Cinema, Turismo e Educação: Pra documentar \'Pelas Trilhas de Cabral\'
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA EM CINEMA E VÍDEO PESQUISA E PRÁTICA DE ENSINO I Cinema, Turismo, Educação: Documentar Pelas Trilhas de Cabral Rafael Romão Silva Orientação: Alice Akemi, Eliany Salvatierra
A Universidade está assentada sobre um tripé, e aqui expando esta base para todas as instituições da educação. Tratase do ensino, da pesquisa e da extensão e não raramente esta última sempre é relegada a esta posição, sendo subalternizada dentro das políticas que incentivam e financiam a educação. Um exemplo disto é o plano de carreira dos docentes universitários, dentro do qual os projetos de extensão desenvolvidos não trazem nenhum benefício trabalhista ao educador. “A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade. A Extensão é uma via de mão dupla, com trânsito assegurado à comunidade académica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento académico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento. Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, académico e popular, terá como consequência: a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional; a democratização do conhecimento académico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade. Além de instrumentalizadora desse processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social.” Infelizmente nossas escolas brasileiras só possuem estruturas para lidar com o ensino e nelas a pesquisa muitas vezes fica relegada a universidade e outros ambientes. Já a extensão, muitas vezes já limitada pela ausência das práticas de pesquisa, é tratada com descaso pelos dirigentes e educadores e acaba sendo pontos de escape da rotina maçante do ensino ou apenas Turismo que, embora tenha suas positividades, acaba mascarando o real potencial extensionista. Cabe pontuar que uma ação de extensão envolve a saída aos muros da escola mas também a intervenção direta sobre o mundo sob a forma de construção de conhecimento e ação direta em parceria com a comunidade. Infelizmente na universidade, dado o grande deserto imposto pela sala de aula, grande parte das atividades de extensão acabam sendo de ensino, ainda mais nos cursos voltados a licenciatura. Infelizmente em minha graduação não tenho a disciplina pesquisa e práticas de extensão que definiriam o caráter obrigatório da atividade mas apenas pesquisa e prática de ensino, onde eu devia, em tom obrigatório, realizar uma inserção em instituição dotada de pedagogia, o que por si excluem muitas práticas de extensão
que sobrevivem na coragem e "clandestinidade". Por sorte encontrei um projeto de extensão em uma escola pública no qual eu poderia me inserir, embora ainda tenha lidado com o ensino para ser contemplado na disciplina. O projeto a que colaborei tem o nome de Pelas Trilhas de Cabral. Quatro professores da Escola Estadual Professor Aggeo Pereira do Amaral junto a uma professora aposentada selecionaram um grupo de estudantes do ensino médio para fazer uma viagem a Porto Seguro. O objetivo era que fizessem um documentário e um livro de fotografias sobre as matrizes que compõem a nação brasileira. O grupo se associou a uma agência turística e juntos elaboraram um roteiro de visitas que permitissem a pesquisa em imagens e sons. Este tipo de atividade já havia sido aplicada pelo mesmo grupo de professores em anos anteriores. Eles fizeram duas viagens nos últimos dois anos. Uma vez foram a um quilombo e na outra fizeram uma incursão pelo Barroco em Minas Gerais. As educadoras relataram que a captação de imagens esteve presente nessas outras viagens, embora fosse responsabilidade de apenas alguns do grupo. Eles possuem o material da primeira já montado e publicado em um canal no YouTube. Durante estas duas viagens os educandos possuíam a obrigação de produzir uma monografia sobre o conteúdo encontrado durante a viagem. O grupo de educandos é selecionado pelos educadores dentro das salas onde eles atuam. Eles são convidados ao projeto por terem bom rendimento escolar, bom comportamento e serem da afeição do educador. Os educandos adentram ao projeto dois bimestres antes da viagem. Desde então eles possuem a obrigação de participar de espaços extraclasse onde assistem a filmes, a aulas e são obrigados a produzirem fichamentos sobre livros e vídeos. Neste ano acompanhei o grupo de Facebook que eles possuem e por lá vi as diversas demandas serem apresentadas em ambiente virtual. Por lá eram dados os avisos e eram feitas as cobranças para além da dinâmica que ocorria no cotidiano da escola. A produção Como todo projeto de pesquisa, ainda mais cinematográfica, a empreitada exigiu um grande esforço de produção para o grupo de educandos viajantes. Os educadores foram verdadeiros produtores de cinema ao terem que lidar com a elaboração do projeto, seu financiamento, a constituição e formação da equipe, além de toda sua acomodação e alimentação, o controle dos sets de filmagem, o manejo de equipamentos e material filmado e sua pósprodução.
O projeto foi submetido a um edital do governo do estado de São Paulo, o PROEMEI, que destina recursos para que cada escola desenvolva ações extensionistas. Com este recurso eles pagaram parte da viagem, embora até a data da viagem a quantia ainda não tinha sido depositada. Em uma reunião de educadores do colégio o grupo foi questionado por utilizar toda a quantia destinada a escola, o que foi argumentado que até então nenhum outro grupo de educadores havia submetido um único projeto ao edital. A outra parte de recursos financeiros vieram da própria comunidade, onde os educando tiveram que lidar com rifas e a produção de uma feijoada aberta à comunidade. Em alguns momentos percebi um fator excludente neste processo, já que alguns educadores relatavam que se faltasse alguma quantia para amortização das dividas seriam os próprios educandos quem arcariam com ela, pois muitos deles seriam ricos. Ouvi sobre outro caso onde a mãe de um educando expulso do projeto foi até as educadoras para solicitar certa quantia em reembolso, o que foi negado pelas educadoras o educando teria gasto dinheiro próprio com as rifas e teria deixado de pagar parcelas de seu aparelho celular. Cabe ainda que apenas educandos que não trabalham poderiam participar do projeto, já que haviam exigências no contraturno escolar. Minha inserção e o método problematizador Fui convidado a participar do projeto pelo educador de Filosofia Valdir Volpato. Este era seu primeiro ano junto ao projeto e partiu dele as sugestões de fazer um documentário e um livro de fotografias ao invés de um trabalho de conclusão escrito em papel. Valdir me apresentou sua ideia e me deixou livre para sugerir intervenções ao processo. Ele me contou que os equipamentos utilizador seriam os pessoais e que haveria uma divisão do trabalho onde um estudante seria responsável por fotografar e filmar e todos os outros pela pesquisa. Fui voluntário em aplicar um curso à turma, descrito abaixo, junto à proposição de que todos os educadores e educandos deveriam participar dele e que mudaríamos essa proposição de apenas uma pessoa se responsabilizar pela captação de imagens e sons, cargos que seriam compartilhados por todos do grupo. Ainda conversamos sobre o tema da viagem, Nas Trilhas de Cabral, e o questionei que estas trilhas apagaram as de outros povos que viveram nesta terra, proposição aceita e difundida pelo processo de pesquisa que tiveram até a viagem. O Curso Minha primeira reflexão sobre o processo que conduziria se deu em torno do conceito de Curso, que é o caminho percorrido por um Rio da nascente à foz. Heráclito proferiu que “não não se atravessa duas vezes um mesmo rio” e aproximando está noção de Curso à própria viagem que seria feita e ao espaço educativo que estava a propor, relacionei todo este processo a um grande
deslocamento. Busquei poesias e prosas que lidassem com a noção de viagem e a ideia de transformação me parecia inerente à tudo, como a Heráclito e a Deleuze. Ao conversar com os educadores responsáveis pelo projeto, evidenciaramme que o aspecto técnico deveria ser trabalhado com afinco. Porém, como boa parte dos equipamentos que seriam utilizados possuía grande automaticidade, decidi por equilibrar tal projeção técnica com um aspecto reflexivo. Assim, parte de nossa navegação se daria pelos mares técnicos da fotografia e da “audiografia”, enquanto pararíamos muitas vezes em portos da Teoria e da Crítica. Embora tenha intercalado os conteúdos, abaixo descrevo brevemente o objetivado. Teoria da Fotografia apresentei o funcionamento da câmera fotográfica a partir do desenvolvimento câmara escura e de sua relação com o olho humano: caminhamos pela profundidade de campo, representação do movimento, focagem e coloração; a linguagem de enquadramento; a construção e a representação do espaço imagético. Som apresentei o funcionamento do gravador de som, o funcionamento das ondas sonoras e os tipos de sons que se podem encontrar em um filme: silêncio, ruído, música e palavra. História do cinema e da representação das viagens Apresentei as diferentes formas de representar uma viagem em imagens a partir do processo histórico. Fomos de Debret e suas pinturas sobre o Rio de Janeiro colonial até os Panoramas e suas variações, a fotografia, os filmes de travelogues, os filmes de documentários, os roadmovies, os filmes caseiros de viagem e os websites que permitem visitas a museus. Quanto à História do Cinema fui do précinema e suas características, passamos pelo cinema clássico hollywoodiano e o cinema moderno da década de 1960 o principal eixo de discussão se deu pelas técnicas de montagem e inovações tecnológicas inerentes à cada período. Teoria do Filme Documentário apresentei uma discussão que desestabiliza as noções de verdade é real, onde o filme documentário pode ser visto como uma ficção e a própria ficção como um discurso que funda o real. Assentado em Bill Nicholls, apresentei seus tipos para o filme documentário, que varia, de acordo com o grau de objetividade/subjetividade aplicados na forma, o lugar de enunciação e a exposição do dispositivo originário. Exercícios práticos os exercícios práticos surgiram primeiro da fotografia, onde os jovens deveriam construir o espaço a partir dos planos fixos do chamado Primeiro Cinema. O segundo exercício contava com uma construção em série a partir de um unico tema, no caso o a cor azul. O terceiro foi inspirado no projeto Humans OF New York e os educandos deveriam buscar desconhecidos para fotografar e entrevistar. O último exercício envolveu a criação de um vídeo em grupo onde eles apresentavam o projeto Nas Trilhas de Cabral, produto que poderia ser utilizado no documentário final de todo o projeto.
Material do exercício: HUMANS OF NAVEGANDO COM AGGÊO
Ligia, 86. "Eu e meu marido criamos nossos filhos, e depois de já velhos, depois de quase 50 anos, praticamos natação master. Temos 700 medalhas aqui em casa. Foi uma vida muito agitada, uma vida muito rica.
Faz nove anos que meu marido faleceu, sinto a falta dele, mas agradeço por tudo em minha vida."”
“Catarina, 85
"Meu nome é Catarina, tenho 85 anos, sou viúva, tenho 7 filhos, já conheci várias cidades do Brasil, mas uma que tenho vontade de conhecer e assim que tiver oportunidade irei é Recife."”
"Eu estou esperando ferramentas para limpar um terreno aqui em frente. Trabalho como pedreiro, carpinteiro e eletricista. Moro em Votorantim e venho fazer serviços aqui em Sorocaba. Esse terreno que eu vou limpar é de um compadre meu. Tenho 79 anos e fiz aniversário agora, dia 07 de julho, sou de 07/06/36."
“Larissa 19 anos "Gostaria de ir para o Rio de Janeiro. Estou precisando de uma praia, uma folga da faculdade."” Material Exercício AGGEO AZUL https://www.flickr.com/photos/133137292@N02/19844307086/ https://www.flickr.com/photos/133137292@N02/19870507125/in/photostream/ https://www.flickr.com/photos/133137292@N02/19247839894/in/photostream/ https://www.flickr.com/photos/133816334@N03/galleries/72157656015197271/
Material Exercício DOC de APRESENTAÇÃO https://vimeo.com/135209390 https://vimeo.com/135108836 https://vimeo.com/135004882 https://vimeo.com/134985287 Formas de pesquisa e estudo das Imagens apresentei aos jovens alguns programas de pesquisa e armazenamento de imagens, no caso o Flickr e o Vimeo. Juntos exploramos suas funcionalidades, onde pudemos analisar e comentar trabalhos por lá compartilhados. Os educandos foram incentivados a criarem contas nestes sites na medida em que os exercícios deveriam ser entregues por estes. Planejamento do processo de captação de imagens e sons durante a viagem os últimos momentos de nosso curso foram dedicados a discutirmos os processos envolvidos na captação de imagens e sons durante a viagem de Porto Seguro. Partimos da préprodução, que envolvia carregar as baterias dos equipamentos, checar se todos os equipamentos estavam a bordo e como lidariam com licenças de uso de imagem e autorizações para filmagem. Planejamos o que poderia ser filmado, como a saída de Sorocaba, o transporte até Porto Seguro e cada lugar que visitariam. Os filmes que assistimos durante os encontros também ajudaram neste ponto e é algo que desenvolvo mais abaixo. Pensamos em especialização de funções, como responsáveis pela captação de áudio, de acordo com os equipamentos a que tinham acesso. Problematizamos a logagem diária do material filmado, onde buscamos uma metodologia para poderem descarregar o material diariamente e como poderiam salválos em nuvens digitais para evitar perda de material. Os filmes Busquei exibir produções que me fosse referencia de linguagem e forma, que pudessem auxiliar os jovens a experimentarem na criação de documentário com atenção para alguns processos já apontados ao longo do tempo. Meu grande objetivo era apresentar um universo complexo, de onde não se teria respostas óbvias à pergunta de “como filmar”. Senti muito receio de que a linguagem que predominaria seria a das selfies e do filme caseiro de ostentação e, tentando incentivar outros processos, problematizado o lugar destas linguagens jovens e contemporâneas em paralelo à dos filmes que aqui listo. Abaixo de cada filme proposto colo um trecho de alguma crítica que me resume a importância do filme. Filmes do Irmãos Lumière
Foram exibidos diferentes filmes dos pioneiros do Cinema. Obras como Berlim, uma sinfonia de uma metrópole Sinopse: Um dia típico em Berlim. Uma bela homenagem a um clássico. Uma refilmagem de "Berlim, Sinfonia da Metrópole" (Walter Ruttmann, 1927), com o mesmo conceito do original, usando imagens atuais da capital alemã. Assim como Ruttman, Thomas Schadt apresentou 'um dia' em Berlim, da aurora até altas horas da madrugada, em sua Berlim, Sinfonia de uma Metrópole, como um mosaico de cenas soltas. Mas se Ruttmann enfocou principalmente os habitantes da metrópole industrial no início do século XX, Schadt dedicouse à cidade com todas as suas mudanças após a reunificação. Gênero: Documentário Diretor: Thomas Schadt Duração: 77 minutos Ano de Lançamento: 2002 País de Origem: Alemanha Idioma do Áudio: Alemão IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0317140/ Um homem com uma câmera Sinopse: Grande marco do cinema soviético do período Lenin. Um Homem Com Uma Câmera é o mais puro exemplo da ruptura total do cinema com a literatura e a dramaturgia, uma autêntica iniciação aos segredos da linguagem cinematográfica. Dziga Vertov, o artista preferido do governo soviético, criou o KinoPravda (CineVerdade) e o KinoGlaz (CineOlho), novos conceitos para captação da realidade, formatada dentro de uma montagem visionária que influenciaria o cinema do PósGuerra. As imagens são deslumbrantes e de grande impacto visual. Gênero: Documentário / Experimental Diretor: Dziga Vertov Duração: 68 minutos Ano de Lançamento: 1929 País de Origem: União Soviética Idioma do Áudio: Mudo IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0019760/ “Nos pensávamos ter o direito não somente de não fazer filmes para o grande consumo mas também, de tempos em tempos, os filmes que gerem filmes... Eles são uma garantia necessária a futuras vitórias...". (Introdução de George Sadoul para seu livro sobre Vertov). Praça WALT Disney
Sinopse: Uma abordagem diferente sobre a vida urbana contemporânea que reflete a sociedade brasileira. O documentário descreve ao mesmo tempo um bairro, uma cidade e um país. O lugar real: Boa Viagem, Recife, Pernambuco, Brasil. Gênero: Documentário Diretor: Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira Duração: 21 minutos Ano de Lançamento: 2011 País de Origem: Brasil Idioma do Áudio: Mudo IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2084060/ Pacífic Sinopse: Uma viagem de sonho em um cruzeiro rumo a Fernando de Noronha. As lentes dos passageiros captam tudo a todo instante. E eles se divertem, brincam, vão a noitadas. Desfrutam de seu ideal de conforto e bemestar. E, a cada dia, aproximamse mais do tão sonhado paraíso tropical… Gênero: Documentário Diretor: Marcelo Pedroso Duração: 72 minutos Ano de Lançamento: 2009 País de Origem: Brasil Idioma do Áudio: : Português Aeroporto Sinopse: Estarei partindo logo. É tão estranho pensar que esse tempo está acabando, as pessoas que conheci aqui parecem quase velhos amigos agora. Provavelmente, nunca mais vou vêlas. Um pensamento triste mas, acho, bem realista. A Austrália é tão longe do resto do mundo… Gênero: Documentário Diretor: Marcelo Pedroso Duração: 22 minutos Ano de Lançamento: 2010 País de Origem: Brasil Idioma do Áudio: Vários “ (...)Tendo como instrumento narrativo as imagens de viagens de turistas Poloneses, Alemães, Franceses e de outras partes do mundo, encontrados em trânsito no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, a densidade do curta se forma a partir das possibilidades de diálogo advindas do registro em voz captadas junto a esses personages de forma autônoma, sem imposições. O efeito simbólico que estrutura o roteiro ganha força com a captação do som ambiente característico. "Passamos cerca de uma semana no aeroporto , lá fizemos um
trabalho de captação de som direto, ambiente, e gravação dos depoimentos", afirma Rafael Travassos, da equipe de produção.” . Pachamama Sinopse: O documentário busca resgatar a identidade cultural sulamericana por meio do registro de diversas regiões, passando por Brasil, Peru e Bolívia. A produção promove, de forma poética, uma reflexão sobre o Brasil, a relação do país com seus vizinhos e as questões políticas do continente. Gênero: Documentário Diretor: Eryk Rocha Duração: 108 minutos Ano de Lançamento: 2008 País de Origem: Brasil Idioma do Áudio: Português “Numa produção em que o trajeto – estabelecido em mergulho na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia – ditava o roteiro da fita, Eryk Rocha acalentava o pensamento de que “é um filme que te faz, não é você que faz o filme”. Ele explica: “As coisas vão acontecendo e você está ali, no meio do fluxo. Tinha minhas intuições e informações sobre a América Latina, mas eram idéias vagas ou midiáticas. Foi um filme construído a partir de encontros e acasos. Acho que Pachamama é uma travessia, com a força do imponderável” (...). Foi uma câmeracorpo que estava na minha respiração, nas minhas dúvidas, no meu olho. Estava integrada ao meu corpo”. Sem diferenciar o indivíduo do ofício de cineasta, Rocha se diz acima de tudo “um cidadão com uma câmera na mão, pronto para descobertas”. “A relação com as pessoas é o tema principal do filme. Não existia uma tese a ser comprovada, até porque acho complicado e frágil querer concluir algo da América Latina, com sistemas políticos voláteis, em pleno movimento. As duas forças originárias que me inspiraram foram a noção de multidão, de povo, e a tentativa de entender a situação política dos locais visitados. Quis abordar transeuntes, fossem da cidade ou da beira da estrada. Tentei fixar o olhar mais através do imaginário popular do que do discurso institucional”, observa Eryk Rocha (Ricardo Daehn, Da equipe do Jornal Correio). Recife frio Sinopse: Como seria a cidade do Recife se de repente ela deixasse de ser uma cidade tropical e a temperatura beirasse zero grau? Brinca com seus habitantes,
seus hábitos, seu cotidiano e, sobretudo, com sua arquitetura, esboçando uma defesa de suas construções e de seu traçado que vem sendo paulatinamente devastado pela especulação imobiliária. Ironiza também as relações sociais estabelecidas e as imagens estereotipadas com o qual Recife é vendida pelo mundo afora.” Gênero: Curta Diretor: Kleber Mendonça Filho Duração: 24 minutos Ano de Lançamento: 2009 País de Origem: Brasil Idioma do Áudio: Português “Mostrar “o outro lado de Recife” é uma preocupação constante do riquíssimo cinema produzido em Pernambuco. Mais claramente, essa proposta chegou a um público maior em 2003 por meio de Amarelo Manga, um anticartãopostal. Nos últimos três anos, o cinema que se produz lá tem refletido sobre o aumento da desigualdade por meio da arquitetura. (...) Mas por que Recife Frio é uma obraprima? Entre uma dezena de razões, porque subverte as convenções dos gêneros cinematográficos para utilizálos em outro contexto, dando às imagens uma potência incomensurável”.
Uma visita ao Louvre / Une visite au Louvre Sinopse: Fruto de seu relacionamento com o pintor Paul Cézanne, o poeta Joachim Gasquet registrou por escrito uma série de comentários do pintor sobre suas visitas ao Museu do Louvre. A partir da retomada dessa escritura, o filme nos conduz a uma sensível e crítica visita ao Museu, focando significativas obras da história da arte.” Gênero: Documentário / Experimental Diretor: JeanMarie Straub & Danièle Huillet Duração: 44 minutos
Ano de Lançamento: 2004 País de Origem: França / Alemanha / Itália Idioma do Áudio: Francês
“Uma Visita ao Louvre” foi exibido com o objetivo de problematizar as formas de lidar com obras de arte em espaços institucionais. O experimento da dupla XXX apresenta a questão do enquadramento em relação à obra, onde se busca relações com a luz ambiente, ao mesmo tempo em que narra textos que apresentam aspectos profundos de cada trabalho. A partir dele pude sugerir soluções para lidar com a visita guiada na ida a Porto Seguro. Afinal, o tempo para fruir um trabalho artístico as vez não condiz com o dos itinerários turístico. (...) Através do que Bonitzer designou como "efeito de sobrecultura", eles refazem a "correnteza" do cinema retomando o que este havia recalcado (teatro, ópera, pintura...). (...) Sabemos que Straub e Huillet dotam o cinema de um efeito Moebius: as pistas de imagem e de som se dobram uma sobre a outra, sem aquisição de recursos retóricos, e sem achatamento mútuo. Uma Visita ao Louvre leva esse efeito ao limite, estruturandose não em cenas ou em temas, mas em blocos de imagemsom. (...) O que acontece é antes uma abertura do espaço cinematográfico ao infinito: liberto da necessidade de mostrar o movimento, é o próprio quadro (cinematográfico, mas também pictórico) que assume mobilidade, uma estranha potência de autodecomposição. Os quadros se esmigalham na nossa frente, enquanto o cinema, a imagemsom ligada em bloco, restitui a unidade das pinturas. Fugindo da expressividade fácil, Straub e Huillet põem o olho do espectador em trabalho, em ação: um olho crítico que precisa "decupar" a imagem por meio de seu investimento intelectual. Cada plano do filme é um sobrequadro (o plano do pintor e o plano do cineasta), é um encontro, ou o relato de um encontro” (). Conclusão. Embora tenha recebido o convite para contribuir com a montagem do material captado na viagem, pouco participei do desenvolvimento das atividades após o término do curso. Três meses após o retorno de Porto Seguro foi entregue um vídeo pela Agência de Viagens que produziu parte da viagem. Infelizmente, ele é
composto por imagens captadas pela equipe da agência e segue um modelo publicitário onde trechos do trajeto são exibidos em ordem cronológica sobre uma trilha sonora. Não há falas, apenas aquele tom de vídeo de casamento ou de viagem à Disney. Neste vídeo vêse em pouquíssimos momentos os educandos munidos de equipamentos a captar imagens, o que sugere que o trabalho pode ter sido imputado ao agente turístico. É triste ver isto acontecer ao projeto, na medida em que a proposta fílmica parece não alcançada, embora outras o tenham: adesão estudantil à projetos de estudos e extensão, contato com culturas diversas. Um fato interessante é que os educadores e educandos continuaram a executar exercícios de filmagem mesmo após o término do curso, antes da viagem. Fizeram um pequeno documentário na rodoviária, trabalharam fotografar a escola, entre outras proposições. Um dos fatores que contribuíram ao fracasso do filme foi a desistência do prof. Valdir desembarcar. Ele, que tinha sugerido o feitio do filme documentário, acabou envolto em uma situação delicada com a Diretoria de Ensino do Estado de São Paulo. Após trabalhar a obra Vigiar e Punir de Michel Foucault com seus educandos, um grupo deles apresentou um seminário sobre o tema Violência Policial . Para o mesmo foi produzido um banner e este acabou divulgado em redes sociais, o que gerou represália policial. Educador e educando alegaram sofrer ameaças após visitas de policiais ao colégio e uma imensa rede de intrigas se instaurou. O Colégio Estadual Aggeo possui educadores extremamente corajosos. Ao fim do curso recebi aplausos e ganhei presentes. Tiraram uma fotografia comigo. Um possível desenvolvimento desta pesquisa envolveria entrevistas com os participantes, uma atenção ao material gravado por eles e suas pegadas, como a página o grupo que possuem na rede social Facebook: . Poderia ser estudando as relações entre Extensão, Turismo e Cinema na Educação.
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