CONCEITOS DE NARRATOLOGIA

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1

(NA)ANTERIOR SIMULTÂNEA (NI)DAINTERCALA

O NARRAÇÃDATEMPO

(NU)ULTERIOR

CONCEITOS

DE

NARRATOLOGIA

Ato narrativo em inequívoca posteridade em relação às ocorrências narradas, (dadas como) terminadas e resolvidas; o narrador coloca-se numa posição de conhecer os eventos narrados na sua totalidade, capaz de manipular (a representação) dos procedimentos dos personagens, incidentes e mesmo antecipar o que sabe que irá acontecer. PROPENSÃO CONCLUSIVA. + Narrador Heterodiegético® Focalização Omnisciente (NARRADOR DEMIURGO) + Narrador Autodiegético® Foc. Interna (narrador autobiográfico/memorialista) Ato narrativo que se antecipa aos eventos narrados: relato preditivo ou projetivo. Literatura: em geral ocorre num nível narrativo segundo, deixando para o primeiro nível a concretização. Prolepses: antecipações feitas numa narração ulterior cuja totalidade diegética é conhecida e manipulada pelo narrador. Ato narrativo simultâneo ao desenrolar dos fatos. Lit.: Monólogo interior. Uso do presente verbal. Presente histórico: "modulacão estilística de um pretérito perfeito em princ. decorrente de uma Narr.Ulterior". Conjunto de atos narrativos que, sem aguardar a conclusão da história, resulta da fragmentação da narração em várias etapas interpostas ao longo da história. Microrelatos de cuja concatenação conforma-se a narrativa em sua totalidade orgânica. Lit: Diário, romance epistolar. »NU: A NI realiza-se depois das ocorrências, mas de forma entrecortada em etapas.

MÍDIA: apropriação de técnicas narrativas do folhetim e do romancefolhetim; FRAGMENTAÇÃO COMO ESTRATÉGIA comercial e de nat. psicocultural; [historicamente associado à profissionalização jornalística, ao romance naturalista, à fotografia]

2

TEMPO

Isocronia

DO DISCURSO

(DIEGÉTICO )

Anacronias

Preocupações cientificidade, a ordem cronológica rigorosa ("progressão científica") obedece o interesse de um historicidade "natural" e causalista. Mímese dos discursos e dos acontecimentos: "todo procedimento que procure incutir ao discurso narrativo uma duração idêntica a da história relatada", que "só convencionalmente pode entender-se consumada com eficácia". Modalidade dramatizada da narrativa Showing (x telling): "ponto de vista inserido na ação", narrador testemunhal que assume uma "consciência refletora" capaz de mostrar as ações. Análise de isocrronias » análise de cenas: o narrador interfere o mínimo, e os discursos dos personagens são introduzidos como diálogos.

Ao vivo ou playback sem cortes (qto mais restrita a edição, maior aproximação à uma isocronia)

Reordenação dos fatos no discurso, abrindo espaço para várias possibilidades explicativas normalmente inspiradas pelas motivações subjacentes à reordenação. Telling (x showing): narrador distanciado da história, que "se responsabiliza inteiramente por sua representação, reduzindo ao mínimo as intervenções dos personagens (monólogos e diálogos) e alheando-se de quaisquer preocupações de fidelidade temporal". As marcas de anacronias são reforçadas pelo enunciador conforme sua idéia de público. A camufagem destas marcas, igualmente realizada conforme este público virtual, visa dificultar a tarefa de destrinchar os "estratos temporais que confluem no discurso": a fluência do discurso "numa temporalidade de articulações difusas e limites imprecisos" (típico do romance contemporâneo) é priorizada em relação à clarificação da "economia temporal do discurso".

Na mídia, parece ser este o caso da confusão entre reprodução da imagem em tempo diferido ou transmissão direta. Mais genericamente, pode-se dizer que a extensão do controle do tempo de leitura pelo enunciador televisivo lhe faculta possibilidade adicionais de controle da representação do tempo da história no discurso televisual.

3 ANACRONIAS

Analepse Ordem

Prolepse

Signo técnico-narrativo de retrospectiva ("Flash-back"): Todo movimento temporal retrospectivo destinado a relatar eventos anteriores ao presente da ação e mesmo anteriores a seu início. Utilizada em função da profundidade retrospectiva (alcance) e da dimensão temporal (amplitude) da narrativa. + F.I: ativação da memória de um personagem Signo técnico-narrativo de antecipação. Todo movimento que adianta no discurso eventos posteriores ao presente da ação. Uso bem menos freqüênte que a analepse. »Narração ulterior, narrador omnisciente e heterodiegético; »Reflexões crítico-interpretativas.

Interna: o retrocesso não excede o ponto de partida da narrativa; Externa: o lapso temporal referido é totalmente exterior à totalidade da narrativa primeira Mista: o lapso começa antes do início da narrativa primeira e chega até seu interior. Pr. internas e externas equivalentes às da analepse. A prolepse mista é em princípio hipotética: teria de decorrer desde o interior da narrativa primeira até além do seu final, implicando num segmento temporal inusitadamente extenso e a revelação extemporânea do desenlace.

4 ANACRONIAS

Freqüência

Relata-se uma vez o que aconteceu uma vez: valorização da singularidade dos atos, a momentaneidade e puntualidade das Disc. singulativo ocorrências. Aspectos verbais típicos: pretérito perfeito ou presente histórico » Representação dramática (cena, showing) e dialogada. Refere-se várias vezes na narração um evento ocorrido uma única vez. Disc. » intencionalidade estética (leitmotif); pouco representacional. repetitivo » focalização interna variável: a reiteração faculta imagens distintivas do incidente "por força dos condicionamentos perceptivos e subjetovos dos personagens, cujos pontos de vista são representados. "...Uma só emissão narrativa assume em conjunto várias ocorrências do mesmo evento"; "modalidade 'econômica' da representação do tempo narrativo, tendendo a reduzir ao mínimo o relato de acontecimentos diegéticos considerados idênticos". Típicos: Disc. iterativo formulações aspectuais de tipo freqüentativo, formas verbais do tipo imperfeito. Apontam: 1-rotina de certas ações; 2- monotonia repetitiva; 3- erosão pela monotonia. » Narrador omnisciente

5 Anacronias Isocronia

Anisocronias

Cena

Sumário Extensã o

Velocidad e

Elipse

"estratégia de representação afim da representação dramática" que implica que o narrador desapareça total ou parcialmente da cena do discurso", sem abrir mão da função de organizador e modelizador da matéria diegética: controla a cena mais ou menos discretamente, instaurando/interrompendo a cena. »Showing: associado à focalização interna, a narrativa origina-se de um ponto de vista de uma testemunha envolvida no devir da ação. "toda forma de resumo da história", cujo tempo aparece reduzido a uma duração "sensivelmente menor do que a sua ocorrência exigiria". O narrador acentua sua distância em relação aos eventos relatados, numa "atitude redutora", que conduz a uma "espécie de desvalorização da matéria narrada em relação ao narraador". »Focalização Omnisciente »Narração Ulterior (ou Intercalada) »Telling, que se associa ao resumo, quando o narrador se distacia e exerce "certo pendor redutor"). "o tempo do discurso é mais longo do que o da história" » slow motion. Empregada para valorizar eventos relevantes ou supostamente demasiado velozes, representação da vida psicológica dos personagens, dando visibilidade à "repercussão que ações decisivas e extensamente relatadas podem ter no desenrolar da história". "Toda forma de supressão de lapsos temporais... denunciada de modo mais ou menos transparente." »Figuras de sintaxe: Zeugma e Assíndeto

Explícita Implícita Hipotética

Pausa

"forma de suspensão do tempo da história em benefíco do tempo do discurso"; "o narrador alargase em reflexões ou descrições que logo que concluídas, dão lugar de novo ao desenvolvimento das ações narradas". .."decorre normalmente de uma atitua ativa do narrador "...

"claramente manifestada pelo discurso por meio de expressões temporais de índole adverbial ("alguns minutos depois...") "não expressa pelo discurso, mas podendo ser inferida se se tiver em conta o desenrolar da história" "insuscetível de ser delimitada de forma rigorosa relativamente ao tempo da história e apenas intuída de forma difusa"

Digressão

"a digressão reflexiva traduz o mais direto e explícito processo de afirmação de princípios axiológicos e afirmações de recorte ideológico" » Registro Abstrato do discurso » Nivel hipodiegético

Descrição

»Romance naturalista/balzaquiano: "emergência do espaço como complemento de caracterização ou como condicionamento de ações". » Configuração de Cronótopos ("fusão dos conotados espaciais e temporais num todo dotado de concretude... o espaço intensifica-se e insinua-se no movimento do tempo...") e espaços sociais (tipos e figurantes). » Perspectiva narrativa (focalizações)

6 REGISTRO

DO

DISCURSO ¯ O registro do discurso pode ser interpretado como adicional marcador identitário dos enunciadores.

Não existem fronteiras bem demarcadas entre os diferentes registros. Os critérios de diferenciação são as "marcas da instância de enunciação no discurso/enunciado", em pólos: -Subjetivo (marcas detectáveis do enunciador no enunciado) -Objetivo: (cariz intencionalment impessoal)

pessoal

modalizante

avaliativo figurado

conotativo

abstrato

"Os registros são frequentemente a face significante das modalidades de focalização vigentes na narrativa: daí que suas virtualidades operatórias só se concretizam cabalmente quando articuladas de forma coerente com o código representativo".

-Presença explicita do locutor no enunciado - Dêicticos p/ identificação e localização de pessoas, objetos e eventos "em função do contexto espácio-temporal criado e mantido pelo ato de enunciação, no qual aparece como pólo estruturante o ego do locutror" -Remissão à instância de enunciação -Tempos e modos verbais marcando a presença do EU e a atitude do locutor frente aos fatos narrados: verbos tendem p/o presente (do momento que se fala); expresão de tempo estruturada a partir do locutor; forma indicativa: certeza ou grande probabilidade segundo o locutor.

("Modalizadores": expressões que assinalam a atitude do locutor em relação ao conteúdo proposicional de seu enunciado.) - Presença detectável indiretamente ("talvez, sem dúvida, parece" etc.) - Expressão de conhecimento limitado + Focal. interna: representação mimética da vivência subjetiva de uma personagem + Focal. omnisciente: "pode denunciar a presença do narrador, indicando suas crenças e indecisões e viabilizando a expressão de uma atitude avaliativa ..."Inscrição indireta do enunciador no enunciado", "instrumento privilegiado de elaboração da subjetividade" de personagens e do narrador - Presença de adjetivos e expressões que "traduzem uma atitude apreciativa" (de cunho nitidamente axiológico ou em atitude de avaliação quantitativa "fundada em padrões sociais normativos") - Outros: substantivos, verbos e advérbios usados p/ "veicular uma apreciação ou um juízo de valor" -Presença de figuras de retórica: artifícios retóricos "operatórios tanto na expressão quanto no conteúdo"; "Configuração peculiar do disc. subjetivo": mediatizado e subtil, em filigrana, a presença do enunciador "manifesta-se indelevelmente através de um conjunto de escolhas estilísticas intencionais, através da organização do próprio material" de expressão. Polivalência semântica: denuncia o "perfil e competência ideológica e cultural do narrador" (Conotação: "designa as franjas significativas de ordem emotiva, volitiva e social que se agregam àquele núcleo [intelectual do significado de uma palavra) - "instaura sempre no texto múltiplas dimensões significativas, dando... origem a um discurso polivalente" contraposto ao "discurso lógico, científico ou jurídico" -Polivalência: evocação de outros textos [intertextualidade] e de "um meio,... atmosfera cultural ou de.. determinado universo ideológico" [- Depende do contexto de leitura e da competência do leitor, que neste registro se incorporam ao próprio texto.] "Parece furtar-se à expressão da subjetividade", "distância máxima entre o enunciador e o enunciado". -"Emprego insistente de "reflexões gerais que enunciam uma 'verdade fora de qualquer referência espacial ou temporal'" - Presente verbal de cunho aforístico. "o EU dissimula-se pela utilização de uma terceira pessoa ou de um sujeito indeterminado, de modo que o discurso possa ser interpretado como portador de uma verdade universal ou como veículo da opinião pública". - Mímese reforçada: ações explicadas/justificadas pela referência à normas genéricas aceitas pela opinião pública como irrecusáveis. - Instrumento p/a manipulação ideológica do discurso: pelo R.A. "se delineiam as genaralizações adequadas à referências marcadamente ideológicas", pela naturalização de uma visão particular

7

narrador heterodiegético

PESSOA

DA

NARRAÇÃO

narrador autodiegético

narrador homodiegético

O narrador relata uma história à qual é estranho, uma vez que não integra nem integrou, como personagem, o universo diegético em questão. Entidade privilegiada (típica do romance realista). - Polaridade entre narrador e universo diegético, relaçào de alteridade "irredutível": controla totalm. o tempo do discurso, e as focalizações (perspectiva narrativa) -Atitude demiúrgica do narrador (expressãona terceira pessoa) - Intrusões judicativas (não-objetividade absoluta) + Nível heterodiegético, anonimato Þ narrador » autor Lit: Realismo, Naturalismo, Neo-Realismo »Narrativa Ulterior "O narrador da história relata as suas próprias experiências como personagem central dessa história" -Incidência do registro em primeira pessoa gramatical (em geral). -Organização do tempo: inteira superposição entre narrador e protagonista, sujeito enunciador coincide com sujeito enunciado, mas distanciam-se temporalmente (autobiografia) + foc. interna: "privilegiando a imagem da personagem, o narrador reconstitui artificialmente o tempo da experiência, os ritmos em que ela decorreu e as atitudes cognitivas que a regeram, ao mesmo tempo em que abdica da prematura revelação de eventos posteriores a esse tempo da experiência em decurso"; "a f.i. da personagem arrasta uma focalização externa sobre o que o rodeia" +foc. omnisciente: »N.Ulterior: o máximo potencial informativo deriva da situação de ulterioridade em que se encontra o narrador Autod. e de sua variável retenção memorial. Omnisciência na medida em que se reconhecer no narrador a aquisição de um saber que lhe confere prerrogativas muito superiores às da sua condição (passada) de personagem, em função das quais consente-se ao narrador a capacidade de mobilizar anisocronias e de deter a autoria e autoridade narrativa. "Entidade que veicula informações advindas da sua própria experiência diegética: tendo vivido a história como personagem, o narrador retirou daí as informações que carece para construir seu relato (narrador com conhecimento não-mediado). Não protagoniza a história (testemunha imparcial à person. secundário próximo ao protagonista). Ref. Holmes e Watson. * Examinar recurso a códigos temporais e focalização; registros de subjetividade (distancia com o protagonnista)

8 NÍVEIS

extradiegético

DIEGÉTICOS

(VOZ) Ä"todo evento narrado por uma narrativa encontra-se num nível diegético imediatamente superior àquele em que se situa o ato narrativo produtor dessa narrativa".

UM

ENUNCIADO CITADO

PODERIA SER DESCRITO COMO UMA IMAGEM

intradiegético (diegético)

hipodiegético (metadiegético)

?

As diferentes variantes da citação afetam a transparência da imagem afetam a transparência desta imagem conforme o enunciado seja visto como tal (opaco) ou que seja, mais ou menos, alterado por sua reprodução. Em um polo, tem-se a mímese do discurso; no outro, a alteração pode chegar à assimilação pura e simples.

Nivel primordial, a partir do qual podem constituir-se outros níveis narrativos. Na situação de origem do discurso, o enunciador primário encontra-se impedido: não aparece no enunciado, ou, pelo menos, não precisa nele aparecer. A articulação do discurso ao locutor está assegurada por meios diretos de conhecimento (julgamento perceptivo). O discurso do enunciador e a enunciação pertencem a dois univesos heterogêneos. Refere-se à localização de entidades (personagens, ações, espaços) que integram uma história e constituem um universo próprio. As entidades do n.intradiegético são as que se colocam no nível imediatamente seguinte ao n. extradiegético e precedem imediatamente o n. hipodiegético. Citação mimética: Põe face a face universos de discursos diferentes, que devem ser articulados no interior de uma enunciação única. As relações de força que estariam em vigor num diálogo são negociadas no nível dos enunciados por marcas específicamente discursivas. (No diálogo não há dispostivo de unificação interno ao enunciado; a relação só se efetua no plano da comunicação, onde os enunciados de cada enunciador mantém sua autonomia).A reprodução da enunciação primária implica uma transformação que não afeta (necessariamente) o plano semântico do enunciado de origem, mas o seu status formal. As condições da enunciação primária, que estavam impedidas (no n. extrad.) devem ser significadas (indicializadas). O discurso do enunciador e a enunciação pertencem à isotopia do discurso; é precisamente porque a diferença entre eles está nivelada na reprodução que esta deve comportar marcas que permitam distinguir os dois enunciadores. Citando o discurso do outro, produzo o semantismo dese discurso (o que corresponde a um ganho por parte do enunciador citado), mas ao preço da perda de seu poder discricionário sobre o real. Aquele que é construído pela enunciação de um relato a partir do nível intradiegético: uma personagem da história, por qualquer razão específica e condicionada por determinadas circusntâncias (voz), é solicitada ou incumbida de contar outra história, que assim aparece embutida na primeira. Delimitação difícil: até diálogos podem se constituir hipounidades; o discurso dos personagens, que se destaque e adquira forte cunho narrativo podem adquirir este estatuto (com os correspondentes narratários incorporados).

pseudodiegético (metadiegétic o reduzido)

Formas de narração em que a ligação metadiegética, mencionada ou não, se encontra imediatamente abolida em benefício do narrador primeiro, o que se traduz de certo modo na economia de um (ou por vezes vários) nível narrativo. Os elementos que integram o nível hipodiegético são incorporados ao intradiegético; a fronteira entre os níveis se desvanece. Um relato capaz de suscitar um segundo nível narrativo de caráter hipodiegético não aparece enunciado pelo seu narrador efetivo, mas pelo narrador primeiro que dele se apropria (» assimilação intertextual). Através da redução pseudodiegética, o narrador controla o ritmo da narração e o desenvolvimento da ação; conseqüentemente, evidenciam-se com nitidez as conexões existentes entre personagens e eventos deste nível h-diegético eliminado e as personagens e eventos assim colocados no mesmo nível sem que se institua um corte brusco que só por metalepse seria compensado. Assimilação intertextual: Endossar um enunciado como uma informação, sem lhe atribuir sua fonte, é legitimá-lo como um enunciado real e, ao mesmo tempo, veicular, os interesses que a suposta fonte investiu em seu discurso. São camuflados os índices da exterioridade do enunciado original; o enunciador reprodutor é atual e ativo, o enunciador primário (original) é virtual e passivo. O reprodutor concede seu poder simbólico (modulado e regulado na citação) ao discurso do primário.

(metalepses)

"Transposição": movimento de índole metonímica que consiste em operar a passagem de elementos de um nível narrativo a outro nível narrativo, produzindo geralmente um efeito de extravagância, burlesco ou fantástico.

Obs: Não existe nenhuma dependência rígida entre nível narrativo e pessoa da narração. Tanto um narrador heterodiegético como um narrador homodiegético (ou autodiegético) podem encontrar-se no nível extradiegético.

9

FOCALIZAÇÃO (PERSPECTIVA NARRATIVA)

Omnisciente

Representação narrativa em que o narrador faz uso de uma capacidade de conhecimento praticamente ilimitada, podendo por isso facultar as informações que entender pertinentes para o conhecimento minudente da história. Situa-se em posição de transcendência em relação ao universo diegético como uma entidade demiúrgica. »Narração Ulterior: a história é abordada como concluída e integralmente conhecida, permitindo que o narrador resuma ou distenda o tempo diegético, suprima laços cronológicos, opere retrospectivas. * A foc. omnisciente não implica em objetividade: implicam uma vertente subjetiva nas operações de seleção, através das quais o narrador interpreta e julga explícita ou implícitamente. ´ Criticada (no âmbito literário) como abusiva, artificial e totalitária forma de manipulação da diegese. * Traços: termos sintéticos, discurso iterativo e grande controle do tempo diegético.

Externa

Estrita representação das características superficiais e materialmente observáveis de uma personagem, espaço ou ações. Objetiva limitar a disponibilidade de informações diegéticas. Traduz o esforço do narrador em se referir aos eventos e personagens da história de modo objetivo e desapaixonado. Enfatiza o caráter situado do narrador e de seu campo sensorial. Traços: uso da descrição; tipicamente usada no início das narrativas literárias. Relaciona-se a motivações ideológico-culturais socio-historicamente localizadas: o romance noir ianque dos anos 30 (muito influenciado pelas técnicas cinematográficas e pela psicologia behaviourista. Articula-se em continuidade com a foc. interna (quando a narrativa passa aos dados "meramente" sensoriais de um personagem) e em contraste com a foc. omnisciente. Explicita a dielética ver/ser visto, pela contraposição entre os juízos perceptivos (f.e.»f.i.) dos personagens e as ocorrências em si mesmas (f.e.¹f.o.).

(Termo oriundo das artes plásticas e visuais) Representação da informação diegética que se encontra ao alcançe de um determinado campo de consciência, que condiciona a quantidade de informação veiculada e a sua qualidade (posições afetivas, ideológicas, morais e/ou éticas).

Interna

Restrição dos elementos informativos a relatar em função da capacidade de conhecimento de uma personagem, colocada na função de focalizador. O que está em causa não são os dados propriamente perceptivos desse focalizador, mas o que cabe dentro do alcance de seu campo de consciência, aquilo que surge de inferências oriundas da síntese dos sentidos e de dados previamente conhecidos. Valoriza da corrente de pensamento das personagens (no limite, no monólogo interior). Lit.: Afirma-se no romance vintecentista, associado às conquistas da psicanálise, da física moderna (relatividade, mec. quântica), ao cinema, ao existencialismo e à fenomenologia. Marcas: gradualismo das informações (pela limitação dinâmica da cognição do personagem focalizdor); registro de discurso modalizante (e outras marcas da subjetividade do discurso); narrativa isocrônica (cena) e uso do presente histórico.

Fixa Múltipla Variável

Focalização feita através de um único personagem. Focalização segundo o conhecimento de um grupo artificialmente homogeneizado. Circulação do núcleo focalizador do relato por sucessivos personagens.

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FOCALIZAÇÃO (PERSPECTIVA NARRATIVA)

Paralepse Paralipse

Facultar mais informação do que seria normalmente permitida em dada focalização (interna ou externa). Pode se originar de deslizes do narrador, mas também pode aparecer como uma "fissura omnisciente" de função crítica. + Narrador Autodiegético: o narrador deixa escapar informações prematuras em relação ao momento narrado, que caracteriza também uma prolepse. Facultar menos informação do que normalmente permitido numa focalização (omnisciente ou interna). Pode ser uma lacuna involuntária na narração, mas também recurso associado à economia da história e à lógica do seu desenvolvimento

São, no plano de uma análise macroscópica, excessões que confirmam a regra das focalizações vigentes.

Fontes: REIS, C. & LOPES , A.C.M. Dicionário de Teoria Narrativa. São Paulo, Ática: 1988. GREIMAS , A.J. & C OURTÉS , J. Dicionário de Semiótica. São Paulo, Cultrixa: 1989. MOUILLAUD, M. "O sistema das citações". IN: Mouillaud, M & Porto, S.D. O Jornal - da forma ao sentido. Brasília, Paralelo 15: 1997.

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