Caminhamos rumo a uma sociedade da (in)comunicação?

July 5, 2017 | Autor: Felipe Tessarolo | Categoria: Jornalismo, Comunicação Social, Jornalismo Digital, Sociedade do Espetaculo, Cultura da Mídia
Share Embed


Descrição do Produto

Caminhamos rumo a uma sociedade da incomunicação? | Observatório da Imprensa – Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito

Terça-feira, 11 de Agosto de 2015

Observatório

11/08/15 16:49

ISSN 1519-7670 - Ano 19 - nº863

Seções

OI na TV

Vídeos OI

OI no Rádio

Blogs OI

Serviços

Contato

!

"

+

$

%

&

Busca avançada Edição nº 863

Edição nº 862

Edição nº 861

Edição nº 860

Edição nº 859

Anteriores >>

FEITOS & DESFEITAS > INFORMAÇÃO & ESPETÁCULO

Caminhamos rumo a uma sociedade da incomunicação?

OI no Facebook Observatório da Imp… 231.354 curtidas

Por Felipe Maciel Tessarolo em 16/06/2015 na edição 855 Tweetar

0

Curtir

44

0

0 comentários Curtir Página

“Durante as últimas décadas, as indústrias culturais possibilitaram a multiplicação dos espetáculos nos novos espaços midiáticos e em sites, e o espetáculo em si tornou-se um dos princípios organizacionais da economia, da política, da sociedade e da vida cotidiana.” (Douglas Kellner) Não é difícil perceber a validade da afirmação de Douglas Kellner na sociedade contemporânea. Ligue a televisão ou acesse um portal de notícias e faça uma leitura crítica do conteúdo ali disponibilizado. Procure também pelos vídeos mais “relevantes” do YouTube ou então comece a reparar nas notícias e nos posts que aparecem no seu feed do Facebook. As formas de entretenimento permeiam notícias e dados, e uma cultura de infoentretenimento tabloidizada está cada vez mais popular. Frequentemente somos bombardeados com notícias e escândalos que acabam se transformando em verdadeiros espetáculos.

Compartilhar

123 amigos curtiram isso

Cadastre-se e receba nossas notícias E-mail

Enviar

Uma das lógicas da publicidade e dos anunciantes é a busca por um determinado público a custos cada vez mais baixos. Percebe-se que essa lógica tem invadido o jornalismo, mesclando a informação com o entretenimento, derrubando a fronteira entre essas duas áreas. Uma informação contextualizada e apurada por profissionais de comunicação divide espaço com informações de entretenimento e lazer midiático. A busca pela audiência/cliques intensificou a divulgação do espetáculo nos meios de comunicação. O “jornalismo caça ao clique” Guy Debord desenvolveu o conceito da Sociedade do Espetáculo nos anos 1960. Para o teórico francês, o espetáculo constitui um conceito abrangente para descrever a mídia e a sociedade de consumo, incluindo produção, promoção, exibição de mercadorias e produção e seus efeitos. Para o autor, as relações entre as pessoas transformaram-se em imagens e espetáculo. “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens”, argumenta Debord. Por exemplo, na segunda-feira eu abro meu Facebook e começam a aparecer na minha linha do tempo as postagens dos meus amigos sobre o final de semana deles. Vejo que alguns foram à praia, outros fizeram um churrasco e assim por diante. Começo a comentar essas publicações, mas em nenhum momento eu ligo pra eles ou temos uma conversa, pessoalmente, sobre esses eventos. A maneira com a qual eu me relacionei com eles foi pela imagem que eles divulgaram do que eles fizeram. Agora amplifique isso para o relacionamento de toda uma sociedade, acabamos nos relacionando por conta de um capítulo polêmico da Novela das 9, por causa de uma Copa do Mundo, o mais recente Festival de Rock e assim por diante. Substituímos a realidade e os contatos do cotidiano pelo consumo da imagem desses espetáculos. Vivemos mais no espelho do que fora dele. Em recente artigo no Observatório da Imprensa, intitulado “O suicídio do jornalismo”, Sylvia Moretzsohn fala sobre o “jornalismo caça ao clique”. Segundo a autora, com o campo aberto pela internet, as grandes agências de notícia, no Brasil e no exterior, não parecem ter clareza no que devem fazer. Ao invés de priorizarem o jornalismo, que exige o distanciamento e o rigor, essas empresas cedem ao imediatismo e à cacofonia das redes. Comece a reparar a quantidade de listas que aparecem para você, tendências de comportamentos, fofocas sobre as celebridades e assim por diante.

Mais vistos

1 2

Nem conchavos e nem emendas

Golaço de Romário, pisada na bola de “Veja”

3

As brechas para a subversão na TV

4

O desespero com a alta do dólar é uma falácia midiática

5

O padrão de beleza imposto pela mídia

Canais OI

A força da horda e a busca de si próprio http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/caminhamos-rumo-a-uma-sociedade-da-incomunicacao/#comentarios

Página 1 de 4

Caminhamos rumo a uma sociedade da incomunicação? | Observatório da Imprensa – Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito

A vida político-social acaba sendo moldada pelo espetáculo. A própria globalização se expandiu através dele. A cultura da mídia global está dominada por megacorporações que combinam entretenimento, informação e uma vasta seleção de produtos comercializáveis. Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio falecido recentemente, fala sobre uma sociedade da incomunicação. Para o uruguaio, o mundo nunca foi tão desigual economicamente, nem tão furiosamente igualador, em relação as ideias e costumes que se impõem em todo lugar. “Seus progressos devastadores, no entanto, saltam aos olhos. Os meios de comunicação da era eletrônica, a maioria a serviço da incomunicação humana, estão impondo a adoração unânime dos valores da sociedade neoliberal. Eles nos mentem, por imagens ou omissão, e concede, no máximo, o direito entre escolher coisas idênticas.” Complementando, Francisco Gracioso fala do casamento entre o Espetáculo e a Comunicação, uma das características da sociedade pós-moderna. Pós-moderno deriva do termo pósmodernismo que surgiu após a Segunda Guerra Mundial e, ao contrário da Sociedade Industrial, este não é um termo que encontrou um denominador comum. Mas, segundo Gracioso, podemos afirmar que o conceito de da sociedade pós-moderna envolve estas características principais: Hedonismo – a busca frenética pelo prazer que leva à obsessão pelo espetáculo; conflito entre indivíduo e coletividade – a contradição que existe entre a força da horda, provocando o surgimento das tribos urbanas e a busca dolorosa de si próprio que atormenta os seres humanos:

11/08/15 16:49

OI no Twitter Tweets

Seguir

ObservatórioImprensa @observatorio

2m

Hoje, 20h, na TV Brasil, o Observatório da Imprensa apresenta um programa especial sobre os 75 anos da morte de Leon Trotsky. Não perca! Expandir ObservatórioImprensa @observatorio

13m

Dilma, Kissinger, os delatores e o bate-boca

Tweetar para @observatorio

Código Aberto

VER TODOS OS ARTIGOS

Negação dos valores e da autoridade – uma revolução sem causa que procura destruir as estruturas sociais, pregando a liberdade sem limites e o esquecimento dos valores morais; Vulgarização da informação – ao contrário da terminologia usada por muitos, não se pode falar de explosão do conhecimento. As massas de hoje são talvez mais ignorantes e perigosas do que nunca, mas em teoria têm à sua disposição uma pletora de informações que não são capazes de utilizar; Velocidade das mudanças – O mundo está em constante evolução e isto aprofunda o fosso entre as gerações. A necessidade de uma boa definição Nesse sentido, indiferente qual seja a sua classe social, somos todos pós-modernos, queremos ter, ser, fazer e pertencer. Nesse contexto que acontece o marketing de hoje, uma proposta apoiada cada vez mais no entretenimento. A publicidade e a propaganda assumem novas propostas. As marcas, além de investirem em anúncios e em comunicação de massa, passam a explorar o cotidiano da sociedade e os grandes espetáculos. Veja o nome dos palcos do último Lollapalooza que você vai entender o recado. No mapa abaixo conseguimos identificar o Palco Axe, Lolla Express by Correios, Sempre Livre Lolla Lounge, Palco Skol, Pepsi Live Sound, Fusion DJ Studio, Ray Ban Expression, Espaço Chevrolet Onix e assim por diante. Reparou que, praticamente, todos os locais do evento estavam associados a alguma marca? O mesmo tem acontecido com alguns veículos de comunicação, que deixam de abordar aspectos importantes da sociedade, e passam a focar em eventos/notícias que conseguem atrair mais cliques/audiência. Como descrito lá em cima, faça agora o teste. Entre no site que você costuma visitar todos os dias para se informar sobre os últimos acontecimentos e faça uma leitura analítica do conteúdo ali disponibilizado. Relacione aqueles que lhe permitem fazer uma leitura sobre a sociedade e aqueles que lhe mostram onde o cantor tal estacionou o carro ou que a ex-BBB queimou a boca com pastel. O casamento entre publicidade e jornalismo, se bem delimitado, pode permitir o desenvolvimento das empresas de comunicação e a liberdade de imprensa. Porém, quando essa divisão não fica muito bem definida e o espetáculo e a busca pela audiência se transformam na razão de ser das empresas de comunicação, a longo prazo caminhamos cada vez mais para uma sociedade da incomunicação, onde, segundo Galeano, “os povos foram substituídos pelos mercados; os cidadãos pelos consumidores; as nações pelas empresas; as cidades pelas aglomerações e as relações humanas pelas concorrências comerciais.” Referências: “Cultura da Mídia e Triunfo do Espetáculo”. Douglas Kellner – artigo publicado no livro Sociedade Midiatizada, organizado por Dênis de Moraes, 2006. “Espetáculo e Comunicação: Um casamento pós-moderno”. Francisco Gracioso – artigo publicado na Revista da ESPM, julho/agosto de 2007.

Leitura crítica como vacina contra a xenofobia informativa Carlos Castilho

Cada dia que passa fica mais claro que já não é mais possível ler jornal como há 20 ou 30 anos. Os jornais não mudaram, ou mudaram muito pouco. O que mudou, de fato, foi a realidade que os cerca e o contexto onde os jornalistas exercem sua atividade. Saiba mais Recomendar

649

Tweetar

99

22

Curadoria de Notícias Marketing usa jornalismo numa tragédia Textos recomendados

O site de jornalismo investigativo Storyful mostrou como uma empresa espanhola de marketing usou o drama dos imigrantes africanos na Europa para forjar uma história jornalística na rede social Instagram. Recomendação de Carlos Castilho Saiba mais

O “passaralho” norte-americano Textos recomendados

Cerca de 28,450 jornalistas norte-americanos terão perdido o emprego desde 1990 até o ano que vem. Há uma migração de profissionais da imprensa metropolitana para os jornais locais, que foram os que mais empregaram no período. É o que você pode ler no artigo Newsonomics: The halving of America’s daily newsrooms. Recomendado por Carlos Castilho. Saiba mais

http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/caminhamos-rumo-a-uma-sociedade-da-incomunicacao/#comentarios

Página 2 de 4

Caminhamos rumo a uma sociedade da incomunicação? | Observatório da Imprensa – Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito

11/08/15 16:49

“Revendo Debord”. José Aloise Bahia. Observatório da Imprensa – http://observatoriodaimprensa.com.br/speculum/a_sociedade_do_espetaculo/

Portal brasileiro para profissionais da mídia

“O suicídio do jornalismo”. Sylvia Debossan Moretzsohn. Observatório da Imprensa – http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/o-suicidio-do-jornalismo/

Textos recomendados

O Brasil é o primeiro país, depois dos Estados Unidos, a receber o portal do Facebook direcionado a jornalistas, publicitários e relações públicas. Texto recomendado por Celestino Vivian. Saiba mais

“Sua publicidade financia o que mesmo?” Dal Marcondes. CartaCapital – http://www.cartacapital.com.br/sociedade/sua-publicidade-financia-o-que-mesmo-7352.html *** Felipe Maciel Tessarolo é professor universitário Tweetar

0

Curtir

44

0

0 comentários

Todos os comentários 0 comentários

Classificar por Mais antigos

Adicionar um comentário...

Facebook Comments Plugin

Artigos recomendados A mitologia da revolução

Renato Negrão, um crítico da propaganda

Que perguntas o jornalista deve responder?

SIGA O OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA Observatório

TODAS AS SEÇÕES

ARQUIVO COMPLETO

• História

• Objetivos

• Equipe

• Contato

OBSERVATÓRIO NA TV

HÁ 10 ANOS NO OI

Almanaque

2015

Programas anteriores

Eles preferem as loiras

Aos leitores

2014

Vídeos dos programas

Ethevaldo Siqueira

Armazém Literário

2013

Caderno da Cidadania

2012

Caderno do Leitor

2011

Censura

2010

Cidadania

2009

Ciência

2008

Circo da Notícia

2007

Último post

Congresso em Lisboa

2006

Arquivo completo

Conjuntura mundial

2005

Conjuntura Nacional

2004

Crise na imprensa

2003

Rosane Pavam

OBSERVATÓRIO NO RÁDIO Programas Anteriores

CÓDIGO ABERTO

Nelson de Oliveira Para matérias sobre crianças e adolescentes A prisão de Judith Miller O mensalão já está na Wikipédia Cerco à imprensa do Sudão e de Uganda >>Faltam análises de fundo >>Não engolir Jefferson Crítica interna

http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/caminhamos-rumo-a-uma-sociedade-da-incomunicacao/#comentarios

Página 3 de 4

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.