Cidades Inteligentes: As Regiões que Estimulam a Inovação e o Conhecimento.

June 3, 2017 | Autor: Diogo Librelon | Categoria: Smart City, Inteligência Coletiva
Share Embed


Descrição do Produto










Cidades Inteligentes: As Regiões que Estimulam a Inovação e o Conhecimento.





Resumo
A sociedade mudou, as tecnologias estão presentes em nosso dia a dia e isso melhorou fortemente os serviços e práticas cotidianas que antes executávamos de maneira manual, lenta e cara. Por conta desta mudança fortemente influenciada pela crescente conectividade da internet, e a rápida modernização dos computadores, entende-se que a humanidade está caminhando para um futuro ao qual o desenvolvimento sustentável acontecerá através da tecnologia. Nossa sociedade está se tornando altamente conectada, coletiva e inovadora. Diante deste fato, é natural que gestores públicos e academia, repensem o espaço coletivo ao quais as pessoas habitam, ou seja, as cidades. Neste contexto o modelo para Cidades Inteligentes é proposto, neste modelo entende-se que: através da tecnologia e geração de conhecimento coletivo, a qualidade de vida dos cidadãos, a modernização dos processos políticos, o convívio sustentável com o meio ambiente e o fortalecimento da economia digital, acontecem de maneira estratégica. Neste contexto, esse artigo traz como resultado a identificação, por meio de pesquisa bibliográfica, as principais definições sobre as chamadas Cidades Inteligentes, direcionando esforços para contribuir com o entendimento sobre a criação de novas políticas públicas para a gestão das Cidades estimulando a capacidade de estimular a inovação tecnológica e qualidade de vida para os cidadãos.

Palavras-chave: Cidades Inteligentes, Inovação e Conhecimento, Inteligência Coletiva.







Abstract
Society changed, technologies are present in our daily lives and it strongly modified the services and everyday practices that were made manually, slowly and costly. Because of these changes, greatly influenced by growing conectivity of internet and the quick modernization of computers, mankind is walking to a future which a sustainable development will happen through technology. Our society is becoming highly connected, collective and innovative. Facing this fact, is natural to public managers and the academy rethink the collective space to whom people lives, in other words the cities. In this context, the model to smart cities is proposed, and understood that, through technology and creation of collective knowledge, quality of life of its citizens, modernization of political process, sustainable way of life in harmony with the environment and the fortification of the digital economy occurs in a strategic way. In this context, this article brings as result the identification, by using bibliographic research, the main definitions about the Smart City model, directing efforts to contribute with the understanding about the creation of new public policies for the management of cities, stimulating the capacity of stimulating technology innovation and quality of life for citizens

Keywords: Smart Cities, innovation and management, Collective Intelligence


Introdução

A sociedade atual foi denominada como a "sociedade do conhecimento" ou "sociedade da informação", além das intensificações do uso das tecnologias, o capital intelectual tornou-se o foco de interesses para empresas e pesquisadores, reforçando a ideia da nova economia digital.
A nova economia, orientada pelos recursos digitais emergentes é resultado da congregação entre a tecnologia e a informação que está centrada nas instituições, pessoas e na transferência de informação, métodos, processos e na aprendizagem (Fernandes & Gama, 2007). Na sociedade pós-industrial, que muitos chamam sociedade da informação ou sociedade do conhecimento, as riquezas imateriais tornaram-se o foco privilegiado da produção de valor (Costa, 2008). A economia já não se rege por meio da força do trabalho ou pela eficiência das máquinas de que dispõe, mas sim por intermédio da disponibilidade de informação e conhecimento e pela diferenciação, especificidade e capacidade inovadora dos seus agentes, nomeadamente as empresas (Fernandes & Gama, 2007).
Além do que, vivenciamos um momento no qual o acesso à informação e aos dispositivos tecnológicos tornaram-se presentes no cotidiano, principalmente em espaços urbanos onde a concentração de pessoas e tecnologia é ainda maior. As organizações econômicas estão utilizando as tecnologias para gerar inovações tecnológicas, as instituições de ensino, por exemplo, assumiram o papel da inserção da tecnologia nos processos de ensino e aprendizagem, assim como, a principal ponte de relacionamento da sociedade contemporânea está acontecendo via as redes sociais virtuais. As fronteiras do conhecimento estão aos poucos sendo quebradas graças a uma sociedade que, ao longo da última década, tornou-se mais conectada e multifuncional, apesar das diferenças sociais ocorridas por conta do avanço globalizado dos países.
É neste cenário de avanço tecnológico, conectividade e geração de conhecimento inteligente, que surgem as Cidades Inteligentes. O aumento populacional nas áreas urbanas devido à maior oferta de empregabilidade e o impacto que a tecnologia causou nas vidas das pessoas favoreceram o surgimento destes ambientes. Além do que, plataformas e redes virtuais oferecem a possibilidade de organização e controle sobre a informação, que está sendo gerada pelo coletivo de usuários (Lévy, 2003).
Busca-se com este artigo entender as Cidades Inteligentes e o seu universo conceitual, possibilitando compreender o caminho para o planejamento dessas regiões inteligentes, baseadas em modelos já aplicados destas cidades.

Revisão da Literatura

SMART CITIES ou CIDADES INTELIGENTES

A definição de Smart City é interpretada de diversas maneiras pelos autores que fazem referência na área de estudo. Segundo Hall (2000), a definição abordará questões de infraestrutura tecnológica, serviços e monitoramento dos dados gerados pela Cidade, conforme, a seguir:

Uma cidade que monitora e integra as condições de toda a suas infraestruturas críticas, incluindo estradas, pontes, túneis, trilhos, metrôs, aeroportos, portos, comunicações, água, energia, edifícios. Para poder melhor otimizar seus recursos, planejar a sua maximização preventiva de serviços aos seus cidadãos (Hall, 2000).

As cidades precisam garantir e controlar a oferta de diversos serviços como oferta de energia, agua, limpeza e mobilidade urbana, educação, entre outros. Para Caragliu (2009), o conceito de cidade inteligente define-se como:

Uma cidade é inteligente quando investimentos em capital humano e social e infraestruturas de comunicação tradicionais (transporte) e modernas (TIC) promovem um crescimento econômico sustentável e uma elevada qualidade de vida, sob uma sábia gestão de recursos naturais e processos participativos de governança (Caragliu, 2009).

O conceito de integração tecnológica aparece fortemente nos estudos das cidades inteligentes e, normalmente, a caracteriza pelo uso da automação e pela integração por meio da internet e de todos os dispositivos e objetos capazes de ajudar o ser humano a facilitar suas tarefas. Segundo Harrison et al (2010), a cidade inteligente é considerada como:

Um conjunto de instrumentos, interconectados e inteligentes da cidade. A Instrumentalização permite a captura e integração de dados do mundo real ao vivo através do uso de sensores, quiosques, metrôs, pessoas, dispositivos, equipamentos, máquinas fotográficas, telefones inteligentes, dispositivos médicos implantados, a web, e outros sistemas para aquisição de dados semelhantes, incluindo as redes sociais como redes de sensores humanos. (Harrison et al., 2010).

A presença do uso intensivo das tecnologias da informação e comunicação como alternativa para uma melhoria na gestão das cidades é o centro da ideia do modelo das smart cities. Contudo, a tecnologia aplicada não é o único caminho de alcançar o status de inteligência como afirma Fernandes e Gama (2009):

A grande centralidade destes territórios advém da sólida combinação de capacidades individuais, esforços coletivos e novas tecnologias, integrando paralelamente a inteligência humana, coletiva e artificial. Está abordagem reflete questões do contexto de cidades inteligentes como geradores de inovação (Fernandes & Gama, 2009).

Nesta mesma linha, aponta Komninos (2006) que:

[..] as cidades e regiões inteligentes são territórios com grande capacidade para a aprendizagem e inovação, construídas com base na criatividade da sua população, das suas instituições de criação de conhecimento e na sua infraestrutura digital de comunicação e gestão de conhecimento.


. Podemos associar a melhoria de qualidade de vida dos cidadãos através do planejamento inteligente da cidade (Shapiro, 2006). Para Gama (2012), o termo "cidades inteligentes" tem sido cada vez mais, relacionado ao emprego eficiente de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) como uma ferramenta para melhorar a infraestrutura e serviços da cidade, consequentemente trazendo melhor qualidade de vida.
Muitos autores discutem o verdadeiro sentido da palavra "Smart" na proposta de soluções para as Cidades. Um estudo chamado "Smart Cities, Ranking Of European medium sized cities", realizado entre as instituições "Vienna University of Technology", "University of Ljubljana" and "Delft University of Technology", definiu seis áreas estratégicas para que o desenvolvimento das Cidades possa ser considerado "Smart", e são elas: Economia, Pessoas, Governo, Mobilidade, Meio Ambiente e Qualidade de Vida.
Para uma melhor elucidação sobre os conceitos das Cidades Inteligentes, elaborou-se um quadro básico do estado da arte, que pode ser observado abaixo.



Quadro Básico para Estado da Arte – Cidades Inteligentes

Autor
Ano
Conceito







Hall, R. E.







2000
Uma cidade que monitora e integra as condições de toda a suas infraestruturas críticas, incluindo estradas, pontes, túneis, trilhos, metrôs, aeroportos, portos, comunicações, água, energia, edifícios. Para poder melhor otimizar seus recursos, planejar a sua maximização preventiva de serviços aos seus cidadãos.






Komninos






2006
As cidades e regiões inteligentes são territórios com grande capacidade para a aprendizagem e inovação, construídas com base na criatividade da sua população, das suas instituições de criação de conhecimento e na sua infraestrutura digital de comunicação e gestão de conhecimento.







Caragliu, A.






2009
Uma cidade é inteligente quando investimentos em capital humano e social e infraestruturas de comunicação tradicionais (transporte) e modernas (TIC) promovem um crescimento econômico sustentável e uma elevada qualidade de vida, sob uma sábia gestão de recursos naturais e processos participativos de governança.








Fernandes, R., & Gama, R.







2009
A grande centralidade destes territórios advém da sólida combinação de capacidades individuais, esforços coletivos e novas tecnologias, integrando paralelamente a inteligência humana, coletiva e artificial. Está abordagem reflete questões do contexto de cidades inteligentes como geradores de inovação.



Harrison, C.









2010






Um conjunto de instrumentos, interconectados e inteligentes da cidade. A Instrumentalização permite a captura e integração de dados do mundo real ao vivo através do uso de sensores, quiosques, metrôs, pessoas, dispositivos, equipamentos, máquinas fotográficas, telefones inteligentes, dispositivos médicos implantados, a web, e outros sistemas para aquisição de dados semelhantes, incluindo as redes sociais como redes de sensores humanos.

Fonte: Elaborado pelos autores (2015)



Métodos para gerar inovação e conhecimento nas regiões e Cidades Inteligentes

Apesar da necessidade de infraestrutura tecnológica, o combustível que faz o motor da inovação funcionar dentro das regiões inteligentes é a quantidade de informação acumulada sobre processos desenvolvidos dentro dos espaços coletivos. A mesma situação aplica-se para espaços urbanos, por exemplo: quanto mais aplicativos, dispositivos tecnológicos e gestão do conhecimento aplicada, maior a chance de acontecer inovação.
Contudo, a tecnologia e as ferramentas de gestão do conhecimento não são suficientes para gerar inovação e estratégias inteligentes. Especialistas da área afirmam que o envolvimento das pessoas sobre as decisões e desenvolvimento da região inteligente deve ser constante, ou seja, há esforços também para se entender o real papel que os usuários ou cidadãos devem exercer sobre o cenário. Isso reforça a ideia de que sem a participação efetiva dos usuários ou cidadãos, ocorre apenas um advento tecnológico e não a construção de estratégias (Schuurman, Baccarne, Marez & Mechant, 2012).
Seguindo com essa linha de raciocínio, é importante então apontar os métodos que propõem que o conhecimento coletivo seja realmente gerado a partir da livre participação dos envolvidos e assim gerar informações acumuladas que contribuam para a formação de uma inteligência coletiva.
Portanto, devem-se estabelecer métodos que envolvam e estimulem os agentes participantes da região no processo de inovação. Os processos e métodos tradicionais de desenvolvimento de inovação, geralmente, são estabelecidos por um modelo fechado, em que o usuário final não participa do processo criativo, e sim, é submetido ao final do ciclo a uma aprovação daquilo que se está propondo como algo inovador. Contudo, existem paradigmas como o da Inovação Aberta, a qual coloca em prática um modelo de desenvolvimento de inovação que acontece a com a participação dos usuários finais já no início do ciclo (Schuurman et al., 2012).
Um destes métodos para o envolvimento de todos os agentes é a Inteligência Coletiva, que é uma inteligência distribuída por toda parte, constantemente valorizada, coordenada em tempo real, levando a uma efetiva mobilização de competências. A base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento e enriquecimento mútuo (Lévy, 2003).
Outro modelo muito bem estabelecido para o envolvimento do coletivo no processo de inovação é o Crowdsourcing, está metodologia foi desenvolvida à luz de pesquisas realizadas com grupos de pessoas que tentavam solucionar problemas, porém com membros que se sobressiam uns aos outros em relação à sua capacidade de resolução e inteligência. O resultado apontou que, em muitos casos, os grupos de pessoas não treinadas para desenvolverem soluções, conseguiram sucesso mais vezes que indivíduos sozinhos treinados para criarem soluções. Exemplos do método de Crowdsourcing consistem naqueles sites que organizam "competições de ideias e soluções inovadoras", oferecendo um prêmio em dinheiro para as melhores soluções. Além desse, cita-se o caso da Wikipédia, a maior biblioteca virtual colaborativa da internet ou, ainda, projetos de Open Source, em que pessoas do mundo inteiro contribuem para o melhoramento de softwares (Schuurman et al., 2012).
Outra maneira de incentivar a partição dos usuários e cidadãos é a utilização dos chamados Livings Labs, que se refere a um projeto colaborativo, envolvendo empresas, governo, academia e centros tecnológicos, onde os usuários são inseridos em estágios de desenvolvimento nascentes e sucessivas interações são validadas em ambientes reais (Silva, 2012).
Esses Laboratórios de pesquisa buscam um modelo nos quais autoridades públicas, empresas privadas, cidadãos e comunidade científica realizam esforços de trabalhos em conjunto para criar, desenvolver, validar e testar, novos serviços e negócios, mercados e tecnologias, permitindo aos diferentes atores não só participar, mas também contribuir no processo de inovação (Silva, 2012).
Os Living Labs representam uma metodologia de pesquisa para detecção, validação e refinamento de soluções complexas em múltiplos contextos da vida real, onde as inovações, como novos serviços, produtos ou melhorias de aplicação, são validadas em ambientes empíricos dentro de contextos regionais (Silva, 2012).

Metodologia


Os métodos científicos são utilizados para auxiliar o pesquisador no processo de identificação dos dados que serão utilizados para a construção de um trabalho de investigação científica. Segundo Lakatos & Marconi (2003), "o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista". Afirma Freire (2013), "que todo trabalho acadêmico deve conter um tópico intitulado PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS onde deverá ser descrita a organização, coerência e sistematização dos procedimentos que utilizou ou utilizará para realizar sua pesquisa". Para entender aonde se deseja chegar com a pesquisa, antes faz-se necessário identificar o instrumento que levaram o pesquisador encontrar suas respostas, a Figura-1, representa o caminho dos procedimentos metodológicos (Freire, 2013).

Figura 1 – Procedimentos Metodológicos
Definir o Tipo de pesquisa Definir o Tipo de pesquisa
Definir o Tipo de pesquisa
Definir o Tipo de pesquisa

Selecionar os instrumentos de pesquisa Selecionar os instrumentos de pesquisa
Selecionar os instrumentos de pesquisa
Selecionar os instrumentos de pesquisa

Levantar os dadosLevantar os dados
Levantar os dados
Levantar os dados
Tratar e tabular os dados Tratar e tabular os dados
Tratar e tabular os dados
Tratar e tabular os dados

Analisar os dados Analisar os dados
Analisar os dados
Analisar os dados

Responder a questão de pesquisaResponder a questão de pesquisa
Responder a questão de pesquisa
Responder a questão de pesquisa
Atender ao objetivo Atender ao objetivo
Atender ao objetivo
Atender ao objetivo


Fonte: Adaptado de Freire (2013)

Portanto esta pesquisa é de caráter exploratório e canta com o procedimento metodológico bibliográfico documental, utilizando-se da abordagem qualitativa. Segundo Marconi e Lakatos (2003) "[...]a pesquisa bibliográfica compreende oito fases distintas: a) escolha do tema; b) elaboração do plano de trabalho; c) identificação; d) localização; e) compilação; f) fichamento; g) análise e interpretação; h) redação". Em um segundo momento, adotou-se como guia para a análise dos dados as aplicações da Metodologia Indutiva que, segundo Marconi e Lakatos (2003):

[...] é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam.

Foi realizado, então, sobre a luz da indução, as fases descritas nesta metodologia para o alcance dos objetivos da pesquisa, que compreende, segundo Marconi e Lakatos (2003) em:

a) observação dos fenômenos - nessa etapa observamos os fatos ou fenômenos e os analisamos, com a finalidade de descobrir as causas de sua manifestação;
b) descoberta da relação entre eles - na segunda etapa procuramos por intermédio da comparação, aproximar os fatos ou fenômenos, com a finalidade de descobrir a relação constante existente entre eles;
c) generalização da relação - nessa última etapa generalizamos a relação encontrada na precedente, entre os fenômenos e fatos semelhantes, muitos dos quais ainda não observamos (e muitos inclusive inobserváveis).

Para Manzo (1971 apud Lakatos & Marconi, 2003), "a bibliografia pertinente oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente". Dessa forma, "a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras" (Lakatos & Marconi, 2003).
Segundo Gil (2008) "[...] a principal vantagem da pesquisa bibliográfica está no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente".
Quanto ao método qualitativo, Vergara (2006) propõem:

Pesquisas ditas qualitativas, por seu turno, contemplam a subjetividade, a descoberta, a valorização da visão de mundo dos sujeitos. As amostras são intencionais, selecionadas por tipicidade ou por acessibilidade. Os dados são coletados por meio de técnicas pouco estruturadas e tratadas por meio de análises de cunho interpretativo. Os resultados obtidos não são generalizáveis (Vergara, 2006)




Conclusões

A primeira unidade apresentou as principais definições de Cidades Inteligentes a partir dos autores identificados sobre a luz da metodologia bibliográfica e documental, que foi aplicada em bases de dados digitais. Assim um quadro do estado da arte da variável de pesquisa foi desenvolvido, para que o objetivo principal fosse atendido, ou seja, elucidar o estado da arte das Cidades Inteligentes e que tipo de aplicações este modelo pode oferecer. Através desta janela de entrada da sua contextualização teórica, pretende-se com isso, auxiliar possíveis pesquisadores interessados em desenvolver novos estudos futuros que foquem a modernização e o melhoramento dos serviços das cidades para os gestores públicos, o que pode impactar diretamente na qualidade de vida dos cidadãos.
Conclui-se que as chamadas Cidades ou Regiões Inteligentes dependem dos processos de aplicação das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) junto a infraestrutura da cidade. Assim seria possível, através de análises de gestão do conhecimento indicar os serviços críticos de uma cidade quem devem implementar melhorias e inovação. Com isso as tomadas de decisões estratégicas de extrema importância para a cidade, estariam inseridas em um ciclo de processos inteligentes para o aperfeiçoamento de serviços ligados aos espaços coletivos, mobilidade urbana, diminuição do impacto ambiental, educacional e de participação política. Como consequência uma influência positiva sobre o contexto tecnológico, econômico e sustentável da cidade, o que acarretará em uma melhoria de qualidade de vida de seus cidadãos.
Observou-se que as cidades inteligentes necessitam de políticas especiais que abordam os seguintes pontos:

Oferta de infraestrutura tecnológica para TIC;
Aumento na competitividade e alinhamento da chamada economia do conhecimento, proporcionando ambientes que estimulem o empreendedorismo, criatividade e inovação;
Estilo de vida com elevada consciência social e ambiental sustentável.

Em relação aos métodos que podem incentivar a geração de inovação e conhecimento dentro de uma cidade inteligente, a segunda unidade apresentou alguns métodos citados por autores, (Lévy, P. ,2003; Schuurman, et al. 2012; Silva 2012), que observaram ou propuseram aplicações de metodologias para a geração de inovação, conhecimento e inteligência coletiva. Foi citado o Crowdsourcing que apresenta uma proposta de desenvolvimento de inovações por parte dos usuários ou cidadãos utilizando uma metodologia de concursos colaborativos ou construção de bases de conhecimento coletivas para solucionar problemas ou incentivar o desenvolvimento de inteligência coletiva. Foi observado também como um forte propulsor da cultura da inovação em uma cidade, a instalação dos chamados Livings Labs. Estes laboratórios compostos por especialistas assumem o papel de validar de forma rápida as inovações idealizadas para a própria sociedade
Portanto a proposta para o avanço das Cidades e Regiões Inteligentes está diretamente ligado ao processo de esforços coletivos por parte das políticas públicas, centros de pesquisa e sociedade. O universo de possibilidades que a teoria apresenta para as diferentes abordagens representa a riqueza e complexidade sobre o processo da implementação ou replicação de regiões como estas, por isso, faz-se necessário para estudos futuros a observação de casos já bem sucedidos, para que haja uma compreensão na prática de como percorrer o caminho para a implementação destes espaços, contudo, o presente artigo conseguiu elucidar alguns dos pontos em relação às características existentes na bibliografia, que explicam o conceito das Cidades Inteligentes e as metodologia de geração de inovação e conhecimento para esse tipo de região.





Referências

Costa, R. (2009). Inteligência coletiva: comunicação, capitalismo cognitivo e micropolítica. Revista Famecos, 1(37).
Caragliu, A., & Del Bo, C. 8c Nijkamp, P.(2009). Smart cities in Europe. In3rd Central European Conference on Regional Science (CERS). Kosice, Slovak Republic.
Fernandes, R. J. L., & Gama, R. J. G. (2007). Economia Digital e Políticas de Desenvolvimento: uma abordagem territorial.
Fernandes, R., & Gama, R. (2008). Sociedade do conhecimento e territórios inteligentes: o sistema de conhecimento de Coimbra.
Freire, P. S. (2013). Aumente a Qualidade e Quantidade de Suas Publicações Científicas: Manual para elaboração de projetos e artigos científicos. Curitiba: Crv. 90.
Gil, A. C. (2010). Métodos e técnicas de pesquisa social. In Métodos e técnicas de pesquisa social. Atlas.
Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, 5, 61.
Hall, R. E. (2000, September). The vision of a smart city. In 2nd International life extension technology workshop, Paris, France.
Harrison, C., Eckman, B., Hamilton, R., Hartswick, P., Kalagnanam, J., Paraszczak, J., & Williams, P. (2010). Foundations for smarter cities. IBM Journal of Research and Development, 54(4), 1-16.
Komninos, N., & Sefertzi, E. (2009). Intelligent cities: R&D offshoring, Web 2.0 product development and globalization of innovation systems. Second Knowledge Cities Summit, 2009.
Lara, A. P., Moreira, E., & Marques, J. S. (2013). Projeto Florip@ 21: a construção de uma região inteligente na cidade de Florianópolis, Brasil.
Lévy, P. (2003). A inteligência coletiva: por uma Antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 2000a. _. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa.–São Paulo: Ed, 34.
Manzo, A. J. (1971). Manual para la preparación de monografías: una guía para presentar informes y tesis. Editorial Humanitas.
Marconi, M. D. A., & Lakatos, E. M. (2010). Fundamentos de metodologia científica. In Fundamentos de metodologia científica. Atlas.
Schuurman, D., Baccarne, B., De Marez, L., & Mechant, P. (2012). Smart ideas for smart cities: investigating crowdsourcing for generating and selecting ideas for ICT innovation in a city context. Journal of theoretical and applied electronic commerce research, 7(3), 49-62.
Shapiro, J. M. (2006). Smart cities: quality of life, productivity, and the growth effects of human capital. The review of economics and statistics,88(2), 324-335.
Silva, S. B. (2012). A emergência dos Living Labs no Brasil como um meio para a promoção da Inovação Social.
Vergara, S. C. (2005). Métodos de pesquisa em administração. Atlas.
Agradecimentos
Agradecemos ao Laboratório do Núcleo de Inovação Tecnológica (LABNITA), assim também como o setor de Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC), da Universidade Federal de Santa Catarina, por compartilhar seu conhecimento e contribuir com o presente trabalho. A todos os participantes do Grupo de Pesquisa em Tecnologia, Gestão e Inovação que auxiliaram no processo de desenvolvimento do artigo, muito obrigado.
















Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.