CAPACIDADE DE COMBINAÇÃO EM CARACTERES AGRONÔMICOS E PRODUÇÃO DE GRÃOS DE MILHETO

September 12, 2017 | Autor: R. Soares Pereira | Categoria: Pearl Millet, Combining Ability, Grain Yield
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CAPACIDADE DE COMBINAÇÃO EM CARACTERES AGRONÔMICOS E PRODUÇÃO DE GRÃOS DE MILHETO

ELIZENE DAMASCENO RODRIGUES1 MAURICIO BALLESTEIRO PEREIRA2 ELIZABETH BERNARDO BALLESTEIRO PEREIRA3 EDIMILSON DIAS MAGALHÃES4 MARINETE BEZERRA RODRIGUES4 ALEXANDRE DE SOUZA MENDES BORGES5 JOSEANE ANDREATO5 RAFAEL PEREIRA DO NASCIMENTO5 1. 2. 3. 4. 5.

Doutoranda do CPG em Fitotecnia, UFRRJ; Professor Adjunto, Departamento de Genética da UFRRJ; Professor Adjunto, Departamento de Matemática da UFRRJ; Aluno do curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas, bolsista do PIC da UFRRJ; Aluno do curso de Agronomia, UFRRJ.

RESUMO: SOARES, E.D.R.; PEREIRA, M.B.; PEREIRA, E.B.B.; MAGALHÃES, E.D.; RODRIGUES, M.B.; BORGES, A. de S.M.; ANDREATO, J.; NASCIMENTO, R.P. do. Capacidade de combinação em caracteres agronômicos e produção de grãos de milheto. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 25, n. 2, p. xx-xx, jul.-dez., 2005. Para estudar a capacidade de combinação em caracteres que compõem a produção de matéria seca e a produção de grãos em milheto foi feito um dialélico envolvendo as cultivares Souna III, HKP, Guerguera BRS, BN2 e IAPAR. Os resultados indicaram que as cultivares HKP, Guerguera e BRS tiveram os maiores valores para CGC para as características que compõem a massa seca. Considerando os valores da CGC e CEC, as combinações mais promissoras são: IAPAR e BRS, que se destacou principalmente devido à CEC e Guerguera e Souna III, que teve valores altos tanto para a CGC como para CEC. Os resultados indicaram ainda que as cultivares HKP, Guerguera e BRS tiveram os maiores valores para CGC para comprimento da panícula, as cultivares BRS, Guerguera e Souna III tiveram os maiores valores para CGC para diâmetro da panícula, características que compõem a produção. Considerando os valores da CGC e CEC, as combinações mais promissoras foram: Guerguera X BRS e Souna III X BRS. Palavras-chave: Pennisetum glaucum, cruzamentos, dialélicos, produção de grãos. ABSTRACT: SOARES, E.D.R.; PEREIRA, M.B.; PEREIRA, E.B.B.; MAGALHÃES, E.D.; RODRIGUES, M.B.; BORGES, A. de S.M.; ANDREATO, J.; NASCIMENTO, R.P. do. Capacidade de combinação em caracteres agronômicos e produção de grãos de milheto. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 25, n. 2, p. xx-xx, jul.-dez., 2005. To study the combining ability in biomass and yield characters in pearl millet it was made a dialelic with the cultivar Souna III, HKP, Guerguera BRS, BN2 and IAPAR. The results indicated that HKP, Guerguera and BRS had the largest values for GCA for the characteristics that compose biomass. Considering the values of GCA and ECA, the most promising combinations are: IAPAR crossed with BRS, that stood out mainly due to CEC and Guerguera crossed with Souna III, that had high values as for CGC as for CEC. Results still indicated that HKP, Guerguera and BRS had the largest values for GCA for panicle length, while BRS, Guerguera and Souna III, the largest GCA to panicle diameter, characteristics that compose grain yield. Considering the values of GCA and ECA, the most promising combinations are: Guerguera crossed with BRS, and Souna III crossed with BRS. The reciprocal effects were not significant for none of the studied characters. Key words: Pennisetum glaucum, breeding, diallelics.

INTRODUÇÃO O milheto pérola (Pennisetum glaucum (L.) R. Brown) é uma gramínea anual que foi domesticada no sul das terras altas do

Saara Central entre quatro e cinco mil anos, distribuindo-se pelas áreas semi-áridas tropicais da África e Ásia (KUMAR & NIANEY, 1989), diferenciando-se em milheto precoce e tardio. É amplamente

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cultivado nas áreas inóspitas e marginais dos trópicos semiáridos da África e do subcontinente indiano, onde o consumo dos seus grãos constitui importante fonte alimentar. A importância alimentar do milheto é marcante entre 8º e 7º de latitude Norte. Nessa zona, este é às vezes, a única espécie produtora de grãos capaz de manter-se em condições de baixa pluviosidade (100 mm a 800 mm anuais), constituindo-se no cereal de subsistência. Em locais onde as chuvas são mais abundantes também pode ser cultivado, mas se acha em concorrência desfavorável com outros cereais como sorgo, milho e arroz (CLEMENT et al., 1993). O milheto apresenta grande amplitude de variabilidade genética no germoplasma já coletado (ANDREWS & KUMAR, 1992). As fontes primárias dessa variação morfológica são as raças nativ as e os cultivares de polinização aberta melhorados da África Ocidental. O material genético da África Ocidental tende a tolerar estresse hídrico, solos de baixa fertilidade, baixo pH, alta saturação de alumínio e altas temperaturas (EMBRAPA, 1999). Cruzamentos de milheto demonstram que é possível à seleção de linhagens com aumento transgressivo da produção de grãos e da taxa de crescimento (BRAMEL–COX et al., 1986). O uso de hibridação, como forma de melhoramento, é recomendado quando as características genéticas de interesse apresentam heterose, a qual depende entre outras coisas da presença de genes dominantes. A estratégia a ser adotada em um programa de melhoramento, porém depende da análise genética dos caracteres, pois isso leva a um melhor conhecimento das relações genéticas entre os genitores envolvidos em cruzamentos, que podem ser úteis na escolha do método de melhoramento e de seleção a serem empregados, bem como a visualização do potencial genético de futuras linhagens (CRUZ & REGAZZI, 1994). Vários métodos genético-estatísticos foram propostos para análise dialélica, sendo um deles

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apresentado por GRIFFING (1956). Neste método são estimados os efeitos e as somas de quadrados dos efeitos da capacidade geral e específ ica de combinação. Na escolha das populações e das combinações híbridas mais promissoras para o futuro programa de melhoramento é importante considerar, além da capacidade geral e específica de combinação, a existência, ou não, de efeitos recíprocos já que as respostas podem diferir quando um genitor é, ou não, o doador do pólen. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi o de estudar o efeito da capacidade de combinação em caracteres agronômicos ligados a produção de matéria seca e nos caracteres produção de grãos, número de panículas, comprimento e diâmetro de panícula de seis cultivares de milheto.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas seis cultivares de milheto pérola, sendo três produtoras de grão, de origem Africana (Souna III, HKP e Guerguera), e três de origem brasileira BRS, BN2 e IAPAR. O plantio para a obtenção dos híbridos e o experimento para testar os híbridos foram conduzidos na área do Campo Experimental do Departamento de Fitotecnia da UFRRJ, no município de Seropédica – RJ. O preparo do solo constou de aração e duas gradagens cruzadas. A semeadura foi realizada em covas de 2 cm a 3 cm de profundidade, com espaçamento de 0,50 m x 0,50 m. Foram colocados quatro a cinco sementes por cova, para garantir a germinação, e após sete dias foi feito o desbaste, deixando-se uma planta por cova. Para a obtenção dos híbridos foi semeada uma linha de 50 m de comprimento de cada variedade. De cada variedade foram tomadas ao acaso 50 plantas, que apresentavam as panículas com flores ainda fechadas. Estas foram utilizadas como progenitores femininos. As panículas foram protegidas por um saco de

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papel amarrado por um barbante na extremidade, para evitar polinização aleatória. Um dia antes da realização do cruzamento, foram colocados sacos de papel nas panículas que estavam iniciando a abertura das anteras, para coletar pólen. No dia seguinte, pela manhã, o saco foi removido da panícula do progenitor masculino, registrando-se a data e o nome do genótipo, e transportado até a fileira do progenitor feminino pretendido. O saco que protegia a panícula do progenitor feminino foi removido e imediatamente substituído pelo saco que continha o pólen. Este saco foi passado para cima e para baixo nos estigmas a fim de garantir uma boa distribuição do pólen, em seguida foi fechado firmemente com barbante na extremidade. Abaixo da área polinizada foi feito um anel, retirando-se as flores, para separar cruzamento aleatório do controlado. No dia seguinte, foram verificados os cruzamentos a fim de detectar estigmas que escaparam da polinização. Os estigmas podem muitas vezes permanecer receptivos por três ou mais dias em condições favoráveis. Após a polinização bem sucedida, os estigmas secam e murcham dentro de seis horas (WILLINGALE & MAUTLE, 1995), o que possibilita o seu reconhecimento. Estes estigmas eram polinizados outra vez, ou removidos. Desta forma foram obtidos 15 híbridos e 15 híbridos recíprocos, sendo cada cruzamento repetido em 10 plantas, cujas sementes foram misturadas. Os 15 híbridos, 15 recíprocos e os seis pais foram testados em um ensaio em látice 6x6, com 36 tratamentos, com três repetições. Os caracteres avaliados foram: altura da planta (AP), diâmetro do colmo (DC), número de folhas (NF), número de perfilhos (NP), ângulo da segunda folha (AF), comprimento da segunda folha (CF), largura da segunda

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folha (LF), massa seca total (MS), produção de grãos (PG), número de panículas (NP), comprimento (CP) e diâmetro de panícula (DP). A análise preliminar da variância foi feita em látice por meio do programa GENES, e a análise do dialélico balanceado foi feita com base nas médias obtidas da análise do experimento em látice, usando o método I proposto por GRIFFING (1956). O modelo experimental proposto é: Yij = m + gi + gj + sij + rij + ijk Onde, Yij é o valor médio da combinação híbrida (i  j) ou do progenitor (i = j), m é a média geral, gi, e gj são os efeitos da CGC do i-ésimo ou j-ésimo progenitor, sij é o efeito da CEC para os cruzamentos entre os progenitores de ordem i e j, rij é o efeito recíproco que mede as dif erenças proporcionadas pelo progenitor i, ou j, quando utilizado como macho ou fêmea no cruzamento ij, ij é o erro experimental médio associado à observação de ordem ij. Neste modelo são considerados sij = sji, rij = - rji e rii = 0. Detalhes dessa análise podem ser encontrados em CRUZ & REGAZZI (1994).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Biomassa: O ef eito de CGC f oi significativo (P < 0,01) para comprimento de folha e significativo (P < 0,05) para altura da planta e número de folhas e não significativo para diâmetro do colmo, número de perfilhos, ângulo da folha, largura da folha e massa seca da palhada. Para CEC o teste F foi significativo a 5% apenas para altura da planta, e não significativo para os demais caracteres. Os (ER) foram não significativos para todos os caracteres estudados (Tabela 1).

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Tabela 1. Quadrados médios da capacidade geral de combinação (CGC), capacidade específica de combinação (CEC), do efeito recíproco (ER) e do resíduo de acordo com modelo I de GRIFFING, (1956) para caracteres de biomassa.

AP DC NF NP AF CF LF MS

CGC CEC 1,691* 1,178* 0,435ns 0,357ns 83,35* 30,60ns 32,21 ns 16,13 ns 818,2 ns 2109,2 ns 2360,020** 662,050 ns 10,937 ns 5,520 ns 16680 ns 16949 ns

ER 0,728ns 0,201ns 17,03ns 14,97 ns 934,0 ns 697,2 ns 8,414 ns 18685 ns

Resíduo 0,514 0,238 15,55 29,9 1538,1 504,09 5,275 14326

ns, *, ** - não significativo, significativo a 0,05 e 0,01 de probabilidade pelo teste F respectivamente.

Com relação à CGC, as cultivares HKP, Guerguera e BRS se destacaram nas características que apresentaram valor significativo de “F”. Para altura da planta e número de folhas os maiores valores da CGC foram da BRS e da Guerguera. Para comprimento da segunda folha foram da HKP e BRS, mas com Guerguera apresentando um valor muito próximo desta última. Para massa seca total, embora o teste F não tenha detectado significância, os resultados seguem aproximadamente essa mesma tendência, o que é razoável, já que essas características são determinantes da massa seca. A exceção foi a BN2, que aparece em terceiro lugar, à

frente da HKP, provavelmente porque seus híbridos apresentaram maior número de perfilhos (Tabela 2). A CGC refere-se à habilidade de um genitor produzir progênies com dado comportamento, quando cruzado com uma série de outros genitores (BORÉM, 2001). Segundo VENCOVSKY & BARRIGA (1992), a CGC está relacionada a ef eitos aditiv os, representando o comportamento médio dos pais em combinações híbridas. Assim, pode-se inferir dos resultados que as cultivares Guerguera e BRS poderiam ser usadas em programas de melhoramento visando aumento da produção de massa seca.

Tabela 2. Estimativas da capacidade geral de combinação segundo o método de Griffing (1956) para caracteres de biomassa.

HKP

IAPAR

Guer.

BN2

Souna

BRS

AP

0,078

-0,247

0,272

-0,12

-0,304

0,322

DC

-0,077

0,084

0,182

-0,10

-0,167

0,079

NF

-0,553

-1,651

2,31

-1,6

-0,884

2,38

NP

0,684

0,781

-2,31

0,507

0,178

0,156

AF

0,474

-0,115

-11,1

1,664

3,072

5,968

CF LF

11,454 0,562

-10,82 -0,950

7,636 -0,04

-8,10 -0,45

-7,808 -0,048

7,643 0,924

MS

3,75

-46,56

21,26

15,15

-13,99

20,39

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Notou-se que os genitores BRS e Guerguera foram os que formaram híbridos com maiores alturas, maiores diâmetros dos colmos e maiores números de folhas, porém menores números de perfilhos. Mesmo assim, foram os que apresentaram maiores produções de massa seca, indicando que nesse caso, a característica número de perfilho não foi a mais importante na determinação da massa seca. Considerando-se a CEC, verifica-se que somente a altura da planta apresentou significância pelo teste F (Tabela 1). Para essa característica os híbridos IAPAR e BRS, BN2 e Souna III, Guerguera e Souna III e Guerguera e BRS, se destacam. Para massa seca, característica que embora não tenha sido significativa pelo teste F merece destaque pela importância, os cruzamentos com maiores valores da CEC foram entre IAPAR e BRS, Guerguera e Souna III e HKP e Souna III. A capacidade específica de combinação refere-se ao comportamento de uma combinação específ ica, que pode desv iar do comportamento esperado com base na CGC (BORÉM, 2001). Segundo VENCOVSKY & BARRIGA (1992), a CEC está relacionada aos efeitos gênicos não aditivos, caracterizando os desvios de combinações híbridas em relação ao comportamento médio dos pais. A combinação híbrida mais favorável é aquela que apresenta maior CEC, na qual pelo menos um dos genitores tenha maior CGC e seja divergente em relação ao genitor com o qual está sendo cruzado. No entanto, nem sempre dois genitores de alta CGC e divergentes, quando cruzados, originam o melhor híbrido em um dialelo, em virtude, principalmente, dos efeitos de dominância envolvidos no controle dos caracteres não serem unidirecionais. Além disso, a grandeza e a variação de CGC e da CEC não depende apenas dos efeitos gênicos, mas também das estruturas genéticas dos

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genitores envolvidos no dialelo. Neste caso, por exemplo, ao comparar as combinações 1x5 e 2x6, ambas indicadas como promissoras para produção de palhada, observa-se que a primeira combinação apresenta porte mais baixo (1,53 m), maior capacidade de perfilhamento, menor comprimento e largura da 2ª folha, maior número de panícula mas, com comprimento e diâmetro de panícula menor. Enquanto que a combinação 2x6 apresenta porte mais alto (1,80 m), menor capacidade de perfilhamento, maior comprimento e largura da 2ª folha, menor número de panícula, mas com comprimento e diâmetro maior. Ressalta-se contudo que o híbrido 2x6 apresenta-se como a primeira melhor combinação tanto para produção de palhada, já o híbrido 1x5 como o terceiro em produção de palhada. A combinação 3x5 apresentou comportamento inverso a combinação 1x5. Considerando os valores da CGC e CEC, as combinações mais promissoras são entre IAPAR e BRS, se destacou principalmente devido à grande CEC entre os progenitores e entre Guerguera e Souna III, teve valores altos tanto para a capacidade geral com específica de combinação. Os resultados obtidos não deixam muito claro se o uso de híbridos seria a melhor estratégia para o melhoramento para produção de palhada, já que o teste F não indicou significância para massa seca. Mas, pelos resultados de caracteres que compõem a massa seca, fica evidente que as cultivares envolvidas apresenta diferenças nos efeitos aditivos e podem ser exploradas em programas de melhoramento, com a finalidade de obtenção de novas cultivares ou de compostos. Com relação aos efeitos recíprocos, não f oram observ adas diferenças significativas em nenhum dos caracteres ligados à biomassa, portanto a posição dos progenitores nos cruzamentos, se masculino ou feminino, é indiferente.

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Tabela 3. Estimativas da capacidade específica de combinação segundo o método de GRIFFING (1956).

Cruzamentos

AP

DC

NF

NP

AF

CF

LF

MS

1x1

0,71

-0,20

-1,56

2,05

28,79

-10,64

1,863

146,455

1x2

0,13

-0,28

4,03

1,55

5,10

-7,17

0,509

-74,732

1x3

-0,57

0,72

-3,32

-3,17

23,18

13,13

-0,388

-54,121

1x4

-0,30

0,04

-1,78

0,09

-4,38

16,14

0,395

-40,246

1x5

-0,32

-0,10

0,24

0,62

-22,56

-9,92

-1,168

45,809

1x6

0,35

-0,18

2,39

-1,13

-30,14

-1,54

-1,211

-23,166

2x2

-0,47

0,12

-0,42

1,39

-10,85 -22,19

0,135

-36,149

2x3

-0,25

0,10

-2,53

-2,70

-2,08

4,35

0,386

1,333

2x4

-0,31

0,03

-2,16

-0,44

13,71

7,75

-1,335

-56,262

2x5

0,04

-0,24

0,43

1,52

-7,70

-1,62

-0,250

35,437

2x6

0,86

0,27

0,64

-1,32

1,82

18,88

0,555

130,373

3x3

-0,42

-0,70

-2,89

0,68

43,32

-18,15 -2,652

33,846

3x4

0,26

-0,26

1,66

-0,20

-5,34

-10,89 -0,454

-16,945

3x5

0,55

-0,06

3,25

1,13

-23,00

10,06

1,074

50,717

3x6

0,44

0,21

3,84

4,26

-36,07

1,50

2,034

-14,830

4x4

-0,38

0,33

0,35

-1,14

-7,55

-17,82 -0,669

130,886

4x5

0,56

0,02

3,27

1,51

1,45

4x6

0,17

-0,16

-1,34

0,19

2,11

3,25

0,505

-4,248

5x5

-0,57

0,43

-4,11

-3,95

4,64

-8,98

-0,556

-67,234

5x6

-0,26

-0,04

-3,07

-0,83

47,17

8,88

-0,658

-51,543

6x6

-1,56

-0,09

-2,45

-1,17

15,12

-30,97 -1,225

-36,587

1,58

1,558

-13,185

(1) HKP, (2) IAPAR, (3) Guerguera, (4) BN2, (5) Souna III e (6) BRS.

Produção de grãos: O efeito de CGC foi significativo (P < 0,01) para comprimento de panícula e diâmetro de panícula, e não significativo para número de panículas e produção de grãos. Para o efeito CEC o teste F foi significativo a 5% para os caracteres comprimento e diâmetro da panícula e não significativo para os demais. Os efeitos recíprocos (ER) foram não significativos para todos os caracteres estudados (Tabela 4). Os progenitores HKP, Guerguera e BRS apresentaram os maiores valores para a CGC para o caráter comprimento da panícula. Já para o caráter diâmetro da panícula foram os progenitores BRS, Guerguera e Souna III, respectivamente. Para produção de grãos o teste F não apresentou significância, mas dado à importância dessa característica vale a pena comentar que a maior CGC foi do progenitor HKP.

Tabela 4. Quadrados médios da capacidade geral de combinação (CGC), capacidade específica de combinação (CEC), do efeito recíproco (ER) e do resíduo de acordo com modelo I de Griffing, (1956) para caracteres ligados à produção de grãos.

FV CGC CEC ER Res

NP ns 73,26 ns 24,75 ns 18,11 28,99

Quadrados médios CP DP ** ** 6537,24 312,73 * * 1018,27 130,02 ns ns 640,33 65,40 442,35 52,70

PG ns 38,87 ns 92,19 ns 76,91 58,12

ns, *, ** - não significativo, significativo a 0,05 e 0,01 de probabilidade pelo teste F respectivamente.

Isso se deve provavelmente ao destaque desse material quanto ao comprimento das panículas, que é um dos componentes da produção (Tabela 5).

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Tabela 5. Estimativas da capacidade geral de combinação segundo o método de GRIFFING (1956) para caracteres ligados à produção de grãos.

NP CP DP PG

HKP -0,66 24,11 -0,85 1,12

IAPAR 2,51 -16,07 -5,52 0,46

Guer -2,05 12,58 3,23 0,29

Já que a CGC está relacionada a efeitos aditivos, e representa o comportamento médio dos pais em combinações híbridas, pode-se inferir dos resultados que as cultiv ares HKP e Guerguera e BRS poderiam ser usadas em programas de melhoramento v isando aumento da produção de grãos. O genitor IAPAR foi o que apresentou híbridos com menor comprimento e diâmetro de panícula em contrapartida apresentou maior número de panículas o que possivelmente lhe conferiu o terceiro melhor material com boa capacidade de combinação para produção de grãos, perdendo para as cultivares HKP, que produziu os híbridos com as maiores produções, e Souna III. Os híbridos com maiores comprimentos de panículas foram obtidos pelos genitores HKP, Guerguera e BRS, já o diâmetro da panícula, os maiores valores foram observados nos híbridos dos progenitores BRS Guerguera, e Souna III. De um modo geral as cultivares de origem africana apresentaram maior capacidade de produção de grãos quando comparadas com as cultivares de origem brasileira. Entre as cultivares brasileiras a IAPAR foi a única que se destacou em termos de produção de grãos. Considerando-se a CEC (Tabela 6), verifica-se que os híbridos que apresentam maiores valores para o caráter comprimento da panícula, foram entre Souna III e BRS, Guerguera e BRS e IAPAR e Guerguera. Para o caráter diâmetro da panícula foram os híbridos entre IAPAR e Guerguera, Guerguera e BRS e entre Souna III e BRS. Considerando-se a CGC e CEC em conjunto os híbridos que mais se destacaram foram Guerguera x BRS e Souna III x BRS. No seu processo de

BN 1,74 -15,87 -22,57 -0,22

Souna III -1,05 -9,48 2,33 0,78

BRS -0,49 4,74 3,38 -2,43

perfilhamento o milheto pode originar até 40 colmos secundários por planta, potencialmente portadores de panículas (NORMAN et al., 1995). O número de perfilhos que persistem e chegam ao florescimento é função do genótipo e das condições ambientais, particularmente o espaçamento entre plantas (MAITI & BIDINGER, 1981). Tabela 6. Estimativas da Capacidade Específica de Combinação segundo o método de GRIFFING (1956) para caracteres ligados à produção de grãos.

Cruz. 1x1 1x2 1x3 1x4 1x5 1x6 2x2 2x3 2x4 2x5 2x6 3x3 3x4 3x5 3x6 4x4 4x5 4x6 5x5 5x6 6x6

NP -1,416 0,620 -0,186 -0,272 2,465 -1,210 6,60 -4,710 0,808 -0,409 -2,908 5,764 -1,888 -1,355 2,376 0,872 0,475 0,004 -1,562 0,387 1,352

CP 38,677 -0,705 -11,617 -3,396 -16,480 -6,478 -5,487 13,809 -17,938 -2,714 13,035 -32,607 1,564 12,114 16,738 -10,229 19,351 10,649 -3,853 -8,417 -25,528

DP 7,045 -0,277 -8,082 2,769 -0,102 -1,354 -4,395 11,493 -5,879 -1,38 0,438 -12,738 -1,374 3,033 7,669 -0,059 5,776 -1,234 -5,137 -2,191 3,329

PG -4,002 -1,497 -3,470 2,556 4,588 1,825 -2,198 -5,639 2,091 -0,516 7,759 6,014 -1,390 2,997 1,488 9,006 -9,035 -3,228 4,219 -2,253 -5,591

(1) HKP, (2) IAPAR, (3) Guerguera, (4) BN2, (5) Souna III e (6) BRS.

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 25, n. 2, jul.-dez., 2005. p. 16-23.

SOARES, E.D.R.; et al.

Esta característica, portanto, pode ser um forte componente da produção de grãos. Nesse caso, porém, não houve variação significativa para a mesma, indicando que, para as seis cultivares cruzadas, não há variação suficiente entre os híbridos que justifique maior atenção. Pelos resultados obtidos fica evidente é possív el obter híbridos com v alores superiores para comprimento e diâmetro de panícula. Já para produção de grãos não houve diferença entre os mesmos. No entanto, como a produção é em parte determinada pelo comprimento da panícula (GERALDO, 2002), é possível que os híbridos formados venham a mostrar maiores produções. Os resultados mostram que há variabilidade aditiva e não aditiv a em relação aos caracteres comprimento e diâmetro de panículas. Os efeitos recíprocos foram não significativos para os caracteres ligados à produção de grãos, dessa forma, uma vez escolhida a combinação desejada, tanto faz qual dos genitores será usado como feminino ou masculino.

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