Consumo de Cordeiros em Pastagem de Azevém com Níveis de Suplementação Concentrada1

July 4, 2017 | Autor: Carina Barros | Categoria: Linear Regression
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Consumo de Cordeiros em Pastagem de Azevém com Níveis de Suplementação Concentrada1 Clodoaldo da Silva2, Alda Lucia Gomes Monteiro3, Carina Simionato de Barros4, César Henrique Espírito Candal Poli5, Sergio Rodrigo Fernandes6, Jordana Andrioli Salgado7 1

Parte da dissertação do primeiro autor. Auxílio financeiro CNPq e UFPR. Mestrando em Agronomia – Produção Vegetal na UFPR. Bolsista CAPES. e-mail: [email protected] 3 Professor Departamento de Zootecnia da UFPR. e-mail: [email protected] 4 Mestranda em Ciências Veterinárias na UFPR. Bolsista CNPq. e-mail: [email protected] 5 Professor do Departamento de Zootecnia da UFRGS. e-mail: [email protected] 6 Graduando em Zootecnia na UFPR. 7 Graduando em Medicina Veterinária na UFPR. 2

Resumo: Este trabalho foi desenvolvido em Pinhais, PR, nos dias 15 e 22/10/2005, com objetivo de estimar o consumo de cordeiros desmamados em 12 piquetes, de 0,15 ha cada, com azevém (Lolium multiflorum Lam). O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e três repetições. Todos os tratamentos tinham como base pastagem com cordeiros desmamados aos 42 dias, sendo eles: (1) sem suplementação; (2) suplementados com concentrado a 1% do peso vivo; (3) suplementados a 2% do peso vivo; (4) suplementação ad libitum. Os animais com fraldas foram pesados, colocados no piquete por meia hora, período em que foram contados os bocados e o tempo de pastejo, e ao término foram novamente pesados. A diferença entre peso final e inicial, adicionada à perda metabólica resultou no consumo. A massa do bocado foi obtida pela divisão da matéria seca ingerida pelo número de bocados no período. Os dados foram analisados pelo SAS por regressão linear em função dos níveis de concentrado (P=0,05). A massa de bocado variou de 0,07 a 0,13 g de MS, não sendo influenciada pelo tratamento, mas pela massa corpórea dos animais. O tempo de pastejo e o consumo apresentaram relação linear negativa com o nível de suplementação. Cordeiros desmamados, terminados em pastagem com suplementação, apresentaram efeito substitutivo do concentrado por pastagem. Palavras–chave: alimentação, bocado, ingestão, perda metabólica, substituição Intake of Lambs in Ryegrass Pasture with Concentrate Supplementation Levels Abstract: This work was developed in Pinhais, PR, october, 15 and 22 of 2005, with the objective of esteem the fodder plant consumption behavior of lambs in 12 poles of 0.15 ha of ryegrass (Lolium multiflorum Lam.). The experimental delineation was blocks to casually, with four treatments and three repetitions. All treatments has pasture with 42 days weaned lambs. Were them: (1) ryegrass without supplementation; (2) supplemented with concentrate 1% BW; (3) and supplemented with concentrate 2% BW; (4) supplementation ad libitum. The animals had been weighed, placed in the pole for half hour, period which has been counted the number of bits and the time of grazing, and they were weighted again. The difference between final and initial weight, added the metabolic losses of the lambs resulted in the consumption in the period. The mass of the bit was gotten by the division of the dry substance ingested and number of bits in the period. The data was analysed by SAS by linear regression. The bite mass was 0.07 to 0.13 g of DM, was not been influenced by treatment, but by body animal mass. The grazing time and the intake showed negative linear relation by supplementation level. Weaned lambs finishing in pasture with supplementation showed substitutive effect of concentrate by pasture. Keywords: bite, feeding, ingestion, lambs, metabolic loss, substitution Introdução O consumo animal em longa escala temporal é regulado, principalmente, pelo seu status energético, ou seja, por exigências de manutenção e de produção. Contudo, em termos diários, o consumo pode ser regulado não só por fatores de natureza digestiva, como também por fatores relacionados à estrutura da planta. A pastagem representa significativa proporção de alimento disponível aos ruminantes, e muitas vezes, constitui a única fonte de proteína e energia ofertada ao animal. A quantidade de matéria seca consumida depende do manejo da pastagem, da qualidade e da utilização ou não de suplementos. Com o decréscimo da qualidade da forragem, no final do ciclo das gramíneas, a suplementação torna-se uma alternativa para atender às exigências dos animais.

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O objetivo deste trabalho foi estimar o consumo de forragem por cordeiros desmamados em pastagem de azevém sem e com suplementação em níveis de 1%, 2% e ad libitum, com relação ao peso dos cordeiros. Material e Métodos O experimento foi realizado no Centro de Treinamento e Pesquisa em Ovinocultura e Caprinocultura - UFPR- Pinhais, PR, nos dias 15 e 22/10/2005 com cordeiros desmamados aos 42 dias. Os tratamentos consistiam em quatro sistemas de alimentação que tinham como base azevém (Lolium multiflorum) em pastejo contínuo e lotação variável (Mott & Lucas, 1952), sendo eles: (1) cordeiros sem suplementação; (2) cordeiros com acesso à suplementação concentrada em 1% do PV; (3) cordeiros com acesso à suplementação concentrada em 2% do PV; (4) cordeiros com suplementação ad libitum. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro tratamentos e três repetições. Cada piquete continha quatro animais, sendo um macho e uma fêmea de parto simples, e um macho e uma fêmea de parto gemelar. Avaliou-se uma cordeira por piquete; sendo fêmea para facilitar a colocação da fralda e não ocorrer perda de fezes e urina. Duas avaliações diárias foram realizadas, uma no período da manhã e outra à tarde, em piquetes de 0,15 ha. As avaliações basearam-se na Técnica da Pesagem (Penning et al., 1991), que consiste em pesar o animal antes e depois do pastejo e somar a perda metabólica para obter pela diferença, o consumo de forragem. Em cada cordeira foi colocada uma fralda geriátrica, e essa foi pesada em balança digital (50 gramas de precisão) para registro do peso inicial, sendo realizadas cinco pesagens e calculada a média dessas para diminuir o erro. Em seguida, as cordeiras eram levadas aos seus respectivos piquetes por 30 minutos. Nesse período foi registrado o tempo de pastejo e o número de bocados, com uso de cronômetros e contadores. Depois de decorridos os 30 minutos, os animais retornaram à balança, e registrou-se o peso final. Na seqüência, colocava-se uma focinheira na cordeira para impedir o pastejo e ela retornava ao piquete por mais 30 minutos, sendo pesada novamente para estimar a perda metabólica (respiração, atividade física, temorregulação, etc). A diferença entre o peso pré e pós pastejo, adicionada á perda metabólica resultou na ingestão de pastagem durante o período avaliado. O consumo de material verde foi transformado em matéria seca, com referência nos resultados laboratoriais de MS amostrados na pastagem, no mesmo período da avaliação, pelo método do pastejo simulado. A taxa de bocado (bocados por minuto) foi obtida com o número de bocados no período dividido pelo tempo efetivo de pastejo. O tempo de pastejo dos cordeiros em horas foi obtido pela média resultante de avaliações prévias de comportamento com os mesmos animais, conforme técnica de Jamieson & Hodgson (1979), que avalia os animais do nascer ao pôr do sol, e resulta no tempo de pastejo em horas. O consumo em 12 horas foi calculado pela seguinte equação: (TP em 12 horas x MS ingerida na avaliação)/ TPM, onde: TP = tempo de pastejo em 12 horas; MS = matéria seca; TPM = tempo de pastejo em 30 minutos. A massa do bocado foi obtida pela divisão da massa consumida pelo número de bocados durante a avaliação de 30 minutos. O peso metabólico médio dos animais foi determinado, elevando-se o peso vivo ao expoente 0,75. A análise estatística foi realizada com o programa SAS (2001) por meio de análise de regressão em função dos níveis de concentrado ofertado, sendo utilizada probabilidade de 5%. Resultados e Discussão Os pesos dos cordeiros estão apresentados na Tabela 1. A diferença observada entre os pesos médios dos cordeiros, deve-se ao fato dos cordeiros estarem recebendo as dietas por aproximadamente 43 dias, tempo em que foram observadas diferenças no ganho médio diário (GMD) dos animais. O tratamento ad libitum, apresentou maior ganho médio diário, portanto, tinha maior peso corporal na avaliação, enquanto que o tratamento sem suplementação apresentou o menor GMD e conseqüentemente, o menor peso. Tabela 1. Peso dos cordeiros, carga animal na pastagem e consumo médio de ração nos quatro tratamentos. Variável Sem 1% do PV de 2% do PV de Suplementação suplementação suplementação suplementação ad libitum Peso médio cordeiro (kg) 17,28 22,97 21,53 28,56 Peso metabólico cordeiro (kg) 8,48 10,49 10,00 12,35 Número de cordeiros/ha 45,00 31,00 36,00 60,00 Consumo diário de ração (kg) 0,000 0,193 0,456 0,721

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Os cordeiros sem suplementação, que apresentaram menor peso devido ao menor ganho médio diário decorrente da dieta, realizaram bocados de menor massa. Isso deve-se a correlação do tamanho corporal com o tamanho da arcada dentária, a qual influencia a massa do bocado, ou seja, cordeiros menores possuíam menor arcada dentaria, e conseqüentemente, menor área para apreensão de forragem. Dessa forma, esses cordeiros necessitaram aumentar a taxa de bocado como forma compensatória de consumo. Portanto, a massa de bocado não sofreu interferência (P=0,0598) dos tratamentos estudados. As médias de massa observadas foram 0,07; 0,04; 0,10 e 0,13 g de MS por bocado para os tratamentos sem suplementação, com suplementação a 1% PV; a 2% PV; e ad libitum, respectivamente. Barros et al. (2006) trabalharam com cabras adultas, em pastagens de hemartria e aruana, e obtiveram massa de bocado de 0,15 gramas de MS na hemartria e 0,08 gramas no aruana, que segundo os autores teria sido em função do maior consumo de colmos em relação às folhas existentes na hemartria. Os valores encontrados no presente experimento são menores devido ao fato de serem animais jovens e com diferentes espécies forrageira e animal. O tempo de pastejo dos cordeiros apresentou relação linear negativa com o nível de suplementação (Tabela 2). Quanto maior a quantidade de concentrado ofertada aos cordeiros, menor foi o tempo despendido pelo animal com o pastejo. Tabela 2. Relação linear dos níveis de concentrado com as variáveis dependentes nos quatro tratamentos de cordeiros desmamados em azevém: sem suplementação, suplementados com concentrado a 1% do peso vivo, suplementados a 2% do peso vivo e com suplementação ad libitum. Variável dependente Equação de regressão R² P Taxa de bocado (min) Y = 30,992 – 4,922X 0,58 0,0041 Tempo de pastejo (h) Y = 6,415 – 0,965X 0,94
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