Camões e a sua época

July 21, 2017 | Autor: Rui Pacheco | Categoria: Higher Education
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A ONDA OU A CAPACIDADE DE REFLETIR

"A Onda" é um filme atual que nos mostra, de uma forma clara, como uma simples ideologia pode fazer mudar mentalidades e arrastar multidões.
Esta obra cinematográfica, baseada numa história real, conduz o espetador ao mundo de Reiner Wenger, um indivíduo com uma personalidade muito forte e um ótimo professor. Logo no início, o espetador apercebe-se da rebeldia deste homem, pois enquanto dirige o seu trabalho canta a clássica "Rock N' Roll High School". Através desta canção, o espetador apercebe-se que ele tem em mente algo de grandioso.
Aproveitando a tradição escolar em que cada professor aborda diferentes formas de governo nas suas turmas, ao longo de uma semana, os alunos de Reiner Wenger são levados a concluir que restam apenas duas formas de governo autocrático: o nazismo e o fascismo.
Através de várias questões, o docente induz os alunos a pensarem nas condições que tinham levado à criação daqueles regimes e, também pelo diálogo, concluem que a Alemanha jamais voltaria a adotar um regime totalitário, como aconteceu com o Nazismo.
No entanto, o professor Wenger conduz habilmente os seus alunos a um sistema semelhante. Assim, os alunos vão sendo levados "na onda", como eles se autodenominam. A experiência vai sendo considerada positiva, pois todos se tornam mais obedientes e respeitosos em casa, e até melhoram a sua postura física na sala de aula. A aceitação de regras é pacífica e o código dos que entram "na onda" é bastante respeitado.
O movimento cresce e torna-se um grupo organizado: criam um logotipo, websites, adotam um uniforme e uma forma de cumprimento padrão. Sempre guiados pelos ideais de coesão do grupo e de superioridade, começam a cometer atos de vandalismo. Desta forma, o movimento começa a ultrapassar os limites razoáveis e o professor começa a perder o controlo do que se está a passar.
Uma das personagens, Karo, não concordando com o rumo dos acontecimentos, coloca-se contra "a onda" e pede a Marco que fale com o professor e lhe diga que algo de errado está a acontecer. Wenger, no entanto, não entende a chamada de atenção, e qualifica Marco de traidor e que, portanto, deve ser castigado.
De entre as várias personagens, merece destaque a figura de Tim, um rapaz que é vítima do sistema. Habitualmente reprimido, vê na "onda" o significado da sua vida e começa a enlouquecer, tomando atitudes comportamentais extremistas. Tudo o que ele queria era fazer parte de um grupo, e isso a "onda" ofereceu-lhe.
No final, o filme apresenta as fragilidades de algo imperfeito por natureza, pois apesar da coesão do grupo e das melhorias referidas pelos pais, os membros da "onda" vivem na intolerância e não conseguem viver sem o ódio e a segregação.
Este filme constitui uma metáfora do que se aplica a qualquer movimento de massas. Demostra também que, numa sociedade desprovida de valores e de poder reflexivo, todos podem ser facilmente demovidos por alguém que se considere líder.
No plano político, muitos deste líderes, apesar de terem sido eleitos democraticamente, têm a capacidade de fanatizar as massas e de as manobrar ideologicamente, usando geralmente métodos antidemocráticos, como a censura, perseguições, prisões arbitrárias e cerimoniais de elogio do líder.
Em resumo, "A Onda" tem a virtude de levar o espetador a não ficar indiferente aos fenómenos de massificação, fanatismo e intolerância e que, se não tiver espírito crítico, pode inclusivamente estar a ser objeto de um desses processos totalitários.

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