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5º Congresso Brasileiro de Biologia Marinha, Porto de Galinhas, Ipojuca - PE, 17 a 21 de maio de 2015.
Resumo: 786-1
Oral (Tema Livre)
786-1
Ciência Cidadã – Oportunidades e Desafios para a Pesquisa e o Monitoramento de Ambientes Costeiros e Marinhos
Autores: Maria Gilda Pimentel Esteves1, Jano Moreira de Souza1, Carla Viana Pereira1,3, Alexandre Prestes Uchoa1, Marcio Antelio1,2 1 UFRJ/PESC/COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro (Cidade
Universitária, Centro de Tecnologia, Bloco H, Sala 319, CEP 21941-972, Rio de Janeiro – RJ), 2 CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Rodovia Mario Covas, lote J2, quadra J - Distrito Industrial de Itaguaí - RJ - CEP 23810-000 Rio de Janeiro – RJ), 3 DATAPREV - Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Rua Professor Álvaro Rodrigues, 460, Botafogo, CEP 22280-040, Rio de Janeiro - RJ) E-mail Apresentador:
[email protected]
Resumo: Introdução Diversas são as iniciativas do Governo, indústria e Universidade para reunir dados e informações relevantes que possibilitem o conhecimento dos ambientes costeiros e marinhos. Entretanto, enfrentar o desafio de mapear por longos períodos de tempo e por grandes áreas geográficas a ocorrência e distribuição das espécies, dos fenômenos da natureza e demais fatores bióticos e abióticos, tem sido um desafio para pesquisadores de diversas disciplinas. Enfrentar este problema com o reduzido número de especialistas, utilizando métodos tradicionais que envolvem a realização de inventários e expedições tornou-se, por vezes, inviável frente aos crescentes desafios da ciência. Por outro lado, a evolução da tecnologia e a Era do Big Data estão promovendo e facilitando a aquisição contínua de informações e o acesso a variados bancos de dados, cuja analise demanda tempo e dedicação dos cientistas muitas vezes superior à sua capacidade de resposta as atuais demandas. Foi neste cenário que, a Ciência Cidadã ou a Ciência Participativa tornou-se uma alternativa viável para a pesquisa cientifica e o monitoramento ambiental. Este novo paradigma vem possibilitando que pequenos grupos de cientistas sejam beneficiados pela colaboração de um numero ilimitado de voluntários, para executar tarefas do tipo: coleta, classificação, monitoramento ambiental e resolução de problemas complexos da ciência. Este estudo faz uma analise da diversidade de projetos de ciência cidadã e apresenta uma tipologia com exemplos ilustrativos de oportunidades para a área de biologia marinha e finaliza destacando os principais benefícios e desafios para ambos: pesquisadores e cidadãos. Métodos empregados Analise qualitativa das iniciativas existentes; criação de tipologia; avaliação dos principais benefícios e desafios para pesquisadores e cidadãos. Resultados A partir da analise das iniciativas existentes, os projetos de ciência cidadã foram classificados em 8 tipos que serão descritos a seguir, incluindo exemplos na área da biologia marinha. A maioria dos
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projetos pertencem aos tipos 1 e 2. Nestes, a participação do cidadão depende da localização geográfica e, de modo geral, fazem uso de dispositivos móveis para contribuir com dados e observações relacionadas ao seu dia a dia. Ao contrario, os tipos 3 a 8 são realizados exclusivamente online e destinam-se as etapas de ideação, processamento, analise e classificação de dados pré-existentes. (1) Coleta de Dados e Monitoramento: São projetos que demandam grandes quantidades de dados, coletados por extensas áreas geográficas e por longos períodos de tempo. Podem possuir objetivos específicos de vigilância e monitoramento de forma continua ou em períodos de crise, emergência ou catástrofes. A maioria dos projetos de biologia marinha se enquadra nesta categoria. Podem ser projetos destinados ao avistamento de organismos marinhos como águas vivas e blooms de algas tóxicas (Jellywatch.org); cavalos marinhos (iseahorse.org); aves marinhas (seabirdsurvey.org); baleias (wildwhales.org); tubarões (sevengillsharksightings.org) ou projetos que investigam a influência do aquecimento global no branqueamento dos corais (coralwatch.org). No Brasil, a Fundação Mamíferos Aquáticos/FMA (mamiferosaquaticos.org.br) lançou no ano de 2014 o aplicativo “Biota” cujo objetivo é monitorar a ocorrência de animais (vivos ou mortos) em regiões do ambiente marinho. Projetos de monitoramento de espécies invasoras e monitoramentos sobre a contaminação do mar por resíduos plásticos também se enquadram nesta categoria, entre outros. (2) Informação Geográfica Voluntária: Visam à criação coletiva de mapas dinâmicos georeferenciados, onde o cidadão contribui com o seu conhecimento local. Um exemplo de oportunidade é a utilização do cidadão para o mapeamento de pesqueiros e lajes submersas visando o ordenamento da pesca e a pratica do mergulho submarino. (3) Geração coletiva de Conteúdo: São projetos baseados em tecnologias Wikis com o objetivo da criação coletiva de conteúdo e imediata disponibilização. No projeto brasileiro “wikiaves.com.br” o conteúdo é criado de forma colaborativa e o voluntário (pré-qualificado ou não) participa ativamente para melhorar a sua qualidade. (4) Classificação de Dados – Reconhecimento de Padrões de Imagens e sons: Cidadãos participam ajudando a classificar e reconhecer padrões nas imagens seguindo orientações pré-definidas pelos cientistas. No projeto “seafloorexplorer.org” cidadãos analisam imagens do fundo do mar e ajudam a classificar o tipo de substrato e os organismos bentônicos; no “digitalfishers.net” técnicas de jogos são utilizadas para atrair os participantes e no “whale.fm” a tarefa é reconhecer padrões de sons emitidos por baleias. (5) Transcrições de Documentos: Da mesma forma que o item anterior, representa tarefas facilmente realizadas por seres humanos, mas que os computadores ainda não conseguem executar, como transcrições de documentos antigos (oldweather.org). (6) Qualidade dos Dados e Validação: Os cidadãos participam ajudando a melhorar a qualidade de dados checando sua veracidade e atualizando informações. Ex.: geo-wiki.org. (7) Resolução de desafios da Ciência utilizando Jogos: São projetos que fazem uso da abordagem de jogos para descobrir, por exemplo, novas combinações de proteínas (fold.it), incentivando a participação de cidadãos que possuem interesse na ciência, mas também em entretenimento e lazer. (8) Concursos e Desafios - Inovação e Geração de Ideias: Projetos desse tipo promovem grandes desafios e competições envolvendo temas relacionados à pesquisa científica. A plataforma “climatecolab.org” permite que cidadãos colaborem com especialistas para criar, colaborar e selecionar propostas detalhadas sobre questões relacionadas a mudanças climáticas. Discussão Se por um lado, este novo paradigma traz benefícios para pesquisa e o monitoramento ambiental, pois permite a colaboração em uma escala superior ao método tradicional, reduzindo tempo e custo, por outro traz desafios no sentido de motivar e manter cidadãos engajados na realização da tarefa. Motivação, controle da qualidade e gestão de um grande numero de voluntários e contribuições são os principais desafios. É importante ter em mente a visão do cidadão tanto como produtor (por exemplo: coletando e classificando dados), mas também como consumidor do que o projeto tem a oferecer. Muitas vezes o que motiva o cidadão é o prazer de fazer parte de um projeto de pesquisa científica real, da possibilidade de aprendizagem, da diversão e da possibilidade de conhecimento de novas pessoas, lugares e contextos socioambientais. Nesse sentido, ferramentas sociais como fóruns, blogs, wikis, microblogs e chats - oferecem grande potencial para promover o intercâmbio de conhecimentos e experiências. É importante também fornecer suporte, criando formulários, apostilas, guia de referência e consulta, ou até mesmo um canal de comunicação direta com o cientista para facilitar o trabalho do participante e minimizar a complexidade da tarefa. Para tornar os dados confiáveis é importante que o projeto avalie a necessidade e mecanismo para o treinamento dos participantes no sentido de coletar dados com qualidade. O uso de métricas de confiança e reputação podem fornecer mecanismos simples e eficazes para a filtragem de dados não confiável. A maior flexibilidade da participação, por vezes anônima e volátil, exige uma estratégia de gestão, comunicação e uso de tecnologia projetada, sob medida, visando maximizar a qualidade, o
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engajamento e a manutenção da participação do voluntário, mas também, criar benefícios para todos os envolvidos: gestores, voluntários e parceiros. Caráter conclusivo do estudo A participação do cidadão tem sido acelerada pelo uso da internet e das novas tecnologias moveis e são inúmeros os exemplos aplicáveis à pesquisa e monitoramento de ambientes costeiros e marinhos. Entretanto, um dos principais desafios da ciência cidadã não reside na tecnologia, mas na gestão, controle de qualidade e na manutenção do engajamento e motivação dos participantes. Campanhas constantes, simplicidade na interface, tutoriais, mecanismos de reconhecimento e feedback, incluindo canais de comunicação e publicação dos resultados são fundamentais para o sucesso de projetos desta natureza. Acreditamos que a tipologia aqui apresentada represente um guia de oportunidades e inspire a criação de novas iniciativas no Brasil.
Palavras-chave: ciência cidadã, monitoramento ambiental, colaboração, ciência participativa, crowdsourcing
Agência de fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
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