Cinema, Turismo e Educação: Pra documentar \'Pelas Trilhas de Cabral\'

June 1, 2017 | Autor: Rafael Romão Silva | Categoria: Cinema and Education, Educacion del turismo
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE  DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO  LICENCIATURA EM CINEMA E VÍDEO  PESQUISA E PRÁTICA DE ENSINO I              Cinema, Turismo, Educação:  Documentar Pelas Trilhas de Cabral      Rafael Romão Silva  Orientação: Alice Akemi, Eliany Salvatierra                                                     

A Universidade está assentada sobre um tripé, e aqui expando esta base para todas  as  instituições  da  educação.  Trata­se  do  ensino, da  pesquisa  e  da  extensão  e  não  raramente  esta  última  sempre  é  relegada  a  esta   posição,  sendo  subalternizada  dentro  das  políticas que incentivam  e  financiam  a  educação.  Um  exemplo  disto  é  o  plano  de  carreira  dos  docentes  universitários,  dentro  do  qual  os  projetos  de  extensão desenvolvidos não trazem nenhum benefício trabalhista ao educador.    “A  Extensão Universitária é o  processo  educativo,  cultural e científico que articula o  Ensino  e  a  Pesquisa  de  forma  indissociável  e  viabiliza  a  relação  transformadora  entre universidade e sociedade.  A  Extensão  é  uma  via  de  mão  dupla,  com  trânsito  assegurado  à  comunidade  académica,  que   encontrará,  na  sociedade, a oportunidade  de elaboração da práxis  de  um  conhecimento  académico.  No  retorno  à  Universidade,  docentes  e  discentes  trarão  um  aprendizado  que,  submetido  à  reflexão  teórica,  será  acrescido  àquele  conhecimento.  Esse  fluxo,  que  estabelece  a  troca  de  saberes  sistematizados,  académico  e  popular,  terá  como  consequência:  a  produção  do  conhecimento  resultante  do  confronto  com  a  realidade  brasileira  e regional; a democratização do  conhecimento  académico  e  a  participação  efetiva  da  comunidade  na  atuação  da  Universidade.  Além  de  instrumentalizadora desse processo  dialético  de  teoria/prática,  a Extensão  é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social.”       Infelizmente  nossas  escolas  brasileiras  só  possuem  estruturas  para  lidar  com  o  ensino  e  nelas  a  pesquisa  muitas  vezes  fica  relegada  a  universidade  e  outros  ambientes.  Já  a  extensão,  muitas  vezes  já limitada  pela  ausência  das  práticas  de  pesquisa,  é  tratada  com  descaso  pelos  dirigentes  e  educadores  e  acaba  sendo  pontos  de  escape  da  rotina  maçante  do  ensino  ou  apenas  Turismo  que,  embora  tenha  suas  positividades,  acaba  mascarando  o  real  potencial  extensionista.  Cabe  pontuar  que  uma  ação  de  extensão   envolve  a  saída  aos   muros  da  escola  mas  também  a  intervenção  direta  sobre  o  mundo  sob  a  forma  de  construção  de  conhecimento e ação direta em parceria com a comunidade.    Infelizmente  na  universidade,  dado  o  grande  deserto  imposto  pela  sala  de  aula,  grande parte  das  atividades  de  extensão acabam sendo  de  ensino, ainda mais nos   cursos voltados a licenciatura.    Infelizmente  em  minha  graduação  não  tenho  a  disciplina  pesquisa  e  práticas  de  extensão ­ que definiriam o caráter obrigatório da atividade ­ mas apenas  pesquisa e  prática  de  ensino,  onde  eu  devia,   em  tom  obrigatório,  realizar  uma  inserção   em  instituição  dotada  de  pedagogia,  o  que por si  excluem muitas  práticas  de extensão 

que  sobrevivem   na  coragem e  "clandestinidade".  Por  sorte encontrei um  projeto de  extensão  em  uma  escola pública  no qual eu poderia me inserir, embora ainda tenha  lidado com o ensino para ser contemplado na disciplina.    O  projeto  a  que  colaborei  tem  o  nome  de  Pelas  Trilhas  de  Cabral.  Quatro  professores  da  Escola  Estadual  Professor  Aggeo  Pereira  do  Amaral  junto  a  uma  professora aposentada  selecionaram  um grupo de estudantes do ensino médio para  fazer uma viagem  a  Porto  Seguro.  O objetivo  era  que fizessem  um  documentário  e  um  livro de  fotografias  sobre  as  matrizes  que  compõem  a  nação brasileira. O grupo  se  associou  a  uma  agência  turística  e  juntos  elaboraram  um roteiro  de  visitas  que  permitissem a pesquisa em imagens e sons.    Este  tipo  de  atividade  já  havia  sido aplicada  pelo mesmo  grupo  de professores  em  anos anteriores.  Eles  fizeram duas viagens nos  últimos dois anos. Uma vez foram a  um  quilombo  e  na  outra  fizeram  uma  incursão  pelo  Barroco  em  Minas  Gerais.  As  educadoras  relataram  que  a  captação  de  imagens  esteve  presente  nessas  outras  viagens, embora fosse  responsabilidade  de apenas  alguns  do grupo. Eles possuem  o  material  da  primeira  já  montado  e  publicado   em  um  canal  no  YouTube.  Durante  estas  duas  viagens  os  educandos  possuíam  a  obrigação  de  produzir  uma  monografia sobre o conteúdo encontrado durante a viagem.    O  grupo  de  educandos  é  selecionado pelos  educadores dentro  das salas onde eles  atuam.  Eles  são  convidados  ao  projeto   por  terem  bom  rendimento  escolar,  bom  comportamento e serem da afeição do educador.    Os  educandos  adentram  ao  projeto  dois  bimestres  antes  da  viagem.  Desde  então  eles  possuem  a  obrigação  de  participar  de  espaços  extraclasse  onde  assistem  a  filmes,  a  aulas  e  são  obrigados  a  produzirem  fichamentos  sobre  livros  e  vídeos.  Neste  ano  acompanhei  o  grupo  de  Facebook  que  eles  possuem   e  por  lá  vi  as  diversas demandas  serem apresentadas em  ambiente virtual. Por lá eram dados os  avisos  e  eram  feitas  as  cobranças para além  da  dinâmica  que ocorria no cotidiano  da escola.    A produção  Como todo projeto de pesquisa, ainda mais cinematográfica, a empreitada exigiu um  grande  esforço  de  produção  para  o grupo de  educandos viajantes.  Os educadores  foram  verdadeiros   produtores  de  cinema  ao  terem  que  lidar  com  a  elaboração  do  projeto,  seu  financiamento,  a  constituição e  formação  da  equipe,  além  de  toda  sua  acomodação  e   alimentação,  o  controle  dos  sets  de  filmagem,  o  manejo  de   equipamentos e material filmado e sua pós­produção.   

O  projeto  foi  submetido  a  um  edital  do  governo  do  estado  de  São  Paulo,  o  PROEMEI,  que  destina  recursos  para  que  cada  escola  desenvolva  ações  extensionistas. Com este recurso  eles pagaram parte da viagem, embora até a data  da  viagem  a  quantia  ainda  não  tinha  sido  depositada.  Em  uma   reunião  de  educadores do  colégio  o  grupo  foi questionado  por  utilizar  toda a  quantia destinada  a escola, o  que  foi  argumentado  que  até  então  nenhum  outro grupo de educadores  havia submetido um único projeto ao edital.    A  outra  parte  de  recursos  financeiros  vieram  da  própria  comunidade,  onde  os  educando  tiveram  que  lidar  com  rifas  e  a  produção  de  uma  feijoada  aberta  à  comunidade.  Em  alguns  momentos  percebi  um  fator  excludente neste processo,  já  que alguns educadores  relatavam que  se  faltasse alguma quantia para amortização  das  dividas  seriam  os   próprios  educandos  quem  arcariam  com  ela,  pois  muitos  deles  seriam  ricos.  Ouvi  sobre  outro caso onde  a  mãe  de  um  educando expulso do  projeto  foi  até  as  educadoras  para  solicitar  certa  quantia  em  reembolso,  o  que  foi  negado  pelas  educadoras  ­  o  educando  teria  gasto  dinheiro  próprio com  as rifas  e  teria  deixado  de  pagar  parcelas  de  seu  aparelho  celular.  Cabe  ainda  que  apenas  educandos  que  não  trabalham  poderiam  participar  do  projeto,   já  que  haviam  exigências no contraturno escolar.    Minha inserção e o método problematizador  Fui  convidado  a  participar do projeto pelo educador de Filosofia Valdir Volpato. Este  era  seu  primeiro  ano  junto  ao  projeto  e  partiu  dele  as  sugestões  de  fazer  um  documentário  e um  livro  de fotografias ao invés de um trabalho de conclusão escrito  em  papel.  Valdir  me  apresentou  sua  ideia  e   me  deixou  livre  para  sugerir  intervenções ao  processo. Ele  me  contou  que  os equipamentos utilizador seriam os  pessoais  e  que  haveria  uma  divisão  do  trabalho  onde  um  estudante  seria  responsável  por  fotografar  e  filmar  e  todos  os  outros  pela  pesquisa.  Fui  voluntário  em  aplicar  um  curso  à  turma,  descrito  abaixo,  junto  à  proposição  de  que  todos  os  educadores  e   educandos  deveriam  participar  dele  e  que  mudaríamos  essa  proposição  de  apenas  uma pessoa  se  responsabilizar pela  captação  de imagens  e  sons,  cargos  que  seriam  compartilhados  por  todos  do  grupo.  Ainda  conversamos  sobre  o  tema  da  viagem,  Nas  Trilhas  de  Cabral,  e  o  questionei  que  estas  trilhas   apagaram as de outros povos que viveram nesta terra, proposição aceita e difundida  pelo processo de pesquisa que tiveram até a viagem.    O Curso  Minha  primeira  reflexão  sobre  o  processo  que  conduziria  se  deu  em  torno  do  conceito  de  Curso,   que  é  o  caminho  percorrido   por  um  Rio  da  nascente  à   foz.  Heráclito  proferiu  que  “não  não  se  atravessa  duas  vezes  um  mesmo  rio”  e  aproximando   está  noção  de  Curso  à  própria   viagem  que  seria  feita  e  ao  espaço  educativo  que  estava  a  propor,  relacionei  todo  este  processo  a  um  grande 

deslocamento.  Busquei poesias  e  prosas  que lidassem com  a noção  de viagem e a  ideia de transformação me parecia inerente à tudo, como a Heráclito e a Deleuze.   Ao conversar com os educadores responsáveis pelo projeto, evidenciaram­me que o  aspecto  técnico  deveria  ser  trabalhado  com  afinco.  Porém,  como  boa  parte  dos  equipamentos   que  seriam  utilizados  possuía  grande  automaticidade,  decidi  por  equilibrar  tal  projeção  técnica  com  um  aspecto  reflexivo.  Assim,  parte  de  nossa  navegação  se  daria pelos  mares  técnicos  da  fotografia e da “audiografia”, enquanto  pararíamos muitas vezes em portos da Teoria e da Crítica.    Embora tenha intercalado os conteúdos, abaixo descrevo brevemente o objetivado.  Teoria da Fotografia ­ apresentei o funcionamento da câmera fotográfica a partir do  desenvolvimento  câmara  escura  e  de sua relação com o olho humano: caminhamos  pela  profundidade de  campo,  representação  do  movimento, focagem e coloração; a  linguagem  de  enquadramento;  a  construção  e  a  representação  do  espaço  imagético.  Som ­  apresentei o funcionamento do gravador de som, o funcionamento das ondas  sonoras  e  os  tipos   de  sons  que  se  podem  encontrar  em  um  filme:  silêncio,  ruído,  música e palavra.   História  do  cinema  e  da  representação  das  viagens  ­  Apresentei  as  diferentes  formas  de  representar   uma  viagem  em  imagens  a  partir  do  processo  histórico.  Fomos de Debret e suas  pinturas  sobre o Rio de Janeiro colonial até os Panoramas  e suas variações, a  fotografia, os filmes de travelogues, os filmes de documentários,  os  roadmovies,  os  filmes  caseiros  de  viagem e os  websites que  permitem  visitas a  museus.  Quanto  à  História  do  Cinema  fui  do  pré­cinema  e  suas  características,  passamos  pelo  cinema  clássico  hollywoodiano  e  o  cinema  moderno da  década de  1960  ­  o  principal  eixo  de  discussão  se  deu  pelas  técnicas  de  montagem  e  inovações tecnológicas inerentes à cada período.   Teoria  do  Filme  Documentário  ­  apresentei  uma  discussão  que  desestabiliza  as  noções  de  verdade  é  real,  onde  o  filme   documentário  pode  ser  visto  como  uma  ficção  e  a  própria  ficção  como  um  discurso  que  funda  o  real.  Assentado  em  Bill  Nicholls,  apresentei  seus  tipos para o filme documentário, que varia, de acordo com  o  grau de objetividade/subjetividade  aplicados na  forma, o lugar  de  enunciação e a  exposição do dispositivo originário.   Exercícios  práticos  ­  os  exercícios  práticos  surgiram  primeiro  da  fotografia,  onde  os  jovens  deveriam  construir  o  espaço  a  partir  dos  planos  fixos  do  chamado  Primeiro  Cinema.  O  segundo  exercício  contava  com  uma  construção  em  série  a  partir  de  um  unico  tema,  no  caso  o  a  cor  azul.  O  terceiro  foi  inspirado  no  projeto   Humans  OF  New  York  e  os   educandos  deveriam  buscar  desconhecidos  para  fotografar  e entrevistar. O último exercício envolveu a criação de um vídeo em grupo   onde  eles  apresentavam  o  projeto  Nas  Trilhas  de  Cabral,  produto  que  poderia  ser  utilizado no documentário final de todo o projeto.    

      Material do exercício: ​ HUMANS OF NAVEGANDO COM AGGÊO  

  Ligia, 86.  "Eu  e  meu  marido  criamos  nossos filhos, e depois de já velhos, depois de quase 50  anos, praticamos natação master. Temos 700 medalhas aqui em casa.  Foi uma vida muito agitada, uma vida muito rica. 

Faz  nove  anos  que  meu  marido  faleceu,  sinto a falta dele,  mas agradeço  por tudo  em minha vida."”   

  “Catarina, 85  

"Meu  nome  é  Catarina,  tenho  85  anos,  sou  viúva,  tenho  7  filhos,  já  conheci várias  cidades  do  Brasil,  mas  uma  que  tenho  vontade  de  conhecer  e  assim  que  tiver  oportunidade irei é Recife."”   

  "Eu  estou  esperando  ferramentas  para  limpar  um  terreno aqui  em  frente. Trabalho  como  pedreiro,  carpinteiro  e eletricista. Moro  em Votorantim  e venho  fazer  serviços  aqui  em  Sorocaba.  Esse  terreno que  eu  vou  limpar é  de  um  compadre meu. Tenho  79 anos e fiz aniversário agora, dia 07 de julho, sou de 07/06/36."   

  “Larissa 19 anos  "Gostaria  de  ir para o Rio de Janeiro.  Estou  precisando de uma praia, uma folga da  faculdade."”    Material Exercício AGGEO AZUL  https://www.flickr.com/photos/133137292@N02/19844307086/  https://www.flickr.com/photos/133137292@N02/19870507125/in/photostream/  https://www.flickr.com/photos/133137292@N02/19247839894/in/photostream/  https://www.flickr.com/photos/133816334@N03/galleries/72157656015197271/   

Material Exercício DOC de APRESENTAÇÃO  https://vimeo.com/135209390  https://vimeo.com/135108836  https://vimeo.com/135004882  https://vimeo.com/134985287        Formas  de  pesquisa  e  estudo  das  Imagens  ­  apresentei  aos   jovens  alguns  programas  de  pesquisa  e  armazenamento de imagens, no  caso  o  Flickr  e  o Vimeo.  Juntos  exploramos  suas  funcionalidades,  onde  pudemos  analisar  e  comentar  trabalhos por  lá  compartilhados.  Os educandos foram incentivados a criarem contas  nestes sites na medida em que os exercícios deveriam ser entregues por estes.   Planejamento  do processo de  captação de  imagens  e sons durante a viagem ​ ­  os  últimos  momentos  de  nosso  curso  foram dedicados a discutirmos os  processos  envolvidos  na  captação  de  imagens  e   sons  durante  a  viagem  de  Porto  Seguro.  Partimos  da  pré­produção,  que  envolvia  carregar   as  baterias  dos  equipamentos,  checar  se todos os equipamentos estavam a bordo e como lidariam com licenças de  uso  de  imagem   e  autorizações  para  filmagem.  Planejamos  o  que  poderia  ser  filmado,  como  a  saída  de  Sorocaba, o transporte até Porto Seguro e cada lugar que  visitariam.  Os  filmes  que  assistimos  durante  os encontros  também ajudaram neste  ponto  e  é  algo  que  desenvolvo  mais   abaixo.  Pensamos  em  especialização  de  funções,  como  responsáveis  pela  captação  de  áudio,  de  acordo  com  os  equipamentos  a  que  tinham  acesso.  Problematizamos a logagem  diária  do  material  filmado,  onde  buscamos  uma  metodologia  para  poderem  descarregar  o  material  diariamente  e   como  poderiam  salvá­los  em  nuvens  digitais  para  evitar  perda  de  material.       Os filmes  Busquei  exibir  produções  que  me  fosse  referencia  de  linguagem  e  forma,  que  pudessem  auxiliar   os  jovens  a  experimentarem  na  criação  de  documentário  com   atenção  para  alguns  processos  já  apontados  ao  longo  do  tempo.  Meu  grande  objetivo  era  apresentar  um  universo  complexo,  de  onde  não  se  teria   respostas  óbvias  à  pergunta  de  “como  filmar”.  Senti  muito  receio  de  que  a  linguagem  que  predominaria  seria  a  das  selfies  e  do  filme  caseiro  de  ostentação  e,  tentando  incentivar  outros  processos,  problematizado  o  lugar  destas  linguagens  jovens  e  contemporâneas  em  paralelo  à  dos  filmes  que   aqui  listo.  Abaixo  de  cada  filme  proposto colo um trecho de alguma crítica que me resume a importância do filme.      Filmes do Irmãos Lumière 

Foram exibidos diferentes filmes dos pioneiros do Cinema. Obras como     Berlim, uma sinfonia de uma metrópole  Sinopse: Um dia típico em Berlim. Uma bela homenagem a um clássico.   Uma refilmagem de "Berlim,  Sinfonia da Metrópole" (Walter Ruttmann, 1927), com o  mesmo conceito do original, usando imagens atuais da capital alemã.  Assim como Ruttman, Thomas  Schadt  apresentou 'um dia' em Berlim, da aurora até  altas  horas  da  madrugada,  em  sua  Berlim,  Sinfonia  de  uma  Metrópole,  como  um   mosaico  de  cenas  soltas.  Mas  se  Ruttmann enfocou principalmente os habitantes  da  metrópole  industrial  no  início  do  século  XX,  Schadt  dedicou­se  à  cidade  com  todas as suas mudanças após a reunificação.  Gênero: Documentário  Diretor: Thomas Schadt  Duração: 77 minutos  Ano de Lançamento: 2002  País de Origem: Alemanha  Idioma do Áudio: Alemão  IMDB: ​ http://www.imdb.com/title/tt0317140/    Um homem com uma câmera  Sinopse:  Grande  marco  do  cinema  soviético  do   período  Lenin.  Um  Homem  Com  Uma Câmera é o  mais  puro  exemplo da ruptura total  do cinema com a literatura e a  dramaturgia,  uma  autêntica  iniciação  aos  segredos  da  linguagem  cinematográfica.  Dziga  Vertov,  o  artista  preferido  do  governo  soviético,  criou  o  Kino­Pravda  (Cine­Verdade)  e  o  Kino­Glaz  (Cine­Olho),  novos  conceitos  para  captação  da  realidade,  formatada  dentro de  uma montagem visionária que influenciaria o cinema  do Pós­Guerra. As imagens são deslumbrantes e de grande impacto visual.  Gênero: Documentário / Experimental  Diretor: Dziga Vertov  Duração: 68 minutos  Ano de Lançamento: 1929  País de Origem: União Soviética  Idioma do Áudio: Mudo  IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0019760/    “Nos  pensávamos   ter  o  direito  não  somente  de   não  fazer  filmes  para  o  grande  consumo  mas  também,  de  tempos  em  tempos,  os  filmes  que  gerem  filmes...  Eles  são  uma  garantia  necessária  a  futuras  vitórias...".  (Introdução  de  George  Sadoul  para seu livro sobre Vertov).    Praça WALT Disney  

Sinopse:  Uma  abordagem  diferente  sobre  a  vida urbana contemporânea que reflete  a  sociedade  brasileira.  O documentário descreve  ao  mesmo tempo  um  bairro, uma  cidade e um país. O lugar real: Boa Viagem, Recife, Pernambuco, Brasil.  Gênero: Documentário  Diretor: Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira  Duração: 21 minutos  Ano de Lançamento: 2011  País de Origem: Brasil  Idioma do Áudio: Mudo  IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2084060/    Pacífic  Sinopse:  Uma  viagem  de  sonho  em  um  cruzeiro  rumo a Fernando  de  Noronha. As   lentes  dos  passageiros  captam  tudo  a  todo  instante.  E  eles  se  divertem,  brincam,  vão  a  noitadas.  Desfrutam  de  seu  ideal  de  conforto  e  bem­estar.  E,  a  cada   dia,  aproximam­se mais do tão sonhado paraíso tropical…  Gênero: Documentário  Diretor: Marcelo Pedroso  Duração: 72 minutos  Ano de Lançamento: 2009  País de Origem: Brasil  Idioma do Áudio: : Português    Aeroporto  Sinopse:  Estarei  partindo  logo.  É  tão  estranho  pensar  que  esse  tempo  está  acabando,  as  pessoas  que  conheci  aqui  parecem  quase  velhos  amigos  agora.  Provavelmente,  nunca  mais  vou  vê­las.  Um  pensamento  triste  mas,  acho,  bem  realista. A Austrália é tão longe do resto do mundo…  Gênero: Documentário  Diretor: Marcelo Pedroso  Duração: 22 minutos  Ano de Lançamento: 2010  País de Origem: Brasil  Idioma do Áudio: Vários    “​ (...)Tendo  como  instrumento  narrativo  as  imagens  de  viagens  de  turistas  Poloneses,  ​ Alemães,  Franceses  e  de  outras  partes  do  mundo,  encontrados  em  trânsito  no  Aeroporto  Internacional  de  Guarulhos,  em  São  Paulo,  a  densidade  do  curta  se  forma  a  partir  das   possibilidades  de  diálogo  advindas  do  registro  em  voz  captadas  junto  a  esses  personages  de  forma  autônoma,  sem  imposições.  O  efeito  simbólico  que  estrutura  o  roteiro  ganha  força  com  a  captação  do  som  ambiente  característico.  "Passamos  cerca  de  uma  semana  no  aeroporto​ ,  lá  fizemos  um 

trabalho de captação de som direto, ambiente, e gravação dos depoimentos", afirma  Rafael  Travassos,  da  equipe  de  produção.”  .      Pachamama  Sinopse:  O  documentário  busca  resgatar  a  identidade  cultural  sul­americana  por  meio  do  registro  de  diversas  regiões,  passando   por  Brasil,  Peru  e  Bolívia.  A  produção promove,  de  forma  poética, uma reflexão sobre o Brasil, a relação do país  com seus vizinhos e as questões políticas do continente.  Gênero: Documentário  Diretor: Eryk Rocha  Duração: 108 minutos  Ano de Lançamento: 2008  País de Origem: Brasil  Idioma do Áudio: Português    “Numa  produção  em  que  o  trajeto  –  estabelecido  em  mergulho na  tríplice fronteira  entre  Brasil,  Peru  e  Bolívia  –  ditava  o  roteiro  da  fita,  Eryk  Rocha  acalentava  o  pensamento  de que “é um  filme que  te faz, não  é você que faz o filme”.  Ele explica:  “As  coisas  vão  acontecendo  e  você  está  ali,  no  meio  do  fluxo.  Tinha  minhas  intuições  e  informações  sobre  a  América  Latina,  mas  eram   idéias  vagas  ou  midiáticas.  Foi  um  filme  construído  a  partir  de  encontros  e  acasos.  Acho  que  Pachamama é uma travessia, com a força do imponderável” (...).    Foi  uma  câmera­corpo  que  estava  na  minha  respiração,  nas  minhas  dúvidas,  no  meu  olho. Estava integrada  ao  meu  corpo”.  Sem  diferenciar o indivíduo do  ofício de  cineasta,  Rocha  se  diz acima de tudo “um cidadão com uma câmera na mão, pronto  para  descobertas”.  “A  relação  com  as  pessoas  é  o  tema  principal  do  filme.  Não  existia  uma  tese  a  ser  comprovada,  até  porque  acho  complicado  e  frágil  querer  concluir  algo  da  América  Latina,  com  sistemas  políticos  voláteis,  em  pleno  movimento.  As  duas  forças  originárias  que  me  inspiraram  foram  a  noção  de  multidão, de povo, e a tentativa  de  entender  a  situação política dos locais visitados.  Quis  abordar  transeuntes,  fossem  da  cidade  ou  da  beira da estrada.  Tentei fixar  o  olhar  mais  através do imaginário  popular do que  do  discurso institucional”,  observa  Eryk Rocha (Ricardo Daehn,  Da equipe do Jornal Correio).    Recife frio  Sinopse:  Como  seria  a  cidade  do  Recife  se  de   repente  ela  deixasse  de  ser  uma  cidade  tropical  e  a  temperatura  beirasse  zero  grau?  Brinca  com  seus  habitantes, 

seus  hábitos,  seu  cotidiano  e,  sobretudo,  com  sua  arquitetura,  esboçando  uma  defesa  de  suas  construções  e  de  seu  traçado  que  vem  sendo  paulatinamente  devastado  pela  especulação  imobiliária.  Ironiza  também  as  relações  sociais   estabelecidas e as imagens estereotipadas com o qual Recife é vendida pelo mundo  afora.”  Gênero: Curta  Diretor: Kleber Mendonça Filho  Duração: 24 minutos  Ano de Lançamento: 2009  País de Origem: Brasil  Idioma do Áudio: Português    “Mostrar  “o  outro  lado   de  Recife”  é  uma  preocupação   constante  do  riquíssimo  cinema  produzido  em  Pernambuco.  Mais  claramente,  essa  proposta  chegou  a  um  público  maior  em  2003  por  meio  de  Amarelo  Manga,  um  anti­cartão­postal.  Nos  últimos  três  anos,  o  cinema  que  se  produz  lá  tem  refletido  sobre  o  aumento  da   desigualdade por meio da arquitetura.  (...)  Mas  por  que  Recife  Frio  é  uma  obra­prima?  Entre  uma  dezena  de  razões,  porque  subverte  as  convenções  dos  gêneros  cinematográficos  para  utilizá­los  em  outro contexto, dando às imagens uma potência incomensurável”.   

 

    Uma visita ao Louvre / Une visite au Louvre  Sinopse:  Fruto de  seu  relacionamento com o pintor Paul Cézanne, o poeta Joachim  Gasquet  registrou por escrito  uma  série de comentários do pintor sobre suas visitas  ao  Museu  do  Louvre.  A  partir  da  retomada   dessa  escritura,  o  filme  nos  conduz  a  uma  sensível  e  crítica  visita  ao  Museu,  focando  significativas  obras  da  história  da  arte.”  Gênero: Documentário / Experimental  Diretor: Jean­Marie Straub & Danièle Huillet  Duração: 44 minutos 

Ano de Lançamento: 2004  País de Origem: França / Alemanha / Itália  Idioma do Áudio: Francês   

    “Uma  Visita  ao  Louvre”  foi  exibido  com  o  objetivo  de  problematizar  as  formas  de  lidar  com  obras  de  arte  em  espaços  institucionais.  O  experimento  da  dupla  XXX  apresenta  a  questão  do enquadramento em relação à obra, onde se busca relações  com  a  luz  ambiente,  ao  mesmo  tempo  em  que  narra  textos  que  apresentam  aspectos  profundos  de  cada trabalho.  A partir  dele  pude  sugerir soluções  para lidar  com  a  visita  guiada  na  ida  a  Porto  Seguro.  Afinal,  o  tempo  para  fruir  um  trabalho  artístico as vez não condiz com o dos itinerários turístico.  (...)  Através  do  que Bonitzer  designou  como "efeito de sobrecultura", eles refazem a  "correnteza"  do  cinema  retomando  o  que  este  havia  recalcado  (teatro,  ópera,  pintura...).  (...)  Sabemos que  Straub  e  Huillet dotam  o  cinema de um efeito Moebius: as pistas   de  imagem  e  de  som  se  dobram  uma  sobre  a  outra,  sem  aquisição  de  recursos  retóricos,  e  sem  achatamento  mútuo.  Uma  Visita  ao  Louvre  leva  esse  efeito  ao  limite, estruturando­se não em cenas ou em temas, mas em blocos de imagem­som.  (...)  O  que  acontece  é  antes  uma  abertura  do  espaço  cinematográfico  ao  infinito:  liberto  da  necessidade  de  mostrar  o  movimento,  é  o  próprio  quadro  (cinematográfico,  mas  também  pictórico)  que  assume  mobilidade,  uma  estranha  potência  de  auto­decomposição.  Os  quadros  se  esmigalham  na  nossa  frente,  enquanto o cinema, a imagem­som ligada em bloco, restitui a unidade das pinturas.  Fugindo  da  expressividade  fácil,  Straub  e  Huillet  põem  o  olho  do  espectador  em  trabalho,  em  ação: um olho  crítico que precisa "decupar" a imagem por meio de seu  investimento intelectual.  Cada plano do  filme  é  um sobrequadro (o plano do pintor e  o  plano  do  cineasta),  é  um  encontro,  ou  o  relato  de  um  encontro”  ().    Conclusão.  Embora  tenha  recebido  o  convite  para  contribuir  com  a  montagem  do  material  captado  na  viagem,  pouco  participei  do  desenvolvimento  das  atividades  após  o  término  do  curso. Três meses após o retorno de Porto Seguro foi entregue um vídeo  pela  Agência  de  Viagens  que  produziu  parte  da  viagem.  Infelizmente,  ele  é 

composto  por  imagens  captadas  pela  equipe  da  agência  e  segue  um  modelo  publicitário  onde  trechos  do  trajeto  são  exibidos  em  ordem  cronológica sobre uma  trilha  sonora.  Não  há  falas,  apenas  aquele  tom  de  vídeo  de  casamento  ou  de  viagem  à  Disney.  Neste  vídeo  vê­se  em  pouquíssimos  momentos  os  educandos  munidos  de  equipamentos a captar  imagens,  o  que sugere que  o  trabalho  pode ter  sido  imputado  ao  agente  turístico.  É  triste ver  isto acontecer  ao projeto,  na  medida  em  que a proposta  fílmica  parece  não  alcançada,  embora outras  o  tenham: adesão  estudantil  à  projetos  de  estudos  e  extensão,  contato com culturas diversas. Um fato  interessante  é  que  os  educadores  e  educandos  continuaram  a  executar exercícios  de  filmagem  mesmo  após  o  término  do  curso,  antes  da  viagem.  Fizeram  um  pequeno  documentário  na  rodoviária,  trabalharam  fotografar  a  escola,  entre outras  proposições.  Um  dos  fatores  que  contribuíram  ao  fracasso  do  filme  foi  a  desistência  do  prof.  Valdir  desembarcar.  Ele,  que  tinha sugerido  o  feitio do filme  documentário, acabou  envolto  em  uma  situação  delicada  com  a  Diretoria  de  Ensino  do  Estado  de  São  Paulo.  Após  trabalhar  a  obra  Vigiar  e  Punir  de  Michel  Foucault  com  seus  educandos,  um  grupo  deles  apresentou  um  seminário  sobre  o  tema  Violência  Policial  .   Para  o  mesmo  foi  produzido  um  banner  e  este  acabou   divulgado  em  redes  sociais,  o  que  gerou represália policial.  Educador e educando alegaram sofrer  ameaças  após  visitas  de  policiais  ao  colégio  e  uma  imensa  rede  de  intrigas  se  instaurou.  O  Colégio  Estadual  Aggeo   possui  educadores  extremamente corajosos.  Ao fim do curso recebi aplausos e ganhei presentes. Tiraram uma fotografia comigo.   Um  possível  desenvolvimento  desta  pesquisa  envolveria  entrevistas  com  os  participantes,  uma  atenção  ao  material  gravado  por  eles  e  suas  pegadas,  como a  página  o  grupo  que  possuem  na  rede  social  Facebook:  .  Poderia  ser  estudando  as  relações  entre  Extensão,  Turismo  e  Cinema  na  Educação. 

 

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