Chegada dos norte-americanos à Ilha Terceira – 70º aniversário

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17 janeiro 2014

CRÓNICA / NOTÍCIA

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CHEGADA DOS NORTE#AMERI# CANOS À ILHA TERCEIRA $ 70º ANIVERSÁRIO Texto/ Francisco Miguel Nogueira | [email protected]

Há exatos 70 anos, a 9 de janeiro de 1944, dava-se o desembarque dos norte-americanos na Ilha Terceira, com o objetivo de ajudar os britânicos no alargamento da Base das Lajes e no apoio aos militares aliados envolvidos na II Guerra Mundial. O acordo luso-britânico foi assinado a 17 de agosto de 1943 e o desembarque britânico na Terceira deu-se a 8 de outubro de 1943. As obras de aumento do aeródromo começaram de imediato e com a reviravolta no teatro de guerra europeu, com as sucessivas derrotas de Hitler, as Lajes passaram a ser essenciais para o envio de militares. A pista da Terceira não era suficiente para as necessidades estrangeiras. Assim, a 28 de dezembro de 1944, o embaixador inglês em Lisboa, Campbell, informou Salazar que as forças britânicas constatavam que o espaço na Base era cada vez mais pequeno para o número de militares que chegavam e passavam pela Ilha. O Governo português procurou saber então das necessidades dos militares estacionados na Terceira, liderados pelo Air Vice Marshal Geoffrey Bromet. Salazar foi informado que, passados 3 meses sobre o desembarque, algumas alterações tinham de ser feitas ao acordo, pois as facilidades concedidas na Terceira não eram já suficientes para a instalação de aviões antissubmarinos, assim como para prover às necessidades do intenso movimento de aviões em trânsito

pela Ilha. Assim, era preciso aumentar a pista das Lajes, sendo, por isso, preciso adquirir novos terrenos, alugados ou expropriados. O Governo português deparava-se com um forte dilema, pois a situação não era fácil, muitos terrenos daquela área já haviam sido ocupados e a população afetada não iria ver com bons olhos uma nova expropriação. Os EUA, através dos britânicos, informaram Salazar, que estariam dispostos a fornecer o material e o equipamento necessários ao novo alargamento. Também estavam dispostos a prestar um auxílio substancial de pessoal à Base, sob as ordens do Comandante das Forças Britânicas. No dia 31 de dezembro de 1943, Salazar aceitou o desembarque de norte-americanos na Terceira. Neste mesmo dia, um grupo de militares norte-americanos, pertencentes ao 96º Batalhão de Construções da Marinha, com 2500 toneladas de material para o alargamento do Aeródromo, partiram de Rhode Island, a bordo do Abraham Lincoln, assim como a 3 de janeiro de 1944, 300 militares do 928º Regimento de Engenharia da Força Aérea norteamericana, partiram de Hamptons Roads (Virgínia) rumo, também, à Terceira. Perto da 01h do dia 9 de janeiro de 1944, Salazar autorizou o desembarque dos técnicos americanos com material para a construção do hospital e do depósito de combustíveis, assim como do aumento do Aeródromo das Lajes. Apesar da aprovação de Salazar, este quis que as regras discutidas anteriormente com o Governo dos EUA fossem cumpridas. Na altura chegou, segundo Pestana da

Silva, Governador Civil, um grupo de 532 técnicos. Os norte-americanos, segundo ordens do Governo Português, desembarcaram apenas com o armamento individual que, logo após pisarem a Terceira, tiveram de entregar e seguiram depois para as Lajes desarmados. Salazar tinha criado um disfarce. Na realidade tratavase de militares norte-americanos, mas que aos olhos do resto do Mundo, surgiam apenas como técnicos. Apesar dos americanos e dos britânicos estarem em solo terceirense para alargar o Campo de Aviação, Salazar decidiu tratar diretamente do aumento do Aeródromo e enviou para a Terceira, o homem que tinha preparado a concessão de facilidades, que conhecia já bem os propósitos britânicos e que com eles mantinha uma boa relação, o Major-Aviador Humberto Delgado, que chegaria em inícios de fevereiro de 1944. Os EUA tinham ambições maiores e pediram, também, a concessão de facilidades nos Açores, neste caso, em Santa Maria. O Acordo foi assinado a 28 de novembro de 1944, após um longo e difícil processo de negociação. Após a assinatura do acordo luso-americano, os EUA instalaram-se em Santa Maria, mas davam, na mesma, apoio aos britânicos nas Lajes. E mantiveram esta relação ao longo dos anos seguintes, sendo que

as Lajes foram essenciais para o envio de militares para a abertura da 2ª frente de guerra. A 6 de outubro de 1946, os britânicos saíram da Terceira, e para resolver a situação económica da Ilha, os EUA deixaram a Base de Santa Maria, instalando-se definitivamente nas Lajes, onde estão até hoje ininterruptamente. Num momento em que o assunto das Lajes voltou a estar em cima da mesa, é bom relembrarmos o processo de chegada dos norte-americanos à Terceira e preparamo-nos para defender os nossos direitos. É preciso encontrar medidas para mitigar o efeito da diminuição da presença norte-americana na Ilha, que já se começou a sentir. É tempo de um esforço conjunto das forças dos vários quadrantes da política regional e não só. Não é tempo de bairrismo, nem de separações, é tempo de convergência de esforços e de procurar o melhor para a Região Autónoma dos Açores. Os acordos envolvem e afetam a vida de muitas centenas de pessoas, por isso, o Governo central não pode imiscuir-se da sua responsabilidade e tem de aliar-se ao Governo Regional, defendendo os interesses dos locais e os direitos dos terceirenses, que têm sido habitualmente marginalizados e esquecidos das várias negociações que têm decorrido desde o início do Acordo de 1944.

contro. As inscrições estão abertas e podem ser efetuadas na TTT, junto à Praça de Toiros, na Carreirinha, em

Angra do Heroísmo, ou através do contacto dos seguintes números de telemóvel: 914210776, 962933159 e 966845166.

NOS AÇORES ENTRE 24 E 26 DE JANEIRO

“OS VALORES DA TAUROMAQUIA” SÃO TEMA DO FÓRUM MUNDIAL 2014 Foto/ SB

A Ilha Terceira acolhe o III Fórum Mundial da Cultura Taurina para debater “Os Valores da Tauromaquia” durante os dias 24, 25 e 26 de janeiro. Trata-se de uma organização da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (TTT) que traz aos Açores, nomeadamente à Capital Atlântica da Tauromaquia, centenas de especialistas, agentes e

aficionados de vários países do mundo com tradição taurina - Portugal, Espanha, França, México, Colômbia, Peru, Equador e Venezuela. Depois da primeira edição realizada em 2009, que abordou a tauromaquia à luz das Artes, o Fórum prosseguiu em 2012 com “A Comunicação na Festa” como tema central. Este ano, os “Valores” dão o mote ao en-

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