar a evolução do conhecimento, mas também de transformá-lo. PALAVRAS-CHAVE: Linguística de Corpus. WordSmith Tools. Linguagem.

Prosódia semântica e tradução: contribuições da linguística de corpus

Kamyla Katsue Kawashita (UNIOESTE) Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) RESUMO: O termo prosódia semântica diz respeito à associação recorrente entre determinados itens lexicais em um campo semântico específico, indicando a conotação que os mesmos apresentam, a qual pode ser positiva, negativa, ou neutra, por exemplo. Para a tradução, em termos de padronização lexical, o entendimento deste padrão, a prosódia semântica, tem sua importância no sentido de, além de outros, orientar o tradutor no momento da escolha dos léxicos a serem utilizados em uma tradução, possibilitandoo mais facilmente a optar por um termo em detrimento de outro em vista da conotação a que lhe é associada. Tal contribuição se dá ao fato de, não raramente, verificamos que grande parte dos dicionários convencionais não apresentam descrições suficientemente amplas dos itens lexicais a ponto de abarcar a conotação sugerida por estes em determinada língua. O presente trabalho pretende, nesse sentido, lançar um olhar aos estudos da tradução por via da linguística de corpus, mais especificamente apontando para o uso desta no intento de visualizar a prosódia semântica de léxicos que circundam termos culturalmente marcados. Ainda, objetiva abordar a relação da prosódia semântica com a análise comparada de traduções, uma vez que, ao traçar um cotejo entre textos e respectivas traduções, o estudioso, com o auxílio deste entendimento, pode mais facilmente trabalhar na criação um roteiro cultural por meio do qual se torne possível constatar padrões linguísticos e semânticos que regem termos culturalmente marcados, bem como compreender a significação que lhes são implementadas a partir das traduções a eles atribuídas. PALAVRAS-CHAVE: Tradução; Linguística de corpus; Prosódia semântica

Marcas da ausência e caminhos da tradução no livro Poemas Traduzidos, de Manuel Bandeira

Dr. José Eduardo Martins de Barros Melo (UNIR/Vilhena) Dra. Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) RESUMO: Pensar o estilo como tudo que singulariza a atividade humana, ou seja, tudo que envolve a caracterização do indivíduo, é pensar recorrentemente as marcas do seu fazer .No caso de Manuel Bandeira esta afirmação não é apenas uma simples redundância, é antes de tudo uma confirmação de que poetas-tradutores são autores estilisticamente sincronizados, cujo repertório criativo normalmente emana de estreitas relações, em que uma atividade se imbrica na outra, principalmente se vislumbrarmos o ato da tradução como ato criador. Entretanto, sabemos que quando se trata desta duplicidade de papéis na invenção do texto, os estudos críticos comumente deixam grandes lacunas no que se refere ao segundo. Este artigo tem como objetivo amenizar o quase vazio existente nos estudos desenvolvidos sobre a atividade tradutória de Manuel Bandeira e seus registros estilísticos, tomando-se como base as marcas da ausência que transporta de sua vertente poética para os caminhos da tradução e vice-versa, como num diálogo que estabelece a ponte entre as duas atividades. Sabemos que o autor pernambucano é um dos mais estudados de nossa literatura enquanto poeta e prosador, mas no que se refere ao seu livro Poemas traduzidos, em que reuniu grande parte de sua produção como tradutor, pouca coisa foi produzida, principalmente no que diz respeito às relações de estilo entre o poeta e o tradutor, os traços recorrentes que constroem o campo identificador da expressão artística, os trajetos de um percurso em que as opções temáticas e formais constroem as relações de identidade entre as duas atividades. PALAVRAS-CHAVE: Manuel Bandeira; Tradução; Ausência

Análise de um vocábulo recorrente e preferencial do romance Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector e de sua respectiva tradução para a língua inglesa

Emiliana Fernandes Bonalumi (UFMT/CUR) Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) RESUMO: Clarice Lispector, por tratar de temas considerados ainda atuais nos dias de hoje, é uma autora de renome tanto no Brasil como no exterior, graças às traduções de sua obra para diversas línguas. Esta comunicação visa analisar as colocações provenientes do vocábulo instante no romance Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector e da respectiva tradução para a língua inglesa Near to the Wild Heart, traduzido pelo tradutor conceituado Giovanni Pontiero. Esta investigação baseia-se nos estudos da tradução de Baker (1993, 1995, 2004) e na linguística de corpus de Berber Sardinha (2004). Utilizamos o programa computacional WordSmith Tools, de Scott (1999), em especial a ferramenta Keywords, para se chegar ao vocábulo recorrente e preferencial instante. O respectivo romance bem como sua tradução para a língua inglesa estão inseridos no corpus do Grupo de Pesquisa PETra (Padrão Estilístico dos Tradutores), conduzido pela Professora Doutora Diva Cardoso de Camargo, na Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho desde 2004. O propósito deste trabalho é analisar as similaridades e diferenças encontradas no vocábulo recorrente e preferencial selecionado para a análise, no tocante às variações e omissão observadas no texto traduzido. Também, esta investigação tem o intuito de despertar o interesse de novos pesquisadores aos estudos da tradução baseados em corpus, especialmente à análise da tradução da literatura brasileira para a língua inglesa. PALAVRAS-CHAVE: Estudos da tradução baseados em corpus; Literatura brasileira traduzida; Clarice Lispector.

A contribuição do estágio supervisionado na visão do discente de Secretariado Executivo: Uma investigação baseada em corpus

Thereza Cristina de Souza Lima (UNINTER) Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) Vanderleia Stece de Oliveira (UNINTER) RESUMO: A presente investigação tem por objetivo averiguar a percepção dos alunos sobre a efetividade do Estágio Supervisionado, tendo como modelo um curso de Secretariado Executivo de um Centro Universitário, com sede em Curitiba, Paraná. Para alcançar esse objetivo, as pesquisas basearam-se na abordagem da Linguística de Corpus, que possibilitou efetuar uma varredura, seleção e análise dos vocábulos recorrentes, extraídos de um corpus de relatórios de estagiários do curso de Secretariado Executivo. Como arcabouço teórico, tem-se a legislação brasileira sobre o estágio supervisionado e os preceitos da Linguística de Corpus, de acordo com as pesquisas de Camargo (2005, 2007) e de Berber Sardinha (2004). Em relação aos procedimentos metodológicos, primeiramente, o corpus foi preparado para pesquisa, ou seja, foi compilado e salvo em formato txt. A seguir, com a finalidade de se efetuar análises quantitativas por meio da observação da recorrência dos vocábulos existentes nesse corpus, foram extraídas as respectivas listas de palavras e palavras-chave. Para tanto, foi utilizado o programa computacional WordSmith Tools, versão 4 de Mike Scott. A partir das análises quantitativas dos vocábulos que forem considerados nódulos, serão efetuadas análises qualitativas que possibilitarão verificar a efetividade do estágio supervisionado para o discente, ou seja, o modo como o discente percebe sua práxis, realizada por meio do referido estágio. PALAVRAS-CHAVE: Investigação baseada em corpus; Estágio supervisionado; Secretariado Executivo

Uso de corpora no ensino de tradução

Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE/UNESP/S. J. Rio Preto) RESUMO: Com o propósito de proporcionar atividades de tradução visando ao desenvolvimento das competências interlinguísticas e interculturais dos alunos, compilamos um corpus de estudo, no formato paralelo e alinhado, com o par de obras Viva o Povo Brasileiro/An Invincible Memory, bem como um corpus paralelo mais extenso para permitir comparações com outros dez romances da literatura contemporânea brasileira e as respectivas traduções para o inglês. A fundamentação teórica apoiou-se nos Estudos da Tradução Baseados em Corpus, conforme a proposta de Baker (1993, 1995, 1996, 2000, 2004) para o exame de características da linguagem de tradução que revelem tendências de explicitação, simplificação e normalização. Quanto ao ensino de tradução, baseamo-nos em Zanettin (1998) e Laviosa (2008, 2009). Para a observação de marcadores culturais, apoiamo-nos em Nida (1945) e Aubert (2006), a fim de identificar vários aspectos dos domínios material, social, ecológico e ideológico. O estudo contou com o auxílio do programa WordSmith Tools, tendo permitido um acesso rápido a características da linguagem ao longo do par de obras selecionadas para análise, bem como ao modo como o discurso e marcadores culturais são empregados nas duas línguas. PALAVRAS-CHAVE: Abordagem baseada em corpus; Pedagogia da tradução; Estudos da tradução baseados em corpus; Linguística de corpus; Marcadores culturais

Estudo de termos simples e expressões fixas baseado em corpus da subárea de segurança da aviação civil

Carlos Eduardo Piazentine Costa (TRADUSP/USP) Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho objetiva investigar o termo “segurança” com suas traduções em inglês “safety” e “security”, na linguagem especializada da aviação em sua subárea de segurança. Foram desenhados dois corpora, sendo um corpus de textos originalmente escritos em português, com material da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), e da FAB (Força Aérea Brasileira), e um corpus de textos originalmente escritos em inglês, extraído da ICAO (International Civil Aviation Organization). O levantamento e análise dos dados contaram com o apoio dos Estudos da Tradução Baseados em Corpus e da Linguística de Corpus, e o auxílio do programa WordSmith Tools versão 6.0, com o intuito de fornecer material a tradutores, professores e profissionais dessa área de atuação. PALAVRAS-CHAVE: Estudos da Tradução Baseados em Corpus, Linguagem de Aviação, Terminologia, Segurança, Safety, Security.

Uma análise de relatórios de sustentabilidade

Vanessa Domingues Prata (TRADUSP/USP) Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) RESUMO GERAL: O objetivo deste trabalho é fazer uma análise preliminar de relatórios de sustentabilidade que seguem o padrão GRI (Global Reporting Initiative), para identificar as principais características desse modelo de documento, buscando traços típicos de tradução, além de identificar termos específicos da área para a posterior criação de um glossário português-inglês. O estudo será feito principalmente por meio dos Estudos de Tradução Baseados em Corpus e da Linguística de Corpus, utilizando um corpus paralelo, com 10 documentos coletados da internet, em português com as respectivas traduções para o inglês e, futuramente, um corpus comparável bilíngue, com 30 documentos em português e outros 30 escritos em inglês. PALAVRAS-CHAVE: Estudos de Tradução Baseados em Corpus; Linguística de Corpus; Relatórios de sustentabilidade; Relatórios GRI

A importância da tradução da literatura do viajante autobiográfico do século XVII para uma percepção do mundo

Jocimar Bertelli (UNIOESTE) Benilde SocreppaSchultz (UNIOESTE) RESUMO: A correspondência é um documento de registro importante que nos permite conhecer o “outro”, e dessa forma, perceber os anseios e desejos que circundam o homem desde os tempos remotos até os dias atuais. Ao lermos uma carta, procuramos vestígios, nas letras esculpidas no papel, que nos ajudem a decifrar: Quem escreveu a carta? Em que momento da vida dessa pessoa ela foi escrita? Qual era o contexto histórico que norteava esse escritor? Na busca de algumas dessas respostas, idealizamos esse trabalho, que apresentará as cartas do Padre Michel Angelo Guattini, missionário italiano que viajou para a África em 1667. Para alcançarmos esse intuito, faz-se necessário, inicialmente, tratarmos do estudo das técnicas de tradução que nos permitirão traduzir e compreender o justo significado das palavras utilizadas por ele, na língua italiana de outrora. De acordo com BARBOSA (1990) é em benefício do leitor, que a tradução procura aplainar as diferenças estruturais expressas entre a língua original e a língua traduzida; e esse é dos aspectos que abordaremos para conhecer o Padre Guattini e a construção dos desejos que impulsionaram esse missionário ao encontro com o outro. Apresentaremos trechos que evidenciam as características e dificuldades da tradução, norteadas pelas teorias propostas pelos autores seguintes autores dessa pesquisa: ARROJO, (2007); BARBOSA, (1990); CAMPOS (1986) entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Michel Angelo Guattini; Tradução; Correspondências; Encontro

A autoficção de Jean-Louis Fournier: Comentários acerca da tradução de Où on va, papa?

Luíz Horácio Rodrigues (UFSC) RESUMO: O romance autobiográfico deve ser sincero? A tradução tem o dever de ser ética? Como traduzir o gênero autoficção? A partir dessas duas indagações surgiu a ideia desta comunicação, que versa sobre a obra de Jean-Louis Fournier, Où on va, papa?, uma autoficção na qual o autor narra sua convivência com seus filhos deficientes. Na apresentação primeiramente teço comentários sobre o gênero autoficção, a apropriação por determinados escritores, nem sempre seguindo o preconizado por Serge Doubrovsky (1977), e, sobretudo, sua disseminação na França, onde autores como Annie Ernaux, Philipe Vilain, Christine Angot, Philippe Forest e, acima de todos, Louis-Ferdinand Céline, são exemplos desse tipo de escrita de si. Na segunda parte, apresento uma análise da tradução para o português de Où on va, papa ( Aonde a gente vai, papai?), de Marcelo Jacques de Moraes, publicada em 2009. A partir das concepções de Antoine Berman, farei uma análise da referida tradução, com vistas a compreender as escolhas do tradutor e a propor outras possibilidades de tradução. PALAVRAS-CHAVE: Autoficção; Tradução; Ética.

O Surrealismo traduzido no Brasil

Anderson da Costa (UFSC) RESUMO: A presente comunicação aborda a tradução de obras surrealistas no Brasil em um contexto de exclusão e marginalização desse movimento em nosso país. Partindo de um panorama da tradução de obras surrealistas para o português brasileiro, o que remonta a não mais do que trinta anos, propõe-se aqui uma breve investigação sobre até que ponto tal contexto pode ser sentido nas traduções. Para tanto, focarei as traduções de duas obras de André Breton, uma de Louis Aragon e outra de Paul Éluard, contrapondo dois tipos de tradutores: de um lado o tradutor profissional ou que vê o surrealismo pela ótica da crítica, casos de Ivo Barroso e José Paulo Paes respectivamente, e de outro o tradutor que mantém algum tipo de relação com o surrealismo, sendo ele escritor ou estudioso do assunto, casos de Claudio Willer e Luiz Forbes, e também Flávia Nascimento. O trabalho restringe-se em dois momentos: inicialmente lançarei mão de alguns dados históricos e literários a fim de situar a questão da marginalização do surrealismo no Brasil, sem os quais penso não ser possível dar continuidade ao que me proponho e, em seguida, tratarei das traduções das obras dos autores a que me referi. PALAVRAS-CHAVE: Surrealismo; Marginalização; Estudos da Tradução.

Reflexões sobre a tradução do gênero terror para o português a partir da palavra “weird”.

Eduardo Godarth (UFSC) RESUMO: O trabalho discute as dificuldades de tradução para o Português brasileiro de palavras relacionadas ao gênero “literatura de terror”, focando-se principalmente no vocábulo “weird”. São analisadas as duas traduções atualmente disponíveis do livro Supernatural Horror in Literature, publicado pela primeira vez em 1927, do escritor norte-americano H.P. Lovecraft, a primeira de João Guilherme Linke (1987) e a segunda de Celso M. Paciornik (2008). Neste livro, em que Lovecraft elabora um breve histórico da literatura de terror, ou “weird” como ele mesmo a chama, mostrando suas origens e realizações modernas, bem como resenhando algumas das principais obras do gênero, a presença desses termos é essencial para a compreensão do todo. No livro, o autor também discute quais são as características que tornam uma história realmente aterrorizante e quem são os mestres do estilo. Nesta comunicação serão levadas em consideração os benefícios da aplicação de uma metodologia de corpus no levantamento de informações estatísticas sobre tradução e solução de problemas tradutórios – uma empreitada essencialmente descritiva, nos moldes propostos por Gideon Toury (1995) – e, pensando mais além, quais são as possíveis aplicabilidades desse approach, no sentido de se elaborar um conjunto de diretrizes que possam nortear futuras traduções de textos que se encaixem no mesmo gênero. A possibilidade de estabelecimento de “universais da tradução”, como descritos por Mona Baker (1993), também é trabalhada. PALAVRAS-CHAVE: Tradução; Gênero; Lovecraft; Universais; DTS

Tradução: uma abordagem sobre as encruzilhadas teóricas e históricas.

Liliane Vargas Garcia (UFSC) RESUMO: Este artigo oferece, em linhas gerais, algumas das reflexões propostas por Itamar Even-Zohar, um estudioso cultural contemporâneo, que se inserem nas discussões históricas e teóricas coevas aos anos 70 e foram reconvertidas em modelo para a Teoria dos Polissistemas. Suas colocações conceituais perfilam o processo tradutório sob a consideração de múltiplos aspectos que procuram edificar um discurso particular em culturas emergentes ou em crise, cujas características se definem por conjuntos multiculturais e multilinguísticos. Busca-se apresentar um breve panorama sobre as formulações conceituais dessa teoria referenciando o contexto histórico e intelectual onde se gesta. Enfoca-se com especial destaque as relações e o contexto histórico que deram origem e sustentaram o desenvolvimento das propostas teóricas bem como alguns pressupostos com os quais entabula uma discussão crítica referente à aproximação investigativa no que se refere às perspectivas diacrônicas e sincrônicas, aos sistemas, à dinâmica cultural ou às relações entre teoria, tradução, história e construção cultural. PALAVRAS-CHAVE: Teorias de tradução; Literatura traduzida; Cultura; Itamar EvenZohar.

A tradução do livro que mudou a história do mundo

Marilene Kall Alves (UFSC) Mohamad Birani (UFSC) RESUMO: Os grandes acontecimentos da história coincidem com guerras, revoluções e descobrimentos, porém, às vezes, a virada depende de um “simples” livro. Em 1417, o humanista Poggio Bracciolini descobriu em um monastério alemão a única cópia de um poema filosófico escrito por Tito Lucrécio, o De rerum natura, no século I a. C. Na obra A virada, Stephen Greenblatt retrata a história do descobrimento de Poggio e desse livro perigoso e magnífico que impactou os filósofos, assustou a Igreja e mudou a cultura europeia da época, conforme sugere Greenblatt: “Ao contrário da gigantesca cúpula de Brunelleschi, o maior domo construído desde a Antiguidade clássica, o grande poema de Lucrécio não se ergue contra o céu. Mas sua recuperação mudou para sempre a paisagem do mundo” (GREENBLATT, 2011). No presente trabalho objetiva-se expor a natureza da descoberta de Poggio Bracciolini e sua atividade como tradutor do poema filosófico De rerum natura. Tal exposição ater-se-á à maneira como a história de Poggio Bracciolini é retratada na obra A virada, de Stephen Greenblatt. PALAVRAS-CHAVE: Tradução; Poggio Bracciolini; De rerum natura; Poema filosófico.

A Dona de Casa é a Moderna Sibila: reflexões sobre crítica de tradução e escolha tradutória Marília Dantas Tenório Leite (PGET – UFSC) RESUMO: A proposta deste trabalho é problematizar o papel da crítica de tradução e discutir sua importância. Para tal, parte-se do princípio de que o objetivo da crítica em nada condiz com maledicência e difamação do trabalho dos/as tradutores/as, mas ao contrário, pretende analisar as traduções e os projetos de tradução nela delineados (BERMAN, 1995) com sistematicidade. A argumentação pauta-se na assunção do/a tradutor/a como um/a leitor/a especial (MANGUEL, 2004), e inevitavelmente atrelado/a às relações de poder em jogo no momento histórico em que vive (VENUTI, 1998). Compreendendo a literatura como o lugar, por excelência, da palavra polissêmica e da condensação de sentidos, a discussão teórica é construída a partir das reflexões surgidas durante o estudo das obras Orlando – a biography, por Virginia Woolf (1928) e sua tradução, Orlando, feita em 1948 por Cecília Meireles. Orlando fez parte da coleção Nobel, da editora Globo, que representou um momento profícuo na história da tradução nacional (PAES, 1990). O trabalho de Meireles foi, em dois sentidos, inaugural: primeiro porque representava, então, a primeira tradução da biografia para o português brasileiro; e segundo porque Woolf tinha traduzidos no país apenas um romance e um conto. Então, por meio do cotejo com as mencionadas obras literárias, e dada a relevância desses textos, serão levantadas as questões das escolhas tradutórias de Meireles e dos novos sentidos que podem ser trazidos à obra por meio de seu posicionamento ao traduzir. PALAVRAS-CHAVE: Orlando; Crítica de Tradução; Virginia Woolf; Cecília Meireles

Tradução comentada do poema La Abandonada de Gabriela Mistral

Mary Anne Warken Soares Sobottka (UFSC) RESUMO: A autora chilena Gabriela Mistral (1889-1957), foi o primeiro autor latinoamericano a receber o prêmio Nobel em 1945. Nesta comunicação apresentaremos a tradução comentada do poema La Abandonada publicado no livro de sua autoria Lagar I (1954). A obra tem seus poemas escritos a partir de 1938, e se localiza em um período histórico importante para a humanidade, quando a Segunda Guerra e o Holocausto deixavam suas cicatrizes. O capítulo Locas Mujeres, onde está inserido o poema que comentaremos, explora a morte, o luto, a loucura e a maternidade no discurso feminino. A palavra lagar se refere ao lugar onde se amassa a uva para fazer o vinho, ou a azeitona para extrair o azeite, simboliza o transformar-se em outro elemento. Com base nas considerações de Antoine Berman (1942-1991) e Lawrence Venuti (1953-1980) desenvolveremos a nossa análise e comentários referente ao processo tradutório deste poema. PALAVRAS-CHAVE: Tradução; Gabriela Mistral; Poema; Lagar I.

O escritor-tradutor: entre tradução e criação

Sheila Maria dos Santos (UNIOESTE) RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma reflexão teórica acerca da figura do escritor-tradutor, de modo a problematizar a visão tradicional da tradução enquanto ato puramente mecânico de reprodução linguístico-textual do texto-fonte em outra língua. Desse modo, acredita-se que o escritor-tradutor, por sua condição dupla, na qual a criação é inerente à sua produção, forneça a substância necessária para se pensar a tradução enquanto ato criativo e não somente como reprodução servil. Busca-se com isso questionar certas questões polêmicas dentro dos Estudos da Tradução, tais como o conceito de equivalência, de fidelidade, além de refletir sobre a noção de autor e de obra original. Sustentando-se em autores como Compagnon (1998), e sua reflexão acerca da morte do autor, assim como Wecksteen (2011) e sua defesa do tradutor enquanto agente duplo, além dos aportes de escritores-tradutores como Marcel Proust e Mario Quintana sobre a tarefa do tradutor, analisar-se-á trechos retirados das traduções dos quatro primeiros tomos da obra A la Recherche du Temps Perdu de Marcel Proust, publicadas pela Editora Globo de Porto Alegre e assinadas por Mario Quintana, a saber, No Caminho de Swann (1948), À Sombra das Raparigas em Flor (1951), O Caminho de Guermantes (1953) e Sodoma e Gomorra (1954). PALAVRAS-CHAVE: Escritor-tradutor; Tradução coletiva; Marcel Proust; Mario Quintana.

Os prefácios de O Último Dia de um Condenado, de Victor Hugo

Suyan Magally Ferreira (UFSC) RESUMO: O crítico francês Gérard Genette na obra Paratextos Editoriais [1987] estabelece estudos entre as chamadas relações transtextuais, ou seja, entre o texto principal e os outros textos em seu entorno, os quais chamou de paratextos. A presença ou ausência de paratextos em uma tradução pode ser reveladora de questões como o lugar ocupado pelo escritor estrangeiro no sistema literário de chegada quando traduzido, como também o projeto de tradução empreendido, além de poder fornecer elementos que poderão direcionar a leitura. O estudo de um tipo de paratexto, no caso o prefácio, é o objeto da presente comunicação, a qual abordará os prefácios da novela O último dia de um condenado, de Victor Hugo, publicada em 1829, e sua presença ou não dos três prefácios da obra nas edições brasileiras. A fala será dividida em quatro momentos: inicialmente se procurará situar a obra no contexto histórico-literário da época em que foi originalmente publicada, pois a gênese desses prefácios está estreitamente ligada a essa questão. Em um segundo momento, serão situadas as edições da obra no Brasil. Em seguida se versará sobre a importância dos prefácios nessa obra de Hugo e os seus consequentes desdobramentos políticos-literários e, por fim, se procurará analisar a presença desses prefácios nas edições brasileiras. PALAVRAS-CHAVE: O último dia de um condenado; Victor Hugo; Paratextos editoriais; Gérard Genette; Estudos da Tradução.

Vertigens de Huidobro: uma tradução do prefácio de Altazor

Vássia Silveira (UFSC) RESUMO: O poeta chileno Vicente Huidobro (1893-1948) está vinculado ao surgimento dos movimentos vanguardistas na América Latina, especialmente ao Criacionismo. As experimentações estéticas com a linguagem estão presentes na maior parte das obras de Huidobro, mas é em Altazor que o autor alcança a maturidade: publicado em 1931, o longo poema, composto por sete cantos e um prefácio, é considerado sua obra mestra. Apesar de ter sido um dos nomes mais importantes dos movimentos vanguardistas que ajudaram a definir a poesia contemporânea na América Latina, Huidobro é pouco conhecido no Brasil, e até o momento, há apenas uma tradução completa de Altazor em livro: a de Antônio Risério e Paulo César Souza, publicada em 1991. Diante disso, este trabalho tem como objetivo expor uma tradução ao português do prefácio de Altazor, a partir de propostas desenvolvidas principalmente por Haroldo de Campos (1929-2003). Trata-se, sobretudo, de uma reflexão sobre o processo tradutório, especialmente em relação às discussões sobre a tradução poética – já que além de representar uma experimentação estética vanguardista sobre os sentidos da linguagem, o texto em questão obriga o tradutor a enfrentar problemas específicos da tradução de poesia, entre os quais a questão da (in)traduzibilidade do texto; os desafios impostos pela forma e o conteúdo; e as inevitáveis escolhas do tradutor. PALAVRAS-CHAVE: Huidobro; Altazor; Tradução; Texto poético; Haroldo de Campos.

SIMPÓSIO - ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DIVERSIDADE, VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E ENSINO QUARTA-feira SALA: 7 QUINTA-feira SALA: 22 Coordenadores: Dra. Sanimar Busse (UNIOESTE) Ana Paula Daleaste (UNIOESTE) Michelli Cristina Galli (UNIOESTE) Nadiele Mara Hullen (UNIOESTE) RESUMO GERAL: Este simpósio tem como objetivo reunir pesquisadores e estudiosos que se dedicam à investigação e ao estudo dos fenômenos da diversidade, variação linguística e ensino da língua portuguesa. Com base nos princípios da Sociolinguística, da Dialetologia e da Linguística Aplicada, propõe-se a discussão da metodologia adotada na coleta de dados in loco e dos resultados de pesquisa que versam sobre a fala, nos níveis fonéticofonológico, semântico-lexical e morfossintático e o ensino da língua portuguesa, a partir da interface fala e escrita. Descrever a realidade do português brasileiro, com enfoque na identificação das diferenças diatópicas e socioculturais, tem alcançado um espaço mais expressivo em pesquisas realizadas no Oeste paranaense, buscando registrar o perfil linguístico das comunidades no espaço, na cultura e no tempo. Essas pesquisas podem ser tomadas como referência para a compreensão da realidade linguística do Brasil, principalmente, com relação à identificação de áreas e grupos sociais inovadores e conservadores, à delimitação de zonas de transição linguística e ao reconhecimento dos processos de mudança linguística. Os avanços das pesquisas na área da variação, com a descrição do português brasileiro, desencadeiam a necessidade de estudos e reflexões sobre o ensino da língua em contexto de contato linguístico e dialetal. Considerando-se que a escola tem como função instrumentalizar o aluno na utilização da língua nas diferentes situações de comunicação e uso, na compreensão da realidade linguística, pretende-se suscitar algumas reflexões, também, sobre o tratamento da variação linguística nas aulas de língua portuguesa. PALAVRAS CHAVE: Língua; Fala; Diversidade linguística; Ensino.

Manifestações da linguagem oral na produção escrita de alunos dos anos iniciais: níveis fonético-fonológico e morfossintático

Fernando Arthur Gregol (UNIOESTE) Luciane Watthier (UNIOESTE) RESUMO: No presente trabalho, buscamos entender como a oralidade pode se manifestar na produção escrita de alunos dos anos finais do ensino fundamental. Ao chegar à escola, os alunos, já dominando a oralidade, entrarão em contato com a forma escrita da língua. Assim, muitas vezes, é possível atestar muitas produções textuais escritas com manifestações da linguagem oral, as quais, normalmente, são consideradas erros por parte dos professores. No entanto, defendemos, neste artigo, a ideia de que não se trata de “erros ortográficos” mas, sim, de dificuldades ortográficas justificadas em usos de linguagem oral dos alunos. As manifestações da oralidade e as dificuldades ortográficas podem ocorrer nos níveis fonético-fonológico, morfossintático e discursivo. Neste trabalho, refletimos sobre os dois primeiros níveis citados, para que possamos entender o que cada um desses conceitos representa. Entretanto, ao discorrer essa análise, buscamos, também, entender o contexto de produção do enunciado, para manter uma relação com o contexto discursivo ao qual o aluno pertence. Por isso, buscamos responder à seguinte pergunta de pesquisa: como as manifestações da oralidade se fazem presentes na produção escrita dos alunos? Para tal reflexão, pautamo-nos na teoria de alguns autores como Bakhtin (2011; 2014), Bagno (2001; 2007) Bortoni-Ricardo (2005) BortoniRicardo e Oliveira (2013), Morais (2010), Koch e Elias (2012), Neves (2014) e Antunes (2007). Trata-se de uma pesquisa descritiva, qualitativa, calcada na Linguística Aplicada. PALAVRAS-CHAVE: Manifestações da linguagem oral na escrita; níveis fonéticofonológico; morfossintático; textual/discursivo.

Estudos dos processos fonológicos na escrita dos alunos do Ensino Fundamental

Julhana Cella Romanino (UNIOESTE) Maria Bernadete da Roza (UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho apresenta algumas considerações a respeito do processo de aquisição da língua escrita, destacando os processos fonológicos e o percurso da compreensão do funcionamento da escrita. O aprendizado dessa modalidade não é algo simples e muitas vezes o aluno apresenta dificuldades em de perceber que a escrita não é mera transcrição da fala, pois cada uma dessas modalidades tem suas características próprias. Com o objetivo de mapear e analisar os erros ortográficos presentes em textos de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, foram examinados 75 textos produzidos por um total de 26 alunos. Os processos fonológicos foram classificados de acordo com as categorias elaboradas por Bortoni-Ricardo (2005). Tais categorias separam os erros em dois grupos, decorrentes da natureza arbitrária do sistema de convenção da escrita e da transposição da fala. A análise do corpus demonstrou que a maioria dos erros encontrados é decorrente da natureza arbitrária do sistema de convenção da escrita. Percebeu-se também um número significativo de erros que resultam da interferência das regras categóricas, o que resulta na hipossegmentação e na hipersegmentação das palavras. Os dados podem ser tomados como indícios da necessidade de um trabalho com as especificidades de cada modalidade da língua, ou seja, oral e escrita. PALAVRAS-CHAVE: Aquisição da escrita; consciência fonológica; processos fonológicos; segmentação.

Crenças e atitudes linguísticas: o que dizem os estudantes do Ensino Médio sobre a língua espanhola.

Michelli Cristina Galli (UNIOESTE) Sanimar Busse (UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de analisar as crenças dos alunos do 3º ano do Ensino Médio do Instituto Federal do Paraná sobre o ensino e a aprendizagem da língua espanhola. Ao longo das aulas de espanhol como língua estrangeira, já nos primeiros meses letivos do ano corrente, 2015, percebemos algumas afirmações que levaram a conhecer melhor o contato e as crenças que os discentes têm sobre a língua e a sua presença nos países fronteiriços do Brasil. A partir das questões: 1) Comparando essas línguas: espanhol argentino, espanhol paraguaio, japonês, italiano, guarani, inglês, quem fala melhor? Por quê? 2) Você acha que o espanhol é uma língua bonita? Por quê? 3) Você tem interesse em trabalhar, morar ou fazer intercâmbio em um país hispanofalante? Qual? Por quê?, aplicadas a 19 estudantes, entre 16 e 18 anos, do sexo feminino e masculino, verificamos que a proximidade entre as cidades de Assis Chateaubriand e Salto de Guairá favorece o contato entre brasileiros e paraguaios, contudo a finalidade, segundo depoimentos, são as facilidades e economia nas compras na cidade paraguaia, excluindo-se da lista de interesse qualquer intenção linguística ou cultural. PALAVRAS-CHAVE: Crenças e atitudes; Alunos do 3º ano do Ensino Médio; Língua Espanhola.

Análise e estudo de erros de grafia em produções textuais escritas de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental: resultados iniciais

Nadieli Mara Hullen (UNIOESTE) Sanimar Busse (UNIOESTE) RESUMO: Neste trabalho apresentamos apontamentos iniciais da pesquisa de Mestrado, que tem como tema a análise e o estudo de erros de grafia em produções textuais escritas de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. Frente às indagações: Que hipóteses e percursos o aluno segue na utilização do código escrito nas produções textuais, considerando o conhecimento da escrita e as interferências dos fenômenos da fala? Há diferenças de frequência ou de tipo de erro considerando os sexos dos alunos? Como se dá a recorrência de erros no interior de produções escritas mais ou menos monitoradas? Quais atividades contribuem no trabalho com a variação? Procuramos respostas, tendo como objetivo refletir sobre o papel da escola em contextos multilíngues e sobre a necessidade de uma metodologia de ensino que contemple os fenômenos de variação e mudança linguística como conteúdos que reafirmam a identidade do falante. Trata-se de uma pesquisa cunhada na Linguística Aplicada e na Sociolinguística Variacionista, e toma como base os estudos da fonologia, da variação linguística e da aquisição da língua escrita como roteiro teórico. Apresentaremos a geração inicial dos dados feita com o objetivo de observar quais fenômenos são mais frequentemente encontrados, para posterior elaboração e aplicação de uma Unidade Didática para possível diminuição/eliminação dos erros. PALAVRAS-CHAVE: Ensino; variação linguística; apropriação da escrita.

Fonética italiana versus fonética brasileira: a árdua tarefa de pronunciar corretamente os fonemas da língua de partida pelos estudantes de italiano.

Helena Aparecida Amori Augusto (UNIOESTE) Benilde Socreppa Schultz (UNIOESTE) RESUMO: Neste trabalho apresentaremos os resultados iniciais do projeto “Fonética italiana versus fonética brasileira: a árdua tarefa de pronunciar corretamente os fonemas da língua de partida pelos estudantes de italiano”, tendo como corpus de análise os alunos do curso de italiano do PEL Unioeste, nível básico. A partir desse estudo pretendemos verificar quais são as dificuldades encontradas por esses alunos quanto à realização dos fonemas da língua italiana e propor meios de facilitar o seu aprendizado. Uma vez individualizadas as características distintivas, consideramos avaliar quais métodos podem facilitar a realização da pronúncia de forma que o estudante de língua possa, assim, assimilar com maior eficácia esse aprendizado. Verificamos que as principais dificuldades dos estudantes do PEL, consistem na produção dos fonemas /K/ /r/ / tS/ /dJ/. Para melhor explicar essa dificuldade, buscamos nos estudos de Claudio Giovanardi (2001) sobre a pronúncia standard e a regional italiana, no qual o autor apresenta as diferenças existentes entre os dialetos italianos e as dificuldades desses falantes em realizar a pronúncia standard. O mesmo ocorre com os falantes de língua portuguesa com sotaques regionais, tais como o dialeto caipira e o carioca, que encontram grande dificuldade em pronunciar as vibrantes italianas. Assim é possível verificar que, geralmente, o que acarreta o surgimento de alguns obstáculos no processo de aprendizado da língua italiana é o próprio sotaque do falante de língua portuguesa, que ao iniciar o estudo da língua verifica uma diversidade maior de sons do italiano em relação ao português. PALAVRAS-CHAVE: Fonética. Língua Italiana. Estudantes. Dialetos Regionais.

Transferências da linguagem oral para a escrita em nível discursivo/textual: em estudo dialógico do gênero discursivo carta de apresentação estudo

Luciane Watthier (UNIOESTE) RESUMO: Trazemos, neste artigo, reflexões que compõem nossa tese de doutorado, cujo tema é “transferências da linguagem oral para a escrita: aspectos discursivo/textuais”. O objetivo da pesquisa é analisar Cartas de Apresentação produzidas por alunos do 5º ano do Ensino Fundamental de quatro municípios da Região Oeste do Paraná e por alunos do 1º ano da graduação em Letras da Universidade Estadual do Paraná (UNIOESTE) (turma 2013). Estabelecendo relações com a configuração dada ao conteúdo temático, construção composicional e estilo linguístico desse gênero discursivo por esses dois públicos, olhamos para as transferências da linguagem oral para a escrita. Por fim, o objetivo é propor encaminhamentos didático-metodológicos para o trabalho com esse tema no ensino da língua portuguesa. Para este texto em específico, realizamos um recorte e, por isso, nosso foco principal são as transferências da linguagem oral para a escrita no nível discursivo/textual, exemplificando em dois textos, parte de nosso corpus de pesquisa. Trata-se de uma investigação qualitativa em pesquisa educacional, do tipo descritiva e interpretativa-crítica, com base no dialogismo e no interacionismo. Essa pesquisa se inscreve no Projeto “Formação Continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná”, inscrito no Programa Observatório da Educação – CAPES/INEP. PALAVRAS-CHAVE: Manifestações da Oralidade na Escrita; Nível discursivo; Dialogismo.

Proposta de atividades de análise linguística a partir do gênero crônica: da gramática ao(s) sentido(s) do texto

Alcione Tereza Corbari (UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho apresenta proposta de atividades de análise linguística a partir do gênero crônica, e é motivado pela demanda de alunos da graduação e de professores em cursos de formação continuada por atividades que exemplifiquem a perspectiva posta nas Diretrizes Curriculares Estaduais (PARANÁ, 1998) em relação ao ensino de estruturas e elementos linguísticos. Propõe-se um complemento às atividades sugeridas por Kuhn e Flores (2008), considerando a ideia de que o trabalho intuitivo com a gramática não é suficiente para alcançar os objetivos propostos para a disciplina de Língua Portuguesa. Entendemos, conforme Neves (2000), que estudar gramática significa pôr em exame o exercício da linguagem, o uso da língua, o que deve ser feito a partir de textos que circulam socialmente e a partir da perspectiva da gramática reflexiva (TRAVAGLIA, 2002). A análise linguística tem sido proposta como um contraponto ao ensino tradicional da gramática, no Brasil, desde a década de 1980, especialmente após publicação de obra organizada por Geraldi (1984). Porém, observa-se que, após mais de três décadas de debates teóricos, ainda são incipientes os materiais didáticos que consideram a função e o funcionamento de elementos e estruturas gramaticais no texto, bem como são recorrentes os relatos de professores sobre a dificuldade de superar o modelo tradicional no que tange ao ensino da gramática. Nesse sentido, este trabalho representa uma tentativa de transposição das atuais orientações teórico-metodológicas para o ensino de língua materna para a prática. PALAVRAS CHAVE: Ensino; Língua Portuguesa; Análise Linguística; Gramática; Crônica.

Matelândia/PR: percepções sobre a cultura italiana no município

Ana Paula Dalleaste (UNIOESTE) Sanimar Busse (UNIOESTE) RESUMO: Apresenta-se, neste artigo, com base nos princípios teórico-metodológicos da Sociologia da Linguagem, da Sociolinguística e da Psicologia Social, uma análise das crenças e atitudes de italodescendentes de Matelândia/PR, em relação à cultura italiana mantida no município. O reconhecimento da identidade étnico-cultural de um indivíduo ou de um grupo pode ser refletida e revelada por meio das crenças e atitudes, transmitidas pela história, língua e cultura da comunidade. Os informantes da pesquisa totalizam dezoito, sendo nove homens e nove mulheres, distribuídos em três faixas etárias. Os dados coletados por meio de entrevistas fazem parte do projeto de pesquisa Estudo sobre línguas em contato no Oeste do Paraná: a língua italiana, o talian e o português. Em resposta à pergunta O que você gosta ou não da cultura italiana? é possível verificar o sentimento e o comportamento dos informantes sobre a cultura do município, e observar o grau da valorização, conduzida pelos antepassados e mantida até os dias atuais, de forma positiva ou negativa. Pretende-se, ainda, neste trabalho, analisar se os fatores sociais e históricos podem diferenciar as crenças, atitudes e percepções dos informantes, de acordo com o prestígio, a inovação, a manutenção ou a estigmatização da cultura étnica. PALAVRAS-CHAVE: Matelândia; Italodescendentes; Identidade étnico-cultural.

Crenças e atitudes linguísticas na cidade de Missal-Pr: a herança alemã e o orgulho na fala.

Jaqueline Cerezoli (UNIOESTE) Aparecida Feola Sella (UNIOESTE) RESUMO: O objetivo deste artigo é o de apresentar o projeto de doutorado que busca pesquisar as crenças e atitudes linguísticas manifestas por falantes de da cidade de Missal, município paranaense caracterizado por constituir um cenário sociolinguístico complexo, já que nesta localidade encontram-se falantes descendentes de alemães em situação de bilinguismo. As bases deste estudo seriam os princípios teórico-metodológicos da Sociologia da Linguagem, da Sociolinguística e da Psicologia Social referentes à análise de crenças e atitudes linguísticas. O objeto da pesquisa seria desvendar questões relativas às atitudes e crenças dos falantes em relação à língua e variação linguística utilizada naquela região. As perguntas do questionário a ser aplicado serão elaboradas na busca de avaliar ou ainda mensurar as atitudes linguísticas desses falantes. O interesse se dá principalmente em coletar dados referentes à consciência linguística dos informantes quanto às línguas faladas na comunidade, à avaliação dessas línguas e de seus falantes, às tendências de reação frente a essas línguas e falantes, dentre outros aspectos reveladores das crenças e atitudes linguísticas dos habitantes de Missal. PALAVRAS-CHAVE: Crenças e Atitudes Linguísticas. Contexto multilíngue. Línguas de herança.

Atitudes linguísticas dos falantes do guarani na fronteira Brasil-Paraguai: estudo das aldeias Avá Guarani do Ocoi e Tekohá Añetete

Sonia Cristina Poltronieri Mendonça (UNIOESTE) Aparecida Feola Sella (UNIOESTE) RESUMO: O objetivo deste trabalho é apresentar alguns apontamentos da investigação sobre atitudes linguísticas manifestas por falantes do guarani de duas reservas indígenas, situadas na região oeste do Paraná, na fronteira com o Paraguai: Avá Guarani Ocoy, no município de São Miguel do Iguaçu e Tekohá Añetete, no município de Diamante do Oeste. Graças a seus contextos de fronteiras, de imigração e/ou migração do povo Guarani, essas localidades constituem cenários sociolinguísticos complexos e desafiadores para a pesquisa. É objetivo investigar se a língua guarani em contato com o português e o espanhol gera atitudes linguísticas diferenciadas nas duas comunidades, identificando de forma detalhada o fenômeno de prestígio e desprestígio entre as três línguas, em virtude de suas realidades sócio-históricas e geográficas peculiares. Os princípios teórico-metodológicos da Sociolinguística, de Crenças e Atitudes, da Etnografia, e dos Estudos da Linguagem serão utilizados para nortear o estudo, partindo do pressuposto de que língua e identidade étnica estão intimamente relacionadas à maneira de ser, de pensar, de agir e de ver o mundo em cada indivíduo e em cada grupo social. PALAVRAS-CHAVE: Atitudes Linguísticas; Variedades Linguísticas; Língua Indígena; Avá-Guarani; Fronteira Brasil-Paraguai.

Resultados parciais do trabalho de conclusão de curso intitulado: análise e descrição dos processos fonológicos e desvios ortográficos em produções escritas do 6º ano do Ensino Fundamental

Adriana Alexandra Ferreira (UNIOESTE) Sanimar Busse (UNIOESTE) RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo, apresentar os resultados parciais da pesquisa que será apresentada com intuito de concluir o curso de Letras Português/Espanhol e Respectivas Literaturas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. A pesquisa se propõe a identificar e descrever os processos fonológicos e desvios ortográficos encontrados nas produções escritas de alunos de 6º anos do Ensino Fundamental. O corpus se constituiu a partir das produções escritas coletadas durante as atividades de docência do Subprojeto Letras-Língua Portuguesa, do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência/PIBID/CAPES e de ditados realizados para a verificação das ocorrências em palavras isoladas para que posteriormente fossem comparadas com as identificadas nesse primeiro texto que pertence ao gênero narrativo. Os principais aportes teóricos que permearam a pesquisa foram, Bortoni-Ricardo (2006), Cagliari (1994), Lemle (1993), Kato (1987), Marcuschi (2005), Oliveira (2005), Tarallo (2007), Faraco (2010), Busse (2009, 2010), Mello (2008), Othero (2005), Bagno (2007), Gil (2002), Côrrea (2008). A questão que se coloca como premente no estudo da incompreensão do código escrito trata da reflexão sobre a que estratégias o aluno recorre no momento em que produz seu texto, considerando o conhecimento do código escrito e o conhecimento fonológico? O estudo das questões ortográficas e os processos fonológicos podem conduzir a uma estratégia de ensino que se orienta pela compreensão dos processos envolvidos na apropriação da escrita. O erro ortográfico é tomado como indício e ponto de partida para ações que possam levar o aluno ao domínio da escrita e domínio da língua portuguesa. PALAVRAS-CHAVES: Variação; Ensino; Aquisição da escrita; Processos fonológicos.

Um estudo da fala de Cascavel/PR: reflexões teóricas e percursos metodológicos

Stefani Alves do Carmo (UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de analisar e descrever o processo de variação e mudança linguística relacionado ao fenômeno da fala, levando em consideração o panorama histórico e cultural de uma determinada comunidade. A descrição do perfil linguístico,nos níveis fonético-fonológico e semântico-lexical de Cascavel/PR, que delimitam o falar pesquisado com oriundo da raiz sulista ou dos demais grupos que migraram posteriormente para o Paraná, será desenvolvido a partir dos princípios teóricos de Labov (2008) e de Alvar (1996),a partir dos dados coletados por Busse (2010), para o projeto de pesquisa Estudo Geossociolinguístico da Fala do Oeste do Paraná. Desse modo, iremos realizar a descrição e a análise dos traços geossociolinguísticos dos falantes de Cascavel/PR, observando as variáveis sexo, faixa etária, nível de escolaridade e estrato social, além dos fatores históricos relacionados à colonização da região Oeste do Paraná. O povoamento iniciado pelos espanhóis e portugueses, nas Reduções Jesuíticas, e pelos argentinos e paraguaios, nas Obrages (áreas de extração de erva-mate e de madeira oriunda das matas subtropicais), posteriormente, com a presença dos sulistas, descendentes de italianos e alemães, criou na região um ambiente de contato linguístico e dialetal favorável à manifestação de diferentes traços linguísticos. O que se pretende nesta pesquisa é identificar nas variantes linguísticas aspectos relacionados à prestígio e estigma linguístico no interior das variáveis sociais. Além de descrever os movimentos da língua observando as variáveis linguísticas. PALAVRAS-CHAVE: língua; fala; mudança linguística.

Vestígios da língua/dialeto pomerano nas localidades de Marechal Cândido Rondon, Nova Santa Rosa e Toledo: primeiros resultados.

Nilse Dockhorn Hitz (UNIOESTE) Vanderci de Andrade Aguilera (UEL) RESUMO: Este estudo tem como objetivo geral expor os resultados parciais de uma pesquisa de campo sobre as crenças e atitudes dos possíveis falantes de pomerano radicados em localidades paranaenses. Orientando-se pelo modelo da Dialetologia Pluridimensional e Relacional, busca verificar, especificamente, em que pontos, dimensões e parâmetros a língua/ dialeto pomerano, ainda, está presente nas localidades de Marechal Cândido Rondon (VON BORSTEL, 1992), Nova Santa Rosa e Toledo - PR. A Pomerânia localizava-se na Alemanha, no norte do Mar Báltico, porém, com o término da II Guerra Mundial (1945), a Pomerânia desaparece do mapa, isto é, atualmente, o território de origem não existe mais, pois a região oriental foi anexada à Polônia e a Pomerânia ocidental, à Alemanha. Segundo Tressmann (1998), o número de imigrantes para o Brasil, no século XVIII, talvez tenha ultrapassado 300 mil indivíduos, e que a literatura linguística comumente tem tratado como grupo alemão, cultural e linguisticamente homogêneo. Este pesquisador-etnolinguista classifica a língua pomerana como autônoma, não a considera como um dialeto da língua alemã, pois, acredita tratar-se de uma língua saxônica das terras baixas da região do Mar Báltico da Europa. Nesta oportunidade, pretende-se expor a metodologia adotada e os primeiros resultados da pesquisa de campo. PALAVRAS- CHAVE: Diversidade linguística; pomeranos; pesquisa de campo; metodologia.

SIMPÓSIO - LÉXICO COMUM E LÉXICO ESPECIALIZADO: ASPECTOS CULTURAIS SALA: 15

Coordenadores: Dra. Rosemary Irene Castañeda Zanette (UNIOESTE) Dra. Paola Baccin (USP) RESUMO GERAL: O universo de discurso de uma língua é constituído pelo conjunto das palavras que dela fazem parte, em nível de sistema. Tal conjunto é denominado léxico comum. Nele estão incluídas as palavras comuns, os nomes próprios, os neologismos, os arcaísmos, os regionalismos, entre outros. A língua oferece outras possibilidades. Com a especialização das ciências e tecnologias, foram necessárias novas palavras para expressar novas realidades. Assim, em nível de norma, surgiu o léxico especializado de cada área do conhecimento, ou seja, o conjunto de termos que traduzem realidades extralinguísticas. Seu primeiro objetivo é buscar uma comunicação precisa, sem ruídos. Tanto no que se refere ao léxico comum e ao léxico especializado, identificamos traços culturais. O conceito de cultura como um sistema comunicativo compartilhado entre os integrantes de determinado grupo social inclui, também, o modo de recortar o continuum linguístico e o continuum extralinguístico de cada grupo cultural e a maneira de estabelecer as unidades de significado: palavras, frases e texto. Para Scollon, Scollon e Jones (2012) a linguagem é sempre ambígua, não apenas no nível da palavra, mas da frase e até mesmo do texto. O léxico, portanto, não é neutro, porque assim como a língua, é componente do macroconjunto denominado cultura e os traços culturais distintivos funcionais presentes no léxico, quando trazidos ao nível consciente, podem colaborar para uma experiência comunicativa enriquecedora. Nesse simpósio pretendemos reunir trabalhos que tratam dos aspectos culturais presentes no léxico comum e no léxico especializado. PALAVRAS CHAVE: Léxico comum; léxico especializado; cultura.

A Análise Contrastiva e a Equivalência Interlinguística entre o Português Brasileiro Espanhol Europeu na Terminologia Energia Eólica

Daiane Jodar (UEM) RESUMO: Este trabalho é um retalhe de minha dissertação. Baseado nas teorias terminológicas, tem por objetivo apresentar uma análise contrastiva, interlinguística entre o Português Brasileiro e o Espanhol Europeu na energia eólica, subárea das energias renováveis. A pesquisa destina-se a leitores especializados na área das energias renováveis, em sua subárea energia eólica e a pesquisadores da ciência terminológica, sem esquecer a possibilidade de despertar o interesse de toda a comunidade. A escolha do tema deu-se pelo fato de a energia eólica ser uma forma de energia renovável, beneficiando o meio ambiente e evitando consequências catastróficas. O trabalho baseiase em dez textos técnicos bilíngues, dentre teses e dissertações científicas, que compõem os corpora bilíngues. Para a análise, foram retirados 200 candidatos a termos para a exemplificação e procedimento da análise, dos quais 10 em língua portuguesa e 10 em língua espanhola. Com o intuito de explicar ao leitor a função da Terminologia e refletir a respeito da importância dos estudos sobre equivalência interlinguística, utilizam-se como base teórica os estudos em Terminologia, em especial, a Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT). O trabalho discute os graus de equivalência linguística e os critérios propostos por Contente (2008). Foi utilizado, como colaborador para o desenvolvimento do trabalho, o programa Unitex, que possibilitou a manipulação dos corpora e a extração dos candidatos a termos e para complementar,outra ferramenta utilizada para a elaboração das fichas terminológicas, foi o programa Access da Microsoft Corporation. PALAVRAS-CHAVE: Terminologia; variação interlinguística; análise contrastiva; energia eólica.

Reflexões sobre a definição da palavra “Fandango”: o contexto Caiçara em foco

Joni Márcio Dorneles Fontella (UNIOESTE) Rosemary Irene Castañeda Zanette (UNIOESTE) RESUMO: “Fandango” é uma palavra que, segundo os dicionários gerais da Língua Portuguesa, é proveniente da Espanha. Entretanto, entre os pesquisadores do tema no Brasil, não há um consenso sobre a sua origem. Sabe-se, porém, que no século XVIII, relatos de viajantes e naturalistas já registravam sua existência na região Sul. Hoje, no Dicionário Gaúcho Brasileiro on-line, esta palavra é definida como "qualquer tipo de baile", o que demonstra certa amplitude e vagueza para uma definição. Por outro lado, no litoral do Paraná e de São Paulo, entre o povo Caiçara, “Fandango” significa muito mais que um simples baile, é um modo de vida, pois, desenvolveu-se nas relações sociais cotidianas, seja nos mutirões, seja nos intervalos da pesca ou do plantio da lavoura. É a principal forma de expressão cultural desse povo. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo a análise das definições dessa palavra registradas em diferentes dicionários de Língua Portuguesa. Então, a partir dos traços conceituais neles encontrados, e valendo-se do contexto histórico registrado nos livros Museu Vivo do Fandango (2006) e Fandango, o Bailado de Gerações (2009), o objetivo final é desenvolver uma definição que consiga exprimir seu real significado para as mencionadas comunidades. Para isto, este trabalho seguirá os pressupostos teóricos da Lexicografia, sendo embasado, especialmente, em Biderman (2001) e Medina Guerra (2003). PALAVRAS-CHAVE: Fandango Caiçara; lexicografia; dicionário.

Um mercante global em um universo não globalizado: o léxico, o comércio e a cultura oriental na obra de Francesco Carletti

Schultz, Benilde Socreppa (UNIOESTE)

RESUMO: Em uma família de mercadores, a tradição exige que o filho seja mercador. Com Carletti, acontece o contrário; nasce nesse meio e nele vive toda a sua vida: negociar faz parte da sua essência, ele é um homem do seu tempo: em todos os portos dos continentes orientais e ocidentais, sua vida caracteriza-se por uma contínua troca, desde produtos nativos até seres humanos. Comerciante ele é, antes e sobre todas as coisas, afirma Silvestro (1958, p. VIII), um mercador universal, que barganha escravos, prata, pimenta, seda e porcelana, tudo o que seja intercambiável, variando apenas o produto, segundo o lugar visitado. Na sua visita ao Oriente, no fim do século XVI e início do século XVI, descreve minuciosamente a cultura, a vegetação, os usos e costumes de diversos países orientais. No contato com os portugueses o viajante italiano se apropria de novas palavras, transcrevendo-as da maneira como as ouviu; normalmente, há, nas nomeações existentes no interior da narrativa, uma estreita ligação entre o nomear e o narrar: ao mesmo tempo em que nomeia, o viajante qualifica a coisa, dando sentido a ela. Ao nomear, concentra na palavra uma série de sinais linguísticos, a sua carga cultural, o seu saber e sua capacidade expressiva. O novo signo linguístico, mesmo desconhecido do leitor, adquire forma e definição na sua descrição. Nesta comunicação apresentaremos o léxico português na obra de Carletti, parte dele ligado aos aspectos culturais da China e Japão, países nos quais permaneceu por diversos anos. PALAVRAS-CHAVE: Francesco Carletti; viajantes italianos; léxico português.

Tecendo relações entre a toponímia e a geografia cultural: investigações no âmbito da interdisciplinaridade

Rodrigo Vieira do Nascimento (PPGL/UFT) Drª. Karylleila dos Santos Andrade (PPGL/UFT) RESUMO: O paradigma educacional que ora se apresenta já não repousa no saber absoluto, tampouco cabe à cultura hibrida, fragmentada e compartimentada do conhecimento. Desta forma, como elucida Trindade (2008, p. 72), “a interdisciplinaridade se apresenta como uma possiblidade de resgate do homem com a totalidade da vida”, posto que tenha se revelado propícia “no desenvolvimento da ciência, onde o próprio conceito das ciências começa a ser revisto”. A Toponímia, interdisciplinar por natureza, na construção holística de suas denominações, permite a interconexão com outros saberes, bem como, “deve ser pensada como um complexo linguístico-cultural: um fato do sistema das línguas humanas” (ANDRADE, 2010, p. 105). O conceito de lugar é marcado, sobretudo, pelas suas alterações sócio-culturais e sócio-geográficas. Na Geografia, a Toponímia pode oferecer informações relevantes sobre vários aspectos: identificação das regiões, estados, municípios, vilas, distritos, relevo, flora, fauna, etc.. Na sociedade, o lugar acaba ganhando dois significados: posição social e localização espacial. Mas, além destes, tem outros significados mais profundos: “Possui espírito”, “Personalidade”, existe “Sentido no Lugar” (TUAN, 1979, p. 409). Na dimensão do pensamento complexo, propõe-se investigar a possibilidade de articulação das atuais áreas que se apropriam do nome de lugar como objeto de estudo: Toponímia e Geografia Cultural. Tendo em vista que se revelam interdependentes e entrelaçados na mesma trama, no que concerne a amplitude de suas revelações. Pois, reconhecendo que a totalidade é complexa, disciplinas caminhando isoladas dificilmente adentrarão a sua efetiva compreensão. PALAVRAS CHAVES: Toponímia. Geografia Cultural. Interdisciplinaridade.

A Grafogenia Alfabética e o Léxico Onomástico das Letras

Ms, Reginaldo Nascimento Neto (UFT) RESUMO: Nesse artigo, apresenta-se um vislumbre das fases do desenvolvimento da escrita e como foi o longo processo onomástico de algumas letras do alfabeto. Optou-se pela inserção de exemplos de iconografias atuais e suas associações com a língua inglesa e portuguesa para maior clareza da exposição dos métodos adotados pelos antigos na confecção das inscrições mnemônicas nos tabletes cuneiformes e papiros. A partir daí, vinculam-se as recentes descobertas sobre a capacidade do cérebro humano de estabelecer comparações bem como de reconhecer pequenas variações do ajuste dos gabaritos alfabéticos. Em seguida, pela exposição dos achados arqueológicos, pretende-se evidenciar que a utilização de escrita alfabética teve seu berço muitos anos antes do domínio Fenício nessa área, e, dessa forma, questiona-se a ideia convencional de que esse povo tenha sido o inventor dessa técnica gráfica. Traça-se então, um paralelo entre elementos significantes e seus significados para a produção do termo Alfabeto, descortinando um breve panorama das fases pictográfica, ideográfica e proto-silábica na construção de significantes que faziam inferir significados conforme o imaginário coletivo social das comunidades de falantes em referência. Dessa forma, este artigo intenta mostrar que o léxico usado na nomeação das letras decorreu de associações com os sons segmentados de elementos iconográficos. PALAVRAS-CHAVE: Escrita; léxico; alfabeto.

RESUMOS DOS SIMPÓSIOS E DAS COMUNICAÇÕES EM ESTUDOS DE LINGUAGEM E EDUCAÇÃO

SIMPÓSIO - A LEITURA LITERÁRIA ENTRE LABIRINTOS, JARDINS, ESPELHOS E OUTRAS METÁFORAS QUARTA-feira SALA: 28 QUINTA-feira SALA: 29 Coordenadores: Dra. Denise Scolari Vieira (UNIOESTE/PROFLETRAS) Ms. Dhandara Lima (PG-UNIOESTE) Ms. Diana Heck (PG-UNIOESTE) RESUMO GERAL: Para admitir a construção da Leitura Literária como uma experiência plena de representações imaginárias capazes de conduzir à afetividade do leitor, é possível, mediante a exuberância da linguagem, darse conta que metáforas podem surgir enquanto uma atividade crítica e interpretativa da leitura. Nessa perspectiva, o leitor, diante dos efeitos artísticos da obra pode presentificar espaços/tempos que não são jamais os mesmos e, observar, que a Leitura Literária anuncia, simultaneamente, a inserção à cultura e a ruptura dela. Esse trajeto pressupõe também, a escrita entrecruzada que autoriza o investimento imaginário sobre o ofício de criar e, a experimentação de mecanismos de identificação, pela qual, o leitor sai transformado, devido às vivências fictícias que o prazer estético infunde. Por isso, a configuração de imagens esboçadas no universo da Leitura Literária pode espreitar a memória narrativa que consagra temporalidades em trânsito, territórios descontínuos, línguas enigmáticas. Esses traços prolongam o estrepitar das palavras, teatralizam as coisas e dramatizam o impasse. Surgem, então, labirintos, jardins, espelhos e outras metáforas capazes de reelaborar dados, percepções, textos, leituras. Pretendese, nesse Simpósio, abrir possibilidades de debate sobre o ensino de Literatura na Educação Básica. O efeito que se busca com essa escolha é reafirmar a impossibilidade de certezas, habitar no espaço de liberdade e admitir novas possibilidades de recepção das obras literárias. PALAVRAS CHAVE: Leitura Literária; Educação Básica; Formação Leitora; Práticas de Ensino e Formação Docente.

Por que ensinar Literatura no Ensino Médio?

BOSCO, Míriam Juliana Pastori (IFPR) RESUMO: O objetivo deste trabalho é apresentar parte das reflexões que constituem a pesquisa institucional intitulada “Literatura no Ensino Técnico Integrado: reflexões, metodologias e práticas”. Essas considerações não se limitam, no entanto, às necessidades desta modalidade de ensino, na qual, como em outras, as horas destinadas à disciplina de Língua Portuguesa são insuficientes para tratar dos conteúdos e suprir defasagens que muitos alunos apresentam. Nesse contexto, poderia o ensino de Literatura ser suprimido? O que os documentos oficiais afirmam sobre isso?Para essa hipótese, Barthes (2004) faz a conhecida declaração de que se todos os saberes fossem abolidos, só a Literatura deveria ser mantida. Ainda sobre esse questionamento, Candido (2011) apresenta reflexão primordial e fecunda em “O Direito à Literatura”. É preciso insistir no direito e na necessidade que alunos da Educação Básica têm de acessar a Literatura e usufruir do desenvolvimento humano que ela pode proporcionar (só melhorar o desempenho linguístico já seria uma justificativa plausível), além de reforçar que a inclusão social também passa por isso. As discussões propostas neste trabalho sobre por que ensinar Literatura no Ensino Médio estão pautadas teoricamente emBarthes (2004), Candido (2011), Dalvi(2013), Jouve (2012), Todorov (2010), Calvino (2007), Colomer (2007) entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Ensino; Direito à Literatura.

A cidade é uma roupa que veste o ser humano sob medida?

Neuza Brazil de Castro (UNIOESTE/PROFLETRAS) Vanusa de Souza (UNIOESTE/PROFLETRAS) RESUMO: O crescimento acelerado das cidades começou a ser percebido na Literatura por vários escritores, principalmente a partir do século XIX, em que os textos com um novo padrão estético ora o idealizavam, ora o rechaçavam. Assim, a urbe, imersa em contradições passou a ser apresentada em seus aspectos, com habitações translúcidas e frágeis, nos remetendo à imaginação, ao vislumbre entusiasmado do futuro e, ao mesmo tempo, ao contraste com a percepção de sua dura realidade: “Mas se vivemos, os emparedados, sem árvores, no vale escuro das muralhas!...”( VERDE, 1967). Então, como refletir sobre o drama existencial de cada um dos habitantes da cidade? Portanto, o objetivo dessa comunicação oral é propor um debate através da leitura e compreensão dos poemas: “Horas Mortas”, de José Joaquim Cesário Verde, considerado um dos pioneiros da poesia lírica do século XIX e, “Sevilha” de João Cabral de Melo Neto, poeta e diplomata brasileiro, expoente da segunda metade do século XX. A obra desses escritores traz em comum a capacidade de apreensão, mediante o objeto estético, dessa relação que configura a subjetividade nômade nos lugares de radicais transformações. Esse estudo seguirá as proposições teóricas de Sandra Jatahy Pesavento, Néstor García Canclini, Rildo Cosson, Antonio Candido, Oziris Borges Filho e Gaston Bachelard, para a mediação da leitura literária sobre a cidade na Educação Básica. PALAVRAS-CHAVE: Leitura Literária; Espaço Urbano; Lírica.

Atribuições da sociologia da literatura e teoria do efeito sobre As Intermitências da Morte, de José Saramago

HECK, Diana Milena (UNIOESTE/PPGL) RESUMO: Com este artigo, pretende-se investigar como José Saramago configura sua obra, As Intermitências da Morte (2005), relacionando-a com a área da sociologia da literatura, ou seja, perceber quais os aspectos desta área de conhecimento que estão presentes na obra que será objeto de análise deste trabalho. No romance, analisar-se-á como o que foi historicamente imposto em relação à morte – a ideia de que a mesma se tornou interdita no pensamento ocidental- atua no social do país em que ninguém mais morre e como o plano social é modificado a partir da greve da morte. Sabe-se que o aspecto social de uma obra e a maneira como o autor a delineia pode dizer muito sobre suas intenções e sobre o que o mesmo quer chamar a atenção. Portanto, com a ajuda de autores que configuram o campo da sociologia da leitura, como Escarpit (1974) e Antonio Candido (2000), poder-se-á identificar traços desta linha de pensamento na escrita de Saramago. Ainda sobre a perspectiva da morte no romance, em um segundo momento, analisar-se-á a construção da imagem da morte e suas representações na obra. Neste aspecto, utilizar-se-á, especificamente, o aparato teórico de Iser (1999), que realiza todo um estudo sobre a imagem e sua atuação na obra, bem como seu efeito nos leitores. PALAVRAS-CHAVE: José Saramago; Morte; Sociologia da Leitura; Teoria do Efeito.

Encenações do Romantismo em Diase Dias, deAnaMiranda

LIMA, Celimara Cristine (UNIOESTE-PROFLETRAS) RESUMO: O presente artigo propõe-se a analisar a c o r r e l a ç ã o entreliteratura e memória,através d o e s t u d o daobraDiasedias,de AnaMiranda, cujo enredo encena umacomplexatessituraentre o momento de iminente formação do cânone do Romantismo na Literatura Brasileira e o jogo especular entre os personagens em seus desdobramentos de subjetividade no espaço em transformação. Nesse sentido, confluem, através da voz narrativa da personagem, Feliciana, descrições de lugares e memórias. Portanto, essa pesquisa pauta-se nas proposições teóricas de Julia Kristeva para anunciar a ideia de intertextualidade e, no enfoque proposto por Bernardo Ricupero, para anunciar aspectos políticos da intelectualidade romântica no Brasil. A revisitação histórico-memorialística, mediante a escrita de Ana Miranda, nesse livro, enfatiza construções simbólicas, que são temas sempre abertos ao debate, bem como também permite aludir ao estatuto do narrador, como uma metáfora para a atividade crítica e interpretativa da própria leitura. Tais considerações possibilitam uma configuração analítica importante no trabalho de Leitura Literária na Educação Básica. PALAVRAS-CHAVE: Dias e dias; Romantismo; Memória; Leitura Literária.

Leitura Literária na Escola: uma vivência de leitura pensamento e escrita a partir da obra Monte Verità – Gustavo Bernardo.

Janete Marcia do Nascimento (SEED/PR/SMED/Toledo) RESUMO: Conceber a literatura juvenil contemporânea como ferramenta de pensamento configura-se como vivências leitoras com crianças e adolescentes – leitores em formação – por meio de atos diferenciados de mediação leitora. Nesse trabalho, apresentar-se-á um relato de experiência de leitura e escrita com adolescentes de uma turma de terceiro ano do curso técnico em Administração em nível médio, no Colégio Estadual Senador Attílio Fontana. O colégio situa-se na região periférica do município de Toledo, no Estado do Paraná. O objetivo dessa experiência foi trabalhar a partir da obra Monte Verità (Gustavo Bernardo) aspectos literários, filosóficos e políticos, visando relacionar ficção e realidade, no sentido de possibilitar, por meio da leitura literária, pensamento e escrita, reflexões sobre os modos como as narrativas inserem-se na vida, tornando-se importantes ferramentas de aprimoramento do pensamento de leitores adolescentes em formação no contexto escolar. Esse texto pretende, portanto, apresentar pensamento e escrita dos alunos, obtidos por meio do estudo da referida obra, e analisar o quanto esta possibilitou aos adolescentes, pensar sobre o lugar que a narrativa juvenil ocupa na escola, interferindo nos modos de ler, pensar e escrever sobre eventos que ocorrem não só no mundo ficcional, como também na vida real. Monte Verità é uma narrativa juvenil de cunho filosófico que discute pensamento e ação por meio da escrita, ao empoderar o personagem protagonista a agir de modo a transformar o Planeta Terra, criando seis intervenções extremamente necessárias para tal fim. PALAVRAS-CHAVE:leitura literária; formação de leitores; literatura e educação.

Rap: A voz da resistência em sala de aula

OLIVEIRA,Valdeci Batista de Mello (UNIOESTE/PROFLETRAS) ROSSO,Donete Simoni (UNIOESTE/PROFLETRAS) RESUMO: Esse artigo propõe a aplicação didática de letras do rap nacional nos anos finais do Ensino Fundamental, com vistas a valorizar, por meio da sua inserção na escola, esse gênero poético/musical, entendido como forma de expressão e resistência dos segmentos juvenis da classe social trabalhadora. A abordagem didática do rap também se justifica por proporcionar momentos de debate e reflexão da realidade do país em sala de aula, incentivar a leitura literária e a produção escrita dos alunos e colaborar para que o aluno modele e reflita sobre sua identidade e sua “história de leitura”. Para essa discussão, inicialmente são abordados, de forma sucinta, alguns aspectos referentes à leitura, escola e as contradições existentes nessa relação secular, com base teórica em Gnerre (1994), Soares (2005), Orlandi (1998) e Zilbermam (1999) . Em seguida, destaca a origem do rap, suas peculiaridades e possibilidades de abordagens pedagógicas, tomando como base os estudos de Duarte, Guimarães e Andrade (1999), Fonseca (2011), entre outros. Na sequência, duas letras de rap nacional são analisadas e complementadas com sugestões de encaminhamentos metodológicos, finalizando com algumas considerações sobre o trabalho ora exposto. PALAVRAS-CHAVE: rap nacional; educação; criticidade; resistência

Remição da pena por estudo através da leitura: a leitura da literatura no ambiente prisional

Valdeci Batista de Melo Oliveira (UNIOESTE) Maria de Lourdes Custódio de Faeia (UNIOESTE/PROFLETRAS) RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar o Projeto Remição da Pena por Estudo através da Leitura desenvolvido em uma penitenciária do Estado do Paraná. Nele falamos sobre a necessidade da educação dentro do ambiente prisional, ressaltando-a como um direito pleno do ser humano, especialmente os privados de liberdade. Discutimos a importância desse projeto para os detentos, pois muito além da remição da pena, ele propõe estimular a criação do hábito da leitura da literatura dentro das Unidade Penais de todo o Estado do Paraná, com vistas à reconstrução de uma identidade pessoal do preso capaz de ajudá-lo no resgate da sua autoestima. Com a leitura o preso dá sentido aos seus momentos ociosos, desenvolve sua capacidade leitora, aprimora sua escrita, amplia seu universo linguístico, imagético e vocabular, ou seja, descobre e atua na produção de condições de possibilidades de ver e pensar sua própria identidade, construir novos conceitos, adquirir outros perceptos pelo viés da literatura, cujo caráter emancipador é apresentado e discutido por diversos teóricos. Para sustentar os argumentos postos, recorremos a autores como: Freire, Coutinho, Candido, Costa, Soares, entre outros. Nesse artigo apresentamos quem são os sujeitos privados de liberdade, seu nível de escolarização, apontamos alguns problemas encontrados no desenvolvimento do projeto e indicamos algumas sugestões. PALAVRAS-CHAVE: Remição da Pena, educação, literatura, ambiente prisional.

A leitura em sala de aula: uma proposta com a Literatura de Cordel

Emanoela Luisiana Pereira (SEED) RESUMO: O ensino-aprendizagem da leitura de textos literários, no âmbito escolar, está a receber importância, considerações, cuidados e pesquisas, pois é na escola que o aluno desfruta de maior acesso à leitura e à literatura. Essa dedicação de teóricos e educadores se deve ao fato de que, por diversas razões, que escapam ao périplo deste estudo, avançamos a passos lentos na questão da leitura e da leitura do texto literário na escola. Na maioria das vezes, o trabalho com a leitura em sala de aula acaba por ser, um processo repetitivo, fragmentado e, consequentemente, uma experiência até mesmo negativa ao invés de ser uma atividade escolar rica em aquisição do conhecimento e que desenvolva formação do hábito de leitura e estimule a aquisição de habilidades e de competências. O presente estudo tem por meta, apontar algumas práticas de leitura do texto literário, comumente realizadas na escola, para em contrapartida sugerir atividades de leitura que contribuam para a formação do leitor utilizando-se da literatura de cordel, além de apresentar uma modesta revisão de parte da bibliografia pertinente ao tema. Com apoio teórico de estudiosos da leitura como Lajolo (1993), Kleiman (1999), Silva (2005), Zilberman (2009), Koch (2010) Antonio Candido (1995), Anatol Rosenfeld (1976), Jauss, Antoine Compagnon, Jerome Bruner entre outros, apresentando alguns cordelistas brasileiros com atividades de leitura e análise de suas obras, desenvolvendo práticas possíveis de serem desenvolvidas em sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: Leitura, literatura de cordel, formação do leitor.

Cinderelas de cabelos brancos diante do espelho

Solange Marilene Melchior do Prado (UNIOESTE/PROFLETRAS)

RESUMO: Este artigo apresenta conjeturas sobre a reafirmação de identidades entre mulheres com idade acima de sessenta anos, nos encontros chamados: Baile da melhor idade. No conto “Pomba Enamorada”, de Lygia Fagundes Telles há uma rede simbólica, na qual mulheres, mediante a narrativa fantástica, enfrentam os desafios vitais em sua formação de subjetividade. A narradora, a fim de valer-se dessa rede discursiva enlaça suas fantasias, seus sonhos, num território imaginativo, no qual tentará sublimar suas angústias. Já no baile são as idosas, as tecedoras dos próprios sonhos. Nesse sentido, percebe-se um desdobramento pelo qual, aproximam-se, metaforicamente, mundo ficcional e mundo material. Em ambos os lugares está a Cinderela dos Contos de Fadas. Contudo, no Baile da melhor idade, os sonhos relacionados ao desejo de felicidade eterna, agora são urdidos por Cinderelas de Cabelos Brancos. Elas sabem que são senhoras de diversas classes sociais, que formaram suas famílias, trabalharam, estão aposentadas e procuram formas de dar novas cores e significados à própria vida. Assim, no território do baile, transposto para o outro lado do espelho, surge a busca de si mesmo e da própria face perdida no passado. E, como nas narrativas fantásticas, ali será aquele lugar, muito esperado, onde por ele, elas farão preparativos semelhantes aos rituais enfrentados por Cinderela, em busca de um novo sonho encantado, dia após dia. Essa análise baseia-se em Simone Beauvoir, Marilena Chauí, Ecléa Bosi, Stuart Hall, Mary Del Priori, entre outros, a fim de refletir sobre a condição da mulher na maturidade. PALAVRAS-CHAVE: Metáforas; Contos; Identidade; Leitura Literária

“O fazedor de velhos”: uma análise

Vanessa Borella da Ross (PG-UEM) RESUMO: Neste trabalho objetiva-se analisar o livro juvenil: O Fazedor de Velhos (2008), do autor contemporâneo Rodrigo Lacerda. Livro vencedor do Prêmio Jabuti de 2009. A obra inicia-se pela narrativa da infância do cativante protagonista Pedro, e as sessões de literatura impostas por sua mãe, professora universitária. Durante a adolescência do protagonista, o gosto pela leitura é adquirido, dessa forma uma paixão nasce. Aos 16 anos, encontra um professor misterioso, que futuramente será seu mentor e amigo. Ao ingressar na faculdade, Pedro escolhe o curso de História, e acaba em uma crise por não ter certeza de sua vocação. Durante este período, inicia um longo relacionamento de mestre – aluno com um genial e excêntrico professor recluso, chamado Nabuco. A história narra a passagem do personagem Pedro para a vida adulta. Após determinados acontecimentos, o protagonista percebe que a vida não é fácil, que para êxito é necessário resiliência. Outrossim, a paixão pela literatura pode auxiliar em sua constante busca por respostas e orientações. Como embasamento teórico utilizou-se: Teresa Colomer, Ligia Cadermatori, Lucien Goldmann, Vicent Jouve, Patricia Wilma Maas e Massaud Moisés. PALAVRAS-CHAVE: O fazedor de velhos; literatura juvenil; formação.

“Mas você não vai dar aula de português, assim, português mesmo?”

SANTOS, Iva Carla Aveline Teixeira dos (PPG/Letras-UFGD) RESUMO: A indagação de um aluno diante da leitura de textos literários nas aulas de língua portuguesa intitula este artigo que procura tecer algumas reflexões sobre a presença da Literatura no Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Esta é uma modalidade que compreende alunos de diversas idades e que, por diversos motivos recorrem ao EJA para dar continuidade aos estudos. Assim, o lugar e perfil de leitura são diversos: alguns são alfabetizados no EJA com a idade já avançada, pois não tiveram oportunidade na idade regular (trabalho na roça, proibição dos pais ou maridos); outros foram alfabetizados e depois de anos fora da escola, geralmente, devido à gravidez precoce e ao trabalho, retornam para dar continuidade aos estudos; outros são adolescentes afetados pela pobreza e, que a partir dos 15 anos, precisaram trabalhar durante o dia e estudar no período noturno. Diante destas considerações, surgem inquietações a respeito das possíveis dificuldades do mediador para inserir estes sujeitos no mundo da literatura, já que, quando aborda leitura e a literatura, esta modalidade foca na decodificação, em uma concepção de leitura ultrapassada. Ao trazer as vozes de alunos do EJA para esta reflexão, pode-se notar que, se não há a presença da literatura, a prática da leitura é quase imperceptível. Neste sentido, é trazida também para a reflexão a posição do livro didático em relação à literatura e dos referenciais curriculares do EJA. Estas reflexões se pautam em teóricos como, Cosson (2010), Chartier (1999), Zilberman (1982) e Candido (1995). PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Ensino; EJA; Formação de Leitores

O rumo das rimas: O percurso do Cordel do Nordeste à Amazônia

Denise Scolari Vieira (UNIOESTE/PROFLETRAS) RESUMO: A proposição do estudo de Poéticas Orais, em contextos escolares da Educação Básica, exalta o lugar do encontro e demonstra o vínculo entre a palavra e a imagem. Em tal ritmo de trocas materiais e simbólicas, o Cordel evoca percepções, a partir do movimento de versificação do mundo. Nesse sentido, nas páginas dos folhetos, vivências ocupam um território híbrido, no qual, histórias de amor, fatos, relações familiares, questões políticas, etc. são esboçados mediante o improviso, em composições líricas, narrativas, dramáticas, críticas. Nesse fluxo de pluralidade constitutiva e, também, devido às emergências impostas por mudanças políticas, sociais, econômicas, climáticas, o Cordel migrou e materializou-se em espaços, cujas manifestações culturais desenharam outras urdiduras descritivas do patrimônio imaterial no Brasil. Portanto, essa comunicação oral pretende enfatizar, mediante a apresentação de cordelistas da região amazônica, especificamente do Pará, em sua confluência histórica com aqueles nordestinos, que deixaram o sertão para deparar-se com a floresta, os seringais e a saudade. Frente ao rigor da economia, a concentração do capital e a incerteza com o devir, poetas migrantes forjaram rimas, que impelem à reflexão sobre a vida da Amazônia Paraense anunciada em versos. Então, pergunta-se: a Escola Básica pode ser o cenário de leitura dos folhetos de cordel escritos nas assimétricas geografias do Brasil? PALAVRAS-CHAVE: Cordel; Nordeste; Amazônia; Leitura Literária; Educação Básica.

Espelhos onde se reflete a figura feminina: poemas de Maya Angelou

Dhandara Soares de Lima (UNIOESTE) RESUMO: Maya Angelou é uma das autoras contemporâneas que muito se empenhou em representar diferentes faces da mulher na literatura, através de sua criação lírica, sem mencionar seu ativismo também pela causa da visibilidade da pessoa negra. Em seus poemas, transparece a experiência da mulher, ativista e da mãe, além da artista talentosa e da escritora brilhante. Neste trabalho, serão desenvolvidas análises dos seus poemas “Woman Work”, “Phenomenal Woman” e “Our Grandmothers”, discutindo o modo de existir das mulheres representadas artisticamente pela poeta norte-americana. Trata-se, assim, de uma análise principalmente temática e de caráter sociológico, ainda que sem deixar de apontar o brilhantismo de sua criação poética. Quanto ao tema, é óbvia a atmosfera elogiosa na qual Angelou envolve as personagens que representa; contudo, existe um discurso ainda mais forte nas obras em questão, e que subjaz de forma sutil, ainda que marcante. Este é o discurso do povo silenciado. Esta questão é latente na obra da poeta e diz respeito à luta das mulheres de forma geral, que tiveram, por séculos, sua voz social negada e limitada. A partir de uma pesquisa bibliográfica, portanto, o tema será problematizado quanto à forma como é trabalhado nos poemas supracitados. PALAVRAS-CHAVE: Literatura comparada; Análise Lírica; Escritura Feminina.

SIMPÓSIO - DESAFIOS PARA A INTEGRAÇÃO LATINOAMERICANA: ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS EM QUESTÃO SALA: 1 FINEP Coordenadores: Dr. Antônio R. Guizzo (UNILA) Dra. Franciele M. Martiny (UNILA) Dra. Mariana Cortez (UNILA) RESUMO GERAL: A diversidade cultural e o plurilinguismo presentes na América Latina destacam a necessidade de uma educação linguística intercultural, a partir de uma visão transdisciplinar de educação, em que a relação entre linguagem e cultura vá além de um articulador entre os estudos linguísticos propriamente e os tramados culturais, pois são faces de um mesmo objeto: a linguagem. Assim, pretendemos um diálogo neste Simpósio em que o estudo das línguas da região privilegie a linguagem como processo de interação, como defende Bakhtin (1992). Partindo desta concepção de linguagem, que visa um ensino da linguagem em uso, autêntica, ou seja, com base em situações-problema contextualizadas e pertinentes ao contexto de produção, o Simpósio Desafios para a integração latino-americana: ensino e aprendizagem de línguas em questão terá por objetivo apresentar discussões em torno da pesquisa e da elaboração de materiais didáticos e práticas didáticas para o ensino do português e do espanhol como línguas estrangeiras e adicionais, levando em consideração aspectos linguísticoculturais da América Latina. Compreendemos que o bilinguismo é um princípio fundamental na integração cultural e intelectual de nossa região e por isso tentar entender como se dá a inserção do aluno hispanofalante na língua portuguesa do Brasil e do aluno lusofalante na língua espanhola é fundamental à problemática em questão. Buscaremos nas discussões deste Simpósio que a própria diversidade seja geradora de aprendizagens, reforçando a ideia do bilinguismo como meio essencial para a integração latino-americana. PALAVRAS CHAVE: Integração latino-americana; Ensino e aprendizagem de línguas; Bilinguismo português/espanhol; Interculturalismo.

Pesquisa e elaboração de material didático de português como língua estrangeira

Franciele Maria Martiny (UNILA) RESUMO: Este artigo apresenta o trabalho do grupo de pesquisa “Pesquisa e elaboração de materiais didáticos para ensino-aprendizagem de Português como língua estrangeira”, que teve seu início a partir de um projeto de produção de material didático de Português como língua adicional (PLA) - em contexto de imersão ou não imersão – para hispanofalantes, nas diversas regiões da América Latina. A iniciativa surgiu de uma parceria entre o Ministério de Relações Exteriores, pela Divisão de Promoção da Língua Portuguesa (DPLP) e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), pelo Núcleo de Linguagem. Para tanto, tem-se priorizado, na elaboração deste material, o uso de textos autênticos, que circulam socialmente nas diversas esferas, guiando-se por sequências temáticas, sempre pautadas em tarefas pedagógicas, a partir da diversidade de gêneros discursivos, em três níveis de ensino: básico, intermediário e avançado. Partindo dessa perspectiva, acredita-se que no ensino de línguas é preciso privilegiar a linguagem como forma ou processo de interação, abordando questões de cunho sociocultural. Espera-se que esse material possa ser um apoio aos professores de português como língua estrangeira/adicional, proporcionando situações que busquem aproximar o aprendiz do uso real da língua-alvo, sendo o ensino e a aprendizagem vistos como um processo dinâmico, no desenvolvimento de habilidades necessárias para o uso da língua em situações reais de comunicação, como formas de ação concretizadas pela linguagem. PALAVRAS-CHAVE: Produção e pesquisa; Livro didático; Ensino de português para estrangeiros.

O local da cultura na prova de língua espanhola do Exame nacional do Ensino Médio

Lívia Santos de Souza (UNILA/UFRJ) RESUMO: O presente trabalho tem como proposta refletir sobre o papel dos componentes culturais na composição das questões de língua espanhola do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Para tanto, foram estabelecidas algumas considerações sobre o conceito de cultura com base nas reflexões de diversos autores, e sua marcada presença tanto nos discursos que permeiam o ensino de Espanhol como Língua Estrangeira (ELE) no Brasil, quanto nos documentos oficiais que o regulam. Além disso, elaborou-se uma reflexão sobre a trajetória do Enem e sua importância enquanto política pública educacional. Por último, foi realizada uma análise de algumas questões de língua espanhola das edições dos últimos cinco anos do exame. Dessa forma, pode-se apontar esse conjunto de trinta questões, os documentos norteadores e as matrizes de referência curricular do Enem como principal objeto de trabalho. A partir da análise, elaborada através da submissão das questões a um conjunto de perguntas norteadoras relativas aos componentes culturais, observou-se que esses se articulam de maneira desigual na composição do exame, em alguns casos desempenhando um papel fundamental no estímulo ao desenvolvimento de uma postura crítica diante da língua, mas, em um número considerável das questões, limitando-se à manutenção de estereótipos da realidade dos países hispânicos. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de ELE; Cultura; Enem.

O ensino de português para imigrantes em Marechal Cândido Rondon (PR): desafios e perspectivas

Elisangela Redel (UNIOESTE) RESUMO: “Chegada de refugiados muçulmanos muda cidades do interior do Brasil”, intitula-se recente matéria veiculada pela Folha de São Paulo, em 20 de setembro de 2015, que destacou a situação de imigrantes muçulmanos em cidades interioranas do Brasil, como Marechal Cândido Rondon (MCR), onde há 190 deles, de dez nacionalidades, em busca de melhores condições de vida, de trabalho e de liberdade étnica, política e religiosa. A cidade mencionada, localizada no Oeste do Paraná, possui 80%, dos quase 50 mil habitantes, de ascendência germânica, e tem recebido, nos últimos cinco anos, imigrantes da Síria, Bangladesh, Líbano, Senegal, Haiti e outros países, alterando o cenário cultural, religioso e econômico da região. A vinda e permanência de estrangeiros para esta cidade tem sido matéria em diversos jornais e merece atenção, dadas as dificuldades de integração dos novos imigrantes, que começa com o idioma. Nesse sentido, a proposta deste texto é trazer discussões iniciais a respeito da necessidade de a universidade local – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – e em parceria com o município e as indústrias empregadoras, oferecerem cursos de Português como Língua Adicional e Cultura Brasileira para os falantes de outras línguas que residem na localidade, como forma de promover a inclusão social/cultural e a difusão internacional da Língua Portuguesa. PALAVRAS-CHAVE: MCR; Ensino de Português; Imigração; Políticas Linguísticas.

Desafios do projeto Tandem UNILA: pedalando juntos em espanhol e português

Thales Ramos da Silva (UNILA) RESUMO: Essa pesquisa almeja relatar e discutir a institucionalização do projeto Tandem UNILA: pedalando juntos em espanhol e português na Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA). Com o auxílio das novas tecnologias, o tandem tem se expandido pelas Universidades brasileiras, sobretudo dentro dos cursos de línguas, como uma nova ferramenta de ensino-aprendizagem de idiomas (TELLES, 2009; RUANO, 2012; ARANHA & CAVALARI, 2014). O projeto acima mencionado, contudo, desenvolve sessões de tandem presencial (face a face), executável por causa do caráter bilíngue e multicultural da UNILA e das cidades da Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai (RAMMÉ, 2014). Assim, nosso objetivo específico é investigar o processo de integração, com suas possibilidades e dificuldades, de atividades desse projeto de extensão nas disciplinas de Português e Espanhol como línguas adicionais do Ciclo Comum de Estudos da instituição. O método utilizado para a pesquisa é o estudo de caso, a partir da discussão obtida através da análise de questionários e entrevistas com os professores e instâncias universitárias envolvidas. Tendo em vista que alguns professores da UNILA já utilizam o tandem como ferramenta pedagógica durante as aulas, apesar do projeto ainda não ser institucionalizado, já observamos que essa prática tem causado efeitos positivos no rendimento linguístico e intercultural dos discentes. PALAVRAS-CHAVES: Tandem; Institucionalização; UNILA.

Representações de Crianças sobre o Conceito de Fronteira: Interpretando Contextos e Construindo Sentidos por meio de Imagens

Alana. Nunes (UNIPAMPA) RESUMO: Este trabalho é parte de uma pesquisa desenvolvida no Grupo de Pesquisa Fronteira e Linguagem no Espaço Platino (FLEP/UNIPAMPA) e pretende analisar quais são as representações sobre o conceito de “fronteira” na perspectiva de crianças moradoras da faixa de fronteira Brasil/Uruguai, através de suas produções imagéticas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de abordagem interpretativista, cujas considerações analíticas foram feitas à luz dos constructos semióticos (PENN, 2002) e da Linguística Aplicada (BLOMMAERT, 2013), fornecendo uma visão voltada ao contexto aplicado e, por isso, considerando os fatores sociais, históricos, políticos, simbólicos, etc, vividos nessa determinada conjuntura particular. A investigação foi desenvolvida em três turmas do Ensino Fundamental (respectivamente os 1º, 2º e 3º anos) de uma escola pública estadual localizada na cidade de Bagé/Rio Grande do Sul, sendo solicitado às crianças que representassem em forma de desenho o que entendiam por fronteira, estando elas ou não familiarizadas através de seu processo de escolarização com esse conceito.As considerações depreendidas dos dados gerados, onde a fronteira aparece associada à imagem do gaúcho, do pampa e da divisão de lugares, constituem uma síntese de referências relacionadas às vivências sociais construídas no tempo e espaço a qual os sujeitos pesquisados estão inseridos. De posse desses resultados, pretende-se, em uma próxima etapa da pesquisa, realizar o desenho de um material didático adequado para diferentes faixas etárias que busque expandir e problematizar a concepção local dominante refletida nas produções das crianças. PALAVRAS-CHAVE: Fronteira; Representação; Linguagem; Educação

Atividades de autoavaliação em um Guia Didático de Português Língua Adicional para a América Latina: propostas e desafios Valdilena Rammé (UNILA) RESUMO: Este trabalho pretende discutir a relevância e as dificuldades de produção de atividades de autoavaliação para sequências didáticas temáticas de um Guia Didático para o ensino-aprendizagem de Português Língua Adicional (PLA) voltado ao público latinoamericano. Para tal, primeiramente, investigamos os aportes teóricos e fichas de autoavaliação desenvolvidos em distintas perspectivas (BLOOM et. al., 1971; SCHOFFEN, 2003; HARLEN, 2005, 2006; FERNANDES, 2008; MESQUITA, 2008; CAVALARI, 2009; LAIA, 2010; DICKINS & GERMAINE, 2014; entre outros). Acima de tudo, a necessidade de tal investigação justifica-se pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, aprendizagem e avaliação (FURTOSO, 2011) que orienta a produção deste material. Assim, busca-se verificar a pertinência da autoavaliação em um material que pretende propiciar a potencialização de seu caráter formativo-processual (DEMO, 1996; SCARAMUCCI, 1999; BRINDLEY, 2001) e o despertar de professores e alunos mais conscientes dos objetivos e processos de ensino-aprendizagem de Línguas Adicionais. Os dados analisados, desta forma, são provenientes do material produzido pela Comissão de Redação do Guia Didático de Língua Adicional – Português, criada no âmbito da PróReitoria de Relações Institucionais e Internacionais – PROINT da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. Os resultados preliminares explicitam a grande complexidade de se criar grelhas ou atividades alternativas de autoavaliação com foco nos objetivos de ensino-aprendizagem que levem em conta os princípios da avaliação formativa. Além desta dificuldade, evidencia-se também o desafio de se fazer corresponder os objetivos gerais de ensino-aprendizagem, que orientam uma abordagem por tarefas, com aqueles específicos que o(a) aluno(a) deveria reconhecer e seguir autonomamente. PALAVRAS-CHAVE: Autoavaliação. Guia didático. Português Língua Adicional. América Latina.

Impasses para produção de livro didático de português como língua adicional Mariana Cortez (UNILA) RESUMO: Entre os diferentes materiais didáticos que estão disponíveis para serem utilizados no processo ensino-aprendizagem de línguas, destaca-se o livro didático (LD). Segundo Pacheco (2006), o LD é imprescindível às atividades de ensino/aprendizagem, já que muitas vezes desempenha a função de mediador do processo. Nosso objetivo é discutir quais são os impasses teóricos-metodológicos enfrentados durante a produção de um LD de português língua adicional que será utilizado em dois contextos: de imersão, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e não-imersão nos Centros de Estudos Brasileiros (CEB’S) situados nos países da América Latina. Abordamos o ensino de português como língua adicional no material que desenvolvemos a partir de perspectivas que priorizam a educação humanizadora, a relação entre linguagem e cultura e, sobretudo, o material elaborado foi pensado por meio de estratégias, nas quais a integração regional é fundamental. Essa proposta teóricometodológica se desenvolve, a partir da abordagem por tarefas em sequências temáticas sempre alinhavadas pela diversidade de gêneros discursivos. Apostamos em um estudo de língua que privilegie a linguagem como forma ou processo de interação, como defende Bakhtin (1992). O propósito da produção desse material didático é possibilitar a participação efetiva do aluno em situações sociais de uso da linguagem em contextos específicos amparados por um gênero de discurso. Sabemos, contudo, que situar a produção de um LD de português língua adicional em tal abordagem implica impasses e tomadas de decisão que tornem o material coerente com a fundamentação eleita. Exatamente sobre esses impasses estará ancorada nossa comunicação. PALAVRAS-CHAVE: Português língua adicional; livro didático; integração regional.

O papel da literatura nas aulas de PLA/PLE Felipe dos Santos Matias. (UNILA) RESUMO: O debate em torno da importância ou não da literatura no processo de ensino e aprendizagem de Português Língua Adicional/Estrangeira (doravante PLA/PLE) está longe de obter consenso, e as preocupações com a comunicação funcional fazem, segundo Sequeira (2013), com que os materiais didáticos dos professores privilegiem textos utilitários, incidindo na cultura comportamental ligada ao cotidiano. Deve-se ponderar, no entanto, que pode ser insuficiente centrar o ensino e aprendizagem de PLA/PLE exclusivamente em aspectos do cotidiano, visto que essa opção tem a possibilidade de ocasionar um efeito alienante/desmotivador sobre o aluno, que se vê confrontado, nesse caso, com cenários triviais. Nas aulas de PLA/PLE a literatura tem a virtude de possibilitar, além do prazer estético, o trabalho com uma grande variedade de gêneros textuais, que incorporam estilos e diferentes níveis de dificuldade. Concordando com o pressuposto de Candido (2004) de que a fruição da literatura é um direito inalienável, e partindo da ideia de que o texto literário auxilia no processo de diálogo e intercompreensão entre diferentes culturas, a presente comunicação tem como objetivo discutir o papel da literatura nas aulas de PLA/PLE e valorizar o texto literário como elemento que possibilita um ensino e aprendizagem de línguas a partir de um viés críticoreflexivo, que propicia aos alunos o desenvolvimento de uma competência intercultural. PALAVRAS-CHAVE: Ensino e aprendizagem de PLA/PLE; literatura; interculturalidade.

Intersubjetividade e afetividade no ensino de línguas Antonio Rediver Guizzo (UNILA) RESUMO: Na perspectiva atual do ensino de línguas, as práticas de aprendizagem orientadas predominantemente pela transmissão de estruturas linguísticas e conteúdos gramaticais desvinculados de contextos reais de comunicação e/ou orientadas em exercícios comunicativos que artificialmente simulam contextos estereotipados de interação vêm sendo consideradas pouco efetivas para o ensino, assim como, desvinculadas da realidade dialógica, sócio-histórica e ideológica da linguagem e cognição humanas. Essa transformação, ao menos na teoria, aponta para uma concepção de língua como manifestação e meio de manifestação da cultura de uma comunidade, como fenômeno que não pode ser compreendido quando desvinculado do mundo cultural e experiencial no qual se revela. No entanto, embora a perspectiva atual do ensino de línguas tenha assumido como verdadeira substância da língua o “fenômeno social da interação verbal” e postulado a indissociável relação entre língua e cultura, observamos que as investigações, em grande parte, não consideram o movimento de interpelação subjetiva decorrente do contato cultural que acontece durante o aprendizado de uma língua. Dessa forma, o objetivo desse artigo é investigar as relações/negociações intersubjetivas e afetivas envolvidas no aprendizado de línguas adicionais/estrangeiras. Para tal fim, orientamo-nos a partir de teorias que investigam a constituição dos sujeitos em sua relação com o outro e com a sociedade, assim como, o movimento intercultural implicado no contato com a língua-cultura do outro. PALAVRAS-CHAVE: língua-cultura; intersubjetividade; afetividade; interculturalidade.

Enseñanza y aprendizaje de lenguas desde una perspectiva interdisciplinar Aracely Savio Rebour (UNILA) RESUMEN: Esta investigación en andamiento tiene el fin de abordar la interdisciplinaridad dentro de la Universidad Federal de Integración Latinoamericana (UNILA) con foco en la enseñanza y el aprendizaje de español y portugués como lenguas adicionales. Para abordar ese tema se comenzará a explicar qué es la UNILA y cómo ésta se estructura organizacional e institucionalmente desarrollando el papel de la interdisciplinaridad en su proceso de formación. Se profundizará en el concepto de interdisciplinaridad abordándolo desde distintas perspectivas y analizando su importancia, teniendo en cuenta cómo éste se aplica en las distintas áreas de la universidad. Finalmente se hará un análisis del Proyecto Pedagógico del Ciclo Común de Estudios para comprender la importancia de una perspectiva interdisciplinar dentro del mismo y por qué ésta fue uno de los ejes centrales en la formación de la UNILA, hasta finalmente llegar a la interdisciplinaridad en el aprendizaje y la enseñanza de lenguas. Para profundizar en este aspecto se analizarán cuestionarios aplicados a alumnos que aún se encuentran cursando español y portugués intermediario, intentando conocer el imaginario que los alumnos tienen de la interdisciplinaridad, si la consideran importante dentro de las aulas de lenguas y por qué. PALABRAS CLAVE: Interdisciplinaridad; enseñanza; aprendizaje; portugués; español.

SIMPÓSIO - LITERATURA, ENSINO E IDENTIDADE: REFLEXÕES NO ENSINO SUPERIOR SALA: 44 Coordenadores: Dra. Édina Aparecida Cabral Bürhrer (UNICENTRO) Ms. Adriana Binati Martinez (UNICENTRO/USP) Anelise Copetti Dalla Corte (UNICENTRO)

RESUMO GERAL: Nestor García Canclini (2008) lançou a complexa indagação quem quer ser latino-americano no século XXI?, como premissa para discutir a identidade da América Latina na era globalizada. O trânsito intenso desse sujeito para outras localidades espaciais, bem como o impacto dos avanços digitais e do mercado financeiro tem produzido influências significativas nos mais diversos campos do conhecimento. A noção de continente e de nacionalidade – com suas categorias de sujeitos, fronteiras, línguas e culturas – no presente século sofrem um abalo em seus conceitos homogêneos tradicionais, como a reflexão de que a identidade não é fixa, o espaço é transnacional e a língua sofre constantemente interpelações territoriais, políticas e multiculturais. No contexto do ensino, principalmente em relação à formação docente, a indagação de Canclini nos leva a repensar os vários campos de conhecimentos, como o ensino de língua e literaturas, nacionais e estrangeiras, como ponto marcante para discutir o impacto da globalização na construção da identidade docente. Tal embate pode ter início por meio da perspectiva de uma formação que se utiliza da influência do Círculo Interno (DAVID CRYSTAL) para reforçar uma posição de subserviência no ensino e na aprendizagem de línguas (neste caso, língua inglesa) sem que o futuro professor questione o seu lugar de aprendiz de um idioma na condição de não nativo (RAJAGOPALAN, 2005). Nesse sentido, esse simpósio tem como objetivo refletir os campos de conhecimento de literatura, ensino, e identidade em um contexto demarcado: o ensino e a docência superior em Letras desde América Latina. PALAVRAS CHAVE: Ensino; literatura; identidade; ensino superior; campos de conhecimento.

“Chegar ao nível de um nativo”. A ideia de nativo e não nativo na construção identitária do futuro professor de línguas estrangeiras.

Édina Aparecida Cabral Bührer (UNICENTRO) RESUMO: O objetivo deste trabalho é pensar a construção identitária do professor, especificamente de língua inglesa, nas relações estabelecidas (ou não) com a sua condição de falante do português brasileiro. Discutir acerca da identidade do professor de línguas estrangeiras ou a construção da identidade durante o processo de formação docente pode trazer subsídios para compreender a complexidade que envolve o tornar-se professor de uma língua estrangeira. Sabe-se que o número de falantes de inglês como língua estrangeira e de segunda língua excede o número de falantes de nativos (MEDGYERS, 2001; GRADDOL, 1997), sendo assim, os falantes não nativos de inglês constituem “não menos do que 80% da força total de trabalho no ensino de língua inglesa no mundo” (RAJAGOPALAN, 2005). Diante do grande número de falantes não nativos, trabalhando com a língua inglesa, é preciso verificar como o professor brasileiro se percebe neste contexto. Além disso, vale questionar também, qual é a importância, no contexto atual, de discutir a condição de nativo e não nativo. Diante de todas essas questões, o trabalho consiste, portanto, em refletir acerca da perspectiva identitária que ora reforça a identidade brasileira por meio do posicionamento do professor de línguas como um brasileiro, estrangeiro, mas professor de uma língua outra e ora valoriza o falante nativo como os “donos da língua” inglesa (RAJAGOPALAN, 2005). PALAVRAS-CHAVE: Identidade; Língua inglesa; Português brasileiro; Nativo; Não nativo.

Os novos desafios de ensinar espanhol/língua estrangeira e o papel do estágio supervisionado na formação docente Anelise Copetti Dalla Corte – UNICENTRO RESUMO: O objetivo desta pesquisa é o de apresentar alguns aspectos do estágio supervisionado nos cursos de licenciatura em espanhol como língua estrangeira, apontando o seu papel no processo de formação docente. Além disso, busca-se também discutir questões que dizem respeito à formação do docente de línguas frente aos novos desafios que este enfrentará ao chegar ao seu campo de atuação profissional. Como sabemos, os desafios presentes no contexto educacional são de toda ordem, desafios estes que dizem respeito, também, ao fato do profissional de língua estrangeira ensinar uma língua da qual não é falante nativo. Portanto, além da dimensão pedagógica, é preciso que se contemple também a dimensão linguística, na medida em que os profissionais em formação ensinarão uma língua que não corresponde à sua, língua esta que possui marcas culturais e identitárias. Muitas vezes, o estágio supervisionado no curso de espanhol como língua estrangeira é concebido como um momento de reproduzir modelos e técnicas, em detrimento de trabalhar conhecimentos e competências que de fato possam ser úteis para que os alunos-professores possam enfrentar o ambiente escolar, munidos das ferramentas pedagógicas e linguísticas de que necessitam. Entendemos, ainda, que para confrontarmos os desafios que se apresentam é preciso formar profissionais reflexivos, autônomos, capazes de buscar caminhos para a educação na atual conjuntura. Para levar a cabo essas discussões, nos servirão de aporte teórico obras de autores como Tardif (2005), Imbernón (2014), Leffa (2001), Pimenta (2012) e Pimenta e Lima (2012), entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Espanhol/língua estrangeira; Formação docente; Estágio supervisionado; Teoria e prática; Aluno-professor.

Colonialidade e Imaginário Cultural Coletivo no Brasil: o ensino das humanas na Educação Básica antes e depois dos acordos MEC-USAID

Clemilton Pereira dos Santos ( PG-UPM) RESUMO: Enquanto recorte do projeto de doutoramento em Letras, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, o qual visa refletir acerca da identidade cultural latina veiculada em material didático de língua portuguesa em período anterior e posterior aos acordos MEC/USAID assinados de 1965 a 1968, este trabalho objetiva-se apresentar, por intermédio de levantamento da história do ensino de língua portuguesa, no Brasil, dentre os anos de 1920 a 1970, as estratégias de “colonialidade do ser e do saber” norteamericana implícitos em reformas e deliberações educacionais, verificando como tais ações contribuíram para construção do imaginário cultural coletivo. Propomos defender, mediante este estudo, a ideia de que a passagem de nossa origem latinoeuropeia para latino-americana, tendo em vista os processos de colonialismo, colonialidade/ modernidade determina nossa identidade cultural a qual se configura, atualmente, mais americana que latina em relação aos costumes e ao conhecimento acerca das raízes culturais tão imprescindíveis à nossa formação humanitária e cidadã em tempos de identidade partilhada. A partir deste levantamento é possível apontar o quanto se reproduz e se representa discursivamente nossa dependência e nossa negatividade em relação ao ato de pertencer aos países latino-americanos, ex-colônias europeia e quais consequências tais atitudes podem causar a nossa formação identitária. Para desenvolvimento de tal estudo, utilizamos de pressupostos teóricos relacionados aos estudos culturais, à história e ensino da língua latina e língua portuguesa adotando enquanto referenciais Coutinho (1958), Faria (1941), DaMatta(1986), Romanelli (1986), Giddens(1991), Burke (1995), Canclini (1999), Basseto( 2001), Hall (2005), Mignolo ( 2005), Bauman (2008) dentre outros. PALAVRAS-CHAVE: História da língua portuguesa; colonialismo e pós-colonialismo; identidade cultural latina.

A institucionalização da literatura na universidade

Fausto José da Fonseca Zamboni (UNIOESTE/Cascavel) RESUMO: A produção literária foi marcada por um fenômeno sociológico que teve consequências da mais alta importância para delinear o perfil do intelectual que pesquisa e ensina no ensino superior. Entre as décadas de 1930 e 1950, a literatura brasileira era, efetivamente, uma força viva. Escritores como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Mário Quintana, Vinícius de Moraes, José Lins do Rego, Murilo Mendes, Cecília Meireles, Marques Rebelo e tantos outros tinham visibilidade e autoridade junto ao público. A partir da segunda metade do século XX, dois fenômenos mudaram a vida das letras no Brasil: a expansão do ensino universitário e o empobrecimento na criação e na crítica literária. Entrou em declínio o tipo de escritor que escrevia para o grande público, numa prosa concisa e elegante, fazendo a mediação entre os domínios especializados. Os novos intelectuais abandonaram as revistas literárias e se integraram nas universidades, o que alterou profundamente o sentido de sua atividade. Passaram a usar um jargão especializado, compreendido apenas no seu próprio círculo profissional. Não se dirigiam ao leitor comum e, consequentemente, as novas gerações formadas dentro da universidade não sentiram a necessidade de dominar uma linguagem pública, sendo incapazes de alcançar impacto no âmbito maior da cultura. Os especialistas acadêmicos substituíram os intelectuais independentes, abdicando de estudos mais abrangentes em prol de especializações e subespecializações. Diante deste cenário, cabe a pergunta: até que ponto a organização institucional condiciona os estudos literários na universidade? Quais são as consequências para o ensino da literatura? PALAVRAS-CHAVE: Universidade; estudos literários; instituição.

O ensino de literatura por meio da crônica: relações entre literatura e mídia. Renata Beloni de Arruda (Doutoranda – UEL – CAPES) Dr.º Luiz Carlos Santos Simon (UEL) RESUMO: A presente comunicação tem o objetivo de verificar a forma como os textos de crônica vêm sendo apresentados no ensino regular de Literatura na educação básica, bem como analisar aspectos referentes ao ensino de literatura no contexto atual. Além disto, tem o intuito de propor alternativas para o trabalho em sala de aula que privilegiem o gênero crônica como pertencentes ao contexto literário da contemporaneidade, tomando como exemplo o trabalho de escrita de Fabrício Carpinejar, gaúcho com relevante produção literária na atualidade, e os modos virtuais de divulgação dos textos do escritor. Desta forma, pretendemos analisar as relações estabelecidas entre o ensino de Literatura na escola, a crônica produzida pelo artista contemporâneo e publicada em blogs e redes sociais e como este ambiente tecnológico pode ser utilizado como ferramenta para a formação dos novos leitores. Para tanto, utilizaremos como referenciais teóricos estudos que abordam a crônica e sua consolidação na literatura nacional, como Simon (2011), Arrigucci Jr (1987) e Cândido, além de pesquisadores que vêm se debruçando sobre questões inerentes ao ensino de literatura como Cosson (2006), Perrone-Moisés (2000) e Moriconi (2011), e estudiosos que analisam as relações das novas tecnologias com a literatura e o ensino como Bulhões (2012) e Santaella (2004). PALAVRAS-CHAVE: Crônica; Ensino de Literatura; Carpinejar; Mídias.

Ambientes virtuais de aprendizagem e o ensino de literatura na educação a distância: algumas reflexões

Simone de Souza Burguês (UEM) RESUMO: A (pós) modernidade e o surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação desencadearam novas formas de pensar e agir, o que refletiu diretamente na maneira como as pessoas se relacionam e produzem conhecimento. Consequentemente, a maneira como a literatura é produzida, bem como as formas pelas quais os leitores com ela se relacionam foram modificadas. Pierre Lévy (1999) postula que essa era tecnológica tem como principal personagem o computador. Para o autor, com o advento do ciberespaço (espaço virtual), "o computador não é mais um centro, e sim um nó, um terminal, um componente da rede universal e calculante". Com isso, o ciberespaço oferece uma gama de produções e ferramentas para o ensino de literatura, especialmente para o contexto da educação a distância (EaD). Nessa modalidade de ensino, é preciso que os envolvidos no processo tenham uma concepção mais abrangente do que é literatura e seu respectivo estudo. De acordo com a proposta da EaD, o ensino de literatura deve contemplar as mais variadas formas nas quais ela é produzida e veiculada. Isto implica usar e explorar os novos recursos de comunicação. Nesse sentido, este trabalho pretende estudar uma dessas ferramentas, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) que são desenvolvidos especialmente com fins pedagógicos para uma nova modalidade de ensino: a educação a distância. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de literatura; Educação a distância; Ambientes virtuais de aprendizagem; Ciberespaço.

A Leitura da Literatura no Ensino Fundamental II – Uma Proposição

Viviane Bordin-Luiz (PG UNIOESTE) Dr. Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE) RESUMO: Buscamos neste resumo apresentar uma proposta de trabalho com o texto literário, especificamente com o gênero conto, no ensino fundamental II, no contexto da sala de apoio à aprendizagem da rede estadual de ensino. A partir de nosso conhecimento empírico e da leitura das orientações metodológicas da Secretaria de Estado da Educação do Paraná sobre este espaço escolar e também das instruções dadas no material didático para essa modalidade de ensino, percebemos que a leitura do texto literário, conteúdo contemplado nas diretrizes curriculares (2008), não aparece e nem é mencionada nesses documentos. A partir deste quadro, pretendemos verificar a viabilidade de implantação de um projeto de leitura, que possa contribuir para o nível de letramento dos educandos, em uma perspectiva educativa e humanizadora. Para alcançar este objetivo, a perspectiva metodológica que se adotará é a do teórico espanhol Fillola (1994), em um viés comparatista e da pesquisa-ação, que é aquela em que o pesquisador se coloca no contexto da própria pesquisa, conforme Tripp (2005). O trabalho com os alunos será feito em forma de oficina de leitura, com atividades lúdicas e diversas cuja finalidade será a de motivar, incentivar e praticar a leitura literária por gosto e fruição, na expectativa de, futuramente - com o seguimento de tal prática – formar um leitor fluente. Esta proposição faz parte de uma pesquisa em andamento no Mestrado Profissional em Letras, da Unioeste. PALAVRAS-CHAVE: Leitura; Leitura Literária, Literatura, Ensino Fundamental II.

SIMPÓSIO - O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DE LEITURA, DE (RE)ESCRITA E DE ANÁLISE LINGUÍSTICA OBSERVATÓRIO-FINEP Coordenadores: Dra. Terezinha da Conceição da Costa-Hübes (UNIOESTE) Me. Douglas Corrêa da Rosa (UNIOESTE) RESUMO GERAL: As discussões sobre o ensino de língua, no âmbito acadêmico, fazem surgir algumas reflexões acerca das práticas de ensino de Língua Portuguesa na escola, principalmente no que se refere à relação do que se ensina com o que se utiliza no meio social. É consenso hoje que os alunos devem ler e produzir gêneros discursivos variados (orais ou escritos) na escola. Assim, o ensino da leitura, da (re)escrita e da análise linguística, eixos de ensino de Língua Portuguesa, exige que pensemos o papel determinante que essas habilidades exercem sobre certos acessos ao mundo tecnologizado no qual vivemos. O domínio de tais habilidades permite que o sujeito tenha acesso a um vasto conjunto de conhecimentos e capacidades que lhe garantirão participação plena no mundo social, além do exercício de sua cidadania de forma consciente e ativa. Levando em conta esses aspectos, este simpósio se sustenta nos pressupostos da Linguística Aplicada e da Concepção Dialógica e Interacionista de Linguagem. Diante disso, o escopo é criar um espaço que promova reflexões em torno do ensino de Língua Portuguesa, aberto a professores e pesquisadores interessados em discussões acerca do ensino e da aprendizagem da leitura, da (re)escrita e da análise linguística, considerando que são processos decisivos para o cidadão e que, à escola, a mais importante agência de letramento, cabe o papel fundamental de dotar o aluno de estratégias que o tornarão capaz de ler e produzir gêneros complexos. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Língua Portuguesa; Linguística Aplicada; Concepção Dialógica e Interacionista de Linguagem.

O panorama heterogêneo das pesquisas em análise linguística no Brasil

Adriana Delmira Mendes Polato (PG- UEM) RESUMO: Neste trabalho, apresentamos resultados parciais quantitativos e qualitativos de revisão sistemática abrangente, para discutir o desenvolvimento das pesquisas em análise linguística (AL) no Brasil. Frente à natureza teórico-metodológica heterogênea a partir da qual tem se empreendido a discussão do objeto, que engloba desde a análise de aspectos gramaticais, linguístico-discursivos e enunciativos na construção dos sentidos nos textos/discursos (atividades linguística, epilinguística e metalinguística), seja em ligação ao processo de leitura, de produção textual escrita ou como perspectiva de ensino gramatical, os dados demonstram os quantitativos dos caminhos teóricos e metodológicos adotados, bem como das associações mais comuns dessa natureza, do que depreendemos novas possibilidades para futuras pesquisas. O corpus de revisão é composto por 138 trabalhos, incluindo artigos publicados em periódicos A e B, dissertações, teses, livros e capítulos de livros, a partir do desenvolvimento histórico linear das pesquisas, desde 1984, quando do surgimento do termo com Geraldi, até 2015. Assim, também sinalizamos para dados pertinentes desse quadro de desenvolvimento histórico linear, apontando para os movimentos dessa pesquisa científica no cenário nacional. PALAVRAS-CHAVE: Análise linguística; Revisão sistemática abrangente; Panorama heterogêneo das pesquisas.

Pesquisa colaborativa-crítica com professores dos anos iniciais: implicações no trabalho com a produção, diagnóstico e reescrita textual GRASSI, Dayse Bernardon (PG – UNIOESTE/UTFPR) RESUMO: No presente trabalho apresentamos, resumidamente, parte dos resultados de uma pesquisa de doutorado, envolvendo a temática formação continuada. Esta pesquisa objetiva verificar, junto aos professores da Educação Básica - anos iniciais, participantes de momentos de um processo de formação em Língua Portuguesa em um dos municípios do Oeste do Paraná, se a formação continuada ofertada com carga horária de 40 horas contribuiu significativamente para o trabalho pedagógico no que se refere à produção, diagnóstico e reescrita de textos produzidos por seus alunos. Esse propósito investigativo sustenta-se, dentre outras, na seguinte indagação: os conteúdos abordados durante as ações de formação continuada referente à condução da prática de produção, diagnóstico e reescrita textual contribuíram para o trabalho pedagógico do professor? Esta pesquisa se insere no Programa Observatório da Educação –CAPES/INEP – em que atuamos como pesquisadora voluntária dentro do Projeto Institucional, intitulado Formação Continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná. Todavia, nesse momento, para a análise, fizemos um recorte dos dados gerados, focalizando, especificamente, a pesquisa colaborativa-crítica realizada com os professores, a partir de sessões reflexivas em torno dos dados gerados, em que retomamos estudos sobre a produção, diagnóstico e reescrita textual, esclarecendo dúvidas e dificuldades que ainda permeiam as práticas pedagógicas. O processo investigativo inscreveu-se dentro da Linguística Aplicada, sustentado pela abordagem qualitativa, de base etnográfica. Como resultado, esperamos verificar se a formação ofertada foi suficiente ou se ainda há necessidade de maior aprofundamento por meio dessa prática formativa. PALAVRAS-CHAVE: Formação Continuada; Produção; diagnóstico; reescrita textual.

Professor: um sujeito capaz de gerir o processo de ensino

Eliane Maria Cabral Beck (UNIOESTE) Ediana Maria Noatto Beladelli UNIOESTE) RESUMO: Este estudo tem como objetivo discutir as mudanças ocorridas, nos últimos 10 anos, em relação ao trabalho do professor de Língua Portuguesa, em sala de aula, evidenciando os elementos emergentes sobre o processo de formação continuada que perpassa esse trabalho e desenvolve a profissionalização docente. Busca-se pensar sobre as seguintes questões: o professor, enquanto sujeito é capaz de gerir o processo de ensino a partir de sua formação? Qual o papel da formação continuada no processo de profissionalização docente? Para tanto, faz-se um estudo bibliográfico sobre as críticas apresentadas aos programas de formação continuada ofertadas aos professores no período investigado, considerando os pressupostos teóricos que a fundamentam. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada em produções da área da educação, que possam subsidiar o alcance do objetivo proposto e mobilizar reflexões sobre a temática de estudo. Nota-se que o discurso corrente é de que os professores possuem o conhecimento específico da disciplina, mas que não sabem desenvolver outros conhecimentos necessários ao exercício da docência. Conhecimentos esses relacionados ao saber pedagógico, que envolve o saber “dar aula” e a dominar os elementos didáticos e metodológicos do trabalho docente e desenvolver esses elementos no contexto cotidiano. Em reuniões, encontros, palestras direcionadas para a formação continuada dos professores perpassam vozes, dizeres, de outras formações discursivas (MEC, UNESCO, SEED, etc) com orientações da prática dos professores em sala, que supostamente podem ser aplicadas. Há um discurso pedagógico circular voltado para um sujeito centrado, racional, capaz de fazer suas escolhas de forma consciente e de gerir o processo de ensino. PALAVRAS-CHAVE: Ensino; Formação Continuada; Discurso pedagógico.

Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná o Trabalho com os Gêneros Discursivos para o Ensino de Língua Portuguesa: da teoria à prática

Estela Mari Tomazelli Silveira Menezes (PGUNIOESTE) Terezinha da Conceição Costa-Hübes (UNIOESTE)

RESUMO: O foco desse texto é apresentar resultados parciais da análise da entrevista, um dos instrumentos utilizados para a geração de dados realizada com quatro professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental de duas determinadas escolas Estaduais no Município de Cascavel, região Oeste do Paraná, em turmas de 6º ao 9º ano. Trata-se, então, de uma pesquisa de mestrado em andamento, inscrita na Linguística Aplicada, qualitativa, de cunho etnográfico e estudo de caso, uma vez que observamos aulas de língua portuguesa dos sujeitos participantes da pesquisa, a fim de verificar como esses professores trabalham com os gêneros discursivos em sala de aula. Visto que, ao delinear uma proposta para o ensino de Língua Portuguesa embasada na concepção dialógica/interacionista de linguagem diante dos estudos de Bakhtin e o Círculo as Diretrizes Curriculares Estaduais – DCE – (PARANÁ, 2008), elencaram como conteúdo de ensino os gêneros do discurso a fim de fundamentar o ensino das práticas de oralidade, de escrita e de leitura. Diante disso, pretendemos, com esta pesquisa, responder às seguintes indagações: Como o professor da disciplina de LP, na rede estadual de ensino de uma escola da cidade de Cascavel, está compreendendo os pressupostos teóricos das DCE (PARANÁ, 2008), no trabalho com os gêneros discursivos na sala de aula? E de que forma essa (in)compreensão está transparecendo nos encaminhamentos didáticos da disciplina? Como resultados, esperamos confirmar os avanços já obtidos em relação à proposta curricular ou levantar as dificuldades que ainda persistem e, se assim for, pretendemos buscar meios para amenizar tais dificuldades. PALAVRAS-CHAVE: Diretrizes Curriculares; Concepção dialógica/interacionista; Ensino da Língua Portuguesa.

O gênero notícia: leitura, produção e análise linguística na prática de estágio em Língua Portuguesa

João Carlos Rossi (UFFS) Keila Aparecida Palm (UFFS) Andréia Cristina de Souza (UFFS) RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo apresentar a prática desenvolvida no Estágio Curricular Supervisionado em Língua Portuguesa IV, no Curso de Letras Português e Espanhol – Licenciatura, da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Realeza, o qual busca oportunizar um momento de reflexão e espaço para aprofundar os conhecimentos, sendo a práxis um fator fundamental para que o estágio seja totalmente contemplado. Partindo da concepção interacionista de linguagem, nesta prática, problematizou-se o ensino de língua portuguesa, por meio do gênero textual notícia, a partir da elaboração de uma sequência didática com ênfase na análise linguística dos verbos, articulada aos eixos de leitura e de produção de textos. Durante a regência, buscou-se oportunizar o contato e a apropriação do gênero notícia e fomentar, em sala de aula, uma reflexão acerca dos sentidos dos verbos neste gênero, partindo do conhecimento prévio dos alunos sobre o tema, além da leitura e da produção de notícias como forma de contextualizar as situações reais de uso da língua. Para tanto, levou-se em consideração os documentos oficiais – os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) as Diretrizes Curriculares da Educação do Paraná (2003) – para o ensino de Língua Portuguesa, nos anos finais do ensino fundamental, os quais se encontram articulados ao que propõem Geraldi (1984) e Antunes (2003), assim como a metodologia apresentada por CostaHübes (2009), a partir da proposta de Dolz, Noverraz e Schnewly (2004). PALAVRAS-CHAVE: Ensino; Notícia; Verbos; Reflexão linguística.

A prática de Análise Linguística: Proposições teóricas e práticas Lays Maynara Favero Fenilli – (PIBIC/CNPq/Unioeste) Terezinha da Conceição Costa-Hübes (Unioeste) RESUMO: A prática de Análise Linguística (AL) no ensino da Língua Portuguesa ainda é bastante confusa, pois embora tenha sido proposta como um dos eixos norteadores da disciplina na década de 1980, ainda persistem muitas dúvidas a seu respeito. Diante disso, esta pesquisa se organizou a partir dos seguintes objetivos: a) Definir teoricamente o que significa a Prática de AL. b) Analisar propostas pedagógicas – Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e Diretrizes Curriculares estaduais (DCE) – a fim de verificar como esses documentos abordam a Prática de Análise Linguística. c) Buscar em Livros Didáticos alguns encaminhamentos circunscritos sob o rótulo de AL, relacionando-os com os pressupostos teóricos. Para dar conta da proposta, recorremos a autores como Geraldi (1984, 1997), Costa-Hübes (2010), Kuhn e Flores (2008), entre outros. Metodologicamente, inicialmente fizemos uma revisão bibliográfica sobre o tema, visitando o estado da arte desse conceito, para, posteriormente, por meio da análise qualitativa, de base interpretativista, buscar, em 2 livros didáticos de 6º e 7º anos, pertencentes a uma coleção aprovada para o PNLD de 2013, qual a ênfase dada a esse eixo de ensino. Como resultado, vimos que, em termos de AL, temos muito a avançar ainda. Se queremos formar alunos proficientes na escrita, esse objetivo só será alcançado se propiciarmos situações de ensino por meio das quais o aluno possa refletir sobre a língua em uma situação de uso. PALAVRAS-CHAVE: Análise Linguística; ensino de Língua Portuguesa; livro didático.

Concepções de leitura dos professores: Possíveis Relações com a Prova Brasil

Marcia Cristina Hoppe (UNIOESTE) RESUMO: Este artigo parte da premissa de que ler não é somente identificar palavras em textos; mais do que isso, é reconhecer que essas palavras têm determinado sentido dentro do contexto no qual se encontram. Partindo desse pressuposto, o objetivo desse artigo é refletir sobre as diferentes concepções de leitura que cerceiam o ensino e relacioná-las com compreensões de professores de 4º e 5º ano (anos iniciais). Para isso, ancoramos as reflexões em Geraldi (1997); Kleiman (2008), Leffa (1999), Menegassi e Angelo (2005), entre outros autores que focalizam a reflexão sobre leitura. O presente artigo faz parte de uma pesquisa de Mestrado já concluída, de cunho etnográfico, estudo de caso, por envolvermos diretamente (por meio de entrevista e observação) com professores de uma escola da rede municipal de ensino que apresentou resultado abaixo de 5,0 no IDEB de 2011. Todavia, para este texto em específico, traremos os resultados finais da referida pesquisa. E, por inscrever se como um subprojeto do Projeto de Pesquisa e Extensão Formação Continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná, está também vinculado ao Programa Observatório da Educação – CAPES/INEP. PALAVRAS CHAVE: leitura; concepções de leitura; ensino.

A ordem do argumentar nas provas de redação (UNIOESTE e ENEM)

Mirian Schröder (UNIOESTE) RESUMO: A utilização da língua nas esferas de atividade humana reflete, a cada enunciado, condições e finalidades específicas de cada esfera (BAKHTIN, 1992). No caso específico da esfera acadêmica, este trabalho visa analisar a solicitação de produção de quatro textos: artigo de opinião, carta do leitor, comentário interpretativo/crítico (gêneros discursivos avaliados na Prova de Redação da UNIOESTE) e texto dissertativoargumentativo (Proposta de redação do ENEM) - distintos em estilo, conteúdo e composição, entretanto, similares na tipologia argumentativa. Considerando estes textos solicitados como reveladores de diferentes práticas comunicativas construídas e reconstruídas na interação entre os sujeitos da esfera citada (KOCH; ELIAS, 2011) e tendo como corpus as produções textuais realizadas no Projeto de Extensão “Por dentro das redações (UNIOESTE e ENEM)”, tem-se como pressuposto – no momento da solicitação - o domínio da tipologia em questão, haja vista as orientações dos documentos balizadores do ensino: 1. O ensino de língua materna por meio de gêneros, considerando as condições de produção, recepção e circulação dos sentidos (BRASIL, 1998 e 2006); 2. Ênfase na língua dialógica, na adoção das práticas de linguagem como ponto central do trabalho pedagógico (PARANÁ, 2008). Frente à realidade encontrada, apresentar-se-á uma proposta de ensino da sequência argumentativa com enfoque na ordenação lógica de argumentos e/ou contra-argumentos. Esta proposta é alicerçada em Adam (2008 e 1992), Schneuwly e Dolz (2004), Koch (1987) e Val (1991). PALAVRAS-CHAVE: Gêneros; Escrita; Argumentação.

O uso de modalizadores epistêmicos e deônticos em textos instrucionais

Nataly Gurniski ROSA (PG-UEM) RESUMO: Neste trabalho, procuramos desenvolver uma reflexão sobre o comportamento da modalidade deôntica e epistêmica em textos instrucionais veiculados em blogs, buscando identificar seus traços caracterizadores, descrevendo os valores e as funções com que as modalidades deôntica e epistêmica são empregadas nos textos instrucionais. Nesta pesquisa de natureza qualitativa interpretativista, os pressupostos teóricos estão pautados nos estudos de Linguística Aplicada sobre análise linguística, realizados por pesquisadores, como Castilho (2010), Antunes (2009) e Martelotta (2012). Neste trabalho, destacamos os estudos cognitivistas e funcionalistas da linguagem, visto que norteamos nossa pesquisa às investigações reais de uso da língua e ao estudo da função de itens gramaticais em situações comunicativas. Os resultados das análises demonstram: a) advérbio de negação realçando o caráter de proibição da modalidade deôntica; b) discurso endereçado indiretamente ao interlocutor por meio de voz passiva analítica, manifestando uma proibição que é marcada pelo advérbio de negação; c) modalidade epistêmica asseverativa em primeira pessoa, manifestando um discurso que não é característico de textos instrucionais; d) clivagem enfatizando a interação locutor e interlocutor na ação; e) advérbios, adjetivos e substantivos contribuindo para a modalização das expressões verbais; f) pronome “você” contribuindo para se depreender uma proibição ou uma obrigação ao interlocutor, evidenciando assim a modalidade deôntica. PALAVRAS-CHAVE: textos instrucionais; modalidade deôntica; modalidade epistêmica; Linguística Aplicada.

Gênero discursivo hipertexto: reflexões para o ensino à luz da teoria bakhtiniana

Ana Claudia de Oliveira G. Merli (UNIOESTE/GPEFOR) Ivete Janice de Oliveira Brotto (UNIOESTE/GPEFOR) RESUMO: As pessoas que manipulam aparelhos conectados à internet geralmente deparam-se com notícias e informações em hipertextos. Este gênero do discurso está presente em ambientes digitais e se caracteriza por estabelecer conexão com outros textos por meio de links; é o leitor quem escolhe a direção que a leitura irá tomar. Cada link de um hipertexto remete a outro hipertexto e a outro link, em uma sucessão que parece infinita e que pode percorrer caminhos sem estabelecer relação direta com o hipertexto inicial. Nesse sentido, as pesquisas em torno do trabalho com hipertextos em ambientes escolares, principalmente quanto à disciplina de língua portuguesa, são bastante fecundas, abordam produção, leitura, metodologia de ensino etc. Assim, no estudo bibliográfico aqui posto, à luz da teoria bakhtiniana, objetiva-se discutir a utilização do hipertexto no ensino da leitura, e também a apresentação de algumas características deste gênero discursivo, e observação dos desafios de docentes e jovens estudantes na apropriação de conhecimento mediado pelo hipertexto. A teoria desenvolvida por Bakhtin e seu Círculo, apesar de não ter como foco o ensino de língua materna, e, sequer tangenciar a produção e leitura de textos veiculados pelas tecnologias digitais, permite uma compreensão da problemática do hipertexto como um gênero do discurso que emana das atividades humanas desenvolvidas em ambientes digitais. Além de Bakhtin/Volochinov (2006) recorreu-se a Marcuschi (2009), Xavier (2002), Vigotski (2010), dentre outros autores, a fim fundamentar as reflexões sobre o uso do hipertexto no ensino de língua portuguesa. PALAVRAS-CHAVE: linguagem; gêneros discursivos; hipertexto; formação de professores.

Textos produzidos por alunos do 4° ano do ensino fundamental: diagnóstico linguísticodiscursivo

Maria do Carmo Cabreira (PG- UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho tem como objetivo realizar um diagnóstico de textos de alunos do ensino fundamental, anos iniciais, com base na compreensão do caráter dialógico da língua e na concepção sociointeracionista da linguagem. Para realização desse diagnóstico adotamos como instrumento avaliativo a tabela de critérios de análise linguístico-discursiva do 4° e 5° anos do ensino fundamental do Currículo básico para a escola pública municipal: educação infantil e ensino fundamental - anos iniciais (AMOP, 2014). Com base nesse instrumento analisamos textos escritos por alunos do 4° ano do Ensino Fundamental, em uma escola da rede municipal de ensino da região Oeste do Paraná. O objetivo da análise foi identificar as dificuldades dos alunos, reveladas por meio dessa produção, em relação ao gênero/situação social de produção, aspectos da textualidade (clareza e coerência do texto) e aspectos ortográficos, para propor possíveis intervenções. Nos textos avaliados observamos que a proposta de produção esteve atrelada a uma prática escolar de escrita, reconto de uma fábula, gênero usado para leitura na esfera escolar. Os interlocutores também são sujeitos do contexto da escola. Portanto, a produção proposta ficou reestrita a cultura escolar, distanciando de uma produção como prática social, não engendrando as questões do letramento. Sendo assim, podemos dizer que se trata de uma atividade de escrita, que permite ao professor diagnosticar quais os conteúdos da língua escrita estão consolidados para os alunos e quais precisam ser retomados. PALAVRA-CHAVE: diagnóstico linguístico-discursivo; produção textual; análise linguística; reescrita de texto.

As interconexões entre os documentos oficiais e as avaliações oficiais em leitura: o SAEP e o SAEB

Pricilla Záttera (PG- UNIOESTE) Carmen Teresinha Baumgärtner (UNIOESTE) RESUMO: As discussões que permeiam a educação, principalmente no que diz respeito à sua qualidade, têm contribuído de forma significativa para que a avaliação assuma uma posição central nas políticas educacionais. Dessa forma, essas discussões motivam o desenvolvimento e a aplicação de avaliações oficiais que possibilitam o acompanhamento da qualidade da educação por meio da análise dos resultados obtidos. Nesse sentido, dentre os sistemas existentes no Brasil, destacamos dois: o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), que formula a Prova Brasil (aplicada a alunos de 5º e 9º anos), e o Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná (SAEP), que formula a Prova do SAEP (aplicada a alunos do 6º e 1º anos, e 9º e 3º anos). Diante disso, este trabalho tem como escopo analisar as matrizes de referências dessas avaliações, buscando estabelecer relações como os documentos oficiais de ensino, partindo da seguinte indagação: qual(is) é(são) o(os) métodos de avaliação que o SAEB e o SAEP utilizam para avaliar a leitura e como esse(s) métodos dialogam entre si e com os documentos oficiais que regem o ensino de Língua Portuguesa? Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter interpretativo, inserida no campo da Linguística Aplicada e da concepção interacionista de linguagem. A partir dos dados poderemos refletir criticamente sobre as avaliações nacionais e o ensino de leitura. PALAVRAS-CHAVE: SAEP; SAEB; Avaliação em Língua Portuguesa.

A formação inicial do professor de Língua Portuguesa: subsídios para o trabalho com os gêneros discursivos dentro da concepção interacionista de linguagem?

Tatiana Fasolo Bilhar de Souza (UNIOESTE) Dra. Terezinha da Conceição Costa-Hübes (UNIOESTE) RESUMO: O ensino de Língua Portuguesa (LP), conforme os PCN (BRASIL, 1998) e as DCE (PARANÁ, 2008), deve ser pautado por uma concepção interacionista de linguagem. Nesse contexto, o que se espera do professor é que trabalhe com seus alunos atividades de leitura, (re)escrita e análise linguística dos mais variados gêneros do discurso, em uma perspectiva dialógica. No entanto, para que esse ensino se efetive é necessário que os futuros professores de Língua Portuguesa recebam uma formação coerente com tais propósitos. Há inúmeras discussões sobre as dificuldades que os professores apresentam para seguir o que preconizam os documentos pedagógicos oficiais. Tratar deste assunto requer, então, que se volte o olhar do pesquisador para a formação inicial dos professores de Letras. Assim, essa pesquisa, que ainda está em andamento, busca avaliar se o curso de Letras da UNIOESTE – campus Cascavel possibilita aos seus egressos uma formação inicial capaz de subsidiar uma prática pedagógica coerente com o que orientam os documentos pedagógicos vigentes no país e no Estado. Para tal, a pesquisa se compõe de análise do PPP do curso e dos Planos de Ensino de disciplinas da área de LP, buscando identificar a concepção de linguagem subjacente, e de uma entrevista com acadêmicos do último ano cujo intuito é verificar que compreensão de gêneros discursivos lhes foi possibilitada desde o início da graduação. PALAVRAS-CHAVE: Ensino Língua Portuguesa; Concepção Interacionista; Gêneros Discursivos.

Relato de experiência: reflexões acerca da formação docente

Simone Pinheiro Achre (UFFS) RESUMO O presente artigo é resultado do Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa desenvolvido para o Curso de Letras (Português/Espanhol- Licenciatura), desenvolvido no primeiro semestre do ano de 2015, onde teve como objetivo proporcionar, a futura professora, uma reflexão acerca da teoria e prática pedagógica no ensino de língua materna e literatura. A partir da sugestão do conteúdo, feita pela professora regente da turma de um sexto ano do ensino fundamental, e sob a orientação do orientador do estágio, foi produzida uma proposta em forma de sequência didática englobando o gênero Conto e a análise linguística. Ainda, buscou-se promover o gosto pela leitura e a formação de leitores, competentes e críticos, de textos literários. Depois de aplicado, a professora em formação inicial, produziu um relatório analítico-reflexivo e o que culminou, posteriormente, no presente artigo. Este tem como intuito compartilhar a experiência oriunda da prática docente e promover o um debate acerca das possibilidades metodológicas para o ensino de língua portuguesa e de literatura nas escolas do ensino fundamental. Afinal, compreende-se que o estágio é uma etapa essencial para a formação do professor, uma vez que possibilita vivenciar situações reais em sala de aula e proporciona uma reflexão acerca da teoria versus prática. PALAVRAS-CHAVE: Formação; Relato; Sequência Didática; Língua Portuguesa.

Análise linguística como estratégia de ensino de leitura e escrita com o gênero diário

Simone Silvia Bedin Coelho (PROFLETRAS/UNIOESTE) RESUMO: Esta análise consiste em verificar problemas que envolvem a escrita, seguindo as orientações de Dolz (2010) e Morais (2010) ao abordar o ensino e os obstáculos da escrita por meio da análise linguística, relacionados à composição do gênero discursivo, por isso observamos: situação de produção do texto; aspectos textuais relacionados à coesão, à coerência e à linguística textual e aos aspectos formais do texto. Ao trabalhar com a análise linguística, tratamos de questões relacionadas ao estilo, ou seja, à relação existente entre os interlocutores no processo de interação; a língua como ação entre seus usuários. Para esta análise, os critérios linguístico-discursivos foram distribuídos em uma tabela diagnóstica elaborada por Costa-Hübes (2012), e adaptada por nós, a fim de atender às especificidades da turma e dos alunos com os quais trabalhamos. Os textos em análise são resultados de uma atividade de produção escrita com o gênero diário, que foi realizada depois de trabalhar com diversas atividades de leitura e análise deste gênero com alunos de uma turma de 6º ano, de um Colégio Estadual da cidade de Toledo. Nosso objetivo foi diagnosticar, a partir de um levantamento completo e pertinente, quais são as maiores dificuldades relacionadas à escrita mais recorrentes e a partir de então elaborar uma atividade prática de análise linguística para sanar tais dificuldades. Junto da análise, apresentamos um panorama geral dos problemas encontrados, de acordo com os critérios de avaliação seguindo a tabela diagnóstica. PALAVRAS-CHAVE: análise linguística; gênero diário; produção escrita.

“Dialogismo” e “Atitude Responsiva Ativa”: contribuições para o processo de ensino e aprendizagem

Cristiane Mara Rajewski (UNIOESTE/GPEFOR) Ivete Janice de Oliveira Brotto (UNIOESTE/GPEFOR) RESUMO: Os domínios de determinados elementos da linguagem, comumente vistos como específicos da disciplina de língua portuguesa, percorrem todas as disciplinas escolares, pois são fundamentais para a apropriação dos conhecimentos científicos, frequentemente centrados na escrita e na leitura. Nesse sentido, os estudos da teoria de Bakhtin e seu Círculo no que se refere à concepção de linguagem contribuem para a discussão de aspectos ligados à educação, sobretudo, porque esta tem caráter dialógico e abordam as dimensões sócio-culturais, históricas, linguísticas e políticas, enriquecendo a atuação docente. Diante do exposto, este estudo bibliográfico problematiza: Que contribuições as categorias “dialogismo” e “atitude responsiva ativa” da teoria bakhtiniana podem trazer para o processo de ensino e aprendizagem? Este trabalho, portanto, propõe-se em apresentar o que são as categorias de dialogismo e atitude responsiva ativa; e destacar as possíveis contribuições destas para o processo de ensino e aprendizagem; recorrendo-se, principalmente, aos referencias teóricos de Bakhtin/Volochinov (2006) e Vygotsky (2009, 2010). Parte-se do pressuposto de que a linguagem é base do desenvolvimento humano, que esta marca as relações humanas histórica e socialmente, logo a apropriação da linguagem em suas diferentes manifestações, escrita, simbolizada, gestualizada e desenhada, ensinada intencionalmente, melhor situará a atuação dos sujeitos na sociedade. PALAVRAS-CHAVE: linguagem; dialogismo; ensino; aprendizagem; formação de professores

Articulações entre reescrita textual e análise linguística na sala de aula

Sueli Gedoz (UNIOESTE, SEED/PR) RESUMO: Este artigo objetiva mostrar um estudo sobre a prática de reescrita textual articulada ao trabalho com a análise linguística na sala de aula. Trata-se de uma investigação inscrita na Linguística Aplicada, de cunho etnográfico, amparada na pesquisa-ação e na abordagem qualitativa e interpretativista de pesquisa. A temática abordada relaciona-se aos encaminhamentos de reescrita textual perpassados pela análise linguística, sendo esta entendida num enfoque que vai além do trabalho com a gramática normativa na sala de aula, pontuada como uma prática que pode contribuir para o processo de produção e reescrita de textos. O recorte investigativo toma o texto, organizado num gênero discursivo, como ponto de partida e elemento norteador do ensino da Língua Portuguesa, focalizando os elementos linguístico-discursivos que podem ser explorados em atividades de análise linguística com vistas à reescrita textual. A linha teórica utilizada ampara-se em fontes que conferem às práticas de análise linguística, produção e reescrita textual um viés dialógico no trabalho com a linguagem. Os resultados verificados indicam a importância da associação entre todas as práticas discursivas que organizam o ensino e mostram a necessidade de entender a reescrita textual como uma atividade de análise linguística. PALAVRAS-CHAVE: análise linguística; produção textual; reescrita.

Um estudo sobre o cronotopo do gênero carta do leitor em diferentes suportes e mídias

Rosangela Oro BROCARDO (SEED-UNIOESTE) Terezinha da Conceição COSTA-HÜBES (UNIOESTE) RESUMO: Situada na Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2008, 2013) este artigo se inscreve em uma abordagem qualitativo-interpretativista de perspectiva sócio-histórica (ROJO, 2008). O objetivo consiste em analisar cartas do leitor publicadas em diferentes suportes da revista Veja (impresso e online), tendo em vista a influência de seu cronotopo na constituição e no funcionamento desses enunciados. A investigação se fundamenta, principalmente, nas noções bakhtinianas de gênero, cronotopo, responsividade e autoria, as quais são atravessadas pela concepção dialógica da linguagem (BAKHTIN, 2003[1979], 2010[1929], 2012[1929]). O aporte teórico construído para esta análise está pautado, ainda, em Bonini (2011), sobre as noções distintas de suporte e mídia. Sob essa perspectiva, delimitamos como corpus 08 cartas do leitor publicadas na revista Veja, as quais assumem atitude responsiva referente a artigo de Lya Luft. Considerando esta situação específica de interação social, buscamos focalizar a influência do cronotopo no funcionamento desse gênero em diferentes suportes e mídias. No decorrer de nossa análise, verificamos que a carta do leitor se estabiliza de maneiras diferentes num e noutro suporte e mídia. Acerca da relação entre o gênero-suporte-mídia, constatamos que o suporte, como elemento da mídia, não é o componente que mais diretamente se relaciona ao gênero. No processo de interação em que se situam as cartas do leitor em estudo, observamos que é a mídia que exerce maiores determinações na constituição e no funcionamento desse gênero, e não o suporte. Além de contribuir com o estudo das regularidades deste gênero da esfera jornalística, a pesquisa poderá se constituir em um material para auxiliar o ensino da linguagem no âmbito escolar. PALAVRAS-CHAVE: gêneros do discurso; carta do leitor; cronotopo; mídia; suporte.

Concepção de leitura na formação continuada: implicações no Processo de organização da prática pedagógica

Lauciane Piovesan Zago (Unioeste) RESUMO: Ao entendermos que a educação é uma prática de intervenção na realidade social, mas que, por si só, não é suficiente para realizar modificações organizacionais na sociedade, devemos apreendê-la como um fenômeno multidimensional, composto por um conjunto complexo de perspectivas e enfoques. É imbricado à política educacional brasileira que visa, prioritariamente, à melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que a prática docente, em seu cotidiano, procura garantir, em essência, dois ofícios do magistério: cumprir com sua função de ensinar a todos, e com qualidade, o conhecimento científico elaborado e acumulado pela humanidade, e garantir que seus educandos melhorem seu desempenho e de sua escola, por consequência, nas avaliações de larga escala. Esta pesquisa, vinculada ao Observatório da Educação (UNIOESTE/ INEP/CNPq), compreende que a oferta de formação contínua aos docentes pode se materializar num instrumento valioso e eficaz na melhoria da qualidade do ensino no país. Essa investigação, realizada em um município do oeste paranaense, teve por objetivo compreender como a formação continuada interfere nas ações pedagógicas de leitura de professores de 5º ano do Ensino Fundamental I. A partir dos dados gerados, foi possível, por vezes, evidenciar no discurso dos professores marcas de uma concepção interacionista de leitura/linguagem, contudo, atestamos que o trabalho em LP ainda é fortemente marcado por uma visão estruturalista da língua. Esta pesquisa foi subsidiada pelas teorias sobre leitura e a partir dos princípios teóricos da Linguística da Enunciação, da Linguística Aplicada e da perspectiva sócio-histórica de ensino-aprendizagem. PALAVRAS-CHAVE: Formação continuada; concepções de linguagem; concepções de leitura.

Estilo do texto dramático escrito: contribuições para o ensino de língua materna Larissa Minuesa Pontes Marega (Universidade de São Paulo – USP) RESUMO: Este trabalho constitui-se recorte de uma pesquisa-ação calcada na vertente didática do ensino de gêneros (DOLZ, NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004) e na proposta modular para produção de leitura e escrita de gêneros discursivos (LOPESROSSI, 2002, 2006, 2011, 2012), que busca desenvolver uma sequência didática em torno da produção escrita do gênero texto dramático, na aula de língua materna. O recorte selecionado para esta comunicação visa a apresentar atividades voltadas ao estilo do texto dramático escrito – rubricas cênicas, de interpretação e de movimento, emprego das reticências, do ponto de exclamação, do ponto de interrogação e da vírgula e alongamentos de vogais –, aplicadas a alunos do 8º ano ensino fundamental, de uma escola pública de Maringá-PR. A discussão em torno desses elementos textuais priorizou a comparação entre o texto escrito e o texto oralizado/representado, isto é, o importante papel que eles cumprem no texto escrito, ao projetarem a possibilidade da interpretação no palco. Os resultados evidenciam que os alunos participantes desta pesquisa apreenderam o estilo do texto dramático escrito e verificaram que os elementos observados nas atividades relacionam-se à entonação e, principalmente, à intenção de cada personagem. Desse modo, para além do que signifiquem tais sinais na gramática normativa, consideramos que o gênero texto dramático escrito toma a pontuação como um dos aspectos que determinam seu estilo, para construir os sentidos e as maneiras de ler/falar/interpretar. PALAVRAS-CHAVE: gêneros discursivos; texto dramático; ensino de língua portuguesa; estilo.

Atividades de leitura e de análise linguística na produção de material didático

Terezinha da Conceição Costa-Hübes (Unioeste) RESUMO: Consideramos a importância da produção de material didático para o ensino de língua portuguesa, dentro de um processo de estudo que envolva o professor em formação inicial ou continuada. Partindo desse princípio, nosso objetivo é apresentar um processo de estudos e reflexões sobre o ensino da leitura e da análise linguística, que envolveu professores da educação básica e alunos da graduação e pós-graduação em Letras, de modo que resultasse na produção e publicação de um Caderno Pedagógico direcionado mais especificamente para professores do 5º ano – anos iniciais do ensino fundamental. Os estudos e produções sustentaram-se na concepção dialógica (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2004[1979]; BAKHTIN 2003[1979]) e interacionista (GERALDI, 1984, 1991) de linguagem, considerando a leitura em uma perspectiva interacional e discursiva (KOCH e ELIAS, 2007; MENEGASSI, 2010; ROJO, 2002) e a prática de Análise Linguística também sob um viés discursivo. Além disso, circunscreveram-se na Linguística Aplicada, uma vez que consideramos as práticas de leitura e de análise linguística em ambientes reais de ensino e de aprendizagem. As atividades elaboradas seguiram o princípio do método sociológico para estudo da língua, conforme proposto por Bakhtin/Volochinov (2004[1929]), uma vez que ao olharmos para um texto do gênero selecionado procuramos considerar sua dimensão social (contexto sócio-histórico e ideológico de produção) e sua dimensão verbal (conteúdo temático, estilo e construção composicional). Depois de elaboradas, as atividades foram aplicadas em turmas de 5º ano e, a partir das constatações geradas com a aplicação, foram reformuladas/ajustadas de modo que pudessem melhor atender às necessidades vigentes. Esse processo de estudo e produção resultou na publicação de 700 Cadernos Pedagógicos que foram distribuídos gratuitamente entre professores dos 5ºanos, uma vez que constamos com o apoio da CAPES para custear as publicações. PALAVRAS-CHAVE: produção de material didático; processo de formação (inicial e continuada de professores); ensino de leitura e de análise linguística.

Encaminhamentos de produção textual: o texto como produto ou como processo?

Douglas Corrêa da Rosa (PG-Unioeste/Bolsista Fundação Araucária) RESUMO: O tema ensino da produção textual tem sido recorrente no campo dos estudos linguísticos brasileiro. Desde 1984, quando fora publicada a obra O texto na sala de aula (GERALDI, 1984), tem-se advogado em prol de um trabalho que considere o caráter interativo e dialógico da linguagem. Nesse ínterim, centraremos, neste trabalho, a discussão em torno dos encaminhamentos de produção textual executados pelos professores, que serão analisados à luz dos conceitos bakhtinianos - em Bakhtin/Volochinov (2004) e Bakhtin (2003), recorrendo ao conceito de enunciado/enunciação - e à luz das prescrições de documentos oficiais que orienta o trabalho com a Língua Portuguesa no oeste paranaense. Refletir sobre os encaminhamentos que antecedem à atividade de produção textual na escola é uma tentativa de compreender como os professores estão respondendo aos pressupostos teóricos que orientam o ensino de Língua Portuguesa, pois, a partir desses comandos, é possível encontrarmos indícios da compreensão que os professores têm de texto e de sua relação com os gêneros discursivos; isto é, se o texto é tomado com produto ou como processo. Esta pesquisa se insere no campo epistemológico da Linguística Aplicada, que se volta ao estudo da língua em sua ação efetiva; diante disso, desenvolveremos uma pesquisa qualitativa, do tipo interpretativista-crítica, uma vez que, a partir dos registros de dados, pretendemos não apenas interpretá-los, mas agir a partir deles, socializando conhecimentos e propondo outras ações, em direção à consolidação dos pressupostos teóricos que orientam o ensino da produção textual. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Língua Portuguesa; Produção Textual; Encaminhamentos de Produção de Texto.

A proficiência em leitura: um estudo de livros didáticos de 6º e 7° ano

Emily Stocco Tori (Unioste) Terezinha da Conceição Costa-Hübes (Unioeste) RESUMO: A Educação é um instrumento importante para o crescimento do indivíduo, fazendo com que desenvolva atitudes de respeito e responsabilidade com o meio sócio moral e cultural. Neste projeto de pesquisa o objetivo é analisar a coleção de LD Português Linguagens, dos autores William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães (2012) destinados a alunos de 6° e 7° ano, verificando o encaminhamento dado à leitura, a fim de relacionar com o nível 5 de proficiência leitora, dentre os demais níveis, definidos como norteadores da Prova Brasil para avaliar a competência mínima de leitura do aluno. As perguntas de pesquisa são: Os livros didáticos aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) estão considerando, nos encaminhamentos de leitura, os níveis de proficiência leitora definidos pelo INEP para a avaliação da Prova Brasil? Ou seja, os LD estão contribuindo para o desenvolvimento da capacidade leitora dos alunos? Desse modo, se acreditamos numa proposta de ensino que priorize a formação do cidadão crítico e reflexivo, o livro didático através das questões de análise e interpretação textuais deve contribuir para o desenvolvimento do raciocínio, da reflexão, e não apenas da identificação e transcrição. Para isso, realizaremos uma pesquisa qualitativa, uma vez que focalizaremos nossos estudos em dois objetos: os níveis de proficiência leitora definidos para a Prova Brasil e, a partir deles, uma coleção de LD indicada no Guia do LD 2014 do PNLD. Os resultados mostraram que que a maioria das questões analisadas apresentam problemas, pois não provoca uma reflexão sobre o texto, não produz um raciocínio e sim uma cópia de fragmentos do texto lido. PALAVRAS-CHAVE: proficiência em leitura; livro didático; Prova Brasil.

Os processos de correção e reescrita textual observados nas práticas de ensino

Rosemary de Oliveira Schoffen Turkiewicz (UNIOESTE) RESUMO: A reescrita textual compreende uma das etapas do processo de produção de textos, contudo, muitas vezes, é negligenciada ou pouco compreendida no trabalho em sala de aula. No intuito de analisar a participação do professor no processo de produção e reescrita de textos em situação de ensino, a partir da Concepção Dialógica e Interacionista de Linguagem, este artigo faz uma reflexão sobre a correção de textos produzidos por alunos da educação básica, aos quais tivemos acesso durante observação participante em 10 aulas de Língua Portuguesa, ministradas no 9° ano do ensino fundamental. Destacamos que esta observação ocorreu após a participação do professor em uma formação continuada, a qual insere-se na pesquisa em andamento: Encaminhamentos para a produção e a reescrita textual na educação básica: em foco, a ação e a mediação docente. Por constituir pesquisa colaborativa, pretende auxiliar a prática docente, de modo a torná-la mais consistente e consoante com os pressupostos que regem o ensino de Língua Portuguesa. Assumimos essa perspectiva metodológica por acreditarmos que a produção do conhecimento não se dá apenas nas universidades, mas também por aqueles que vivenciam a experiência escolar no dia a dia. Nossos estudos estão ancorados nos pressupostos teóricos do Círculo de Bakhtin, na proposta de Geraldi (2006[1984]), Magalhães (2004), Costa-Hübes (2012), Menegassi (2010,2012), Ruiz (2010), entre outros. PALAVRAS CHAVE: Formação de professores; Pesquisa colaborativa; Produção textual; Correção; Reescrita textual.

SIMPÓSIO - POR QUE VAMOS FALAR DO TEATRO (LUGAR DE) E NÃO SOBRE (A CERCA DE) O TEATRO NA SALA DE AULA? SALA: 2 FINEP Coordenadores: Dr. José Carlos da Costa (UNIOESTE) Ms. Cleiser Schenatto Langaro (PG – UNIOESTE) Ms. Patricia Barth Radaelli (PG- UNIOESTE/FAG)

RESUMO GERAL: De antemão, poderíamos descartar a pergunta do título deste simpósio ao entendermos que o teatro, assim como outras formas de linguagens artísticas, deveria ocupar o espaço da sala de aula como lugar de conhecimento e do desejo de conhecer e, portanto, não deveria exigir justificativas. Quando falamos em formação leitora, estaríamos pensando no texto literário como única possibilidade de contato do aluno e do professor com a leitura? Em que proporção aparece a leitura de outras formas de linguagens artísticas como formas de ampliação de repertório de leitura? O texto de teatro, a narrativa fílmica, imagens icnográficas, a pintura, a fotografia, a ilustração de obras literárias, o roteiro, aparecem ao lado do texto literário como gêneros textuais - objetos de cultura - a provocar no leitor inquietações, desejos de conhecer de experimentar, de criar, de falar com o outro sobre o que leu, conheceu, criou. Mesmo com todo o apelo contemporâneo à investigação colaborativa, à interação, ao diálogo, à interatividade, às redes trans e inter sociais, à inter e multidisciplinaridade, à diluição de fronteiras entre os campos de saber, permanece na escola uma cultura introspectiva de estudo, reflexão e individualização. Assim, este simpósio tem como proposta reunir pesquisadores interessados em expor experiências ou estudos sobre o teatro e suas possibilidades no espaço escolar e em outros espaços não formais. Também interessam discussões sobre a dramaturgia nacional e internacional, considerando-se a vasta produção de textos que podem entrar em diálogo com outros projetos de formação leitora, incluindo, ainda, outras linguagens artísticas. PALAVRAS CHAVE: Teatro; Multidisciplinaridade; Interatividade; Linguagens Artísticas.

Dias Gomes: da produção ficcional ao ensaio crítico e memorialístico

Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE) RESUMO: Esta comunicação tem como foco apresentar parte de estudos desenvolvidos no projeto de pesquisa denominado “Estudo da Produção Dramaturgica e Ensaística de Dias Gomes pós 1954: representações, linguagem e sentidos”, cuja proposta é estudar a produção dramatúrgica e ensaística de Dias Gomes, pós 1954, ampliando o corpus de estudos realizado em projeto de pesquisa anterior, observando em que medida os textos dramatúrgicos de caráter cômico e farcesco, por meio dos elementos estruturantes, personagens e a linguagem do cômico, da sátira, da farsa e do realismo absurdo reelaboram esteticamente motivos nacionais e situam a produção artística e intelectual de Dias Gomes no cenário da cultura brasileira contemporânea. O projeto visa, ainda, refletir sobre o ponto de encontro entre a atividade de ficcionista e a de crítico na produção de Dias Gomes, pós 1954, considerando o potencial poético e histórico da produção do autor, como mais uma fonte de leitura e de pesquisa disponível aos alunos e aos docentes que desejam investir em práticas inter e multidisciplinares na sala de aula. A produção artística e intelectual do escritor destaca-se por significativo valor estético, histórico e memorialístico na contemporaneidade, sobretudo pela elaboração da linguagem e sentidos alcançados em seus textos, dado ao tratamento dispensado a temas e motivos relacionados à cultura do país, articulados a uma vivência política, que envolve o período da ditadura militar no Brasil e a censura ao teatro e as artes de modo geral. PALAVRAS-CHAVE: Dias Gomes; dramaturgia; ensaísmo crítico; memórias.

A dramaturgia paranaense, singularidades históricas

Paola Juliana Florencio (UNIOESTE) Cleiser Schenatto Langaro (ORIENTADORA – UNIOESTE) RESUMO: Esta comunicação apresenta dados históricos acerca do teatro paranaense, seus dramaturgos e obras. Iniciado na vila de Paranaguá, nos primeiros anos do século XIX, conforme Santos Filho (1979), os espetáculos eram realizados ao ar livre, nas ruas e praças. O primeiro teatro oficial, o São Theodoro, foi inaugurado em Curitiba, em 1884. Este estudo, ainda em fase inicial, tem como objetivo compreender o processo de formação e consolidação da dramaturgia paranaense, ressaltar a realização de alguns dos mais importantes festivais de teatro do país, dentre eles o Festival de Teatro de Curitiba, Festival de Teatro de Maringá e FILO – Festival Internacional de Londrina, além de destacar dramaturgos pouco conhecidos nacionalmente, embora premiados internacionalmente, como é o caso de Denise Stoklos, da cidade de Irati - PR, a qual realiza o Teatro Essencial. O mesmo valoriza o máximo da teatralidade tendo o mínimo possível de efeitos, daí o nome essencial, porque ele possui apenas elementos que qualquer um tem, ou seja, expressões corporais, emocionais e mentais. Conhecer e analisar aspectos históricos sobre o teatro paranaense e a obra dessa dramaturga é uma das possibilidades para ampliar leituras e o contato com textos dramáticos, além de valorizar o cenário artístico e cultural do estado. PALAVRAS-CHAVE: Dramaturgia Paranaense; Denise Stoklos; Texto dramático; Formação do Leitor.

A Causa Secreta e o recurso da Ironia

Stefany Silva do Nascimento (UNIOESTE) Dra. Josiele Kaminski Corso Ozelame (UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho consiste em realizar uma análise literária do conto A Causa Secreta (1885), de Machado de Assis, a partir de estudos acerca do recurso estilístico da ironia na literatura. Partindo-se dos conceitos de ironia estabelecidos por Mueck (1995), Hutcheon (1994) e Kierkegaard (1991), pretende-se estabelecer reflexões sobre o conto machadiano e tais teorias que circundam tal recurso estilístico. Como um dos maiores escritores da Literatura Brasileira, Machado de Assis desempenhou com excelente domínio a função de produzir obras literárias que trouxessem em si uma crítica tanto à sociedade, quanto aos indivíduos inseridos nela; realizando, assim, uma reflexão acerca dos mais diversos tipos de comportamentos que constituíam, principalmente, a sociedade burguesa de sua época. Um dos recursos estilísticos utilizados com maior maestria por Machado de Assis para que sua crítica fosse alcançada foi a ironia, tanto em sua forma mais leve e sutil, quanto mais ácida, ofensiva e direta. Sendo assim, pretende-se, com este estudo, verificar como a ironia, atuando com seu papel desmoralizador - enquanto rompe com o sério, com o formal com os discursos rebuscados de uma maneira forte e marcante -, consegue, no conto em questão, amparar e reforçar a crítica feita pelo autor ao indivíduo condenado socialmente por não seguir determinadas ideologias de comportamento que estão incutidas na sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Brasileira; Machado de Assis; Conto; Ironia.

A literatura de Cordel na sala de aula: Formação leitora e interdisciplinaridade

Amanda Caldeira Gilnek. (UNIOESTE) Dra. Lourdes Kaminski Alves RESUMO: O presente texto busca apresentar a literatura de cordel como instrumento de estímulo à leitura, à interpretação, à escrita e a criação de outras linguagens, a exemplo da xilogravura. Busca também, explorar a literatura de cordel como instrumento artístico, interdisciplinar e pedagógico para que os discentes tenham acesso aos elementos da cultura popular, oral, de forma lúdica e prazerosa, valorizando a alteridade, incentivado, assim, a prática criativa e crítica entre os estudantes, como meio para o desenvolvimento da sensibilidade artística, criadora e cognitiva. Estes estudos são embasados em teóricos como Anna Christina Bentes, Renato Campos, Ana Cristina Marinho e Helder Pinheiro. O estudo aqui apresentado articula-se ao grupo de pesquisa Confluências da Ficção, História e Memória na Literatura e nas Diversas Linguagens e é parte do Projeto de ICV. PALAVRAS-CHAVE: Literatura de Cordel; Formação Leitora e Interdisciplinaridade; Práticas Criativas na sala de aula.

Intertextualidade, leitura literária em sala de aula e a formação de leitores

Karine Polini (UNIOESTE) Cleiser Schenatto Langaro (ORIENTADORA – UNIOESTE) RESUMO: Este estudo apresenta reflexões sobre as relações intertextuais e dialógicas comuns ao texto literário e possíveis contribuições para a leitura literária em sala de aula e por consequência para a formação de leitores. Neste propósito, parte-se da leitura de um conto para a leitura de um romance, no intuito de analisar as aproximações e distanciamentos entre o primeiro capítulo do romance Cinco Minutos de José de Alencar e o conto A Aventura de um Soldado de Italo Calvino. Tem-se como base a teoria da intertextualidade de Kristeva (2005), Koch, Bentes e Cavalcante (2008), Perrone-Moisés (2005), Barros e Fiorin (1999), além da teoria do dialogismo de Bakhtin (2003). Para estabelecer o diálogo entre as obras, abordou-se o contexto de produção e aspectos estilísticos dos dois autores: José de Alencar, em pleno romantismo do século XIX e Italo Calvino, crítico e escritor da contemporaneidade. Constatou-se que o diálogo paródico e intertextual ocorre entre as duas obras, principalmente em relação ao tema – o encontro fortuito em tom erótico entre um homem e uma mulher – que se realiza na obra de Alencar através de características do romantismo, devido ao projeto estético de sua época e, quanto à obra de Calvino, o tema é construído sob a ótica do pós-modernismo, de forma que sua escrita é mais objetiva e traz a realidade de maneira não idealizada. Ressalta-se que estudos sobre a intertextualidade, em sala de aula, sob a perspectiva da literatura comparada, constituem-se em estratégia que amplia a leitura e a visão de mundo e promove estímulos à interpretação e a (re)escrita. PALAVRAS-CHAVE: Dialogismo; Intertextualidade; Leitura; José de Alencar; Italo Calvino.

Título: Marcos Rey, o romance de aprendizagem e a formação de leitores Eliane de Campos (UNIOESTE) Cleiser Schenatto Langaro (ORIENTADORA – UNIOESTE) RESUMO: Este estudo reporta-se às narrativas juvenis, formação de leitores, assim como às reflexões sobre as contribuições do texto literário para a formação humanizadora conforme assevera Candido (1976), Bragato Filho (1995), Petit (2008) e Azevedo (2004). A partir de tais pressupostos, destacam-se as obras da Série Vagalume, na qual Marcos Rey, autor de O mistério do Cinco Estrelas e o Rapto do Garoto de Ouro, tem lugar de destaque. Além destas, outras obras do escritor são voltadas ao público juvenil e consideradas Romance Policial - as mesmas contribuíram para a formação de várias gerações de leitores. Sendo assim, buscou-se compreender as especificidades históricas e estruturais dessa narrativa, tendo como suporte teórico Todorov (2006), As estruturas narrativas, Cândido (1972), A personagem de Ficção, entre outros teóricos. Para além desta teoria, estudou-se o bildungsroman ou romance de formação com base nos pressupostos de Mass (2000) e Pinto (1990). Após análise dos romances destacados acima, constatou-se que os mesmos apresentam as características principais do Romance Policial, são da esfera infanto-juvenil e, por apresentarem jovens como personagens principais (o protagonista é masculino e está em processo formação escolar e de inserção no mercado de trabalho), podem ser analisados a partir do Bildungsroman masculino. De modo que o leitor, ao vivenciar experiências a partir do texto literário, aprende, amplia sua compreensão, visão e relacionamento com o mundo. PALAVRAS-CHAVE: O mistério do Cinco Estrelas; O Rapto do Garoto de Ouro; Narrativa Policial; Romance de Formação; Formação de Leitores;

Abordagens sobre o texto dramático no livro didático e a formação de leitores

Karine Polini (UNIOESTE) Cleiser Schenatto Langaro (ORIENTADORA – UNIOESTE) RESUMO: Esta comunicação apresenta reflexões sobre abordagens trazidas pelo livro didático para o estudo do texto dramático. A análise de coleções/livros contemplou obras utilizadas em sala de aula, em escola pública, no Ensino Médio, no período entre o ano 2000 até a atualidade. Esta pesquisa teve como objetivo analisar o espaço concedido ao texto dramático, às atividades propostas para o estudo do mesmo, além de evidenciar os propósitos dessas atividades nessas coleções/livros. Com base nesses dados interessa refletir teoricamente sobre a formação de leitores e o papel da escola, do professor e do livro didático nesse processo, visto que muitos alunos têm contato com a dramaturgia apenas nesse ambiente, sendo o livro didático um importante subsídio para o trabalho docente. Além disso, tem-se o intuito de problematizar o estudo do texto dramático em sala de aula e suas contribuições para a formação que amplia os saberes, percepções e a compreensão de mundo, a capacidade expressiva a ponto de proporcionar o desenvolvimento intelectual, emocional e cognitivo do leitor. Tem-se como suporte teórico A literatura e a formação do homem, Candido (1972); Os Jovens e a Leitura, Petit (2008); Formação de leitores e razões para a literatura, Azevedo (2004); O texto no teatro, Magaldi (1989); Panorama do Teatro Brasileiro, Magaldi (1999); Aspectos do Teatro Brasileiro, Oliveira (2002); entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Formação de leitores; Livro didático; Texto dramático.

Fragmentos intertextuais em Nelson Rodrigues e Andrucha Waddington: A vida como ela é... Na literatura e no cinema Patrícia Barth Radaelli (UNIOESTE – FAG) RESUMO: Este trabalho tem por objetivo promover uma reflexão sobre as possíveis aproximações entre a literatura, entendida a partir do texto de conto e o texto dramatúrgico e o cinema, com evidência para três textos: o conto As gêmeas, que integra a obra A vida como ela é...O homem fiel e outros contos (1992) - livro organizado por Ruy Castro a partir da reunião de contos publicados por Nelson Rodrigues, a peça de teatro Vestido de Noiva (1943) - e o filme Gêmeas (1999), dirigido por Andrucha Waddington, com evidência para os diferentes elementos estéticos presentes na adaptação do conto para linguagem do teatro e, numa discussão intermidiática, para a linguage cinematográfica; com a interpretação das ressonâncias provocadas pelos textos. O objetivo é desvendar os efeitos expressivos desses projetos ficcionais e analisar como essas composições dialogam num processo intertextual e como podem provocar diferentes reflexões na formação do leitor. A pesquisa deu-se a partir dos estudos da Literatura Comparada, com as contribuições teóricas de Carvalhal (2003), de Kristeva (1974), Samoyault (2008) e Linda Hutcheon (2013). Ressalta-se que o viés de análise será aquele que considera toda a criação e recriação literária/artística como um novo projeto estético e ideológico do seu autor. PALAVRAS-CHAVE: Nelson Rodrigues; literatura; cinema; intertextualidade

A sala de aula como espaço cênico: contação de histórias e teatro na primeira infância

PIMENTEL, Franciele Paes. (UEM) RESUMO: A contação de histórias nada mais é que a encenação de um teatro? Seria a sala de aula um espaço cênico? A fim de trazer luz aos questionamentos expostos, o presente estudo apresenta reflexões acerca das práticas escolares como práticas performáticas, especialmente no que tange à contação de histórias na primeira infância (0 a 3 anos de idade). O espaço cênico, compreendido como espaço performático, torna-se um ambiente de dramatização e apreensão em suas diversas esferas. Baseados na arte de contar histórias, assimilando linguagens artísticas e o ato de representar, os educadores possibilitam a compreensão, reelaboração e até a antecipação de acontecimentos pela criança, fato que auxiliará no desenvolvimento das atividades cotidianas. O ato de contar histórias torna-se um dos raros momentos de relacionamento com as crianças sem a mediação de uma tela, dispositivo móvel ou TV, - raro considerando-se a sociedade da mídia. Refletir sobre as práticas docentes para o incentivo e acesso à produção literária, torna-se vital, pois “a riqueza dos elementos estéticos e simbólicos que ela emana contribui sobremaneira para a formação de um leitor crítico e engajado com o contexto social em que está inserido, o que denota sua relevância social e cultural”. (RÖSING, BURLAMAQUE, 2010, p. 8) Diante dos estudos já realizados, pode-se afirmar que as narrativas de histórias na primeira infância, constituem-se em uma prática indispensável para o aprimoramento do processo de ensino aprendizagem, sendo este apresentado de forma prazerosa, visando o desenvolvimento integral da criança. PALAVRAS-CHAVE: Teatro; Linguagens Artísticas; Contação de Histórias; Primeira Infância.

Um contraste da formação do leitor nos textos “O Pequeno Polegar” de Charles Perrault e “Da utilidade dos animais” de Drummond

Adrieli Cristina Pelissari (FAG) Wellington Dalaqua Carvalho (PG -FAG) Patrícia Barth Radaelli (Orientadora – FAG) RESUMO: O trabalho realizado tem como objetivo principal, promover a análise de dois contos, o primeiro intitulado Da utilidade dos animais (1979) de Carlos Drummond de Andrade e o segundo chamado O Pequeno Polegar (1993) de Charles Perrault, verificando o contraste e os pontos de encontro que ambos os contos promovem, atentando para os quesitos de mundo apresentado à criança, e também da formação do leitor. Observa-se, uma vez que os textos têm como alvo o leitor infantil, grande preocupação por parte dos autores de promoverem uma linguagem plural, que atinja seus objetivos e seja facilmente assimilada pelo seu público alvo, evidenciando, também, um mundo em verossimilhança com a realidade enquanto possível. Esses contos apresentamse como base não somente para a formação das crianças leitoras, mas como seres inseridos em determinada cultura e que necessitam se posicionar criticamente perante tal Neste sentindo, a análise se apresenta como forma de destacar alguns dos valores (morais e éticos) que, por meio dos contos, podem ser assimilados pelos leitores, e então, ou promovem a consciência e pensamento crítico, ou a pura conformidade perante tais valores. Para essas discussões foram utilizadas as contribuições teóricas de autores como Oliveira e Palo (1986), Góes (1984), Drummond, (1979), Santana (2008), Perrault (1993). PALAVRAS-CHAVE: Literatura Infantil; Formação do Leitor; Charles Perrault; Carlos Drummond de Andrade.

Teatro na prática: relatos sobre o ensino da Literatura Dramática no curso técnico de Artes Dramáticas

.GALANTE, Camylla Galante (UNIOESTE) RESUMO: Há alguns anos houve a implementação de Cursos Técnicos – Integrados e Subsequentes – em todo o Brasil. Um dos cursos que surgiram nesta implementação no Paraná foi o Técnico em Artes Dramáticas, com o intuito de formar Atores Cênicos. Neste curso visa-se a formação integral do ator e, para tanto, este é formado por disciplinas práticas e teóricas em todos os semestres. Há entre as disciplinas práticas aquelas que têm como objetivo o trabalho de consciência e preparação corporal e que visam à interpretação. Entre as disciplinas teóricas, há aquelas que abordam a história do teatro, a história da arte, da dramaturgia, assim como a parte da legislação que regula a profissão do ator. O presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência de ensino da Literatura Dramática num curso voltado à formação de atores e também apontar algumas diferenças existentes entre a prática docente da formação leitora e da formação técnica, dado as particularidades existentes nesta modalidade de ensino. Além disso, ao pensar a docência do gênero dramático a atores, parte-se do consenso de alguns estudiosos do gênero quando dizem que a obra literária dramática é incompleta enquanto texto, que esta necessita do palco para completar-se tanto quanto no que diz respeito ao seu significado quanto cenicamente. Tanto o ensino quanto este trabalho fundamenta-se nas proposições teóricas de Sábato Magaldi (1991) e de Anatol Rosenfeld (1985). PALAVRAS-CHAVE: Ensino; gênero dramático; curso técnico.

O teatro de Dias Gomes, as diversas faces do gênero dramatúrgico e o trabalho multidisciplinar

Camila Calizotti Ancioto (FAG) Gislaine Gomes (FAG) Patrícia Barth Radaelli (Orientadora FAG/UNIOESTE) RESUMO: O presente artigo apresenta uma proposta a ser desenvolvida que foi elaborada como forma avaliativa da disciplina de Metodologia de Língua Portuguesa do curso de Letras da FAG, formulada para alunos do oitavo ano do Ensino Fundamental. O trabalho foi desenvolvido com base em fundamentos teóricos e pesquisa bibliográfica aliados a concepções que dialogam com o texto dramático O pagador de promessas, de Dias Gomes, interpelando as diversas faces que esse gênero pode possibilitar no ensino de língua portuguesa e literatura. O texto quando atrelado a outras formas artísticas pode envolver o aluno em um trabalho multicultural. O texto de teatro possibilita ao professor desenvolver um planejamento de maneira lúdica e interativa possibilitando a formação de leitores capazes de interagir significamente com textos literários e com as particularidades da dramaturgia, com vistas à fruição estética e a formação crítica. A arte tem papel fundamental na formação dos sujeitos, construtores de seu próprio aprendizado, pois quando os alunos são colocados em contato com um gênero que os possibilite o envolvimento, as palavras saem do papel e passam a ser vivenciadas; os sujeitos envolvidos não só se apropriam dos discursos dos personagens, mas os reconstroem num processo de adaptação para a interpretação/ encenação de peças. PALAVRAS CHAVE: Teatro; Língua Portuguesa; Planejamento; Interatividade.

Análise discursiva de Macunaíma: O modernismo como precursor do desenvolvimento da identidade cultural brasileira

Kássia Paloma Beltrame Oliveira (UNIVEL) Renan Paulo Bini (UNIVEL) Cezar Roberto Versa (Orientador – UNIVEL) RESUMO: O movimento modernista brasileiro (1922 – 1975) caracterizou-se pela busca à Identidade Cultural Nacional. Até então, o que se tinha de produção cultural brasileira, embasava-se nas escolas literárias europeias. Dentre as produções literárias, destaca-se o livro Macunaíma de Mario de Andrade. A partir da obra, torna-se perceptível o quanto o movimento representou na busca pela identidade cultural, e a quebra de paradigmas na luta contra o racismo nas gerações atuais. Macunaíma representa a evolução na forma como os índios eram apresentados, antes de forma utópica e romântica com sua cultura preservada, agora de maneira debochada, e costumes afetados pela ideologia dominante na época. Mario de Andrade compôs sua rapsódia utilizando-se do hibridismo cultural entre os povos indígenas, africanos e europeus. Para isso, adaptou folclore, lendas, costumes, culinária, plantas e bichos de todas as regiões do Brasil, misturando todas as manifestações culturais e religiosas, objetivando criar um aspecto de unidade nacional, que diverge ainda hoje de nossa realidade. O objetivo do presente artigo é analisar a obra Macunaíma a partir da análise do discurso de vertente francesa por meio da análise da convenção social, e os aspectos sócio-históricos e ideológicos no contexto em que a obra insere-se, o estudo analisará o livro, aplicando-o à AD e considerando as exterioridades (situação empírica, interdiscursos, condições de produção, circunstâncias de enunciação), utilizando-se de base para a análise da exterioridade, dados históricos e a teoria dos estudos culturais. PALAVRAS-CHAVE: Identidade; Macunaíma;hibridismo;Análise do discurso.

SIMPÓSIO - PRÁTICAS DE ENSINO E FORMAÇÃO DOCENTE: O EMPREGO DA TECNOLOGIA COMO POSSIBILIDADE DE LEVAR O CONHECIMENTO A INTEGRAR UMA ECOLOGIA COGNITIVA QUE RESPEITE DIFERENTES E MÚLTIPLAS FORMAS DE PENSAR E DE APRENDER SALA: 6 EAD Coordenadores: Dra. Beatriz Helena Dal Molin (UNIOESTE) Dra. Rose Maria Belim Motter (UNIOESTE) RESUMO GERAL: A proposta deste simpósio pretende discutir sobre a inserção da tecnologia no que concerne a uma outra forma de encaminhamento do fazer pedagógico para a formação de professores, de modo que este, em suas aulas de língua portuguesa, ou de língua estrangeira ou mesmo, em qualquer outra área do conhecimento possam fazer uso das tecnologias de comunicação digital, como mais uma das estratégias de ensino e aprendizagem. Ocupa-se em mostrar a importância de discutir, trabalhar e explorar a tecnologia, para os processos de releitura do mundo em um contexto de mídias de convergência e de proliferação de redes sociais. Aponta o uso de plataformas virtuais de ensino-aprendizagem (AVEA), como uma forma de abandonar a linearidade do estudo e trabalhar com a polifonia, a pluralidade de sentidos, a interdisciplinaridade a transdisciplinaridade e a transversalidade, tão necessárias à compreensão da complexidade da vida. Reforça a necessidade do aprimoramento tecnológico dos futuros docentes no seu curso de formação inicial e em cursos de formação continuada. Pretende-se discutir como as novas formas de escrever, ler e trabalhar com o conhecimento devem integrar a ecologia cognitiva que respeite as diferentes e múltiplas formas de pensar e de aprender, de ensinar, e de organizar a escola, e de avaliar, valorizando-se os processos e percursos que dizem respeito ao desenvolvimento de habilidades e competências dos estudantes, levando em conta o quanto estes foram criativos participativos e cooperativos em suas ações cotidianas de sala de aula. Também pretende discutir a importância da transdisciplinaridade, em contextos de cibercultura. PALAVRAS CHAVE: Formação de professores; Tecnologia digital; Ambientes virtuais de ensino aprendizagem; Hipertextualidades e transdiciplinaridade.

O infográfico como recurso para avaliar o letramento informacional digital de professores em formação Alexandre Martins Pinho (UFGD) Adair Vieira Gonçalves (UFGD) RESUMO: Considerando o impacto que a Internet e as tecnologias de informação e comunicação (TICs) exercem sobre a educação, nos propomos a investigar o nível de letramento informacional digital (LID) de acadêmicos do curso de Letras-UFGD – futuros professores – do ano letivo de 2013. O objetivo da pesquisa é investigar como esses alunos fazem buscas de informações na Internet e como lidam com os dados obtidos, ou seja, em que nível está o LID dos professores em formação. Este trabalho foi realizado em parceria com um grupo de pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Utilizamos como base teórica os estágios de busca de informação de Ellis (1989) adaptadas por Shankar et al. (2005) e a teoria sobre o gênero infográfico de Manfré & Saito (2009) e a de Paiva (2011). Para tal investigação, propusemos uma atividade de 30 (trinta) minutos de duração que consistia em realizar a busca de três palavras-chave (Vegetarianos, Naturalistas e Veganos) na Internet e construir um infográfico ao final, como forma de sintetizar as informações encontradas. Utilizamos o software Camtasia Studio 8 – um aplicativo que permite gravar o áudio e a tela do computador – para acompanharmos todos os passos dos participantes durante a busca. O objeto de análise foi a produção final (infográfico ou não). Observamos cinco produções do primeiro e cinco do quarto ano do curso. Verificamos que as competências relativas ao LID dos alunos pertencentes aos dois grupos não apresentaram diferenças significativas, apesar de dois alunos do quarto ano demonstrarem maior nível de letramento. PALAVRAS-CHAVE: Professores em formação; Letramento Informacional Digital; Busca de Informações; Infográfico.

Edmodo e curtas-metragens no ensino da língua espanhola

Camila Ramos de Paula (UNIOESTE) Jucelia Hurtiah de Oliveira (UNIOESTE) Greice da Silva Castela (Orientadora. UNIOESTE) RESUMO: O presente artigo tem como objetivo relatar e refletir sobre nossa experiência na aplicação das oficinas pelo subprojeto de Espanhol do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). As dez oficinas, de uma hora e meia cada, foram aplicadas para uma turma do segundo ano de Espanhol de um Centro de Ensino de Língua Estrangeira Moderna (CELEM), que funciona em um colégio estadual em Cascavel – Pr, de abril a julho de 2015. O tema abordado foi “Bullying” e “Solidão na terceira idade”, os quais foram trabalhados por meio dos curtas-metragens “Bienvenidas a clases” e “La soledad de la luna”. Além disso, nessas oficinas utilizou-se a rede social de aprendizagem Edmodo. Para a produção das oficinas utilizamos como embasamento teórico autores como, por exemplo, Umbelina (2012), Mayrink (2014), Tallei (2014) e Perrenoud (2000). Verificamos que o resultado do material elaborado e aplicado foi bastante positivo tanto para os alunos do CELEM que assistiram às oficinas quanto para os professores em formação inicial, bolsistas do PIBID, que aprenderam a trabalhar de maneira pedagógica com multiletramentos e com a rede social Edmodo. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de E/LE; Edmodo; Curta-metragem; Bullying; Solidão na terceira idade.

Letramento Digital: Uma janela virtual na sala de aula

Glória das Neves Cerqueira Vila Verde (UNIOESTE) Beatriz Helena Dal Molin (UNIOESTE).

RESUMO: A cultura do texto eletrônico amplia a concepção de letramento, pois o texto veiculado na tela permite que os leitores tornem-se coautores dos textos virtuais. Ou seja, ao ler um texto, é possível acrescentar, alterar, definir caminhos diferenciados de leitura. Surge o hipertexto, originando formas hibridas de comunicação, materializadas em novos gêneros. A cultura do século XXI oferece novos instrumentos de comunicação e informação, que contemplam as práticas sociais emergentes e propiciam à escola o desenvolvimento de novas metodologias de ensino. Com base nas propostas para a Educação de Jovens e Adultos, na teoria sobre o uso das novas tecnologias na educação e na concepção de letramento como práticas sociais de leitura e escrita, este estudo relata uma experiência pedagógica colaborativa para o ensino de Língua Portuguesa na Educação de Jovens e Adultos, utilizando a internet e o Blog. Ao analisar a aplicação da prática proposta, conclui-se que tais recursos são úteis para o processo de aprendizagem, pois encantam e dão sentido à pesquisa, à leitura e à produção textual, pois através da cooperação e das novas tecnologias, aprender se torna mais lúdico, prazeroso, coerente com a realidade do contexto histórico contemporâneo e com os propósitos da EJA. Enfim, a aprendizagem colaborativa pode acontecer na educação utilizando a internet, como meio tecnológico. PALAVRAS-CHAVE: letramento digital; blog; aprendizagem colaborativa.

Teachers Thinking Together: novas tecnologias aplicadas à formação continuada de professores de língua inglesa Jéssica Bell’Aver (UTFPR/Londrina) Alessandra Dutra (UTFPR/Londrina) Rose Maria Belim Motter (UNIOESTE/Cascavel) RESUMO: Ensinar uma língua estrangeira requer preparação pedagógica, conhecimento teórico e constante aperfeiçoamento profissional dos professores. A Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (AMOP), organiza encontros pontuais de formação continuada para as diversas áreas do currículo escolar, proporcionando a interação entre os profissionais envolvidos com o ensino dos municípios filiados ao órgão. Entretanto, considerando que a prática de ensino da Língua Inglesa para crianças é relativamente nova, observa-se que tais encontros oferecidos atendem minimamente a essas necessidades, não correspondendo com a demanda das questões relacionadas à implantação dessa disciplina nas escolas, tampouco aos anseios e às angústias dos docentes que assumem o ensino da língua. Assim, o objetivo deste trabalho é ampliar a proposta de formação continuada de professores oferecida pela AMOP, por meio da elaboração e manutenção de um ambiente virtual de ensino-aprendizagem (AVEA) para o acesso e interação dos professores de Língua Inglesa atuantes na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. O referencial teórico para este estudo conta com as contribuições de Dal Molin (2003), Catapan (2002), Lévy (2004), Motter (2013), Roncarelli (2007) dentre outros. Como metodologia de trabalho, foram realizadas as pesquisas analítica, interpretativa, bibliográfica e de campo. Dentre as ações já desenvolvidas, podem-se destacar os estudos de referenciais teóricos, os encontros presenciais com os professores, a elaboração do AVEA e o início da interação e da produção de conteúdo pelos professores para o ambiente, por meio da mediação da pesquisadora e da professora de Língua Inglesa da AMOP. PALAVRAS-CHAVE: Formação continuada de professores; Novas tecnologias; Língua inglesa.

Reflexões sobre a inserção da tecnologia para apenados em cursos EAD como forma de ressocialização

Jéssyca Finantes do Carmo Bózio (UNIOESTE) Drª. Beatriz Helena Dal Molin (UNIOESTE) RESUMO: Este estudo apresenta uma discussão sobre as possibilidades, desafios e perspectivas da inserção da tecnologia no Sistema Penitenciário, por meio da Educação a Distância, nos aspectos de reintegração, educação e profissionalização do cidadão preso, face às condições precárias nas quais viveram em suas vidas antes da privação de liberdade, e em face do que vivem e convivem nas penitenciárias ou unidades prisionais. Esta investigação objetiva uma reflexão para auxiliar não só na recuperação destes indivíduos, mas também na sua reintegração à sociedade com o auxílio do conhecimento trabalhado pelo sistema educacional, de modo que tenham base para seu desenvolvimento profissional e, assim, por meio deste conhecimento e/ou aprimoramento possam ser restituídos ao convívio social, de maneira digna, como um cidadão comum, sem ter que retornar ao mundo do crime. PALAVRAS-CHAVE: Educação a Distância (EaD); Tecnologia, Apenados.

Elaboração de objetos digitais de ensino-aprendizagem de língua estrangeira para estudantes em reclusão

Luana Rodrigues de Souza Oliveira. (UNIOESTE) Beatriz Helena Dal Molin (UNIOESTE) RESUMO: Em meio a discussões sobre a redução da maioridade penal no Brasil, nos perguntamos entre outras indagações sobre as condições de ressocialização de jovens reclusos, que muitas vezes retornam ao convívio da sociedade sem formação profissional, uma das razões de reincidência a prisão. A educação dentro das unidades prisionais tem sido uma das alternativas para diminuir o número de reincidentes. Diante do exposto, é necessário que seja pensando em um material que atenda as particularidades desse contexto. A educação a distancia (EaD) pode ser uma opção para a qualificação profissional e acadêmica de muitos estudantes em diferenciados contextos, principalmente por seu caráter desterritorializador, levando conhecimento e aprendizado, sem a onerosa infraestrutura do ensino na modalidade presencial. Assim, este artigo tem por objetivo tecer considerações sobre a elaboração de objetos digitais de ensinoaprendizagem (ODEA) de língua estrangeira para estudantes em reclusão, considerando o contexto idiossincrático em que se encontram. Para tanto, nos embasaremos nos conceitos de Dal Molin (2003), Roncarelli (2012), Motter (2013), Lévy (1993,1999), Morin (2000), dentre outros. PALAVRAS-CHAVE: ODEA, estudantes em reclusão, língua estrangeira

A mediação tecnológica em escolas públicas do oeste do paraná: uma via necessária para a educação do século xxi

Beatriz Helena Dal Molin (UNIOESTE) Marciana Pelin Kliemann (UNIOESTE) RESUMO: Propomos com este artigo algumas sugestões de como trabalhar com os ODEAS – Objetos Virtuais de Ensino e Aprendizagem no cotidiano da sala de aula, com o intuito de promover a inserção da tecnologia na escola de forma abrangente, envolvente e competente para a aquisição e produção de conhecimentos. O trabalho objetiva atender inicialmente o público de 5 a 10 anos para assim prover formas de mediar os conteúdos do ensino fundamental - anos iniciais com objetos virtuais de aprendizagem disponíveis na rede mundial de computadores. Buscamos docentes leitores e destinamos este material para todos os professores da primeira fase do anos iniciais e também instrutores de informática que atuam na rede municipal ou privada do município de Cascavel e municípios circunvizinhos, na perspectiva de prover subsídios teóricos, práticos e estratégicos para que a tecnologia possa ampliar ideias de encaminhamentos metodológicos, no que se refere aos conteúdos propostos pelo Currículo para Educação Básica do Município de Cascavel e do Currículo básico para escolas públicas da AMOP – Associação dos Municípios do Oeste do Paraná. Almeja-se discutir acerca do conhecimento integrando a ecologia cognitiva que propõe respeitar as múltiplas formas de pensar e de aprender, propondo uma aprendizagem colaborativa e cooperativa na intersecção aula e hora-atividade do professor e seus responsáveis por este momento importante para alunos e professores e, também, para Monitores de Bibliotecas e Instrutores de Informática. Este trabalho volta-se a um publico alvo demarcado vez que estes alguns municípios estão suprimindo a hora-atividade dos professores, sem a devida reflexão e atenção que o tema merece a partir do elencamento de necessidades pedagógicas e práticas. Dispomo-nos, pois a investigar este tema e a propor algumas sugestões. PALAVRAS-CHAVE: Formação de professores. Tecnologia digital. Ambientes virtuais de ensino aprendizagem. Estratégias de mediação e Ensino.

Por Uma Formação Rizomática: (re) pensando a formação inicial e continuada de professores

Francieli Motter Ludovico (UTFPR) Julia Cristina Granetto (UNIOESTE) Leidiane Marques de Aguiar (UNIOESTE) Beatriz Helena Dal Molin (UNIOESTE) RESUMO: É indiscutível que a Tecnologia de Comunicação Digital (TCD) tem alterado as formas de ser, de ensinar, de aprender e de produzir conhecimento neste século. Se no século passado, o processo ensino-aprendizagem estava centrado no professor, disposto com giz, quadro e estudantes alinhados em fileiras, hoje, o contexto educacional se apresenta de forma diferenciada, com novos desafios, múltiplos e singulares estudantes, e novos letramentos. Entendemos que, com a evidenciação da TCD no contexto educacional, não apenas o ambiente deve sofrer alterações, como a inclusão de computadores e demais mídias, mas também o professor deve ser capacitado, sua metodologia precisa de mudanças, estando em constante processo de formação. Nesse sentido, este artigo tem por objetivo discorrer sobre a formação de professores, tanto inicial quanto continuada em tempos de sociedade do conhecimento, (re) pensando sobre os modelos cartesianos, enraizados, ainda, nas grades curriculares de muitas instituições de formação inicial de professores e nas propostas de formação continuada, em contrapartida de uma nova proposta de formação, que leve em conta o conceito rizomático e que se volte à capacitação para uso da TCD no processo de Aprendência. Para embasar a reflexão proposta, traremos à discussão as ideias de autores como Deleuze e Guattari (1995), Assmann (2012), Gallo (2002), Morin (2003), Dal Molin (2003), Motter (2013), entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia de Comunicação Digital; Rizoma; Formação de Professores.

Língua portuguesa como língua estrangeira na Universidade Estadual do Oeste do Paraná: atividades presenciais e a distância

Rose Maria Belim Motter (UNIOESTE) Beatriz Helena Dal Molin(UNIOESTE) Julia Cristina Granetto(UNIOESTE) Francieli Motter Ludovico(UTFPR) Luana Rodrigues de Souza Oliveira (UNIOESTE) RESUMO: A troca de informações e disseminação de conhecimentos tem despertado o interesse das pessoas em aprender idiomas diferentes, seja pelo interesse cultural, acadêmico ou econômico. A mobilidade das pessoas – física ou virtual – traz novo panorama para o ensino-aprendizagem de línguas. Nesse cenário, a Língua Portuguesa como língua estrangeira tem ganhado novas configurações. O objetivo do presente trabalho é evidenciar o cenário do curso de Português como Língua Estrangeira na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – no Campus de Cascavel, que é oferecido tanto na modalidade presencial quanto a distância por meio de ambientes virtuais. Esta atividade está vinculada à linha de pesquisa “Linguagem e Ensino” e vem sendo desenvolvida na universidade desde 2004 em forma de cursos de extensão. Inicialmente os cursos atendiam aos estrangeiros que se encontravam na região, porém, hoje existe a procura pela aprendizagem do português por pessoas de outros países. Os materiais pedagógicos utilizados nos cursos são elaborados tanto na forma escrita quanto na digital, os quais se fundamentam na abordagem da interculturalidade, com o intuito de mostrar a língua e a cultura brasileira. Contudo, o alicerce dessas atividades está na valorização do sujeito que estuda o idioma, do seu mundo já construído pela sua formação cultural. A base teórica que dá sustentação para esse trabalho está centrada em Lakoff e Johnson (1980), Krashen (1982), Lévy (2004), Motter (2013), Santaella (2009), PALAVRAS-CHAVE: Português língua estrangeira; interculturalidade; ambientes virtuais.

Ambientes virtuais de aprendizagem e o ensino de literatura na educação a distância: algumas reflexões

Simone de Souza Burguês (UEM) RESUMO: A (pós) modernidade e o surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação desencadearam novas formas de pensar e agir, o que refletiu diretamente na maneira como as pessoas se relacionam e produzem conhecimento. Consequentemente, a maneira como a literatura é produzida, bem como as formas pelas quais os leitores com ela se relacionam foram modificadas. Pierre Lévy (1999) postula que essa era tecnológica tem como principal personagem o computador. Para o autor, com o advento do ciberespaço (espaço virtual), "o computador não é mais um centro, e sim um nó, um terminal, um componente da rede universal e calculante". Com isso, o ciberespaço oferece uma gama de produções e ferramentas para o ensino de literatura, especialmente para o contexto da educação a distância (EaD). Nessa modalidade de ensino, é preciso que os envolvidos no processo tenham uma concepção mais abrangente do que é literatura e seu respectivo estudo. De acordo com a proposta da EaD, o ensino de literatura deve contemplar as mais variadas formas nas quais ela é produzida e veiculada. Isto implica usar e explorar os novos recursos de comunicação. Nesse sentido, este trabalho pretende estudar uma dessas ferramentas, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) que são desenvolvidos especialmente com fins pedagógicos para uma nova modalidade de ensino: a educação a distância. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de literatura; Educação a distância; Ambientes virtuais de aprendizagem; Ciberespaço.

Análise de alguns sites para ensino-aprendizagem de E/LE Vânia Travaglia Rodrigues (UNIOESTE) Greice da Silva Castela (UNIOESTE) RESUMO: Este artigo, que se insere no simpósio “Práticas de Ensino e Formação Docente: o emprego da tecnologia como possibilidade de levar o conhecimento a integrar uma ecologia cognitiva que respeite diferentes e múltiplas formas de pensar e de aprender”, propõe-se a realizar a descrição e análise de três sites direcionados ao ensino da língua espanhola, levando em conta o âmbito educacional. Selecionamos nesse recorte da pesquisa os sites: , e . Para tanto, utilizamos embasamento teórico sobre hipertexto e multiletramentos e sobre os documentos norteadores para o ensino de espanhol no Brasil e no Paraná, a partir da revisão bibliográfica realizada no projeto de iniciação científica “Organização de catálogo com sites voltados para ensino de E/LE”, que começamos em abril desse ano na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Essa investigação se insere no Projeto de Pesquisa “Novas tecnologias na Educação: análise de sites para ensinoaprendizagem de línguas”, financiado pela Fundação Araucária. As Tecnologias Digitais de Comunicação (TDC) tornam necessária a reestruturação das metodologias vigentes no sistema de ensino atualmente e evidenciam a necessidade de formação de professores que saibam usar de modo eficaz as TDC. Concluímos que é preciso que os professores saibam tirar real proveito do que as TDC e os multiletramentos têm a oferecer ao ensino. PALAVRAS-CHAVE: Hipertexto; Multiletramentos; Ensino de E/LE; TDC.

SIMPÓSIO - PROCESSOS DE FORMAÇÃO IDENTITÁRIA E MEMÓRIA: PRÁTICAS DE ENSINO E FORMAÇÃO DOCENTE QUARTA-feira SALA: 30 QUINTA-feira SALA: 31

Coordenadores: Dra. Eneida Dornellas de Carvalho (UEPB) Dr. Francisco Fagundes de Paiva Neto (UEPB) RESUMO GERAL: Na contemporaneidade, os saberes assumem um sentido relacional no tocante às diversas áreas de conhecimento, dessa forma o diálogo inter/intra campos se torna necessário. Nesse sentido, pretende-se com esse simpósio oferecer uma possibilidade de pôr em presença conhecimentos que se produzem em diversas áreas de pesquisa, ensino e extensão, com dimensões aproximadas ou pontos de convergência, resultando assim num debate polifônico e demarcado por uma pluralidade de conceitos, de percursos teóricos e empíricos. Levando em consideração tais aspectos e partindo dos conceitos de identidade e memória, pretende-se, portanto, congregar discussões em torno do modo como diversificados gêneros textuais relacionados a processos educativos reverberam efeitos de sentidos decorrentes de dimensões identitárias/rememorativas em contextos comunitários ou sociais, considerando diversas expressões históricas, literárias ou linguísticas. Sendo assim, o intuito que norteia a realização do simpósio é promover um diálogo interdisciplinar que possibilite o cruzamento de fronteiras entre diversas modalidades de registros memoriais sobre experiências escolares, as quais podem servir de fontes às reflexões desenvolvidas nas pesquisas, cuja repercussão se faz sentir nas produções relativas às instituições e aos contextos de socialização educacional, a partir das leituras contemporâneas. Desse modo, buscaremos fomentar reflexões sobre os temas propostos, os quais possam ter associações com produções em que as memórias e identidades coletivas/sociais se exprimem e são refletidas por contribuições teóricas dos variados campos das ciências humanas. PALAVRAS CHAVE: Identidade; memória; ensino; pesquisa; extensão.

Sexualidade e a formação de educadores: como os formandos de pedagogia concebem a diversidade sexual

Aline Pezzi Albert - UNIOESTE Solange Reis Conterno - UNIOESTE RESUMO: O presente trabalho de pesquisa tem como objetivo investigar, no curso de formação de docentes em pedagogia, o entendimento dos futuros profissionais em educação quanto à diversidade sexual, bem como, identificar quais posturas esses futuros educadores usariam para lidar com situações específicas relacionadas ao tema da diversidade sexual no cotidiano escolar. Um objetivo que também decorre dessa investigação trata-se de questionar se durante a formação desses futuros profissionais, durante o curso de graduação, eles receberam alguma orientação específica sobre a questão da diversidade sexual. Para realização da pesquisa e posteriormente a análise dos dados, este trabalho busca um embasamento teórico que leva a uma reflexão acerca das teorias relacionadas à sexualidade atrelada à educação e à saúde. Como metodologia de pesquisa, o projeto se baseia principalmente nos estudos da pesquisa qualitativa e pretende realizar coleta de dados por meio de questionário composto por questões dirigidas e parcialmente dirigidas. Dessa forma, para a análise dos dados obtidos, o trabalho irá buscar uma profunda compreensão acerca das noções de sexualidade, de gênero e de orientação sexual, bem como se propõe também problematizar essas questões no que tange às concepções apresentadas pelos sujeitos alvos da pesquisa, futuros educadores que deverão lidar com questões de sexualidade no espaço educacional onde deverão atuar. PALAVRAS-CHAVE: Gênero, sexualidade, educação

O espaço do fora do sujeito exilado: possibilidades de devires

Elisabete Borges Agra. Universidade Estadual da Paraíba- UEPB RESUMO: Este artigo visa compreender, através da análise dos contos “Bem longe de Marienbad” e Lixo e purpurina”, a escrita de Caio Fernando Abreu como um ato pluralizado cercado pelo movimento de desterritorialização do eu, ao lado dos deslocamentos tanto geográficos quanto discursivos cada vez mais intensos na construção de seus personagens, por razões diversas, tais como: êxodos, migrações, diásporas, que implicam numa linguagem silenciosa e dos rastros, que por sua vez implica a noção de transgressão. Por essa ótica, a noção de espaço de deslocamento sugere um terceiro espaço; um espaço intervalar entre o estrangeiro e o mundo. Dessa forma, fica evidente que o espaço procurado é aquele sugerido por Silviano Santiago (2000), o lugar de transgressão das literaturas produzidas nos trópicos. Entendemos também que essa literatura possui um caráter radicalmente problemático do ser e da própria literatura em relação à sociedade. Ela ocupa um lugar que não pode ser designado verdadeiro ou meramente a representação de fatos do mundo; ela habita o entre-lugar. Com isso, a estética de CFA “desestabiliza a representação que normalmente se faz de um lugar” ocupando um espaço fronteiriço que não se fecha em si mesmo, mas joga com ele. Para tanto, evidenciaremos alguns sentidos múltiplos, acompanhados das linhas de fugas e rizomas presentes nos contos em questão. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; exílio; território; desterritorialização; reterritorialização.

Escola e Universidade: memória e aprendizagem em conflito no estágio supervisionado

Eneida Oliveira Dornellas de Carvalho - UEPB RESUMO: O presente trabalho tem como proposta uma discussão acerca da construção de um conhecimento sobre a língua que constituirá o repertório de saberes de alunos durante sua trajetória na escola e, posteriormente, sua trajetória acadêmica na universidade, em um curso de licenciatura. Em foco, encontra-se um conhecimento sobre a língua enquanto objeto de aprendizagem do aluno do ensino fundamental e médio, e enquanto objeto teórico a ser transformado em objeto de ensino nas aulas de língua portuguesa, por alunos do curso de Letras da Universidade Estadual da Paraíba, campus III. Confronta-se assim uma memória que emergirá durante a experiência desse aluno como professor, e que pautará um modo de ensinar, geralmente em desacordo com as orientações recebidas durante sua formação no curso de Letras e pelo professor responsável pela condução do estágio na Universidade. O corpus tomado para análise desse conflito são relatórios de estágio supervisionado produzidos no ano de 2012, como resultado da experiência de alunos como regentes de ensino em escolas públicas. Uma análise preliminar desses relatórios revela um conflito teórico/metodológico que pode ser apontado como fator que corrobora a constatada insuficiência de leitura e escrita do nosso alunado em geral. Essa é uma discussão já há um tempo empreendida nos meios acadêmicos, e sua pertinência justifica ainda a permanência do debate para o qual contribuímos no momento, tomando por base considerações de linguistas como Geraldi (1984), Matencio (2006), e o pedagogo Paulo Freire (1988), entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Curso de Letras; Língua portuguesa; Estágio Supervisionado.

Análise dos artigos sobre Origem da Vida no período de 2010 a 2015

Fabiane Sanches. - UNIOESTE RESUMO: A presente pesquisa tem como objeto de estudo a contextualização sobre a origem dos primeiros seres vivos na Terra, uma vez que são inúmeras as concepções, interpretações e teorias em torno dessa problemática. Diante da importância de esclarecimentos sobre a temática, o foco da investigação incorre na teoria da geração espontânea e quais as suas relações com as teorias sobre a Origem da Vida, pois, não obstante, questões como “de onde surgem os seres vivos” permeiam as relações sociais, desde as mais antigas civilizações. Para a coleta de dados, foi realizada uma busca no “Google acadêmico” com as palavras-chave: “geração espontânea e origem da vida”, seguida da utilização de filtros mais avançados que resultaram em quarenta e uma publicações sobre o tema entre os anos de 2010 a 2015. Dentre estas, o enfoque recai sobre a análise qualitativa de dezoito artigos científicos somente. A reflexão fundamentase na análise de conteúdo por meio de categorização, conforme Bardin (2009). O estudo mostra que as pesquisas acerca da temática Origem da Vida são mais destinadas à formação inicial de professores nos cursos de Biologia, bem como às concepções de alunos e professores no contexto educacional, nas diversas modalidades de ensino, sinalizando a preocupação de discutir os posicionamentos divergentes, considerando a diversidade cultural e social que está intimamente ligada ao tema quando as concepções científicas são abordadas, em sala de aula, para as explicações sobre a Origem da Vida. PALAVRAS-CHAVE: Origem da Vida; geração espontânea; diversidade cultural.

Identidades, autobiografias e experiências de ensino: uma análise dos relatórios de estágio do curso de História Francisco Fagundes de Paiva Neto – UEPB RESUMO: Utilizando como fontes de pesquisa os relatórios de estágio de estudantes de história (UEPB), que foram defendidos como trabalho de final de curso no ano de 2013, procuramos investigar como, em quais condições institucionais e pedagógicas, foi desenvolvido o ensino de história em escolas localizadas nas zonas rurais da mesorregião do agreste paraibano. O período abordado pelos estudantes nos seus relatórios está compreendido entre o final da década de 1990 e início da posterior. Nestes, os concluintes de 2013 reportaram uma sessão sobre as memórias escolares com um sentido autobiográfico, juntamente às considerações decorrentes da experiência de estágio. Avaliamos como questões identitárias de conotação social e cultural apresentaram-se, tanto como uma reflexão sobre a experiência escolar, quanto pelas tensões oriundas de estímulos culturais assentados em uma ambiência urbana. Essa condição suscitou um processo de autorreflexão no qual as memórias demarcaram identidades que se confrontaram com representações provenientes de outros espaços sociais, mormente, das áreas urbanas do sudeste brasileiro. Empregamos como aportes teóricos à pesquisa, as contribuições de autores como Bourdieu, Halbwachs, Dubar e Portelli, dentre outros. Como metodologia, analisamos os registros autobiográficos, através da autorreflexão dos estudantes/futuros professores presentes nos relatórios. Concluímos com a percepção de uma série de aspectos de tensão entre memórias e identidades sociais, a partir de estímulos diversos, tendo como balizamento a vida escolar e o processo de formação da licenciatura. PALAVRAS-CHAVE: Relatórios de estágio; história; autobiografia; identidades.

A língua como identidade dos migrantes maranhenses em Roraima

Maria Silva Sousa (UFRR) RESUMO: Estudos da área de linguística demostram que quanto maior o contato, mais as línguas se inter-relacionam, influenciam-se e alteram-se. A linguística é definida, nos manuais especializados, como disciplina que estuda cientificamente a linguagem. Essa definição, pouco elucidativa por sua simplicidade, nos obriga a fazer algumas considerações importantes. Primeiramente, precisamos determinar o que estamos entendendo pelo termo "linguagem", que nem sempre é empregado com o mesmo sentido. É muito comum em uma conversa, pessoas perguntarem: “você é de onde?”, “de onde você veio?”, ou comentarem “você fala engraçado”. Tais enunciados nem sempre carregam preconceito linguístico, mas sim, buscam uma identificação acústica fonética que possa revelar uma variante linguística, considerando que sociolinguisticamente não há variante melhor ou pior, existem variantes de prestígio, estigmatizadas ou neutras. Silva (2013) afirma que “Para definir as propriedades a serem adotadas em sua variedade pessoal, um falante conta com várias fontes de informação linguística e não linguística de outros falantes”. Nesse sentido, tomando por base tais considerações, esse artigo tem como objetivo refletir sobre os preconceitos linguísticos vivenciados pelos maranhenses que vivem em Roraima e como eles são levados a mudar seu jeito de falar em função do preconceito sofrido e como os professores de língua portuguesa lidam com essa problemática na escola. PALAVRA-CHAVE: Linguagem; identidade; preconceito.

Relato da experiência vivenciada em atividades extensionistas desenvolvidas em escolas públicas de Foz do Iguaçu, PR Angela Ferreira. – UNILA Skarllett Andressa Otto Leite – UNILA Orientadora: Maricélia Nunes dos Santos – UNILA/UNIOESTE RESUMO: Nossa comunicação consiste no relato da experiência vivenciada por meio do desenvolvimento das atividades de extensão vinculadas ao projeto intitulado “América Latina faz arte”, registrado na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal da Integração Latino-Americana – UNILA. O referido projeto teve início em fevereiro de 2015 e, ainda em desenvolvimento, tem como propósito criar espaços em diferentes escolas públicas localizadas no município de Foz do Iguaçu, Paraná, para promover o contato com produções artísticas latino-americanas. O intuito desta ação é proporcionar aos alunos da educação básica condições de acesso a diferentes produções artísticas latino-americanas (tais como contos, poemas, músicas, pinturas e filmes) e, por meio destas, discutir as temáticas nelas abordadas, atentando para a representatividade da arte como um meio de reflexão acerca das questões inerentes ao meio social. Objetiva-se, dessa forma, instrumentalizar os estudantes para o trânsito na esfera artística e, por conseguinte, ampliar suas habilidades de interação social e reflexão identitária. Além da elaboração e aplicação das oficinas em turmas regulares de instituições públicas de ensino situadas em Foz do Iguaçu – o que, por seu lado, demanda também a realização de pesquisa –, paralelamente está sendo desenvolvido um blog do projeto, em que se pretendem apresentar dados relativos ao processo extensionista em questão, de forma a propiciar o compartilhamento de experiências extensionistas. PALAVRAS-CHAVE: Extensão universitária; manifestações artísticas latinoamericanas; escolas públicas; oficinas.

Mapeamento do legado cultural eslavo do Centro Sul do Paraná: relações interculturais Mariléia Gärtner. - UNICENTRO Adriana Kutzmy. - UNICENTRO (SETI/USF) Rosilene Aparecida Przybyszewski.– UNICENTRO (SETI/USF) RESUMO: A Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO está inserida num espaço historicizado de cultura eslava. Imigrantes Ucranianos e Poloneses, no século XIX e XX, imigraram para essa região, marcando significativamente o Centro Sul do Paraná. Esses grupos étnicos têm contribuído de forma decisiva para a diversificação e o enriquecimento da cultura regional e brasileira, e os elementos culturais e artísticos das comunidades eslavas da região apresentam uma diversidade cultural que necessita de mais visibilidade Assim, há mais de 12 anos docentes da referida IES desnvolvem ações extensionistas, vinculadas ao programa de extensão Núcleo de Estudos Eslavos/NEES, com o objetivo de promover a maior visibilidade da cultura eslava (polonesa e ucraniana), por meio do registro/mapeamento do legado cultural das comunidades ucranianas e polonesas da região. O NEES, desde 2011, já desenvolveu três programas de extensão em comunidades eslavas da região e as ações já desenvolvidas indicam a necessidade de mapear novos espaços (como Cruz Machado) e aprofundar determinados aspectos da cultura eslava já identificados (em relação a crenças, rituais, festas, brincadeiras e práticas leitoras) em municípios que o NEES vem trabalhando nos últimos 4 anos (como Irati, Mallet e Prudentópolis), assim como promover cursos de formação de agentes culturais, atendendo solicitações efetivadas pelas próprias comunidades, em visitas de campo realizadas em anos anteriores. PALAVRAS-CHAVE: Multiculturalismo, extensão universitária, ensino de língua, cultura eslava.

Literatura indígena: desconstruindo estereótipos na escola Silvely Brandes. Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG RESUMO: A literatura produzida por indígenas vem, nos últimos anos, ganhando destaque no Brasil. Este destaque deve-se, em grande parte, à instauração da lei 11.645/08, que determina que as culturas indígenas e afro-brasileiras sejam estudadas em todas as escolas do país. Na literatura, essas culturas e identidades são contempladas, portanto, as narrativas literárias, principalmente as escritas por indígenas e afrobrasileiros, tornaram-se materiais importantes para o cumprimento da lei. Neste trabalho, buscamos apresentar a literatura de três escritores indígenas contemporâneos: Yaguarê Yamã (pertencente à família dos Maraguá e dos Saterê-Mawé), Olivio Jekupé (indígena Krukutu) e Daniel Munduruku (da nação Munduruku), como alternativas para serem trabalhadas em sala de aula. Buscamos observar esses textos literários como formas de desconstruir estereótipos sobre os povos indígenas, na medida em que as narrativas dos autores trazem as memórias e as identidades suas e de seus povos. A literatura indígena é vista pelos escritores como “uma maneira para educar a sociedade brasileira, ensinar a olhar para os povos indígenas não com o olhar do colonizador, mas com o olhar das próprias comunidades” (MUNDURUKU, 2015). Portanto, acreditamos que a leitura de livros de autoria indígena é necessária nos cursos de formação de professores e nas escolas, e defendemos que esta leitura seja feita a partir de um olhar crítico sobre as ideologias dominantes, para que, assim, os indígenas passem a serem vistos como sujeitos múltiplos, que possuem diferentes modos de pensar, que constroem saberes e que, portanto, tem muito a nos ensinar. PALAVRAS-CHAVE: Literatura indígena; identidades; estereótipos; ensino.

Avaliação na disciplina de Língua Portuguesa em um colégio de Ponta Grossa/PR: complexidades de um trabalho docente realizado em grupo Simone de Fátima Colman Martins – UEPG RESUMO: Este trabalho é uma pesquisa de mestrado em andamento, cujo objetivo principal é investigar como acontece, na visão dos professores envolvidos, o processo de elaboração de avaliações na disciplina de língua portuguesa pelo grupo que atua em um colégio de Ponta Grossa/PR. No referido colégio, por exigência da equipe diretiva, os professores das diferentes unidades devem elaborar em conjunto as avaliações mensais e bimestrais as quais são aplicadas em todas as sedes da escola. Metodologicamente, a pesquisa é qualitativa e os dados advêm de dois instrumentos: entrevistas e grupos de estudos. Tanto para participar das entrevistas quanto para o grupo de estudos, foram convidados professores da área de língua portuguesa que atuam do 6º ao 9º anos. O referencial teórico utilizado baseia-se em autores como Rajagopalan (2003, 2013), Sobrinho (2003), Faraco (2008), Lagares (2011), Moita Lopes (2013), Correa (2014). Os resultados levantados até o momento são os seguintes: segundo os docentes entrevistados, o trabalho de elaborar avaliações em grupo é muito complexo, pois pressupõe administrar confrontos e lidar com divergência de ideias, que dizem respeito tanto a questões de relacionamento pessoal, quanto às relativas a formação acadêmica, tratamento de conteúdos, dentre outros fatores. Os professores expressaram também que em alguns momentos sentem-se realizados e em outros, angustiados, especialmente quando têm de receber críticas dos colegas e também fazer críticas, pois reconhecem que as críticas muitas vezes não se restringem a questões de trabalho, mas extrapolam para a esfera pessoal. PALAVRAS-CHAVE: Critérios de elaboração de provas; avaliação de língua portuguesa; noção de língua e gramática.

Formação de Professores de LI e Identidades Sociais de Raça: apontamentos sobre branquitude e branquidade Susana Aparecida Ferreira – UNIOESTE Aparecida de Jesus Ferreira – UEPG RESUMO: Ao falar de identidades sociais de raça e prática docente voltada para a mesma temática (SILVA, 2003; GOMES, 2005; FERREIRA, 2014; 2015), é necessário entender que todo discurso é moldado na presença do outro (MOITA LOPES, 2002). Dessa maneira, quando falamos em formação docente voltada para uma educação antirracista, é necessário considerar as identidades sociais de raça do professor de língua inglesa (LI). Assim, a intenção desta comunicação é refletir acerca de algumas questões que envolvem o possível despreparo do professor para trabalhar com questões relativas às identidades sociais de raça (FERREIRA, 2004). Essas reflexões fazem parte de uma pesquisa de doutorado que está em andamento. O contexto se passa em uma escola pública do interior do Paraná, com duas professoras participantes de uma oficina de formação focada na temática identidades sociais de raça e formação pedagógica. A problematização que pretendemos responder é: a oficina de formação continuada contribuiu para a reflexão e prática pedagógica das professoras acerca de identidades sociais de raça? Para contribuir com este trabalho, trazemos algumas reflexões acerca de branquitude e branquidade (PIZA, 2002; BENTO, 2009; SILVA, 2014) para complementar as discussões, como também reflexões a respeito de identidades sociais de raça. Os resultados demostram que a oficina de formação contribuiu para a reflexão e prática nas aulas de LI das professoras que participaram da mesma. Concluindo, apontamos que, segundo relato das docentes, a oficina contribuiu para que elas pudessem inserir esse tipo de reflexão em suas aulas. PALAVRAS-CHAVE: Formação Docente; Identidades Sociais de Raça; Branquitude e Branquidade.

SIMPÓSIO - TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NO CONTEXTO PORTUGUÊS-LIBRAS QUINTA-feira SALA: 20 SEXTA-feira SALA: 21 Coordenadores: Dr. Jorge Bidarra (UNIOESTE) Ms. Leidiani da Silva Reis (PG-UNIOESTE) Iara Mikal Holland Olizaroski (PG-UNIOESTE)

RESUMO GERAL: Embora, há muito tempo, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) venha sendo usada pela comunidade surda em território nacional, foi somente em 24 de abril de 2002, com a publicação da Lei nº 10.436 e Decreto n° 5.626, que ela se tornou a segunda língua oficial no país. O fato de ela ser uma língua visoespacial, modalidade bastante distinta da do Português (língua oroauditiva), bem como a necessidade, cada vez maior, de se garantir um processo interpretativo e tradutório de qualidade, no que tange à interface entre as duas línguas, vem abrindo um leque de possibilidades de pesquisas avançadas, não só na Linguística Teórica, mas também em outras áreas do conhecimento, dentre as quais podendo-se citar a Linguística Cognitiva, a Psicolinguística, o Processamento da Linguagem Natural e a Linguística Computacional. Seja na modalidade oral-escrita ou na língua de sinais, o processo de tradução é complicado e requer meios para que os problemas que surgem nesse âmbito sejam solucionados sem comprometer o sentido do texto. Mais especificadamente, a tradução/interpretação de uma língua oral para uma língua de sinais – como da Língua Portuguesa para a Libras – é um trabalho mais complexo do que se tem feito até hoje na área profissional dos Tradutores e Intérpretes da Libras (TILS). Nessa perspectiva, ao considerar a tradução enquanto espaço diferencial que deve ser privilegiado na cultura de chegada e não de saída (BAKER, 1993), este simpósio abre possibilidade para discussões relacionadas ao processo de tradução/interpretação Português-Libras. PALAVRAS CHAVE: Tradução; Interpretação; Interface PortuguêsLibras.

O processo tradutório envolvendo a Língua Portuguesa e a Libras face à diferença de modalidade e a ocorrência de itens lexicais ambíguos

Jorge Bidarra (UNIOESTE) RESUMO: Traduzir textos de uma língua para outra de forma direta, ou seja, para cada palavra da língua fonte aplica-se na língua destino uma palavra equivalente, há muito já se sabe, não produz resultados satisfatórios. Estudos realizados na área da tradução, mais do que confirmarem a inadequação da técnica e deixarem claro que ao se fazer uma tradução literal fatos importantes (tanto de um ponto de vista lexical, quanto sintático e semântico) tendem ser negligenciados, têm demonstrado que, para além da gramática de cada língua envolvida, outros aspectos precisam ser levados em conta. Um deles, que em nosso trabalho assume um papel de fundamental importância, diz respeito à questão da diferença de modalidade entre as línguas submetidas ao processo tradutório. Em nossa apresentação, buscaremos não apenas discutir essa questão, mas também apresentar alguns resultados parciais obtidos com pesquisas que vimos realizando em nosso grupo, no âmbito da tradução de textos de língua portuguesa para Libras e vice-versa. Mais especificamente, para esse momento e como pano de fundo, traremos para o debate o fenômeno da ambiguidade lexical, suas nuanças, complicações e possíveis tratamentos, tudo sempre com o objetivo maior de dar suporte ao trabalho de tradução pretendido pelo nosso grupo de pesquisa. PALAVRAS-CHAVE: Tradução Português-Libras-Português; Modalidade Linguística; Ambiguidade Lexical.

O paradoxo entre a teoria e a prática quanto à disponibilização de Tradutor e Intérprete de Libras durante o atendimento aos surdos em órgão públicos

Elisandra Márcia Johann (SEMED) RESUMO: O sujeito surdo ao exercer cotidianamente seu papel de cidadão por meio das relações sociais e de trabalho tem a necessidade de se comunicar estabelecendo, assim, contato com a comunidade e, para tanto, deve ter condições de ser entendido pela sociedade em todos os seus segmentos. Considerando esse contexto, esse artigo objetiva investigar como tem ocorrido a relação surdo-ouvinte, ou seja, se durante o processo de comunicação em órgãos públicos está sendo disponibilizado o Tradutor Intérprete da Língua Brasileira de Sinais (TILS). Para tanto, faremos, junto aos órgãos públicos do município de Cascavel-PR, uma sondagem no intuito de verificar se tem se concretizado o que garante a Lei nº 12.095 de 11 de março de 1998, a qual reconhece oficialmente a Língua Brasileira de Sinais (Libras) no estado do Paraná, quanto à disponibilização de TILS no atendimento aos surdos em repartições públicas estaduais e municipais, estabelecimentos bancários e hospitalares públicos, escolas, entre outros. Para tanto utilizaremos a pesquisa de revisão bibliográfica, pautada em documentos, bem como a de campo de cunho qualitativo. Averiguamos que, nesse contexto, embora a disponibilização de tal profissional seja garantida por lei para assegurar direitos aos surdos, infelizmente, em alguns casos, para que ela “saia do papel” torna-se necessário reivindicar ao próprio órgão público competente o seu cumprimento. PALAVRAS-CHAVE: Sujeito Surdo; Tradutor Intérprete da Língua Brasileira de Sinais; Legislação; Atendimento Público.

Variação diatópica na Língua Brasileira de Sinais

Grace Kelly Mendes (UFSC) RESUMO: Ao considerar que uma comunidade de fala não pode ser concebida como um grupo de falantes que usam as mesmas formas linguísticas, à luz da abordagem laboviana, que concebe as línguas como sistemas heterogêneos, em que a variação é fenômeno inerente (LABOV, 2008), o presente trabalho tem como objetivo observar, na Língua Brasileira de Sinais (Libras), como se comportam as variedades linguísticas diatópicas, ou seja, aquelas que variam por razões geográficas. Escolhemos, inicialmente, cinco elementos linguísticos para verificar tais variações, os quais foram avaliados a partir de sinais usados pelos surdos e por profissionais que trabalham com a Tradução e interpretação da Libras. Entrementes, para impulsionar a produção desse artigo, pautamonos em uma metodologia de cunho qualitativo, bibliográfico e, ao final, de campo. Com os resultados alcançados foi possível perceber que a Libras, assim como qualquer outra língua, apresenta variações regionais, que vem reforçar o seu caráter natural. As variações existentes na Língua Brasileira de Sinais são bastante significativas, pois apresentam consideráveis sinais diferentes de Estado para Estado, por exemplo. Nesse contexto, observamos que um estudo mais cauteloso e aprofundado seria capaz de trazer à tona as diferenças que permeiam o uso da Libras no Brasil e que poderiam diminuir as distorções e a falsa impressão de que uma variação da Libras possa ser melhor que outra, por conta da região que a populariza. PALAVRAS-CHAVE: Variação Linguística Diatópica; Libras; Sociolinguística Laboviana.

A interpretação de Expressões Idiomáticas para pessoas surdas

Iara Mikal Holland Olizaroski (UNIOESTE) Leidiani da Silva Reis (UNIOESTE) Jorge Bidarra (Orientador – UNIOESTE) RESUMO: As Expressões Idiomáticas (EIs) são próprias de uma língua e necessitam, muitas vezes, serem traduzidas para outra(s) língua(s). No caso da Língua Brasileira de Sinais (Libras), esse processo se dá por meio de um Tradutor e Intérprete da Libras (TILS) e tem sido eficaz diante das atividades cotidianas da pessoa surda, tais como palestras, contexto educacional, concursos, entre outras. Tal profissional precisa estar preparado para interpretar, consecutiva e simultaneamente, de forma coerente nas mais distintas e diversas situações. À vista disso, a presente pesquisa objetiva investigar como o TILS tem procedido diante da interpretação quando da ocorrência de EIs. Para tanto, foi solicitado a três TILS a interpretação de três expressões, sem a intenção de comparar estratégias por eles utilizadas, mas sim de verificar como estão chegando aos surdos tais idiomatismos que são específicos da Língua Portuguesa. Para a realização dessa investigação, além da pesquisa de revisão bibliográfica, utilizamos também a de campo e a documental, uma vez que, após contato com os TILS, o corpus pauta-se em filmagens para a análise das EIs em questão. O que pudemos verificar, portanto, diante das interpretações é que, para que uma EI saia da Língua Portuguesa e chegue ao surdo, por meio da Libras, de forma a lhe fazer sentido, o intérprete deve, além de ter conhecimento de tais idiomatismos, lançar mão de estratégias para que possam ser compreendidas e, assim, tornarem-se conhecidas pelo surdo. PALAVRAS-CHAVE: Expressão Idiomática; Interface Língua Portuguesa-Libras; Tradutor e Intérprete da Libras.

Abordagens de ensino frente à educação dos surdos

Josiani Israel Rosalen (CAS) Manuela Marcondes de Aragão (CAS) RESUMO: Sabemos que diversos procedimentos foram implantados no ensino dos alunos surdos do Brasil, no decorrer dos tempos. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo discutir a respeito das metodologias que compõem a educação desses indivíduos, evidenciando o Oralismo, a Comunicação Total e, principalmente, o Bilinguismo, perspectiva atual. Nesse contexto, recorremos à revisão bibliográfica pertinente ao assunto e refletimos criticamente acerca das vantagens e desvantagens de cada um deles para o desenvolvimento linguístico e social do sujeito surdo. Com o estudo realizado é possível perceber que, na época do Oralismo, a criança surda era impedida de se comunicar por meio da Língua de sinais, gestos ou qualquer outro meio que não fosse oral. Durante a Comunicação Total foi diferente: o surdo não só podia como devia utilizar todas as formas de comunicação (gestos naturais, português sinalizado, Libras (Língua Brasileira de Sinais), alfabeto datilológico, fala, leitura labial, leitura e escrita) para desenvolver-se linguisticamente. Desde a década de 90, com a proposta bilíngue, a língua de sinais passa a ser a primeira língua do sujeito surdo (L1) – devendo ser aprendida o mais cedo possível - e a língua portuguesa passa a ser a segunda (L2). Essa corrente reconhece a língua de sinais como língua verdadeira com itens lexicais, morfêmicos, sintáticos e semânticos e seu objetivo principal é estruturar o sujeito surdo, fazendo-o reconhecer seu valor social e cognitivo. PALAVRAS-CHAVE: Sujeito Surdo; Ensino; Perspectivas Metodológicas.

O letramento do sujeito surdo

Katiuscia Wagner (UNIOESTE/CAS) Rosiene Queres de Aguiar Soares (UNIOESTE/CAS) RESUMO: Não podemos negar que, no decorrer dos anos, houve mudanças em relação à educação dos sujeitos surdos, como, por exemplo, a legislação que dá lugar de destaque ao papel lingüístico da língua dos surdos e a educação bilíngüe. Mesmo assim, há uma grande barreira entre o que é teorizado e o que é, de fato, praticado no contexto do indivíduo surdo, principalmente em sua vida escolar. Nessa perspectiva, o objetivo desse artigo é refletir sobre o letramento das crianças surdas, verificando em que medida a proposta bilíngüe acontece efetivamente. Sabemos que, pelo mesmo na teoria, a educação bilíngüe é, sem dúvida, uma das condições significativas para o letramento escolar desses indivíduos, cuja identificação lingüística e cultural se faz a partir da Língua Brasileira de Sinais (Libras), língua natural dos surdos brasileiros. Assim sendo, para a realização desse trabalho, adotamos como metodologia a pesquisa qualitativa, do tipo revisão bibliográfica. Com os estudos realizados, foi possível perceber que o letramento somente é possível se for conduzido num contexto bilíngüe real, o qual capacitará os sujeitos surdos para que possam transitar com autonomia no contexto de uma sociedade letrada. Acreditamos que, nessa perspectiva, o letramento propicia a formação de um indivíduo mais crítico e uma educação de fato mais voltada para a cidadania. PALAVRAS-CHAVE: Letramento; Sujeito Surdo; Ensino-Aprendizagem.

A atuação do Tradutor e Intérprete de Libras como mediador de conhecimento no contexto escolar

Keli Pereira Malaquias (SEED) RESUMO: Desde a promulgação do Decreto nº 5.626/2005 o qual regulamenta a Lei nº 10.436/2002, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como a língua oficial da pessoa surda e garante a presença de um Tradutor e Intérprete de Libras (TILS) nas escolas, tanto públicas quanto privadas, para mediar o conhecimento transmitido pelo professor ao aluno surdo, tal público vem sendo matriculado, no intuito de receber um ensino de qualidade. Esse profissional, no entanto, deve ter condições de, em qualquer disciplina, fazer tal mediação com qualidade. Assim, objetivamos, nesse artigo, por meio da pesquisa de campo, de cunho qualitativo, observar como tem sido a relação alunointérprete, aluno-professor e professor-intérprete no contexto de sala de aula e, também, fora dela, ou seja, se o professor tem mantido contato com o TILS para discutirem sobre o processo de interpretação, bem como sobre os conteúdos que serão ministrados para dar-lhes condições de se preparem, principalmente quanto à terminologia própria de cada disciplina ou conteúdo. Nesse contexto, pudemos analisar que a presença do TILS além de se fazer necessária para que ocorra a mediação e, consequentemente, o aprendizado do aluno surdo, é de extrema importância, visto que é por intermédio do intérprete que esse aluno tem se apropriado dos conhecimentos historicamente construído. Porém constatamos também que, algumas vezes, não tem ocorrido o diálogo entre professores e intérpretes, o que tem interferido direta ou indiretamente no processo de ensinoaprendizagem do aluno em questão. PALAVRAS-CHAVE: Contexto escolar; Tradutor Intérprete de Libras; Mediação de Conhecimento.

Referenciação diante da tradução ‘per se’: a Libras como língua de chegada

Leidiani da Silva Reis (UNIOESTE) Iara Mikal Holland Olizaroski (UNIOESTE) Jorge Bidarra (Orientador – UNIOESTE) RESUMO: O fenômeno da referenciação continua a ocupar lugar central no interesse de pesquisadores da área de linguagem. Apesar da complexidade que envolve o assunto, vários avanços significativos estão sendo obtidos, mas com mais intensidade a respeito das línguas orais. O mesmo não se pode afirmar em relação às línguas de sinais em geral, e em particular no que diz respeito à Língua Brasileira de Sinais (Libras). Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo identificar e analisar o modo como os elementos referenciais são introduzidos na Língua Brasileira de Sinais (Libras), assumindo como ponto de partida a Língua Portuguesa. Para isso adota-se como meio de representação a interlíngua glosa-Libras, com intenção de construção de um Corpus Paralelo, norteado pela tradução ‘per se’ de Baker (1993), uma vez que se reconhece essa atividade tradutória enquanto espaço diferencial que deve ser privilegiado na cultura de chegada. Enquanto em Língua Portuguesa os estudos sobre os elementos referenciais dão conta de que os pronomes, as expressões nominais, os sinônimos, entre outros, desempenham um papel crucial, na Libras, o recurso disponível se dá via “indicação” de pontos determinados no espaço, normalmente marcados pelo enunciador, a sua frente. Justamente por ser uma língua visuoespacial, o dêitico-anafórico, nas análises realizadas, tem se mostrado o mecanismo de coerência e coesão de maior expressividade na Libras. PALAVRAS-CHAVE: Tradução ‘per se’; Referenciação; Interface Língua PortuguesaLibras; Corpus Paralelo.

Glossário terminológico com palavras ambíguas da Língua Portuguesa

Marcelo José Nogueira (EFICAZ/UNIOESTE) RESUMO: Na Língua Portuguesa ocorre fenômenos de ambiguidade lexical por meio da homonímia e polissemia os quais, no processo de tradução e interpretação para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), não se constatam. Diante disso, propomos, nesse artigo, um estudo sobre a tradução de palavras ambíguas do português para Libras. Objetivamos, portanto, refletir sobre a necessidade de organização de um glossário de palavras que comprovem a ocorrência de tais fenômenos e, consequentemente, contribua para compreensão de vocábulos pertinentes à linguagem técnica e terminológica da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Para isso, observamos, durante as aulas ministradas, num curso superior, a ocorrência de palavras ambíguas para organizá-las em glossários. Diante do acontecimento dos vocábulos lexicais ambíguos em sala de aula, o foco se voltará ao Tradutor Intérprete da Libras (TILS) a fim de analisar como tem ocorrido a tradução e interpretação diante de termos ambíguos e se a dupla interpretação, por parte do surdo, incide somente sobre o item lexical, ou seja, se se dá unicamente no nível das palavras homônimas e polissêmicas. Para tanto, adotamos a metodologia qualitativa, do tipo revisão bibliográfica e de campo. Com a análise das palavras ambíguas em Língua Portuguesa e da produção do glossário correspondentes a esses verbetes, enseja-se mostrar que tal fenômeno semântico, por ser constante, deve ter um tratamento especial para que possam ser compreendido ao ponto de não tornar todo o enunciado incompreensível pelo surdo. PALAVRAS–CHAVE: Ambiguidade em Língua Portuguesa; Glossário em Libras; Vocábulos em Libras.

Tradução cultural: uma ferramenta para a integração das culturas surda e ouvinte

Naiara Beatriz de Souza da Silva (UNESC) Franz Kafka Porto Domingos (UNESC) RESUMO: A presente proposta tem como objeto de estudo a obra “O pequeno príncipe” (1943) do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry e pretende apontar e comentar as dificuldades no processo tradutório de uma tradução cultural (Koller, 1979) e intralingual (Jakobson, 1959), além de propor uma tradução, tomando por base o conceito da domesticação de Lawrence Venuti (1995). Pensa-se, aqui, a tradução cultural como fundamentada em processos de negociação de identidades e representações culturais, de forma a evidenciar a cultura de chegada por meio da substituição cultural (Beekman & Callow,1974) de elementos. Dessa maneira, por meio do transplante cultural (Hervey & Higgins,1992), serão inseridos elementos da cultura surda no decorrer da história. Isso pode ser um facilitador em instigar o contato com a narrativa, pois, geralmente, uma leitura agradável ocorre quando há identificação do leitor com o texto. Como consequência, haverá uma interação entre comunidade ouvinte e surda, pois ambas encontrarão elementos de suas culturas presentes no decorrer do texto. Por esse motivo, essa comunicação tenta demonstrar que a tradução da obra “O pequeno príncipe” pode mediar culturalmente as comunidades surdas/ouvintes e auxiliar na motivação da leitura. Se positiva, a iniciativa abrirá uma nova perspectiva no ensino de literatura para surdos e, também, para a integração da comunidade ouvinte, que passará a reconhecer um pouco mais da cultura do surdo. PALAVRAS-CHAVE: Tradução cultural; Domesticalização; Transplante Cultural.

A formação e atuação do Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais Brasileira na cidade de Cascavel-PR

Sheila Duarte Bassoli (UFFS) Verônica Rosemary de Oliveira (UFSC/CAS) RESUMO: A atuação do Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais (TILS) na cidade de Cascavel-PR teve início ainda na década de 1990 em comunidades, igrejas e grupos onde participavam pessoas surdas e era realizada de forma voluntária. Com o tempo essa demanda foi aumentando e com a inclusão de surdos em escolas, faculdades, empresas, dentre outros, a presença do TILS se fez cada vez mais necessária. Surgia então a urgência de formação e capacitação para atender a esse público. Algumas instituições começaram a oferecer curso de Língua Brasileira de Sinais (Libras), ministrados por professores surdos, cursos esses que acontecem até hoje. Diante disso busca-se, nesse artigo, discutir a formação do TILS e sua atuação no município de Cascavel-PR, uma vez que na cidade não há cursos de formação superior para tal profissional mesmo com a grande demanda existente. Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica de cunho qualitativo, pois se preocupa com aspectos da realidade dos profissionais dessa área. Em âmbito nacional, essa é uma profissão nova e ainda é escasso o número de instituições que oferecem cursos de extensão ou de graduação Letras/Libras. Para que a profissão seja realmente valorizada pela sociedade, é importante sua organização enquanto categoria por meio de associações ou sindicatos que busquem lutar por direitos e reconhecimento desse profissional. PALAVRAS-CHAVE: Tradutor e Intérprete de Libras; Formação Profissional; Atuação Profissional.

O Tradutor e Intérprete de Libras frente ao desafio de traduzir e interpretar conceitos científicos Verônica Rosemary de Oliveira (UFSC/CAS) RESUMO: O presente artigo tem por tema apresentar a problemática acerca do desafio vivenciado pelo Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais (TILS), na disciplina de Biologia ministrada no Ensino Médio. O TILS está presente em sala de aula para mediar a comunicação entre professor-aluno surdo, aluno surdo-professor e, ainda, aluno surdo-colegas. Essa mediação, no entanto, não é o único trabalho desse profissional em sala de aula que, para atuar nas diferentes disciplinas, deve ter além da fluência em Libras, o conhecimento sobre o processo tradutório. Muitas vezes o TILS também deve atuar junto com o professor, no que diz respeito ao ensino-aprendizagem, principalmente se o aluno em questão não for fluente em Libras e/ou em Língua Portuguesa. Portanto, essa pesquisa objetiva analisar, diante do conteúdo “células” que, em Biologia, apresenta terminologia própria, com conceitos complexos, a qual não encontra sinais correspondentes em Libras, tornando o trabalho do intérprete extremamente difícil. Para isso, recorrer-se-á a pesquisa de revisão bibliográfica, bem como a de campo para analisar como tem sido realizada a interpretação dos termos próprios da Biologia ante a esse público, bem como refletir sobre as dificuldades enfrentadas para a interpretação. A partir da análise e reflexão das terminologias serão apontadas algumas estratégias e recursos que possam auxiliar na prática científica em sala de aula e também contribuir na formação de futuros TILS. PALAVRAS CHAVE: Tradutor e Intérprete de Libras; Interpretação de Terminologias; Alunos Surdos.

As contribuições da Escrita de Sinais da Libras para os registros envolvendo a tradução, o ensino e a aprendizagem.

Valdenir de Souza Pinheiro (UNIOESTE) RESUMO: As Línguas de Sinais (LS) são tridimensionais e seu processamento ocorre na modalidade visual espacial (QUADROS, 2004). Por suas características e peculiaridades, por muito tempo a maioria das LS eram apenas de fala e não de escrita. Em meados de 1974, Valerie Sutton com pesquisadores da Língua de Sinais Americana (ASL) desenvolveu um sistema de escrita, o SignWriting. No Brasil, a escrita da Língua Brasileira de Sinais (Libras) teve início por volta de 1996 com o projeto SignNet (STUMPF, 2005). Essa forma de notação escrita, além de possibilitar o registro tridimensional da Libras, também contribui para a memorização e a associação de novos conhecimentos, tanto por parte dos surdos quanto dos ouvintes, uma vez que é possível falar e escrever nesta língua, assim como ocorre com a maioria das línguas orais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é apresentar os resultados das disciplinas de Escrita de Sinais I e II no curso de Letras Libras do ensino superior, e suas contribuições com a formação dos futuros professores e dos Tradutores e Intérpretes da Língua Portuguesa/Libras (TILSP) Ouvintes e Surdos. Para desenvolver este trabalho, utilizamos o SW-Edit editor de interface gráfica sistema de transcrição de textos produzidos em Língua Portuguesa para Libras escrita. A Escrita de Sinais (ES) possui estratégias de construção de significados a partir de gráficos esquemáticos que possibilita a construção dos signos linguísticos da Libras, podendo contribuir tanto para a tradução quanto para o ensino e aprendizagem desta língua. PALAVRAS-CHAVE: Escrita de Sinais em Libras; Tradução; Registro de dados.

Atendimento psicológico: ouvindo o surdo na sua língua materna sem a ajuda de intérpretes

Luciana de Freitas Bica (EFICAZ) RESUMO: A intenção de realizar esse trabalho surgiu do fato de haverem pacientes surdos que necessitam de atendimento psicológico e, na maioria das vezes, os psicólogos se encontram completamente despreparados para realizar esse tipo de atendimento. Assim, o objetivo geral dessa pesquisa é apresentar uma reflexão sobre a importância do psicólogo atender o surdo na Língua Brasileira de Sinais (Libras). E como objetivos específicos: mostrar recursos para o atendimento psicológico aos surdos; analisar a importância desse tipo de atendimento na Psicologia e; evidenciar a problemática de desenvolvimento da linguagem dos sujeitos surdos e sua dificuldade de acesso à cultura majoritária. A terapia com surdos requer muita dedicação e paciência, pois além do surdo, o trabalho se estende à família, um dos principais focos dos conflitos do sujeito surdo, pois interagindo com a família, o indivíduo se socializa e passa a se integrar em determinados grupos sociais e, mais amplamente, na sociedade. Os surdos vivem os mesmos conflitos e angústias que um ouvinte, porém, a falta de um sistema de atendimento psicológico que contemple suas necessidades e particularidades é o principal obstáculo para ele. Diante disso, essa pesquisa, com caráter exploratório e abordagem qualitativa, defende um tratamento psicológico feito na língua materna do surdo, ou seja, que o profissional psicólogo tenha domínio dessa língua e possa se comunicar com o paciente sem barreiras, ou seja, sem o auxílio de um intérprete. PALAVRAS-CHAVE: Atendimento Psicológico; Língua Brasileira de Sinais; Surdez; Inclusão.

Expectativas de um trabalho de Monografia referente à aprendizagem matemática de alunos surdos educados no oralismo

Steffani Maiara Colaço Miranda (UNIOESTE) Tânia Stella Bassoi (UNIOESTE) RESUMO: Ao longo da história percebemos quão árduo se deu o trabalho de ensino e aprendizagem de pessoas surdas. Uma das metodologias abordadas foi o oralismo a qual entra em vigor com maior ênfase a partir de 1880 no II Congresso Internacional de Surdos em Milão, a partir de então e até pouco tempo atrás, tal metodologia era imposta nas escolas e institutos. O oralismo preconizava o treinamento das pessoas surdas em obtenção da fala a qualquer preço, estimulava a leitura labial e bania o uso de sinais como meio de comunicação. Quanto a isso, há registros de que pessoas surdas, nesse momento da história, tinham suas mãos amarradas para que não pudessem utilizá-las para se comunicarem. O ensino nas escolas era focado nos treinamentos da fala, deixando muitas vezes de lado o ensino dos conteúdos de matemática, história e geografia, por exemplo. Com isso, pretendemos identificar o que de matemática, alunos educados no oralismo puderam apropriar-se, ou seja, quais os conceitos matemáticos assimilados por esses discentes. Para tanto, recorreremos à pesquisa qualitativa, do tipo revisão bibliográfica e de campo, por meio da entrevista semiestruturada. Após a coleta das informações, serão definidas categorias para proceder a análise dos dados obtidos, sempre confrontando-os com os estudos teóricos realizados. É possível inferir que o aprendizado do aluno surdo, orientado numa perspectiva oralista, fica fragilizado em relação às questões matemáticas. PALAVRAS-CHAVE: Oralismo; Aprendizagem matemática; Expectativa.

A desambiguação lexical na tradução e interpretação das provas do ENEM para Libras: contribuições para a leitura do candidato surdo.

Tânia Aparecida Martins (UNIOESTE) RESUMO: O reconhecimento e a regulamentação da Língua Brasileira de Sinais – Libras (Lei 10.436/02 e Decreto 5.626/05) tem proporcionado cada vez mais a garantida dos direitos dos surdos. Em 2014, após uma ação civil pública movida pela Federação Nacional de Educação e Interação do Surdo - Feneis, a 11ª Vara Federal de Curitiba concedeu o direito aos estudantes surdos brasileiros de ter a prova do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, traduzida/interpretada para Libras a partir de 2015, já se encontram traduzidos para Libras e disponibilizados em sites os Editais do Enem de 2014 e 2015 com vídeos de aproximadamente 1h35 min cada. Este trabalho, portanto, surge da transcrição e análise que realizamos do edital de 2014, a escolha deste foi por ser o primeiro neste formato, as transcrições foram feitas a partir do Sistema de Transcrição ELAN (EUDICO Linguistic Annotor), que permite criar, editar, visualizar e transcrever vídeos e áudios, os itens analisados durante a transcrição foram: sinais que apresentam ambiguidade lexical em Libras, morfema-boca e sinais co-ocorrentes. Nossas observações levam a crer que ocorrências de sinais ambíguos também podem acontecer durante a tradução/interpretação das 90 questões que compõe as provas do ENEM. Contudo, quais seriam os recursos de desambiguação que os tradutores e intérpretes de Libras poderiam lançará mão durante esse processo em que o candidato surdo estará concentrado nesta prova? Assim, o objetivo deste trabalho é refletir sobre os recursos tradutórios e interpretativos que poderão auxiliar nesta atividade. PALAVRAS-CHAVE: Ambiguidade lexical em Libras; Tradução e Interpretação do ENEM; Recursos tradutórios; Desambiguação.

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