Comum

June 14, 2017 | Autor: J. Medeiros da Luz | Categoria: Poesía
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Comum J. A. Medeiros da Luz “A gente, com paciência, vê até tripa de formiga” – Da. Rosália, sertaneja do Brasil.

Enganam-se obtusamente esses tantos, Que não cuidam em espadanar o pó De cima da peça arqueológica e já concluem, Na pressa doida de prosseguir na lavra, Tratar-se de mero caco de telha sem valor, Chutando a oportunidade inusitada de atinar Para aquele camafeu de jade com motivos Marajoaras, semitas, ou etruscos. Podem esses mesmos dizer-me Um chapa cheio de teorias, um excêntrico (Para contar-vos, amigos, só o mínimo...). Todavia, não carece Ser paciencioso ao extremo para ver, Em meio à aleatoriedade dos eventos E sob a pluralidade de formatos, Que aquilo que se lhes mostra eriçado De complexidades, ou mesmo devaneios, Após o descortínio, se revela Apenas uma alma desarmada à procura De bens muito prosaicos e simplórios: Uma sinceridade amiga; a ternura De afetos, sem a nódoa corrosiva Da sordidez de motivos; O deleitoso sentir-se vivo e saudável, Turbinado pelo prazer da descoberta e pleno Daquela convicção de que, por diminutos que sejamos, Estamos, de algum modo, sendo úteis À coletividade da qual somos Somente os mais humildes dos párias.

Ouro Preto, 2000. (do livro: Um óvni em meu jardim©, a sair no começo de 2016)

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