CLIOESE: Uma comunidade virtual de (boas) práticas

July 21, 2017 | Autor: Carla Ribeiro | Categoria: Education, Educational Technology, Higher Education
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação interdisciplinar

Resumo das Comunicações 12 de setembro de 2014

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real, 11 a 13 de setembro de 2014

Índice

18. ESCOLA PÚBLICA E PERCURSOS DE ESCOLARIZAÇÃO ........... 14 18.1. O Caixeiro Viajante do Ensino .................................................................. 15 18.2. Vivências escolares em contexto TEIP: sentidos atribuídos por jovens do 9º ano de escolaridade ........................................................................... 17 18.3. A realidade do bullying escolar e a percepção do docente .......................... 19 18.4. Parceria entre escola e família: o que pensam os educadores ...................... 22 18.5. A escola pública e a construção de uma nova “alma nacional”: os republicanos nos alvores de Novecentos..................................................... 24 18.6. Consequências do IDEB e do PDE-Escola: Percepções sobre ações de uma equipe gestora e de docentes em uma Escola Pública no Brasil ........... 26 19. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES....................................................................................... 28 19.1. A avaliação no estágio do 1º ciclo do ensino básico: uma prática centrada no processo de aprendizagem do futuro professor ......................... 29 19.2. A Formação de Professores e o Desenvolvimento Curricular ...................... 31 19.3. Avaliação do desempenho docente – Contributo da avaliação pelos pares para o desenvolvimento profissional dos professores ......................... 34 19.4. O ensino de estratégias de autorregulação de escrita do texto expositivo e do ensaio de opinião no 8º ano de escolaridade ........................................ 36 19.5. O Professor como Construtor de Currículo ................................................ 38 19.6. Reciclar Recordações – A magia das Ciências em Contexto de Jardimde-Infância ................................................................................................ 40 20. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ..... 42 20.1. Avaliação e liderança escolar: a emergência de «novas» lideranças intermédias e o seu impacto na administração e gestão da escola ................ 43 20.2. Liderança, competência nuclear na educação? (Leadership: a core skill in education?) ............................................................................................ 45 20.3. Articulação vertical entre ciclos: uma oportunidade de aprendizagem ........ 46 20.4. A emergência de modelos relacionais ........................................................ 48 20.5. Impacto e efeitos da avaliação externa das escolas nas práticas curriculares das lideranças intermédias....................................................... 50 20.6. O Pacto de Federalização e a responsabilidade pelo financiamento da Educação Infantil e Ensino fundamental..................................................... 51

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21. GLOBALIZAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO .... 52 21.1. Integração/Inclusão de alunos Erasmus em Institutos Politécnicos .............. 53 21.2. Globalização, Educação e Saúde: Desafios triangulares nas políticas (trans)nacionais ......................................................................................... 55 21.3. Respostas institucionais à integração dos estudantes dos PALOP: pontos comuns e divergentes entre duas instituições de ensino superior ...... 57 21.4. Educação em Português: reflexão de (futuros) professores sobre potencialidades e difusão da Língua Portuguesa ......................................... 59 21.5. Internacionalização da formação de professores: contributos de duas universidades portuguesas.......................................................................... 61 21.6. Sistema Educativo Português: susceptibilidades e desafios em contexto internacional.............................................................................................. 63 22. IDEOLOGIAS, VALORES E EDUCAÇÃO ........................................ 65 22.1. Pedagogias dos séculos XIX e XX: reflexos na sociedade atual portuguesa ................................................................................................. 66 22.2. Educação e Autonomização: acerca das ambiguidades de uma relação nem sempre linear e transparente ............................................................... 67 22.3. A formação de educadores para a solidariedade ......................................... 68 22.4. A influência da vivência de espiritualidade dos professores na relação professor-aluno, na ótica de professores do ensino médio de escolas públicas da cidade de Santos/SP................................................................. 69 22.5. Formação Profissional- Os Cursos de Educação e Formação de Adultos como Fator de Inclusão Social e Empregabilidade ...................................... 71 22.6. Contributos para a competência ética dos profissionais de odontologia do estado de Minas Gerais – Brasil ............................................................ 73 22.7. Construindo Valores a Partir dos Contos Infantis: na perspectiva de ressignificar os conceitos morais e éticos ................................................... 74 23. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ..... 83 23.1. O conflito em contexto escolar: transformar barreiras em oportunidades .... 84 23.2. A ação do visconde de Vila Maior como reitor da Universidade de Coimbra .................................................................................................... 86 23.3. Estratégia como prática nas instituições de ensino superior ........................ 88 23.4. O envolvimento dos encarregados de educação no processo de autoavaliação de escola .............................................................................. 90 23.5. Práticas de liderança de professores na dinamização de projetos escolares inovadores .................................................................................. 92 23.6. A gestão democrática da educação brasileira: descompassos entre a teoria e prática na administração escolar .................................................... 94

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24. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS .......................................................................... 96 24.1. Lupus: uma doença crónica a conhecer ...................................................... 97 24.2. A religiosidade e a espiritualidade na formação académica do psicólogo .... 99 24.3. Ciências da Educação e suas interfaces com a Sociologia da Infância: a produção académica pós-graduada na FPCEUP........................................ 100 24.4. Ensinar a pensar através dos números: o princípio moral da educação matemática .............................................................................................. 102 24.5. A Relação de Ajuda como competência-chave da formação académica e profissional dos enfermeiros .................................................................... 104 25. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, REDES E PARCERIAS EM EDUCAÇÃO .................................................................................... 106 25.1. O rádio como meio de práxis da comunidade educativa ........................... 107 25.2. Utilização das TIC em crianças com Perturbação do Espectro do Autismo no Pré-Escolar: a perspetiva dos professores .............................. 109 25.3. A importância das TIC na integração/inclusão de alunos Erasmus em Institutos Politécnicos .............................................................................. 111 24.4. Aprender na internet: um estudo de caso da aprendizagem autodirigida da pessoa idosa ........................................................................................ 113 25.5. Encurtar distâncias na Educação: um estudo de caso ................................ 115 25.6. O lugar das Tecnologias da Informação e Comunicação no currículo de formação de professores do Uruguai ........................................................ 116 26. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES..................................................................................... 118 26.1. Competências empreendedoras no ensino superior: Um novo currículo para novas exigências? ............................................................................ 119 26.2. Repensando o Currículo de Matemática do Ensino Médio Através do Registro das Representações Semióticas .................................................. 121 26.3. Certificação de manuais escolares: Estudo exploratório do caso português no início do século XXI ........................................................... 123 26.4. O pecado original do currículo ................................................................ 125 26.5. Ações interdisciplinares com o uso de webquest na educação superior ..... 127 26.6. O currículo no contexto da educação inclusiva ......................................... 128 27. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 129 27.1. PIBID: Percepção das importantes contribuições para formação de docentes por alunos do curso de Física ..................................................... 130

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27.2. A Formação Didática dos Professores do ensino Profissionalizante por meio dos Círculos de Estudos: Reflexão Teoria e Prática .......................... 132 27.3. O Perfil Profissional do professor de Línguas em Cursos de Educação e Formação. Um estudo de caso.................................................................. 134 27.4. Motivação e expetativas da pertença a uma Comunidade de Aprendizagem Profissional. A opinião dos professores ............................. 136 27.5. A Discussão nas aulas de Ciências naturais. Perceções dos alunos sobre a sua importância na Aprendizagem ......................................................... 138 27.6. Conceção de criança e desenvolvimento da profissionalidade docente: Dados preliminares de um estudo exploratório ......................................... 140 28. POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO E ACCOUNTABILITY ...................... 142 28.1. Avaliação da e na Reforma Educativa em Angola: Elementos para a análise de uma política............................................................................. 143 28.2. Processos de mudança associados às práticas de avaliação nos cursos de educação e formação de adultos ............................................................... 144 28.3. Avaliação e Accountability: a avaliação de professores como estratégia de controlo de um profissionalismo recentralizado ................................... 146 28.4. O lugar da “accountability” nas políticas de avaliação de escolas: entre a melhoria e a prestação de contas – uma análise focada nas políticas ....... 148 28.5. A Autoavaliação nas políticas de Accountability e da Melhoria Educacional............................................................................................. 150 28.6. Resultados escolares e ranking de escolas: uma análise dos rituais de distinção das escolas públicas em Portugal ............................................... 152 29. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR....................................... 154 29.1. Etinicidade e Ações Afirmativas no Ensino Superior Brasileiro................ 155 29.2. Impactos da política de Cost-Sharing na acessibilidade e equidade no ensino Superior Português ....................................................................... 156 29.3. O papel da diversificação das fontes de financiamento no Ensino Superior Público Português...................................................................... 158 29.4. Transformações no Ensino Superior e Reeconstituição das Identidades Académicas: políticas e quotidianos ......................................................... 160 29.5. Trajetos profissionais e qualificação dos docentes no ensino superior ....... 162 29.6. As instituições de ensino superior privadas e sua influência na educação brasileira: estudo a partir de uma Escola Superior de Belas Artes.............. 164 30. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS ........................................................................ 166 30.1. Aprendizagem da ortografia: a utilização de estratégias de envolvimento cognitivo ........................................................................... 167

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30.2. Educação para a saúde: contributos de um estudo sobre sexualidade dos/as jovens São-Tomenses .................................................................... 169 30.3. O conto como estratégia pluridisciplinar no desenvolvimento da compreensão da leitura ............................................................................ 171 30.4. Ensino de estratégias para a redação do texto argumentativo .................... 173 30.5. A perceção de pessoas idosas institucionalizadas sobre a “sua nova família”. Um estudo de caso com idosos da Casa dos Pobres de Coimbra .................................................................................................. 175 30.6. A Formação Universitária em Teatro: da sala de aula para o palco ........... 177 31. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES..................................................................................... 179 31.1. Tempo Curricular na Educação de Jovens e Adultos: Espaço de Reflexão e Mudança ................................................................................ 180 31.2. Das políticas educativas às conceções e práticas curriculares dos professores: um trajeto sinuoso ................................................................ 181 31.3. Estrutura curricular e tempos letivos – estudo comparativo ...................... 182 31.4. Reflexões Sobre a Prática Como Componente Curricular do curso de Licenciatura em educação Física da Universidade Federal do Maranhão ... 184 31.5. História da arte no ensino fundamental: uma proposta interdisciplinar ...... 186 31.6. Contextualização curricular no ensino secundário: possibilidades e limites ..................................................................................................... 188 32. PEDAGOGIA SOCIAL E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO ... 190 32.1. Políticas Públicas de educação e Formação de Adultos: contribuições ao diálogo sobre desafios e perspectivas ....................................................... 191 32.2. O Movimento associativo de pais e as Dimensões Educativas da Participação nas Associações ................................................................... 193 32.3. Lar Residencial: uma resposta urgente para a população idosa da Alta de Coimbra.............................................................................................. 195 32.4. A Educação e Formação de Adultos em Portugal e no Brasil. Um olhar aproximativo a partir da actualidade ......................................................... 197 32.5. Educação bancária versus educação libertadora: abordagem freiriana numa perspectiva social para educação brasileira ..................................... 199 32.6. A Educação Não Escolar em Portugal. Perspetiva a partir do Ensino Doméstico ............................................................................................... 200 33. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 202 33.1. O aluno no papel do professor ................................................................. 203 33.2. A inserção das festas tradicionais populares no ensino de arte na educação básica ....................................................................................... 204

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33.3. O uso do portefólio reflexivo na perspectiva histórico-cultural ................. 206 33.4. A Dimensão da Reflexão como Investigação na Formação Inicial de Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico em Contexto de Estágio ........... 208 33.5. Construir saberes para dois ciclos de ensino: a percepção dos formandos do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico ..................................................................................... 210 33.6. Iniciação à docência: porque tornar a escola um espaço de formação ........ 212 34. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ... 214 34.1. A avaliação externa condiciona a prática pedagógica dos professores? ..... 215 34.2. Da excelência escolar à excelência no trabalho: os paradoxos da cultura meritocrática ........................................................................................... 217 32.3. O projeto de in(ter)venção do diretor: um documento esquecido na gestão estratégica da escola? .................................................................... 219 32.4. A liderança das escolas: avaliação externa e perceções dos professores .... 221 32.5. Reflexões sobre a responsabilidade social no ensino superior brasileiro .... 223 32.6. O trabalho do secretário em escolas públicas no Acre: o coordenador administrativo e o técnico em assuntos educacionais indígenas ................. 225 35. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ... 227 35.1. Mestrado profissional em gestão educacional: construindo uma experiência inovadora .............................................................................. 228 35.2. Os «peritos» externos nos territórios educativos de intervenção prioritária de «segunda geração»: inquirindo a sua ação............................ 229 35.3. Análise Comparativa de Modelos de Referenciais de Qualidade na Educação a Distância ............................................................................... 231 35.4. Autovaliação das escolas: uma abordagem intensiva para compreensão dos mecanismos de tradução da política ................................................... 233 35.5. Rumo a uma ordem profissional dos professores? .................................... 235 35.6. Gestão de cursos na Universidade Aberta do Brasil .................................. 236 36. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES..................................................................................... 237 36.1. Novos jogos didáticos para o ensino da matemática em turmas de correção de Fluxo, Idade-Série................................................................. 238 36.2. O (e)Portfolio no Desenvolvimento Profissional de Professores: uma experiência no contexto da Didática da Matemática na Educação PréEscolar .................................................................................................... 240 36.3. Literacia Científica e Educação para a Ciência em trabalho de projeto interdisciplinar ........................................................................................ 242

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36.4. Abordagem dos Modelos Didáticos como Mecanismo para Aprimoramento do Ensino da Matemática ................................................ 244 36.5. Circo da Física: Experimentos lúdicos para despertar o interesse pela Física ...................................................................................................... 246 36.6. Compreender e Prevenir o Erro: Contributos para a Aprendizagem da Competência Ortográfica (Um estudo no 2.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico) .................................................................................................... 248 37. JUVENTUDE(S), EDUCAÇÃO E TRABALHO ................................ 250 37.1. A importância social e educativa das bibliotecas populares em interface com o ato de ler ....................................................................................... 251 37.2. A Problemática da Evasão Escolar nas Escolas de Ensino Técnico no Brasil ...................................................................................................... 253 37.3. Práticas de formação em contexto de trabalho no ensino profissional: reflexões a partir da perspetiva dos alunos ................................................ 255 37.4. O Instituto Federal e a Formação do Técnico em agropecuária: contradições e Possibilidades em Projetos de Formação Profissional no Campo .................................................................................................... 257 37.5. Escola e mercado de Trabalho: o caso dos Cursos Profissionais ............... 259 37.6. Os Alunos da Escola Pública e a Inserção no Ensino superior: A Afrobrasilidad Presente nos Espaços de poder .......................................... 260 38. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS ........................................................................ 262 38.1. Receber cuidados e ensinar a cuidar: lições de doentes crónicos aos seus cuidadores ............................................................................................... 263 38.2. Aprender ciências realizando atividades experimentais- o que dizem os alunos e os professores ............................................................................ 264 38.3. Ao ritmo dos estilos musicais rock e clássico: um estudo de caso com quatro crianças do 1º Ciclo ...................................................................... 266 38.4. Perceções de idosos/as institucionalizados/as acerca da situação de institucionalização como resposta social às necessidades da população idosa ....................................................................................................... 267 38.5. Políticas públicas de educação ambiental: um olhar sobre as conferências nacionais infantojuvenil pelo meio ambiente ........................ 269 38.6. Cognição e objeto técnico: uma abordagem complexa do autismo ............ 271 39. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, REDES E PARCERIAS EM EDUCAÇÃO .................................................................................... 273 39.1. Implicações do conceito de «multimodalidade» em Ciências da Educação… ou «a prof tinha de estar no Facebook!» ................................ 274

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39.2. Conversações escritas e invenção de si: uma análise da convergência interativa entre professores e midias ......................................................... 276 39.3. A comunicação educativa na Tecnopólis ................................................. 278 39.4. Projetos socioeducativos e trabalho em rede em concelhos do interior norte de Portugal ..................................................................................... 280 39.5. Um quadro teórico-prático para a abordagem plurilingue no jardim de infância: o projeto Alphaeu, alfabetos e perspetivas europeias comparadas ............................................................................................. 282 39.6. Projeto School Safety Net (SSN). Uma pareceria europeia na área da prevenção do abandono escolar prec ........................................................ 284 39.7. Atos e Atores da Cooperação para o Desenvolvimento: outras parcerias em Angola............................................................................................... 286 40. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES..................................................................................... 288 40.1. Estrutura de projeto integrado multidisciplinar em Cursos Superiores de Tecnologia Brasileiros-estudo de caso...................................................... 289 40.2. Educação para a privacidade no espaço digital: de subsídios para uma proposta curricular ................................................................................... 292 40.3. Benefícios e constrangimentos da operacionalização do programa de matemática no 1º ciclo do ensino básico pelos professores do concelho de Machico.............................................................................................. 294 40.4. Leitura(s) e criatividade(s): representações, itinerários e (desa)fios para formar leitores com as Metas Curriculares de Português ........................... 296 40.5. Trandisciplinaridade na educação superior: uma proposta implantada ...... 297 41. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES..................................................................................... 299 41.1. A Sociologia no Ensino Médio no Brasil: avanços e retrocessos ............... 300 41.2. Aprendizagem cooperativa- aplicação dos métodos grafitti cooperativo e jigsaw com alunos do 5º ano de escolaridade ......................................... 302 41.3. Ações, reflexões e interações numa comunidade de prática: a construção de saberes na prática profissional de um curso de logística no ensino técnico profissional na modalidade à distância .......................... 304 41.4. A Aprendizagem Cooperativa no ensino das Ciências no 1º Ciclo do ensino Básico .......................................................................................... 305 41.5. As controvérsias curriculares e pedagógicas em Portugal (1991-2011): uma história do presente .......................................................................... 307 42. EDUCAÇÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS ........................ 308

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42.1. Breve Percurso Histórico da Problemática das Pessoas com Deficiências e alguns Marcos Legais da Educação especial ...................... 309 42.2. Participar para Escolher........................................................................... 310 42.3. Género, Cidadania e Práticas Educativas: a promoção da igualdade em contextos educativos ................................................................................ 311 42.4. Inclusão e educação especial na atualidade: uma incursão a partir das perspetivas dos professores ...................................................................... 313 42.5. Relações (D)Estabelecidas entre a Pedagogia Brasílica e as Escolas Indígenas no Século XX E XXI ............................................................... 315 42.6. (Des)Igualdades de Oportunidades para Alunos de Baixa Renda Bolsistas em Escolas Particulares ............................................................. 316 43. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 318 43.1. Conhecimento pedagógico de conteúdo na Educação de Infância: episódios de Matemática no contexto da formação inicial de professores .. 319 43.2. Potencialidades e desafios da pedagogia genológica no início da construção de ser professor ...................................................................... 321 43.3. O Papel da Educação em Ciências na Formação dos Alunos de Licenciatura em Educação Básica .............................. Maria José Rodrigues 43.4. A Observação de Pares Multidisciplinares como ferramenta colaborativa............................................................................................. 325 43.5. Relatório final de estágio: Refletir é investigar?! ...................................... 327 44. METODOLOGIAS E ÉTICA DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO ........ 329 44.1. Confiança na escrita e Identidade de Autoria ........................................... 330 44.2. Análise Paradigmática: um estudo sobre a Pesquisa Histórico-Cultural .... 332 44.3. O Professor Pesquisador e a Necessidade de parcerias: cooperação entre Instituições de Ensino Superior e a Iniciativa Privada ............................... 334 44.4. A Intuição em Bergson – Referenciais para a Metodologia e a Ética na Pesquisa em Educação ............................................................................. 335 44.5. Da investigação ao projeto, do projeto à investigação............................... 337 44.6. Arquitetura e Educação, um estudo etnográfico sobre o ambiente construído ............................................................................................... 339 45. CPEDAGOGIA SOCIAL E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO ............................................................................... 341 45.1. Educação não-formal, lazer e o educador social: quem é esse profissional? ............................................................................................ 342 45.2. Educar para a Emancipação Social – notas sobre o conservadorismo e a praxis conscientizadora ............................................................................ 344

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45.3. Pedagogia Social em Portugal – Estatuto disciplinar, académico e profissional ............................................................................................. 347 45.4. Lar Residencial: uma resposta urgente para a população idosa da Alta de Coimbra.............................................................................................. 348 45.5. Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas: uma construção participativa.................................................................... 350 45.6. Transições e aprendizagens: sentidos atribuídos por adultos que concluíram o Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências .......................................................................................... 352 46. SOCIEDADE/ECONOMIA DO CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO/APRENDIZAGEM ....................................................... 354 46.1. ClioESE: uma comunidade virtual de (boas) práticas ............................... 355 46.2. Aprendizagem profissional no trabalho: um estudo sobre partilha de conhecimentos entre vendedores de uma grande superfície comercial ....... 357 46.3. A educação corporativa promovida nas Universidades Corporativas Brasileiras ............................................................................................... 359 46.4. Sobre o expansionismo pedagógico contemporâneo: uma arqueogenealogia da intensificação das experiências educativas não escolares ................................................................................................. 361 46.5. Topografias discursivas da modernidade educativa brasileira no séc. XIX: dos ditos ordinários aos insignes ..................................................... 363 46.6. O papel da Aprendizagem ao Longo da Vida na Sociedade do Conhecimento ......................................................................................... 365 47. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES..................................................................................... 367 47.1. Prática pedagógica no ensino público: o estágio como elo entre a teoria e a prática, a experiência e a inovação ...................................................... 368 47.2. Quando querer não é poder: conceções sobre a identidade na criança e isomorfismo educativo............................................................................. 370 47.3. Competências empreendedoras: perceções de alunos do 3º ciclo básico português- um estudo de caso .................................................................. 372 47.4. Currículo, educação inclusiva e alunos com NEE: um estudo de caso numa escola pública do Brasil .................................................................. 374 47.5. Metodologias de Ensino como Aperfeiçoamento da Prática Docente no Ensino da Matemática ............................................................................. 376 47.6. Bioética no ensino secundário: estratégias e instrumentos nas Ciências da Vida ................................................................................................... 378 48. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 380

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48.1. Competências para o Ensino das Ciências no Ensino Básico: Uma Proposta Emergente da Investigação ........................................................ 381 48.2. Comunidades de Prática: a Construção de Pontes entre a produção e a aplicação do Conhecimento ..................................................................... 383 48.3. Estilos de Supervisão na Orientação de Estágio Supervisionado em Educação Física: Estudo com Professores Preceptores .............................. 385 48.4. Que Identidade e que Culturas Profissionais Docentes? ............................ 387 48.5. Formação e intervenção em educação de infância. Contributos para repensar as políticas e práticas formativas ................................................ 389 48.6. A Formação Docente para atuar na EJA no Brasil: questões e desafios ..... 391 49. METODOLOGIAS E ÉTICA DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO ........ 393 49.1. De Personajes a Personas: Una mirada ético-epistemológica de la Investigación en Educación...................................................................... 394 49.2. O significado da Investigação por questionário ........................................ 395 49.3. A pesquisa científica na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia: institucionalização, desdobramentos, problemas e perspectivas para a integração entre o ensino graduado e a pesquisa. ........ 397 49.4. A investigação como pedagogia na formação inicial em enfermagem e no ensino................................................................................................. 398 49.5. A Produção acadêmica na Pós-Graduação em Educação: Problemas teórico-Metodológicos e Éticos da Pesquisa ............................................. 400 49.6. Produção científica em Educação e as possibilidades interdisciplinares na formação de pedagogos: linguagens artístico-visuai ............................. 402 50. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS ........................................................................ 404 50.1. Leitura pública: uma alternativa para o ensino da Literatura ..................... 405 50.2. Auto-eficácia docente e colaboração entre professores: que relações? ...... 407 50.3. Avaliação da alfabetização: uma análise das suescalas de leitura e escrita ..................................................................................................... 408 50.4. Cenários ortográficos: conceções e práticas ............................................. 410 50.5. “E tudo aquilo que eles/as (não) dizem…”: Intervenção educativa em contexto museológico para adultos/as com demência e cuidadores/as informais ................................................................................................. 412 50.6. Saúde e educação nos cuidados de enfermagem- processos de cuidar idosos com hipertensão arterial ................................................................ 414 51. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR....................................... 416 51.1. Ensino superior Privado no brasil: O Caso das Instituições Particulares .... 417

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51.2. A Contribuição da Universidade na Formação da Pessoa com Deficiência para sua Inclusão no Mercado de Trabalho ............................ 419 51.3. Dez anos das Políticas de Ação Afirmativa no Brasil: o casa da Universidade Estadual de Londrina .......................................................... 420 51.4. Os desafios do Ensino Superior ............................................................... 421 51.5. As resistências à afirmação disciplinar da Filosofia da Educação no quadro das Ciências da Educação e no campo da Filosofia. Análise da situação da disciplina em Portugal ........................................................... 423 52. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES..................................................................................... 425 52.1. Prática pedagógica no ensino público: o estágio como elo entre a teoria e a prática, a experiência e a inovação ...................................................... 426 52.2. Oralidade- o papel do manual escolar e estratégias para a sala de aula ...... 428 52.3. O Uso das Analogias no ensino das Ciências no 1º Ciclo do Ensino Básico ..................................................................................................... 430 52.4. Trajetos de investigação: quando escutamos as vozes das crianças ........... 432 52.5. Ensinar Teoria e Desenvolvimento Curricular online: consolidação de um modelo .............................................................................................. 434 52.6. Contribuições do Xadrez para o Ensino da Matemática: Um Projeto PIBID/Unimontes .................................................................................... 436 53. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ... 438 53.1. Relações Profissionais dos Professores: que mudanças com a formação de agrupamentos de grandes dimensões ................................................... 439 53.2. Brasil e o fortalecimento dos conselhos escolares na política educacional ............................................................................................. 440 53.3. Autoridade do Professor e Poder do Aluno – As Perspectivas em jogo ..... 442 53.4. A descentralização educacional nos municípios do litoral paranaense ....... 444 53.5. Contratos de autonomia- entre a retórica e a realidade. Um estudo de caso 446 53.6. Mega-Agrupamentos de escolas: recentralização e lógica dos hipermercados ......................................................................................... 448

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18. ESCOLA PÚBLICA E PERCURSOS DE ESCOLARIZAÇÃO

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18.1. O Caixeiro Viajante do Ensino

Ana Luísa Fernandes Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo O sistema educativo português tem sofrido, nos últimos anos, várias alterações ao nível da administração e gestão escolar, pois várias têm sido as propostas e as medidas impostas, pelos diferentes Governos, à Escola. Vislumbramos, neste trabalho, a compreensão do processo de uma das mais recentes (re)estruturações da Escola Pública Portuguesa, a criação dos mega agrupamentos. Partimos de uma abordagem fenomenológica de um mega agrupamento, sobre o qual realizámos um trabalho de investigação qualitativo. Intentámos compreender como se (re)vivem períodos de mudança, que culminaram na construção de uma nova (mega) unidade orgânica. Intentámos perceber as tensões e conflitos resultantes da aplicação do atual modelo de administração e gestão das escolas, o Decreto-Lei n.º75/2008, recentemente alterado pelo Decreto-lei n.º137/2012. Considerámos as políticas educativas como centrais para a compreensão da hibridez das relações entre aqueles que desempenham funções de administração/gestão e coordenação, e de algumas opiniões antagónicas entre os sujeitos da investigação. Do ponto de vista teórico ponderámos a influência das políticas educativas europeias sobre o contexto português; apreciámos a relatividade da autonomia, assim como as constantes reformulações de que o conceito tem sido alvo; e analisámos as diferentes conceções de liderança, ostentadas pelos vários autores que se têm debruçado sobre a problemática.

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Os discursos dos entrevistados evidenciam as lacunas patentes entre a uma realidade prática e uma realidade normativa, que tem reflexos paradoxais no(s) contexto(s) em que se impõe. Palavras-chave: Escola Pública; Autonomia(s); Liderança(s).

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18.2. Vivências escolares em contexto TEIP: sentidos atribuídos por jovens do 9º ano de escolaridade

Patrícia Ribeiro Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação

Resumo Os TEIP, lançados em 1996, têm constituído uma via através da qual o poder político tem legitimado uma atenção a questões de igualdade, proporcionando às escolas recursos adicionais, de ordem técnica, pedagógica e material. Todavia, estudos realizados (Canário et al, 2001; Quaresma, Abrantes e Lopes, 2012), revelam que os pressupostos que estiveram na origem desta medida continuam a estar na esfera do desejo. Muitos e muitas jovens continuam a manter com a escola uma relação de estranheza (Silva, 2004) e de desmotivação, face às experiências formativas que ela lhes oferece. Com o alargamento da escolaridade obrigatória para doze anos esta situação poderá tender a acentuar-se. É no quadro destas ideias que se situa o estudo que nesta comunicação apresento, e cujo principal objetivo foi compreender sentidos que, num contexto TEIP, jovens atribuem às suas vivências escolares. Realizei um estudo de caso num TEIP do grande Porto no qual participaram, através de Focus Group, 20 jovens do 9º ano de escolaridade. Os dados foram organizados em duas categorias de análise - i) Espaços de Lazer e Redes de Socialização; e ii) Relação com os Saberes Escolares - e analisados recorrendo à análise de conteúdo. Globalmente, os dados apontam para uma forte valorização dos momentos de convivialidade em detrimento dos momentos de aprendizagem formal, evidenciando-se uma sobreposição do papel de jovem ao papel de aluno/a. Muitos/as destes/as jovens encaram o trabalho escolar numa perspetiva projetiva, pois consideram-no bastante relevante para a obtenção de um diploma e, posteriormente, de um emprego. No entanto, evidenciam alguma

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desmotivação face a certas aprendizagens escolares devido à (i) baixa diversidade nas práticas pedagógicas de alguns/mas docentes e (ii) por não vislumbrarem aplicabilidades práticas para alguns conteúdos curriculares. Os discursos destes/as jovens evidenciam a necessidade de um maior investimento na contextualização curricular e de uma maior diversificação dos métodos pedagógicos, de forma a ser possível proporcionar aos e às estudantes uma maior variedade de experiências de aprendizagem com sentido para estes/as.

Palavras-chave: TEIP; Jovens/alunos/as; sentidos atribuídos à escola; espaço de lazer; relação com os saberes.

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18.3. A realidade do bullying escolar e a percepção do docente

Andrea Poppe Universidade Paulista - UNIP

Fernanda Hermínia Universidade Paulista-UNIP

Resumo A violência urbana e suas diferentes manifestações têm despertado na sociedade brasileira relevante discussão sobre o tema. Devido ao aumento, principalmente, da violência no interior do espaço escolar, várias investigações têm ocorrido levando em consideração a contradição que ela representa em relação à missão educativa da escola, induzindo a estudos que analisem as prováveis consequências que esse fenômeno pode trazer tanto ao ambiente escolar como para além dele. Os últimos trabalhos divulgados utilizaram o termo bullying para descrever essa problemática apontando dificuldades de se encontrar outra expressão que melhor representasse tais questões. A presença do bullying no universo da educação tem causado estranheza, pelo fato de a escola ter deixado de ser o local protegido ao qual se estava acostumado, passando a ser um espaço reprodutor de violência, presente tão fortemente em nossa sociedade. O bullying caracteriza-se por ter uma significativa continuidade no tempo, pode-se dizer que as vítimas recebem uma marca de seus agressores e assim passam a ter de conviver diariamente com insultos e agressões de diversos tipos (JORGE, 2009). A intervenção nesta problemática perpassa pelo entendimento do fenômeno, o que se apresenta pela necessidade de se compreender os diversos fatores envolvidos. Nesse sentido, objetivando uma aproximação maior em relação ao tema e buscando compreende-lo no âmbito escolar, optou-se por investigar a percepção do educador frente a este fenômeno pressupondo sua legitimidade para travar tal discussão justamente por ser testemunha deste fenômeno. Esta pesquisa buscou compreender a realidade da problemática com que os docentes se deparam

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no âmbito escolar. Suas impressões, facilidades e dificuldades diante desta forma de agressão. Entender as possibilidades de intervenção utilizadas pelos docentes frente às questões relacionadas ao bullying, e por fim compreender e propor medidas de prevenção e intervenção. A importância científica deste tema deu-se devido a existência de poucos trabalhos que busquem entender essa realidade, principalmente sob a ótica do professor. Para a produção dos dados foi utilizado à pesquisa qualitativa, numa perspectiva sócio histórica utilizando-se como instrumento de coleta de dados a entrevista de tipo semiestruturada. Foram entrevistados oito docentes de escolas públicas e privadas das cidades de Praia Grande e Santos, ambas no estado de São Paulo, adotando-se como critério de inclusão estar na carreira docente há um ano. O procedimento desta pesquisa iniciou-se com a escolha do tema e o levantamento bibliográfico para maior aprofundamento. Foi montado o projeto de pesquisa quel foi submetido à Universidade Paulista e posteriormente a Plataforma Brasil para aprovação, tendo sido aprovado em onze de Abril de dois mil e treze sob número 243.934. A partir da aceitação partiu-se para o contato com as instituições de ensino e com os possíveis sujeitos. Foram apresentados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para os entrevistados que posteriormente foram devidamente assinados, iniciando-se o processo de entrevistas e análise dos resultados. Com os resultados analisados, fez-se a conclusão final do projeto. Como hipótese para o desenvolvimento da pesquisa acreditava-se que os docentes ainda apresentam grande dificuldade em lidar com o fenômeno bullying e que apesar de não ser algo novo, as pesquisas ainda careciam de maiores investigações sob a perspectiva do educador. Dessa forma, entendia-se que os docentes ainda não possuíam uma visão clara do fenômeno, entendendo que esse não passa de meras brincadeiras entre as crianças, e que estas fazem parte do desenvolvimento. Os resultados corroboraram a maioria das hipóteses, nos mostrando que os professores têm dificuldade para lidar com o problema, permitindo, muitas vezes, que esse seja ignorado. Identificou-se ainda que os docentes possuem visões diferentes a respeito do fenômeno, entretanto, concordam que este causa um prejuízo ao desenvolvimento das crianças. Para preveni-lo buscam diversos meios para conscientizarem as crianças sobre os danos causados pelo bullying. Dentre esses, apostam na produção do diálogo coletivo como principal ferramenta de prevenção. Quanto ao surgimento do fenômeno bullying, divergentes foram as percepções, mostrando que os educadores entendem de forma

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diferente a etiologia do problema. Concluiu-se que os professores precisam se apropriar do conceito bullying, e de suas causas, principalmente no âmbito da sala de aula. Ficou evidente a divergência existente nas opiniões dos diversos educadores, mostrando que ainda há a necessidade de se investigar mais sobre este fenômeno. Foi possível apreender que os docentes se sentem sobrecarregados com a função de lidarem também com o fenômeno, e por isso solicitam o apoio dos demais envolvidos na relação com as crianças e família. Por fim identificou-se a necessidade de haver maior discussão deste tema com vistas a auxiliar e capacitar o professor na identificação e intervenção diante do bullying. Também se identificou a necessidade de que haja orientação aos familiares de modo que eles possam identificar em seus núcleos possíveis relações de violência que serão disseminadas em sala de aula.

Palavras-chave: Bullying escolar; Perceção; Docente. FernandaHermí[email protected]

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18.4. Parceria entre escola e família: o que pensam os educadores

Oralda Adur de Souza Universidade Federal do Paraná

Araci Asinelli-Luz Universidade Federal do Paraná

Resumo As pesquisas divulgadas por instituições especializadas em avaliação na área educacional, no Brasil, vêm mostrando, há vários anos, que grande parcela das crianças, principalmente das redes públicas de ensino, não recebe educação de qualidade conforme apregoa a legislação pertinente. Dentre as questões que se evidenciam na atualidade, em relação à aprendizagem das crianças, está o acompanhamento familiar efetivo nas questões escolares, aspecto este com destaque em inúmeras pesquisas acadêmicas publicadas. Este estudo teve como objetivo identificar quais são as representações dos profissionais atuantes nas escolas sobre a importância da educação participativa para a aprendizagem da criança. Para elaboração desta pesquisa, foram convidadas dezenove escolas da rede municipal de ensino do município escolhido, que atendem a clientela do Ensino Fundamental I. A cada profissional foi atribuído um código para referência no corpo do trabalho, garantindo-lhes o anonimato necessário, bem como a cada um dos estabelecimentos. O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário semiestruturado contendo dez questões, sendo três delas fechadas, as quais delineavam o perfil dos entrevistados e sete abertas, que visavam levantar o posicionamento dos entrevistados sobre concepção, modelos e padrões de famílias dos seus alunos, sobre a percepção em relação às ações da escola junto aos familiares dos alunos e, ainda, sobre a constatação de resultados na aprendizagem dos alunos, considerando a interferência das famílias. Os dados levantados, pela pesquisa qualitativa, evidenciam que a participação da família na

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aprendizagem se resume ainda no acompanhamento escolar das tarefas, na avaliação da aprendizagem e no comparecimento à escola quando assim solicitado ou em eventos especiais, aspectos esses, nas representações dos educadores, ainda muito tímidos no que se refere ao que realmente esperam dos familiares em relação ao acompanhamento do processo de aprendizagem dos alunos. As representações dos educadores de que o sucesso da criança na escola está diretamente relacionado à participação efetiva da família é um fato que por si só aponta para a necessidade de uma inovação na relação escola e família. A pesquisa permite concluir que há uma necessidade evidente de se trabalhar em conjunto – família e escola – visando ao melhor aproveitamento escolar por parte dos alunos. Palavras-chave: Educação; Família; Escola; Aprendizagem.

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18.5. A escola pública e a construção de uma nova “alma nacional”: os republicanos nos alvores de Novecentos

Maria Goncalves Universidade Lusófona

José Brás Universidade Lusófonsa

Resumo Desde finais do séc. XIX, com especial destaque no dealbar do séc. XX, que a elite republicana vinha defendendo a escola pública, gratuita e laica, tornando-se esta tríade a pedra de toque da educação republicana. Assim se pretendia construir uma nova alma nacional. Na óptica anticlerical e antidinástica, era condição primordial para se conseguir a interiorização cívica e a socialização dos novos valores dessacralizados, a garantia da neutralidade religiosa do Estado e a implementação de um ensino obrigatório, gratuito e laico. O propósito deste estudo é caracterizar o projecto republicano que, face à dominância do catolicismo na sociedade portuguesa, apresentava, como valências essenciais, a educação cívica, a liberdade de cultos, a liberdade de consciência, o confinamento do religioso à esfera privada e a eliminação do ensino da doutrina cristã nas escolas. A metodologia que vamos utilizar centra-se na análise documental de diversas fontes: comícios e conferências, editoriais de jornais, artigos doutrinários, folhetos, manifestos eleitorais e debates parlamentares. Pelo trabalho em curso, podemos concluir: (i) foi significativa a influência do Iluminismo, da Revolução Francesa e das leis escolares da III República francesa (de Jules Ferry e Paul Bert), na assunção da mundividência cívica e laica por parte dos doutrinadores republicanos; (ii) o labor propagandístico a favor da escola pública, gratuita, obrigatória e laica manifestou-se em comícios, na imprensa, nos períodos eleitorais e nos debates parlamentares; (iii) através

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da escola pública e da educação cívica os republicanos pretenderam dar resposta à necessidade sentida da construção de uma alma nacional que servisse para projectar os seus ideais.

Palavras-chave: Escola republicana; Laicidade; Educação cívica

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18.6. Consequências do IDEB e do PDE-Escola: Percepções sobre ações de uma equipe gestora e de docentes em uma Escola Pública no Brasil

Sérgio Cunha Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) pode ser entendido como indutor de políticas públicas educacionais, especialmente as norteadas pela estratégia de accountability na educação. Temos como exemplo as políticas com o perfil de high stakes adotadas em alguns Estados da federação e a possibilidade de um impacto representativo através da ampla divulgação deste indicador, feita pelo do sítio do INEP, imprensa nacional e local, provocando interferências substanciais no trabalho de equipes gestoras e corpo docente de diferentes unidades escolares. Todavia, talvez com menos holofotes, seguimos com o PDEEscola, uma política de responsabilização destinada exclusivamente para unidades com baixo rendimento no IDEB. Mesmo sendo específica a determinado grupo de escolas e com pouco espaço na imprensa, é possível que seus efeitos na gestão escolar e trabalho docente sejam também representativos como os da ampla divulgação do IDEB nos meios de comunicação. Destaca-se ainda a importância do PDE-Escola pelo uso do termo accountability, evidenciado em seu documento-base, bem como por ser responsável pelo direcionamento dos recursos específicos às escolas que necessitam de auxílio. Crendo que ambas as estratégias podem impactar o trabalho na escola, temos o objetivo de descrever algumas conseqüências observadas, favorecendo comparações com outros estudos por meio por uma pesquisa descritiva baseada numa investigação estritamente documental. Adotou-se como referencial teórico, estudos de Brooke (2006), Fernandes & Gremaud (2009), Bonamino (2002) e Franco, Alves &

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Bonamino (2007). O trabalho de campo contou com fontes de informação internas (documentos escolares) e externas (dados sobre o IDEB e PDE Escola). Concluiu-se que houve impacto na gestão escolar e trabalho docente na unidade investigada, especialmente após a divulgação de um resultado negativo em 2009, mas que ainda não há ferramentas suficientes para se detectar qual o nível de impacto deste elemento específico quanto ao trabalho interno da instituição. Palavras-chave: Políticas Públicas Educacionais; Accountability; Gestão escolar; Trabalho docente.

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19. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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19.1. A avaliação no estágio do 1º ciclo do ensino básico: uma prática centrada no processo de aprendizagem do futuro professor

Carlos Alberto Ferreira Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Ana Maria Bastos Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Resumo O estágio constitui um momento marcante para os futuros professores do 1º ciclo do ensino básico, na medida em que é com ele que iniciam a sua prática profissional, levando-os a mobilizarem conhecimentos e técnicas das áreas específicas do saber da docência e a exercitarem competências organizacionais, curriculares, didático-pedagógicas, de reflexão e de tomada de decisões em função do contexto educativo em que se encontram a estagiar. Face a esta idiossincrasia do estágio, a avaliação das aprendizagens que os estagiários vão realizando tem que assumir, sobretudo, uma dimensão formativa e fomadora. É devido à necessidade de a prática de avaliação no estágio dos futuros professores do 1º ciclo do ensino básico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro incidir sobre a complexidade e a diversidade de aprendizagens que esses futuros professores efetuam, que pretendemos, com esta comunicação, descrever e refletir sobre essa prática avaliativa da responsabilidade partilhada pelo supervisor universitário com os próprios estagiários. Trata-se de uma prática avaliativa que é marcadamente formativa e contínua e que se centra no processo de aprendizagem dos estagiários, visando a progressiva melhoria da realização das várias tarefas que a docência no 1º ciclo do ensino básico lhes exige. Tarefas estas que passam pela caraterização e pelo diagnóstico de problemas do contexto educativo onde cada estagiário vai realizar a docência, pela planificação das aulas da sua responsabilidade e pela reflexão e orientação contínuas da sua prática de ensino

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supervisionada. Incidindo sobre diferentes objetos de avaliação, para os quais são definidos critérios de avaliação, que são do conhecimento dos futuros professores e que servem de referente para a respetiva avaliação, a prática avaliativa no estágio estrutura-se pela utilização de diversos instrumentos de avaliação e pela autoavaliação e pela heteroavaliação da prática docente realizada em cada semana de estágio, criando-se, deste modo, condições para uma regulação interativa contínua dessa mesma prática. Palavras-chave: Estágio; Avaliação; Regulação.

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19.2. A Formação de Professores e o Desenvolvimento Curricular

Sandra dos Anjos Canário Custódio Ribeiro Escola D. Carlos I - Sintra CIED- Escola Superior de Educação de Lisboa

Resumo No quadro atual das tendências e políticas educativas mundiais, um conceito integrador do desenvolvimento curricular, é o conceito de competência que é entendido como “o saber em uso, referencial da aprendizagem pretendida, mediador essencial entre o currículo escolar e a demanda social que o legitima” (Gaspar e Roldão, 2007, p.115). Portanto, é precisamente a competência visada que constitui a meta a alcançar pelo currículo escolar. Desta forma, a aquisição de competências passa a ser uma questão central na formação inicial de professores, sobretudo no que respeita ao currículo, em particular no que se refere a atividades próprias da sua elaboração e implementação. Neste contexto, emerge um desafio importante às instituições de formação inicial. Tendo presente as situações referidas, importa refletir sobre alguns modelos de formação de professores numa investigação com o objeto de estudo centrado em aspetos da dinâmica do currículo, mais propriamente no seu desenvolvimento por fases, com incidência na fase da operacionalização na área científica da Matemática. Estes aspetos respeitam aos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e situam-se na área científica da Matemática. Assentam na relação da prática conhecida/explorada com o modelo de formação inicial a que se sujeitaram e com as formas ou modos como continuaram essa formação inicial.

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Da análise do diploma legal, atrás referido, que define o perfil específico de desempenho profissional do professor do 1º Ciclo do Ensino Básico, no que respeita às práticas pedagógicas, emerge um modelo de formação de professores baseado em competências que indicia a profundas mudanças nas práticas pedagógicas dos professores. Assim, assumimos como ideia central da presente investigação, o confronto, relativamente aos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, entre o perfil de competências identificado com o perfil de competências desejado no que respeita à operacionalização curricular, na área científica da Matemática. A finalidade deste trabalho prende-se, então, com a identificação de um conjunto de competências necessárias ao perfil do professor do 1º Ciclo do Ensino Básico, no âmbito da operacionalização do currículo, na área científica da Matemática. Para atingir esta finalidade propusemo-nos prosseguir os objetivos seguintes: (i) analisar o perfil de competências do professor do 1º Ciclo do Ensino Básico, estabelecido em documentos normativos portugueses; (ii) comparar o desempenho dos professores formados em escolas públicas com o dos professores formados em escolas privadas; (iii) identificar os critérios de atuação desses professores na seleção e aplicação de atividades pedagógicas, na área da Matemática; (iv) reconstruir um perfil desejado, na base das competências necessárias. Neste estudo parti de um quadro teórico que me permitisse uma adequada exploração empírica; tentei estabelecer a articulação entre as duas dimensões do trabalho - teórica e empírica – e concretizar os objetivos a que me propus no início da investigação. Os dados empíricos foram recolhidos através de grelhas de observação, de planificações, de grelhas de pós-observação e de grelhas de análise dos portefólios (recolhidos no contexto da formação e supervisão de professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, na área científica da Matemática); e entrevistas aos Presidentes das Associações de Pais e Presidentes de Instituições de Ensino Superior (de onde os participantes lecionavam e onde se tinham formado) acerca do ensino da Matemática e do papel do professor. Os dados quantitativos foram analisados no Programa SPSS e os dados qualitativos no Programa N- Vivo 7. As conclusões assentam num primeiro ponto ao esboço do perfil do professor atual, na sequência dos resultados empíricos, confrontando-o com

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aquele que nos parece desejado pelas disposições do diploma considerado como chave (o Decreto Lei nº 241/2001, DR nº 201, de 30 de Agostolegislação portuguesa) e as características do atual programa de Matemática. O segundo ponto, incide em sugestões reforço da consistência de um profissional do ensino da Matemática. Referências Gaspar, M. I. e Roldão, M. C. (2007). Desenvolvimento curricular. Lisboa: Universidade Aberta.

Palavras-chave: Desenvolvimento Curricular; Competências; Formação de Professores; Ensino da Matemática.

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19.3. Avaliação do desempenho docente – Contributo da avaliação pelos pares para o desenvolvimento profissional dos professores

Luiz Queiroga Instituto Piaget - Viseu

Albertina Oliveira Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Carlos Barreira Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo The present study, inserted in a specialization in Teacher Education PhD in Educational Sciences, Faculty of Psychology and Educational Sciences at Coimbra University, aims to understand if the internal and external evaluation by peers in the context of the Teacher Performance Evaluation (TPE), has contributed to the improvement of teaching practices and to the teachers professional development. To achieve our goal, we opted for a research of a phenomenological and interpretive nature, having proceeded to a Case Study methodology in a School Cluster in the Central Region of the country. Due to the specificity of the study, and with the intention of performing a triangulation of information, we have opted for a mixed qualitative and quantitative approach, where we used as instruments for data collection the documental analysis, exploratory interviews and a questionnaire. In this communication, we intend to present the validation study of the questionnaire regarding to the TPE, built from its beginning for this purpose, as well as to present some preliminary results. For the validation of the questionnaire we have used the method of spoken reflection and proceeded to a pilot study. The participants in the main study, a total of 108, were teachers of a School Cluster in the Central Region, but apart from other social demographic and professional data collected, were also

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taken into account the roles performed by them at the TPE process, such as: being a member of the Coordination Committee for the Teacher Performance Evaluation (CCTPE), evaluated teachers who requested and did not request classroom observation and rapporteurs who taught in kindergarten, 1st, 2nd and 3rd cycles. As data analysis techniques, we have used the content analysis, descriptive statistics, means, standard deviations and frequency distributions and the inferential statistics, parametric t-test and anova onewayunifatorial, appropriated for the raised hypotheses. The obtained results indicate the existence of significant differences in the attitudes of the evaluated teachers who have requested classroom observation compared with those who did not apply for classroom observation, regarding the TPE. The results showed that the teachers who played roles in the TPE process have significantly more favourable attitudes towards professional development than those who did not play any roles. We further noted that the attitudes of the teachers, with regard to internal and external evaluation by the peers, differ significantly depending on the curriculum department to which they belong.

Palavras-chave: Teacher performance development.

evaluation;

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peer

evaluation;

professional

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19.4. O ensino de estratégias de autorregulação de escrita do texto expositivo e do ensaio de opinião no 8º ano de escolaridade

Maria Prata Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo O presente estudo insere-se no projeto de doutoramento O ensino da escrita através do Programa de Estratégias de Autorregulação (SRSD) (SFRH/BD/84392/2012). Através de uma metodologia quase experimental, com pré e pós-testes, este tem como objetivos gerais adaptar as estratégias do SRSD que se referem à planificação do ensaio de opinião e do texto expositivo, e verificar os efeitos da sua instrução na escrita de alunos portugueses. A investigação decorreu durante o ano letivo de 2013-2014, em 2 escolas do ensino básico do concelho de Coimbra constituindo, cada uma delas, o grupo experimental e o grupo de controlo. Participaram cerca de 225 alunos do 8º ano de escolaridade, divididos por 10 turmas, e 6 professoras de Português. Em cada um dos grupos decorreu um projeto de escrita com 12 sessões, de 45 minutos cada, que teve lugar nas aulas de Português, estando a cargo da professora da disciplina. Ao grupo experimental foram ensinadas as estratégias de ensino de escrita do texto expositivo do programa SRSD as quais foram adaptadas para a língua e contexto portugueses. Enquanto que ao grupo de controlo foram ensinadas as estratégias de ensino de escrita do ensaio de opinião do programa SRSD, desenvolvidas e testadas no âmbito do Projeto “Ensino de Estratégias de Escrita” (PTDC/CPECED/102010/2008), as quais sofreram algumas reformulações tendo em conta a análise de algumas dificuldades surgidas e sugestões recolhidas nesse mesmo projeto.

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As professoras iniciaram uma oficina de formação previamente ao início dos projetos de escrita, com a duração de 50 horas, a qual decorrerá até ao final deste ano letivo. Estando ainda a decorrer a fase de recolha e análise de dados, não foram ainda obtidos os primeiros resultados, pelo que não se apresentam neste resumo.

Palavras-chave: Autorregulação da aprendizagem; Composição de textos; Escrita; Estrategias de escrita.

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19.5. O Professor como Construtor de Currículo

Sandra dos Anjos Canário Custódio Ribeiro Escola D. Carlos I- Sintra e CIED- Escola Superior de Educação de Lisboa

Resumo As teorias curriculares assumem cada vez mais importância nas dimensões da cultura, sociedade e, igualmente, na aprendizagem. Da mesma forma, o currículo assume maior relevância devido a influência que pode exercer na qualidade do ensino. Na vulgaridade do discurso, o termo currículo, é utilizado tendo subentendido o significado de plano de estudos prescrito (ou enunciado) e é confundido com o conceito de programa. Desta forma, torna-se pertinente esclarecer, num primeiro momento, o conceito de currículo para identificar os seus referentes e identificar as conceções que suportaram este estudo. Na perspetiva de Pacheco (1996), apesar da multiplicidade de definições, há duas conceções dominantes na educação: uma aceita o currículo como um plano formal e um processo linear; outra assume o currículo de forma abrangente, de natureza flexível e aberta que determina o seu processo de desenvolvimento. A perspetiva que aceita o currículo como projeto, enquadra-se na tradição anglo-saxónica que revê a definição de currículo de uma forma mais abrangente do que como uma noção de programa; inclui orientações sobre o ensino e indicações para a sua implementação na prática, contemplando objetivos, conteúdos, sugestões metodológicas para o professor, materiais e formas de avaliação, tendo em conta o contexto de ensino/aprendizagem. Segundo Gaspar e Roldão (2007), o currículo é aceite como a realidade central de qualquer aprendizagem e revela-se à medida que entra em processo, expressando-se no desenvolvimento curricular. Desta forma o currículo em processo determina os elementos que assume e são eles que

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vão constituir ou circunscrever o âmbito do desenvolvimento curricular e apontar os elementos que o constituem. O presente estudo enquadra-se na conceção de currículo como projeto e, para dotar o professor de uma compreensão funcional sobre o currículo (pré-requisito necessário a qualquer educador), é necessário abordar a sua formação nesta ótica. Face à complexidade, multiplicidade de definições e elevada abstração que o conceito de currículo encerra, como formadora de professores na área científica da matemática e das ciências naturais, iniciei uma formação com o objetivo de desenvolver nos formandos, a competência de construção de currículo, na área científica da matemática. Esta comunicação apresenta o resultado das conceções dos formandos sobre o desenvolvimento curricular, as dificuldades que sentiram, dúvidas que tiveram e o fizeram para ultrapassá-las. Estes dados foram obtidos através da aplicação de um questionário no início e no fim da formação a que se sujeitaram e pelos registos escritos elaborados no decurso da formação. Referências Pacheco, J. (1996). Currículo: Teoria e Práxis. Porto: Porto Editora. Gaspar, I. e Roldão, M.C. (2007). Elementos do Desenvolvimento Curricular. Lisboa: Universidade Aberta.

Palavras-chave: Currículo; Formação de professores; Ensino da matemática.

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19.6. Reciclar Recordações – A magia das Ciências em Contexto de Jardim-de-Infância

Carla Cepa Instituto Politécnico da Guarda

Maria Eduarda Ferreira Instituto Politécnico da Guarda

Carlos Reis Instituto Politécnico da Guarda

Resumo As práticas pedagógico-didáticas devem criar condições que favoreçam de modo interrelacionado a literacia científica e o desenvolvimento harmonioso da criança com vista à sua integração plena na sociedade, como ser crítico, reflexivo, autónomo, solidário e preservador dos valores culturais e morais. O educador deve utilizar métodos e estratégias de ensino, cujas explorações didáticas tirem partido dos recursos e condições existentes no meio próximo. A facilidade e a vivacidade de recordar, permite fomentar nas crianças o estabelecimento de relações entre memória, consciência, emoção, o reviver e o viajar até ao passado, fomentando a imaginação. Vários estudos têm mostrado que as atividades práticas em ciências criam oportunidades para as crianças expressarem as suas conceções, apresentarem soluções/explicações/conclusões, juízos de valor e aprender a decidir sobre opções a tomar em relação a situações reais, vindas do meio onde se integram. A educação em ciências, na educação Pré-Escolar, encontra-se preconizada na área do Conhecimento do Mundo e visa despertar, na criança, a curiosidade e o desejo de descobrir e aprender sobre o mundo que a rodeia, numa perspetiva de transversalidade dos conteúdos a abordar. Neste contexto e partindo do pressuposto que a educação se baseia num conjunto de premissas sociais, culturais, individuais e coletivas,

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desenvolveu-se, implementou-se e avaliou-se o trabalho de projeto, Reciclar Recordações - A Magia das Ciências, inserida no projeto educativo - Reciclar Recordações. O grupo era constituído por dezasseis crianças, com idades compreendidas entre os quatro e os seis anos de idade, de um jardim-de-infância da cidade da Guarda. As estratégias de abordagem no conjunto de atividades desenvolvidas visaram a educação em ciências tendo como orientação o desenvolvimento de valores de preservação do património cultural. Neste sentido, concebemos e desenvolvemos atividades práticas, como “O Segredo dos Sabonetes”, nas quais as explorações didáticas envolveram sempre o levantamento das conceções prévias das crianças. Verificou-se que as estratégias de cariz prático, adotadas na implementação do trabalho de projeto, proporcionaram a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de pensamento crítico sobre temas de relevância social e cultural. As crianças evidenciaram capacidades e atitudes de resolução de questões reais do dia-a-dia relacionadas com a preservação do meio cultural.

Palavras-chave: Atividades práticas; Literacia científica; Educação Pré-escolar; Património cultural.

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20. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS

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20.1. Avaliação e liderança escolar: a emergência de «novas» lideranças intermédias e o seu impacto na administração e gestão da escola

Henrique Ramalho Escola Superior de Educação de Viseu

Resumo O presente texto tem origem num exercício de cotejo decorrido de uma investigação já realizada por nós, onde procuramos fazer uma abordagem crítica à relação estabelecida entre a avaliação de desempenho dos docentes e a emergência de “novas” lideranças intermédias de um agrupamento de escolas, aludindo ao modo como essas “novas” lideranças têm vindo a ocupar os seus espaços na administração e gestão da escola portuguesa. Este texto decorre de uma análise enquadrada na metodologia específica do estudo de caso, recorrendo à entrevista, à análise documental e ao questionário. Procuramos debater a confrontação do poder, da autoridade e das influências que as estruturas de gestão intermédias exercem ao nível da consolidação da avaliação do desempenho docente e, consequentemente, ao nível do impacto e uso do poder de avaliar de que estão investidas. Um debate que é equacionado na perspetiva dos movimentos de maior convergência e/ou divergência inerentes à avaliação do desempenho, chamando a atenção para o sentido e significado do locus meso e micropolítico segundo lógicas de reprodução, diferenciação, dissentimento, conflito, performance individual e de competição entre pares. Discute-se a instrumentalização daquelas lideranças em prol da (re)centralização, da (re)verticalização, da (re)burocratização e da despolitização dos contextos e processos de tomada de decisão e gestão educativa, que, por adotarem uma configuração de “repartições locais de gestão” da administração central, tendem a comportarem-se como unidades de liderança especialmente vocacionadas para a “extração de contas” acerca do desempenho docente,

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adotando, para tal, práticas de gestão tipicamente reprodutoras do instrumento burocrático central e descaracterizando eventuais possibilidades de consolidação de práticas avaliativas mais autónomas face ao referencial central. Concludentemente, observamos a perceção de alguma rutura do reconhecimento e legitimação daquelas lideranças intermédias por parte do corpo docente, muito particularmente quando são identificadas como lideranças a quem é atribuída, direta ou indiretamente, a responsabilidade pela gestão e execução das práticas, efeitos e consequências da avaliação de professores.

Palavras-chave: Avaliação; Liderança; Gestão.

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20.2. Liderança, competência nuclear na educação? (Leadership: a core skill in education?)

Artur Gonçalves Fundação Cesgranrio

Ana Silva ULHT

Resumo This paper presents a leadership model, technology driven, based on the idea that leadership performance is a specific way of piloting the human system, intentionally achievable through defined behaviors and specific standards for na effective practice. The criteria for the leadership mode option and the axioms on which the model is based are presented and explained. There are also explained competencies and activities required for an effective leadership, as well as the tools disposable to the leader and the criteria that support the decision to use leadership mode in edicational activities. The article shows the interest of intentional leadership practice to the teacher, in order to effectively conduct his educational project.

Palavras-chave: Education; Skills; Complexity; Development.

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20.3. Articulação vertical entre ciclos: uma oportunidade de aprendizagem

Antónia Maria Louro Carreira Universidade Aberta

Isolina Oliveira Universidade Aberta

Resumo Eixo temático: Administração Educacional, Gestão e Lideranças A recente reorganização vertical dos agrupamentos em mega agrupamentos fez sobressair as dificuldades já existentes no terreno em torno da articulação e sequencialidade, tendo mesmo vindo a ampliá-las. Com a expansão das estruturas, o processo colaborativo entre os diferentes níveis de ensino pode sair prejudicado ou não se realizar de forma significativa. A articulação vertical é entendida nas suas dimensões curricular, organizacional e pedagógica. Um currículo em sentido amplo, uma organização na qual o diretor facilite a comunicação e valorize os professores, criando estruturas e processos colaborativos e, finalmente, a voz dos professores, que se deve elevar e enriquecer todo um processo colaborativo, que devolverá através da aprendizagem dos alunos, a qualidade do ensino e o sucesso dos alunos. A investigação iniciada tem como propósito estudar o processo de articulação vertical em dois agrupamentos da zona centro do país, recorrendo às representações dos professores atores fundamentais na mudança educativa, aos diretores dos agrupamentos, que dependendo da sua visão sobre a temática, podem agilizar ou bloquear a articulação vertical entre os ciclos. Nesta comunicação vamos apresentar o projeto de investigação, atendendo ao enquadramento teórico e legislativo que dá sentido à articulação vertical

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entre ciclos numa lógica de aprendizagem. É objetivo desta comunicação não só compreender a orientação legislativa da articulação vertical entre os ciclos, mas também partilhar perspetivas teóricas que enquadram o estudo e enfatizam a melhoria de práticas, transformando fragilidades numa oportunidade de aprendizagem e diminuindo o hiato global entre os ciclos, com o reforço da qualidade do ensino nos agrupamentos verticais.

Palavras-chave: Articulação vertical entre ciclos; Culturas colaborativas; Lideranças nas escolas.

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20.4. A emergência de modelos relacionais

Antónia Maria Louro Carreira Universidade Aberta

Resumo Os modelos relacionais de supervisão Pedagógica emergem no contexto educativo como forma de sustentar as teorias que os originam, fazendo face à necessidade de melhorar a prática pedagógica e o desempenho dos alunos. É nossa intenção e propósito induzir à reflexão e crítica, sobre a forma de como nos aproximamos ou afastamos da relação entre as teorias e as práticas pedagógicas supervisivas nos agrupamentos escolares. A comunicação centra-se na temática da supervisão pedagógica e no modelo relacional, como modelo que surge de um conceito de supervisão ampliado às variadas interações relacionais existentes no contexto escolar. O termo central que salientamos no nosso trabalho é o “envolvimento”, com o qual se pretende despertar as múltiplas interações explanadas ao longo da comunicação. Ressalta-nos igualmente a importância da reflexão e colaboração entre todos os agentes educativos mas atribuindo uma responsabilidade mobilizadora aos supervisores internos da gestão intermédia da escola, que devem ser dotados de capacidades relacionais facilitadoras de abertura e aprendizagem. Os professores de modo global devem ser incentivados a trabalharem de modo colaborativo, não porque irão ser avaliados/supervisionados em determinado momento, mas porque entendem que é a forma lógica de se desenvolverem pessoal e profissionalmente, visando sempre o sucesso dos alunos. Finalmente, argumentaremos que os resultados dos alunos e os rankings não têm significado para os professores se não forem o resultado de um processo colaborativo e partilhado entre os docentes, onde a visão coletiva seja construída através da reflexão e de processos comunicativos formais e informais. Os modelos relacionais apresentados não são mais do que uma possível resposta à necessidade premente da escola se centrar na

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necessidade de colaboração significativa, onde uma falha e um erro, não constitua um bloqueio mas uma oportunidade para fazer mais e melhor ao serviço dos alunos e da qualidade educativa.

Palavras-chave: Modelos relacionais; Lideranças intermédias; Supervisão pedagógica.

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20.5. Impacto e efeitos da avaliação externa das escolas nas práticas curriculares das lideranças intermédias Graça Machado Agrupamento Eugénio de Andrade, Porto

Filipa Seabra Universidade Aberta

José Augusto Pacheco Universidade do Minho

Resumo O reconhecimento da avaliação externa como um elemento - chave na mudança dos sistemas educativos trouxe para o centro do debate a importância das lideranças intermédias na melhoria das práticas curriculares e o aumento da qualidade do ensino-aprendizagem. Esta comunicação apresenta os resultados parciais de um projeto de investigação, em que se objetivou compreender de que modo o primeiro ciclo da avaliação externa das escolas, em Portugal, influenciou as dinâmicas curriculares e eficácia das lideranças intermédias. A análise dos dados quantitativos, recolhidos junto de uma amostra nacional de professores, através de um questionário online (n=1102), remete para uma dicotomia entre, por um lado, o reconhecimento de que a Avaliação Externa tem um impacto mais positivo que negativo nas escolas, criando patamares de exigência mais elevados e abertura à mudança; por outro, a constatação de que ainda não produziu efeitos/resultados substanciais, no trabalho colaborativo de planificação, articulação, gestão e avaliação do currículo. Palavras-chave: Avaliação Externa; Lideranças Intermédias; Práticas curriculares.

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20.6. O Pacto de Federalização e a responsabilidade pelo financiamento da Educação Infantil e Ensino fundamental Sandro Costa Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo O presente artigo propõe uma discussão em torno das responsabilidades de cada ente da federação brasileira pela oferta de matrículas nas duas primeiras etapas da educação básica: educação infantil que fica a cargo das matrículas na faixa etária de zero a cinco anos e ensino fundamental que abrange o ensino ofertado às crianças e adolescentes entre seis e quatorze anos de idade para a frequência em idade regular. Para isso utiliza-se dos dados do Censo Educacional realizado anualmente e disponibilizado pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, órgão vinculado ao MEC – Ministério da Educação responsável pela organização das informações e estatísticas na área educacional. Por meio da análise desses dados e com base em estudos sobre a federalização e financiamento da educação no Brasil, Abrucio(1998); Abrucio e Franzese (1998); Franzese (2010); Costa (1994); Cury (1997); (2012); Oliveira (2006); Farenzena e Vieira (2005); Duarte (2005); Bassi, (1996); Adrião (2007); Adrião, Borghi, (2008) buscou-se compreender como a distribuição de funções e atribuições estão articuladas nos três níveis da federação brasileira: União, Estados e Municípios. E, como essa configuração interfere na conjuntura das políticas educacionais no País. As desigualdades na distribuição dos recursos dos fundos são intensificadas pelas relações desiguais da federação. Sendo que os municípios respondem a praticamente 100% das matrículas na educação infantil e 55% do ensino fundamental público. Palavras-chave: Educação infantil; Financiamento; Pacto-federativo.

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21. GLOBALIZAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

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21.1. Integração/Inclusão de alunos Erasmus em Institutos Politécnicos

Regina Gouveia Istituto Politécnico da Guard

Carla Ravasco Istituto Politécnico da Guard

Guilherme Monteiro Istituto Politécnico da Guard

Resumo O nosso artigo apresenta conclusões parciais de um projeto de investigação orientado para a caraterização e análise do impacto do Programa Erasmus em Institutos Politécnicos, contemplando a evolução de mobilidades incoming de alunos, as políticas, estratégias e meios que vêm adotando para a sua integração/inclusão a nível institucional, académico e, mesmo, nos contextos locais e nacional. O programa ERASMUS surgiu em 1987, após o lançamento de um primeiro em 1980, denominado ENRYDICE. Incentivar a mobilidade, não só no espaço da Comunidade Europeia (atual União Europeia), como em todo o Continente Europeu, foi o objetivo que justificou a sua criação. No contexto da afirmação da Europa como entidade cultural, social e económica, os sistemas de ensino de cada um dos países membros devem contribuir para dois objetivos essenciais: a criação de uma cultura de identidade europeia baseada no conhecimento e reconhecimento da identidade cultural do “outro”; a disseminação de conhecimentos técnicocientíficos no espaço europeu. Com efeito, ainda que o sucesso das mobilidades dependa também de fatores endógenos aos alunos, cabe às instituições de Ensino Superior que integram a rede Erasmus proporcionarem formas de acolhimento e

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integração/inclusão aos estudantes que enfrentam o desafio de circular no Espaço Europeu. Uma das suas principais preocupações deve centrar-se em atenuar ou, mesmo, suprimir o sentimento de “não-pertença” às culturas institucionais, locais e nacional, porque dele tenderá a resultar descontentamento e não assimilação de valores que as caraterizam. O ensino da língua do país de acolhimento, qunando estranha aos alunos que recebem, deverá ser assumido como um dever fundamental. Os resultados da investigação documental e não documental (inquéritos por questionário a alunos incoming) revelam sobretudo uma evolução global muito lenta, a escalas e ritmos diversos, influenciada por fatores que procuramos compreender através da comparação de realidades institucionais, da identificação de similitudes e diferenças, bem como das melhores práticas de integração/inclusão de alunos Erasmus. O enquadramento teórico que sustenta a apresentação e análise de dados centra-se essencialmente nos conceitos de integração e inclusão, abrangendo igualmente a importância do domínio linguístico como fator de sucesso, bem como da imersão linguística na aprendizagem de uma língua.

Palavras-chave: Integração; Inclusão; Comunicação; Imersão/domínio linguística/o.

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21.2. Globalização, Educação e Saúde: Desafios triangulares nas políticas (trans)nacionais

Joana Figueiredo Universidade Portucalense

Adriana Mendonça Universidade de Cabo Verde

Jorge Brandão Universidade Católica

Resumo Tendo como ponto de análise, a configuração do mundo como um sistema global cujos acontecimentos políticos, económicos e sociais das últimas décadas se constituíram como um marco simbólico-referencial indicativo da emergência de uma nova e complexa fase da histórica e política, com abrangência transnacional, analisamos, neste texto, os conceitos-chave de globalização, educação e saúde, num contexto de análise crítica face à realização efetiva do direito ao acesso à educação escolarizada em situação de hospitalização. Porque a Educação é um direito de todos, promotora do sucesso de todos e de cada um, tal como assumido nas conferências e compromissos internacionais, como o Fórum Mundial de Educação para Todos (1990), as Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para Pes¬soas com Deficiências (1993), a Declaração de Salamanca (1994), ou a Declaração de Madrid (2002), questionamo-nos se estará a escolaridade obrigatória concebida de modo a reconhecer e integrar curricularmente as crianças/jovens hospitalizados por um período prolongado devido a problemas de saúde, no sentido da garantia dos seus direitos e deveres de cidadania?

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Para respondermos a esta interrogação, seguimos a análise documental, e (re)visitámos a dimensão literária sobre o contexto hospitalar como espaço de educação, com relevo para documentos estruturantes da organização político-legislativa, partilhando das experiências de outros investigadores (Ceccim, 1999; Carvalho, 2005; Lindquist, 1993) e procurando estabelecer um quadro de referências a nível mundial. Centrando o nosso olhar sobre o contexto português, verificámos a escassa bibliografia existente, bem como a legislação geral e específica, que estipula as opções de políticas educativas sobre a matéria em estudo. A análise permitiu trazer à tona os principais desafios à institucionalização e legitimação da oferta da educação básica no contexto hospitalar, dentro de contextos de âmbito nacional e internacional. Trata-se de efetivar processos educativos regulares da criança/jovem hospitalizada/o, implicando determinação política, social, organizacional, apoiados na cooperação e de articulação institucional.

Palavras-chave: Globalização; Educação em contexto hospitalar; Saúde; Inclusão.

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21.3. Respostas institucionais à integração dos estudantes dos PALOP: pontos comuns e divergentes entre duas instituições de ensino superior

Susana Ambrósio Universidade de Aveiro

Catarina Doutor Universidade do Algarve

João Filipe Marques Universidade do Algarve

EmÍlio Lúcio-Villega Universidade de Sevilha

Resumo As instituições de ensino superior portuguesas têm acolhido, desde a década de oitenta, vários milhares de estudantes oriundos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). A escolha de Portugal para a realização de estudos de nível superior deve-se, não apenas à língua e às ligações históricas entre os países, mas também aos vários acordos de cooperação e acesso ao ensino superior que foram sendo firmados entre Portugal e os PALOP. Mas a transição e a integração destes estudantes nas instituições de ensino superior nem sempre é fácil ou bem sucedida. Parece haver uma ideia generalizada segundo a qual não existem grandes diferenças culturais e sociais entre os estudantes dos PALOP e os seus colegas portugueses, o que leva a que as instituições de ensino superior, quer do ponto de vista pedagógico quer do ponto de vista institucional, nem sempre tenham em consideração as suas especificidades socioculturais. No âmbito de um projeto de investigação intitulado Estudantes Não Tradicionais no Ensino Superior (PTDC/IVC-PEC/4886/2012), conduzido em duas instituições de ensino superior portuguesas (Universidade de Aveiro e Universidade do Algarve), está a ser desenvolvido um estudo

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sobre os estudantes oriundos dos PALOP que pretende, por um lado, (i) analisar como lidam com a transição para o ensino e superior e para Portugal e como estão a decorrer os seus processos de integração nas referidas instituições; por outro lado, (ii) identificar as respostas institucionais que ambas as universidades oferecem aos estudantes dos PALOP no decorrer desses processos de integração. A presente comunicação cinge-se a este último ponto e analisa os dados preliminares referentes às estruturas de apoio aos estudantes dos PALOP identificadas, quer em Aveiro, quer no Algarve. A metodologia utilizada consistiu na realização de um conjunto de entrevistas semi-estruturadas a diversos atores institucionais detentores de cargos de gestão e/ou com poder de decisão no que diz respeito à integração dos estudantes africanos em ambas as instituições.

Palavras-chave: Instituições de Ensino Superior; Políticas de Integração; PALOP.

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21.4. Educação em Português: reflexão de (futuros) professores sobre potencialidades e difusão da Língua Portuguesa

Maria João Macário LEIP/CIDTFF/Departamento de Educação/Universidade de Aveiro

Tatiana Guzeva LEIP/CIDTFF/Departamento de Educação/Universidade de Aveiro

Maria Helena Ançã LEIP/CIDTFF/Universidade de Aveiro

Cristina Manuela Sá LEIP/CIDTFF/Departamento de Educação/Universidade de Aveiro

Resumo O debate em torno da promoção e difusão da língua portuguesa (LP) está na ordem do dia, envolvendo investigadores, empresários, políticos, observadores e sociedade civil. O seu poder económico no mundo é potenciado pelo elevado número de falantes nos cinco continentes, pelo seu valor em moeda e por ser uma das línguas mais procuradas no mundo dos negócios. Esta realidade tem contribuído para o crescente interesse pelo seu ensino fora do mundo lusófono. Mas estarão os falantes da LP conscientes do seu valor internacional? Serão os (futuros) professores da língua capazes de a promover junto dos seus alunos? Tendo estas preocupações em mente, no ano letivo 2012/2013, iniciou-se um estudo exploratório, coordenado por uma equipa de um laboratório de investigação em educação em português de uma universidade portuguesa. Esse estudo envolveu três universidades do mundo lusófono (portuguesa, brasileira e cabo-verdiana), tendo como participantes (futuros) professores de Português, numa fase final da sua formação. Recorreu-se a um questionário, em que se pretendia conhecer o estatuto atribuído à LP no

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mundo global, bem como os seus valores e formas de a promover no panorama internacional, por parte destes estudantes. No ano letivo seguinte, adaptou-se o questionário inicial e recolheram-se as respostas de uma outra turma com caraterísticas semelhantes à do estudo precedente. Os resultados da análise das respostas do primeiro estudo são de caráter mais abrangente, por envolver três países, mas ambos apontam para uma visão da LP limitada ao espaço que os estudantes ocupam e uma valorização demasiado focada em aspetos históricos e culturais. Sobressai, ainda, um certo desconhecimento da geografia da LP e das suas potencialidades atuais e futuras. Apesar disso, alguns estudantes parecem ter já realizado uma importante reflexão sobre a LP, como idioma com potencial estratégico de comunicação num espaço geográfico universal. Estes resultados revelam a necessidade de debater com os estudantes as potencialidades da LP como língua de poder e de negócios e passaporte para o futuro, através da sua afirmação no mundo, ultrapassando a ligação exacerbada a um passado importante, mas longínquo. Sendo os professores atores com importância fundamental na promoção e difusão da LP, a sua formação deverá levá-los a refletir sobre estas questões tão atuais. Nesta sequência, a referida equipa iniciará, no próximo ano letivo, um projeto de investigação/formação de (futuros) professores de LP e em LP, envolvendo as mesmas três universidades. Palavras-chave: Educação em Português; Formação de professores; Internacionalização da Língua Portuguesa; Potencial da Língua Portuguesa. Abstract:

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21.5. Internacionalização da formação de professores: contributos de duas universidades portuguesas

Francisco Sousa Universidade dos Açores e CIEC (Centro de Investigação em Estudos da Criança)

José Carlos Morgado Universidade do Minho e CIED (Centro de Investigação em Educação)

Resumo A internacionalização é hoje uma prática comum no Ensino Superior, onde se tem desenvolvido com base em parcerias, intercâmbios, projetos e programas de ensino e investigação, que impulsionam a mobilidade académica, tanto de estudantes como de professores, e geram oportunidades de enriquecimento da formação e melhoria da produção científica. No caso particular da formação de professores, a internacionalização tem favorecido a divulgação de práticas pedagógicas de sucesso, implementadas em diferentes sistemas educativos, bem como a formação de quadros docentes de qualidade em países com mais necessidades nesta matéria. A presente comunicação incide sobre o contributo português para a internacionalização da formação de professores. Para o efeito, e adotando como metodologia de investigação a análise documental, deslinda-se um conjunto de iniciativas protagonizadas por duas instituições de ensino superior nesse domínio: a Universidade do Minho (UM) e a Universidade dos Açores (UAc). A primeira, uma das universidades portuguesas que mais têm crescido nos últimos anos, tem vindo a atrair centenas de estudantes estrangeiros, que frequentam cursos em várias áreas do conhecimento. A segunda tem desenvolvido algumas práticas de internacionalização cujas características devem ser analisadas no contexto da sua dimensão reduzida e do seu enquadramento geográfico muito particular.

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As duas universidades têm contribuído para o desenvolvimento e aprofundamento da internacionalização, sobretudo no âmbito das relações que Portugal desenvolve em duas vertentes: a vertente europeia e a vertente lusófona. No primeiro caso, dada a localização geográfica do País no continente europeu, prevalecem relações políticas e económicas com outros países europeus no quadro da União Europeia. No segundo caso, sobressaem as relações privilegiadas que Portugal mantém com países cuja língua oficial é o Português, merecendo também alguma atenção as relações com a diáspora. A comunicação organiza-se em função das duas vertentes referidas, uma vez que quer a UM quer a UAc têm operado em ambas. O principal traço distintivo entre as estratégias de internacionalização da formação de professores implementadas pelas duas instituições consiste no especial investimento da UAc na relação com instituições localizadas na América do Norte, no âmbito do eixo lusófono, o que facilmente se compreende à luz do facto de a diáspora açoriana se localizar maioritariamente nos EUA e no Canadá, e na significativa relação que a UM mantém com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Em qualquer dos casos, identificam-se alguns contributos que todo este processo tem propiciado no domínio da formação de professores.

Palavras-chave: Internacionalização; Formação de professores; Ensino superior.

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21.6. Sistema Educativo Português: susceptibilidades e desafios em contexto internacional

Francisca Costa Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Resumo Painel: Globalização e Internacionalização da Educação A presente comunicação consubstancia-se pela necessidade de analisar as políticas educativas emanadas pelo Estado Português, sobretudo após a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE), mormente União Europeia (UE). O mesmo surge devido ao ainda verificado abandono escolar precoce (28,70% em 2010), a baixa taxa de escolarização secundária (que em Portugal é de apenas 30% nos adultos entre os 25 e 64 anos, quando a média da OCDE é de 70%) e com o facto de Portugal ser o 4.º país da OCDE com mais chumbos aos 15 anos de idade . Os objetivos de estudo prendem-se, assim, com a necessidade de compreender que tipo de políticas foram desenvolvidas no sentido de se tentar alcançar os níveis educacionais dos então restantes países da UE e também em relação aos países integrantes ou parceiros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) nos últimos 40 anos de democracia. Assim, pretendo esmiuçar as principais diferenças ao nível dos indicadores de educação da população portuguesa, em comparação com os países de referência (como são exemplo os países escandinavos) ao nível da taxa de abandono precoce de educação; os diferentes níveis de educação/formação da população [ensino secundário e formação superior e/ou profissional]; duração média da escolarização, em anos; percentagem de jovens que, aos 15 anos, chumbaram, pelo menos, uma vez; percentagem de investimento

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em educação no PIB; resultados no Programme for International Student Assessment (PISA) (adaptado de Gomes & Duarte, 2012: 357,358) . O método utilizado é a pesquisa e análise documental, no sentido de construir um Estado da Questão e, posteriormente, a análise dos dados criticamente no sentido de questionar porque é que, do ponto de vista histórico e económico-social, Portugal ainda tem um grande trabalho a realizar em matéria educativa, em relação aos restantes parceiros europeus e avaliar se as medidas políticas que até então têm sido promovidas pelo mesmo são adequadas para o desenvolvimento necessário. Posteriormente será discutida a questão da escolaridade obrigatória, política (ou cultura) de retenção escolar, realização de exames nos finais de ciclo (onde se inclui o debate da estruturação dos ciclos no sistema educacional português), enquadramento público ou privado da Escola em Portugal (e discussão da implicação do Estado na escolarização dos indivíduos), sob uma contextualização internacional, à escala comparativa internacional. A finalidade deste trabalho, em jeito de conclusão, é compreender a dinâmica da promoção da igualdade de oportunidades e sucesso educativo em Portugal (as conclusões não se encontram explanadas neste resumo porque o trabalho ainda está em progresso). Referências Bibliográficas: Fontes: OCDE; Eurostat. Gomes, M. C. & Duarte, A. (2012). Políticas Públicas de Educação e Formação. In M. L. Rodrigues & P.D Silva (ORG), Políticas Públicas em Portugal (349-359). Lisboa: INCM.

Palavras-chave: Política(s) Educativa(s); Indicadores de Desenvolvimento; Educação Comparada; Contexto Internacional.

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22. IDEOLOGIAS, VALORES E EDUCAÇÃO

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22.1. Pedagogias dos séculos XIX e XX: reflexos na sociedade atual portuguesa

Carla Guerreiro Escola Superior de Educação de Bragança

Luís Castanheiro Escola Superior de Educação de Bragança

Resumo Refletiremos sobre como determinados valores e ideologias se repercutiram no sistema educativo e na sociedade portuguesa atual. Para tal faremos uma abordagem diacrónica, em que evidenciaremos figuras que marcaram a história da educação em Portugal, nos séculos XIX e XX.

Palavras-chave: Educação; Pedagogia; Escola Nova.

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22.2. Educação e Autonomização: acerca das ambiguidades de uma relação nem sempre linear e transparente

Manuel Barbosa Universidade do Minho

Resumo A presente comunicação, fazendo parte de uma reflexão mais ampla sobre as ambiguidades a que hoje assistimos quando se articula a educação com a agenda da autonomização, pretende analisar essas ambiguidades de modo a destacar uma conceção de autonomização verdadeiramente humanista, emancipadora e transformadora, tanto da realidade do sujeito quanto da realidade do contexto. A estrutura narrativa, em consonância com esse amplo propósito, articula as seguintes dimensões: i) atenção às ambiguidades: nem tudo o que reluz é ouro; ii) a educação e a normatividade da autonomização e, por fim, iii) as ambiguidades da autonomização: sentidos divergentes de fazer educação para a autonomia. A conclusão, essa, sinaliza o empowerment emancipatório e transformador como vetor estruturante e incontornável de uma educação para a autonomização que seja respeitadora da vocação ontológica de cada ser humano em progredir para patamares mais elevados de cidadania, subjetividade e humanidade em cenários que primam por exigências, quantas vezes exorbitantes e intratáveis, de responsabilização pessoal pelas tarefas do quotidiano.

Palavras-chave: Educação; Autonomização; Ambiguidades.

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22.3. A formação de educadores para a solidariedade

Geraldo Soares UniversidadeFfederal da Bahia

Resumo O trabalho descreve o esforço do autor,professor da Universidade Federal da Bahia (Brasil), que criou uma nova disciplina chamada “Sociologia da Solidariedade”no âmbito do Mestrado em Segurança Pública,Justiça e Cidadania na tentativa de superar um paradigma que reduziu a educação a um processo de acúmulo de informações e que despreza dimensões subjetivas e espirituais,A partir de uma perspectiva que combina conhecimento e autoconhecimento, essa disciplina enfatiza o tema da solidariedade, como uma forma de equilibrar a discussão sobre a convivência humana, excessivamente centrada em aspectos “patológicos” como a violência e a criminalidade.

Palavras-chave: Autoconhecimento; Educação; Healing; Paradigmas; Ecologia de saberes; Solidariedade; Desenvolvimento humano.

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22.4. A influência da vivência de espiritualidade dos professores na relação professor-aluno, na ótica de professores do ensino médio de escolas públicas da cidade de Santos/SP

Natália Camargo Angel Universidade Paulista - UNIP

Sônia Cristina de Almeida Santana e Santos Universidade Paulista - UNIP

Resumo Propósito do estudo: Nota-se na sociedade contemporânea, conforme observa Bauman (2001), características específicas como a liquidez e o descartável das relações, que tais como os objetos, têm quase nada em durabilidade, consistência, solidez. Sendo a instituição escola reflexo contundente e notável da sociedade em que está inserida, tem-se tornado palco vivo onde se dão esses referidos modelos de enlaçamento social. Definiu-se como objeto de investigação o sentido atribuído à interferência da vivência da espiritualidade na relação professor-aluno, tendo como objetivo geral produzir conhecimento que contribua para melhor compreensão da relação professor-aluno na contemporaneidade, por meio da constatação do sentido que os professores de ensino médio atribuem à espiritualidade, e se percebem a interferência desta em sua relação com o aluno, através de análise da fenomenologia existencial. Métodos de Pesquisa/Metodologia: Foi realizada pesquisa qualitativa, da qual participaram como sujeitos 11 professores do ensino médio de duas escolas da rede pública de ensino da cidade de Santos/SP, utilizando-se como recurso de coleta de dados a entrevista semi-estruturada.

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Resultados observados: Os dados colhidos confirmaram as hipóteses elaboradas no projeto de pesquisa, indicando que a visão dos sujeitos sobre a influência da espiritualidade na relação professor-aluno está associada à busca destes pelo sentido de seu trabalho enquanto professores que se sentem implicados na formação pessoal dos alunos. Conclusões: Concluiu-se que a busca dos sujeitos da pesquisa pelo sentido de seu trabalho enquanto professores que se sentem responsáveis pela formação pessoal dos alunos caracteriza a influência da espiritualidade na relação professor-aluno. Sugere-se que outras pesquisas continuem sendo realizadas sobre este tema, pois as relações humanas têm características extremamente complexas, e a espiritualidade tem sido tratada na literatura, e em várias outras áreas do conhecimento e da cultura, como também dos discursos dos sujeitos que participaram desta pesquisa, como constituição do homem contemporâneo.

Palavras-chave: Educação; Relação professor-aluno; Espiritualidade

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22.5. Formação Profissional- Os Cursos de Educação e Formação de Adultos como Fator de Inclusão Social e Empregabilidade

Marisa Campos Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação – UC

Resumo A formação é tida como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da pessoa a vários níveis, capacitando-a para a realização de atividades capazes de responder às necessidades do tecido empresarial, possibilitando a integração ou reintegração da população no mercado de trabalho (Santos, Neves e Ribeiro, 2003), primando pela diferença no que diz respeito aos atores e processos envolvidos em todo o processo. Esta permite lidar com a complexidade e desafios da atualidade, tornando as pessoas mais humanas (Barros, 2013). Neste contexto, podemos afirmar que a Formação Profissional permitiu ver de forma diferente os fenómenos educativos, onde são valorizadas as aprendizagens nos domínios pessoais, sociais e profissionais (Pires, 2007, cit. por Barros, 2013). Os Cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) pretendem elevar os níveis de habilitação escolar e profissional da população portuguesa adulta, através de uma oferta integrada de educação e formação que potencie as suas condições de empregabilidade e certifique as competências adquiridas ao longo da vida. Estes cursos são destinados a candidatos com idade igual ou superior a 18 anos até à data de início da formação, sem a qualificação adequada para efeitos de inserção ou progressão no mercado de trabalho ou sem a conclusão do ensino básico ou secundário. Posto isto, o estudo aqui apresentado aborda a modalidade de formação anteriormente referida, sendo o seu principal objetivo perceber de que modo os cursos EFA contribuem para a melhoria da qualidade de vida, a nível pessoal, social, económico e profissional da população, promovendo a

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sua (re) integração na comunidade e consequentemente no mercado de trabalho. Para tal foi pedido a três pessoas, que frequentaram estes percursos e os concluíram com sucesso, para relatarem as suas histórias, levando-nos a analisar de que forma a frequência da formação transformou a sua vida, e qual motivo e as consequências dessa transformação. Para a realização deste estudo foi utilizada a modalidade de investigação Histórias de Vida, que nos permite compreender qual a perceção da população relativamente ao seu passado, presente e futuro, enquadrando a Formação Profissional nesse percurso de vida.

Palavras-chave: Formação Profissional; Cursos de Educação; Formação de Adultos; Inclusão; Empregabilidade.

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22.6. Contributos para a competência ética dos profissionais de odontologia do estado de Minas Gerais – Brasil

Ricardo Werneck Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Da Conceição Azevedo UTAD

Resumo Com o objetivo de verificar junto às faculdades de Odontologia do estado de Minas Gerais – Brasil como está sendo planejado, conduzido e apreendido o ensino da Ética, este estudo se propõe realizar uma abordagem qualitativa, explorando um tema pouco pesquisado. Foi necessário o delineamento do objeto deste estudo por um marco conceitual, alicerçado na formação Ética em saúde. A Ética, a moral e a deontologia tiveram que ser contextualizadas numa sociedade miscigenada, com contribuições dos portugueses, afrodescendentes e nativos, cada qual com sua cultura. Incursões no modelo biomédico flexneriano, nos parâmetros curriculares brasileiros, no Pró-saúde, na responsabilidade social da universidade, no mercantilismo do ensino superior e na bioética contribuíram para solidificar conceitualmente a proposta de elaborar conhecimentos mais abrangentes no sentido das mudanças necessárias na formação dos profissionais de odontologia, num contexto em que se aspiram profissionais eticamente mais competentes.

Palavras-chave: Ética; Saúde; Competência ética.

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22.7. Construindo Valores a Partir dos Contos Infantis: na perspectiva de ressignificar os conceitos morais e éticos

Patricia Santos Faculdade de Ciências Humanas de Olinda- PE

Maria Lopes CESMAC

Márcia Ferro CESMAC

Resumo Esse artigo teve por objetivo identificar os ensinamentos implícitos nos contos infantis, desenvolvendo as habilidades artísticas, emocionais, intelectuais, afetivas e sociais. A turma envolvida foram vinte crianças da Educação Infantil. A escolha do tema surgiu das crianças na roda de conversa na hora da história, onde intitularam: Encontro dos Contos: Descobrindo os valores. Norteados na temática utilizamos atividades pedagógicas curriculares e extracurriculares, com a participação ativa dos pais. Culminamos nosso trabalho com uma exposição aberta ao público com os materiais produzidos pelas crianças. Foi notório percebermos ao termino das atividades multidisciplinares as habilidades e competências adquiridas pelas crianças. Esse projeto foi inovador e relevante para a comunidade escolar. Introdução O tempo passa mais o encanto de ouvir histórias perpetua por todas as gerações. As crianças perceberam que desde bebês ouviam histórias contadas por suas mães, desde dentro da barriga. Os contos infantis transmitem valores e ensinamentos. Cada criança ao ouvir uma história, imagina ser aquele personagem, por características que seja semelhante a ela.

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Independente da época, da cultura e da classe social, os jogos e as brincadeiras fazem parte do processo de desenvolvimento de uma civilização. Hoje a ludicidade tem uma conotação diferente daquela que considerava o brincar como algo pejorativo, para transformar-se num tema de real significação para todas as pessoas. As crianças na faixa etária entre 4 e 5 anos de idade, as quais encontram-se no ápice da fantasia, vivem numa gostosa viagem entre o mundo do faz-de-conta e a realidade. Contar histórias é um meio de comunicação ancestral. O primeiro contato da criança é aquele mantido com pais, avós, e outros familiares que contam histórias representadas em contos de fadas, histórias inventadas na hora de dormir ou quando a família está reunida numa hora de aconchego, num dia de chuva de domingo ou num feriado. Diante desses pressupostos surgem a perguntar: - Podemos dar a vida aos personagens dos contos infantis, para ensinarmos a outras crianças as mensagens dos contos Com base nessa pergunta e nas expectativas das crianças elencamos objetivos: •Desenvolver a linguagem simbólica através dos contos infantis; •Aprender valores morais e éticos embutidos nas histórias; •Desenvolver o senso crítico, oralidade, a consciência fonológica e a matemática através dos contos; •Estimular a criticidade das crianças através dos registros fotográficos; •Despertar a importância integral dos familiares nas etapas dos procedimentos metodológicos; •Construir um cantinho de leitura em uma creche. Referencial Ler histórias significa poder rir, experimentar situações vivenciadas pelos personagens, é interagir com o jeito de escrever do autor, além de poder ser cúmplice do momento de humor, de brincadeira, do divertimento, é esclarecer melhor as dificuldades ou descobrir um caminho para solução delas, é motivar a imaginação, é ter a curiosidade satisfeita em relação a tantas perguntas, é buscar outras idéias para solucionar certas questões.

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[...] A história é importante alimento da imaginação. Permite autoidentificação favorecendo a aceitação de situações desagradáveis e ajuda a resolver conflitos, acenando com a esperança. Agrada a todos, de modo geral, sem distinção de idade, de classe social, de circunstância de vida (COELHO, 2001). Para Abramovich (1995), o primeiro contato da criança é aquele mantido com pais, avós, e outros familiares que contam histórias representadas em contos de fadas, histórias inventadas na hora de dormir ou quando a família está reunida numa hora de aconchego, num dia de chuva de domingo ou num feriado. Em sua obra “A hora do conto: da fantasia ao prazer de ler”, Barcellos e Neves demonstram coerência com os pensamentos de Abramovich (1997) e ressaltam outras habilidades que a criança desenvolve e amplia ao ouvir histórias. Dentre essas destacam que a criança que ouve histórias com frequência educa sua atenção, desenvolve a linguagem oral e escrita, amplia seu vocabulário e principalmente aprende a procurar, nos livros, novas histórias para o seu entretenimento (1995, p. 18). Metodologia A pesquisa foi do tipo qualitativa. Foram utilizados diferentes procedimentos metodológicos, durante dez meses. Onde as atividades foram desenvolvidas interdisciplinarmente. O grupo envolvido foi de vinte crianças na faixa etária entre 4 e 5 anos de idade. E as crianças das creches com as idades semelhantes. Resultados Inicia-se construindo gráficos das histórias preferidas das crianças e de suas personagens preferidos. Onde cada criança relatava o porquê de sua preferência, quais características da personagem chamava mais sua atenção; quem era a pessoa que mais contava histórias para ela. [...] existe uma grande importância de se procurar dar uma atenção especial nos três primeiros anos de vida. As experiências infantis até os três anos influenciam de forma decisiva no desenvolvimento das células cerebrais, na quantidade das conexões neuronais que existirão entre elas (BARRETO, 1998, p. 52). Recontando os contos sob as óticas de vários autores. Destacando as versões de uma mesma história, como Chapeuzinho Vermelho e

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Chapeuzinho Amarelo; Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau e Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Bom; Deu a Louca na Chapeuzinho entre outras situações. Na primeira infância toda aprendizagem simbólica da criança depende das organizações das percepções que ela colhe do ambiente em forma de estruturas cognitivas e motoras, ou seja, o significado, depende, mais do que qualquer outra fase da vida, da ação corporal, segundo Mourão (1996). Buscamos lugares diferentes para desfrutarmos dessa leituras sentados na areia do parquinho, deitados na grama da mansão das crianças, dentro da casinha do parquinho, embaixo das árvores, próximo do bosque, na sala de fantasia, no cantinho da leitura e nas creches. Utilizando uma variedade de materiais como fantoches, dedoches e luvas contadoras. Ao invés de ter o brincar como um importante conteúdo escolar, o que veio se estabelecer ao longo da história foi uma separação entre o corpo e a mente – uma para transpor e a outra para aprender, de acordo com a Proposta Curricular para a Educação Infantil ( 2001). Partindo desse principio elencamos os conteúdos programáticos pertinentes a turma, focando desenvolver as competências e habilidades para ingressarem no mundo letrado. Criamos situações problemas com personagens; trabalhar os ensinamentos que as histórias transmitem como a desobediência, a mentira, ajudar o próximo, respeitar as diferenças de etnias, peso, entre outros. A leitura dos contos contagiou de tal forma de decidimos transceder esse prazer para outras crianças, escolhemos visitar várias creches para depois escolhermos uma que não tivesse cantinho de leitura. E, posteriormente, construímos um cantinho na creche escolhida. E para levantar a verba financeira tivemos a idéia de vender aventais de contação de histórias. “Desse modo, a sala de aula deixa de ser o espaço no qual sujeitos cognoscentes interagem com o objeto de conhecimento e passa a ser o lugar onde interlocutores se encontram para interpretar suas leituras e escritas (...)” de acordo com Oswaldo (1996, p. 64). Resgatar através das leituras dos contos a importância dos pequenos gestos como gentilezas, por favor, com licença, muito obrigada. E através das apresentações da peça Encontro dos Contos com a casa itinerante nas creches.

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Com a colaboração da família ensaiamos uma parodia da música de Chapeuzinho Vermelho. Onde convidamos as famílias para participarem do nosso projeto. Uma mãe contribuiu com sua profissão de costureira e costurou os aventais para as contações de histórias. Fizeram um mutirão professores, pais e seus filhos pintarem os aventais, enquanto uns pintavam as professoras passavam o ferro, as outras os embalavam e as outras vendiam os aventais prontos. Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades. Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado, segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998, p. 25). Produzimos vários objetos para culminarmos nosso projeto para essa exposição preparamos: uma roleta parecida com aquelas de parque de diversões, construída por um pai de uma aluna, nessa roleta colocamos as imagens dos personagens de todos os contos lidos pelas crianças, ao girar as crianças teriam que externar o que aprenderam com cada conto, a citar: •Chapeuzinho Vermelho: Devemos obedecer; •Pinóquio: Não mentir; •A Bela e a Fera: As aparências enganam; •Branca de Neve: Fale sempre a verdade; •Cinderela: Nunca desista do que você quer; •A Bela adormecida: Cuidado no que mexe; •O Lobo Bom: Brinque com todos sem distinção; Esse processo possibilitará a elas modificarem seus conhecimentos prévios, matizá-los, ampliá-los ou diferenciá-los em função de novas informações, capacitando-as a realizar novas aprendizagens, tornando-as significativas. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998, p. 33). Confeccionamos varais ilustrados com desenhos, dobraduras ou origami das crianças contendo os números dos personagens de cada conto. Quando a criança registra quantidades, tem uma excelente oportunidade de compreenderem o modo de construção do sistema decimal, alem de utilizar

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o registro como elemento estruturador do seu próprio raciocínio. Segundo, Deheinzelin (1994, p. 117). Amarelinha dos contos contendo algumas prendas ressignificando os ensinamentos. Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhe são importantes e significativos. As crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos. Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998, p. 28) As atividades foram desenvolvidas interdisciplinarmente, em parceria com as aulas de: •Educação para a vida, onde conjuntamente com a Prof., resgatamos os valores escondidos nos contos, fazendo uma analogia com situações e conflitos vivenciados pelas crianças, destacando a importância dos pequenos valores que transcende até os dias atuais. Nas aulas de informática as crianças produziam acrósticos, frases sobre as características dos personagens trabalhados e pequenos textos, reescrevendo novos e diferentes finais para os contos discutidos. •Nas aulas de Educação Física as crianças brincavam com as diferentes expressões faciais e gestuais dos personagens, como no conto da Chapeuzinho Vermelho, quando o lobo se disfarça de vovozinha, eles colocaram a touca da vovó, deitavam na cama e diziam: - Vovó para que esses olhos tão grandes - É para te ver melhor! Foi explorado as expressões diante do espelho, para que elas observassem que os nossos gestos podem utilizar falar mesmo sem usar a oralidade. Nas aulas de música, foi desenvolvido a parodia, que começava assim: Pela história a fora tem os Três Porquinhos, vem com a Rapunzel e com a Chapeuzinho. Belas vem de longe, o Pinóquio bem perto. E os lobos maus passeiam aqui por perto ... As crianças se divertiam pois começaram a compreender podemos brincar com as musicas. Os projetos devem buscar nexos na seleção dos conteúdos por série, enquanto as relações entre os distintos conhecimentos são realizadas pelo aluno. Cabe à escola dar-lhe essa oportunidade de liberdade e de autonomia cognitiva. Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 78)

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A peça apresentada nas creches tornou-se uma atividade muito esperada pelas crianças, pois todas vinham fantasiadas, colocávamos a casa itinerante no carro e nos dirigíamos a creche da semana. Chegando éramos recebidos com muito carinho e expectativa pelas crianças das creches. Montávamos o cenário, e os personagens (crianças da sala) ficavam sentadas no chão aguardando, para serem apresentados com a paródia de abertura. Posteriormente dávamos inicio a dramatização da história. Onde o final surpreendia a todos, pois o objetivo era mostrar que todos os personagens têm a possibilidade de mudar as suas atitudes. As manifestações artísticas são exemplos vivos da diversidade cultural dos povos e expressam a riqueza criadora dos artistas de todos os tempos e lugares. Em contato com essas produções, o aluno do ensino fundamental pode exercitar suas capacidades cognitivas, sensitivas, afetivas e imaginativas, organizadas em torno da aprendizagem artística e estética. Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 76) Visitamos o Castelo de João Capão localizado em Garanhuns-PE, onde organizamos uma caça ao tesouro, as crianças ficaram encantadas por entrarem em um castelo de verdade, e poder se vestir de reis e rainhas, com direito a coroa e adereços reais, a magia tomou conta daquele momento. Depois de passado a ansiedade, iniciamos a brincadeira de caça ao tesouro, seguindo as dicas, todos corriam para encontrar o valioso tesouro. Ao encontrá-lo perceberam que o baú estava vazio, pois o verdadeiro tesouro estava dentro de cada um, o AMOR. Considerações finais A pergunta que norteou esse projeto foi: - Podemos dar a vida aos personagens dos contos infantis, para ensinarmos a outras crianças as mensagens dos contos Elencamos para respondermos essa pergunta e formulamos alguns objetivos e atingimos ao desenvolvermos a linguagem oral e simbólica através das apresentações nas creches. As crianças aprenderam valores morais e éticos embutidos nas histórias e conseguiram transcender esses ensinamentos para as crianças das creches como os seus familiares. Desenvolvemos através dos registros fotográficos o senso critico, oralidade, a consciência fonológica e a matemática, pois debatíamos cada situação apresentada.

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Despertamos a importância integral dos familiares nas etapas dos procedimentos metodológicos, através da participação ativa ao caracterizar seus filhos com as roupas idênticas aos seus personagens preferidos, ao autorizar a saída de seus filhos do colégio para visitarem e apresentarem a nossa produção e na confecção e vendas dos aventais; e contudo isso atingimos o nosso maior objetivo construir um cantinho de leitura em uma creche que necessitava desse cantinho. Culminamos esse projeto com uma exposição aberta a comunidade escolar, momento muito esperado pelas crianças. Esse projeto teve relevância, significado e destaque na comunidade escolar. As crianças aprenderam a apreciar a leitura feita pelo outro, ampliaram seu vocabulário, aprenderam valores sociais, culturais e éticos, ao terem contato com crianças de classe social diferente da sua. Bem como a utilizarem no seu dia-a-dia as palavras mágicas, a sensibilidade, a empatia e a ver beleza nas pequenas coisas da vida. Esse foi um faz-de-conta que aconteceu de verdade. E todos foram felizes para sempre. Referências bibliográficas ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil gostosura e bobices. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1995. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais/Secretaria de Educação Fundamental, Brasília, v. 1, 1997. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil; Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Fundamental, Brasília, v. 1, 1998. COELHO, Betty. Contar história: uma arte sem idade. 10. ed. São Paulo: Ática, 2001. DEHEINZELIN, Monique. A fome com a vontade de comer. Rio de Janeiro, Vozes, 1994. FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade. 6ª. Ed, Rio do Janeiro, Paz e Terra, 1982. MOURÃO, Marcos Santos. Trecho de documento inteiro - Visão de área – Educação Física. São Paulo, Escola da Vila, 1996.

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OSWALDO, Maria Luiza. In KRAMER, Sonia & LEITE, Ma. Isabel (Org) Infância: Fios e Desafios da pesquisa. São Paulo, Papirus, 1996. PIAGET, Jean. O julgamento moral na criança. SP, Ed. Mestre Joe, 1977. TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a escrever: perspectivas psicológicas e implicações educacionais. São Paulo, Ática, 1995.

Palavras-chave: Valores; Contos infantis; Moral; Ética.

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23. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS

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23.1. O conflito em contexto escolar: transformar barreiras em oportunidades

Fernando Silva Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (CeiED)

Paula Flores Escola Superior de Educação do Porto

Resumo Nas relações que se estabelecem entre os seres humanos podem ocorrer situações de conflito. Constituindo a escola uma importante interface, onde ocorrem múltiplas relações interpessoais, não fica isenta de uma certa envolvência, enquanto instituição social, de se edificar num ambiente propício, onde os conflitos proliferam intensamente face à complexidade do próprio processo educacional com que lida quotidianamente. A estratégia em transformar uma barreira em oportunidade depende sobretudo da formação do professor e da sua capacidade de liderança em gestão de conflitos, pelo que se revela a importância desta temática na formação inicial de professores. Assim, este artigo tem o propósito de partilhar a opinião de futuros docentes em estados de experiência distintos relativamente à conceção de conflito e à sua gestão em contexto educacional. Para alcançar este objetivo foram recolhidas as opiniões dos alunos de licenciatura e de mestrado sobre esta temática por via da passagem de um inquérito no fim da aula, cuja análise de resultados será apresentada neste artigo. Ao assumir-se este procedimento, elegeu-se o processo reflexivo por forma a poder confrontar-se a aceitação do conceito de conflito ao de discordância por parte dos respondentes. Seguidamente, foram analisados os relatórios de estágio dos alunos de mestrado a fim de se constatar o modo como estes quando confrontados face a cenários de conflito, os souberam gerir em contexto, bem como os recursos que utilizaram.

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O estudo enquadrou-se no referencial teórico-metodológico da investigação narrativa e os dados foram obtidos pelo preenchimento de questionários por um grupo de 42 respondentes de licenciatura e outro de 16 alunos de mestrado. No final da aula aberta e do Seminário de mestrado, foi possível constatar uma minimização da carga inicialmente negativa atribuída ao conflito e, simultaneamente, um esbatimento da ideia previamente associada do mesmo ao da discordância, antevendo logo à partida uma certa vocação proactiva, no sentido de encarar o “conflito” como um acontecimento normal e recorrente existente no dia a dia da escola. Já em contexto da prática pedagógica, os alunos de mestrado tiveram necessidade de gerir situações de conflitos, sendo que a maioria dos alunos encontrou uma oportunidade de mudança para essas situações, utilizando como recurso uma ferramenta tecnológica, a ClassDojo, que promove fácil e gratuitamente a relação Escola/família, permitindo o acesso à informação em tempo real, segundo indicadores positivos e negativos selecionados pelo professor, facultando o acesso do encarregado de educação às informações respeitantes ao seu educando. Além dos resultados positivos que apresentaremos neste artigo, concluiu-se que o sucesso da ferramenta devese sobretudo à capacidade de seleção de parâmetros que visam a mudança comportamental e motivacional do aluno, pelo que a formação do professor é efetivamente imprescindível. Assim, através de uma reflexão do modo como os alunos pensam, é possível criar estratégias de desenvolvimento de competências na formação inicial. Com este artigo pretende-se contribuir para uma consciencialização da temática e simultaneamente com um reforço positivo do modo como é possível constituir uma oportunidade em ambiente de ameaças.

Palavras-chave: Conflitos escolares; Pesquisa narrativa; Formação inicial de professores.

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23.2. A ação do visconde de Vila Maior como reitor da Universidade de Coimbra

Aires Diniz Escola Secundária Avelar Brotero

Resumo O Visconde de Vila Maior tomou posse como reitor da Universidade de Coimbra em 21 de Setembro de 1869, falecendo no cargo em 20 de Outubro de 1884. Através da leitura dos ofícios que enviou, verificamos que a gestão universitária passa por ele ao preparar as decisões através da recolha das informações e relato criterioso dos problemas. Neste processo de análise acabaremos por descobrir como a Universidade precisava dele e da sua capacidade de organizador científico para sair do marasmo, em que um falso saber a tinha colocado através da preguiça, isolamento e falta de capacidade científica. Foi o que aconteceu por força do oportunismo dos que ocupavam cargos diretivos da estrutura universitária. Usa para isso as suas relações externas para abanar as estruturas caducas da Universidade, propondo ao Ministro que a tutela politicamente que sejam enviados ao estrangeiro professores e funcionários para “colocar a instrução científica em Portugal na altura a que deve ser elevada”. De facto, esforça-se por levar a Universidade à Exposição Universal de Viena de Áustria de 1873, contudo, pouco tem para mostrar: uns livros e umas fotografias dos gabinetes de Fisiologia Experimental e de Física. Ainda, a convite da Universidade de Leyde envia uma delegação para colher “a maior soma de notícias sobre o estado do ensino superior das ciências médicas e naturais nos países que lhe fosse possível visitar”. Em Julho de 1872 através do regulamento das faculdades de Matemática e Filosofia prepara a sua transformação em Faculdade de Ciências. Preocupado também com a praxe estudantil brutal em Novembro de 1874,

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instaura um processo aos alunos que praticaram atos de indisciplina, ganhando legitimidade para lutar contra os catedráticos da Faculdade de Direito que a paralisaram só por não darem aulas. Outros serviços e departamentos da Universidade sofrem também muita indisciplina a que vai calmamente pondo cobro. Em 16 de Outubro de 1872 festeja a Reforma de Estudos de 1772. Mais tarde explica porque pouco falou sobre ela. Entra-se então num processo de normalização, fazendo disso balanço em 1877 numa Exposição Succinta da Organização Actual da Universidade de Coimbra precedida de uma breve notícia histórica deste estabelecimento para levar à Exposição Universal de Paris de 1878.

Palavras-chave: Ensino Experimental; Reforma Exposição Universal de Paris.

Pombalina;

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Gestão

Universitária;

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23.3. Estratégia como prática nas instituições de ensino superior

Valter Gomes Centro Universitário do Planalto de Araxá

Maria de Lurdes Machado-Taylor Center for Research on Higher Education Policies (CIPES)

Hernani Viana Universidade Federal Fluminense

Resumo As universidades têm sido consideradas, ao longo do tempo, Instituições de Ensino que realizam pesquisa científica, fornecem soluções para problemas dos países, capacitam pessoas para o mercado de trabalho e desempenham papel de liderança no desenvolvimento das nações. Ressalta-se a importância destas Instituições para o desenvolvimento econômico e social; e, observa-se que os estudos na área de estratégia ajustados às especificidades de tais Instituições é ainda incipiente e mais premente do que se possa imaginar. Observa-se ainda que a estratégia como prática aplicada às Universidades é uma área nova a ser explorada, carente de estudos com o objetivo de entender o processo de formação e implantação de estratégia. O presente estudo visa a identificar e analisar como ocorre o processo de formação e implantação, na prática, da estratégia em Instituições de Ensino Superior Privadas, sem fins lucrativos, com vistas aos resultados esperados pela organização. Trata-se de um estudo de múltiplos casos, com pesquisas semiestruturadas qualitativas que estão sendo realizadas em três Centros Universitários. Serão investigadas as ações dos gestores das Instituições de Ensino em estudo e das respectivas Mantenedoras. As Instituições escolhidas estão situadas no estado de Minas Gerais, Brasil; e, são Instituições Privadas, sem fins lucrativos, mantidas por Fundações e possuem entre 40 a 45 anos de existência.

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Espera-se, com este trabalho, contribuir para a identificação de como a estratégia é praticada nas organizações e colaborar com as pesquisas em torno do tema, no sentido de promover o direcionamento adequado das ações que venham a sustentar, de fato, a melhor gestão das organizações, especialmente, a exercida nas Instituições de Ensino Superior Brasileiras; aproximando, assim, a teoria da prática.

Palavras-chave: Estratégia; Planejamento; Ensino superior.

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23.4. O envolvimento dos encarregados de educação no processo de autoavaliação de escola

Teresa Jesus Santos Universidade do Minho

Resumo A avaliação tem vindo a afirmar-se nas políticas educativas. Ela resulta das orientações emanadas da União Europeia e transforma-se numa obrigação para medir a qualidade das instituições escolares. As políticas educativas e de avaliação decorrem da interação entre a avaliação, a prestação de contas e a responsabilização. A avaliação tem como propósito “produzir juízo de valor sobre uma determinada realidade social” permitindo a recolha, o tratamento e a análise de informações (Afonso, 2009). A prestação de contas tem-se centrado, essencialmente, na análise dos resultados do trabalho de alunos e professores, traduzidos em rankings e estatísticas de sucesso, decorrente da maior responsabilidade inerente à autonomia (ainda que decretada) e o desenvolvimento de aprendizagens dos alunos. A presente comunicação apresenta os resultados de uma investigação, de natureza qualitativa, sobre a avaliação das escolas, com enfoque nas suas dinâmicas internas, nomeadamente, no envolvimento dos Encarregados de Educação (EE) no processo de autoavaliação das escolas. Os dados foram recolhidos com recurso a entrevistas semiestruturadas, num agrupamento de escolas junto de oito EE e uma entrevista focusgroup às Associações de Pais. As entrevistas foram gravadas, transcritas e, posteriormente, os dados submetidos a análise de conteúdo. Os resultados revelaram que a maior parte dos EE valoriza a escola, existindo, contudo, algumas situações de desresponsabilização do seu papel de parceiros da escola. A escola promove mecanismos de avaliação

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participada, mas os resultados indiciam que estes mecanismos não são conhecidos pelos EE, o que leva a um deficitário envolvimento dos mesmos na escola.

Palavras-chave: Politicas Educativas; Autoavaliação.

Organização Escolar;

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Participação dos

EE;

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23.5. Práticas de liderança de professores na dinamização de projetos escolares inovadores

Júnia Pereira Escola DR. Afonso Rodrigues Pereira

Lídia Grave-Resendes Universidade Aberta

Resumo Esta comunicação pretende relatar uma investigação que teve como principal finalidade investigar as práticas de liderança dos professores nos projetos escolares inovadores e em que medida e de que forma se mobilizam os professores e a organização escolar para o desenvolvimento e dinamização dos projetos, assim como também averiguar as formas de exercício da liderança dos respetivos professores na escola básica dos 2º e 3º ciclos Dr. Afonso Rodrigues Pereira, no Concelho da Lourinhã. A investigação apresenta-se sob a forma de Estudo de caso, pelo que se optou por uma análise qualitativa dos dados, recolhidos através do instrumento de recolha de dados documento e entrevista semi-estruturada, por se pretender fundamentalmente ouvir as vozes dos professores sobre as suas próprias práticas. O enquadramento teórico sobre a problemática em estudo incidiu em reflexões acerca dos conceitos de Projeto e Cultura de Projetos Escolares, Práticas de Liderança, Inovação e Dinâmica da Liderança e da Inovação. Foi também efetuada uma análise ao enquadramento legal em matéria de legislação educativa, essencialmente no que toca aos conceitos de projeto e de liderança em contexto escolar e também sobre a Reorganização Curricular no seu diploma legal, o Decreto-Lei nº 6 de 18 de Janeiro de 2001.

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A partir da interpretação e análise dos dados nesta investigação, tendo como referencial o enquadramento teórico proposto, chegamos à conclusão de que existe uma clara cultura de trabalho por projetos, com fortes evidências do exercício da liderança dos professores - lideranças de topo e intermédias em redes colaborativas; promoção de práticas de liderança na equipa e nos alunos. Verificou-se também que os constrangimentos na implementação de projetos são exteriores à escola e às motivações dos professores, sendo que as potencialidades são maioritariamente geradas dentro da escola.

Palavras-chave: Práticas de Liderança; Professores; Projetos inovadores.

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23.6. A gestão democrática da educação brasileira: descompassos entre a teoria e prática na administração escolar

Marta Croce Universidade Estadual de Maringá

Resumo As políticas educacionais no Brasil seguem as determinações da Constituição Federal (CF) de 1988, que regulamenta a descentralização administrativa dos entes federados, ou seja, dos estados, municípios e Distrito Federal. No que concerne aos componentes, competências e fundamentos legais dos sistemas públicos de ensino, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN n°9394, promulgada em 1996, determina a organização e gestão das redes/sistemas por meio de princípios, estratégias e condições de oferta da educação escolar. Por sua vez, planos, metas e programas governamentais para a educação básica ressaltam o que determinam a CF e a LDBEN quanto à gestão democrática e metas de qualidade nas escolas públicas. Neste texto destacamos os estudos teóricos e empíricos desenvolvidos no Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Estado do Paraná, Brasil, por meio do Estágio Supervisionado em Gestão Escolar. A construção epistemológica perpassa os princípios da gestão da educação nacional e suas implicações para a organização escolar, destacando como principal instrumento da prática administrativo/pedagógica democrática o Projeto Político Pedagógico (PPP). No desenvolvimento do Estágio em Gestão Escolar obtém-se um espaço de interação crítica para a formação de gestores, em torno deste objeto de estudo, questionando sua validade ao se analisar os problemas, dilemas e desafios que se interpõem à prática da gestão democrática na escola pública, entendidos como um descompasso entre teoria e prática. O olhar investigativo dos acadêmicos e professores/orientadores promove a mobilização de educadores do ensino superior e básico, no sentido de se pensar alternativas para um

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aprofundamento sistemático do conhecimento científico e pedagógico, que possibilite subsidiar a prática de uma gestão democrática compartilhada. Marcado por múltiplos olhares, o Estágio em Gestão Escolar mostra-se necessário na tessitura de conhecimentos específicos em comunhão com o desenvolvimento de valores, posturas éticas e críticas de mundo e das relações interpessoais que permeiam o cotidiano das ações educativas. Na atual configuração privilegiamos estudos teóricos que envolvem textos sobre políticas educacionais e administração pública, para além daqueles específicos da gestão escolar. Este estudo, apesar de rico em material informativo e visões da organização e gestão da escola, se constitui desafiador a cada início de período letivo, pois as portas das escolas nem sempre se abrem aos alunos, sedentos pelo conhecimento da realidade que envolve a gestão democrática. É necessário registrar, todavia, que os obstáculos são vencidos pela persistência e clareza de objetivos dos grupos de alunos e professores/orientadores, gerando parceria com os profissionais da escola.

Palavras-chave: Gestão Democrática.Administração Escolar.Teoria e Prática.

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24. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS

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24.1. Lupus: uma doença crónica a conhecer

Isilda Rodrigues UTAD

Ezequiel Sousa UTAD

Helena Bogas UTAD

Resumo O presente trabalho foi realizado no âmbito da Unidade Curricular de História da Ciência, inserida no plano de estudos do 2ºCiclo de Ensino da UTAD, no ano letivo de 2013/14. O tema geral de estudo foi a história da ciência de algumas doenças crónicas. A nossa investigação centrou-se na doença crónica - Lúpus. Os principais objetivos deste trabalho foram: identificar os conhecimentos de alguns alunos universitários sobre a doença em estudo e fazer um levantamento sobre a sua evolução histórica. As doenças crónicas são atualmente a principal causa de mortalidade e morbilidade com implicações económicas significativas. Um dos seus desafios coloca-se ao nível das crenças existentes na formação de alguns profissionais da educação e da saúde (Oliveira e Gonçalves, 2004). O Lúpus é uma doença crónica autoimune que afeta principalmente mulheres e pode dirigir-se a vários órgãos ou sistemas diferentes, provocando sintomas de formas bastante variadas. Neste trabalho recorremos a uma metodologia qualitativa. A recolha de dados foi feita através de um questionário que foi elaborado e aplicado pelos autores do estudo. A amostra é constituída por 59 alunos das licenciaturas em Biologia/Geologia e de Engenharia Civil da UTAD. Verificámos, pela análise dos resultados, que há um grande desconhecimento sobre a doença crónica analisada, quer em termos de

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evolução do conhecimento, quer em termos de agente responsável, transmissão e prevenção. Referências Bibliográficas Oliveira, H. M.; Gonçalves, M. J. (2004). EDUCAÇÃO EM SAÚDE: uma experiência transformadora. Revista Brasileira Enfermagem, vol. 57(6), p.761-763.

Palavras-chave: Doença Crónica; Lúpus; História da Ciência; Abstract:Resumo.

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24.2. A religiosidade e a espiritualidade na formação académica do psicólogo

Terezinha Gandelman UNIP

Resumo Este artigo trata sobre a influência da religiosidade e a espiritualidade na formação acadêmica de psicólogos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, a partir de entrevistas semidirigidas com dois graduandos do último ano letivo de um curso de Psicologia no município de Santos. Como critério para a escolha dos entrevistados considerou-se o tempo de ingresso no curso de Psicologia, definindo a opção por alunos do último ano letivo, período em que se supõe que tenham adquirido os conhecimentos propostos e já estejam realizando estágios na área clínica e aplicando os conhecimentos adquiridos. Outros critérios foram terem entre 20 e 25 anos, valorizarem a vida religiosa e espiritual e terem condições de expressar seus sentimentos e pensamentos a respeito do tema da entrevista. A partir de levantamento bibliográfico, englobando religiosidade e espiritualidade, foram tecidas considerações e realizou-se um diálogo com autores desta área sobre os tópicos definidos para a análise. Evidencia-se que há necessidade de aprofundar a inserção destes temas na grade curricular do curso de Psicologia como forma de contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional dos alunos.

Palavras-chave: Religiosidade; Espiritualidade; Psicologia.

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24.3. Ciências da Educação e suas interfaces com a Sociologia da Infância: a produção académica pós-graduada na FPCEUP

Manuela Ferreira FPCEUP / CIIE

Cristina Rocha FPCEUP / CIIE

Resumo A pesquisa sociológica acerca da infância e das crianças iniciada há cerca de duas décadas nos países anglo-saxónicos (James e Prout, 1990, James, Jenks e Prout, 1998; Qvortrup, 1994) e francófonos (Mollo-Bouvier, 1990; Sirota, 1994; Montandon, 1994) disseminou-se por outras áreas disciplinares e em vários países, assistindo-se a um novo olhar acerca das crianças e da infância nas Ciências Sociais. Este tem contribuído para cimentar a critica ao essencialismo e modos de regulação tradicional das vidas das crianças; reiterar o carácter socialmente construído da infância e sua heterogeneidade interna (idade, classe social, género, sexualidade, etnia, geografia...); enfatizar a interdependência e autonomia relativa das relações intergeracionais; reconhecer as subjectividades infantis e suas culturas como expressão legítimas e cruciais na sua participação na vida social. Estas influências anglo-saxónicas e francófonas também chegaram cá e ecoam num conjunto de pesquisas portuguesas. São essas interfaces da Sociologia da Infância (SI) com o campo das Ciências da Educação (CE) que nos propomos abordar, com o objetivo de extrair os contributos desta perspectiva para expandir o conhecimento acerca da educação das crianças e dos seus quadros de vida. Para tal definimos como corpus de análise a produção académica pósgraduada em CE, realizada na FPCE-UP entre 2003-2013, cuja interface

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com a SI elege a infância e as crianças como objecto de estudo a interrogar e problematizar segundo as abordagens da infância como estrutura geracional construída socialmente; das crianças como produtoras de culturas infantis ou grupo social minoritário. A análise qualitativa/quantitativa dos seus enquadramentos teóricos; temáticas; metodologias; actores e contextos de vida das crianças privilegiados nas pesquisas, aponta para a forte presença da concepção das crianças como actores sociais, denotando quanto o querer saber os que e como elas sabem se tornou algo a importante a descobrir pelos pesquisadores em educação, e isso traduz-se na prevalência de abordagens de cariz construtivista dentro e entre SI/CE; de estudos de tipo etnográfico e na ampliação do campo educativo da infância, sua tematização em contextos além escolares/familiares, relações adultos-crianças ou criança-aluna/filha, mas sem descurar a estruturação geracional

Palavras-chave: Ciencias da Educação; Sociologia da Infância; Análise das Interfaces; Produção académica pós-graduada; Enquadramentos teóricos; Metodologias de investigação; Temáticas, contextos e atores.

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24.4. Ensinar a pensar através dos números: o princípio moral da educação matemática

Alice Santos Universidade do Algarve

Resumo A Lei de Bases do Sistema Educativo Português no seu ponto 2 do Artigo 1º define o direito à educação como um dos princípios básicos o progresso social e democratização da sociedade. Por conseguinte, para um professor será um objetivo adequar uma pedagogia de equidade e justiça social ao cumprimento dos currículos nacionais. O movimento para uma educação matemática crítica, com origem na década de 1980, defende que existe uma clara distinção entre ensinar matemática e educar matematicamente. Trabalhos de autores como Ole Skovsmose, Marilyn Frankenstein e Eric Gutstein mostram como a matemática pode e deve ser um veículo para a mudança social, munindo os alunos com uma ferramenta poderosa e útil que lhes permitirá identificar, compreender e avaliar com criticidade o mundo real. Nesta comunicação analisarei, em primeiro lugar, a justiça social à luz das contribuições dadas pelos filósofos remontando a Platão. Penso que os conceitos que lhe são subjacentes ajudarão, de alguma forma, a compreender a dimensão do papel da Educação Matemática na consecução da igualdade de oportunidades. Em segundo, estabelecerei a relação dialética entre justiça e educação. Nesta incursão procuro mostrar a visão de vários autores que defendem uma pedagogia crítica como mecanismo para uma verdadeira compreensão da realidade envolvente. Recorrendo à investigação que tem sido feita, nas últimas décadas, no campo da educação matemática e relacionada com aspetos sociais e

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culturais, apresentarei a posição de alguns investigadores face à valorização da matemática como possibilitadora da desconstrução de relações ou práticas que possam ser injustas. Por último, sustentada nas teorias apresentadas, divulgo dois projetos que desenvolvi numa turma de currículo alternativo. Ambos pretendem pôr em prática, num contexto real, a difusão de uma matemática que potencie nos alunos a capacidade de analisarem o quotidiano com criticidade. Concluirei que, inegavelmente, a grande diversidade de alunos do ponto de vista etário, cultural e social que frequenta atualmente a escola básica e secundária deve ser encarada como um contributo para a construção de uma sociedade plural e tolerante, na qual todos os intervenientes têm um papel importante a desempenhar e em que as práticas pedagógicas sejam uma componente fundamental na minoração das desigualdades sociais.

Palavras-chave: Educação; Matemática; Justiça Social; Pedagogia Crítica.

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24.5. A Relação de Ajuda como competência-chave da formação académica e profissional dos enfermeiros

José Ribeiro

Resumo Este artigo tem como objetivo apresentar o Projeto Objetos de afeto e tramas da escola: tecendo redes, desenvolvido no ano de 2014 no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp/UFRJ) pelas educadoras Dra. Izabel Goudart e Ma. Mariana Guimarães e pela comunicadora Ma. Luciana Fleischman. Esta comunicação visa compartilhar uma experiência de criação de espaços de investigação, reflexão e ação interdisciplinar no âmbito da educação pública e de formação de professores, surgida da intersecção dos projetos de pesquisa, ensino e extensão Aprender Brincando e Arte do Fio, desenvolvido pelas docentes. O projeto nasceu do desejo de investigar a tessitura das redes e dos vínculos estabelecidos nessa trama. É um experimento de conexão entre as redes digitais e as redes tecidas manualmente, com o objetivo de construir ambientes criativos e afetuosos para o pleno desenvolvimento estético, ético e político da comunidade envolvida. Visa ainda refletir e promover novos ambientes de aprendizagem que privilegiem a circulação de informação, focado na experiência e na construção colaborativa do conhecimento pelos participantes. Metodologicamente é desenvolvido no formato de laboratórios abertos interdisciplinares que articulam campos do conhecimento, como arte, ciência, cultura e tecnologia e está inserido no âmbito da cultura livre, que tem como princípios norteadores o livre acesso ao conhecimento e aos recursos, o compartilhamento e disponibilização da produção e pesquisa do mesmo, além da ideia do faça você mesmo e faça em conjunto (DIY/DIWO, do it your self and/do it with others). A teia conceitual que fundamenta a elaboração e execução desse projeto articula os referenciais teóricos e metodológicos dos projetos citados acima, no

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diálogo e na busca pela intersecção de conceitos como rede, e a experiência do fazer redes, o afeto e os objetos da cultura material e imaterial, os vínculos estabelecidos nessa trama. A comunicação utilizará da narrativa como instrumento para apresentar um livro objeto elaborado a partir do registro do processo, conceitos e linguagens abordados durante os laboratórios. O trabalho transitou entre as linguagens tradicionais como o bordado, o crochê, a contação de histórias e as linguagens digitais contemporâneas da rádio, do livro digital, dos experimentos sonoros e interativos como a reactable, além dos registros audiovisuais e da implementação de uma rede livre costurando esses fazeres e resultando em objetos híbridos.

Palavras-chave: Redes; Ambientes de aprendizagem; Afeto.

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25. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, REDES E PARCERIAS EM EDUCAÇÃO

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25.1. O rádio como meio de práxis da comunidade educativa

Rachel Neuberger Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)

Resumo Uma das instâncias preponderantes para a prática verdadeiramente autônoma da democracia é uma comunicação efetiva - ainda que contenha traços caóticos - entre os membros da comunidade educativa; esta entendida como o coletivo das pessoas envolvidas no processo de educação, no interior ou mesmo fora da escola, ou seja, professores, estudantes, dirigentes, outros funcionários, além de pais, familiares, amigos etc. Para tanto, é preciso que se valorizem canais de divulgação e, principalmente, de discussão sobre todos os assuntos que possam vir a ser importantes no processo de empoderamento social. Nos dias atuais, os meios de comunicação no âmbito da comunidade educativa podem incluir instâncias formais, geralmente na escola, tais como reuniões de pais e mestres, cartas direcionadas com as mais variadas observações (informes, advertências) e, principalmente, os conselhos de classe, mas existem muitas outras formas de comunicação que podem ser tidas como não-formais, como por exemplo, conversas informais e trocas de mensagens eletrônicas (e-mails, redes sociais ou outros aplicativos, em especial, por smartphones). Como é possível verificar, a participação também pode ser espontânea e não só burocratizada; no entanto, para que uma informação não se perca em processos mais abertos, é preciso estar sempre atento a tais demonstrações que, não raras vezes, chegam a ser até não-verbais, ou seja, gestuais. Todavia, neste trabalho, buscar-se-á destacar uma das perspectivas nãoformais de comunicação e que pode representar uma instância importante de participação democrática da comunidade educativa no ambiente escolar:

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trata-se da rádio-escola, que, em Portugal, também recebe a denominação de “clube de rádio”. Definimos, pelo menos, quatro possibilidades de se relacionar rádio e educação, tais como: rádio educativa (emissora aberta cuja programação é exclusivamente de caráter educativo cultural); rádio de massa na escola (o veículo padrão é utilizado como meio de educação formal e não-formal na escola); rádio de massa na comunidade educativa (pode ser usado como ferramenta de capacitação instrumental e crítica de jovens e adultos para a mídia e seus conteúdos); e, de fato, rádio escolar (webrádios ou rádiosposte que podem ser desenvolvidas pelas instituições, pelos grêmios estudantis, ou mesmo pela comunidade educativa como um todo – incluindo movimentos sociais e organizações não-governamentais). Acredita-se que, apesar de haver cada vez menos iniciativas deste tipo em Portugal, o Brasil tem se mostrado bastante atento a esta instância, seja por meio de iniciativas dos estudantes, da escola, da comunidade educativa e mesmo por programas de governo, tais como o “Mais Educação”, que visa uma educação em tempo integral com atividades diversas, inclusive o rádio escolar.

Palavras-chave: Comunicação educativa; rádio escolar; comunidade educativa; educação não-formal e informal.

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25.2. Utilização das TIC em crianças com Perturbação do Espectro do Autismo no Pré-Escolar: a perspetiva dos professores

Rute Falcão Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia

Isabel Sanches Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Resumo O rápido desenvolvimento das Tecnologias de Informação e ComunicaçãoTIC - trouxe para o sistema educativo e para a sociedade várias ferramentas de ensino e aprendizagem, suscetíveis de contribuir para uma melhor integração no convívio escolar. Neste âmbito, o objectivo do presente estudo é investigar a perspectiva dos professores quanto à utilização das TIC como ferramenta no ensino/aprendizagem de crianças com Perturbação do Espectro do Autismo - PEA, no pré-escolar, uma vez que a utilização pedagógica das tecnologias é uma mais valia para que as crianças explorem e desenvolvam competências que o mundo digital exige atualmente. Por conseguinte, o desenvolvimento desta investigação passa por uma fundamentação teórica sustentada na perspectiva de alguns autores sobre as PEA, as TIC e a formação contínua do professor. Este estudo propõe os seguintes participantes para o trabalho investigativo: crianças com PEA, educadores de infância e especialistas na área das TIC. A metodologia da investigação envolve uma recolha de dados de natureza qualitativa e quantitativo, entre um grupo de professores, através de inquérito por questionários, a partir dos quais, se irá perspectivar o que pensam sobre os recursos tecnológicos na aprendizagem de crianças com PEA e apurar como avaliam as suas práticas. Em seguida, os dados recolhidos através do questionário serão tratados através do programa Statistical Package for the Social Sciences _ SPSS, versão 22.0, com vista a apresentar, de modo mais esclarecedor e compreensivo, as percepções dos professores, quanto à

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utilização das TIC como método de ensino/aprendizagem para crianças com PEA. Conclui-se assim, que este estudo seja uma reflexão aprofundada sobre os avanços que a ciência vem disponibilizando sobre as tecnologias como recurso de aprendizagens para crianças com PEA, uma vez que, é um campo de investigação muito rico e desafiante com muitas questões em aberto que urge continuar a se investigar.

Palavras-chave: Educadores de Infância; Ensino Pré-escolar; Perturbação do Espectro do Autismo; Tecnologias da Informação e da Comunicação.

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25.3. A importância das TIC na integração/inclusão de alunos Erasmus em Institutos Politécnicos

Carlos Brigas Instituto Politécnico da Guarda

Henrique Gil Instituto Politécnico de Castelo Branco

Regina Gouveia Instituto Politécnico da Guarda

Resumo O nosso artigo apresenta conclusões parciais de um projeto de investigação sobre o impacto do Programa Erasmus em Institutos Politécnicos. O seu objetivo geral prende-se com a análise da evolução das mobilidades incoming de alunos e das políticas, estratégias e meios que vêm sendo adotados para a sua integração/inclusão. As mobilidades no espaço da União Europeia e em todo o Continente Europeu inserem-se num projeto global de afirmação da Europa como entidade cultural, social e económica. Neste âmbito, os sistemas de ensino de cada um dos países membros deverão contribuir para a criação de uma cultura de identidade europeia, baseada no conhecimento e reconhecimento da identidade cultural do “outro”, e a disseminação de conhecimentos técnico-científicos no espaço europeu. A formação de um espaço europeu de ensino superior, no seio de uma comunidade europeia que se pretende efetiva e plural, caracterizada pela partilha e multiculturalidade, foi tornado possível graças às novas TIC e à internet, que liga estruturas, alunos e docentes de diferentes instituições e países. Com diferentes graus de participação, emergiu um novo sistema de ensino em rede, inserido ele numa sociedade em rede (Castells, 2004) ou num ciberespaço (Lévy, 1997).

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Com efeito, os estudantes que atualmente frequentam o ensino superior são muito, se não radicalmente, diferentes daqueles que os antecederam, quando caraterizados de um ponto de vista tecnológico-digital. Marc Prensky foi quem primeiro denominou esta geração de “nativos digitais”, como sendo aqueles que nasceram num contexto onde a tecnologia e os ambientes digitais já faziam parte do quotidiano e das rotinas de qualquer cidadão. Para Prensky (2001), a forma própria de estar no mundo por parte destes nativos digitais tem consequências diretas no processo de ensino e de aprendizagem. Os resultados da investigação documental e não documental (inquéritos por questionário a alunos incoming) revelam claramente a importância das novas TIC e da internet na integração/inclusão de alunos Erasmus, permitindo atenuar ou suprimir o sentimento de “não-pertença” às culturas institucionais, locais e, mesmo, nacional, de que tenderia a resultar descontentamento e não assimilação de valores que as caraterizam. A apresentação e análise destes dados está sustentada num enquadramento teórico centrado nos conceitos de integração e inclusão, bem como na denominada “geração de nativos digitais”.

Palavras-chave: Integração; Inclusão; Tecnologias da Informação e da Comunicação; Nativos Digitais.

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24.4. Aprender na internet: um estudo de caso da aprendizagem autodirigida da pessoa idosa

Rui Nobre Ferreira Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Albertina Oliveira Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Luís Mota Escola Superior de Educação do Insituto Politécnico de Coimbra

Resumo Este estudo pretendeu compreender os processos de aprendizagem autodirigida das pessoas idosas utilizadoras regulares da internet. Como se processa a aprendizagem autodirigida da pessoa idosa através da internet? Que ambientes online utilizam? O que fazem nesses ambientes? De que forma a internet contribui para potenciar a sua aprendizagem autodirigida? A metodologia utilizada para a realização deste trabalho empírico foi de natureza qualitativa, tendo-se optado pelo estudo de caso enquanto estratégia de investigação. Foi necessário que as pessoas idosas atendessem a critérios específicos e rigorosos para se constituírem em caso para obtermos dados consonantes com o objetivo da investigação, optando-se pela entrevista semi-estruturada como método de recolha de dados. Dos dados obtidos, a partir da análise de conteúdo a que submetemos as informações recolhidas nas nossas oito entrevistas, conduziram-nos a constatar que as pessoas idosas continuam a ser aprendentes proativas que gerem diversos recursos e ambientes na internetpara desenvolverem projetos pessoais. Os participantes encontraram na internet uma situação de equilíbrio entre as suas expetativas de utilização da internet e as oportunidades de autodireção oferecidas pela mesma. As habilidades de autodireção existentes nas pessoas idosas, juntamente com um ambiente

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familiar favorável e incentivador, resultam na persecução da utilização da internet e reforçam as aprendizagens.Aferimos ainda que estas aprendizagens, na opinião das pessoas entrevistadas, ajudam a sentirem-se valorizadas e reforçam os seus relacionamentos familiares e sociais. As alterações demográficas das últimas décadas e as exigências da globalização impõem a necessidade de pessoas mais conscientes, criativas, independentes e ativas nas suas aprendizagens. As competências de comunicação e colaboração em atividades de criação de conhecimento tornam-se cada vez mais importantes para a participação num mundo social e culturalmente diverso. Desenvolver as competências das pessoas idosas para usar as tecnologias de informação e comunicação é vital para a participação na sociedade contemporânea, para além de enriquecer, facilitar a sua vida e de as estimular, tal como tivemos oportunidade de verificar através dos dados empíricos do nosso estudo.

Palavras-chave: Aprendizagem autodirigida; Internet; Pessoa idosa; Aprendizagem ao longo da vida; Envelhecimento ativo.

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25.5. Encurtar distâncias na Educação: um estudo de caso

Sónia Ribeiro Universidade de Coimbra

Maria Glória Fraga Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Maria Pessoa Universidade de Coimbra

Resumo Esta comunicação apresenta um estudo de caso centrado na situação de formação na modalidade de blended-learning na Universidade de Trás-osMontes e Alto-Douro (UTAD), que decorreu em Novembro de 2013 e prolongou-se até Janeiro de 2014. As propostas formativas incidiram sobre a conceção, planificação e avaliação de cursos à distância, sobre a produção de conteúdos, sobre as plataformas sociais em contexto institucional e finalmente sobre as plataformas de videoconferência na web. O estudo consiste na observação sistemática de um conjunto de quatro formações, destinadas ao público da administração pública central, onde se retêm características holísticas e significativas do evento estudado.

Palavras-chave: Formação em b-learning; e-learning; Estudo de caso.

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25.6. O lugar das Tecnologias da Informação e Comunicação no currículo de formação de professores do Uruguai

Rosana Martinez Barcellos FPCEUP

Resumo Em um contexto definido pelas características de uma sociedade pósindustrial, fortemente influenciada pelo desenvolvimento da tecnologia da informação e comunicação, onde a circulação e produção de conhecimento estabeleceu novas relações entre os sujeitos que aprendem, produzem e interagem com o conhecimento , é imponderável a necessidade de rever o lugar que estas questões ocupam na Formação Inicial de Professores da Educação Básica (FIPEB). No quadro de esta ideia, esta comunicação apresenta uma análise dos currículos da FIPEB no Uruguai, estabelece a relação entre os discursos políticos a nível nacional e internacional, nomeadamente com Portugal, orientando a integração da tecnologia na educação, e as diretrizes curriculares acima mencionados. Desde 2007, o Uruguai tem visto o maior investimento em tecnologia que teve na educação através do “Plan Ceibal”. A utilização maciça de computadores portáteis, aparelhos tecnológicos e acesso à internet nas escuelas públicas uruguaias, tem determinado um possível rumo na determinação de novas configurações didáticas, adequadas às necessidades e modos de aprendizagem dos estudantes do século XXI. Esta questão exige a revisão de ferramentas e saberes que um docente deveria desenvolver em sua formação inicial, para o exercício de sua profissão. Os discursos políticos nacionais e as demandas decorrentes de políticas internacionais influentes, destinadas ao desenvolvimento de iniciativas vinculadas às tecnologias na educação, alimentam a idéia de mudanças positivas . No entanto , as vias propostas para tais mudanças não levaram ao destino esperado. A insegurança quanto a utilização didática do

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conhecimento tecnológico revela uma lacuna na sua formação, que longe de ser inócua, pode ter consequências não desejadas nos processos de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Currículo; Formação Inicial de Professores; Tecnologia.

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26. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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26.1. Competências empreendedoras no ensino superior: Um novo currículo para novas exigências?

Ana Naia University of Lisbon

Resumo Introdução As competências empreendedoras abrangem traços de personalidade, habilidades e conhecimentos e podem ser vistas como a capacidade total do empreendedor desempenhar um trabalho com sucesso (Man, Lau & Chan, 2002). Lans, Bergevoet, Mulder e Van Woerkum (2005) diferenciam seis áreas de competências empreendedoras: oportunidade, relacionamento, conceituais, organização, estratégicas e, por fim, as competências de compromisso. A promoção do empreendedorismo em todas as áreas e em todos os níveis de ensino, pelas repercussões positivas que tem na sociedade e no próprio indivíduo, tem sido um apelo frequente, que em muitos contextos, ainda não se concretiza. Embora o conceito de empreendedorismo e de promoção de competências empreendedoras se encontre, ainda, fortemente associado às áreas de gestão, é fundamental alargar esta temática a todas as áreas do conhecimento, maximizando o potencial criativo e inovador de todos os estudantes. Para colmatar esta lacuna, entre as necessidades sociais e o currículo académico, desenvolvemos este estudo com o propósito de propor uma abordagem teórica à introdução de competências empreendedoras no currículo do ensino superior, fornecendo estratégias específicas aos professores para promoverem estas competências, em todas as disciplinas, de todas as áreas. Método

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Está a ser realizada uma revisão de literatura sistemática no sentido de se identificar as melhores práticas para se promoverem as competências empreendedoras no currículo do ensino superior. Resultados/conclusões O estudo ainda não está concluído, por isso não podemos apresentar resultados. Contudo espera-se que através deste estudo, se verifique uma melhoria no currículo do ensino superior, reduzindo o desfasamento que ainda existe entre as exigências da sociedade e a formação inicial dos nossos jovens. Além disso, com este currículo, pretendemos promover a capacidade dos estudantes inovarem, reconhecerem oportunidades, estabelecerem boas relações com os colegas, serem capazes de comunicar eficazmente, organizarem recursos, avaliar e implementar estratégias e, serem capazes de se comprometer com os seus objetivos e valores. Para cada uma destas competências vamos fornecer diferentes estratégias que permitam aos professores introduzir estas competências na sala de aula, em qualquer disciplina, de qualquer curso. Referências Bibliográficas Lans, T., Bergevoet, R., Mulder, M., & Van Woerkum, C. (2005). Identification and measurement of competences of entrepreneurs in agribusiness. In M. Batterink, R. Cijsouw, M. Ehrenhard, H. Moonen, & P. Terlouw (Eds.), Selected papers from the 8 th PhD conference on business economics, management and organisation science, PReBEM/NOBEM, Enschede (81-95). Man, T. W., Lau, T., & Chan, K. F. (2002). The competitiveness of small and medium enterprises. A conceptualization with focus on entrepreneurial

Palavras-chave: Empreendedorimo; Competências empreendedoras; Currículo; Ensino superior.

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26.2. Repensando o Currículo de Matemática do Ensino Médio Através do Registro das Representações Semióticas

Daniella Assemany GEMat-UERJ

Adriano Dos Santos GEMat-UERJ

Maria Êda Barino GEMat-UERJ

Darling Arquieres GEMat-UERJ

Joana Marques GEMat-UERJ

Resumo Essa comunicação tem por finalidade apresentar um estudo feito no Brasil, no qual mudanças no currículo do Ensino Médio das escolas brasileiras mostraram influenciar diretamente no ensino aprendizagem de matemática. Diante da dissociação entre os conteúdos desta disciplina, destacados nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (Brasil, 1999), dos Registros das Representações Semióticas na Educação Matemática, proposto por Duval (2003), dos estudos apresentados por Bittar (2003) e Dorier (1990), que justificam a abordagem vetorial desde o Ensino Fundamental, como nas escolas francesas, surgia então um desafio: Qual a concepção de matemática que um estudante da Escola Básica precisa ter? De que forma a estrutura curricular pode interferir nesse processo? Após sete anos de estudo e aplicação de uma nova abordagem para o currículo das três séries do Ensino Médio, o qual esteve (e está) em constante transformação, estas questões desafiadoras promoveram mudanças de paradigmas. Como aponta Duval (2003), cada aluno tem sua própria maneira de visualizar, interpretar e exteriorizar seu entendimento acerca de

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determinada situação, havendo a necessidade de um trabalho pedagógico a partir da representação semiótica para que haja aprendizagem em matemática, possibilitando o funcionamento cognitivo do estudante. Portanto, essa pesquisa mostrará o desenvolvimento de atividades específicas do currículo da escola básica, aplicada a dois grupos de estudantes: iniciantes da graduação na área de exatas da Universidade; alunos do Ensino Médio cuja escola passou pela reformulação curricular citada anteriormente, na qual a maioria dos conteúdos de matemática foram interligados e uma nova concepção adotada. A pesquisa se deu no Rio de Janeiro, Brasil, e mostrou que estudantes com a base do currículo atual de Matemática da Escola Básica desse país têm grandes dificuldades para conectar conteúdos, re-significar o mesmo objeto, observar equivalências, dentre outras coisas. Corroborando com as particularidades do que é ser um professor, esperamos contribuir com o ensino aprendizagem da matemática.

Palavras-chave: Currículo; Representação semiótica; Ensino aprendizagem.

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26.3. Certificação de manuais escolares: Estudo exploratório do caso português no início do século XXI

João Paulo Rodrigues Balula Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu

Resumo A certificação de manuais escolares, definida pela lei n.º 47/2006, de 28 de agosto, e regulamentada pelo decreto-lei n.º 5/2014, de 14 de janeiro, que revogou o decreto-lei n.º 261/2007, de 17 de julho, visa garantir a qualidade científica e pedagógica dos recursos didático-pedagógicos mais utilizados pelos alunos e pelos professores do Ensino Básico e do Ensino Secundário em Portugal. O regime de avaliação, certificação e, posteriormente, adoção dos manuais escolares assenta em princípios orientadores centrados na liberdade e autonomia na escolha, na utilização, na produção e no acesso a esses recursos. Essa certificação depende do cumprimento de seis critérios: rigor científico, linguístico e concetual; conformidade com os programas e orientações curriculares; qualidade científica e didático-pedagógica; respeito por alguns valores (não fazer referências a marcas comerciais de serviços e produtos; não fazer ou induzir discriminações; não constituir veículo de propaganda ideológica, política ou religiosa); possibilitar a reutilização e estar adequado ao período de vigência previsto; e apresentar robustez e peso de acordo com parâmetros estabelecidos. Apesar de se ter mantido ao longo de várias legislaturas, o processo de certificação tem sofrido modificações, com frequentes adiamentos e alterações à sua regulamentação. A partir de um estudo de natureza exploratória, baseado numa análise documental, pretende se avaliar o impacto do processo de certificação nos manuais escolares, em Portugal, tendo como ponto de partida a atividade desenvolvida por uma entidade acreditada para proceder à avaliação no âmbito da disciplina de Português do Ensino Básico (1.º, 2.º e 3.º ciclos).

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Os resultados preliminares deste estudo exploratório evidenciam a estabilidade do quadro legal e dos critérios de avaliação dos manuais escolares, por oposição à instabilidade das orientações programáticas da disciplina de Português do Ensino Básico. Por outro lado, a implementação do processo de certificação acompanhou uma diminuição do número de manuais escolares disponibilizados para adoção. Conclui-se, assim, pela pertinência do alargamento deste estudo à totalidade das disciplinas envolvidas no processo de certificação de manuais escolares no início do século XXI, de modo a contribuir para a construção de conhecimento que permita fundamentar a revisão do quadro legal e dos procedimentos relativos à certificação de manuais escolares em Portugal.

Palavras-chave: Avaliação e certificação; Recursos didático-pedagógicos; Português; Manuais escolares; Política educativa.

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26.4. O pecado original do currículo

Jesus Maria Sousa Carlos Nogueira Fino Jesus [email protected] Madeira)http://www3.uma.pt/jesussousa/✔ Carlos [email protected] Madeira)

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Resumo Pretendemos, com esta comunicação, refletir sobre o pecado original do currículo, situando o seu nascimento no despontar da modernidade (Doll, 2002; Hamilton, 2003), num movimento de ruptura com a escolástica medieval, ao focar a sua atenção na organização do conhecimento para facilitar o acesso ao mesmo, através da instrução. O mapeamento lógico do conhecimento, ou seja, o currículo, num contexto humanista da Renascença e da Reforma (Hamilton, 1992), não ousava ainda questionar esse mesmo conhecimento. Pretendia apenas organizá-lo, para o tornar acessível e compreensível aos estudantes, na senda, aliás, do que a invenção da imprensa provocara em termos de difusão de um conhecimento anteriormente só ao alcance de uma minoria religiosa erudita. Pressupunha-se assim que um conhecimento organizado conduziria necessariamente a um ensino organizado.

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Mas essa organização do conhecimento, mesmo buscando ultrapassar as regras da lógica aristotélica (que visava a validação racional das crenças religiosas), implicou necessariamente a determinação do que era conhecimento puro e socialmente válido, relativamente ao conhecimento impuro e herético, que era preciso expurgar da transmissão. E é aqui que radica o pecado original do currículo: a seleção do conhecimento que importa passar às novas gerações. Seguindo este raciocínio, é nosso propósito demonstrar que, apesar de o currículo da contemporaneidade estar atento às questões profundas que subjazem a uma seleção do conhecimento (Quem o faz? Como o faz?), por via das teorias críticas e pós-críticas, não conseguiu ainda libertar-se da fixação nas grades curriculares e correspondente delimitação das áreas do conhecimento no espartilho de tempos e espaços, por, entretanto, se terem transformado em senso comum. Referências Doll Jr., W. (2002). Ghosts and the curriculum. In W. Doll Jr. & Noel Gough (Eds.). Curriculum Visions (pp. 23-70). New York: Peter Lang Hamilton, D. (1992). Sobre as origens dos termos classe e currículo. Teoria e Educação, 6, pp. 33- 52. Hamilton, D. (2003). Instruction in the making: Peter Ramus and the beginnings of modern schooling. American Educational Research Association, Chicago, April, 2003. Disponível em http://www.leeds.ac.uk/educol/documents/152133.htm. Acesso em 25 de maio de 2014.

Palavras-chave: Currículo; Conhecimento; Instrução.

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26.5. Ações interdisciplinares com o uso de webquest na educação superior Jaqueline Stumm Faculdade de Tecnologia Senac Florianópolis

Resumo Ao longo deste artigo apresentamos a experimentação realizada com os alunos do primeiro semestre do Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação da Faculdade de Tecnologia Senac Florianópolis para quem foi proposta uma atividade que objetivava a interrelação entre os conteúdos das disciplinas de Fundamentos de Sistemas de Banco de Dados e de Lógica de Programação. Para a consecução desta experimentação os docentes da disciplinas realizaram reuniões de planejamento onde elaboraram aulas em conjunto, permitindo o alinhamento da atividade proposta, e desenvolveram atividades para verificação da aprendizagem. Estas atividades, organizadas em webquest, foram apresentadas aos alunos nas aulas lecionadas conjuntamente. A escolha do uso de webquest ocorreu pela ferramenta poporcionar uma disposição clara das informações por meio de seu roteiro e permitir o uso de hiperlinks que direcionam a outros materiais de apoio. O uso deste recursos e sua disponibilização em ambiente virtual, aliada as aulas que foram dadas sobre o assunto, permitiu que os alunos pudessem executar a tarefa sem recorrer aos professores. Como resultado, percebe-se que estas ações interdisciplinares conduziram os alunos a um envolvimento durante as aulas ministradas em conjunto e na realização da atividade, ressaltando como principais pontos o estímulo na participação das aulas, a aprendizagem facilitada e a percepção da relação entre os conteúdos das disciplinas. Palavras-chave: Webquest na docência; Práticas interdisciplinares; Educação superior.

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26.6. O currículo no contexto da educação inclusiva

Cristina Santos Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Roselane Ferraz Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Resumo Neste artigo buscaremos descrever e analisar os aspectos relevantes do processo de inclusão, bem como a estruturação do currículo escolar para alunos com deficiência, inseridos em escolas públicas no Estado da BahiaBrasil. Assim, disporemos de uma pesquisa de caráter qualitativo, com método etnográfico, tendo como instrumentos de coleta de dados entrevistas e observações no ambiente escolar. Para fundamentar nossas discussões utilizaremos os estudos de Edlér Carvalho (2000;1998), Minetto (2008), Locatelli (2009) dentre outros, pesquisadores que se debruçam na compreensão do tema no cenário brasileiro. Percebemos por meio de nossa investigação que o processo educacional ultrapassa as fronteiras da educação cotidiana, contribuindo na formação social do sujeito. Sendo assim, evidenciamos o papel do currículo na adequação escolar para a inclusão da pessoa com deficiência. O resultado dessa pesquisa aponta para duas frentes de investimento: necessidade de capacitação profissional e mudanças no sistema curricular das instituições de ensino.

Palavras-chave: Inclusão; Currículo; Desafios educacionais.

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27. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL

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27.1. PIBID: Percepção das importantes contribuições para formação de docentes por alunos do curso de Física

Ricardo Rocha PUC-Minas

Thayse Meneze PUC-Minas

Juliana Muller PUC-Minas

Lívia Bragança PUC-Minas

William Simão Escola Estadual Professor Francisco Brant

Fernando Werkhaizer PUC-Minas

Resumo O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) é uma iniciativa brasileira que objetiva o aperfeiçoamento da formação de professores que atuaram na educação básica e secundária bem como a melhoria de qualidade da educação pública do país. Neste programa, alunos de curso superior que habilitam o titular a ser professor do ensino básico e secundário são inseridos no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didáticopedagógicas sob orientação de um docente do seu curso e de um professor da escola onde o projeto será aplicado. Neste trabalho nós descrevemos os impactos das atividades desenvolvidas pelos alunos do curso de Física da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MINAS) durante os período de Agosto de 2012 a Julho de 2013 na Escola Estadual Professor Francisco Brant (Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil). As atividades desenvolvidas incluíam planejamento e aplicação de aulas práticas de física

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e utilização do laboratório de informática, acompanhamento e reforço de matemática extraclasse, desenvolvimento de jogos relacionados com o conteúdo da disciplina de matemática e animações em vídeo sobre os conceitos de Física. Além disso, foi desenvolvido projetos interdisciplinares como construção e manutenção de um jornal e criação de uma horta pelos alunos da escola. Para os alunos da escola, houve uma melhora no desempenho e interesse dos alunos pelo aprendizado que ultrapassou os limites das disciplinas de Física e Matemática, inclusive resultando na realização uma feira de ciências onde os próprios alunos desenvolveram experimentos baseados no conteúdo adquirido ao longo do projeto. Para os alunos do ensino superior, a experiência permitiu aplicação do conhecimento teórico previamente adquirido, elevando-se a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura e promovendo a integração entre educação superior e educação básica e secundária apresentando ao futuro docente os desafios dentro do ambiente de trabalho onde ele desenvolverá suas atividades. Proporcionou também oportunidade de participação em experiências metodológicas e de práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar nos estágios iniciais de sua formação resultando em estímulo para a busca da superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Educação; Física; Formação de Docentes; Escola Pública; Estágio.

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27.2. A Formação Didática dos Professores do ensino Profissionalizante por meio dos Círculos de Estudos: Reflexão Teoria e Prática

Marcelo Soldão Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC

Resumo O presente trabalho relata a formação didático pedagógica de professores do ensino profissionalizante por meio dos círculos de estudos, considerando suas características específicas. Pacheco (2008) define círculos de estudos como grupo reduzido de pessoas que se reúnem para estudar, sem a intervenção de um professor, uma matéria de forma organizada. Sabe-se que a formação do professor abrange duas dimensões fundamentais para sua atuação: a formação teórico-científica, incluindo a formação acadêmica específica e a formação pedagógica, que no ensino profissionalizante configuram-se de maneira diferente, pois em sua maioria não possuem a formação pedagógica e alguns, obtiveram apenas formação técnica. O grande diferencial destes professores é a experiência prática que possuem na área do conhecimento em que atuam. Grande parte dos docentes do ensino profissionalizante - graduados ou técnicos - não se formou para atuar como professores, por isso, a necessidade de desenvolver a formação didática destes profissionais. O domínio das bases teórico-científicas e sua articulação com as exigências concretas do ensino, permitem maior segurança profissional, de modo que o docente possa adquirir conhecimentos didáticos para pensar sua prática e aprimore a qualidade do seu trabalho. Em agosto de 2012, os professores do Senac Bauru participaram de uma palestra no Sesc Bauru com o professor português José Pacheco, que citou o círculo de estudos como um processo de formação docente. Então, a

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partir do interesse dos participantes e das percepções citadas é que o processo de formação contínua destes professores se iniciou. Assim, a instituição procurou conhecer este trabalho e propôs aos professores em uma reunião pedagógica. Primeiramente levantou-se os temas que gostariam de estudar, em seguida, os grupos foram formados de acordo com os interesses. Após formação dos grupos eles registraram aquilo que já sabiam sobre o tema e em seguida os questionamentos que norteariam as pesquisas. Como resultado do trabalho desenvolvido, observou-se que em sete meses a apropriação do conhecimento didático estava além das falas, fazia parte da prática e transformava a forma com que os professores trabalhavam na sala de aula. Os alunos já levantavam seus questionamentos e pesquisavam as respostas com a mediação do professor, minimizando a transferibilidade de saberes e intensificando uma metodologia mais participativa e autônoma. Assim, após este período, os professores apresentaram aos demais colegas os resultados, proporcionando uma interligação entre os temas, bem como a troca de conhecimentos, a aprendizagem constante, permanente e colaborativa.

Palavras-chave: Ensino profissionalizante; Didática; Formação de professores.

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27.3. O Perfil Profissional do professor de Línguas em Cursos de Educação e Formação. Um estudo de caso

Ana Cristina Cannas CED PIna Manique

Resumo O presente estudo pretende analisar o modo como os professores de línguas dos Cursos de Educação e Formação (CEF) definem o seu perfil profissional, como conduzem e desenvolvem o processo pedagógico e como procedem à avaliação desse processo. Para concretizar estes objetivos, o estudo incidiu sobre o grupo de professores de línguas dos CEF de uma instituição particular vocacionada para o ensino profissionalizante e que se caracteriza por possuir uma população multicultural, com problemas socioeconómicos e em risco de exclusão social. Situando-nos num quadro de um paradigma construtivista, recorremos a uma metodologia de cariz qualitativo pondo a tónica na revalorização da “pessoa” como sujeito de conhecimento capaz de refletir, de racionalizar, de comunicar e de interagir. Para o efeito, realizámos entrevistas semiestruturadas a todos os professores de línguas dos CEF da instituição, tendo posteriormente procedido à sua análise de conteúdo. Para além disso, recorremos ainda à análise de documentos da instituição. Da análise e interpretação dos dados, concluímos que, na realidade, existe a necessidade destes professores possuírem um perfil diferenciado, composto por uma forte componente pedagógica adequada a estes contextos específicos, aliada a uma série de características pessoais positivas, como a flexibilidade, a tolerância, a capacidade de comunicação e um relacionamento interpessoal de elevado nível.

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Os dados também revelam que existe a necessidade de adequar as práticas pedagógico-didáticas a este tipo de contextos, especialmente nas línguas estrangeiras, quer pelas características dos educandos, quer pelas especificidades das próprias línguas. Palavras-chave: Perfil Profissional; Professor; Ensino Profissional.

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27.4. Motivação e expetativas da pertença a uma Comunidade de Aprendizagem Profissional. A opinião dos professores

Lúcia Gonçalves Salesianos de Poiares-colégio

Helena Silva UTAD

José Lopes UTAD

Resumo A mudança na conceção de escola, essencialmente no que concerne às suas dimensões aprendente e colaborativa, implica um novo conceito de desenvolvimento profissional (Alarcão,2009; Estevão,2004). As modernas conceções de desenvolvimento profissional defendem a necessidade deste ser colaborativo e entre pares (Alarcão & Tavares, 2003; Marcelo, 2009), no seio Comunidades de Aprendizagem Profissional ( CAP) (DuFour & Mattos, 2013; Stoll et al., 2006; Timperley, 2010). Estas, na aceção de Wenger (2001, 2006) são entendidas como Comunidades de Prática que possibilitam o desenvolvimento profissional, através de interação sistemática, baseada na partilha da mesma paixão ou preocupação, relativamente a algo que os profissionais fazem e aprendem a fazer melhor. Nas CAP, pretende-se que os professores, através da partilha reflexiva, da liderança partilhada e numa busca permanente para analisar e solucionar problemas educativos, atuem de forma mais dinâmica, criativa, reflexiva e investigativa, com o objetivo de potenciarem o sucesso dos alunos e melhorarem a sua satisfação profissional (Day, 2001; Forte, 2005; Fullan & Hargreaves, 2001; Oliveira, 2010). Tomando em consideração as orientações internacionais (NCLE, 2013; OCDE, 2012) e a legislação portuguesa (nomeadamente, o Estatuto da

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Carreira Docente) sobre o desenvolvimento profissional, realizou-se um estudo que teve como objetivo principal investigar o contributo das CAP no desenvolvimento e satisfação profissionais dos professores. Foram estudadas duas CAP, tendo os dados sido obtidos através de entrevistas, observação de reuniões e análise documental e tratados com recurso à análise de conteúdo. Apresentamos alguns resultados das entrevistas de forma: - Compreender os motivos e/ou expectativas que conduzem os professores a integrar uma CAP; - Conhecer as vantagens que os professores atribuem ao trabalho na CAP. Os resultados permitem concluir que a aprendizagem entre pares e a melhoria da prática pedagógica são aspetos que levam os professores a integrar uma CAP e que as suas expectativas iniciais se concretizam. Encontram na CAP um espaço de crescimento profissional, sendo a partilha reflexiva de experiências e conhecimento uma das vantagens encontradas, que para isso mais contribui.

Palavras-chave: Desenvolvimento Profissional; Aprendizagem Profissional.

Colaboração;

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Comunidades

de

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27.5. A Discussão nas aulas de Ciências naturais. Perceções dos alunos sobre a sua importância na Aprendizagem

Cristiana Valente UTAD

Helena Santos Silva UTAD

Resumo A discussão como estratégia de aprendizagem permite a participação ativa dos alunos na sua aprendizagem (Green, 2012).Solomon (1991) considera que a discussão requer a real e genuína participação dos alunos, a qual envolve a partilha de experiências e dúvidas sobre os conteúdos a abordar, apoiada num ambiente de confiança. A discussão deve ocorrer em grupos cooperativos, de modo a que todos os alunos tenham as mesmas oportunidades de interagir na troca de informações (Lopes e Silva, 2009). O estudo decorreu no estágio pedagógico do curso de Mestrado em Ensino de Biologia e de Geologia no 3º CEB e Ensino Secundário, tendo sido valorizada como estratégia de aprendizagem a discussão em grande grupo e em grupos cooperativos. Pretendeu-se: investigar a evolução das perceções dos alunos sobre a influência da utilização da discussão na sua aprendizagem e analisar a influência da utilização da discussão no rendimento escolar. Esta intervenção envolveu a lecionação das unidades de ensino dos Sistemas Digestivo e Cardiovascular, durante 20tempos letivos. A amostra foi constituída por 47 alunos de duas turmas do 9ºano de escolaridade. Como instrumentos de recolha de dados foram utilizados dois questionários constituídos por questões abertas e fechadas e minitestes. O questionário A foi aplicado em pré e pós-intervenção e o Questionário B foi aplicado 4vezes durante a intervenção. Foram ainda aplicados 3testes.

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Nesta comunicação pretende-se apresentar os resultados obtidos com a aplicação dos dois questionários mencionados. A análise dos dados obtidos a partir da análise de conteúdo das questões abertas dos questionários e do cálculo de frequências e percentagens, no que respeita às questões fechadas, permitiu verificar um aumento do número de alunos que refere ter participado nas discussões por iniciativa própria, que gostou de participar nas discussões na turma e em grupo cooperativo e que sentiu à vontade e segurança para participar. Aumentou também o número de alunos que diz aprender melhor quando participa ativamente na aprendizagem, porque a discussão ajuda a compreender melhor a matéria pelo contato com diferentes perspetivas. A valorização da discussão como estratégia de aprendizagem mostrou-se, na perspetiva dos alunos, importante na melhoria dos seus resultados escolares, no aumento da segurança e do à vontade para participar na sala de aula.

Palavras-chave: Discussão; Aprendizagem cooperativa; Participação.

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27.6. Conceção de criança e desenvolvimento da profissionalidade docente: Dados preliminares de um estudo exploratório

Sara B. Araújo Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

Fernando Diogo Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

Resumo O presente estudo inscreve-se num projeto de investigação mais abrangente que tem como objetivo geral descrever e compreender a evolução da conceção de criança dos estudantes do Mestrado em Educação Pré-Escolar da Escola Superior de Educação do Porto. Mais especificamente, visa-se apresentar dados preliminares relativos à conceção de criança destes estudantes no início da formação neste Mestrado. O estudo parte da premissa de que a explicitação de valores e crenças é central aos processos formativos e de que, nessa medida, é necessário interrogar a conceção de infância, tendo em conta de que ela se projeta inevitavelmente nas práticas educativas. O estudo parte, ainda, de uma determinada conceção de criança. De facto, nas últimas décadas, teóricos e investigadores de vários quadrantes científicos têm contribuído para a reconstrução da imagem de criança, resgatando-a de um locus paternalista e inferiorizador em que permaneceu durante séculos e concebendo-a enquanto participante de pleno direito. Trata-se de um estudo exploratório em que participaram estudantes que frequentaram o referido mestrado nos anos letivos de 2011/12, 2012/13 e 2013/14. As conceções de criança destes estudantes foram recolhidas no início de cada ano letivo, num total de 62 relatos escritos, e sujeitas posteriormente a análise de conteúdo. As análises realizadas apontam para sete conceções de criança, mais representadas no discurso escrito dos

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estudantes: a) a criança inocente; b) a criança passiva; c) a criança como sujeito em devir; d) a criança ativa; e) a criança como sujeito de direitos; f) a criança criativa; g) a criança curiosa. Reconhecendo o alcance que esta conceção poderá ter nos processos educativos, nomeadamente no modo como a participação da criança é respeitada e efetivada nos quotidianos educativos, os autores apresentarão algumas reflexões finais, considerando de forma próxima o modo como a compreensão destas conceções poderá subsidiar melhorias ao nível do desenvolvimento da profissionalidade docente. Palavras-chave: Conceção de criança; profissionalidade docente; Educação de Infância.

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28. POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO E ACCOUNTABILITY

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28.1. Avaliação da e na Reforma Educativa em Angola: Elementos para a análise de uma política Francisco Caloia Alfredo Instituto de Educação da Universidade do Minho

Resumo O Ministério da Educação de Angola, no relatório publicado em maio de 2014, faz a avaliação global da segunda Reforma Educativa introduzida com a aprovação da Lei de Bases do Sistema de Educação, Lei n.º 13/01, de 31 de dezembro, com experimentação a partir de 2004. A Reforma Educativa, cujo enfoque é a promoção da qualidade do Sistema Educativo, baliza fundamentalmente quatro objetivos: expansão da rede escolar, melhoria da qualidade de ensino, reforço da eficácia do sistema educativo e equidade do sistema de educação. Além de examinar a avaliação da e na reforma educativa como fundamentos de política educativa, em documentos vários e no último relatório de avaliação global da reforma, este texto identifica e questiona as medidas corretivas inicialmente propostas e que transitaram para 2014, assim como procura compreender as razões da sua transição. Apresenta ainda dados empíricos de questionários aplicados a uma amostra constituída por professores de diferentes escolas do Ensino Primário e do 1.º ciclo do Ensino Secundário na cidade do Lubango, participantes de uma formação que procurou captar concepções relativas à operacionalização micro, meso e macro da dimensão da Reforma Educativa em Angola. Independentemente das propostas de mudanças e inovações assinaláveis, subsistem fatores importantes que devem ser tidos em conta para que seja possível uma implementação efetiva e uma prática congruente com as mesmas. Palavras-chave: Reforma educativa; Angola; Avaliação.

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28.2. Processos de mudança associados às práticas de avaliação nos cursos de educação e formação de adultos

Helena Rocha Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa

Resumo Os cursos de educação e formação de adultos (EFA) visam a qualificação de adultos para uma adequada integração no mercado de trabalho, reconhecendo ao formando um papel importante em todas as etapas do processo de formação. Relativamente à avaliação no âmbito da formação em Matemática para a Vida, os documentos oficiais destacam as diferentes funções que esta deve assumir, com ênfase na função informativa e reguladora. Apontam também uma diversidade de instrumentos onde merecem destaque os relatórios, trabalhos diversos e respectivas apresentações e discussões orais. Estes são contudo elementos que traçam um perfil de avaliação que se afasta do que tradicionalmente é implementado nas escolas e que consequentemente exige mudança de práticas aos professores que agora se tornam formadores. A mudança é sempre um processo complexo, englobando diversas fases, que requer uma alteração de crenças e concepções e que frequentemente faz despoletar processos de resistência. Neste estudo pretende-se caracterizar a forma como o formador implementa a avaliação num curso EFA, ponderando as continuidades e descontinuidades que este identifica relativamente a práticas anteriores e os factores que parecem ser influentes sobre estas. Em termos metodológicos este estudo adopta uma metodologia de natureza qualitativa e interpretativa, envolvendo a realização dum estudo de caso sobre um formador. A recolha de dados foi concretizada através da observação de oito aulas ao longo de um ano lectivo e da realização de uma

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entrevista inicial ao formador e de mais uma entrevista após cada aula observada. Foram ainda realizadas entrevistas a dois formandos, com a intenção de conhecer a interpretação que estes faziam da prática do formador. Tanto as aulas como as entrevistas foram áudio-gravadas. A análise de dados teve por base a ponderação dos elementos recolhidos à luz do problema em estudo. As conclusões obtidas sugerem a existência de um processo de mudança em curso, onde a prática de avaliação do formador se começa a aproximar da preconizada pelos documentos orientadores. Este é contudo um processo complexo e para o qual parece ser determinante a reflexão do formador sobre os alunos e algumas opções ao nível local da escola, que divergindo das emanadas superiormente acabam por originar na prática do formador um efeito de convergência para as práticas de avaliação preconizadas no nível superior. Palavras-chave: Avaliação; Cursos de Educação e Formação de Adultos; Processos de mudança.

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28.3. Avaliação e Accountability: a avaliação de professores como estratégia de controlo de um profissionalismo recentralizado

Henrique Ramalho Escola Superior de Educação de Viseu

Resumo Com este ensaio, pretende-se proceder a uma análise ao atual cenário ideológica e politicamente construído para controlar o trabalho docente, não nos sendo estranho um complexo processo de ressignificação dos conceitos de avaliação, desempenho docente, referencialização/referencial, escola e professores. São termos que têm constituído o fundamental do expediente que os atuais modelos de profissionalização têm utilizado para administrar e gerir o profissionalismo docente. Embora decorrente de um exercício de reconcetualização mais amplo do processo de referencialização da avaliação do desempenho docente, já por nós antes realizado, limitaremos as nossas incursões à perspetivação de um processo e método de delimitação de um quadro de referências e respetivos referenciais constituído pela análise de apenas dois referenciais, resultando, todavia, num aparelho construído ou numa constelação de referenciais e respetivas condicionantes concetual e teoricamente estabelecidas, designadamente: i) o referencial racional burocrático implicando a narrativa da normalização; ii) o referencial técnico gestionário portador de uma narrativa própria do management. Não obstante estar sustentado num amplo processo de investigação que resultou numa tese de doutoramento, demarcamos este nosso ensaio por uma metodologia de revisão assente numa avaliação crítica, sem que o limitemos a uma mera determinação do estado da arte, assumindo-o mais como uma revisão teórica de reinterpretação crítica, onde cumprimos com o propósito de inserir o tema revisado dentro de um quadro de referência teórica polimórfica. Ao decorrer de um texto compreensivo mais amplo que configurou a organização de um quadro teórico concetual para o estudo da

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referencialização da avaliação do desempenho docente, sustentamo-lo pelos critérios do propósito, da abrangência, da função e da abordagem. Concluímos aferindo a uma tendência para os referenciais burocrático e técnico gestionário, através das suas narrativas da normalização e do management, respetivamente, afirmarem-se como tecnologias de regulação periférica da ação dos docentes, a par de um reforço do efeito regulamentador mais tradicional exercido a partir do centro.

Palavras-chave: Avaliação; Accountability; Referencial; Profissionalismo.

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28.4. O lugar da “accountability” nas políticas de avaliação de escolas: entre a melhoria e a prestação de contas – uma análise focada nas políticas

Carla Figueiredo Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Carlinda Leite Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Preciosa Fernandes Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo A educação escolar tem vindo a ser alvo de constantes exigências e pressões no sentido de alcançar padrões de qualidade que se enquadrem nos critérios internacionalmente definidos. Estas exigências têm na sua origem as crescentes necessidades sociais, económicas e laborais, do mundo do trabalho inerentes à característica de mutabilidade e evolução das sociedades modernas. Com efeito, à escola tem vindo a ser atribuída a função de promover o desenvolvimento pessoal, educativo, profissional e cívico dos cidadãos (European Union Council, 2009). No âmbito desta função, a procura de maior qualidade tem justificado a implementação de medidas justificadas na intenção de assegurar um serviço educativo que cumpra os requisitos de eficiência e de eficácia (Figueroa, 2008; Grek, et al, 2009; Hadji, 1994; Dupriez & Maroy, 2003; Wrigley, 2003; West, Mattei & Roberts, 2011; Ehren & Swanborn, 2012), e preste informação transparente aos stakeholders. É exemplo desta situação a avaliação de escolas, cujos objetivos parecem assentar, quer na verificação e controlo do trabalho desenvolvido e dos resultados alcançados pelas escolas, quer na sua corresponsabilização pela promoção de processos de melhoria. É neste sentido que se enquadra o conceito de “accountability” (Afonso, 2009), frequentemente associado à avaliação. À accountability podem

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corresponder duas dimensões: a prestação de contas e a melhoria pois, por um lado, permite a verificação do trabalho realizado pelas escolas, e, por outro, através da sua corresponsabilização pode constituir a base de ações de melhoria. Tendo esta ideia por base, o presente estudo , visa identificar a presença do conceito de “accountability” no discurso político para a avaliação de escolas e caraterizar os sentidos que nele assume. Para tal procedeu-se à análise de documentos legais, bem como de relatórios oficiais e estudos europeus, sobre a avaliação de escolas. Estes documentos constituíram referentes tidos em conta na análise comparativa com os normativos reguladores da avaliação de escolas em Portugal e Inglaterra. Da análise dos vários documentos concluiu-se, entre outros aspetos, que: 1) as orientações e estudos europeus apontam a necessidade e encorajam os Estados-Membro a desenvolver processos de avaliação de escolas para cumprir os propósitos de accountability, privilegiando, contudo, a dimensão de melhoria; 2) à semelhança das orientações europeias, também os documentos legais portugueses apresentam evidências no sentido da accountability que enfatizam a melhoria; 3) a accountability está também presente nos normativos ingleses, sendo que estes, por comparação com os europeus e portugueses, sublinham com maior enfâse a prestação de contas.

Palavras-chave: Accountability; Políticas; Avaliação de escolas; Melhoria; Prestação de contas.

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28.5. A Autoavaliação nas políticas de Accountability e da Melhoria Educacional

Marta Sampaio Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo Em Portugal, desde 2006, as escolas públicas são sujeitas a um processo de avaliação externa (AEE) que se articula com processos de autoavaliação (AA). Esta AEE segue um quadro de referência que se estrutura em torno de três domínios - (1) resultados, (2) prestação do serviço educativo e (3) liderança e gestão -, sendo o resultado dessa avaliação comunicado às escolas através de um relatório. Sendo a AEE justificada com o objetivo de ‘promover o progresso das aprendizagens e dos resultados dos alunos’, importa conhecer o modo como este objetivo está a ser concretizado e se está a incentivar processos de justiça social e curricular (Connell, 1993; Santomé, 2013). Ao mesmo tempo, interessa analisar influências da AEE na AA e relações com medidas de accountability (Afonso, 2009), reconhecendo que estas, para além da prestação de contas, promovem uma coresponsabilização pela melhoria educacional. É no quadro desta problemática que este estudo tem como objeto os processos de AA desenvolvidos por escolas dos ensinos básico e secundário pertencentes à rede TEIP (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária) e como objetivo produzir conhecimento sobre efeitos por eles gerados na promoção da justiça curricular e da melhoria educacional. Os TEIP, criados na década de 90, pretenderam envolver escolas em projetos de intervenção relacionados com a desigualdade social, o abandono e o insucesso escolares (Leite, Fernandes & Silva, 2013). Neste século, os TEIP foram retomados, sendo eles próprios sujeitos a processos de AEE que convivem com processos de AA.

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Constituindo os TEIP o objeto do estudo que aqui se apresenta, os dados dizem respeito à análise de todos os relatórios de AEE destas escolas (31) avaliadas no ano 2012/2013. Seguindo uma orientação qualitativa (Bogdan & Biklen, 2003), foi feita uma análise de conteúdo (Bardin, 2007; Krippendorf 2003) dos discursos expressos nessa avaliação utilizando o software NVivo (v.10). Para executar esta análise, foram criadas categorias (autoavaliação e monitorização interna do currículo; práticas pedagógicas/práticas de ensino; inovações curriculares), posteriormente subdividas em subcategorias emergentes da análise realizada. O estudo permite inferir que a AA é cada vez mais valorizada no processo de AEE e, de certa forma, as escolas são incitadas a desenvolver mecanismos e instrumentos que lhes possibilitem aperfeiçoar este processo. É possível ainda concluir que a gestão curricular praticada pelas escolas e as ações para o enriquecimento do currículo parecem estar diretamente relacionadas com a possibilidade de promoção de novas aprendizagens, ainda que em algumas escolas esta situação não tenha culminado numa prática institucionalizada.

Palavras-chave: Autoavaliaçao; Accountability; Justiça Curricular.

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28.6. Resultados escolares e ranking de escolas: uma análise dos rituais de distinção das escolas públicas em Portugal

António Neto-Mendes Universidade de Aveiro

Andreia Gouveia Universidade de Aveiro

Resumo Neste artigo pretendemos realizar um mapeamento dos rituais de distinção das escolas públicas portuguesas, dando especial ênfase àquelas que privilegiam um tipo de distinção focada exclusivamente nos resultados escolares dos seus alunos, cruzando esta informação com a posição destas escolas no ranking. Para alcançarmos este objetivo iremos utilizar os dados recolhidos a nível nacional pela equipa do projeto Mais e Melhor Escola: A excelência académica na escola pública portuguesa (PTDC/IVCPEC/4942/2012). Este projeto tem por objetivo analisar o processo de construção da excelência na escola pública, apoiando-se, numa primeira fase, num estudo extensivo dos rituais de distinção adotados pelas organizações escolares e, numa segunda fase, na realização de quatro estudos de caso em escolas/agrupamentos que contem com algum instrumento de consagração do mérito. Apresentaremos, nesta comunicação, os resultados parciais da primeira fase desta pesquisa que teve, como principal técnica de recolha de dados, a consulta das páginas de internet das escolas/agrupamentos com ensino secundário, dos seus documentos orientadores (Projetos Educativos, Regulamentos Internos, Projetos de Intervenção dos Diretores) e de uma lista de rankings de 2012 e 2013 que, posteriormente, foram alvo de uma análise de conteúdo. As conclusões preliminares da consulta aos documentos estruturantes das escolas públicas com ensino secundário indicam-nos que a grande maioria das 490 escolas analisadas apresentam algum tipo de mecanismos de

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distinção ou de reconhecimento público do mérito. Analisando pormenorizadamente os dados já obtidos verifica-se que cerca de dois terços destas escolas contemplam nos seus documentos estruturantes mecanismos de distinção de “tipo misto”, focados numa distinção de desempenhos académicos, valores e comportamentos e que são estes os estabelecimentos de ensino que ocupam os lugares cimeiros nas listas de rankings. Contudo, uma análise mais aprofundada revela-nos que uma grande parte destas escolas apenas publicita uma distinção “focada nos resultados”, ancorada exclusivamente no desempenho académico de excelência. No entanto, ao analisarmos as escolas que exclusivamente distinguem os seus alunos com base nos resultados escolares verificamos que estas se encontram localizadas abaixo do meio da tabela, nomeadamente a partir do 400º lugar do ranking. Embora ainda numa fase exploratória dos primeiros resultados desta investigação, é possível constatar a importância atribuída pelas escolas aos rituais de distinção, o que, associado à prática regular de publicitação anual dos rankings há mais de uma década, permite sublinhar a centralidade dos resultados escolares, quer ao nível macro da decisão quer ao nível meso dos estabelecimentos de ensino.

Palavras-chave: Ranking de escolas; Resultados Escolares; Rituais de Distinção.

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29. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

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29.1. Etinicidade e Ações Afirmativas no Ensino Superior Brasileiro

Maria Alice Rezende-Gonçalves Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Resumo Esta comunicação tem como objetivo destacar a emergência do fenômeno de uma nova etinicidade a partir da adoção das ações afirmativas nas instituições de ensino superior brasileiras. Nos anos 2000, uma série de experimentos adotaram: cotas, bônus ou reserva de vagas, a fim de possibilitar o acesso de negros ao ensino superior brasileiro. Podemos afirmar que essas políticas são responsáveis pela introdução de um novo modelo de acesso ao ensino superior e promovem a emergência de uma nova etnicidade negra. Esses experimentos de inclusão vêm se desenhando como híbridos por combinarem vários fatores, tais como: cor/raça, renda, região e origem escolar. Diversos, graças à autonomia universitária, têm contribuindo para o aumento do alunado negro nas instituições de ensino superior. Próximo em alguns pontos e distante em outros dos modelos clássicos: o americano sensível à raça, e o francês daltônico e universalista (color blindness). O modelo brasileiro firma-se com suas especificidades adaptado a nossa nação e à composição de nosso povo.

Palavras-chave: Etnicidade; Ações Afirmativas; Ensino Superior Brasileiro.

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29.2. Impactos da política de Cost-Sharing na acessibilidade e equidade no ensino Superior Português

Luísa Cerdeira Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Maria De Lourdes Machado-Taylor Centro de Investigação Políticas Ensino Superior

Belmiro Cabrito Instituto de Educação - Universidade de Lisboa

Tomás Patrocínio Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Resumo A adesão de Portugal às políticas de partilha de custos (cost-sharing, Johnstone, 1986) tendo sido iniciada por governos conservadores, adeptos da participação dos estudantes nos custos do ensino superior, desde os anos de 1980, terá sido consequência da enorme pressão das finanças públicas, decorrente da expansão do sistema e, depois, pelas limitações impostas pela adesão ao Euro e consequente necessidade de respeitar o Quadro de Estabilização Orçamental da União Europeia, muito agravadas com a intervenção da troika, desde 2011. Neste artigo problematiza-se a influência da política de cost-sharing nas instituições de ensino superior e o seu impacto na acessibilidade e capacidade financeira dos estudantes. O trabalho baseia-se no estudo realizado em Portugal inserido num projeto europeu que envolveu 9 países. A equipa de investigadores aplicou a metodologia usada no estudo europeu, recolhendo dados desde 1991: taxas de transição do secundário para o superior; diplomados do ensino secundário; inscritos por tipo, nível e sector de instituição; candidatos ao ensino superior; inscrito 1.º ano e 1.ª vez; valor da propina fixada; apoios

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sociais (n.º de bolseiros, valor pago em bolsas de estudo, empréstimos; taxa de emprego dos diplomados; recursos do orçamento de estado e receitas próprias). Esta informação quantitativa foi complementada com entrevistas a 14 interlocutores privilegiados do sistema de ensino superior português (membros do governo: 2; reitores, presidentes, vice-reitores: 5; presidentes de associações de estudantes: 3; representantes do sector empresarial: 3). O artigo apresenta os resultados preliminares deste estudo e mostra as principais tendências encontradas no que diz respeito aos impactos das políticas de financiamento do Ensino Superior em Portugal, sendo de assinalar um decréscimo muito acentuado do financiamento público recebido do orçamento geral do estado (-27% entre 2002 e 2012), a receita das propinas cresceram 133% e as outras receitas próprias 85%.

Palavras-chave: Financiamento do Ensino Superior; Cost-Sharing; Acessibilidade.

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29.3. O papel da diversificação das fontes de financiamento no Ensino Superior Público Português

Ana Nascimento IE

Resumo Este estudo enquadra-se na área da Economia da Educação, Políticas de Ensino superior e pretende identificar os modelos de financiamento das instituições públicas de ensino superior (IES) português e analisar a estrutura das respectivas fontes de financiamento, baseando-se na teoria da partilha de custos desenvolvida por Johnstone (2004). Pretende também analisar a dicotomia educação bem público – bem privado e a tendência mundial crescente de mercantilização do ensino superior. Acompanhando uma tendência mundial, descrita por autores como Johnstone, Easterman e Pruvot(2011) e no EURYDICE (2011), as questões do financiamento do ensino superior começaram a ser cruciais em Portugal a partir de 1980, tendo o debate emergido a partir dos estudos de Cabrito (2002) e Cerdeira (2009). As políticas de acesso ao ensino superior assumidas, conduziram ao aumento do número de estudantes, provocando uma pressão orçamental sobre o Estado. Perante este aumento, sucessivos governos procuraram introduzir novas formas de financiamento e, simultaneamente, solicitaram, em crescendo, a participação dos estudantes nesse financiamento desde 1992, com a introdução de propinas no ensino superior público (Lei n.º 20 de 92, de 14/8, com alterações e nova legislação posteriores) e que fundamenta a actual a participação directa dos estudantes no financiamento das instituições públicas de ensino superior, ao pagarem uma propina que ascende a cerca de 1000 euros/ano. Até meados da década de 1990, as IES eram financiadas pelo Estado em cerca de 97%, numa situação de quase exclusividade de fundos estatais; actualmente, o financiamento privado corresponde a cerca de 38%, a maior parte oriunda das propinas dos estudantes. Face a esta situação, as IES têm vindo a desenvolver processos

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de captação de receitas ligados ao que se costuma designar de terceiro sector e que Jonhstone (2002, 2004) intitula de Fundraising– mecenato, investigação a pedido empresarial, venda de produtos e aluguer de espaços. Tendo estes factores em conta, a investigação que agora se apresenta partiu da seguinte questão de partida: Qual o papel que a diversificação das fontes de financiamento poderá desempenhar no futuro do ensino superior português? A partir desta pergunta, traçaram-se os seguintes objectivos: a) identificar as políticas de financiamento do ensino superior público português nas últimas décadas; b) Analisar o contributo de cada fonte de financiamento no orçamento total das instituições; c) analisar a distribuição do financiamento pelas actividades de formação e de ensino; d) identificar as condições propostas pelos patrocinadores às instituições e e) analisar como gerem as instituições a sua autonomia num quadro de “abertura” ao financiamento externo. A metodologia utilizada é o estudo de caso múltiplo (Yin, 1994), onde cada IES é um caso. Na pesquisa são utilizadas diversas fontes nomeadamente documentos das IES e entrevistas sendo que estão a ser realizadas entrevistas semi-directivas (Bogdan e Biklen, 1994) a todos os directores, reitores e presidentes das IES da área de Lisboa, num total de 53 entrevistados e ainda a alguns patrocinadores das IES públicas portuguesas (seis). Após análise de conteúdo das entrevistas e análise documental a informação recolhida será objecto de triangulação. Serão apresentados alguns resultados preliminares das entrevistas realizadas.

Palavras-chave: Ensino superior; Financiamento; Partilha de custos; Fundraising.

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29.4. Transformações no Ensino Superior e Reeconstituição das Identidades Académicas: políticas e quotidianos

Carolina Santos Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Amélia Lopes Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo Num contexto marcado por mudanças que chegam ao ensino superior “de fora para dentro”, em que alterações de cunho económico e político impõem às universidades a necessidade de resposta às exigências do mercado, compreendemos que se vive uma transformação do ensino superior e, em sua consequência, que se vivencia uma reestruturação do trabalho docente com efeitos nas identidades. Entre os principais propósitos da investigação realizada, procurou-se compreender a (re)construção da identidade académica por relação com as quatro dimensões da docência universitária: o ensino, a investigação, a transferência do conhecimento e a gestão académica, num cenário de mudanças face às alterações trazidas para a Universidade por políticas que visam alinhar os resultados do ensino superior aos objetivos do desenvolvimento económico, num caminho «pela mão» do mercado (Magalhães, 2011). Como opções metodológicas, o estudo envolveu um grupo de discussão focalizada – GDF – com três professoras e dois professores da área das Ciências da Educação de uma universidade portuguesa sobre o trabalho docente, por entender a universidade como espaço de debate por excelência e por compreender o GDF como possibilidade de reflexão sobre a própria profissão. A investigação também recorreu a entrevistas do tipo biográfico com três professoras e um professor desta mesma faculdade, para

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compreender seus percursos profissionais, visto que admitimos a identidade como processo social, (re)construída constantemente numa dialética entre o sujeito e a sociedade (Dubar, 1997; Lopes, 2001). Os dados foram submetidos à análise de conteúdo e conjugados com o referencial teórico do estudo. Destacam-se, entre os resultados, os impactos das políticas do ensino superior no trabalho docente, indicando uma relação intrínseca entre as transformações do ensino superior e a reestruturação da identidade académica. Podemos apontar a intensificação do trabalho docente como uma das consequências mais sentidas pelos professores. Seus desdobramentos passam pela carga horária exaustiva, pela grande quantidade de atividades e tarefas de caráter administrativo, pelo acúmulo de responsabilidades e de cargos, pela obrigatoriedade do envolvimento em internacionalização e em publicações, por exemplo. Assim, podemos observar, ao discutir os resultados do trabalho, que as exigências do mercado ao ensino superior recaem, em grande parte, na figura do professor universitário. Referências Dubar, Claude (1997). A socialização: Construção de identidades sociais e profissionais. Porto: Porto Editora. Lopes, Amélia (2001). Libertar o desejo, resgata a inovação. A construção de identidades profissionais docentes. Lisboa: Ministério da Educação – Instituto de Inovação Educacional. Magalhães, António (2011). Cenários, dilemas e caminhos da educação superior europeia. Revista Perspectiva. 29(2), 623-647.

Palavras-chave: Identidade académica; Ensino Superior; Intensificação do trabalho docente.

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29.5. Trajetos profissionais e qualificação dos docentes no ensino superior

João Leitão APSIOT

Resumo Tema a que proponho: Políticas de Educação Superior Este trabalho tem como principal objetivo, identificar as estratégias seguidas pelos diversos docentes por forma a concretizarem o doutoramento, baseando-se num inquérito por questionário realizado entre 16 de Abril e 6 de Maio de 2012 a 1001 docentes, das mais diversas instituições portuguesas de ensino superior (politécnicos e universidades). Sendo que alguns dados ainda estão a ser devidamente analisados e tratados, é desde já possível retirar algumas conclusões preliminares, em torno das questões da qualidade no Ensino Superior Politécnico e Universitário decorrentes dos diversos processos doutorais dos docentes. Destas conclusões preliminares, verifica-se que na maior parte dos casos os docentes já têm uma experiência considerável como docentes no ensino superior, tendo-se verificado que o valor médio se cifra nos 15,7 anos de docência, baixando essa média para 13,5 quando se questiona o docente relativamente ao tempo que leciona na instituição de ensino superior onde presentemente trabalha. De uma ou de outra forma fica demonstrado, que a experiência na docência, é já longa, podendo daqui aferir-se, que os processos de formação e qualificação encetados pelos docentes irão produzir sobre os seus alunos efeitos qualitativos de mais-valia e que se reproduzirão ciclicamente, quer na sociedade quer na economia.

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Verificou-se também que o aumento de procura deste terceiro ciclo de qualificação (doutoramento) se iniciou de forma crescente em 2000, atingindo em 2006 o seu auge, com 180 docentes a iniciarem o seu doutoramento, número que de 2006 a 2011 tem vindo a cair drasticamente, manifestando-se nesta amostra aleatória neste último ano em que somente cinco docentes revelaram ter-se inscrito para doutoramento. A manter-se tal inflexão na procura de trajetos de qualificação de excelência, poderá repercutir-se de forma negativa nas instituições de ensino superior que cada vez mais concorrem num espaço global onde a formação e o reconhecimento dos seus docentes, é cada vez mais a base de seleção daqueles que procuram as instituições de ensino superior para receber formação qualificante.

Palavras-chave: Ensino Superior; Doutoramento; Qualificação.

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29.6. As instituições de ensino superior privadas e sua influência na educação brasileira: estudo a partir de uma Escola Superior de Belas Artes

Sandra Helena Escouto de Carvalho Universidade Estadual Paulista

Resumo As instituições de ensino superior privadas e sua influência na educação brasileira: estudo a partir de uma Escola Superior de Belas Artes Apresentamos os resultados da pesquisa de pós-doutoramento desenvolvida junto ao PPGE, da Universidade Federal de Santa Maria, situada no município de Santa Maria, região central do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Realizou-se desde 2012, sendo concluída no início de 2014. Configurou-se como pesquisa crítica, de cunho histórico documental e de história oral. Objetivou resgatar, através dos pressupostos teóricos, a influência da Escola Superior de Artes “Santa Cecília” nas atividades artísticas e educacionais no município de Cachoeira do Sul, pequena cidade de estado do Rio Grande do Sul, Brasil, durante seus 40 anos de existência. Buscou recolher, sistematizar e analisar, à luz da teoria crítica da educação, as contribuições da Escola, para o cenário artístico e educacional da cidade e região, considerando as influências portuguesas, alemãs e italianas na formação destas comunidades. Igualmente, discutiu a importância e problemática das pequenas faculdades surgidas no Brasil, a partir da década de 1970, e suas consequências para a qualificação docente e ascensão social da população que a elas teve acesso, direta ou indiretamente. Exigiu pesquisa de campo, em fontes primárias, tanto em documentos e jornais, como em entrevistas com aqueles e aquelas, a ela vinculados por trabalho ou estudo e demais pessoas frequentadoras de suas atividades culturais, abertas à comunidade. Ressaltamos ter sido esta faculdade fundada, dirigida e extinta por mulheres. Este fato desencadeou reflexões acerca das

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possibilidades de acesso ao conhecimento e ao trabalho remunerado de quatro gerações de mulheres e a influência do feminino na prática educativa, expressa nos currículos, explícito e oculto, assim como nos conteúdos e metodologias adotados no curso superior de Educação Artística, nas habilitações em Artes Plásticas e Música. Do mesmo modo, além das atividades de ensino, também na extensão, uma vez não ter a pesquisa se desenvolvido, significativamente, nestas pequenas Instituições de Ensino Superior criadas no Brasil, no período ditatorial. O aspecto de gênero levantou questões sobre a docência em Educação Artística na educação básica e no ensino superior, possuir a marca dos comportamentos permitidos à mulher, em uma sociedade, à época, ainda fortemente patriarcal e sua articulação à vida social e à formação cultural de várias gerações de crianças e jovens.

Palavras-chave: Currículo; Formação de professores; Ensino superior; Metodologia; Educação.

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30. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS

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30.1. Aprendizagem da ortografia: a utilização de estratégias de envolvimento cognitivo

Elsa Silva ESE-IPVC

Gabriela Barbosa ESE-IPVC

Resumo Enquanto profissionais, é natural que tenhamos necessidade de perceber como podemos ensinar os nossos alunos e de que forma o podemos fazer tornando a aprendizagem mais significativa. Assim, este estudo assinala o ensino e a aprendizagem da ortografia, procurando encontrar resposta à principal questão: “De que modo um programa de atividades de envolvimento cognitivo ajuda os alunos a melhorar os seus desempenhos ortográficos?” Desenvolvido numa turma de 2º ano do 1º Ciclo do Ensino Básico, numa escola pública, o seu principal objetivo é aplicar atividades e estratégias de ensino/ aprendizagem no sentido de facilitar a aquisição de competências ortográficas. A metodologia aplicada neste estudo é de natureza qualitativa, com um design o mais aproximado daquilo que a literatura define de investigaçãoação. Trata-se, portanto, de um estudo dinâmico e interventivo apoiado por um conjunto de ações resultantes da análise do fenómeno em pesquisa. Foram analisadas as atividades e estratégias de intervenção adotadas e a evolução dos conhecimentos dos alunos. Os resultados revelaram que a aplicação dessas estratégias e atividades, na turma em questão, influenciaram positivamente a aprendizagem da ortografia, concorrendo para aquisição e evolução de saberes mais alargados no que se refere a este

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domínio. Estes resultados manifestaram-se tanto nas produções escritas como nas comunicações verbais dos alunos sobre o código ortográfico. O sentido deste estudo e os seus resultados apontam para a conclusão de que vale a pena empreender, nas práticas pedagógicas, atividades que incorram num saber específico, que sejam guiadas por estratégias motivadoras e aliciantes para o desenvolvimento das competências e que possam contribuir para aprendizagem através de processos cognitivos como a compreensão, a atenção, a memória e o pensamento.

Palavras-chave: Ensino; Aprendizagem; Ortografia; Processos cognitivos.

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30.2. Educação para a saúde: contributos de um estudo sobre sexualidade dos/as jovens São-Tomenses

Flávio Andrade Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação

Resumo Nesta comunicação apresenta-se alguns resultados de pesquisa que está a ser realizada para a obtenção do grau de doutor na FPCEUP . Conhecer o papel da Educação Sexual escolar (ESC) na adopção de comportamentos preventivos e saudáveis, numa perspectiva de promoção da saúde e de libertação dos/as jovens do peso das identidades de género herdadas, assentes na sexualidade precoce e na gravidez adolescente, associadas à propagação das DST, nomeadamente HIV, constitui um contributo a salientar neste estudo em face da realidade de S. Tomé e Príncipe. Através de inquérito por questionário a 280 jovens, (135) rapazes e (145) raparigas entre os 15 e os 19 anos de idade, frequentando o 10º ano do ensino secundário em estabelecimentos de ensino públicos e privados, procurou-se conhecer as suas representações e práticas face á sexualidade e a influência educativa que atribuem à ESC e à educação sexual familiar, bem como à influência dos pares e dos canais mediáticos de informação. Observamos que há uma mudança em curso no sentido de um maior controlo dos/as jovens sobre as suas vidas e que se expressa através do controlo que exercem sobre a sua vida sexual, nomeadamente através do prolongamento do celibato e da monogamia no namoro. O inicio da actividade sexual é mais precoce nos rapazes (3 anos mais cedo do que as raparigas) e, para rapazes e raparigas, quando não tem associada a relação de namoro, sendo de admitir a hipótese de que no contexto são-tomense a

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ancoragem da prática sexual à relação afectiva ser protectora e libertadora da tradição, permitindo uma escolaridade mais prolongada e um projecto de vida autónomo para os/as jovens.

Palavras-chave: Promoção da saúde; Educação sexual; Sexualidade juvenil; São Tomé e Príncipe.

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30.3. O conto como estratégia pluridisciplinar no desenvolvimento da compreensão da leitura

Carla Alves Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Maria Nazaré Coimbra Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Resumo A centralidade da língua e do Português, em particular, é indiscutível na interação em sociedade, a nível nacional e com os países lusófonos. Daí advém a importância de um ensino da língua, que resulte na possibilidade de comunicar e interagir com o outro. Assim, não podemos dissociar a língua das suas raízes culturais e literárias, sob o risco de a esvaziarmos de conteúdo. Neste sentido, é fundamental perceber o papel que a literatura infantil, particularmente o conto, pode desempenhar no ensinoaprendizagem do Português, não só como fonte de cultura e diversidade, mas também como fator de motivação, a fim de aumentar os níveis de literacia dos alunos portugueses, uma vez que uma significativa maioria de crianças portuguesas continua a encarar a leitura e a escrita como uma tarefa enfadonha, manifestando desmotivação pela leitura autónoma, de escolha individual e/ou sugerida. Aumentando os níveis da competência leitora, melhores resultados escolares se esperam em todas as áreas de saber do 1.º ciclo, em especial nas disciplinas como o Português, o Estudo do Meio e a Matemática. Para os docentes, este é um desafio que implica mais exigência e, acima de tudo, uma melhoria significativa das práticas pedagógicas. O trabalho a empreender no terreno, tem como objectivo verificar se o conto pode constituir uma estratégia didática das disciplinas estruturantes do currículo, do 1.º ciclo. Ou seja, pretende-se averiguar se o conto, como

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estratégia pluridisciplinar, potencia uma maior compreensão dos conteúdos programáticos e melhores resultados escolares. Esta investigação, em termos metodológicos, constitui um estudo de caso, dado que privilegia a autenticidade do objeto social em estudo. Por tal facto, serão utilizadas diferentes fontes de evidência, a fim de obtermos várias perspetivas do mesmo fenómeno. O design da investigação, relativamente à recolha de dados, abrange dois subgrupos de alunos, um subgrupo de experiência e um subgrupo de controlo, bem como entrevistas aos professores envolvidos. Primeiro, foi elaborado um teste inicial aos alunos. A seguir, realizou-se- uma intervenção pedagógica. Finalmente, foram analisados os trabalhos, incidindo nas respetivas reflexões. A análise comparativa, dos dados obtidos nos dois subgrupos de alunos, em triangulação com as entrevistas aos professores, permitem-nos concluir que o conto possibilita que os alunos do 1.º ciclo desenvolvam as competências transversais da compreensão da leitura na língua materna.

Palavras-chave: Conto; estratégias; competências de leitura; pluridisciplinar; 1.º ciclo.

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30.4. Ensino de estratégias para a redação do texto argumentativo

Maria Prata FPCE-UC

Maria Isabel Festas FPCE-UC

Sara Ferreira FPCE-UC

Marisa Costa FPCE-UC

Resumo Apresenta-se um estudo que incidiu no ensino de estratégias de redação do texto argumentativo a alunos do 9.º ano do Ensino Básico, com design quase-experimental, e com recurso a pré e pós teste, e prova de manutenção. O programa de treino, a aplicar nos grupos experimental e de controlo, foi construído por nós e compreende três fases. A primeira destina-se à exploração de textos, idênticos em ambos os grupos, para promover o desenvolvimento lexical e a criação de ideias. A segunda é dedicada à planificação do texto argumentativo. Na última fase, trabalha-se a estruturação e redação textuais. As técnicas para a planificação e estruturação do texto argumentativo são retiradas do Programa SelfRegulated Strategy Development (SRSD) (Harris et al., 2008), tendo sido adaptadas para o contexto português. Nas duas primeiras fases, seguiram-se metodologias diferentes nos grupos experimental e de controlo: no primeiro recorreu-se ao contexto colaborativo do jigsaw (Aronson et al., 2005), enquanto no segundo os alunos trabalharam de forma individual. Com a presente investigação pretendemos, fundamentalmente, esclarecer qual das duas metodologias de exploração de textos, a colaborativa ou a

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individual, favorece mais a criação de ideias a incorporar no texto argumentativo. Partindo da eficácia do SRSD, amplamente testada ao longo de mais de 30 anos (Graham & Perin, 2007; Kiuhara et al., 2012), procuramos, no presente, saber se, aliando a este programa uma metodologia do tipo do jigsaw, aos bons resultados alcançados ao nível da planificação e da estruturação textuais, se poderá melhorar a composição dos alunos no que respeita à criação de ideias. O treino decorreu, de outubro de 2013 a maio de 2014, em quatro escolas públicas do Ensino Básico da cidade de Coimbra e arredores. Os alunos participantes são 275 (140 no grupo experimental e 135 no grupo de control). O programa foi aplicado uma vez por semana, ao longo de doze sessões, por sete professoras de Português em contexto de sala de aula. Antes e durante o treino, todas as professoras participaram em formações específicas a cada grupo. Os pré e pós testes e a prova de manutenção serão avaliados quantitativa e qualitativamente por avaliadores formados para o efeito. Para tal, construíram-se três grelhas distintas: a primeira destina-se à apreciação qualitativa e segue os critérios do GAVE para os exames nacionais de Português do 9.º ano de escolaridade; a segunda procura registar a diversidade de palavras e ideias; a terceira permite verificar a presença dos elementos estruturantes do texto argumentativo que foram objeto de instrução. Esperam-se os primeiros resultados em finais de junho de 2014.

Palavras-chave: Texto argumentativo; Jigsaw; SRSD.

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30.5. A perceção de pessoas idosas institucionalizadas sobre a “sua nova família”. Um estudo de caso com idosos da Casa dos Pobres de Coimbra

Mariana Ribau Universidade de Coimbra

Cristina Vieira Universidade de Coimbra

Resumo Em Portugal, a institucionalização é uma das resposta sociais para a população idosa, no caso de as famílias não terem condições para manter os seus familiares em casa passando, assim, a estarem entregues a cuidados de cuidadores formais. Esta opção constitui uma alternativa aos cuidadores informais, tradicionalmente pertencentes ao agregado familiar do idoso ou às redes de vizinhança. Partindo deste pressuposto, e no âmbito da obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, este estudo pretende contribuir para descrever estratégias de intervenção e pistas que ajudem na reorganização da própria instituição, tendo em vista torna-la na perspetiva das pessoas idosas, a sua “nova” família, quer em termos de satisfação das suas necessidades básicas, quer ao nível da promoção de relações afetivas geradoras de bem-estar. A investigação em causa é desenvolvida com pessoas idosas da Casa dos Pobres de Coimbra, cujas instalações foram recentemente construídas, tendo-se passado de uma casa antiga, adaptada e sem grandes condições de habitabilidade para um edifício novo, construído já com o objetivo de ser um lar residencial, com recursos modernos mais capazes de dar resposta às necessidades específicas de alguns idosos (ex: rampas para cadeiras de rodas, elevador, ginásio, etc).

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Para a recolha de dados, no âmbito de um paradigma qualitativo, foram entrevistadas através de uma entrevista semiestruturada 5 pessoas idosas institucionalizadas, cognitivamente saudáveis, que se encontram a viver na instituição há pelo menos 1 ano. O guião de entrevista foi organizado de forma tripartida abordando-se a relação das pessoas idosas com outros residentes, com os funcionários e a sua perceção sobre as condições logísticas e de argumentação da própria instituição. Os dados foram tratados através de análise de conteúdo da informação previamente gravada, com a devida autorização dos participantes através de um consentimento informado. As conclusões deste trabalho de investigação poderão ser úteis para a reorganização dos espaços e das relações afetivas dentro das instituições que têm como valência o acolhimento residencial de pessoas idosas, tendo em vista uma melhor satisfação das suas necessidades, a promoção de bemestar e o fomento dos laços satisfatórios entre todos os intervenientes diretamente ligados a este tipo de instituições.

Palavras-chave: Institucionalização; pessoa idosa; família; bem-estar; relação afetiva.

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30.6. A Formação Universitária em Teatro: da sala de aula para o palco

Hugo De Melo Rodrigues Universidade Estadual do Ceará

Resumo Este artigo tem como finalidade apresentar e analisar o processo formativo de estudantes universitários do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Regional do Cariri - URCA no nordeste do Brasil pelo processo de Montagem de textos teatrais de um autor brasileiro em uma coletânea chamada: Marta, a árvore e o relógio. Tal obra é composta por uma coletânea de dez textos de Jorge Andrade e foi objeto de reflexão na disciplina Processo de Encenação I, do referido curso. A experiência analisada foi objeto de estudo no ano de 2012, data em comemoração aos noventa anos de nascimento do autor (1922-2012). Em “Marta, a árvore e o relógio”, Andrade (1970) aborda um vasto círculo temporal. Esta investigação busca apresentar e descrever a prática de leitura, montagem e encenação da obra de Jorge Andrade pelos estudantes do Curso de Teatro da URCA. No que se refere à metodologia, utilizou-se a técnica de observação participante. Logo, houve participação ativa e plena do pesquisador nas atividades de leitura e encenação da obra em estudo. As principais referências utilizadas foram: Andrade (1970); Guidarini (2006) e Souza (2008). As apresentações fizeram parte da mostra didática do Centro de Artes Reitora Violeta Arraes Gervaseau, no Cariri. As experiências de leitura e encenação da obra de Jorge Andrade marcaram uma nova etapa na vida dos alunos envolvidos. Todo o processo de leitura e encenação contribuiu para a formação leitora dos alunos participantes da disciplina. Os mesmos passaram a ter uma compreensão melhor da obra de Jorge Andrade, uma melhor técnica para o desenvolvimento de leitura e encenação de textos. Ainda como resultado, foi elaborado um projeto do processo de encenação e encaminhado para mostras didáticas de teatro em

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outros espaços educativos e também a produção de comunicações científicas.

Palavras-chave: Encenação; Formação; Teatro.

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31. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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31.1. Tempo Curricular na Educação de Jovens e Adultos: Espaço de Reflexão e Mudança Maria Cândida Sérgio Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

José Carlos Morgado Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para Ciências e a Tecnologia

Resumo Talvez por se ter naturalizado, não seja muito usual refletirmos sobre a noção de tempo. Vivemo-lo, essencialmente, de forma intuitiva. No entanto, sendo uma dimensão estruturante da própria vida, o tempo é um elemento fundamental na configuração das nossas representações e no modo como projetamos e vivemos o nosso dia-a-dia. É com base nas vivências do tempo passado que compreendemos o tempo presente e idealizamos o tempo futuro. Assim se compreende que na educação condicione a forma como concebemos e concretizamos o ensino e a aprendizagem. No texto que a seguir se apresenta divulgam-se alguns resultados de uma pesquisa desenvolvida no âmbito de um mestrado sobre Organização do tempo curricular na prática pedagógica da Educação de Jovens e Adultos (EJA), em que se analisou a organização e a vivência do tempo curricular numa escola pública do Ensino Básico. Nesse processo, o estudo das práticas pedagógicas na escola, em particular na sala de aula, permitiu conhecer as conceções dos professores, gestores e estudantes sobre tempo curricular, e compreender a forma como a escola organiza e utiliza esse tempo nesta modalidade de ensino.

Palavras-chave: Currículo; Tempo Curricular; Educação de Jovens e Adultos; Prática Pedagógica.

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31.2. Das políticas educativas às conceções e práticas curriculares dos professores: um trajeto sinuoso Carla Lacerda Escola Superior de Educação de Viseu

Resumo A presente proposta de comunicação insere-se num projeto de doutoramento, que tem como objetivo central compreender o modo como as políticas educativas influenciam as conceções e práticas curriculares dos professores do ensino básico. Após uma análise fenomenológica às políticas educativas, assumidas e implementadas, ao longo dos 40 anos de democracia em Portugal evidenciámos aquelas cujo impacto foi mais evidente nas práticas curriculares dos professores, nomeadamente as que se centraram no XIII e XIV governos constitucionais e que tiveram como projeto as questões da flexibilidade curricular. Usando uma metodologia de natureza qualitativa e interpretativa, recolhemos conceitos de currículo dos professores, no sentido de compreender as suas conceções curriculares e a partir de uma meta-análise a investigações que tiveram o mesmo propósito, compreender os reais impactos nas práticas dos professores. Neste sentido, pretendemos partilhar alguns dos resultados alcançados até ao momento, nomeadamente o pouco impacto que algumas reformas tiveram nas práticas curriculares, mesmo tendo sido apropriadas pelos discursos dos professores e compreender as formas como podem as mudanças alcançar a pessoalidade e o desempenho profissional dos professores. Palavras-chave: Políticas educativas; currículo; professores.

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31.3. Estrutura curricular e tempos letivos – estudo comparativo

Isabel Festas Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Ana Seixas Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Armanda Matos Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo A necessidade de melhorar os níveis de eficiência interna e externa dos sistemas educativos e de os adequar às características dos novos públicos e das sociedades atuais tem colocado no centro da discussão o lugar das diferentes áreas disciplinares na estrutura curricular. É neste contexto que se insere a presente comunicação em que são apresentados alguns dos resultados obtidos num estudo desenvolvido no âmbito do projeto “A carga horária no sistema de ensino português: comparação com outros países da União Europeia e asiáticos e evolução nas últimas décadas”, financiado pela Fundação Manuel dos Santos. Procuramos comparar a estrutura curricular do nosso país com a realidade europeia, privilegiando a análise da carga horária total do ensino básico – nível primário/ISCED 1 e secundário inferior/ISCED 2 – e das áreas disciplinares da Literacia e da Matemática. Para a obtenção dos dados recorremos a documentos dos Ministérios da Educação e a obras de referência neste domínio, como as da Eurydice. Como principais resultados, podemos verificar que a carga horária de Portugal é bastante elevada, comparativamente à dos outros países em estudo, sobretudo no ISCED 1. A superioridade dos tempos letivos, por parte de Portugal, mantém-se na Matemática, sendo o nosso país que

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regista a maior percentagem de tempo dedicado a esta disciplina, o mesmo não acontecendo com a Literacia que ocupa um lugar muito mais modesto. Outro dado que se destaca diz respeito ao facto de, em Portugal, estas duas áreas terem pesos iguais, diferenciando-se dos outros sistemas, onde a Literacia apresenta uma carga horária superior à da Matemática, sobretudo até ao 4.º ano de escolaridade.

Palavras-chave: Estrutura curricular; carga horária; áreas disciplinares.

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31.4. Reflexões Sobre a Prática Como Componente Curricular do curso de Licenciatura em educação Física da Universidade Federal do Maranhão

Raffaelle Araújo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão

Meirecele Leitinho Universidade Estadual do Ceará

Jeanne Medeiros UECE

Resumo Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar a Prática como Componente Curricular (PCC) compreendida no currículo dos cursos de licenciatura como espaço de ampliação da formação profissional. Optamos pela metodologia do estudo de caso, utilizando a pesquisa bibliográfica, a análise documental e a pesquisa de campo. Discutimos as normatizações que determinaram a reformulação das Diretrizes Curriculares Nacionais, sobre a organização da formação de professores da educação básica, em nível superior, curso de licenciatura, diferentes concepções de currículo e a matriz curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física objeto desse estudo. Nos utilizamos das contribuições de Vázquez (1977) sobre a prática, numa perspectiva dialética, compreendida em várias dimensões: social, histórica e político-pedagógica culturalmente produzida; também nos utilizamos do conceito de prática pedagógica presente nos estudos de Veiga (1989; 2000), Pimenta e Anastasiou (2010) Fonseca (2005) e Schmidt et al (1999) fundamentando a discussão e análise sobre a PCC no processo de formação do profissional em Educação Física. Como metodologia de coleta de dados, utilizamos: a entrevista semiestruturada aplicada ao coordenador, chefe de departamento e sete (7) professores do referido curso; fizemos um levantamento estruturado aplicando um

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questionário a doze (12) discentes matriculados no Curso. Os resultados do estudo, de acordo com os sujeitos entrevistados, indicam que a PCC não está desenvolvida tal como proposto no Projeto Político do Curso de Licenciatura em Educação Física da UFMA, não havendo um entendimento coerente por parte de alunos e professores quanto esse tipo de prática. A PCC tem contribuído para a superação da dicotomia entre teoria e prática, entretanto, ainda há a necessidade de que esse tipo de prática deve ser mais contextualizada, crítica e reflexiva. Estes resultados nos permite afirmar que demos um passo significativo para superar lacunas na forma de organização e desenvolvimento da Prática como Componente Curricular. Conclusivamente, essas dificuldades não são apenas de caráter interpretativo, elas envolvem processos formativos específicos para professores, alunos e coordenadores de cursos que são os sujeitos que desenvolvem a Prática como Componente Curricular.

Palavras-chave: Formação docente.Educação Física. Prática Curricular.

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31.5. História da arte no ensino fundamental: uma proposta interdisciplinar

Maria de Fátima Josgrilber Faculdades MAGSU

Emne Mourad Boufleur Faculdades MAGSU

Alessandra Josgrilbert UFGD

Resumo O texto narra a construção e a implantação de um currículo interdisciplinar para os anos iniciais do Ensino Fundamental (2º ao 5º), em uma escola de Ponta Porã-MS, Brasil, aplicado desde 1996, portanto, considerando-se o tempo, um trabalho que deu certo.O projeto tem como base a interdisciplinaridade proposta por Fazenda(1995, 1996, 1998, 1999, 2001) e a História da Arte com base em Janson(1996,2001) e Gombrich (1979)e é chamado de “O Túnel do Tempo: viajando pela história”. A proposta procura demonstrar a possibilidade de se transformar o currículo de uma escola em algo significativo, demonstrando que a interdisciplinaridade é possível. O currículo tem como fio condutor a História da Arte e prioriza a conquista da cidadania baseada em três elementos: a formação intelectual e o acesso à informação; a formação de valores éticos, étnicos e democráticos; e o incentivo para a tomada de decisões - uma cidadania plena e ativa. A conquista da cidadania, ao ser colocada como o eixo condutor do projeto, coloca-se contrária a qualquer tipo de discriminação, e a favor da luta pela dignidade do indivíduo, pela equidade e pela igualdade de oportunidades. Como elaborar esse material e abandonar propostas prontas? Não se queria algo pronto, mas alguma coisa que pudesse ser adaptado aos interesses das turmas e que apresentasse os textos em forma de uma grande história, cujos

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capítulos, em sequência, seguissem um fio condutor. Na preparação da equipe, a escola efetivou reuniões de planejamento e cursos de formação continuada sobre a história da arte e ainda, começou a adquirir materiais didáticos sobre a temática, como: livros, filmes, maquetes... O grupo docente ia aprofundando os conhecimentos e trocando ideias. Percebeu-se a impossibilidade de implantar o projeto em todos os anos de uma única vez, então se optou pela a implantação progressiva. Nessa fase de implantação, observou-se que alguns textos eram de difícil compreensão, eles, então, foram substituídos por outros ou modificados de acordo com a faixa etária das crianças. Hoje, está totalmente implantado e serviu de base para a tese de doutoramento de Josgrilbert (2004). Observa-se que as crianças que participam do projeto aprendem a história da humanidade através da arte de forma lúdica

Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Currículo; Projeto; Ensino Fundamental; História da arte.

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31.6. Contextualização curricular no ensino secundário: possibilidades e limites

Manuela Esteves Instituto de Educação- Universidade de Lisboa

Resumo Contextualizar o currículo e os saberes disciplinares que ele veicula, a fim de favorecer a aprendizagem dos alunos, surge frequentemente como mandato para a actuação dos professores e das escolas. O estudo a que nos reportaremos ocorreu entre 2011 e 2013, no âmbito de um projecto colectivo envolvendo pesquisadores de quatro universidades portuguesas e teve como objectivos principais (i) esclarecer as possibilidades e limites da contextualização curricular num nível de ensino (o ensino secundário) marcado pela existência de exames nacionais potencialmente indutores de práticas de ensino – aprendizagem descontextualizadas; (ii) identificar práticas docentes de contextualização dos saberes no âmbito de disciplinas diversas; (iii) aprofundar e sistematizar a definição do conceito de “contextualização” que se nos apresentou ainda bastante fluido na literatura, aliás escassa, que a ele alude. A metodologia de pesquisa empírica utilizada socorreu-se da análise documental das provas nacionais de exame da disciplina de História dos últimos cinco anos, de entrevistas com professores cujos alunos tinham sido especialmente bem sucedidos nesses exames, em função de terem tido resultados médios superiores à média nacional e à média da região onde a escola se situa, e de uma entrevista com uma das autoras do programa da disciplina em análise. Os resultados mostraram que as referidas situações de maior êxito em exames nacionais assentavam em práticas docentes inequívocas de contextualização dos saberes a ensinar e a aprender. Foi possível também

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identificar a natureza e os tipos de práticas envolvidos nessa contextualização. O conceito de “contextualização” perfilou-se de modo mais articulado no que se refere às dimensões (e traços) que nele estão ou poderão estar envolvidos e às relações que entre essas dimensões se podem estabelecer. A opção por um estudo de natureza exploratória, descritiva e interpretativa mostrou-se adequada ao estudo de um objecto que, sendo amplamente desejado no plano dos ideais pedagógicos – a contextualização dos saberes – é, contudo, mal conhecido no que toca às práticas docentes e discentes concretas a que dá lugar.

Palavras-chave: Contextualização curricular; contextualização dos saberes; exames nacionais; ensino de História; desenvolvimento profissional docente.

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32. PEDAGOGIA SOCIAL E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

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32.1. Políticas Públicas de educação e Formação de Adultos: contribuições ao diálogo sobre desafios e perspectivas

Márcia Regina Barbosa Universidade Federal de Permambuco

Resumo Discorrer sobre a educação de adultos nos remete à própria formação do indivíduo, esta por sua vez, chega a se confundir com seu próprio processo de vida. Considerada como uma arte que possibilita trilhar novos rumos, a Educação de Adultos, pós-revolução francesa, passou a ter significativa importância, sobretudo por haver a necessidade e o interesse no processo de qualificação profissional e por razões políticas eleitorais, sobretudo após o término da segunda guerra mundial. A partir desse contexto histórico, a educação de adultos ganha novos rumos e percursos, cujos trilhos mostram a evolução da sua concepção a partir das Conferências Internacionais desde a primeira, que foi realizada na Dinamarca, em 1949, até a sexta Conferência, acontecida no Brasil em 2009, Marco de Belém, cuja proposta visa romper o ciclo da baixa escolaridade e instituir um mundo inteiramente alfabetizado. Isto nos chama a refletir acerca do que vem sendo tratado sobre questões relativas à Educação de Adultos, buscando marcos teóricos que contribuem no processo de compreensão para discussões sobre a política pública nesta modalidade de ensino. Assim, o presente trabalho propõe apresentar registros de estratégias políticaseducacionais de implantação/fortalecimento de ações conjuntas no âmbito do estado e municípios de Pernambuco. Considerando as políticas delineadas no âmbito internacional/nacional a Comissão Estadual de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos CEAEJA/PE, efetivou diferentes ações com a perspectiva de melhorar a qualidade da educação nesta área e, dentre as ações desenvolvidas destacamos os Três Encontros Estaduais da Agenda

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Territorial de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e EJA e, a implantação dos CRIAEJAS. Os referidos eventos se configuram como de grande importância no âmbito das políticas públicas do setor educacional de Pernambuco.Os mesmos buscaram a estruturação de opções para a incorporação dos egressos dos Programas de Alfabetização à Educação Básica, em suas diferentes modalidades de atendimento com a intenção de possibilitar a seguridade social, a integração ao mundo do trabalho e controle social das Políticas de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Políticas Educacionais; Pernambuco.

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32.2. O Movimento associativo de pais e as Dimensões Educativas da Participação nas Associações

Isabel Oliveira FPCEUP

Teresa Medina FPCEUP

Resumo Ao assumir a educação como um processo que ocorre ao longo da vida, nos mais diversos contextos e espaços sociais, surge como pertinente procurar compreender o modo como os dirigentes associativos que participam e intervêm nas associações de pais (AP) reconhecem a importância formativa/educativa das suas vivências nas associações e o sentido que lhes atribuem. Efetivamente, as AP, como outras associações, enquanto contextos onde o educativo está presente e onde a educação/formação acontece, contribuem para pensarmos a educação de um modo mais abrangente, uma vez que participar significa ter acesso a um vasto conjunto de oportunidades de aprendizagem que se produzem na intervenção ativa dos pais e encarregados de educação na escola, nos órgãos sociais das associações e como participantes nas atividades por estas promovidas. No âmbito de um mestrado em Ciências da Educação, foi realizada uma investigação que pretendeu contribuir para a reflexão em torno da Educação e Formação de Adultos, tendo em conta diferentes perspetivas sobre o papel das AP, enquanto espaços e contextos formativos/educativos não formais e informais. Foram realizadas 10 entrevistas a membros de órgãos sociais de diferentes estruturas do Movimento Associativo de Pais (MAP), do distrito do Porto. A investigação realizada teve como objetivos principais:

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•Compreender, a partir dos discursos de alguns dirigentes, o modo como o movimento associativo de pais potencia o desenvolvimento de processos educativos e formativos. •Compreender o tipo de aprendizagens que se realizam e a forma como o movimento associativo de pais contribui para a transformação dos sujeitos que nele participam. Nesta comunicação procuraremos dar, a partir das vozes e discursos de membros de AP, do sentido formativo e educativo que atribuem à sua participação nestas estruturas, reconhecidas por eles como grandes “escolas” de formação a nível cultural, cívico, político e de formação para a cidadania.

Palavras-chave: Associações de pais; Participação; Aprendizagem.

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32.3. Lar Residencial: uma resposta urgente para a população idosa da Alta de Coimbra

Sandra Cristina Brito de Freitas Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo A “Universidade de Coimbra – Alta e Sofia” fazem parte do Património Mundial (UNESCO) desde Junho de 2013, fazendo parte desta (a vivência e a cultura estudantil, a Associação Académica, o Fado, as Praxes, a Canção, as Republicas de Estudantes, contribuem para todas as vivências de um património imaterial único). Esta zona, também é marcada por um acentuado envelhecimento dos seus residentes que carecem de respostas sociais que estejam à altura da satisfação das suas necessidades mais prementes, de forma a terem uma vida digna e com algum conforto à medida que entram nas etapas derradeiras da sua existência. A razão deste artigo surge no âmbito do estágio curricular em Ciências da Educação, na área da Educação e Formação de Adultos, no Centro de Dia 25 de Abril do ATENEU de Coimbra, com o estágio foi perceptível a preocupação dos utentes e vizinhos do centro de dia, quanto à falta de respostas sociais eficazes que lhes garantam e assegurem a protecção, o conforto a tranquilidade de que tanto precisam. Sendo assim, pretende-se conhecer as percepções de alguns agentes do poder político local e entidades da sociedade civil com responsabilidades directas na tomada de decisões, que conhecem os recursos potenciais disponíveis e por sua vez visam a protecção da população mais idosa desta zona. Este estudo é de caracter qualitativo, dado que o objecto primordial é ouvir estes agentes em discurso directo, para percebermos a viabilidade da

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existência de um lar residencial que é urgente construir nesta zona, para além de pretendermos ainda chamar a atenção de toda a sociedade para a situação de carência material e afectiva deste grupo etário. Para a recolha dos dados utilizou-se um Guião de Entrevista semiestruturada e toda a informação recolhida foi gravada com o devido consentimento informado dos participantes.

Palavras-chave: Alta de Coimbra; Envelhecimento; Idosos; Lar Residencial.

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32.4. A Educação e Formação de Adultos em Portugal e no Brasil. Um olhar aproximativo a partir da actualidade

Márcia Regina Barbosa UFPE

Resumo As políticas públicas da educação e formação de pessoas adultas têm sido muito debatida e com elevado número de iniciativas, em Portugal e no Brasil, ao longo dos últimos cinquenta anos. Justificando-se com um conjunto de argumentos inter-relacionados de aceitação generalizada: apenas as pessoas em idade adulta têm os recursos necessários para promover transformações imediatas nas comunidades e nas sociedades; essas mudanças só acontecem em resultado de novas aprendizagens; unicamente através da educação e da formação se conseguem articular os meios necessários para orientar essas aquisições, de forma a atingir uma situação desejável, previamente definida. Referente à realidade portuguesa, numa primeira fase se sucederam razões religiosas, comerciais, económicas e de administração, para justificar um investimento mais significativo, foi a generalização das ideias de progresso social e democrático, traduzidas pela convicção de que era indispensável garantir a igualdade de direitos, deveres e oportunidades, para todas as pessoas em qualquer fase das suas vidas, que consagrou o aparecimento de uma educação para quem não teve acesso. Estas actividades de carácter periódico e extraordinário foram acompanhadas por desafios culturais, sociais e profissionais que as integrassem na roda da vida e as constituíssem como motor das mudanças a empreender. Assim, tentando aproximar-se das pessoas e das suas comunidades e procurando respostas progressivamente inovadoras, a educação e formação de pessoas adultas buscou constituir-se como um movimento social capaz de promover o bem-estar comum. Isto tem sido possível a partir da entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia cujos níveis de escolaridade eram considerados muito baixos,

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quando comparados com os índices dos novos parceiros e, talvez em consequência disso, com indicadores de produtividade profissional dificilmente aceitáveis, no quadro do novo bloco (económico). Concernente à realidade brasileira, destacamos que a coordenação de políticas sociais, legalmente, divide a responsabilidade pública pela manutenção e pelo desenvolvimento da educação entre as três esferas do governo, correspondendo, de forma prioritária, aos estados e municípios a responsabilidade com a execução de programas de Educação Básica de Jovens e Adultos, com apoio técnico e financeiro subsidiário da União. Brasil e Portugal têm em comum, índices significativos de Jovens e Adultos com desfasagem escolar e formação profissional, passaram por experiências educacionais conservadoras, afastados das ideias mais progressistas da Educação de Adultos. Pretendemos pois, apresentar discussões/delineamento (Programas e Projectos) de políticas que persigam objectivos similares para a formação com “apreço” na aprendizagem.

Palavras-chave: Formação de Adultos; Portugal e Brasil; Programas e Projetos.

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32.5. Educação bancária versus educação libertadora: abordagem freiriana numa perspectiva social para educação brasileira

Gilcélia Pires Universidade Estadual de Feira de Santana

Armando Loureiro Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro

Resumo O texto que se apresenta reflete sobre as concepções freirianas: educação bancária e educação libertadora no contexto atual da educação brasileira. Temos como objetivo trazer à baila, mais uma vez, o debate sobre os problemas de bases ideológicas, políticas e pedagógicas que a educação brasileira, sobretudo, de caráter público, continua enfrentando. Concluímos que existe ainda a necessidade de suscitar nos educadores, de modo geral, uma continuidade na construção dialógica de propostas inovadoras e exequíveis para mudarmos as práticas pedagógicas que impedem o desenvolvimento humanizado de educandos oprimidos e relegados do processo evolutivo da sociedade contemporânea.

Palavras-chave: Educação bancária; educação libertadora; pedagogia do oprimido; educação humanizada.

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32.6. A Educação Não Escolar em Portugal. Perspetiva a partir do Ensino Doméstico

Álvaro Ribeiro Universidade do Minho

Resumo O desenvolvimento do mercado educativo transformou o papel do Estado no campo educativo diluindo a sua responsabilidade na promoção da educação e reforçando o seu papel na avaliação dos produtos da ação educativa. Neste caminho, já no século XXI, as suas realidades sociais imanentes, com as grandes problemáticas do conhecimento, da aprendizagem, da criação e da diversidade, têm tido atores promotores de outros olhares e sensibilidades desenvolvidos na periferia do sistema socioeducativo. Esses olhares têm despolarizado a atenção atribuída ao produto pedagógico institucional mais relevante tanto a nível qualitativo como quantitativo que a sociedade foi capaz de gerar, para um novo objeto [de estudo] do real educacional – a educação não escolar, da qual o ensino doméstico é uma forte e cada vez mais crescente assunção. Os mecanismos mercantis da educação não só fragmentam a sociedade em diversos coletivos sociais, como os segregam e hierarquizam em clientes positivos e clientes negativos segundo a sua disponibilidade e capacidade de administrar socioeducativamente os recursos económicos e informacionais que conseguirem acumular. O espaço social é caracterizado por uma relação dominantes-dominados e pela hegemonia dos interesses da classe dominante que, por inépcia das energias críticas vitais, tende a ser acriticamente justificada aos olhos de todos e, portanto aceite. As consequências educacionais escolares de um capitalismo desorganizado acentuam o pensamento das correntes de

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inspiração marxista (Althusser, Baudelot e Establet, Bowles e Gentis) para quem a escola ensina um know-how em formas que garantem a submissão à ideologia dominante ou o domínio da sua prática, apresentando-se como um elemento integral na reprodução da estrutura de classes prevalecente na sociedade contribuindo para reproduzir as relações sociais de produção capitalista. Para Max Weber, o património cultural e os sistemas de valores que têm predominado historicamente são os da elite dominante que detém o poder. E é este património e valores que são transmitidos pela educação. Conforme diz o objetivo procurado pela educação é o homem culto segundo o ideal de cultura que está marcado pela estrutura de dominação e pela condição social requerida para pertencer ao estrato dirigente. Neste sentido temos erguido algumas perguntas sobre o homeschooling como um movimento social e educacional à escala mundial. Estando desde 2008 a investigar este objeto de estudo em Portugal, primeiro via dissertação de Mestrado e agora em sede de doutoramento na Universidade do Minho, propomo-nos, com este texto, abordar a realidade Portuguesa num contexto educativo não escolar, num cruzamento entre a globalização, mercados educativos e diferenças e desigualdades sociais.

Palavras-chave: Educação Não Escolar; Homeschooling; Mercado da educação.

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33. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL

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33.1. O aluno no papel do professor

Fátima Santos Universidade do Minho

Resumo Partindo de opiniões veiculadas por autores consagrados no campo da educação como Rousseau, Piaget, Vygotsky e Wallon e após a consulta aos próprios alunos por intermédio de uma sessão usando a metodologia de “Focus Group” colocamos o aluno no papel do professor. No final, e após auscultarmos a opinião dos próprios alunos, dos seus encarregados de educação e de recolhermos dados para a nossa própria análise, apresentamos os resultados obtidos por essa estratégia de intervenção pedagógica. Verificamos que para os alunos se revelou enriquecedor embora se tivesse também constatado não estarem ainda preparados para estratégias deste tipo devido ao grau de responsabilidade que acarretam, à falta de maturidade evidenciada por eles e também devido à falta de hábito neste tipo de intervenção. Achamos no entanto que, indo também ao encontro da opinião dos alunos, se poderá e deverá repetir esta experiência em conteúdos suscetíveis de ser usada esta metodologia de ensino em que o aluno terá de pesquisar, interagir e confrontar-se com o papel do professor.

Palavras-chave: Aluno; Professor; “Focus-Group”; Estratégia; Pedagógica.

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33.2. A inserção das festas tradicionais populares no ensino de arte na educação básica

Edite Colares Oliveira Marques Universidade Estadual do Ceará

Resumo O que viemos aqui apresentar e discutir são os pressupostos e o relato parcial de uma pesquisa em andamento sobre a inserção de festejos tradicionais, oriundos da chamada cultura popular, no âmbito da escola básica, com vistas a ampliar a nossa compreensão, quanto às linguagens artísticas e contribuir para a inserção do campo artístico na educação fundamental, em contraposição à visão hegemônica da cultura, veiculada em escala industrial e voltada para o entretenimento, bem como à hibridez e fechamento em si da arte contemporânea. Esta pesquisa tem como referencial teórico, autores como: Mikhail Bakhtin, que nos ajudou a estabelecer relações importantes entre as festas tradicionais e a cultura Popular; Huizinga, que acena para a importância do espírito lúdico e estético na educação, pois seríamos, em essência, Homo Ludens; Henry Giroux, ao abordar as relações entre cultura popular, pedagogia e currículo escolar; Michael Aple, em sua perspectiva de indicação dos pontos de contato entre política cultural e educação, dentre outros. Como metodologia foi adotada uma perspectiva comparada, ao intentar apontar possíveis articulações entre as manifestações tradicionais de festejos brasileiros e festejos populares portugueses, com base numa recomendação da legislação educacional brasileira ao ensino de arte, de que seja dada uma maior atenção às expressões regionais, relacionando-as às suas bases históricas. Propõe uma estratégia de pesquisa de base etnográfica, no que se refere ao inventário de festejos tradicionais, tanto religiosos, quanto laicos, querendo sistematizar cantos, ritos e modos de expressão, em suas permanências e apropriações, guardadas e ainda praticadas, especialmente em zonas dos litorais brasileiro e português, tomando Fortaleza e a cidade do Porto, como

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áreas centrais de busca de acervo documental e bibliográfico para o estudo proposto. Apresentamos, como resultado parcial, o que viemos sistematizando no Brasil sobre um aprofundamento do ensino de Artes, vinculado às manifestações populares, através de evidências empíricas, tanto na prática de ensino, em quatro escolas públicas, quanto na vivência comunitária de manifestações populares tradicionais - nos pastoris, no cordel, no carnaval e a observação em Porto-Portugal de suas festas joaninas manifestações tradicionais portuguesas - evidenciando que as manifestações da cultura popular, no âmbito do ensino de Arte, na escola básica brasileira e portuguesa, têm demonstrado o enfraquecimento deste conteúdo como pertinente a este campo, aspecto que preocupa os estudiosos do tema, uma vez que a Arte é parte da produção cultural humana e como tal é situada histórica e socialmente. A pesquisa tem revelado a necessidade de aprofundamento da questão proposta, do que resultou a concepção de um projeto de estágio pós-doutoral, realizado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto como investigadora do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade com a colaboração do Prof. Dr. José Carlos Paiva, através do qual, este estudo prossegue tomando Fortaleza-Ce (Brasil) e Porto (Portugal), como pontos geoculturais estratégicos para um apanhado de manifestações de festejos populares, pretendemos inspirar uma política curricular que abra o ambiente escolar à vivência artístico-cultural criativa e investigadora, com vistas a realizar, ao final, um apanhado de manifestações populares festivas e tradicionais, numa dada comunidade escolar localizada em cada uma das cidades alvo, que possa vir depois a ser utilizado como material didático para o ensino da Arte na Escola Básica, com vistas a mostrar a interação da escola, como instituição educativa, com a vida cultural mais ampla da comunidade escolar.

Palavras-chave: Arte; Cultura Popular; Educação Básica; Formação de Professores.

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33.3. O uso do portefólio reflexivo na perspectiva histórico-cultural

Elaine Araújo USP

Resumo O texto que apresentamos refere-se a um projeto de pesquisa realizado no âmbito do programa de pós-doutoramento que teve como objetivo tornar mais evidente o processo de pensamento do professor, subjacente à sua ação pedagógica (elaboração, reflexão, aplicação, análise e síntese da atividade de ensino e aprendizagem), fazendo-o por meio da análise de conteúdo dos portfolios reflexivos. Do ponto de vista metodológico, o projeto foi desenvolvido numa abordagem de natureza qualitativa e incidiu numa experiência de pesquisa-formação desenvolvida no Brasil, com educadores de uma creche da Universidade de São Paulo, e em Portugal, com educadores de infância das cidades de São João da Madeira e de Aveiro. Os dados que, particularmente, servem de referência para este estudo dizem respeito à dimensão da pesquisa realizada com uma creche da Universidade de São Paulo (USP). A análise de conteúdo dos porfolios realizou-se a partir de um modelo epistemológico, no qual, o discurso se apresenta como manifestação do conhecimento de quem o produz, em duas dimensões, a implícita (episteme) e a explícita (logos). A natureza narrativa do portfolio reflexivo evidencia não apenas o dizível, mas, também o indizível, viabilizando o contato com significados e sentidos que, em situações comuns de formação, não seria possível capturar. Isso, se torna possível, sobretudo, pelos níveis de criatividade e originalidade de cada portfolio e pelo modo como seus autores constroem suas narrativas. A defesa do uso do portfolio reflexivo no processo de formação inicial já está mais do que argumentada e suas vantagens em relação a outros instrumentos parece bastante compreendida. Entretanto, este estudo permite sustentar que o seu uso na formação contínua pode ser ainda mais

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potencializado. O primeiro argumento nessa direção é porque a produção do portfolio não está, neste caso, condicionada por nenhuma atribuição de conceito avaliativo. Daí, sua produção ser motivada, principalmente, pelo (re)conhecimento de seu valor como instrumento formativo. No caso desses educadores o que os motivou na elaboração de seus portfolios não foi apenas a pertença a um grupo de pesquisa-formação, mas sobretudo a possibilidade de se auto-implicarem e debruçarem crítico-reflexivamente sobre seu próprio processo de formação. Nesse sentido, a produção do portfolio representou não apenas um momento de sistematização das aprendizagens ocorridas ao longo do projeto, mas sim a própria aprendizagem.

Palavras-chave: Portfolio Reflexivo; Aprendizagem docente; Perspectiva histórico-cultural.

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33.4. A Dimensão da Reflexão como Investigação na Formação Inicial de Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico em Contexto de Estágio

Maria Bento FPCEUP

Resumo Apresenta-se um estudo de doutoramento em Ciências da Educação sobre a importância da reflexão como investigação na formação inicial de professores do 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB), no estágio pedagógico, após as mudanças introduzidas pelo Processo de Bolonha. Realiza-se um estudo de caso, numa instituição de formação inicial de professores, focando os Mestrados em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º CEB e em Ensino do 1º e do 2º CEB, e pretende-se identificar práticas de reflexão em estágio e compreender a forma como se constituem em dispositivo de investigação e de desenvolvimento profissional. Os estágios pedagógicos são considerados, tanto por autores como por estudantes, como fundamentais na formação (cf. Galveias, 2008; Caires, 2006). É um momento em que os estudantes mobilizam os conhecimentos adquiridos na componente teórica para contextos reais. É, por isso, “a fase ideal de investimento no crescimento pessoal, implicando a alteração de atitudes de comportamentos de modo consciente com o objectivo de alcançar etapas mais elevadas de realização pessoal” (Matiz e Lopes, 2009: 1418). Para a recolha e análise de dados recorre-se à análise de documentos de caracterização do currículo e das dinâmicas formativas, ao focus group a estudantes estagiários e a professores recém–formados, a entrevistas semiestruturadas a estudantes estagiários, a professores recém-formados, a

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professores cooperantes e professores supervisores, e respetiva análise de conteúdo. Na comunicação serão apresentados dados relativos à análise dos focus group e à análise de documentos. Esperamos conhecer as perspetivas dos participantes relativamente ao desenvolvimento destas capacidades na formação inicial e a sua implicação nas práticas e identificar nos documentos informação esclarecedora do lugar da reflexão como investigação na profissionalização dos professores do 1º CEB. Referências Bibliográficas Caires, S. Vivências e percepções do estágio pedagógico: contributos para a compreensão da vertente fenomenológica do “Tornar-se professor”. Análise Psicológica, 1 (XXIV), 2006, 87-98. Galveias, M. Prática Pedagógica: cenário de formação profissional. Interacções, v. 4, nº 8, 2008, 6-17. Matriz, L. & Lopes, A. (2009). Áreas do saber, formação inicial e vivências de inserção profissional de professores principiantes - reflexões sobre dados exploratórios. In B. Silva, L. S. Almeida, A. Barca, & M. Peralbo (Orgs.), Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicoterapia. Braga: CIEd. 1416-1429.

Palavras-chave: Formação Inicial de Professores, Estágio; Reflexão; Investigação.

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33.5. Construir saberes para dois ciclos de ensino: a percepção dos formandos do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico

Cristina Mesquita Instituto Politécnico de Bragança

Maria José Rodrigues Instituto Politécnico de Bragança

Resumo O estudo que se apresenta tem como objetivo principal conhecer as perceções dos formandos do curso de Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico sobre o seu processo formativo. Pretende-se compreender a forma como os alunos interpretam um modelo formativo para dois ciclos de ensino e as competências que construíram ao longo do processo. De forma mais abrangente o estudo procura refletir sobre o impacto que a reorganização da formação de professores teve a partir da implementação do Decreto-Lei 43/2007 (de 22 de fevereiro) que aprova o regime jurídico da habilitação profissional para a docência na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário. O estudo orienta-se por uma abordagem qualitativa de natureza descritiva e interpretativa, que utiliza a entrevista semiestruturada, a seis alunos, para a recolha de dados e a análise de conteúdo para a análise. Foram, também, analisados de forma interpretativa os Relatórios de Estágio dos mesmos formandos, para averiguar as competências construídas e a forma como articularam os saberes na prática. Os resultados obtidos mostram as percepções dos formandos acerca deste modelo de formação e a forma como eles pensam ter articulado as suas práticas nos dois níveis de ensino, por outro lado evidenciam alguns dos constrangimentos que sentiram com este novo modelo de formação.

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A perceção dos alunos é importante para sustentar a discussão em torno da qualidade deste modelo de formação. Consideramos, por isso, que este estudo pode contribuir como reflexão em torno do modelo de formação no sentido de garantir e assegurar uma maior qualidade e ao mesmo tempo apoiar os alunos de forma mais consciente no seu processo de aprendizagem e autonomização.

Palavras-chave: Modelo de formação; Formação de educadores/professores; Competências profissionais.

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33.6. Iniciação à docência: porque tornar a escola um espaço de formação

Lucrécio Sá Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Resumo No Brasil atualmente a busca por uma educação de qualidade tem como mola propulsora políticas públicas para valorização das relações entre escolas e universidades. Assim, se têm buscado superar a desvalorização da carreira docente investindo em projetos e programas de formação de professores na dimensão inicial e continuada, como o Programa de Consolidação das Licenciaturas (PRODOCENCIA), o Programa de Formação Continuada (CONTINUUM), a criação dos Laboratórios Interdisciplinares nas IES (LIFE), e, especialmente, o Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID). Num contexto histórico de defasagem da educação, a região Nordeste e, mais especificamente, o Rio Grande do Norte (RN) têm empreendido grandes esforços para reverter os índices referentes à educação, os quais demonstram um baixo desempenho em relação ao país, se for considerado como parâmetro o índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Assim, além da defasagem de aprendizagem verificada no contexto escolar, insere-se na problemática da qualidade da Educação Superior, de modo geral, e, em particular, a desvalorização da carreira docente tanto no que diz respeito ao status financeiro quanto ao status social. Assim, as licenciaturas abrigam, em sua maioria, discentes de classes menos favorecidas, que necessitam de incentivos, inclusive financeiros para permanecer nesses cursos. Ademais, os cursos são eminentemente teóricos, tornando lacunar a consolidação dos conhecimentos didático-pedagógicos. Neste incentivo para uso da escola como espaço formativo muitas das ações realizadas nas perspectivas curriculares das licenciaturas se limitam a intervenções em sala de aula nos espaços escolares. Nesse sentido, apesar do planejamento ter como

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sustentação basilar os estudos etnográficos constantes e os referenciais legais, gerais e específicos de cada área (LDB, PCN, DCN, PCNEM, OCN), é possível dizer que essas ações não conseguem se firmar no sentido de dar conta de uma formação mais ampla, humanística e interdisciplinar tanto para professores quanto para estudantes. Nesse sentido, as experiências vivenciadas aliadas aos estudos teóricos não conseguem contribuir efetivamente para dirimir a histórica dicotomia entre teoria e prática. Busco neste trabalho questionar as estratégias de ensino e aprendizagem na Universidade e na Escola como espaço para formação de professores. Uma pergunta basilar é, como as ações no âmbito da formação de professores podem ser elaboradas de acordo com os pressupostos da aprendizagem significativa e visando a auxiliar à produção de conhecimento? Penso que a inserção de licenciandos em formação inicial no espaço escolar deve, ainda, contemplar atividades de participação na dinâmica da vida escolar, da sala de aula à gestão, das reuniões pedagógicas aos conselhos de classe, com intuito de envolver os licenciandos nas diversas dimensões que permeiam a docência, inclusive contribuindo para a criação, reformulação, discussão dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) com os sujeitos do espaço em que estão inseridos.

Palavras-chave: Educação Superior; Educação Básica; Formação Inicial; Formação Continuada.

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34. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS

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34.1. A avaliação externa condiciona a prática pedagógica dos professores?

Janete Ribeiro Nhoque Universidade de São Paulo

Lilian Rose da S. C. Freire Universidade de São Paulo

Valéria Aparecida de Souza Universidade de São Paulo

Resumo Este trabalho apresenta resultados de pesquisa realizada em uma escola da Rede Municipal de Ensino de São Paulo, no período de 2012-2013. Teve por objetivo investigar se as avaliações externas estão influenciando o currículo, considerando os aportes de Afonso (2013). Para tal intento, analisamos se os professores, na elaboração de seus planos de ensino, utilizavam as matrizes das avaliações externas para orientar a escolha do conteúdo curricular. A escolha dos planos de ensino como objeto de investigação para apreender uma possível influência das avaliações externas no processo de ensino se deve ao fato de que tais documentos representam o planejamento e a organização da ação educativa do professor, conforme Moretto (2007). A pesquisa se justifica, ainda, pelo fato de a escola ser parte de uma estrutura inserida em um campo, tal como define Bourdieu (1983), sujeita a lutas motivadas ou reiteradas pela busca de capital simbólico, reconhecido, por exemplo, pela posição ocupada nos rankings das avaliações externas. Nessas circunstâncias, o bom profissional seria aquele que aderisse às regras do jogo, engajando-se em projetos estatais, a exemplo das avaliações externas. O trabalho ocorreu no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional (Gepave) da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp). Optou-se pela metodologia pautada na abordagem qualitativa com entrevistas

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semiestruturadas, análise documental e discussão em grupo, envolvendo professores dos Ciclos I e II. Buscamos estabelecer um diálogo sobre o uso ou não das avaliações externas como orientadoras do currículo, cientes de que se trata de um estudo de caso, evitando generalizações. Concluímos que os professores, ao contrário do que apontam alguns estudos, não têm conhecimento das matrizes de referência nacionais, nem mesmo daquelas do município, e, por isso, não as utilizam para desenvolver seus planos de ensino, ensejando debate sobre a singularidade da escola. Assim, para elaborarem seus planos, os docentes valorizam o próprio conhecimento e o de outros colegas, além dos livros didáticos. A afirmação de que as matrizes de referência das avaliações externas estejam reduzindo o currículo e condicionando a prática pedagógica não se evidenciou na escola pesquisada, conclusão ancorada na constatação de que os planos de ensino, mesmo não sendo a principal ferramenta de auxílio do trabalho docente, permitem apreender parcela de concepções e de elementos organizativos da ação pedagógica.

Palavras-chave: Avaliação Externa; Matrizes de Referência; Planos de Ensino.

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34.2. Da excelência escolar à excelência no trabalho: os paradoxos da cultura meritocrática

Leonor Torres University of Minho, Institut of Education

Resumo Embalada pelas recentes mutações operadas aos níveis macro-económico e educativo, a escola pública portuguesa tem vindo progressivamente a incorporar um ideário meritocrático focado na produção de resultados e na celebração da excelência académica como ritual de distinção. Embora a instituição Escola não se tenha desvinculado da sua matriz democratizadora, denota-se contudo uma certa erosão deste pilar constitutivo e identitário, agora subordinado às lógicas de promoção do desempenho académico. Esta comunicação visa debater criticamente os sentidos da agenda meritocrática na esfera educativa e sua relação com o mundo do trabalho. Num primeiro momento, apresenta-se uma sinopse da evolução da relação educação-trabalho nas últimas quatro décadas, destacando as mutações ocorridas ao nível dos mandatos da escola pública e do acesso dos jovens ao mercado de trabalho. Focando com mais profundidade a última década, marcada pela expansão da cultura meritocrática, avança-se, num segundo momento, para uma abordagem crítica das conceções de excelência valorizadas no universo escolar e no mundo do trabalho. Do ponto de vista metodológico, recorre-se a dados de natureza quantitativa (método extensivo) e qualitativa (método intensivo, baseado em dois estudos de caso) recolhidos no âmbito de um projeto PTDC/IVC-PEC/4942/2012 - Entre Mais e Melhor escola: a excelência académica na escola pública portuguesa. Do ponto de vista extensivo, efetuou-se um levantamento dos diversos mecanismos de distinção académica implementados nas escolas e agrupamentos de escolas com ensino secundário em Portugal. No âmbito dos estudos de caso realizados em instituições escolares, recolheu-se uma grande diversidade de dados

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com o propósito de compreender os contornos multidimensionais deste fenómeno. Os resultados preliminares apontam a excelência como um importante referencial na vida das instituições contemporâneas, sendo possível sinalizar os seus efeitos nos modos de regulação da educação e do trabalho. Por outro lado, constata-se que o modelo de excelência induzido pela cultura escolar assenta em valores e disposições nem sempre conciliáveis com o modelo de excelência requerido pelas organizações de trabalho. A progressiva expansão de uma cultura da excelência baseada num único princípio de mérito, que assume configurações distintas na educação e no trabalho, tende a arrastar (novos) fenómenos de desigualdade e de exclusão, mesmo no interior de um círculo (de elites) que outrora estava imune a estes processos.

Palavras-chave: Excelência escolar; Meritocracia; Educação e trabalho.

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32.3. O projeto de in(ter)venção do diretor: um documento esquecido na gestão estratégica da escola?

Jorge Costa Universidade de Aveiro

Patrícia Castanheira Universidade de Aveiro

Resumo Com a publicação do decreto-lei 75/2008, os candidatos ao órgão de gestão e administração das escolas públicas portuguesas passaram a ter a obrigatoriedade de apresentar um documento de ação estratégica, o projeto de intervenção do diretor, ao conselho geral da escola ou agrupamento de escolas às quais estão a concorrer. O presente trabalho pretende analisar o tipo de utilização que o diretor faz deste documento após a sua eleição, quer em termos de orientação da sua ação, quer da sua visibilidade junto da comunidade escolar. Para o efeito, conjugámos os resultados da aplicação de um inquérito por questionário, de entrevistas semiestruturadas a diretores de escolas ou agrupamentos de escolas públicas portuguesas e de consulta dos respetivos sítios na internet. As principais conclusões do estudo prendem-se com a fraca utilização do documento enquanto instrumento de ação estratégica no quotidiano dos diretores inquiridos e entrevistados. Deste modo, poder-se-á afirmar que o documento em questão terá um pendor mais de formalismo técnico-burocrático bietápico – relevante nos períodos de concurso e de recondução – contrariando as lógicas subjacentes ao que se encontra plasmado na legislação, ou seja, a sua implicação na gestão estratégica da escola. Investigação financiada pela FCT/MEC, através de uma bolsa de Investigação com a referência SFRH/BPD/79097/2011, financiada pelo POPH-QREN - Tipologia 4.1. – Formação Avançada, comparticipado pelo Fundo Social Europeu e por fundos nacionais do MEC; e pela FCT/MEC

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através de fundos nacionais (PIDDAC) e cofinanciado pelo FEDER através do COMPETE – Programa Operacional Fatores de Competitividade no âmbito do projeto PEst-C/CED/UI0194/2013.

Palavras-chave: Projeto de intervenção; diretor da escola, liderança escolar; visão; ação estratégica.

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32.4. A liderança das escolas: avaliação externa e perceções dos professores

José Lourenço Universidade Lusófona

Beatriz Bettencourt Fundação Cesgranrio

Resumo A comunicação apresenta uma pesquisa sobre a liderança das escolas públicas em Portugal que foi empreendida com o fim de compreender os resultados das avaliações externas das escolas. De facto, na avaliação externa (AE), relativa aos anos de 2009/2011, a área da Liderança é aquela em que foram atribuídas melhores classificações, tendo sido avaliada como “Muito Bom” num terço das escolas. Contudo, na área Resultados, as classificações são, comparativamente, bastante baixas. Os resultados da avaliação externa apontam globalmente para que as escolas estão a ser geridas, maioritariamente, por excelentes líderes, que elas prestam um bom serviço educativo mas que, no entanto, os resultados globais são apenas satisfatórios e é insatisfatória a sua capacidade de autorregulação. Estes resultados encontram-se em contradição com os actuais conhecimentos científicos na área, que comprovam uma forte relação entre “boa liderança” e obtenção de bons resultados pela escola. O objetivo da pesquisa foi confrontar os resultados da AE com as percepções dos professores relativamente às práticas dos seus líderes escolares. Para tal foi utilizado o questionário “Leadership Practices Inventory – Observer” (2003), que se baseia na conceção de liderança transformacional de Kouzes e Posner. O universo do estudo são 13 escolas da região da grande Lisboa que, nos anos de 2009/2010 e 2010/2011, obtiveram na AE a classificação de

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Suficiente (6) e de Muito Bom (7) no domínio da Liderança. O questionário foi aplicado a 127 professores, em 2012. Como resultado da pesquisa verificou-se que as perceções dos professores relativamente às práticas de liderança das direções escolares melhor e pior classificadas (Suficiente e Muito Bom) apresentam diferenças estatisticamente significativas. As lideranças melhor classificadas pela AE são percepcionadas pelos professores como desenvolvendo mais práticas transformacionais do que as piores classificadas. Contudo, mesmo as melhores lideranças escolares são vistas com pouco transformacionais pelos docentes. Os valores obtidos nas diferentes práticas transformacionais são inferiores aos valores médios de referência, e de forma particularmente aguda no item “inspirar uma visão comum” e em questões como: “Envolve as pessoas numa visão comum para mostrar como seus interesses de longo prazo podem ser realizados” ou “Descreve uma imagem estimulante de como o futuro poderá ser”. Podemos concluir que os melhores líderes escolares não conseguiam, em 2012, motivar os professores e mobilizá-los em torno dos objetivos organizacionais. Não podemos deixar de nos interrogar sobre a evolução desta situação no actual contexto de crise social.

Palavras-chave: Liderança Escolar; Avaliação Externa; Liderança Transformacional; Leadership Practices Inventory.

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32.5. Reflexões sobre a responsabilidade social no ensino superior brasileiro

Rosa Conceição UNIEURO

Celina Oliveira Centro Educacional Paula Souza

Resumo Administração Educacional, Gestão e Lideranças Este artigo aborda a gestão no ensino superior a partir de reflexões sobre a responsabilidade social, considerando o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). As iniciativas para o aperfeiçoamento da gestão do ensino superior brasileiro precisam ser debatidas e reexaminadas à luz da efetividade dos normativos governamentais voltados para a avaliação dos cursos de graduação e pós-graduação. Assim, objetivou-se neste artigo, identificar e analisar as iniciativas governamentais de avaliação que visem à melhoria do ensino universitário no tocante ao tema responsabilidade social. A instituição de ensino superior não é vista apenas como uma entidade especialista é vista também como parte implementadora de políticas governamentais, que perpassam o processo de promoção da responsabilidade social e levam ao aprimoramento das ações governamentais para atender os direitos sociais dos cidadãos. Em relação à metodologia, a partir de pesquisa bibliográfica, foi necessário buscar referencial teórico sobre o tema, e, em seguida, refletir sobre as normas do Ministério de Educação e Cultura (MEC), especificamente a Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, que instituiu o SINAES, no que tange à responsabilidade social, e sua aplicação nos institutos de ensino superior. Concluiu-se que na atualidade, o ensino superior é instado a ser uma fonte de compartilhamento de saberes, que fortaleçam a solidariedade entre os homens, exigindo um olhar permanente dos gestores e docentes para o

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mundo, de forma a que o conhecimento transmitido seja cada vez mais transformado em práticas modificadoras do ambiente social. Palavras-chave: Educação; Gestão; Responsabilidade.

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32.6. O trabalho do secretário em escolas públicas no Acre: o coordenador administrativo e o técnico em assuntos educacionais indígenas

Verónica Lima da Fonseca Almeida IFB

Resumo Este estudo trata sobre as diferenças no trabalho dos profissionais da secretaria escolar dentro do sistema de gestão educacional envolvendo a unificação do sistema estadual e municipal de educação pública no estado do Acre, Brasil. Com o Sistema Único de Educação (SUE) as escolas passaram a serem reordenadas e monitoradas pela Secretaria de Educação, havendo também uma classificação por tamanho segundo números de alunos matriculados nas escolas. Essa tipificação foi estabelecida a partir da aprovação da Lei nº 1.531/2003 que dispõe da gestão democrática do sistema de ensino público no Acre. A mudança começou a ser desenhada a partir do ano de 2003 com a aprovação da atual Lei de Gestão nº 1.513/2003, que tipificam as escolas de A a D conforme número de alunos matriculados. Objetiva-se analisar como essa tipificação influência na diferenciação no trabalho dos profissionais da secretária escolar. Utilizouse a metodologia qualitativa com a realização da pesquisa de campo com desenvolvimento de entrevista na escola (com o coordenador administrativo e diretor) e na secretaria de educação (com o Técnico em Assuntos Indígena) na cidade de Cruzeiro do Sul. Os resultados mostraram que a tipificação e classificação influência também nas condições de acesso de recursos financeiros, humanos, tecnológicos e na assistência pedagógica e administrativa das redes de educação estadual e municipal. Dessa maneira, temos a diferença no trabalho dos secretários escolares que pela tipificação só está presente em escolas do tipo B (101 a 900 alunos), C (901 a 2000 alunos) e D (Acima de 2001 alunos) sendo identificado como

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coordenador administrativo com muitas atribuições. Já na escola do tipo A (com menos de 100 alunos) que na investigação foi realizada pelo modelo da escola indígena, onde prevalecem poucos alunos e temos o Técnico em Assuntos Indígenas que fica na Secretaria de Educação dando assistência nas escolas das aldeias. As semelhanças no trabalho envolvem as atribuições na realização de matrícula, compra de material e a realização do senso escolar, sendo muito semelhante o papel do técnico indígena no meio rural e a do coordenador administrativo na escola urbana. Mas as diferenças no trabalho desses profissionais são marcantes, pois o técnico em assuntos indígenas é um representante indígena e tem uma posição política para resolução das questões das aldeias, enquanto que o coordenador tem uma função mais administrativa na escola.

Palavras-chave: Atribuições-administrativas.Assuntos-indígenas. Tipificação-escolar.

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35. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS

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35.1. Mestrado profissional em gestão educacional: construindo uma experiência inovadora Mari Foster Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Resumo O texto relata a experiência de um Mestrado Profissional, iniciado em março de 2013, analisando o seu Projeto Político-Pedagógico e registros do processo de acompanhamento de sua implantação; apresenta alguns aspectos que caracterizam a intencionalidade de a mesma ser uma proposta inovadora e se constituir numa experiência significada para os envolvidos. Destacam-se, entre outros aspectos, a origem do Programa, constituída historicamente em diálogo com a comunidade; a concepção de parceria construída entre três instituições de ensino superior; as possibilidades de intercâmbio e cooperação geradas e a sua proposta pedagógica. Destaca atividades curriculares e de gestão, vivenciadas sob a forma compartilhada, com vistas a dar corpo a um de seus pressupostos fundamentais: qualificar a prática da gestão, entendendo-a como exercício democrático, aberto à contestações, ao debate, construído coletivamente, oferecendo possibilidades aos seus docentes e alunos de experimentarem ações que rompam com práticas tradicionais e lineares. Os argumentos apresentados sustentam-se em Larrosa Bondia(2001), Cunha (2006 ) e Estevão (2012), entendendo ser possível viver o Curso implantado de maneira inovadora, rompendo com práticas educativas dicotômicas. Para tal, defende-se a mobilização de dois processos essenciais: a deliberação e a contestação, sustentados nos eixos analíticos do diálogo e da reflexão (FREIRE, 2001).

Palavras-chave: Mestrado Profissional; Gestão educacional; Práticas inovadoras.

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35.2. Os «peritos» externos nos territórios educativos de intervenção prioritária de «segunda geração»: inquirindo a sua ação

Ana Gama Escola Superior de Educação de Lisboa

Resumo A investigação mais alargada que estamos a desenvolver tem como objetivos descrever, analisar e discutir o papel dos “peritos” e do conhecimento pericial nas políticas públicas em educação, focalizando-se sobre as diversas modalidades de «Políticas de Educação Prioritária» postas em marcha em Portugal, no período compreendido entre 1995 e 2012. Os estudos que têm sido desenvolvidos no âmbito da análise das políticas públicas têm evidenciado que se assiste a uma recomposição do papel do Estado e a novos modos de intervenção governativa. Por um lado o Estado quer manter o seu papel na definição, pilotagem e execução das políticas públicas, mas por outro tem que partilhar, este mesmo papel, com outros atores e entidades. É neste contexto que o recurso mais frequente ao “perito” externo e ao conhecimento pericial tem assumido uma maior relevância nos últimos anos. Pretendemos estudar este fenómeno recorrendo à perspetiva da análise de ação pública (Lascoumes & Le Galès, 2007) e à abordagem cognitiva das políticas públicas. Este quadro teórico permite-nos olhar para estes “novos” atores que se encontram a multiníveis e estudar o peso dos elementos do conhecimento, das ideias, das representações ou das crenças sociais (Surel, 2004). Esta comunicação centra-se no cenário do Programa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária de “segunda geração” (TEIP2). Neste programa foram criadas três estruturas – conselho consultivo, comissão de coordenação permanente e equipas multidisciplinares – que poderiam

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integrar “peritos externos”. Foi a partir do mapeamento dos “peritos” que integraram estas equipas que se constituiu uma amostra de 12 “peritos”, à qual foram realizadas entrevistas semiestruturadas. Aqui apresentamos e discutimos os primeiros dados preliminares da análise que foi realizada a quatro destas entrevistas, considerando as seguintes dimensões: formas de recrutamento, modelos de ação dos “peritos” e modos de regulação. Palavras-chave: “Peritos”; ação pública; TEIP; regulação (novos modos de).

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35.3. Análise Comparativa de Modelos de Referenciais de Qualidade na Educação a Distância

Matilde Araújo UTAD

Maria João de Carvalho UTAD

Carlos Machado dos Santos UTAD

Resumo O presente artigo faz uma análise comparativa dos referenciais de qualidade para cursos de graduação na modalidade a distância, à luz dos fundamentos da gestão da qualidade . O estudo justifica-se pela relevância da temática, considerando a importância que essa modalidade de ensino vem assumindo no meio acadêmico, bem como pelo fato de que um sistema de educação a distância é complexo e que o gerenciamento dos seus componentes é fundamental para a garantia da qualidade de todo o seu processo. Trata-se de uma pesquisa descritiva, em que foram, analisados os modelos de referenciais de qualidade apresentados por MEC (2009), Marshall (2012), Masoumi e Lindstrom (2012), Ossiannilsson e Landgren (2012) e ENQA (2009). A pesquisa tem uma abordagem qualitativa e os dados foram analisados utilizando-se a técnica de análise de conteúdo, com o auxilio do software atlas.ti. Os resultados foram agrupados nas seguintes dimensões da qualidade: concepção de educação a distância, concepção de currículo, sistemas de comunicação, material didático, avaliação da aprendizagem, avaliação institucional (interna e externa), equipe multidisciplinar, polos de apoio presencial, infra-estrutura de apoio, gestão administrativa e sustentabilidade financeira. Conclui-se que a garantia da qualidade pode ser obtida através de uma diversificada gama de indicadores

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que possam abranger o complexo e dinâmico ambiente da educação a distância.

Palavras-chave: Educação a distância; Educação superior; Avaliação institucional; Referenciais de qualidade.

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35.4. Autovaliação das escolas: uma abordagem intensiva para compreensão dos mecanismos de tradução da política

Elvira Tristão Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Resumo Propósito do estudo: A comunicação baseia-se num estudo de caso múltiplo que desenvolvemos no âmbito da investigação para a tese de doutoramento que tem como objetivo analisar a implementação da política pública de autoavaliação das escolas. Concebendo uma política pública enquanto processo plural através do qual conhecimento e política são mutuamente construídos e reconstruídos, estudamos a autoavaliação institucional com enfoque nos mecanismos de difusão e de tradução desses conhecimentos e, por conseguinte, dessa política. O estudo centra-se no ponto de vista dos atores que, nas escolas, são responsáveis pela montagem de dispositivos de avaliação institucional, procurando compreender e interpretar as traduções que fazem da política de autoavaliação das escolas e de que forma esses dispositivos contribuem para a alteração dos modos de regulação da educação. Métodos de pesquisa: Desenvolvemos o estudo de caso múltiplo nas escolas e agrupamentos de escolas públicas de dois concelhos de média dimensão na sub-região do Médio Tejo. Num conjunto de quatro (mega) agrupamentos de escolas e de uma escola profissional, realizamos vinte e três entrevistas semiestruturadas, das quais cinco coletivas que tiveram como entrevistados os gestores de topo das organizações escolares e os docentes coordenadores das equipas de avaliação interna. As restantes, foram realizadas a docentes

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que participaram nos processos de implementação de dispositivos de avaliação interna. Organizamos a recolha e tratamento da informação em função dos seguintes eixos de análise: 1º) os processos, nomeadamente as circunstâncias da sua implementação, os atores envolvidos e o seu papel, as estratégias usadas para mobilização de conhecimentos, os modelos utilizados, a execução e o planeamento das tarefas, e os constrangimentos sentidos; 2º) os sentidos atribuídos à autoavaliação institucional, concretamente, como concebem esta atividade no âmbito das suas funções profissionais e que importância lhe atribuem; 3º) os efeitos decorrentes dessas atividades percecionados pelos atores. Resultados (provisórios): Uma análise provisória dos dados sugere-nos algumas regularidades: a pressão pelos resultados escolares como motor de mudança das práticas; a ressignificação de lógicas burocráticas com recurso à estatística; a subordinação da autoavaliação à avaliação externa; a prevalência de lógicas gerencialistas e de controlo em detrimento do seu potencial de aprendizagem; a adoção de modelos estruturados de autoavaliação e as atividades de bricolagem por parte dos docentes que os transformam em práticas de avaliação interna híbridas e justapostas. Conclusões: As conclusões do estudo estão dependentes de uma análise cruzada destes resultados com os dados obtidos no estudo extensivo que realizamos no âmbito da investigação para a tese de doutoramento.

Palavras-chave: Autoavaliação; política; conhecimento.

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35.5. Rumo a uma ordem profissional dos professores? Henrique Ferreira Associação Nacional de Professores

Resumo O autor analisa a evolução das conceções sobre a profissão docente, ao nível da educação pré-escolar e do ensino não-superior, nos últimos 40 anos, em Portugal Continental. Para o efeito, o autor mobiliza três conceitos da literatura da sociologia das profissões: o de professor funcionário público, o de professor semi-profissional e o de professor profissional, e procura identificar os aspectos que, ao longo desta evolução, mais caracterizaram a profissão docente. O autor cruza esta análise com a progressão ético-deontológica da profissão e discute a pertinência e oportunidade de uma ordem profissional dos professores. O autor analisa documentos leis, decretos-Lei e regulamentos à luz das conceções teóricas e empíricas subjacentes à autonomia profissional, tanto do ponto de vista do saber académico e profissional como de uma componente deste, a ética profissional docente, consagradas na literatura da sociologia das profissões e da ética profissional. Face à análise, o autor evidencia a necessidade de aprofundamento do percurso de formação científica, pedagógica, relacional e de orientação educacional encetado nos últimos 20 anos, como fundamentos para a autonomia profissional e ético-profissional da profissão docente e como requisito para a outorga pelo poder político-educacional da autonomia profissional. Palavras-chave: Professor; profissão docente; sociologia da profissão docente; ética profissional; autonomia profissional.

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35.6. Gestão de cursos na Universidade Aberta do Brasil Luciene Borges Tavares Universidade do Estado do Pará

Ormezinda Maria Ribeiro Universidade de Brasilia

Resumo A Universidade Aberta do Brasil (UAB), surge como resposta às demandas por cursos em educação a distancia (EaD), e vem ocupando um lugar de destaque nas organizações educativas. O processo de ensino e aprendizagem com o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), passa a ser um ambiente com possibilidades múltiplas. Para se conhecer as principais dificuldades na gestão dos cursos de Letras e Biologia da UnB, nesse sistema, fez-se o uso da abordagem qualitativa a partir do estudo de caso, com os recursos da entrevista, inquérito por questionário, observação não participante, e análise documental. Foi possível concluir que há, desarticulação administrativa e pedagógica na gestão dos Cursos, dificuldades quanto à restrita infraestrutura de apoio no Polo, indefinição de parcerias e recursos diversos; são garantidas nos Cursos: a dimensão técnico-científica para o mundo do trabalho, e a dimensão política para a formação cidadã.

Palavras-chave: Gestão; EaD; Cursos; UAB; TIC

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36. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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36.1. Novos jogos didáticos para o ensino da matemática em turmas de correção de Fluxo, Idade-Série

Elisabete Castro D’Oliveira Instituto de Educação Sarah Kubitschek – SEEDUC

Resumo O ensino em turmas de correção de fluxo idade-série é, ainda hoje, um desafio para muitos professores e alunos. Percebe-se que há uma insatisfação muito grande por parte dos professores, que não conseguem atingir certos objetivos educacionais propostos e uma desmotivação entre os alunos, que consideram o estudo e a permanência na escola algo tedioso e inútil após anos de sucessivas repetências escolares. O desenvolvimento de estratégias modernas e simples, utilizando jogos e outros recursos didáticos se apresentam como uma boa alternativa, pois através deles o professor pode transformar conceitos totalmente teóricos em peças que se encaixem em níveis de dificuldade que podem variar de acordo com o perfil de cada turma e o que se pretende abordar. Neste trabalho, foram desenvolvidos, confeccionados e testados quatro jogos didáticos para o ensino de matemática: Baralho Tabú, Tabuleiro Tabú, Baralho MDC e Viagem dos Múltiplos, apresentados aos alunos seguindo a sequência do currículo escolar. Utilizados em turmas de correção de fluxo idade-série do Programa Acelera Brasil e Se Liga Brasil, ambos em parceria do Instituto Ayrton Senna com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro, Brasil. O Baralho Tabú trabalhou o conceito de multiplicação através da soma repetida e o Tabuleiro Tabú fixou os conceitos anteriores, colaborando para tornar mais ágil o raciocínio. O Baralho MDC explorou os conceitos de divisão, conjunto de divisores e relações entre eles e a Trilha dos Múltiplos trouxe, na sequência, a operação inversa com conjuntos de múltiplos e relações entre eles. Através dos jogos foi mais fácil levar os alunos a

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questionamentos que eles só alcançaram a complexidade após experimentarem, de alguma forma, uma dificuldade encontrada para se alcançar um objetivo, que no caso do jogo é a vitória. Todos os alunos envolvidos no projeto apresentaram aumento do rendimento cognitivo, domínio dos conteúdos abordados, diminuição da infrequência e melhoria gradativa no comportamento da convivência escolar. Os jogos foram repassados a todas as turmas de correção de fluxo da secretaria municipal de educação através de oficinas e palestras aos professores. Um ano após o início do projeto, os jogos foram disponibilizados, através de um blog, para todos os professores, evidenciando que os jogos criados para as turmas de correção de fluxo também se mostravam eficientes em turmas regulares, sendo reproduzidos por professores em vários estados do Brasil, em turmas do terceiro ao sétimo ano de escolaridade. O Baralho Tabú foi o jogo mais reproduzido, utilizado em pelo menos 277 escolas, onde houve a notificação formal da reprodução do jogo.

Palavras-chave: Didática; Jogos; Matemática.

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36.2. O (e)Portfolio no Desenvolvimento Profissional de Professores: uma experiência no contexto da Didática da Matemática na Educação Pré-Escolar

Daniela Gonçalves ESE de Paula Frassinetti

Resumo O presente texto pretende ser um contributo na investigação educacional, em especial ao nível das estratégias de formação de professores, focalizando-se em processos reflexivos que decorrem da utilização de (e)portfolios no contexto da formação de professores. Tendo em conta a experiência de estágio que acontece ao longo de um ano letivo no curso de Mestrado em Educação Pré-Escolar, a metodologia formativa implementada no âmbito da unidade curricular de Didática da Matemática na Educação Pré-Escolar, durante o 1º semestre do ano letivo de 2012/2013, privilegiou as situações reais do contexto educativo em que cada estudante desenvolveu a sua intervenção pedagógica, que funcionaram como ponto de partida para os processos reflexivos de natureza pessoal, académica e profissional. A análise aos (e)portfolios elaborados permite descrever as vantagens da utilização desta estratégia de formação quer do ponto de vista do docente, quer na perspetiva dos futuros educadores de infância, salientando as inúmeras e diversas possibilidades de desenvolvimento profissional (e pessoal), designadamente no que se refere à construção do conhecimento didático no âmbito da Educação Matemática. A não definição prévia de uma estrutura rígida subjacente ao (e)portfolio, viabilizou, como mostraremos, uma aprendizagem personalizada que está patente não só na variedade das evidências incluídas, de acordo com um exercício reflexivo

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que as sustenta, como também nos distintos formatos que foram apresentados. Palavras-chave: (E)portfolio; Desenvolvimento profissional de professores; Conhecimento didático.

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36.3. Literacia Científica e Educação para a Ciência em trabalho de projeto interdisciplinar

Teresa Guedes Ministério da Educação e Ciência

Resumo Atualmente, pretende-se formar cidadãos informados, capazes de participar em debates científicos, atentos às causas e às consequências inerentes ao conhecimento, bem como à sua aplicação no quotidiano. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo propor uma reflexão e análise das potencialidades do trabalho de projeto interdisciplinar, para o desenvolvimento da literacia científica e da educação para a ciência. Os projetos desenvolvidos, nomeadamente o “Projeto Célula” e o “Projeto Trilobite”, envolveram a participação de professores das disciplinas de Ciências Naturais e de Educação Visual, bem como de quatro turmas de alunos do sétimo ano de escolaridade, totalizando 98 alunos. Os projetos fizeram parte do Plano Anual de Atividades de um Agrupamento, na área de Lisboa, no ano letivo 2012/2013, inseridos no âmbito das linhas de ação estratégicas do seu Projeto Educativo. Os referidos projetos tiveram, como objetivos, contribuir para o desenvolvimento da literacia científica dos alunos, assim como aprofundar a aquisição de aprendizagens curriculares, nas disciplinas de Ciências Naturais e Educação Visual, através da articulação transversal de conteúdos programáticos, entre estas disciplinas, com base no trabalho colaborativo docente e entre alunos, e no envolvimento da comunidade educativa. A metodologia utilizada, predominantemente qualitativa, centrou-se num projeto de investigação-ação. Tendo como ponto de partida a criação e construção de modelos tridimensionais de células eucariotas (animais e vegetais), de células procariotas e de modelos tridimensionais de trilobites, foi analisado o desenvolvimento da literacia científica dos alunos, ao longo

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de um ano letivo, considerando as atividades práticas e os trabalhos de projeto concretizados, cruzando conteúdos de Ciências, e técnicas de desenho e modelagem de expressão plástica. A análise dos dados permitem concluir que há potencialidades no trabalho de projeto interdisciplinar, para o desenvolvimento da literacia científica e da educação para a ciência, tendo por base o trabalho colaborativo, quer de alunos, quer de professores. Assim, na assunção das (des) vantagens do mesmo, interessa equacionar novos caminhos, capazes de motivarem os alunos, numa efetiva Educação para a Ciência.

Palavras-chave: Literacia científica; Educação para a ciência; Trabalho colaborativo; Trabalho de projeto; Interdisciplinaridade.

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36.4. Abordagem dos Modelos Didáticos como Mecanismo para Aprimoramento do Ensino da Matemática

Thamara Rodrigues UNIMONTES/PIBID/CAPES

Rómulo Veloso UNIMONTES/PIBID/CAPES

Resumo Grande parte dos alunos apresenta baixo nível de proficiência em diversas áreas do conhecimento, principalmente em relação à disciplina de Matemática. Essas dificuldades podem muitas vezes ocorrer não pelo nível de complexidade ou pelo fato de não gostarem, mas por fatores mentais e pedagógicos. As deficiências oriundas de fatores pedagógicos podem ser minimizadas pela inserção de recursos didáticos que sejam mais atrativos. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência-PIBID proporciona ao acadêmico uma reflexão sobre a docência no Ensino Superior, onde as concepções do aprendizado, as novas técnicas e práticas de ensino fundamentam a formação de um profissional melhor preparado para os desafios da docência, pensando na atuação deste no âmbito das atividades e propostas escolares. Nessa perspectiva, este estudo busca aprimorar métodos para o ensino da matemática. Métodos de ensino e aprendizado da matemática, feitos e pensados através de jogos, oficinas e mini cursos apresentados, elaborados e aplicados pelo acadêmico na escola. O objetivo geral desse trabalho é proporcionar ao aluno da Educação Básica um melhor rendimento escolar e desenvolvimento do raciocínio lógico. Relataremos neste trabalho a experiência da aplicação de um projeto de inovações e técnicas de ensino, que tem por título “Matemática e suas inovações”, elaborado por acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática da UNIMONTES e bolsistas do subprojeto Matemática Montes Claros, no âmbito do PIBID/UNIMONTES, aplicada na Escola Municipal

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Afonso Salgado. Onde tem possibilitado ao acadêmico uma abordagem metodológica bem como a fundamentação teórica que busca orientar os alunos da escola para um melhor desempenho e entendimento do conteúdo, antecipando alternativas de práticas a serem adotadas pelo docente em formação como melhoria de ensino e da aprendizagem. O acompanhamento das melhoras ocorreu através a aplicação de provas diagnosticas para avaliar a evolução do aluno referente à matemática após a aplicação de jogos e oficinas matemáticas conduzindo a resultados extremamente satisfatórios em alguns casos. Escolhemos a Escola Estadual Afonso Salgado pelo fato de ser a escola com menores índices nos indicadores de avaliação, tanto na Prova Brasil quanto na OBMEP. A aplicação da Prova Brasil e da OBMEP são aguardadas como indicadores para estes trabalhos.

Palavras-chave: Metodologias; Ensino; PIBID.

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36.5. Circo da Física: Experimentos lúdicos para despertar o interesse pela Física

Ricardo Rocha PUC-Minas

Welerson Freitas PUC-Minas

Flávio Resende PUC-Minas

Vânia Moura PUC-Minas

Resumo Um dos desafio enfrentado em escolas é tornar o aprendizado agradável e motivador para o estudante que está geralmente associado a didática e percepção da classe desenvolvida pelo professor. Neste contexto, o Circo da Física é um projeto onde o alunos dos primeiros semestre de graduação em Curso de Física da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) em sua própria matéria de estudos (Prática de ensino I e II) começam a ter contado direto com o público ao qual eles iram trabalhar após sua formação. Neste projeto são desenvolvidas experiências envolvendo conceitos de Física oferecendo aos estudantes do ensino fundamental e secundário e seus familiares contato experimental com os fenômenos naturais e os conceitos a eles relacionados. O alunos do Curso de Física participam primeiramente planejando, analisando e criando experiências relacionadas a conceitos de Física seguida pela aplicação dos experimentos nas escolas propiciando um aprendizado prático de métodos didáticos. O sucesso do programa foi demonstrado pelo número de escolas que requereram a aplicação do projeto, a demanda de alunos que participaram em todas as etapas e construção de um website para divulgação do projeto. Um dos pontos importantes do projeto é seu caráter

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inovador e dinâmico, onde alunos do curso de Física da PUC Minas propõem novas experimentos com base nas expectativas do participantes das atividades. Além disso, o projeto pretende implementar, junto ao Museu de Ciência Naturais da PUC Minas, uma área destinada à divulgação da Física, com potencial de expor o conhecimento com uma linguagem acessível para um maior público com diferentes níveis de escolaridade.

Palavras-chave: Divulgação Científica; Ciências; Formação de Docentes; Educação

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36.6. Compreender e Prevenir o Erro: Contributos para a Aprendizagem da Competência Ortográfica (Um estudo no 2.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico)

Diana Ribeiro Universidade do Minho

Carlos Silva Universidade do Minho

Resumo Este trabalho apresenta todo o percurso investigativo realizado durante um projeto de intervenção pedagógica desenvolvido numa turma do 2.º ano de escolaridade do Ensino Básico. Configurando-se como um projeto de investigação-ação, este teve finalidades, quer de natureza pedagógica, quer de natureza investigativa. Desta forma, o objetivo central deste projeto formaliza-se pelo interesse em conhecer o impacto de estratégias de intervenção no âmbito da promoção da competência ortográfica e da aprendizagem dos processos de escrita de textos. Nesse sentido, teve se também como objetivo compreender, aperfeiçoar e avaliar as práticas pedagógicas nas áreas em estudo, permitindo, assim, o desenvolvimento de competências profissionais. A intervenção pedagógica foi desenvolvida através da metodologia de Projeto Curricular Integrado, no qual se destaca a atividade integradora “Caça ao erro para melhor escrever!”, que é o objeto de estudo central da investigação. Esta intervenção consistiu na implementação de diferentes atividades e estratégias, mobilizadas em torno da ortografia e da escrita de textos, promovendo as habilidades metacognitivas dos alunos, para tornar as aprendizagens significativas e enriquecedoras. Para isso, recorre-se a diversas estratégias e instrumentos de recolha de informação que permitiram sustentar a avaliação do projeto. A análise dos dados recolhidos foi predominantemente qualitativa e pontualmente quantitativa.

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Os resultados obtidos revelam que os alunos evoluíram nos seus saberes relativamente às convenções da ortografia e aos processos de escrita de textos, nos quais se evidenciou igualmente a revisão ortográfica. Especificamente tendo em conta a competência ortográfica, os alunos compreenderam as estratégias recorrentes das duas vias utilizadas no acesso à escrita ortográfica das palavras do português: a via fonológica (unidades e regras de correspondência entre sons e unidades sonoras) e a via lexical (memorização da forma ortográfica da palavra). Do mesmo modo, os alunos demonstraram ter aprendido explicitamente estratégias que podem mobilizar para futuras situações de escrita, tanto ao nível da questão ortográfica, como de outros aspetos em jogo numa produção textual. A análise deste projeto finaliza-se com uma reflexão sobre os contributos do Projeto Curricular Integrado no desenvolvimento do currículo da educação básica, assim como no impacto do trabalho realizado no desenvolvimento de competências do perfil profissional da educação básica, das quais se salienta as capacidades de investigação, colaboração e reflexão.

Palavras-chave: Competência Ortográfica; Currículo da Educação Básica; Projeto Curricular Integrado; Perfil profissional.

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37. JUVENTUDE(S), EDUCAÇÃO E TRABALHO

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37.1. A importância social e educativa das bibliotecas populares em interface com o ato de ler

Cesar Guerra Universidade de São Paulo

Resumo Este trabalho tem como objetivo apresentar a importância social das bibliotecas populares como um espaço de acesso ao conhecimento que desempenha uma função educativa valiosa, em especial na construção do ato de ler. Para compreender tal importância o estudo estará sob a perspectiva teórica e prática do educador brasileiro Paulo Freire. Para o autor a compreensão do ato de ler é algo mais complexo do que um simples ato mecânico e sistemático de leitura apresentada através da escrita, para Paulo Freire: "A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele" (FREIRE, 2011, p.19 e 20), ou seja, todo o conhecimento prévio, as vivências e a realidade de cada grupo já serão considerados uma forma de leitura e o que Freire denomina de "palavramundo". Poderemos compreender a ideia de palavramundo através do relato do educador brasileiro: Os "textos", as "palavras" e as "letras" daquele contexto se encarnavam no canto dos pássaros - o do sanhaçu, o do olha-pro-caminho-que-vem, o do sabiá [...], as aguas da chuva brincando de geografia: inventando lagos, ilhas, rios, riachos [...] no cheiro das flores-das rosas, dos jasmins-, no corpo das árvores, na casca dos frutos. Na tonalidade diferente de cores de um mesmo fruto em momentos distintos (FREIRE, 2011, p.21). Com a compreensão da concepção da "palavramundo", trazida por Freire, a função das bibliotecas como espaços de acesso ao conhecimento cria outra dimensão, pois estas deixam de ser um espaço onde há livros depositados silenciosamente, mas terão vida e contexto com a realidade da comunidade

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e região que se encontra. É necessário criar um centro de ação e cultura que atenda toda a realidade e necessidade do povo, que seja acessível e compreensível, com isso a necessidade de que as bibliotecas estimulem diversas atividades e o interesse, que dialoguem com os presentes que ocasionará consequentemente uma busca maior de livros e informações. Pensando em toda esta relação entre o ato de ler, a palavramundo e as bibliotecas populares o estudo demonstra a rica importância de uma dedicação especial à temática, sendo que esta pode ser recurso valioso para o desenvolvimento de uma prática educativa social útil. Referência bibliográfica Freire, Paulo (2011). A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez & Autores Associados.

Palavras-chave: Bibliotecas populares;Paulo Freire; Palavramundo; Ato de ler.

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37.2. A Problemática da Evasão Escolar nas Escolas de Ensino Técnico no Brasil

Celina Oliveira Centro Educacional Paula Souza

Antônio Marques Centro Educacional Paula Souza

Flávia Macedo Centro Educacional Paula Souza

Resumo Eixo Temático: Juventude(s), Educação e Trabalho A educação profissional e tecnológica é um tema que, desde meados dos anos noventa, vem ganhando destaque na pesquisa educacional no Brasil. Este destaque deve-se a proposição e execução de um amplo conjunto de reformas educacionais e ao estabelecimento de diversas políticas públicas e programas governamentais relacionados à temática. A busca pela educação profissional no Brasil é significativa, a demanda supera a oferta, mas a evasão está se tornando cada vez mais preocupante. As instituições de ensino profissionalizante têm se reunido constantemente à busca de ações para conter a situação. A disposição dos educadores em enfrentar o problema, não é suficiente. Diversas escolas técnicas buscaram informações, consultando alunos evadidos, para entenderem quais os problemas determinantes para a evasão. Algumas causas levantadas pelo Fórum de Educação Profissional do Estado de São Paulo e pela pesquisa efetuada em uma escola técnica do Estado de São Paulo direcionam os estudos para problemas socioeconômicos, falta de estabilidade familiar, estrutura das escolas, falta de interesse pela escola, baixa qualificação profissional dos jovens Objetivou-se neste artigo levantar bibliografia capaz de identificar as principais causas da evasão nas escolas profissionalizantes do Brasil. Analisar as pesquisas efetuadas nas escolas

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técnicas que se propuseram a consultar os discentes evadidos. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados do estudo podem servir para a tomada de decisões e de ações que combatam evasão. A conclusão faz uma reflexão sobre a problemática da saída de alunos nas escolas técnicas e os caminhos para uma educação inclusiva.

Palavras-chave: Educação; Evasão; Caminhos:

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37.3. Práticas de formação em contexto de trabalho no ensino profissional: reflexões a partir da perspetiva dos alunos

João Paulo Colaço Sónia Morgado Instituto Politécnico de Santarém

Anabela Vitorino Instituto Politécnico de Santarém

Resumo O presente trabalho foi desenvolvido no âmbito de um projeto de iniciativa comunitária, que integrou um conjunto de parcerias de aprendizagem em torno das temáticas do ensino e da formação de jovens em contexto de trabalho, com enfoque nas transições entre a escola e o mundo do trabalho. O ponto de partida centrou-se na reflexão sobre modalidades de formação em contexto de trabalho no espaço europeu, com especial destaque para a sinalização de boas práticas e para a promoção de novas metodologias de trabalho neste domínio, visando a melhoria das aprendizagens. Inscrevendo-se numa visão dinâmica da formação, o trabalho realça os valores da componente de formação em contexto de trabalho, associados a finalidades de natureza global comuns e à diversidade de características (duração, organização, projeto de escola), situações e especificidades de cada região (Marques, 1993) e identifica práticas de formação que se articulam no sentido de favorecer a motivação escolar dos jovens e reforçar as suas relações com o mundo do trabalho. Os objetivos que nortearam o trabalho foram os seguintes: i) Sinalizar boas práticas de formação em contexto de trabalho, na modalidade de estágio curricular; ii) Identificar novas modalidades de formação em contexto de trabalho, na modalidade de estágio curricular; iii) Analisar as perspetivas dos alunos face à componente de formação em contexto de trabalho e iv)

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Identificar constrangimentos e condições favoráveis ao desenvolvimento do ensino e da formação profissional de jovens. O trabalho mobilizou metodologias qualitativas, com recurso à análise de conteúdo da informação recolhida através de inquérito por questionário e entrevista semiestruturada, junto de alunos do ensino profissional, integrados na componente de formação em contexto de trabalho (estágio). Os resultados do trabalho, obtidos a partir das perspetivas dos alunos e ancorados num conjunto restrito de categorias de análise, favorecem a reflexão em torno do ensino e da formação profissional inicial de jovens e permitem a formulação de recomendações para dinamizar a componente de formação prática em contexto de trabalho.

Palavras-chave: Formação Prática; Contexto Aprendizagem; Estágios.

de

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Trabalho;

Ensino

Profissional;

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37.4. O Instituto Federal e a Formação do Técnico em agropecuária: contradições e Possibilidades em Projetos de Formação Profissional no Campo

Luciane Ferreira DeAbreu Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano

Ludmila Oliveira Holanda Cavalcante Universidade Estadual de Feira de Santana

Resumo Neste artigo, discutimos a formação do Técnico em Agropecuária no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus Catu, a partir da nossa leitura sobre o percurso das políticas educacionais no Brasil, nos anos 2000, à luz dos debates sobre a Educação Profissional e sobre a Educação do Campo. O debate e reflexão sobre tais áreas requerem o reconhecimento da realidade contraditória em que os trabalhadores estão inseridos, marcada pela disputa de projetos de sociedade diferenciados que também defendem processos formativos distintos. Trazemos os resultados da diagnose realizada junto aos docentes do Campus Catu, com foco nas concepções que os mesmos vêm construindo sobre formação integrada, face às suas experiências como professores do ensino médio integrado à educação profissional. O levantamento das informações foi realizado através de entrevistas individuais. Os relatos coletados nas falas dos sujeitos apontam para uma concepção de formação integrada cujo ponto central é a dimensão da integração curricular proposta no Curso Técnico em Agropecuária, ou seja, como uma possibilidade de articular conhecimentos das disciplinas da formação básica entre si ou com as disciplinas da formação específica, através de atividades ou projetos pedagógicos interdisciplinares. O conjunto de dados do estudo pode sinalizar que o projeto institucional de formação integrada de nível médio dos estudantes do Campus Catu carece ou anula as possibilidades de

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debates mais intensos sobre as nuances da formação para o rural, como objeto de disputa hegemônica na sociedade que tem no Estado uma coluna de apoio ao agronegócio como expressão da força do capital. No entanto, há um cenário institucional em constante mudança capaz de movimentar estes paradigmas formativos e provocar uma reflexão em torno da finalidade da formação.

Palavras-chave: Trabalho; Educação Profissional do Campo; Ensino Médio Integrado.

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37.5. Escola e mercado de Trabalho: o caso dos Cursos Profissionais

Ana Almeida Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Resumo Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre os Cursos Profissionais do Ensino Secundário, enquanto modalidade de formação qualificante para jovens. Estes adquirem atualmente um lugar de relevo no panorama educativo nacional, com um aumento significativo de alunos. Envolvendo formadores de áreas técnicas e empresas, nomeadamente para a concretização da formação em contexto de trabalho, estes assumem um papel relevante na relação entre a escola e o mundo do trabalho. Existem dados que nos remetem para uma situação favorável desta tipologia formativa em termos de inserção no mercado de trabalho mas outros indiciam constrangimentos em termos de inserção socio-profissional dos diplomados.

Palavras-chave: Cursos profissionais; Mercado de trabalho; Jovens.

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37.6. Os Alunos da Escola Pública e a Inserção no Ensino superior: A Afrobrasilidad Presente nos Espaços de poder

Marluce de Souza Oliveira Lima UFRRJ

Marlene de Souza Oliveira Escola Municipal Professor Joaquim de Freitas

Joanna De Ângelis Lima Roberto UFRRJ

Ângela Ferreira UFRRJ

Resumo O objetivo desta pesquisa é apresentar aos alunos do ensino fundamental das escolas públicas do Município de Queimados, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, o perfil das diversas profissões que se encontram no mercado atual, a fim de que se faça a escolha consciente de sua futura ocupação profissional, considerando-se para tanto, os alunos que se beneficiarão pela aplicabilidade da lei 12.711/12, a qual dispõe especificamente sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio, pela modalidade de cotas, sendo observado o percentual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de cada região, de autodeclarados pretos, pardos e indígenas. A política de ação afirmativa para a inserção de Afro-brasileiros nas instituições públicas de ensino superior tem promovido o debate em torno da identidade do povo brasileiro, visto que, para uma grande maioria da população, o racismo inexiste, destacando-se as circunstâncias relacionadas ao alcance de oportunidades ligadas ao desenvolvimento profissional, que de uma forma velada, promove a exclusão de 50,7% (IBGE, 2010) da população brasileira. Pesquisas têm colaborado para traçar o perfil acadêmico das últimas décadas no Brasil e comprovam a presença

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maciça de estudantes brancos em detrimento aos estudantes Afrobrasileiros, logo, a importância da implantação de certa diversidade e de uma maior representatividade dos considerados grupos minoritários nos mais diversos domínios de atividade pública e privada da sociedade para que seja produzida a ação da verdadeira igualdade entre os cidadãos brasileiros. Esta investigação se conduzirá qualitativamente, com o emprego de alguns recursos da pesquisa quantitativa, no que diz respeito à quantificação de alguns de seus dados.

Palavras-chave: Ações Afirmativas; Afro-brasileiros; Ensino Superior.

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38. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS

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38.1. Receber cuidados e ensinar a cuidar: lições de doentes crónicos aos seus cuidadores Maria da Conceição Azevedo UTAD

Resumo Na actualidade, assistimos a um aumento do número de doentes crónicos, comparativamente a situações traumáticas ou agudas. Paradoxalmente, esta situação não tem tido reflexo no modo como são formados os profissionais de saúde, continuando a dar-se maior relevo às doenças agudas e aos traumatismos. Por outro lado, assistimos, do lado dos doentes, a um aumento do conhecimento de que estes dispõem acerca da sua doença, a par de uma maior consciência dos seus direitos e uma também maior reivindicação de autonomia. Poderá a experiência dos doentes crónicos contribuir para a formação dos profissionais de saúde? Que podem os doentes ensinar sobre o cuidado que desejam e necessitam? Nesta comunicação analisamos depoimentos de doentes crónicos, na perspectiva do que deles podem aprender os profissionais de saúde, em termos psicológicos e éticos.

Palavras-chave: Educação em Saúde; Formação de profissionais de saúde; Doenças crónicas.

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38.2. Aprender ciências realizando atividades experimentais- o que dizem os alunos e os professores

DelminaPires Escola Superior de Educação de Bragança

Resumo O ensino experimental das ciências afigura-se como um bom meio para promover a aquisição de conhecimento científico em simultâneo com o desenvolvimento de capacidades como a resolução de problemas, o pensamento crítico ou a aplicação de conhecimento em situações novas, em suma, para o desenvolvimento da literacia científica dos alunos (Pires et al, 2004; Pires e Sousa, 2011; Rodrigues, 2011). A comunicação baseia-se num estudo que se foca no ensino experimental das ciências em contextos do 2ºCEB, e desenvolveu-se considerando duas vertentes importantes do processo educativo: a formação dos professores e a aprendizagem dos alunos. Relativamente à primeira vertente, promoveu-se a formação de futuros professores de ciências, no sentido de utilizarem o ensino experimental na exploração de competências e conhecimentos científicos e de implementarem práticas pedagógicas com características sociológicas que potenciem o desenvolvimento dessas competências e conhecimentos. Recorreu-se a uma metodologia de investigação/ação, em que os processos de formação incluíram situações de aprendizagem formal e de intervenção e de reflexão sobre a prática, havendo produção de materiais didáticos que foram aplicados em contexto de sala de aula. Relativamente à segunda vertente, analisou-se a aprendizagem das crianças tomando como objeto de análise o nível de complexidade das competências investigativas mobilizadas pelo ensino experimental e o nível de abstração dos conhecimentos científicos apreendidos.

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Teoricamente, o estudo fundamenta-se nas ideias de Bernestein e de Vygotsky, interligando o interaccionismo simbólico e o construtivismo social. A comunicação centra-se na aprendizagem de alunos do 2ºCEB e pretendese discutir, com base nos resultados dessa aprendizagem, em que medida a realização de atividades experimentais no ensino das ciências pode promover um elevado nível de alfabetismo científico. Pretende-se também discutir em que medida disposições socio-afetivas, dos alunos e dos professores, relativamente às atividades experimentais no ensino das ciências, ajudam a explicar a sua influência positiva no desempenho dos professores e no desenvolvimento científico dos alunos.

Palavras-chave: Ensino experimental das ciências; Desenvolvimento científico dos alunos.

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Disposições

socio-afetivas;

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38.3. Ao ritmo dos estilos musicais rock e clássico: um estudo de caso com quatro crianças do 1º Ciclo

Sara Faria Instituto Politécnico de Leiria

Sandrina Milhano Instituto Politécnico de Leiria

Resumo O resumo submetido apresenta os seguintes tópicos orientadores: Contextualização / Propósito do estudo; Pergunta de partida / Objetivos do estudo; Metodologia; Considerações finais. Palavras-chave: Estilo Musical Clássico; Estilo Musical Rock; 1.º Ciclo do Ensino Básico.

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38.4. Perceções de idosos/as institucionalizados/as acerca da situação de institucionalização como resposta social às necessidades da população idosa

Cláudia Raquel Saraiva Costa Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação - Universidade de Coimbra

Resumo O concelho de Oliveira do Hospital, marcado por características de ruralidade, apresenta um acentuado envelhecimento demográfico. Segundo dados do INE (Censos 2011), no que diz respeito ao índice de envelhecimento, este é de 181,8% em Oliveira do Hospital, o que significa que a população do concelho de Oliveira do Hospital, tem uma percentagem muito elevada de indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos. Para tornar melhor a qualidade de vida das pessoas que estão inseridas nesta grande faixa etária, é necessário que haja respostas sociais suficientes e que vão ao encontro das necessidades específicas da população idosa. Uma das várias respostas sociais mais evidentes no concelho de Oliveira do Hospital tem passado pelo aparecimento progressivo de lares residenciais, que permitem o recurso a respostas formais, quer ao nível da saúde, da segurança e da participação social das pessoas mais velhas, tal como é preconizado pelo paradigma do envelhecimento activo. O trabalho apresentado consiste num conjunto de entrevistas feitas a um grupo-alvo específico, mais propriamente um conjunto de pessoas idosas residente num lar residencial de caráter privado no concelho de Oliveira do Hospital. Este trabalho de campo permitir-nos-á obter a perceção acerca da institucionalização, através dos “olhos” de quem reside nestas instituições e quem usufrui de todos os serviços prestados, neles incluídos.

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Para a recolha de dados no âmbito do presente estudo utilizou-se um Guião de entrevista semiestruturada e toda a informação recolhida foi gravada com o devido consentimento informado dos participantes. Foram entrevistados alguns residentes na instituição em questão, que residem nela há menos de quatro anos, sendo também um critério de inclusão no estudo o facto de estarem cognitivamente saudáveis (isto é, sem patologias que afectassem o seu funcionamento mental). Tratou-se de uma investigação de natureza qualitativa, dado que o nosso objetivo consistiu em perceber como os nossos idosos encaram a institucionalização e a utilidade das atividades desenvolvidas, ouvindo-os em discurso direto e respeitando os seus ritmos de resposta e os significados que atribuem à sua realidade. Com este trabalho pretende-se encontrar novas pistas para uma atuação futura junto de pessoas idosas institucionalizadas, que vá mais ao encontro das suas reais necessidades, apetências e interesses, tornando a institucionalização uma resposta que seja realmente do agrado de quem dela usufrui.

Palavras-chave: Institucionalização; Lares Residenciais; Atividades promotoras de bemestar.

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38.5. Políticas públicas de educação ambiental: um olhar sobre as conferências nacionais infantojuvenil pelo meio ambiente

Camila Brito Galvão Universidade Estadual de Maringá

Carlos Alberto De OliveiraMagalhães Júnior Universidade Estadual de Maringá

Resumo Os problemas ambientais em seus diversos aspectos têm preocupado os diferentes setores sociais, no entanto independente da abordagem que é dada as temáticas ambientais as discussões levam sempre a mesma direção: a da necessidade de políticas públicas de educação ambiental que contemplem os diversos segmentos da sociedade. Dentre as políticas públicas de Educação Ambiental implementadas no Brasil destaca-se a Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente que busca envolver os jovens na construção de uma sociedade mais justa e educada ambientalmente. O proposito do presente estudo foi averiguar a avaliação que os professores que participam ativamente da Conferência em questão fazem em relação a essa política pública. Para tal objetivo buscamos acompanhar a realização da Conferência desde sua fase escolar até a fase estadual e através de observações, conversas formais e informais com professores que participavam do evento, realização de grupo de discussão sobre as mesmas e entrevistas é que obtivemos os resultados dessa pesquisa. Após análise dos dados podemos constatar que dentre as potencialidades propiciadas pela Conferência, elencadas pelos professores, destacam-se: a oportunidade de inserção da temática ambiental no cotidiano das comunidades escolares; o incentivo ao protagonismo juvenil, fortalecendo a capacidade de criação e comprometimento dos jovens para com as questões ambientais, a divulgação dos projetos que são desenvolvidos nas escolas, a troca de experiências e a renovação de ideias,

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além de fortalecer a relação escola/comunidade. Em contrapartida os professores elencaram como fragilidades da Conferência, a ampliação do público alvo, a necessidade de que elas ocorram com mais frequência, a falta de capacitação dos professores e principalmente a falta de apoio financeiro tanto para a realização da Conferência como para a implementação dos projetos. Através do presente estudo pode-se constatar que as políticas públicas voltadas a Educação Ambiental são fundamentais para a melhoria da situação ambiental que nos encontramos atualmente, em relação a Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente podemos dizer que elas são vistas com bons olhos perante os professores, pois contribui para o envolvimento da escola e comunidade em prol da melhoria do meio ambiente, além de resgatar a responsabilidade dos jovens para as mudanças que tanto se espera na sociedade.

Palavras-chave: Projetos Ambientais; Política Ambiental; Atividades escolares.

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38.6. Cognição e objeto técnico: uma abordagem complexa do autismo

NizePellanda Universidade de Santa Cruz do Sul

Daiane Keller Universidade de Santa Cruz do Sul

Lizete Maria Pulgati De Lima Universidade de Santa Cruz do Sul

Resumo Tendo em vista a emergência de um novo paradigma científico que trabalha com uma abordagem complexa da realidade decidimos com nosso projeto fazer uma releitura das posições teóricas e praticas que tratam dos transtorno do espectro autista abordando este tema considerando os pressupostos da complexidade em geral e um contexto de cultura digital em particular. O lugar de onde falamos é o da Epistemologia da Complexidade que, apesar de ainda não ter sido inteiramente cartografada, já aponta para uma nova forma de fazer ciência e de perceber a realidade. Nosso eixo é, portanto, entender como emerge a cognição nas crianças autistas tendo em vista que esta emergência é inseparável da constituição da subjetividade e do próprio organismo em geral. Para entender isto, construímos uma metodologia de trabalho a partir do uso de um objeto técnico ressaltando que este se constitui num instrumento disparador de processos autoorganizativos para estes sujeitos. Assim, usamos o iPad que é uma tecnologia touch o que teria implicações cognitivo/afetivas importantes no processo cognitivo dos autistas. Os procedimentos de geração de dados foram realizados em três etapas: um semestre letivo de atendimento presencial na universidade, um período intermediário onde as crianças ficavam em casa com o iPad e um período conclusivo de mais um semestre letivo com atendimento presencial. Coerentemente com nossa postura epistemológica complexa de abordagem da realidade como fluxos e

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devires, não usamos categorias fixas de análise, mas usamos marcadores teóricos oriundos de nosso quadro teórico para sinalizar passagens significativas no processo de cada criança. Assim, usaremos como marcadores: CONSTRUÇÃO DE AUTOPOIESIS, ACOPLAMENTO TECNOLÓGICO E PROCESSO DE COMPLEXIFICAÇÃO A PARTIR DO RUÍDO. Aos dados gerados e aos diários de bordo dos pesquisadores serão aplicados os mesmos marcadores. De acordo com os pressupostos da Segunda Cibernética que fundamentam a pesquisa, o observador é incluído no sistema observado precisando, portanto, dar conta de suas próprias operações. Os resultados de uma primeira etapa de trabalho são animadores pois as crianças começam a falar e a interagir mais fortemente com seu grupo familiar. Estamos em fase de análise dos dados e nossas primeiras inferências se referem às questões da mobilização interna destes sujeitos.

Palavras-chave: Cognição; Autismo; Cibernética.

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39. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, REDES E PARCERIAS EM EDUCAÇÃO

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39.1. Implicações do conceito de «multimodalidade» em Ciências da Educação… ou «a prof tinha de estar no Facebook!»

Clara Ferrão Tavares Gerflinnt - Synergies Portugal

Jacques Silva Centro de Linguística - UNL / Universidade Católica Portuguesa

Marléne Silva e Silva CEFH - Universidade Católica Portuguesa / Universidade do Minho

Resumo A presente comunicação tem por propósito sublinhar a relevância da «multimodalidade» para a compreensão, no quadro da comunicação educacional, das diferentes dimensões dessa mesma comunicação em «espaços» – e «tempos» correspondentes – plurais, diversificados, diferentes…, nos planos cognitivo, relacional, empático, cultural, social… Numa primeira parte, procurar-se-á definir o conceito de «multimodalidade» que tem sido alvo de um processo de «deslocalização» no espetro científico, sendo hoje utilizado em diversos domínios como o das Neurociências – com fortes repercussões em Educação¬ –, porque é perspetivada não só em termos de produto (materiais e dispositivos multimodais), mas também em termos de processos (que usos multimodais fazem os utilizadores-aprendentes dos materiais ou nos dispositivos multimodais?). O segundo momento constitui uma glosa da segunda parte do título: um comentário de uma antiga Aluna a propósito do reencontro entre essa Aluna e uma sua Professora, quase três décadas após o período primeiro de contacto presencial no âmbito da formação inicial dessa antiga Aluna. Esta referência, permitir-nos-á indicar evidências de alguns usos e/ou algumas ações que aprendentes, que se situam em planos de «comunicação

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virtureal», fazem de dispositivos comunicativos multimodais na aula, apresentando um estudo sobre as interações e os usos multimodais de um dispositivo social multimodal: a rede Facebook. Esse estudo inscreve-se numa abordagem etnográfica e parte de uma análise das interações (instrumentos analíticos dessa rede social e da aplicação «Wolfram Alpha»), no sentido de mostrar como comunidades geradas em dispositivos pedagógicos intramuros (fóruns na plataforma Moodle), se prolongam no tempo, adotando outros espaços de relação social, mas revelando, ainda, marcas de didaticidade, como procuraremos pôr em evidência. Por fim, serão tecidas algumas conclusões sobre «a falta de tempo» dos cursos ditos «de Bolonha» ou sobre a maneira como é possível encontrar outros «espaços» e outros «tempos», partindo-se de uma reflexão sobre as competências desse modelo (Decreto-Lei n.º 74/2006), cruzadas com uma leitura dos referenciais das componentes de formação correspondentes (Decreto-Lei n.º 79/2014), para pôr em evidência a necessidade de encontrar dispositivos para uma formação acional (e) multimodal de professores.

Palavras-chave: Multimodalidade; Virturealidade; Formação.

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39.2. Conversações escritas e invenção de si: uma análise da convergência interativa entre professores e midias

Karla Demoly UFERSA

Resumo Este trabalho é o resultado de uma análise sobre como um grupo de professoras que vivem em condições perceptivas distintas escreve, quando se envolvem em uma experiência de escrita na convergência de mídias. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa que busca produzir uma análise exploratória embasado nas Teorias da Biologia do Conhecer de Humberto Maturana e de Francisco Varela, no que se referem ao modo de observar e explicar um fenômeno a partir de uma experiência de escrita. A recursividade constitutiva entre escrita e tecnologia é descrita por vários autores, demonstrando que as tecnologias se transformam em ferramentas que modulam os modos de escrever. Situamos o trabalho no campo da Antropologia da Escrita, ao mantermos um diálogo entre alguns de seus autores, dentre os quais destacamos Jack Goody, Jacques Derrida, Roger Chartier e Béatrice Fraenkel. A discussão sobre o conhecer no encontro com diferenças perceptivas visuais e auditivas está embasada nas obras de Bernard Mottez, Brigitte Garcia, Yves Delaporte e Zina Weygand. O principal foco da investigação foi acompanhar as escritas que as professoras - ouvintes e videntes, no encontro com uma professora cega e uma professora surda - realizaram ao se propor a produzir um hiperdocumento coletivo. Foi produzido um mapeamento da rede de escritas tecida pelas professoras em fóruns e salas de bate-papo em ambiente virtual. Os marcadores da análise foram as escritas recorrentes e as questões que as professoras formulavam a si e ao grupo na atividade de escrita. Consideramos as filmagens de oficinas, escritas em fóruns e salas de bate-papo na Internet, as diferentes versões do hiperdocumento e anotações de campo. As práticas de escrita na Internet provocam mudanças

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nas coordenações de ações, permitindo o encontro entre pessoas que antes não poderiam produzir algo juntas. Estas mudanças, ao envolver um trabalho de manipulação e edição de diferentes mídias - imagens, sons, textos e a Língua de Sinais - faz com que surja uma nova experiência de escrita, implicando em mudanças cognitivas, afetivas e estéticas. Atos de escrita coletiva e digital podem produzir uma convergência interativa na qual existem grandes possibilidades de interlocução entre pessoas com diferentes condições perceptivas, pois mudam os modos sensório-motores de acoplamento com a escrita e as coordenações de ações na rede de conversações escritas tecidas pelas professoras.

Palavras-chave: Conversações escritas; Invenção de si; Convergência de mídias.

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39.3. A comunicação educativa na Tecnopólis

Joaquim Escola UTAD

Resumo Vivemos numa sociedade cada vez mais complexa, evidenciada pela manifesta dificuldade em identicar um traço inquestionável que a possa definir, pelo que não causa qualquer estranheza que vão proliferando designações tão diversas para a caraterizar: Sociedade em rede (Castells), sociedade da informação e da comunicação, sociedade do conhecimento, Telepolis (Echevarría), Tecnopolis (Postman), Omnipolis (Virilio), CidadeMundo (Mattelard), Pós-industrial (Bell), Pós-moderna (Lyotard) entre muitas outras possíveis. A complexificação deveu-se, em parte, ao considerável alargamento dos meios e mediações comunicacionais de que nos servimos no nosso quotidiano para disponibilizar informação, interagir e comunicar com os outros, para construir o conhecimento. Uma das áreas mais atingida pelas transformações introduzidas pelo progresso tecnocientífico é, seguramente, a educação. A “escola informada”, anunciada tão entusiasticamente no Livro Verde para a sociedade de informação e comunicação em Portugal, encontra-se agora provocada, desafiada a discutir a sua missão, a redefinir os papéis do professor e dos alunos, a clarificar e legitimar os novos contextos de formação e educação, a compreender as implicações no processo de construção do conhecimento. Da mesma forma que o aparecimento de determinados dispositivos de comunicação assinalou momentos incontornáveis de evolução e, em alguns casos, de revolução societal e educacional, o desenvolvimento recente da WEB, no que hoje se encontra consagrado como WEB 2.0, encaminha a educação no sentido do que Adell designa por educação 2.0. Nesta comunicação pretendemos discutir as extraordinárias transformações tecnológicas que se fazem sentir na sociedade, na tecnopolis, para mais

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facilmente esclarecer os desafios que se colocam à escola, à educação no século XXI. As transformações vão patenteando o desfasamento entre o que foi, num passado recente, a comunicação educativa e, o que deverá ser, exigindo, por isso mesmo, o minucioso labor que nos leva à sua redefinição.

Palavras-chave: Comunicação Educativa;Tecnopolis; Educação 2.0; Sociedade em rede.

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39.4. Projetos socioeducativos e trabalho em rede em concelhos do interior norte de Portugal

Ana Cristina Trino Agrupamento de Escolas Gomes Monteiro, Boticas

Isabel Costa UTAD/CETRAD/CIIE

Resumo O presente trabalho está centrado nos projetos socioeducativos/ socioculturais, enquanto projetos de educação não formal, promovidos pelas autarquias e que, com frequência, têm finalidades e estratégias que os colocam no âmbito do desenvolvimento comunitário, e envolvendo múltiplos parceiros para a sua consecução. Foram analisados projetos socioeducativos em municípios do interior norte de Portugal pois, nos últimos anos, os municípios viram reforçadas as suas competências na área da educação, sendo que, nesta nova qualidade de agentes educativos, têm catalisado algumas dinâmicas educativas locais. Sendo os municípios locais privilegiados de promoção do desenvolvimento local, e atendendo ao seu potencial educativo, a construção de projetos socioeducativos surge como um modo de atingir esses desideratos, o que pressupõe o desenvolvimento de dinâmicas específicas e de parcerias locais. Foi no âmbito desta problemática que realizámos um estudo qualitativo, em três municípios do interior norte de Portugal, que visa constituir um contributo para a compreensão das políticas e das práticas das autarquias na esfera educativa. Nomeadamente, este estudo pretende compreender as conceções dos projetos socioeducativos em algumas autarquias, bem como os processos e dinâmicas da sua construção e desenvolvimento. Um dos três municípios foi alvo de estudo mais detalhado, pelo que consideramos que se tratou de um estudo de caso. O estudo baseou-se na análise dos textos dos projetos socioeducativos, na análise de sites e numa entrevista.

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Como principais conclusões deste trabalho, foram identificadas algumas tipologias de objetivos e de atividades dos projetos socioeducativos. Foram ainda identificados os parceiros que colaboram com os projetos, o que indicia que o trabalho em pareceria/trabalho rede é uma caraterística de relevo nos projetos socioeducativos das autarquias. No concelho que foi estudado com mais pormenor, a educação é mencionada como uma prioridade política e a ação da autarquia nesta área é apontada como bastante diversificada, multifacetada e extravasando as suas competências legais. Sobre a intervenção socioeducativa, ela é perspetivada como estando, de uma forma geral, integrada na política social da autarquia, atendendo às características locais, intentando promover o sucesso educativo e a igualdade de oportunidades, decorrendo, com frequência, com a participação de distintas entidades. O estudo revelou ainda opiniões sobre a atual distribuição de competências socioeducativas dos municípios.

Palavras-chave: Autarquias e educação; Redes em educação; Animação socioeducativa.

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39.5. Um quadro teórico-prático para a abordagem plurilingue no jardim de infância: o projeto Alphaeu, alfabetos e perspetivas europeias comparadas

Margarida Morgado IPCB

Maria José Infante IPCB

Resumo Uma sensibilização plurilingue ao nível pré-primário e em jardim-deinfância oferece resistências e desafios múltiplos. O primeiro desafio consiste em delimitar a noção de ‘ensino aprendizagem’ de línguas estrangeiras da noção de sensibilização das crianças ao mundo globalizado, cada vez mais multicultural e plurilingue, que as rodeia. Esta última envolve igualmente começar a perceber a conexão entre as línguas e os seus modos próprios de representação da realidade, de ver o mundo ou de o pensar, isto é, abrir-se ao entendimento de cada língua como cultura e modo de vida. O segundo desafio que se coloca a qualquer projeto de sensibilização plurilingue das crianças ao nível do jardim-de-infância reside em ser capaz de definir em que consiste essa sensibilização: materiais, estratégias e práticas. Trata-se de definir uma didática de sensibilização plurilingue pra este nível etário. O terceiro desafio reside em descortinar e ‘formar’ as representações, atitudes e crenças de crianças, pais e educadores sobre o que é, e para que pode servir, uma sensibilização plurilingue no jardim-de-infância. Neste quadro emergem valorações relativas entre línguas quanto à sua utilidade futura e à relação afetiva que cada um estabelece com línguas em particular, que são de explorar neste contexto educativo. Todos estes desafios foram levados muito a sério no desenvolvimento do projeto europeu ALPHAEU (Alphabets of Europe) – alphabeu.org – por um consórcio de formadores de professores,

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professores, educadores, investigadores e especialistas no ensino das língua e das tecnologias de informação educativas. Em conjunto e comparando experiências e práticas, realizaram um levantamento das opiniões de educadores de infância e de formadores e providenciaram módulos de formação para implementação, monitorização e avaliação de recursos plurilingues. O resultado é um conjunto de alfabetos temáticos (sobre a quinta, a cidade, a escola, a casa e cinco países europeus) em seis línguas (português, italiano, inglês, romeno, alemão e grego cipriota); um conjunto de atividades associadas aos alfabetos; um módulo de formação para educadores de infância e um manual de formação; um conjunto de atividades piloto e estudos de caso sobre implementação destes recursos em jardins-de-infância, bem como um conjunto de reflexões teóricas que comparam experiências e práticas em cinco países europeus.

Palavras-chave: Sensibilização plurilingue; Jardim-de-infância; Estudo comparado.

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39.6. Projeto School Safety Net (SSN). Uma pareceria europeia na área da prevenção do abandono escolar prec

Margarida Morgado IPCB

Resumo A presente comunicação visa apresentar e refletir um projeto europeu, a decorrer em países (Portugal, Itália, Turquia, Bélgica, Grécia, Espanha e Roménia), sobre prevenção do abandono escolar precoce, intitulado School Safety Net (SSN), e o seu potencial de utilização por decisores políticos, diretores, professores, alunos e encarregados de educação bem como em contextos de investigação em educação e de intervenção prática em contextos educativos. O projeto serve-se de uma rede de parceiros com experiência na formação de professores e de investigação em educação, de um conjunto de escolas associadas em cada país e de uma rede de parceiros associados em cada país 8aos níveis local, regional, nacional e internacional) para coligir dados e disseminá-los para públicos específicos. Dos dados já recolhidos pelo projeto SSN, apresenta-se um conjunto de histórias de sucesso, relatadas do ponto de vista de alunos, professores, encarregados de educação e diretores de escola, e de experiências de professores, recolhidas em seis países europeus, sobre quatro áreas temáticas: (1) deteção de alunos em risco de abandono; (2) integração de alunos imigrantes; (3) superação de dificuldades de aprendizagem; e (4) superação de situações de violência e bullying na escola. Apresentam-se também os processos de recolha e identificação de recursos pedagógicos para utilização com alunos ou por diretores, professores e encarregados de educação nas áreas atrás descritas, bem como os critérios de seleção de um conjunto de publicações nacionais, ambos reunidos numa base de dados em linha pesquisável a partir de diversos descritores e aberto ao público em geral. Para além destes recursos, já disponíveis na base de dados do projeto

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em http://schoolsafetynet.pixel-online.org/index.php, apresenta-se o outro recurso, construído a partir dos dados descritos, nomeadamente conjuntos de linhas de orientação nas quatro áreas do projeto, que se propõem como material de utilização prática a usar por decisores políticos, diretores, professores, alunos e encarregados de educação bem como recurso educativo na formação de professores e técnicos de serviço social ligados a ambientes educativos. O enfoque da apresentação recairá sobre a metodologia do projeto e as suas estratégias de disseminação dos dados recolhidos como forma de divulgar ‘boas práticas’ em educação a partir de projetos em parceria europeia.

Palavras-chave: Prevenção de abandono escolar precoce; Parceria europeia; Boas práticas; Disseminação.

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39.7. Atos e Atores da Cooperação para o Desenvolvimento: outras parcerias em Angola

CarolinaMendes Centro de Estudos de Desenvolvimento Humano (CEDH)

JoaquimAlves Centro de Estudos de Desenvolvimento Humano (CEDH)

Resumo Numa altura em que se reflete sobre as razões da não concretização dos Objetivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM) na sua totalidade até 2015, baseadas, entre outras razões, nas metodologias usadas e na crise económica e financeira que se faz sentir, questiona-se o papel e as possíveis mudanças na arquitetura da Ajuda Internacional para o Desenvolvimento (AID) e da Cooperação para o Desenvolvimento (CD), pois “(…) a mudança significativa passa da eficácia da ajuda para a eficácia do desenvolvimento, sendo que a ajuda é apenas uma parte das estratégias (…)” (Baptista, 2012, s.p.). Num contexto de reflexão à luz da nova arquitetura da cooperação para o desenvolvimento num pós-2015, questionam-se os resultados, o financiamento e os modos de fazer cooperação para o desenvolvimento até então e, convocam-se novos atores, exercitam-se metodologias mais económicas, mais contextualizadas, baseadas numa relação efetiva de parceria – uma cooperação de proximidade. As reflexões apresentadas emergem de um trabalho de investigação, ainda em desenvolvimento, sobre novos agentes da cooperação e a sua ação.

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Pretende descrever e analisar as orientações e políticas de ação, os processos e os resultados do Programa de Alfabetização e Aceleração Escolar (PAAE) em Angola desenvolvido por três tipos de instituições, Privadas, Religiosas e ONG, que se constituíram parceiras do estado no âmbito da concretização deste programa. Em suma, perceber quais os impactos da iniciativa e classificar, descrever e entender este tipo de parcerias. Através de uma metodologia mista os primeiros dados, recolhidos por questionário, foram tratados quantitativa-qualitativamente uma vez que se pretendia perceber, para além dos números, as disposições e os pontos de vista dos alfabetizandos de forma a entender (1) quem são as pessoas que a iniciativa alfabetiza, pessoalmente e profissionalmente, (2) as suas opiniões sobre a alfabetização e (3) as expectativas que possuem em relação aos resultados que a alfabetização tem e que possa vir a ter na sua vida. Os resultados evidenciam por um lado, que a alfabetização, neste contexto, é uma iniciativa útil para os alfabetizandos, pois melhora a sua vida profissional, pessoal, o papel social na sua comunidade, assim como, contribui para um aumento da sua autoestima e das suas expetativas em relação a um futuro que se perspetiva melhor. Por outro lado, contribui também para um melhor desempenho profissional dos funcionários na instituição privada, assim como, importantes resultados para o ME.

Palavras-chave: Cooperação para o desenvolvimento; Parcerias público-privadas; Novos Atores do Desenvolvimento; Alfabetização; Angola.

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40. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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40.1. Estrutura de projeto integrado multidisciplinar em Cursos Superiores de Tecnologia Brasileiros-estudo de caso

Antonio Almeida Universidade Paulista (UNIP)

Izilda Elias Universidade Paulista (UNIP)

Silmara Del Rio Universidade Paulista (UNIP)

Resumo O Projeto Integrado Multidisciplinar (PIM) é um projeto de pesquisa interdisciplinar e semestral desenvolvido pelos alunos de todos os cursos superiores de tecnologia de uma grande universidade privada brasileira. Os cursos superiores de tecnologia são cursos de curta duração (6 semestres, ou 3 anos), presenciais ou a distância, e regulamentos por lei específica para todas as instituições de ensino superior do Brasil. O objetivo de tais cursos é oferecer uma inserção mais rápida e fácil do formando no mercado de trabalho, em áreas práticas ou de grande oferta por parte do mercado laboral, sobretudo regional. Na universidade em questão, o regulamento do PIM prevê que o aluno desenvolva um pequeno projeto de pesquisa por semestre, e que o tema de cada um dos projetos englobe, obrigatoriamente, tópicos dos conteúdos de todas as disciplinas que o aluno cursa naquele semestre. O coordenador do curso deve indicar um professor de uma das disciplinas do semestre para orientar semanalmente os alunos durante o período em que o projeto é desenvolvido. Os temas são escolhidos pelos próprios alunos, mas o coordenador e o professor orientador devem avaliá-los a fim de verificar se estão ou não de acordo com os conteúdos abordados durante o semestre e se seguem ou não uma linha contínua de pesquisa ao longo dos semestres.

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O projeto deve ter formato de pesquisa científica, incluindo, obrigatoriamente, pesquisa bibliográfica básica, pesquisa laboratorial ou de campo e pesquisa de mercado. O aluno deve dedicar pelo menos 100 horas/aula por semestre ao projeto, com carga horária já prevista na grade curricular do curso. O trabalho de pesquisa é realizado em grupo (no máximo de 5 alunos) e apresentado perante uma banca examinadora de professores (no mínimo 3) da própria instituição. Todos os alunos devem fazer parte da apresentação e todos os alunos devem apresentar individualmente uma monografia escrita com os resultados do trabalho. A complexidade do projeto e o rigor da avaliação vão aumentando progressivamente ao longo do curso. O objetivo do PIM é propiciar aos alunos uma fundamentação mais prática dos conceitos teóricos explorados em sala de aula, integrando as diferentes disciplinas que integram a grade curricular do semestre. Esta proposta curricular permite ao aluno desenvolver uma visão integrada, mas também crítica, das diferentes subáreas de seu curso. Também permite ao aluno descobrir significância prática para o que aprende em sala de aula, já que a maioria dos projetos usa dados reais e atuais de empresas do mercado laboral local. Ao mesmo tempo, o aluno aprende progressivamente, desde o primeiro semestre, a como desenvolver um projeto de pesquisa em grupo e com critérios de metodologia científica. Pressupõe-se que ao final do curso o aluno esteja mais bem preparado para publicar um artigo em um congresso ou periódico de sua área. No artigo que nos propomos a escrever descreveremos detalhadamente como funciona o PIM do curso de tecnologia em petróleo e gás nesta universidade e quais as análises e conclusões pedagógicas que observamos ao longo dos últimos 7 anos em que o curso é oferecido. O artigo descreverá o conteúdo das disciplinas dos 6 semestres e os trabalhos que foram gerados a partir destas disciplinas nos últimos anos. Também descreverá o perfil econômico, social e cultural dos alunos deste curso para que se possa entender com mais profundidade o interesse pelo curso e pelos temas abordados no PIM. A partir destes dados, foi possível analisar de forma crítica e pedagogicamente fundamentada, até que ponto os objetivos desta metodologia e prática curricular foram atingidos: desempenho dos alunos na apresentação oral e escrita, temática dos projetos, grau de interesse dos alunos no curso e em projetos de pesquisa científica, importância dos projetos para a inserção dos alunos no mercado de trabalho, etc.

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Os cursos de petróleo e gás de todo o Brasil têm tido grande procura desde a descoberta da maior reserva global de petróleo e gás dos últimos 30 anos, na bacia de Santos. Nossa experiência nos últimos anos como professores de um curso de petróleo e gás permitiu-nos levantar questões pedagógicas muito próprias destes cursos, mas também, e não menos importante, dos cursos de tecnologia de ensino superior brasileiro. O estudo de uma metodologia curricular da natureza do PIM parece-nos importante e pode servir como experiência para outras instituições de ensino superior que também o adotem ou que pretendem adotá-lo sob outra concepção.

Palavras-chave: PIM (Projeto Integrado Multidisciplinar); Cursos Superiores de Tecnologia Brasileiros; Metodologias de Ensino e Práticas Docentes.

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40.2. Educação para a privacidade no espaço digital: de subsídios para uma proposta curricular

Ana Serrano Tellería Beira Interior University

Maria Luisa Branco Beira Interior University

Resumo Segundo o relatório Eu ids On Line (2014), o uso da internet está totalmente integrado na vida quotidiana das criancas e adolescentes de hoje, verificando-se uma maior diversificação do acesso à mesma, com prevalência do uso feito em casa, logo seguido do uso feito na escola. Salienta-se igualmente uma tendência para que este uso seja iniciado cada vez mais cedo. Segundo o mesmo documento, cerca de 59% das crianças e jovens entre os 9 e os 16 anos tem um perfil criado em alguma rede social, incorrendo em riscos que se prendem menos com o conhecimento evidenciado da tecnologia e mais com os comportamentos assumidos. Nos países a que se reporta o relatório, entre os quais está Portugal, os pais são a principal fonte de aconselhamento relativamente às dúvidas suscitadas pelo uso da internet, imediatamente seguidos dos professores e dos pares. Neste contexto, o objectivo da presente comunicação consiste em delimitar e aprofundar alguns conteúdos e competências a incluir em acções sobre cidadania digital, a realizar em âmbito escolar e destinadas a pais, professores e adolescentes. A delimitação destes conteúdos e competências emerge da análise de três grupos de focagem feitos com adolescentes de uma escola pública da região centro norte (feminino, masculino e misto) no âmbito do projecto “Público e privado nas comunicações móveis” que visa compreender como é que o uso frequente e generalizado dos dispositivos móveis (smartphones /

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tabletas) veio diluir as fronteiras do público-privado. Os grupos de focagem duraram entre uma hora e um quarto e uma hora e meia, contaram com a participação de seis sujeitos com idades entre 15 e 17 anos escolhidos segundo um critério de conveniência (desde que possuidores de um Smartphone) e incidiram sobre os seguintes tópicos: utilização do telemóvel no dia a dia; telemóvel como tema de discussão; utilização de imagens; valor atribuído ao telemóvel; comparação telemóvel/computador (ou tableta); concepção de perfil; implicações do uso do telemóvel nas formas de comunicação e relacionamento; sentimento de controlo e vigilância. Os dados obtidos foram tratados com recurso a uma análise temática da qual sobressai a preocupação dos adolescentes com a invasão e consequente necessidade da gestão da sua privacidade, fruto de uma utilização intensiva do telemóvel, que não se traduz, contudo, em estratégias adequadas de gestão dos riscos consistente com a gravidade dos mesmos e traduzida no desenvolvimento das competências necessárias. Estes resultados parecem apontar, em consonância com os obtidos noutros estudos, para a necessidade de investir numa educação para uma cidadania digital traduzida no espaço escolar em acções para pais, professores e alunos que contemplem tópicos e competências relacionados com a gestão da privacidade no espaço digital e da exposição e da visibilidade , bem como a sua exploração nas TIC e disseminação pelas várias áreas disciplinares.

Palavras-chave: Privacidade; Exposição; Visibilidade; Competências; Espaço digital; Cidadania digital.

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40.3. Benefícios e constrangimentos da operacionalização do programa de matemática no 1º ciclo do ensino básico pelos professores do concelho de Machico

DanielaGonçalves ESE de Paula Frassinetti

Resumo Tendo em conta a investigação realizada nas escolas de 1.º Ciclo do Ensino Básico (1ºCEB) do Concelho de Machico na Região Autónoma da Madeira (RAM), com este artigo pretendemos divulgar o tipo de benefícios e constrangimentos detetados pelos professores de matemática do 1.º CEB, face à implementação e operacionalização do programa de matemática em vigor, neste ciclo de ensino, procurando ainda apresentar as necessidades de formação que os professores sentem face à prática e ensino da educação matemática. No decorrer da investigação foi realizada uma análise detalhada do programa em vigor, recorrendo a teorias públicas, bem como ao próprio Programa de Matemática do Ensino Básico. Foi aplicada uma metodologia qualitativa de natureza exploratória, interpretativa e descritiva, elaborandose, para a recolha dos dados de investigação, um inquérito por questionário que foi aplicado a oitenta professores que lecionam o 1.º CEB do concelho de Machico, na RAM. Os resultados deste estudo evidenciam dificuldades relacionadas com a adaptação dos professores inquiridos às dinâmicas de sala de aula, implementadas na gestão do Programa de Matemática no 1.º CEB, nomeadamente extensão dos conteúdos programáticos e a falta de tempo para a utilização e diversificação de metodologias pedagógicas.

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É de destacar que, no que concerne às necessidades de formação, uma grande percentagem dos docentes inquiridos sente necessidade de formação nesta área, considerando os percursos formativos importantes e indispensáveis na implementação deste programa nas aulas de 1.º CEB.

Palavras-chave: Currículo; Metodologias de Ensino; Práticas letivas; Educação matemática.

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40.4. Leitura(s) e criatividade(s): representações, itinerários e (desa)fios para formar leitores com as Metas Curriculares de Português Dulce Melão Escola Superior de Educação de Viseu

Resumo A criatividade assume, hoje, reconhecida relevância na Educação, pelas amplas possibilidades que oferece ao professor em distintas áreas disciplinares. Paralelamente, a leitura tem também vindo a ganhar maior amplitude, pelo papel cada vez mais diversificado e importante que desempenha no universo social dos indivíduos, convidando o professor a (re)ver as suas práticas educativas no contexto em que atua. As Metas Curriculares de Português acrescentaram porventura mais desafios implícitos em tal labor, convidando a uma revisão das práticas docentes em curso, em articulação com o Programa de Português do Ensino Básico. Assim, nesta comunicação teremos como objetivos: i) fazer uma breve revisão dos conceitos de criatividade e de leitura, encarando-os na sua multidimensionalidade; ii) indagar de que forma as representações que os professores evidenciam sobre tais conceitos poderá repercutir-se nas suas práticas docentes; iii) refletir sobre os múltiplos desafios lançados ao professor que pretenda, de forma holística, promover espaços híbridos de cruzamento da criatividade com a leitura através da operacionalização de alguns dos descritores de desempenho elencados nas Metas Curriculares de Português. Conclui-se provisoriamente que, apesar de existirem vantagens na implementação de tal abordagem holística, o caminho a percorrer se entretece ainda de desafios que continuam a exigir ampla e demorada reflexão por parte dos profissionais de Educação em geral, e do professor em particular. Palavras-chave: Criatividade; Leitura; Currículo; Práticas docentes.

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40.5. Trandisciplinaridade na educação superior: uma proposta implantada

Maria De Fátima Josgrilbert Faculdades Magsul

AlessandraJosgrilbert UFGD

Resumo Neste trabalho procura-se apresentar algumas considerações sobre uma proposta, já implantada, de um currículo totalmente inter/transdisciplinar para um Curso de graduação em Direito. Considera-se a proposta como inovadora, pois busca concretizar um currículo inter/transdisciplinar, pautado nos estudos interdisciplinares de Fazenda (1995, 1996, 1998, 1999, 2001) e a proposta transdisciplinar sob a ótica de Morin (1999, 2000), Nicolescu (2000), e de La Torre e Moraes (2008), entre outros. Esta proposta está ligada às necessidades de atualização das formas de ensinar e aprender e de atender às Diretrizes Curriculares Nacionais. Para tanto, a metodologia sugerida para o Curso de Direito também busca a integração e a interação de docentes, discentes e disciplinas que objetivem a compreensão desse e de outros fenômenos na totalidade, logo sua finalidade é a procura de soluções para os problemas atuais com base na efetivação dos Direitos Humanos e na busca pela a Sustentabilidade do Planeta, que só se efetivam na ação, portanto ultrapassam uma proposta meramente teórica. Esse modelo propõe uma prática educativa não fragmentada e não mecânica, considerando que atualmente, a interdisciplinaridade tem sido muito debatida, no campo da pesquisa e do ensino, mas sua prática ainda encontra barreiras para uma efetiva implantação. Desta forma, ao construir seu próprio projeto de curso, a faculdade exerce maior autonomia na definição do seu currículo e da matriz curricular. A partir da explicitação da missão e dos objetivos, que refletem

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as competências e as habilidades necessárias para construção do perfil adequado à realidade local, é que se origina o modelo pedagógico do curso que não pode desconsiderar a dinâmica própria da sociedade onde o curso está inserido. Esta proposta já está no terceiro ano de aplicação, apresentando erros e acertos, mas sua operacionalização está pautada em um grupo de professores confiantes, que dela participaram desde a montagem do projeto do curso.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade;Transdisciplinaridade; Currículo; Ensino superior.

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41. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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41.1. A Sociologia no Ensino Médio no Brasil: avanços e retrocessos

Jonas Oliveira Universidade Estadual do Piauí

Resumo No ano de 2008 marca o retorno da sociologia ao currículo oficial das escolas do Ensino Médio no Brasil. No período do golpe militar, entre 1964 e 1985, essa disciplina, assim como a Filosofia, foi retirada do currículo oficial das escolas. Alguns autores alegam que elas representavam perigo para um governo onde o questionamento e a reflexão não eram tolerados. Entretanto, não há muito a comemorar, pois a situação não é das melhores. Atualmente, as escolas têm apenas um tempo por semana (50 minutos) para desenvolver um conteúdo muito amplo. Por outro lado, há um déficit enorme de profissionais formados no Estado do Piauí, sobretudo na cidade de Parnaíba, nordeste do Brasil, o que levou as escolas em geral a deixar nas mãos de pedagogos, historiadores e geógrafos a tarefa de lecionar essa disciplina. O propósito deste estudo é analisar “avanços” e “retrocessos” da Sociologia enquanto disciplina no Ensino Médio que frente às outras disciplinas é desvalorizada. Muitos alunos não compreendem a importância da Sociologia porque não percebem a utilidade da mesma tanto nos exames para o ingresso nas universidades quanto a relação com as demais disciplinas que estudam. Nesse sentido, se a Sociologia busca compreender a sociedade em seus múltiplos aspectos e, deste modo, responder as questões do nosso tempo, algo está errado. Analisar o ensino de Sociologia e a compreensão que os alunos possuem desta é de fundamental importância para entendermos mais um aspecto da relação entre indivíduo e sociedade. Para a realização da pesquisa, aplicamos um questionário semiestruturado com oitenta alunos do 2º ano do Ensino Médio, assim como com os professores que lecionam a disciplina no Centro Educacional Liceu Parnaibano, na cidade de Parnaíba, nordeste do Brasil. Cabe salientar

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que apenas dois professores são responsáveis por lecionar o conteúdo de Sociologia e nenhum deles possui formação na área. Nesse sentido, podemos concluir preliminarmente que a retorno da Sociologia é fruto de uma demanda por educação de qualidade da sociedade civil. Assim, ela não faz parte de um projeto de planejamento do Estado Brasileiro na busca de uma educação de qualidade para todos. Deste modo, os alunos que mais precisam das reflexões e propostas da sociologia para a compreensão da sociedade são os que menos se beneficiam de sua contribuição para responder as questões do nosso tempo.

Palavras-chave: Sociologia; Ensino Médio; Formação; Estudantes.

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41.2. Aprendizagem cooperativa- aplicação dos métodos grafitti cooperativo e jigsaw com alunos do 5º ano de escolaridade

Dora Sá EB 2,3 de Júdice Fialho – Portimão

Resumo As Orientações Curriculares para o Ensino Básico recomendam que o ensino das Ciências proporcione aos alunos, não só a aquisição de conhecimento científico e o desenvolvimento do raciocínio, do pensamento crítico e da resolução de problemas, mas também o desenvolvimento de atitudes e valores que os tornem cidadãos capazes de lidar com as questões científicas e tecnológicas que diariamente se colocam aos cidadãos. No entanto, dada a complexidade do conhecimento científico e a falta de motivação de muitos alunos para a aprendizagem, aprender (e ensinar!) ciência, torna-se, por vezes, uma tarefa difícil, nomeadamente, nos primeiros anos de escolaridade. Diariamente, os professores tentam implementar na sala de aula métodos e estratégias que sejam eficazes na promoção da aprendizagem e, ao mesmo tempo, que sejam atrativas para os alunos. Alguns estudos recentes (Ribeiro, 2006; Ramos 2008; Lopes & Silva, 2009; Andrade, 2011) têm mostrado a eficácia da aprendizagem cooperativa no desenvolvimento da aprendizagem científica dos alunos e no desenvolvimento das competências atrás referidas. Num estudo baseado nos fundamentos da aprendizagem cooperativa, e em que se consideram pressupostos teóricos de Vygotsky e Bruner, implementaram-se os métodos de aprendizagem cooperativa escolhidos num total de 16 atividades para os conteúdos locomoção dos animais (água, solo e ar), regime alimentar (mamíferos e aves), comportamentos alimentares dos animais, reprodução animal, animais vivíparos e ovíparos,

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metamorfoses da rã e dos insetos, influência dos fatores do meio no comportamento dos animais, plantas com flor (raiz, caule, folha e flor), plantas sem for, e influência dos fatores do meio no comportamento das plantas, numa turma com 29 alunos do 5º ano de escolaridade. Na apresentação que nos propomos fazer, mostraremos alguns dos graffitis produzidos pelos alunos, que ilustram as suas aprendizagens, bem como evidências da sua motivação para esta forma de aprender.

Palavras-chave: Ensino das Ciências; Aprendizagem Cooperativa; Métodos Grafitti Cooperativo e Jigsaw.

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41.3. Ações, reflexões e interações numa comunidade de prática: a construção de saberes na prática profissional de um curso de logística no ensino técnico profissional na modalidade à distância

AlexandraCruz UFBA

Resumo A pesquisa em andamento tem como objetivo geral compreender como professores do curso de Logística do Ensino Técnico Profissional interagem, mobilizam e refletem sobre o processo de construção de seus saberes na prática profissional em um curso na modalidade a distância. O estudo apresentado é baseado em uma abordagem qualitativa de cunho netnográfico. Para a coleta de dados e análise das informações, vários instrumentos da netnografia serão utilizados nesta pesquisa: chat, fórum, blog, etc. Em seu desenvolvimento estão sendo utilizadas categorias teóricas que versam sobre Comunidade de Práticas virtuais, Saberes Profissionais e Reflexividade.

Palavras-chave: Comunidade de Pratica; Saberes Profissionais; Reflexividade.

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41.4. A Aprendizagem Cooperativa no ensino das Ciências no 1º Ciclo do ensino Básico

Andreia Santos Instituto de Educação - Universidade do Minho

Fernando Guimarães Instituto de Educação - Universidade do Minho

Resumo O presente estudo, realizado no âmbito da Prática de Ensino Supervisionada do Mestrado em Ensino do 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico, pretende verificar a importância da aprendizagem cooperativa no ensino de ciências que permite não só desenvolver a cooperação entre os alunos, mas também a autonomia dos mesmos. Situa-se na continuidade de uma perspetiva de ensino e de aprendizagem que foi desenvolvido em contexto de sala de aula. Para tal definiram-se alguns objetivos de investigação: promover a oportunidade de construir o conhecimento coletivamente, de forma autónoma e responsável; desenvolver o sentido de cooperação, o respeito pela opinião dos outros e a partilha dos materiais e do conhecimento; proporcionar aos alunos experiências de aprendizagens ativas e significativas; e, por último, fomentar a construção e compreensão do conhecimento acerca dos seres vivos. Foi implementada uma intervenção pedagógica, com várias sessões, numa turma do 2.º ano com 26 alunos. Esta, iniciou-se com um trajeto de reflexão em torno de alguns conceitos relativos ao ensino de ciências, no 1.º Ciclo do Ensino Básico, conducente à importância da aprendizagem cooperativa, recorrendo ao trabalho em grupo, para desenvolver nos alunos um amplo conjunto de competências. Posteriormente, fez-se a análise e a interpretação

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dos dados recolhidos através dos questionários e das reflexões no âmbito dos trabalhos realizados. Através da investigação-ação pretendeu-se implementar uma prática de ensino cooperativo com vista a melhorar as aprendizagens dos alunos, construindo conhecimentos coletivamente. Assim, esta metodologia visa promover a melhoria das práticas educativas num processo cíclico de planificação, ação, observação e reflexão. O trabalho cooperativo desenvolvido junto dos alunos permitiu concluir que estes conseguem construir melhor e mais rápido os conhecimentos, pois têm a ajuda dos seus colegas quando têm algumas dificuldades. Para além disso, os alunos puderam construir conhecimentos científicos através da observação em grupo, do questionamento, da comunicação, da reflexão, da extração de conclusões e da partilha das mesmas. Permitiu, igualmente, perceber o seu possível contributo para o desenvolvimento e melhoria das aprendizagens nas aulas de ciências, promovendo aprendizagens ativas e significativas para os educandos.

Palavras-chave: Aprendizagem Cooperativa; Ensino de Ciências; 1.º Ciclo.

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41.5. As controvérsias curriculares e pedagógicas em Portugal (19912011): uma história do presente

Luís Timóteo Ferreira Centro de Investigação em Educação da Universidade da Madeira (CIE-UMa)

Resumo Nas últimas três décadas, após a afirmação social e institucional do campo das ciências da educação, numa complexificação crescente, as tensões entre diversas abordagens científicas e ideológicas concorreram para a contestação generalizada de uma ciência ainda à procura da identidade. Neste ensaio, que com propriedade poder-se-á apelidar de propedêutico, porque constituinte de um projecto de doutoramento ainda em execução e talvez revelador das suas dificuldades teóricas e empíricas, procurar-se-á, em primeiro lugar, fundamentar o valor heurístico das controvérsias como ponto de observação possível do carácter substantivo e pragmático da fundamentação epistemológica do campo do currículo e, por inerência, das ciências da educação. Em segundo lugar, identificar-se-á e justificar-se-á, a partir do horizonte temporal definido, as controvérsias mais relevantes e as dificuldades encontradas até ao momento. Por fim, discutir-se-á a metodologia que pareceu ser a mais indicada na abordagem do fenómeno a ser estudado, a análise de discurso, e reivindicar-se-á a premência com que o objecto de estudo provoca a problematização dos métodos da história social e da sociologia histórica com as ciências da educação e os estudos sobre o currículo, sobretudo no que toca à definição do carácter descritivo/interpretativo de um estudo de caso. Palavras-chave: Controvérsias; Currículo; Pedagogia; Discurso; História; Sociologia.

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42. EDUCAÇÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS

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42.1. Breve Percurso Histórico da Problemática das Pessoas com Deficiências e alguns Marcos Legais da Educação especial Luciana Santana Lordêlo Santos UFRB

Resumo A história das pessoas com deficiências tem passado por grandes mudanças através do tempo. Essas transformações devem-se, sobretudo a luta de familiares, organizações não governamentais, e realização de fóruns nacionais e internacionais de discussão em prol dos direitos das pessoas com deficiências. No presente texto, baseando-nos nas pesquisas e análises bibliográficas e documentais, apresentamos uma abordagem histórica de como essas pessoas foram vistas e tratadas, desde os primórdios, perpassando pela idade média até a idade moderna e atualmente. Esse histórico reflete claramente como os costumes, crenças e valores sociais se refletem na forma como os atores sociais percepcionam e se comportam diante das pessoas com deficiências. O texto também traz alguns marcos legais que favoreceram a inclusão destas pessoas, garantindo antes de tudo, seus direitos como cidadãs, dos quais se destaca o acesso à educação em todos os níveis formativos. É preciso repensar o que se entende por “pessoas com deficiências” para que, com base na legislação vigente, e com base em novas dinâmicas sociais, educativas e formativas, essas pessoas tenham seus direitos respeitados e se possa efetivamente falar e vivenciar a inclusão.

Palavras-chave: Pessoas com deficiências; Contextualização histórica; Marcos legais; Inclusão.

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42.2. Participar para Escolher

FlorbelaSamagaio Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

Resumo Parte-se das representações sociais que as crianças e os jovens possuem acerca da Escola, como base de construção de um futuro a médio prazo, assim como tendo em conta uma visão ao nível da conceção de políticas sociais e educativas de apoio aos mesmos. Neste sentido,apresenta-se o Programa Escolhas como uma política social de cariz educador, o qual promove a mediação entre a população infanto-juvenil e a Escola, mediante a implementação de práticas de Educação Não Formal. Visualiza-se a importância que a população infanto-juvenil atribui à Escola assim como as dinâmicas promotoras de sucesso escolar, como meio fundamental de integração social, em contextos sociais desfavorecidos.

Palavras-chave: Escola; Crianças e Jovens; Educação Não Formal; Pobreza e Exclusão Social Infantojuvenil; Insucesso Escolar e Reprodução Social e Cultural da Pobreza e da Exclusão Social.

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42.3. Género, Cidadania e Práticas Educativas: a promoção da igualdade em contextos educativos

HelderHenriques Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Portalegre / Ceis20 - Universidade de Coimbra

AméliaMarchão Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Portalegre - C3I, NEISES

Resumo A educação para a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres constitui um desafio social de enorme importância. A escola e os seus atores educativos revelam-se elementos centrais no processo de construção de identidades de género e de uma educação para a cidadania democrática. Assim, a Escola Superior de Educação de Portalegre enquanto instituição formadora de profissionais de ensino promoveu uma ação de formação, financiada pela Comissão para a Igualdade e Cidadania, intitulada “Currículo na educação básica e contributos para a formação global do/a aluno/a: a construção da identidade de género e cidadania”, frequentada por 20 educadoras/professoras. O propósito deste trabalho prende-se com a análise das conceções de género, da pertinência da temática na “arena escolar” e da sua externalização nas práticas pedagógicas desenvolvidas em contextos educativos diversificados. Ao longo da formação possibilitou-se a construção e aplicação de atividades pedagógicas, com o objetivo de promover a igualdade de oportunidades entre géneros nesses mesmos contextos educativos, matéria sobre a qual discutimos neste trabalho. Este estudo encontra-se ancorado a um conjunto de autores que trabalham esta problemática de modo interdisciplinar (Amâncio, 1994; Bourdieu, 1990; Nunes, 2007; Scott, 2008; Vieira,2006; Nóvoa, 1992; Pomar et al., 2012) com o objetivo de favorecer um olhar plural sobre o tema. Do ponto de vista metodológico optou-se por uma análise qualitativa, com recurso a estatísticas, a partir dos dados colhidos através de questionário aplicados às

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formandas ao longo da atividade. Acrescente-se que também utilizamos como recurso documental os relatórios/trabalhos produzidos sobre a aplicação das suas experiências pedagógicas no espaço escolar. Concluímos que esta é uma matéria relevante para as formandas e, por isso, a maioria reconhece a sua importância. Sublinha-se a aplicação de um conjunto de estratégias possibilitando uma microanálise dos contextos educativos de que daremos alguns exemplos.

Palavras-chave: Género; Cidadania; Educação; Práticas pedagógicas.

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42.4. Inclusão e educação especial na atualidade: uma incursão a partir das perspetivas dos professores

Sara Felizardo Escola Superior de Educação de Viseu

Esperança Ribeiro Escola Superior de Educação de Viseu

Resumo Na atualidade, a educação inclusiva assume uma centralidade no quadro dos discursos políticos e nos dispositivos legais, constituindo a agenda atual da comunidade educativa internacional. A escola inclusiva é conceptualizada como um espaço aberto, onde a diversidade social, educativa e cultural de cada aluno deve ser reconhecida e valorizada e, consequentemente, assumida no âmbito dos processos de ensinoaprendizagem e na adoção de estratégicas pedagógicas diferenciadas. Convergentemente, a diversidade não pode ser concebida como um constrangimento, mas antes, uma oportunidade de inovação, potenciadora do desenvolvimento de todos os alunos e do próprio professor, que tem aqui um contexto propício ao aperfeiçoamento das suas competências pessoais e profissionais. No contexto nacional, temos vindo a assistir a um conjunto de mudanças conceptuais e sócio-legais e, neste sentido, as alterações previstas no Decreto-Lei n. 3/ 2008, de 7 de janeiro foram o nosso alvo de análise. O presente estudo, de caráter exploratório e descritivo, tem como objetivo analisar as perceções dos professores de educação especial sobre questões relativas à inclusão e às mudanças previstas na legislação em vigor. A amostra é constituída por 62 professores de educação especial de escolas da região de Viseu. Os resultados revelam que a legislação acentua o envolvimento dos pais na avaliação; os pais conhecem o programa educativo mas não participam na sua elaboração; o normativo não contribui para melhorar a inclusão, mas

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melhorou a articulação dos serviços; a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) não veio facilitar os procedimentos, sendo necessário um maior investimento na formação dos profissionais e na construção de instrumentos de avaliação adequados ao referencial da CIF.

Palavras-chave: Inclusão; Educação inclusiva;Educação Especial;Necessidades Educativas Especiais.

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42.5. Relações (D)Estabelecidas entre a Pedagogia Brasílica e as Escolas Indígenas no Século XX E XXI

Juliane Neves UNESPAR - Campus Paranaguá

Jaqueline Alves UNESPAR - Campus Paranaguá

Resumo O presente artigo, intitulado "Relações (D)estabelecidas entre a Pedagogia Brasílica e as Escolas Indígenas no século XX e XXI", tem por objetivo apresentar os primeiros apontamentos da pesquisa, tendo como aporte teórico os seguintes autores: Silva e Ferreira (2001), Saviani (2011) e Ribeiro (1970). Nossa intenção inicial é apontar de forma crítica a implantação das Missões Jesuíticas no Brasil, portanto, no período inicial do processo de colonização das terras brasilis, cujo momento, também se concretiza com as primeiras investidas em "educar" os nativos. Nesse viés, aproximamos a educação enquanto direito assegurado aos povos indígenas, direito esse, que no Brasil aconteceu, após promulgação da Constituição Federal de 1988, fazendo a relação com a possível efetivação dessa educação no momento contemporâneo.

Palavras-chave: Educação Escolar Indígena; Pedagogia Brasílica; Antropologia História e Educação.

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42.6. (Des)Igualdades de Oportunidades para Alunos de Baixa Renda Bolsistas em Escolas Particulares

Simone Gadelha de Souza Faculdade do Vale do Jaguaribe

Ruthe Maria Bomfim Vidal

Resumo Este estudo objetivou verificar se há igualdade de oportunidades educacionais, a partir de uma análise sobre o papel das escolas particulares, na inserção de alunos à Universidade. Nesta investigação, questionou-se o consenso de que a possibilidade de aprovação no vestibular seria obtida, sobretudo, dentro de uma estrutura escolar apresentada pelas escolas particulares. Esta pesquisa de abordagem empírica-analítica, de natureza descritiva, se caracteriza como uma pesquisa do tipo correlacional de enfoque quantitativo. No caso específico, basicamente relacionou-se a variável renda familiar a alunos aprovados no vestibular. Utilizou-se como principal instrumento de coleta de dados o questionário socioeconômico de preenchimento obrigatório para a inscrição no vestibular. Os sujeitos da pesquisa foram os alunos de escolas particulares, situadas na cidade de Fortaleza, na região Nordeste do Brasil. Os resultados mostraram que na fase inicial do vestibular, a diferença entre os grupos não é representativa. Entretanto, na fase final é que a disparidade entre os grupos se manifesta de maneira inconteste. Concluiu-se que não basta se cursar apenas o ensino médio em uma escola particular, nem mesmo naquelas que anunciam um alto índice de aprovação no vestibular. O que os dados desta investigação revelaram é que fazer um curso superior ainda está restrito àqueles que pertencem a classe social de maior poder aquisitivo e consequente capital cultural, nos moldes pensados por Bourdieu. Ao mesmo tempo esta pesquisa denuncia uma preocupação com as possíveis consequências e os impactos para a universidade com a inserção diferenciada de alunos

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utilizando o Sistema de Cotas, sem serem avaliadas as suas competências e as reais condições para estarem aptos a cursarem o ensino superior.

Palavras-chave: Educação Brasileira; Escola Particular; Desigualdade Social.

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43. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL

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43.1. Conhecimento pedagógico de conteúdo na Educação de Infância: episódios de Matemática no contexto da formação inicial de professores

Maria Figueiredo Escola Superior de Educação e CI&DETS, Instituto Politécnico de Viseu

Resumo O estudo pretende contribuir para a compreensão da especificidade do conhecimento pedagógico de conteúdo (CPC) matemático na Educação de Infância (EI) em Portugal, a partir do contexto de um Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico. O conhecimento pedagógico de conteúdo tem sido considerado como um dos “grandes desconhecidos” da EI (Melendez Rojas, 2008), especialmente em tradições de prática em que o desenvolvimento infantil assumia a base de conhecimento profissional, obnubilando o conteúdo da aprendizagem da análise do trabalho do educador de infância e da atividade da criança (Chen & McNamee, 2006; Cullen, 2005; Hedges & Cullen, 2005a, 2005b). Conceções atuais tanto da Pedagogia da Educação de Infância (SirajBlatchford, 2010) como da Didática da Educação de Infância (PramlingSamuelsson & Pramling, 2011) valorizam dimensões de ação e de conhecimento profissional que requerem um forte domínio de conhecimento de conteúdo e de CPC por parte dos educadores de infância. Estudos recentes sobre o CPC destes profissionais destacaram aspetos semelhantes, permitindo delinear áreas específicas sobre as quais, na EI, as duas categorias do conhecimento profissional de Shulman (1987) ganham contornos específicos: organização do ambiente educativo e interações com as crianças durante atividades de sua iniciativa (Lee, 2010; McCray, 2008; Melendez Rojas, 2008).

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No presente ano letivo, docentes da área da Matemática e da área da EI identificaram casos em planificações e relatórios, assim como em momentos de observação, da Prática de Ensino Supervisionada desenvolvida pelos alunos do referido mestrado, que corporizam interações entre a especificidade da intervenção educativa em EI (PramlingSamuelsson & Pramling, 2011; Siraj-Blatchford, 2010) e o CPC matemático (Ball & Bass, 2000). A informação desses casos foi complementada com a discussão, em aula, com os estagiários, de situações propostas pelas docentes. Os dados foram analisados e organizados em episódios reconstruídos a partir das observações, análises e discussões, assim como confronto com a investigação internacional disponível e com as dimensões da pedagogia e didática de Educação de Infância e do conhecimento pedagógico de conteúdo matemático. Os casos sustentam o argumento de especificidade da intervenção educativa em EI, argumentando pela necessidade de mais investigação nesta área tanto na formação inicial como nas práticas quotidianas de educação pré-escolar.

Palavras-chave: Didática da educação de infância; Conhecimento pedagógico de conteúdo; Ensino da matemática.

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43.2. Potencialidades e desafios da pedagogia genológica no início da construção de ser professor

Luís FilipeBarbeiro Instituto Politécnico de Leiria

Maria José Gamboa Instituto Politécnico de Leiria

CéliaBarbeiro Agrupamento de Escolas Dr. Correia Mateus

Resumo Propósito do estudo — O estudo apresentado teve como propósito apreender as potencialidades da adoção de estratégias e atividades da pedagogia genológica, no contexto da prática pedagógica da formação inicial de professores do 2.º ciclo do ensino básico. O programa Ler para Aprender, que se insere na perspetiva genológica, atribui à transversalidade língua um papel fulcral na aprendizagem escolar e adota uma perspetiva integrada na abordagem da língua e dos textos de diferentes géneros, conduzindo a sua compreensão e produção de forma modelada e apoiada. Este apoio implica um nível elevado de preparação do próprio gesto didático-pedagógico. A realização da prática pedagógica, numa turma em que se desenvolvia o programa, permitiu o estudo das potencialidades e dos desafios que surgiram associados à adoção desta pedagogia, na perspetiva dos sujeitos que se encontram numa fase inicial do percurso de ser professor. Metodologia — Para a realização do estudo, tomou-se como base as reflexões quinzenais elaboradas pelas formandas. Para a análise deste corpus, adotou-se a metodologia de análise qualitativa de conteúdo. As categorias de análise foram constituídas em torno da ocorrência dos temas

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“problemas e dificuldades” encontrados e “estratégias adotadas para a sua resolução”. Resultados — O estudo mostra uma mudança quanto aos problemas referenciados e quanto às estratégias adotadas, antes e após o início do programa. Antes, emergiam nas reflexões sobretudo os problemas relacionados com a motivação e participação dos alunos com desempenhos escolares mais baixos, sendo mobilizadas para os contrariar estratégias visuais e lúdicas. Com o programa, surge em relevo a referência ao seu contributo para ultrapassar os problemas referidos. Em contrapartida, emergem nas reflexões as dificuldades experimentadas pelas formandas para corresponderem ao maior nível de preparação das atividades. Conclusão — As potencialidades da pedagogia adotada manifestaram-se pelo maior grau de segurança na condução da aula, com participação alargada e empenhada por parte dos alunos. Essa maior segurança, que é essencial em situação de prática pedagógica e no início da vida profissional, teve por detrás o desafio de uma exigência maior quanto à planificação e preparação das tarefas de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Formação de professores; Prática pedagógica; Metodologias de ensino; Perspetiva genológica; Ler para Aprender.

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43.3. O Papel da Educação em Ciências na Formação dos Alunos de Licenciatura em Educação Básica Maria José Rodrigues

Maria José Rodrigues IPB-ESE

Adorinda Gonçalves IPB-ESE

Resumo A educação em ciências deve fazer parte do processo formativo de todos os indivíduos para que possam ser cidadão ativos e informados. Por isso, durante o seu percurso educativo na escola e no jardim de infância as crianças e os alunos têm o direito de ter acesso a esta educação. O papel dos educadores e professores assume particular relevância, pelo que a sua formação inicial deve dar resposta à situação evidenciada. Neste contexto, desenvolvemos este estudo com alunos do 3.º ano da Licenciatura em Educação Básica, da Escola Superior de Educação de Bragança, para conhecermos a opinião dos alunos acerca da formação que têm no âmbito da educação em ciências e de que forma essa formação se torna relevante para as suas práticas nos diferentes contextos. Para o presente texto damos destaque às solicitações que os alunos têm para desenvolver atividades de ciências nos contextos em que realizam a "Iniciação à Prática Profissional" e de que forma conseguem implementar atividades de acordo com a formação que receberam. A recolha de dados recorreu a entrevistas semiestruturadas para conhecer as perceções dos alunos de Licenciatura em Educação Básica sobre a formação em ciências recebida durante o 1.º ciclo de estudos, do ponto vista concetual e didático e refletir sobre a implementação de atividades de ciências nas suas práticas educativas em diferentes contextos.

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Os resultados evidenciam que os alunos valorizam a formação oferecida, embora apresentem algumas sugestões de melhoria e reconheçam que há necessidade dessa formação ser ampliada no ciclo de estudos seguinte. Revelam, ainda, que as atividades de ciências não são solicitadas tanto quanto gostariam "a matemática e a língua portuguesa estão em primeiro plano" e que surgem muitas vezes associadas a "dias comemorativos". Nas suas práticas procuram implementar o trabalho prático e experimental e recorrem a recursos diversificados que muitas vezes encontram na instituição de formação. Concluímos, assim, que a educação em ciências implica um trabalho continuado de todos os agentes do processo educativo e que se torna cada vez mais essencial o trabalho de colaboração entre as instituições de formação de professores e os diferentes contextos educativos.

Palavras-chave: Formação de professores; Educação Básica; Educação em ciências.

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43.4. A Observação de Pares Multidisciplinares como ferramenta colaborativa

Sofia Reis Porto University

Resumo Não sendo uma novidade, a observação de aulas por pares multidisciplinares é contudo uma prática recente e que ainda procura compreender o seu próprio potencial (trans)formativo. De fato, quer as experiências realizadas no ensino universitário (UP) quer algumas das nossas experiências de colaboração em sala de aula, apontam para vantagens e benefícios que se pretendem comprovar e aprofundar. A Observação de Pares Multidisciplinares (OPM), proporcionando a abertura das salas de aula e a reflexão sobre as práticas pedagógicas, quebra o isolamento dos professores e torna-se uma ferramenta colaborativa efetiva. Abre novos espaços de reflexão e partilha assentes na confiança e no conhecimento mútuo que melhoram as relações e abrem canais de comunicação, podendo, por essa via, melhorar as produções coletivas (atividades de escola) e individuais (trabalho pedagógico em sala de aula) e influenciar positivamente o clima de escola. Com este trabalho, que decorre da participação numa ação de formação desenvolvida na modalidade projeto, pretende-se, portanto, mostrar como é que, enquanto ferramenta colaborativa, a OPM beneficia o trabalho pedagógico e a aprendizagem dos alunos. Isto é, que vantagens e benefícios pode esta acrescentar ao quotidiano dos professores que possam ajudar a compreender e a melhorar a sua ação e, deste modo, proporcionar melhores aprendizagens. Para tal, criaram-se grupos (quartetos) que se observam mutuamente, com base em guiões previamente elaborados. Essa observação incide sobre as estratégias de ensino e de avaliação e é depois alvo de

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reflexão conjunta, primeiro no seio dos quartetos e depois coletivamente. Trata-se de uma experiência, importada do ensino superior e aplicada ao 2º e 3º ciclos do ensino básico. Conta para já com um pequeno grupo de professores voluntários, que são simultaneamente observadores e observados. Os dados recolhidos e as reflexões já realizadas permitem perceber que a OPM, tal como está a ser realizada, contribui para o (re)conhecimento das limitações e dos potenciais dos professores envolvidos e produz uma dinâmica que coloca a tónica nos aspetos positivos da ação educativa, reforçando o que se faz melhor e o que resulta melhor com os alunos. Espera-se que possa contagiar outros professores e alargar-se a outras salas de aula no próximo ano.

Palavras-chave: Observação; Pares Multidisciplinares; Ferramenta colaborativa.

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43.5. Relatório final de estágio: Refletir é investigar?!

Cristina Martins Escola Superior de Educação- IP Bragança

Manuel Vara Pires Escola Superior de Educação- IP Bragança

Resumo Nos mestrados profissionalizantes para o ensino, a Prática de Ensino Supervisionada (PES) corresponde ao estágio de natureza profissional, objeto de relatório final. Em educação, e nomeadamente na formação de professores, muitos autores reconhecem a estreita ligação entre as práticas de sala de aula e a reflexão produzida pelo professor ou futuro professor. Neste âmbito, é nosso entendimento que um relatório final deve refletir as diferentes experiências de ensino e aprendizagem realizadas ao longo do estágio. Simultaneamente, o conceito de reflexão surge frequentemente associado ao conceito de investigação, sobretudo, ao conceito de investigação sobre a prática. Como refere Ponte (2002) o professor, na concretização da sua missão, tem necessidade de se envolver em investigação que o ajude a lidar com as situações problemáticas que constantemente surgem na sua prática. Em complementaridade com esta ideia, Alarcão (2001) adianta que ser professor-investigador é primeiro que tudo ter uma atitude de estar na profissão como intelectual que criticamente questiona e se questiona. Então, refletir implica investigar? E o inverso verifica-se igualmente?! Nesta comunicação, pretendemos discutir os conceitos de reflexão e investigação sobre a prática, baseando-nos nos resultados de um estudo, de natureza qualitativa, focado na análise de experiências de ensino e aprendizagem na área da Matemática apresentadas nos relatórios finais da

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PES dos alunos do Mestrado em ensino do 1.º e do 2.º ciclo do ensino básico, da nossa instituição.

Palavras-chave: Prática de ensino supervisionada; Relatório Final; Refletir; Investigar.

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44. METODOLOGIAS E ÉTICA DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO

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44.1. Confiança na escrita e Identidade de Autoria

Maria Ribeiro Instituto Politécnico de Bragança

António Bento Universidade da Madeira

Resumo Objetivos: Analisar o nível de confiança na escrita e perceber se os estudantes do Ensino Superior compreendem o que significa ser autor de um trabalho escrito. Método: Foi desenvolvido um estudo quantitativo, transversal que teve como base uma amostra não probabilística selecionada por conveniência, constituída por 64 alunos que frequentavam em 2014 o curso superior de Educação Básica. Como instrumento de recolha de dados foi utilizado o SAQ (Student Authorship Questionnaire), uma escala desenvolvida por Pittam, Elander, Lusher, Fox e Payne (2009). Amostra: Da totalidade de estudantes que participaram nesta investigação, 18 (28,1%) frequentavam o 1º ano, 17 (26,6%) o 2º ano e 29 (45,3%) o 3º ano. Os participantes tinham idades compreendidas entre os 18 e os 36 anos, registavam em média 21,4 anos (DP=3,97) e a esmagadora maioria era do género feminino (98,4%). Conclusões/resultados: A maioria dos estudantes concorda que na elaboração de textos e trabalhos académicos devem, fundamentalmente, escrever por palavras suas (87,5%). Uma parte significativa de estudantes considera que a composição de um trabalho consiste no desenvolvimento de uma ideia sobre o que se pensa sobre o assunto (40,6%). Em termos gerais os estudantes têm uma boa perceção sobre o que representa ser o autor de um trabalho escrito (Média=3,6; DP=0,579). São os alunos do 3º

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ano que se destacam por considerarem que a compreensão da autoria não implica necessariamente desenvolver trabalhos/textos escrevendo por palavras próprias (p=0,010
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