Consumo consciente X consumismo: precisamos ganhar esta partida

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Rogério Ruschel; Jornalista, editor da revista eletrônica “Business do Bem – Negócios e Sustentabilidade”, autor de 5 livros e 28 estudos sobre sustentabilidade, meio ambiente e cidadania. E-mail: [email protected]

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Consumo consciente X consumismo: precisamos ganhar esta partida

O

consumo é necessário porque precisamos de produtos e serviços que não produzimos. Mas, como somos sete bilhões de pessoas precisando de produtos e serviços, e os recursos naturais do planeta são limitados, temos que consumir com muita consciência para evitar o “consumismo”. Este é o ato de comprar produtos ou serviços sem necessidade e consciência; uma característica da sociedade moderna, na qual o consumo de algumas pessoas é compulsivo e descontrolado, com alto grau de desperdício. Estudiosos explicam que o consumismo tem origens emocionais, sociais, financeiras e psicológicas, que levam algumas pessoas a gastarem o que podem e o que não podem. E que fazem isso porque precisam suprir a indiferença social, a baixa autoestima, a perturbação emocional e outras carências. Entre as consequências ruins do consumismo para o consumista estão o endividamento, o desvirtuamento dos valores e a oneomania – um distúrbio psicológico carac-

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terizado pela compulsão de gastar dinheiro, tecnicamente considerado uma doença. Já para a sociedade como um todo, as consequências do consumismo incluem a degradação ambiental, a destruição dos recursos naturais, a poluição, a emissão de gases de efeito estufa e talvez o mais visível deles: a grande quantidade de lixo. O consumidor ‘normal’ compra produtos e serviços necessários, de maneira consciente, porque precisa. Mas o consumista compra muito além do

necessário – porém, o problema afeta todo mundo (não só a ele). Atitude e comportamento O consumista precisa urgentemente mudar seu comportamento e seus hábitos de consumo. Mas a mudança não pode ser imposta a ninguém: deve ser uma escolha de cada um – deve-se agir como pessoas bem informadas a respeito dos impactos do consumo na vida urbana e nos recursos do planeta, que decidem mu-

Gráfico 1:

Estamos indo mal: em quatro anos aumentou o percentual de indiferentes em relação ao consumo consciente

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Gráfico 2: dar seus hábitos em favor de bens e de serviços sustentáveis. No entanto, infelizmente, as coisas não são exatamente assim: os consumidores conscientes não passam de 5%, segundo uma pesquisa dos Institutos Akatu e Ethos – veja abaixo Esta pesquisa, realizada em 2010, mostra que a adesão dos consumidores às propostas de consumo consciente deve ser compreendida e monitorada a partir de dois pontos de vista: atitudes e comportamentos. • “Atitude” significa o grau de adesão do consumidor a valores, conceitos e opiniões sobre os papeis de empresas e dos consumidores em relação à Sustentabilidade, Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e Consumo Consciente. • “Comportamento” está ligado à prática cotidiana de ações ligadas ao consumo e que geram impacto efetivo para o meio ambiente, na economia, no bem-estar pessoal e na sociedade como um todo. O ideal seria os consumidores desenvolverem esses dois aspectos em relação ao consumo consciente. Apenas atitudes, sem a correspondente prática de comportamento na hora de decidir pelo consumo, não dá resultados. Por outro lado, apenas a adesão a comportamentos, em função de algum tipo de imposição externa (legal, social, econômica, etc.), pode ter efeito limitado, acabando totalmente se a pressão externa for eliminada. O ideal seria termos atitudes coerentes que se

O gráfico apresenta os resultados do ponto de vista de adesão aos comportamentos do consumo consciente

transformam em comportamentos permanentes. Saindo da “zona de conforto” A mudança de comportamento por parte do consumidor em relação aos hábitos de consumo significa romper a inércia – ou como se diz popularmente: “sair da zona de

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conforto”. Isto exige informação e reflexão, mas, também, um esforço de generosidade individual em relação aos interesses coletivos, abrir mão de algo particular em nome do grupo. Veja, a seguir, algumas perguntas sobre a origem e o processo de produção de produtos e serviços que consumimos no dia a dia que

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podem ajudá-lo a refletir sobre eles. Provavelmente, você não vai ter respostas para muitas delas – a não ser, é claro, que você rompa a inércia e as procure. • De onde vêm os produtos que usamos? • Em que condições de trabalho foram produzidos? • Será que as pessoas que os produziram receberam um salário digno? • Onde os recursos necessários

foram comprados, produzidos, colhidos ou minerados? • Qual o impacto que a extração teve sobre o ambiente natural ou as comunidades próximas? • Quais são os custos reais desse produto, considerando seus custos para as pessoas, o meio ambiente e as futuras gerações? • Os custos reais valem os benefícios da compra? • Posso compartilhar um produto com amigos, em vez de comprar uma

unidade, exclusivamente, para mim? • É possível reutilizar um produto, seja providenciando seu conserto, seja mudando a sua função? • Existem alternativas produzidas de forma mais ecológica ou benéfica socialmente e com menos embalagem? Então: vamos romper a inércia para sermos consumidores conscientes ao invés de consumistas inconsequentes?

Os 12 princípios do consumo consciente

você contribui para gerar empregos e comba-

Para ajudar consumidores, o Instituto

te ter o crime organizado.

Akatu publicou uma cartilha contendo os 122

9. Contribua para a melhoria dos produtos

princípios do consumo consciente.

e serviços. Envie às empresas sugestões e ccríticas construtivas.

1. Planeje suas compras. Compre menoss

10. Divulgue o Consumo Consciente.

e melhor.

LLevante esta bandeira para amigos e familiares.

2. Avalie os impactos de seu consumo noo

11. Cobre dos políticos. Exija ações que

meio ambiente e na sociedade.

vviabilizem a prática do consumo consciente.

3. Consuma só o necessário. Reflita sobree

12. Reflita sobre seus valores. Avalie os

m suas reais necessidades e tente viver com

pprincípios que guiam suas escolhas e hábitos

menos.

dde consumo.

4. Reutilize produtos. Não compre outraa vez o que você pode consertar e transformar.

Para saber mais: baixe a cartilha “Guia do

5. Separe seu lixo. Reciclar ajuda a econo--

C Consumo Consciente” preparada por Rogerio R Ruschel, autor deste artigo, para os 46.000 fun-

mizar recursos naturais e a gerar empregos.

ccionários da Volkswagen. O estudo tem 36 pá-

6. Use crédito com responsabilidade. Pensee

gginas e mais 60 dicas de consumo consciente;

bem se você poderá pagar as prestações.

o PDF tem 8,3 MB e pode ser baixado em http://

7. Informe-se e valorize as práticas de res--

www.ruscheleassociados.com.br/2012/12/

ponsabilidade social das empresas.

guia-vw-consumo-consciente/

8. Não compre produtos piratas. Assim

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