Caracterização do Estado Nutricional de Goiabeiras em Declínio Parasitadas por Meloidogyne mayaguensis

July 23, 2017 | Autor: Claudia Dolinski | Categoria: Psidium guajava, Root-knot nematode, Nematologia
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Vicente M. Gomes, Ricardo Moreira Souza, Marcelo M. Silva & Claudia Dolinski COMUNICAÇÃO

Caracterização do Estado Nutricional de Goiabeiras em Declínio Parasitadas por Meloidogyne mayaguensis* Vicente M. Gomes1, Ricardo Moreira Souza1, Marcelo M. Silva2 & Claudia Dolinski1

1

*Parte da Dissertação de Mestrado do primeiro autor. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, CCTA / LEF, Av. Alberto Lamego 2000, 28015-620 Campos dos Goytacazes (RJ), Brasil. 2 M. Melarato Consultoria em Agronegócios, R. Barão de Porto Feliz 82, Campinas (SP) Brasil. Autor para correspondência: [email protected] Recebido para publicação em 12 / 11 / 2007. Aceito em 02 / 02 / 2008 Editado por Mário Inomoto

Resumo – Gomes, V.M., R.M. Souza, M.M. Silva & C. Dolinski. 2008. Caracterização do estado nutricional de goiabeiras em declínio parasitadas por Meloidogyne mayaguensis. Em goiabeiras, o parasitismo por Meloidogyne mayaguensis resulta em declínio das plantas, caracterizado por sintomas radiculares (galhas e apodrecimento) e foliares (bronzeamento, amarelecimento, queima dos bordos e queda das folhas), freqüentemente resultando em morte das plantas. Visando-se caracterizar esse patossistema quanto ao aspecto nutricional das plantas, goiabeiras sadias e em declínio de um mesmo pomar comercial foram avaliadas quanto aos teores foliares dos macro e micronutrientes, ao longo de quatro avaliações quadrimestrais. Os resultados sugerem que, nas condições de cultivo de São João da Barra (RJ), os sintomas do declínio na parte aérea das plantas estão associados à carência de nitrogênio, fósforo e potássio. Plantas em declínio apresentaram tendência de menor absorção de cálcio e magnésio (cujos teores foliares atingiram valores próximos à carência) e tendência de acúmulo de manganês, sem entretanto atingir os níveis fitotóxicos relatados na literatura. O mesmo ocorreu para cloro e sódio, mas a ausência de níveis de fitotoxidade estabelecidos para goiabeiras impedem conclusão sobre esses nutrientes. Não houve associação entre os teores foliares de ferro, enxofre e zinco e a sintomatologia na parte aérea. Contaminações foliares com fungicidas cúpricos impediram a análise dos dados sobre o nutriente cobre. Palavras-chaves: Psidium guajava, nematóide da goiabeira, nematóide das galhas, deficiências nutricionais. Summary – Gomes, V.M., R.M. Souza, M.M. Silva & C. Dolinski. 2008. Nutritional status of guava (Psidium guajava L.) plants parasitized by Meloidogyne mayaguensis. Guava plants parasitized by Meloidogyne mayaguensis undergo a decline characterized by chlorosis, scorching of margin, wilting and falling of leaves, root galls, root rotting and death. The aim of this work was to characterize this pathosystem regarding the nutritional status of the parasitized plants. From a single commercial orchard, healthy and declining plants were evaluated four times during a one year-period for their foliar concentration of all macro and micronutrients. The results suggest that under the conditions of São João da Barra (RJ) Brazil, the shoot symptoms induced by M. mayaguensis are associated with the deficiency of nitrogen, phosphorus and potassium. Declining plants presented foliar levels of calcium and magnesium near deficiency, and a tendency to accumulate manganese, - but not reaching toxic levels -, chlorine and sodium. For the latter nutrients, no toxic levels are determined for guava plants. No association was observed between the shoot symptoms and the foliar levels of iron, sulphur and zinc. Foliar contamination with copper-based fungicides used in the orchard precluded any conclusion on the nutrient copper. Key words: Psidium guajava, guava nematode, root-knot nematode, nutritional deficiency. 154 Vol. 32(2) - 2008

Caracterização do Estado Nutricional de Goiabeiras em Declínio Parasitadas por Meloidogyne mayaguensis

Conteúdo Em várias regiões brasileiras, o cultivo da goiaba (Psidium guajava L.) contribui para a sustentação econômica da agricultura de pequena escala. De fato, essa fruta é tipicamente cultivada em pomares de três a cinco hectares, sendo comercializada in natura ou processada em pequenas agroindústrias (Natale et al., 1996). Nos últimos anos, muitas comunidades rurais sofreram o impacto da incidência do nematóide das galhas da goiabeira (NGG), Meloidogyne mayaguensis Hammah & Hirschmann, 1988. Pomares foram dizimados ou estão infestados nos pólos frutícolas próximos a Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) (Anônimo, 2006). Esse nematóide já foi relatado em vários Estados brasileiros. No Rio de Janeiro, o NGG afetou seriamente as agroindústrias do município de São João da Barra (Lima et al., 2003) e já afeta Cachoeiras de Macacu, principal produtor de goiabas para mesa (Kawae, 2006). Em diversas cultivares de goiabeira, o parasitismo pelo NGG causa um declínio generalizado da planta, com sintomas nas raízes (galhas e apodrecimento) e na parte aérea (bronzeamento, amarelecimento, queima dos bordos e queda das folhas), com freqüência ocasionando a morte da planta (Souza et al., 2006; Gomes, 2007). Tais sintomas podem estar associados a processos já relatados em outros patossistemas envolvendo Meloidogyne spp., tais como a obliteração de vasos condutores, alteração no padrão de absorção e / ou translocação de água e de nutrientes, alterações fisiológicas e predisposição da planta a patógenos secundários (Melakeberhan & Webster, 1993). Até o momento, o declínio causado pelo NGG não foi ainda caracterizado, pois não se conhecem os fatores que contribuem para a morte das plantas. Alguns produtores relatam que o excesso de umidade no solo e podas drásticas antecipam a morte das plantas parasitadas. Por outro lado, goiabeiras isentas do NGG, mas submetidas a longos períodos de encharcamento do solo ou cujo sistema radicular apresenta-se “enovelado” (com “pião-torto”), podem desenvolver na parte aérea os mesmos sintomas do declínio causado pelo NGG. Em conjunto, tais relatos sugerem que um desbalanço fisiológico está envolvido no declínio e na morte de goiabeiras parasitadas pelo

NGG. Como primeiro passo para o entendimento deste declínio, este trabalho objetivou caracterizar o estado nutricional de goiabeiras parasitadas pelo NGG, em comparação com goiabeiras sadias. O estudo foi desenvolvido em um pomar comercial de goiabeiras ‘Paluma’ de oito anos de idade, propagadas vegetativamente e plantadas em um espaçamento de 7 x 7 m, no município de São João da Barra (RJ) (latitude sul 21o 41’ 22", longitude oeste 41o 03’ 21"). O clima da região é do tipo Cwa, de acordo com a classificação de Köppen, com precipitação pluviométrica média de 1450 mm / ano. A área experimental era plana, com solo composto de 98 % de areia quartzosa. O manejo do pomar pelo agricultor, antes e durante o estudo, constava de podas de frutificação, adubações mensais com nitrogênio, fósforo e potássio a lanço e com cobre, boro e zinco via foliar, sem prévias análises nutricionais do solo ou foliar. A área era irrigada por micro-aspersão, sendo realizado controle efetivo de pragas e de doenças foliares. No pomar foram delimitadas duas áreas: no talhão 1, isento do NGG, as plantas eram uniformes, com copa densa e ausência de sintomas de deficiências nutricionais. No talhão 2, infestado pelo nematóide, as plantas já apresentavam sintomas de declínio. Cada talhão foi caracterizado quanto à fertilidade do solo. O talhão 1 apresentava pH médio de 6,7, CTC de 2,72 cmolc / dm3 e 8,3 g / dm3 de matéria orgânica. O talhão 2 apresentava pH médio de 5,1, CTC de 6,35 cmolc / dm3 e 9,5 g / dm3 de matéria orgânica. Duas plantas sadias uniformes entre si do talhão 1 e seis parasitadas do talhão 2 foram etiquetadas e individualmente amostradas a cada 120 dias, ao longo de um ano, para que fossem realizadas análises dos teores foliares de macro e micronutrientes e de sódio. Com o intuito de avaliar possíveis diferenças nutricionais entre as plantas à medida que o declínio evoluía, as plantas parasitadas apresentavam-se em diferentes estádios do declínio no início do estudo, a saber: estádio 1, no qual as plantas apresentavam galhas radiculares, mas ausência de sintomas na parte aérea (Figura 1); estádio 2, no qual as plantas apresentavam raízes com numerosas galhas e necroses localizadas, bem como bronzeamento, queima dos bordos e início de queda das folhas; e estádio 3, no qual as plantas Nematologia Brasileira 155 Piracicaba (SP) Brasil

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apresentam poucas raízes secundárias e terciárias devido ao seu apodrecimento, raízes de sustentação com galhas abundantes e acentuada queda de folhas. Durante o estudo, o agravamento da sintomatologia fez com que as plantas doentes avançassem nos estádios do declínio. A goiabeira etiquetada E3P1 (estágio 3, planta 1) morreu após a terceira avaliação quadrimestral. De cada planta foi coletado o quarto par de folhas de ramos terminais e sem frutos, em diferentes posições na copa, perfazendo 20 pares. De cada planta, as folhas foram acondicionadas em sacos de papel e encaminhadas para avaliações mineralógicas completas no Setor de Nutrição da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Com o objetivo de examinar a evolução dos teores foliares dos nutrientes ao longo dos doze meses de estudo, os resultados das análises foliares de cada uma das plantas foram lançados em gráficos e comparados com as faixas ideais de nutrição e os níveis fitotóxicos propostos para goiabeiras por Quaggio & Raij (1997) (citado por Salvador et al., 2000),

Natale et al. (1996; 2002), Raij et al. (1997) e Malavolta et al. (1997). Como este estudo foi idealizado para se entender o declínio em pomares conduzidos sob as práticas usuais dos produtores de São João da Barra, estabeleceu-se a priori que as adubações química e orgânica do pomar realizadas pelo produtor não ofereciam a padronização necessária para uma análise estatística dos dados. Assim, a proposta inicial deste estudo foi realizar análise descritiva, temporal, do estado nutricional das goiabeiras examinadas. Os resultados deste estudo sugerem que o declínio causado pelo NGG está associado a alterações nutricionais na parte aérea das goiabeiras, nas condições de cultivo de São João da Barra (RJ). Nitrogênio. A Figura 2A mostra a dinâmica do elemento ao longo das avaliações quadrimestrais nas oito goiabeiras monitoradas. Vê-se que as plantas parasitadas estiveram em deficiência do elemento durante todo o período amostral, considerando-se a faixa ideal de 20 a 30 g / kg de massa seca, proposta

Figura 1 – A) goiabeira sadia; B-D) goiabeiras em diferentes estágios (1 a 3, respectivamente) do declínio causado por Meloidogyne mayaguensis. 156 Vol. 32(2) - 2008

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por Natale et al. (1996; 2002), Malavolta et al. (1997) e Quaggio & Raij (1997). De acordo com Malavolta et al. (1989), os sintomas de deficiência deste mineral são limitado desenvolvimento vegetativo, folhagem de coloração verde-clara a amarelada e redução da produtividade, quadro sintomatológico típico de goiabeiras parasitadas pelo NGG. A constante remobilização do nitrogênio para tecidos novos

30

85

A

28

B

75

26

g/kg de Cálcio

g/kg de Nitrogênio

(incluindo as folhas recém-maduras amostradas neste trabalho) (Raij, 1991) explica a relativa estabilidade dos teores foliares de nitrogênio à medida em que as plantas avançaram no declínio causado pelo NGG. Cálcio. A Figura 2B mostra a dinâmica deste elemento, o qual apresentou teores foliares crescentes nas plantas sadias. Nas doentes, observou-se tendência de decréscimo dos teores à medida que as plantas

24 22 20 18 16

65

Sadia P1

55

Sadia P2

45

E1 P1 E1 P2

35

E2 P1

25

E2 P2

14 15

12 10 02/2006

06/2006

10/2006

E3 P1

5 02/2006

02/2007

Avaliações D

2 1,5 1 0,5 0 02/2006

06/2006

10/2006

25

Sadia P1 Sadia P2

20

E1 P1 15

E1 P2 E2 P1

10

E2 P2 5

E3 P1

0 02/2006

02/2007

Avaliações

E3 P2 06/2006

10/2006

02/2007

Avaliações

12

120

E

110

mg/kg de Boro

g/kg de Magnésio

02/2007

30

C

2,5

10

10/2006

Avaliações

g/kg de Potássio

g/kg de Fósforo

3

E3 P2 06/2006

8 6 4 2 0 02/2006

06/2006

10/2006

Avaliações

02/2007

F

Sadia P1

100

Sadia P2

90

E1 P1

80 70

E1 P2 E2 P1

60 50

E2 P2

40

E3 P1

30 02/2006

E3 P2 06/2006

10/2006

02/2007

Avaliações

Figura 2 – Teores foliares de diferentes nutrientes em goiabeiras sadias e em diferentes estádios (E1 a E3) do declínio causado pelo parasitismo por Meloidogyne mayaguensis, ao longo de quatro avaliações em pomar naturalmente infestado em São João da Barra (RJ). P = planta. Nematologia Brasileira 157 Piracicaba (SP) Brasil

Vicente M. Gomes, Ricardo Moreira Souza, Marcelo M. Silva & Claudia Dolinski

avançaram no declínio, mas ainda dentro da faixa ideal de 7 a 15 g / kg. O acúmulo de cálcio nas plantas sadias justifica-se pela alta capacidade da goiabeira em absorver cátions divalentes e pela baixa extração de cálcio pelos frutos (Melo et al., 1987; Natale et al., 1994, citados por Prado & Natale, 2004). Possivelmente, não ocorreu acúmulo do elemento nas plantas em declínio, devido à sua menor absorção pelo sistema radicular em avançado estágio de apodrecimento. Fósforo. A Figura 2C apresenta a evolução do teor foliar deste elemento, o qual ficou abaixo da faixa ideal (1,4 a 3 g / kg) nas plantas em declínio, mas em níveis adequados nas sadias. Há de se notar que as plantas em declínio apresentaram carência de fósforo mesmo com níveis elevados do elemento no solo (120 mg / dm3). Acredita-se que o apodrecimento de raízes secundárias e terciárias em plantas parasitadas pelo NGG prejudique a absorção de fósforo. Segundo Salvador et al. (1998), goiabeiras com carência de fósforo apresentam crescimento lento de brotações e folhas velhas com coloração púrpura em toda a lâmina foliar, com repuxamento e ondulação dos bordos foliares, conferindo às folhas um aspecto tortuoso. Tal sintomatologia é observada em pomares de goiabeiras parasitadas pelo NGG. Potássio. A Figura 2D mostra os níveis foliares deste elemento, o qual esteve em níveis adequados (13 a 30 g / kg) nas plantas sadias. Naquelas em declínio, o potássio apresentou-se no limite inferior da faixa ideal ou em carência, não obstante no solo o teor de potássio estivesse em nível adequado (41 mg / dm3). Devido à participação do potássio no equilíbrio osmótico dos estômatos, é possível que a carência relativa do elemento acentue o estresse hídrico e a murcha de goiabeiras sob sol intenso, como observado em pomares infestados pelo NGG. Magnésio. Considerando-se o intervalo de 2,4 a 6 g / kg como teores foliares adequados deste elemento, a Figura 2E mostra níveis elevados nas plantas sadias e níveis limítrofes inferiores nas plantas em estágio avançado de declínio. Tal como ocorreu para o cálcio, possivelmente o acúmulo de magnésio nas plantas sadias deve-se à capacidade de goiabeiras em acumular o nutriente, bem como à sua pouca exportação para os frutos (Salvador et al., 2000). O não acúmulo de magnésio nas plantas em declínio 158 Vol. 32(2) - 2008

deve-se à sua menor absorção pelo sistema radicular em avançado estágio de apodrecimento. Boro. A Figura 2F mostra a dinâmica do elemento nas folhas, o qual se manteve acima da faixa ideal de 20 a 25 mg / kg, tanto nas plantas sadias quanto nas doentes. Portanto, este estudo não sugere uma associação entre os níveis foliares de boro e a sintomatologia da parte aérea causada pelo NGG. Cloro. A Figura 3A mostra uma tendência de acúmulo deste nutriente nas folhas ao longo do estudo, de maneira mais acentuada nas plantas doentes. Possivelmente, esse acúmulo deve-se às adubações de cobertura com cloreto de potássio e ao alto nível de cloro encontrado na água fornecida às plantas, em torno de 600 % a mais do que o limite máximo recomendado para irrigação de plantas (Bernardo et al., 2006). Os sintomas de fitotoxidez por cloro relatados por Lima (1997) (bronzeamento, amarelecimento prematuro, queima e abscisão das folhas) assemelham-se à sintomatologia do declínio causado pelo NGG. Entretanto, como não existem níveis foliares fitotóxicos de cloro definidos para goiabeiras não se pode inferir uma relação entre estes processos. Sódio. Observa-se na Figura 3B uma tendência de acúmulo foliar do elemento ao longo do estudo, de maneira mais acentuada nas plantas em declínio. Entretanto, como não existem faixas ideais e nem níveis fitotóxicos de sódio estabelecidos para goiabeiras, não se pode relacionar os teores observados com a sintomatologia deste patossistema na parte aérea das plantas. Manganês. Observa-se na Figura 3C que houve uma tendência de acúmulo desse elemento nas plantas em declínio, chegando algumas dessas a acumular 550 % a mais do que as plantas sadias. Entretanto, como a faixa ideal deste elemento varia de 180 a 398 mg / kg e o nível de fitotoxidez é acima de 5.100 mg / kg (Salvador et al., 2000), não parece haver relação entre a sintomatologia na parte aérea e os teores de manganês foliar. Ferro, enxofre e zinco. As Figuras 3D a 3F não sugerem uma associação entre os sintomas na parte aérea e os teores foliares dos elementos. De fato, todas as plantas examinadas apresentaram teores próximos às faixas ideais para goiabeiras, que são 50 a 162 mg,

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20 A 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 02/2006

contribuem para o declínio de goiabeiras parasitadas pelo NGG. Dependendo das condições ambientais e de plantio, deficiências de magnésio e cálcio, bem como acúmulos de sódio e cloro poderiam colaborar neste processo. Não obstante diferenças edafo-climáticas entre as regiões brasileiras possam alterar este cenário, a similaridade dos sintomas observados em goiabeiras parasitadas em vários Estados sugere uma constância nas alterações nutricionais induzidas pelo NGG. Os resultados deste estudo também sugerem a

mg/kg de Sódio

mg/kg de Cloro

2,5 a 3,5 g e 25 a 38 mg / kg, respectivamente. Cobre. A inconstância dos teores foliares deste nutriente (Figura 4) sugere que pode ter havido contaminação das amostras devido ao uso de fungicidas cúpricos pelo produtor. Assim, não se pode fazer inferências sobre os teores foliares de cobre e a sintomatologia do declínio na parte aérea. Em conclusão, este trabalho sugere que nas condições de São João da Barra (RJ), deficiências nutricionais de nitrogênio, fósforo e potássio

06/2006

10/2006

02/2007

10 B 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 02/2006

200 180 160 140 120 100

250

C

80 60 40 20 0 02/2006

E2 P1 E2 P2 E3 P1 E3 P2 06/2006

10/2006

02/2007

Sadia P1 Sadia P2 E1 P1

150

E1 P2 100

E2 P1 E2 P2

50

E3 P1 E3 P2

0 06/2006

10/2006

02/2007

02/2006

35

3,5 3 2,5 2 1,5 1

06/2006

10/2006

Avaliações

06/2006

10/2006

02/2007

Avaliações

mg/kg de Zinco

g/kg de Enxofre

E1 P2

200

E

0,5 02/2006

E1 P1

D

Avaliações 4

Sadia P2

Avaliações

mg/kg de Ferro

mg/kg de Manganês

Avaliações

Sadia P1

02/2007

F Sadia P1

30

Sadia P2 25

E1 P1

20

E1 P2

15

E2 P1 E2 P2

10 5 02/2006

E3 P1 E3 P2 06/2006

10/2006

02/2007

Avaliações

Figura 3 – Teores foliares de diferentes nutrientes em goiabeiras sadias e em diferentes estádios (E1 a E3) do declínio causado pelo parasitismo por Meloidogyne mayaguensis, ao longo de quatro avaliações em pomar naturalmente infestado em São João da Barra (RJ). P = planta. Nematologia Brasileira 159 Piracicaba (SP) Brasil

Vicente M. Gomes, Ricardo Moreira Souza, Marcelo M. Silva & Claudia Dolinski

mg/kg de Cobre

160 140

Sadia P1

120

Sadia P2

100

E1 P1

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E1 P2

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E2 P1

40

E2 P2

20

E3 P1

0 02/2006

E3 P2 06/2006

10/2006

02/2007

Avaliações Figura 4 – Teores foliares de cobre em goiabeiras sadias e em diferentes estádios (E1 a E3) do declínio causado pelo parasitismo por Meloidogyne mayaguensis, ao longo de quatro avaliações em pomar naturalmente infestado em São João da Barra (RJ). P = planta.

possibilidade de adubações orgânicas e minerais, em cobertura e / ou foliar, contribuirem para retardar o declínio de pomares infestados pelo NGG, aumentando a produtividade e minimizando os prejuízos sofridos pelos produtores. Literatura Citada ANÔNIMO. 2006. Praga gera forte queda no cultivo da goiaba. Atualidades Agrícolas, Junho de 2006, p. 26. BERNARDO, S., A.A. SOARES & E.C. MANTOVANI. 2006. Manual de Irrigação, 8a. edição. Editora UFV, Viçosa MG, 625 p. GOMES, V.M. 2007. Meloidoginose da goiabeira: estudos sobre a sua patogênese e formas de convívio com a doença a campo. (Dissertação de Mestrado). Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 70 p. KAWAE, L. 2006. Levantamento de propriedades que apresentam o nematóide-das-galhas. Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior, Superintendência de Defesa Sanitária, 1 p. LIMA, L.A. 1997. Efeito de sais no solo e na planta. In: H.R. GHEYI, J.E. QUEIROZ & J.F. MEDEIROS (ed). Manejo e Controle da Salinidade na Agricultura Irrigada. SBEA / UFPB, Campina Grande PB, p. 113127. LIMA, I.M., C.M. DOLINSKI & R.M. SOUZA. 2003. Dispersão de Meloidogyne mayaguensis em goiabais de São João da Barra (RJ) e relato de novos hospedeiros dentre plantas invasoras e cultivadas. Nematologia Brasileira, 27: 257-258. MALAVOLTA, E., G.C. VITTI & S.A. OLIVEIRA. 1989. Avaliação do Estado Nutricional das Plantas: Princípios e Aplicações. Potafos, Piracicaba SP, p. 201-319. MALAVOLTA, E., G.C. VITTI & S.A. OLIVEIRA. 1997. Avaliação do Estado Nutricional das Plantas. Princípios

160 Vol. 32(2) - 2008

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