Construção De Uma Matriz De Informações Como Ferramenta Na Tomada De Decisão: O Caso Do Mercado Externo Suinícola

June 7, 2017 | Autor: Luciane Rubin | Categoria: Decision Making, International Marketing, Developing Country
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CONSTRUÇÃO DE UMA MATRIZ DE INFORMAÇÕES COMO FERRAMENTA NA TOMADA DE DECISÃO: O CASO DO MERCADO EXTERNO SUINÍCOLA. [email protected] Apresentação Oral-Comércio Internacional LUCIANE DA SILVA RUBIN; JOÃO ARMANDO DESSIMON MACHADO; GABRIELA SPOHR. PPG-AGRONEGÓCIOS/UFRGS, PORTO ALEGRE - RS - BRASIL. Construção de uma matriz de informações como ferramenta na tomada de decisão: o caso do mercado externo suinícola. Grupo de pesquisa: Comércio internacional Resumo: Este estudo tem por objetivo elaborar uma matriz de informações que contemple indicadores sobre o mercado internacional do setor de carne suína brasileira, com o propósito de fundamentar a tomada de decisões quando da implementação de políticas que venham diversificar e ampliar o mercado externo de carne suína. Para tanto, faz-se a análise de variáveis a partir de algumas generalizações metodológicas, como: tendência do mercado internacional, potencial importador, potencial exportador do Brasil, por meio do cálculo do Índice de Vantagem Comparativa Revelada – VCR; o grau de inserção, por meio do cálculo do IOR e a investigação bibliográfica das barreiras impostas ao produto brasileiro. Os principais resultados revelam que: é intensa e crescente a demanda de carne suína no mercado internacional, principalmente pelos países emergentes; o Brasil não apresentou um grau de aceitação para a maioria dos grandes mercados externos, devido às barreiras sanitárias impostas, e que o país tem um grande potencial ainda a explorar, pois a inserção do produto nos mercados não tão exigentes é intensa e crescente. Ainda, ressaltase a necessidade e a importância de estudos que venham subsidiar a tomada de decisão no que diz respeito ao comércio externo. Palavras-chave: mercado internacional, carne suína, tomada de decisão. Abstract: This study aims to develop a matrix of information that completes indicators about the international market in the Brazilian pork sector, in order to support decision making when implementing policies that will diversify and expand the foreign pork market`s. Thus, this will be done by the analysis of variables from some methodological generalizations, such as trends of international market potential importer, the export potential of Brazil, through the calculation of the Index of Revealed Comparative Advantage - VCR, the degree of integration, through the calculation of the IOR literature and investigation of the barriers imposed on the Brazilian product. The main results show that: the demand for pork is intense and growing in the international market, mainly by developing countries, Brazil has not provided a degree of acceptance for most major foreign markets, due to sanitary barriers imposed, and that the country still has great potential to explore, because the integration of product in the not so demanding markets is 1

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intense and growing. Still, it is emphasized the necessity and importance of studies that will support decision making with regard to foreign trade. Keywords: international market, pig meat, decision-making.

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Introdução

Na maioria dos países a implementação de reformas nas políticas econômicas vem sendo intensificadas desde a década de 90 e tem o intuito de inserir e/ou ampliar sua participação no contexto econômico mundial. Após alguns impasses criados pelas maiores economias mundiais nas rodadas de negociações multilaterais, o período caracterizou-se pelo aumento exponencial dos acordos regionais de comércio e pela maior liberalização das economias em desenvolvimento. A maior liberalização dos mercados tem sido o principal instrumento adotado pelos países, inclusive o Brasil. Segundo a própria Organização Mundial do Comércio, o mundo torna-se um grande laboratório de políticas de acordos de comércio internacional, com diversas intensidades e extensões, modificando a geografia, a política e as relações econômicas mundiais. Conforme a teoria tradicional do comércio internacional, a especialização em determinados bens e serviços, nos quais os países têm vantagem comparativa, levam à melhor alocação dos recursos e a aumentos na produção mundial. Os países acabam produzindo mais do que o consumo interno de determinado produto, no qual tem vantagem, e passam a exportar para outros mercados e, por sua vez, importando aqueles produtos nos quais não possuem vantagem comparativa. Por outro lado, as firmas ou organizações são cada vez mais incentivadas e tentadas a ingressar nesse mercado, visando ganhos de escala, maior vantagem competitiva, melhores preços para seus produtos e fonte potencial de novos clientes. Mas, deve-se considerar que em um mercado global, a concorrência e os riscos são ampliados e a organização passa a ter novos limites e, conseqüentemente, novos desafios, que na maioria das vezes são desconhecidos. Se por um lado o Brasil tem grandes potencialidades para o agronegócio e o mercado interno não é capaz de absorver toda a produção existente, de outro, a ameaça de uma crise mundial e a alta do dólar trazem incertezas para os agentes envolvidos no setor, como produtores, firmas, organizações e governo, que têm no agronegócio um grande promotor de renda e emprego e de fonte de divisas. Segundo relatório da OMC as exportações brasileiras devem diminuir com a crise internacional devido à queda nos preços das commodities. A taxa de crescimento das exportações para 2007 ficou abaixo da média do MERCOSUL e a menor entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China, os quatro principais emergentes do mundo). Ao mesmo 2

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tempo em que apresentou um crescimento de 17% em valor (US$ 160 bilhões), o país conseguiu, em quantidade, apenas 6,9% de taxa de crescimento (PÁGINARURAL, 2008). Os riscos e as incertezas gerados pelo contexto mundial e pelas características inerentes ligadas às atividades agropecuárias exigem das firmas, organizações e instituições, por meio de seus agentes, tomadas de decisões que, na maioria das vezes, para se tornarem efetivas, devem estar amparadas no conhecimento de inúmeros elementos inter-relacionados, tornando-as complexas e de difícil solução. No contexto do comércio internacional, uma das estratégias ou políticas recomendada para o enfrentamento das dificuldades apresentadas pela crise, como a diminuição das importações mundiais e dos preços dos produtos agroindustriais, diz respeito à conquista de novos parceiros comercias. E, considerando que o país possui um enorme potencial produtivo e empenha-se na ampliação de parceiros comerciais, é de fundamental importância estudos que venham subsidiar o estabelecimento de metas, para a projeção de cursos de ações possíveis, e que possam desencadear em escolhas de políticas e estratégias satisfatórias. Desta forma, evidencia-se a necessidade da elaboração de pesquisas que possam contribuir para elucidar quais mercados podem significar oportunidades de comércio e, conseqüentemente, contribuir para a sustentabilidade da economia e maior bem-estar da nação. A ampliação de mercados pode se constituir em um instrumento de desenvolvimento, promovendo geração de emprego e renda, principalmente para as regiões e setores de produtos que estão ligados pelas suas características a pequenos produtores rurais e à economia familiar, como é o caso da suinocultura brasileira. O setor está inter-relacionado com vários fatores que interferem no seu desenvolvimento. Por este motivo, antes de formular políticas e estratégias, é necessário estudar as forças macroeconômicas que interferem no mercado internacional, já que se estima que o desenvolvimento do setor passa pela ampliação e diversificação dos mercados externos, dado os limites da demanda interna e a dependência de um único país. Como exemplo, segundo dados de SECEX/MDIC (2008), 51,8% do produto suinícola era exportado para a Rússia. Diante desse cenário o objetivo é elaborar uma matriz de informações que contemple indicadores sobre o mercado internacional do setor brasileiro de carne suína, com o propósito de fomentar projeção de cursos de ações possíveis, e fundamentar a tomada de decisões quanto à implementação de políticas que venham diversificar e ampliar o mercado externo para o setor suinícola. Para alcançar o objetivo proposto recorre-se ao desenvolvimento de cinco instrumentos metodológicos capazes de captar a possibilidade de diversificação e ampliação da participação do setor no comércio externo, em que são levados em consideração alguns fatores que estão diretamente relacionados ao mercado externo de carne suína. Primeiro instrumento diz respeito à “tendência do mercado internacional”, em que se investigam as seguintes variáveis: renda, quantidade importada e preço. Neste caso, 3

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pode-se afirmar de forma genérica que quanto maior forem as variáveis relacionadas, menor tenderá a ser o risco no que diz respeito ao comércio internacional de carne suína. No segundo, aborda-se o “potencial importador”, ou a capacidade de importação dos principais mercados mundiais, por meio de um gráfico com quatro quadrantes, que identifica a posição de atratividade dos mercados para as exportações do setor suinícola. Quanto maior a taxa média de importação versus taxa média de crescimento dessas importações, mais atrativo será o mercado. O terceiro instrumento diz respeito à estimativa do “potencial exportador” do Brasil em relação à carne suína, através do cálculo do Índice de Vantagem Comparativa Revelada – VCR. Esse indicará se há uma tendência do país em se especializar nas exportações do produto carne suína ou não. Ainda, como análise complementar, apresenta-se o cálculo VCR para os principais concorrentes no mercado internacional, que indicará os maiores concorrentes que estão se especializando nas exportações do produto em estudo. O quarto instrumento analisa o “grau de inserção” da carne suína brasileira para alguns países selecionados (maiores importadores brasileiros), através do cálculo do Índice de Orientação Regional - IOR. Quanto maior o índice, maior o grau de penetração do produto brasileiro em relação aos principais mercados importadores. No quinto instrumento faz-se uma investigação bibliográfica das barreiras impostas ao produto e/ou a falta de acordo sanitário entre o Brasil e os demais mercados. Elementos como esses acabam interferindo negativamente na maior inserção da carne suína no mercado mundial. A partir do cruzamento dos resultados obtidos apresenta-se uma matriz de informações que proporciona a identificação de mercados potenciais para o Brasil no setor de carne suína, em relação ao mercado mundial. 2 A tomada de decisão e alguns aspectos relevantes A compreensão dos problemas que envolvem a tomada de decisão dos agentes, sejam eles sociais, econômicos ou políticos, tem sido uma das grandes inquietações dos pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. Um dos pioneiros nesta discussão, e que tem sido utilizado como referencial, é o cientista social Herbert A. Simon, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1978. O autor dedicou sua vida a pesquisas visando desvendar a complexidade do “comportamento humano” quanto à “tomada de decisão”. Dessas pesquisas e de suas múltiplas continuidades compreende-se que o bem-estar da sociedade está diretamente relacionado à decisão. Avaliar e escolher alternativas possíveis de forma eficaz vai determinar o êxito na resolução de muitos problemas pertinentes em nível nacional, das organizações empresariais e da vida dos indivíduos (SIMON, 1986). A obra de Simon vem preencher uma lacuna no pensamento predominante com relação ao comportamento real e potencial do indivíduo nas suas decisões. Em sua obra “Comportamento Administrativo”, editado pela primeira vez em 1945, o autor faz pesadas críticas a dois extremos de pensamento que dominavam as ciências sociais: “As ciências sociais sofre de esquizofrenia aguda no que tange ao tratamento dispensado à 4

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racionalidade”, de um lado a economia neoclássia que “atribui ao homem econômico uma onisciência racional absurda” quanto às suas escolhas ótimas e, de outro, a psicologia social, que “trata de reduzir todo o conhecimento à afetividade” (SIMON, 1965). A Teoria da Racionalidade Limitada de Simon traz o equilíbrio ao dualismo e incorpora ao comportamento social dos seres humanos aspectos intencionais, embora limitadamente racionais, quando da tomada de decisão. A limitação da racionalidade deriva-se, principalmente, de informações incompletas, falha no conhecimento das possíveis alternativas, incerteza a respeito de eventos exógenos e inabilidade no cálculo de suas conseqüências. A partir disso tem-se que um modelo de racionalidade plena para a tomada de decisão, e sua hipótese de solução ótima, não é uma abordagem adequada para explicar o comportamento dos agentes. Conflitos de interesses levam-nos a múltiplos objetivos, e os caminhos que se apresentam são incertos e nem sempre plenamente conhecidos. Assim, a tomada de decisão deve seguir a idéia de aprendizagem e a determinação de metas deve estar amparada de novas idéias e múltiplos elementos a serem utilizados em soluções reais e concretas (ATTONATY et al., 1999). Para Dossa (2000), o processo de aprendizagem se constrói a partir de um diagnóstico e que se deve levar em consideração experiências passadas e projeção de perspectivas futuras, montadas sobre cenários otimistas, pessimistas ou neutros. Sendo assim, as decisões humanas estão condicionadas a uma complexidade de elementos qualitativos e quantitativos, como, por exemplo, “fatos” e “juízo de valor”. Para tanto, os gentes buscam comportamentos satisfatórios e não escolhas ótimas como postula a teoria neoclássica (SIMON, 1965). Os aspectos qualitativos, de um modo geral, são os mais considerados pelos agentes no processo de escolhas. Múltiplos elementos ou “família de critérios” são chamados a intervir e estão fortemente associados a riscos e incertezas. Porém, aspectos quantitativos devem se associar aos qualitativos, no sentido de clarear a “faixa cinzenta” de escolhas possíveis e auxiliar na hierarquização de metas nem sempre bem definidas pelos gestores (DOSSA, 2000). Sendo assim, como evidencia a obra de Simon, aspectos comportamentais e o grande número de elementos nem sempre plenamente conhecidos que envolvem a tomada de decisão, permeiam a vida, não só dos indivíduos, mas, também das organizações públicas e privadas nas gestões dos problemas. Entretanto, no que diz respeito ao setor agropecuário, além dos riscos atribuídos ao processo produtivo, como doenças e pragas, somam-se incertezas inerentes ao meio físico, ligados principalmente a fatores climáticos, e a fatores que a princípio possam parecer exógenos ao setor. Um exemplo diz respeito à crise financeira que se instaurou na economia dos Estados Unidos da América (EUA) e seus reflexos nos preços e nas quantidades importadas das commodities no mercado mundial e, conseqüentemente, no agronegócio brasileiro. Porém, as múltiplas variáveis e os elementos envolvidos na tomada de decisão tornam-se cada vez mais abrangentes e complexas quando o ambiente é ampliado (visualizado na Figura 1). Em uma economia cada vez mais globalizada, decisões de comércio internacional evolvem não só os riscos e incertezas ligados às variáveis internas do país, mas aquelas relacionadas ao setor externo. Fatores como preço, quantidade produzida, posição dos 5

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mercados concorrentes, variação na renda, políticas comerciais, relações de diplomacia com os países e aspectos institucionais (ligados aos organismos institucionais) impactam as variáveis que devem ser levadas em consideração quando da gestão das organizações agropecuárias e dos sistemas agroindustriais.

Figura 1 - Variáveis e os elementos envolvidos na tomada de decisão

Fonte: Elaboração dos autores.

A economia globalizada, conforme Klein & Kerr (1995), obriga o setor agropecuário a ter outra visão dentro e fora da porteira. As relações dos agentes nos sistemas agroindustriais tornam-se muito mais estreitas, ampliado a interdependência não só entre esses agentes, mas em relação ao ambiente global. Neste caso é preciso saber quais as forças estão subjacentes à economia global e, segundo os autores, dentre elas estão: mudanças na tecnologia de processamento, o que vai permitir a diminuição nos custos e maior variedade de produtos; revolução na circulação de informações, como preços, custos, qualidade, preferências do consumidor; e redução das intervenções governamentais e, conseqüentemente, economias mais abertas. A internacionalização das informações, e de forma quase instantânea, melhora a capacidade de tomada de decisão tática e estratégica e identifica nichos de mercados. Ainda, conforme Buainain & Batalha (2007) a informação é um insumo importante para a produção e comercialização do agronegócio brasileiro, e o conhecimento é uma ferramenta essencial para fazer frente ao crescimento da competitividade, da escala e da complexidade da agricultura brasileira nos últimos anos. Porém, as economias globais envolvem uma diversidade de variáveis e informações inter-relacionadas tornando-se complexa a apreensão e a compreensão de suas variações e tendências e, ainda, de seus reflexos nos sistemas agroindustriais. Conforme estudo apresentado por Coronel, Machado & Dutra (2007), a utilização de métodos apropriados podem vir a direcionar decisões antecipadas e, por conseqüência, reduzir os potenciais impactos negativos oriundos da inserção nos mercados globais. Entre os vários instrumentos que podem ser utilizados para subsidiar a tomada de decisão em processos 6

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produtivos, está o Índice de Vantagens Comparativas Reveladas e de Orientação Regional, utilizados por diversos autores. Os resultados da pesquisa indicaram que essa técnica é capaz de antecipar tendências e comportamentos e reduzir as limitações inerentes à racionalidade dos indivíduos envolvidos em processos complexos de tomada de decisões. A seção a seguir apresenta algumas generalizações que podem auxiliar os agentes decisores públicos e privados ligados aos setores agroindustriais e mais precisamente ao setor de carne suína, quanto à inserção no mercado internacional diante das incertezas que se apresentam e em um contexto de previsão de retração das principais economias mundiais. 3

Metodologia

Após a revisão conceitual e teórica, apresentam-se os seguintes passos metodológicos a fim de encontrar os instrumentos adequados ao propósito do artigo. 1ª) “Tendência do mercado internacional” a) análise da evolução da renda dos quinze maiores importadores mundiais de carne suína. Apenas para simplificação da análise, faz-se uma escala de comparação em que se classifica a taxa de crescimento médio dos países, no período em estudo, em relação à taxa média de crescimento do PIB mundial (3,39% a.a.). Para variações do PIB menor que 3,39% a.a., considera-se crescimento baixo, para variações entre 3,39% e 4,5%, crescimento médio e acima de 4,5, crescimento elevado. b) análise da evolução da quantidade importada de carne suína, nos últimos dez anos, e comparada com os principais produtos substitutos; c) análise da variação dos preços internacionais, no mesmo período, e em relação aos preços dos principais substitutos. 2ª) “Potencial importador” Faz-se um gráfico com quatro quadrantes, que identifica a posição de atratividade dos mercados para as exportações do setor suinícola. Utiliza-se o cruzamento entre a média da quantidade de importações para cada bloco nos últimos seis anos, com as respectivas taxas médias de crescimento das importações. No primeiro quadrante, acima e à direita, ficam os mercados “altamente atrativos” (tamanho e dinâmica superiores à média); no segundo quadrante, acima e à esquerda, encontram-se os mercados “promissores” (tamanho menor do que a média e altas taxas de crescimento); no terceiro quadrante, abaixo e à esquerda, localizam-se os mercados de “menor atratividade” (tamanho e dinâmica menores que a média), e, no quarto quadrante, abaixo e à direita, identificam-se os “mercados potenciais” (tamanho grande, porém dinâmica menor que a média). 3ª) “Potencial exportador do Brasil e dos concorrentes” É medido pelo Índice de Vantagem Revelada das Exportações – VRE, apresentado por Carvalho (2001), a partir do Índice de Vantagem Comparativa Revelada – VCR, proposto por Balassa, em 1965, e utilizado por diversos outros autores, como Yeats (1997), Chaves Neto (1999), Machado (2000) Machado & Serapião (2004), Barbosa & Waquil (2001), Rubin & Ilha (2008), Coronel, Machado & Dutra (2007). 7

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A escolha pelo índice de Vantagem Revelada das Exportações (VRE) deve-se ao fato de ser um indicador útil para analisar o desempenho de um país nas exportações de determinado produto (Carvalho, 2001), satisfazendo, de maneira razoável, o objetivo da segunda generalização. Para o cálculo do índice do VRE, utiliza-se a seguinte expressão algébrica1: (1) VREki = ln[(Xki ÷ Xkr) ÷ (Xmi ÷ Xmr)] onde; VREki: Índice de Vantagens Revelada na Exportação do produto k; Xki: valor total das exportações do produto “k”, do país “i”; Xkr: valor total das exportações mundiais do produto “k”, menos as do país “i”; Xmi: valor total das exportações do país “i”, exceto suas exportações do produto “k”; Xmr: valor total das exportações mundiais, exceto as do país “i” e do produto “k”; k: carne suína. O resultado da expressão acima indica que, se o VREki for menor que zero, o país “i” possui desvantagem revelada na exportação. Mas, se o VREki for maior do que zero, o país “i” terá vantagem revelada na exportação do produto “k”. Contudo, convenciona-se, apenas para efeito de comparação, classificar o índice em três faixas2: vantagem revelada alta quando VREki>2,0; vantagem revelada média quando 1,0< VREki ≤ 2,0 e vantagem revelada baixa quando VREki for ≤1. Com o intuito de fazer uma análise dinâmica, considera-se, ainda, o comportamento do índice ao longo do tempo. Assim, se for crescente, o país possui a capacidade de expandir sua competitividade ao longo do tempo; se for estável, o país mantém a competitividade estável ao longo do tempo; e se for decrescente, significa que o país perde capacidade competitiva ao longo do tempo. 4ª) “Grau de inserção” da carne suína brasileira: calcula-se através do Índice de Orientação Regional - IOR, para alguns países selecionados (maiores importadores brasileiros). O IOR mede o peso relativo de determinado produto ou setor tem em relação aos demais mercados, e é expresso na seguinte forma: IORk = [Xki ÷ Xti] ÷ [Xke ÷ Xte] (2) onde, IORk: Índice de orientação regional do produto “k”; Xki: valor das exportações brasileiras do produto “k” intrabloco/países; Xti: valor total das exportações brasileiras intrabloco/países, Xke: valor das exportações brasileiras do produto “k” extrabloco/países; Xte: valor total das exportações brasileiras extrabloco/países; k: carne suína. Se o IORk apresentar um índice igual à unidade, indicará o mesmo peso para exportar o produto “k” para o bloco/país ou para fora dele. Se for maior que a unidade, indicará que o mercado do bloco/país é extremamente importante para as exportações do produto “k”.

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Esta expressão é a mesma utilizada por Carvalho (2001). Tal classificação tem o intuito apenas de facilitar a análise, por isso, trata-se de escolha aleatória. 8

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Para simplificar a análise, convenciona-se que o grau de penetração é muito bom quando IOR>1, regular quando for 0,5 ≤ IOR≤1 e baixo quando IOR2,0 indica vantagem revelada alta) revelando uma alta dinâmica competitiva. Porém, esta competitividade tem mostrado sinais de queda, pois depois de ter apresentado um VRE de 3,82 em 2003, em 2005 caiu para 3,24. Essa queda não se deve à diminuição no montante exportado, e sim ao vigoroso aumento das exportações de outros países, como é o caso do Brasil e do Canadá, já que o índice mede a posição relativa à suas exportações e às exportações mundiais. Quanto aos EUA, o segundo maior exportador mundial, o país atinge índices acima de “zero” a partir de 2002 e, em 2005, sua dinâmica competitiva é considerada baixa, com índice de VRE de 0,25. Os resultados visualizados ao longo do tempo revelam que a dinâmica competitiva é crescente, mas instável.

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No que diz respeito ao VRE do Canadá, este possui vantagem revelada média (1,0< VREki ≤ 2,0) e crescente. E o país, assim como o Brasil, está se especializando cada vez mais nas exportações de carne suína. 4.4 Grau de inserção Os principais importadores da carne suína brasileira (em valores de 2008, FOB US$) são a Rússia (51,84%), Hong Kong (18,29%), Ucrânia (6,32%), Argentina (5,34%) e Cingapura (4,92%). Os demais importadores somam apenas 13,29%. Esses índices mostram que o Brasil está fortemente dependente de poucos mercados. Essa dependência é apontada como um dos grandes problemas do setor exportador de carne suína, visto que acaba gerando instabilidade e incertezas ao setor. O episódio recente da febre aftosa em 2005 ocorrido no Mato Grosso do Sul levou o maior importador a diminuir suas compras em 22,52% para o ano seguinte, uma redução (RS$ 178,71 milhões) superior às importações do segundo maior importador, que é Hong Kong5. Sendo assim, a busca pela consolidação dos mercados já existentes e a ampliação de novos parceiros deve ser uma postura a ser perseguida pelos agentes tomadores de decisão, sejam eles públicos ou privados. Neste item, avalia-se o grau de inserção ou o peso que as exportações brasileiras de carne suína têm no interior de cada país. Para isso, calculou-se o índice IOR (já discriminado no item metodologia), para os últimos dez anos. Os resultados encontrados (Tabela 01) revelam a fraca penetração do produto brasileiro na maioria dos principais importadores mundiais do produto, ou seja, com os quinze maiores importadores o Brasil possui um IOR igual a zero ou bem próximo a ele, como pode ser observado para o Japão, EUA, México, Canadá, Austrália, China, Bielorússia e Nova Zelândia. A maioria desses países não importa carne suína in natura do Brasil. Os principais exportadores para o maior mercado que é o Japão são os EUA, Dinamarca e Canadá. A UE apresentou grau de inserção baixo (IOR
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