Reservados todos os direitos para esta edição
Ana Isabel Ornellas
Coordenação José Bártolo
Ana Lopes Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
Textos Rui Afonso Santos; Cristiana Serejo; José Bártolo; Luís Ferreira; Nuno Ladeiro
Inês Nepomuceno Jorge Silva Nuno Fernando Pereira
D tipográfico da capa DSTYPE, Dino dos Santos
Sérgio Afonso
Direcção de arte Rute Carvalho Assistente de arte Margarida Antunes
Silva!Designers
Pesquisa e selecção de imagens José Bártolo Revisão Mariana Guimarães Pré-impressão ESAD IDEA Investigação em Design e Arte Impressão e acabamento Lidergraf – Artes Gráficas, SA Fonte Mafra [DSType] · Flama [Mário Feliciano] Papel CLK Kraft 240 gr. · Cyclus offset 115 gr. ISBN [Verso da História] 978-989-8657-95-4 ISBN [ESAD] 978-989-99060-8-2 Depósito Legal 389011/15 Verso da História – Edição e Conteúdos, SA Rua 10 de Junho, 54N, 4485-010 Vila do Conde, Portugal Tel. + 351 229 967 567 · Linha de apoio 800 180 022
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APOIO
1920/1939 . RUI AFONSO SANTOS . 2
Agradecimentos Adico
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Contemporanea !1922"1926#
A revista Contemporanea foi um projecto de José Pacheko, “arquitecto pela graça de Deus”, tendo como intenção impor a arte viva no gosto dos compradores burgueses. “Revista feita expressamente para gente civilizada” e também “para civilizar gente”, pretendia e declarava ser o veículo para a integração social da Arte Moderna, e que faria a ligação entre o primeiro e o segundo Modernismo português. Após a publicação do número specimen em 1915, o projecto da Contemporanea foi retomado por José Pacheko em 1922, publicando-se então mais 13 números entre Maio de 1922 e Outubro de 1926. As páginas da Contemporanea exibiram uma eclética variedade temática (arte, literatura, desporto, crítica de arte, política e ideologia, música, entre outras), e em termos estéticos foi uma espécie de catálogo dos diversos “ismos” da vanguarda nacional, abrindo espaço a uma abrangente lista de colaboradores literários e artísticos. Produzida na Imprensa Libânio da Silva (Lisboa), um dos mais importantes impressores da época, a Contemporanea teve a particularidade de ser publicada em cadernos soltos, normalmente seis cadernos de oito páginas impressos em papel de qualidade, envoltos em capas supostamente provisórias, mostrando um diversificado universo imagético e simbólico que são um prenúncio do que podemos encontrar no interior da revista. José Pacheko soube criar uma publicação que apresentou opções próprias de um projecto de design pensado e estruturado, e onde podemos ver pormenores de uma atenção que ficariam revelados nas provas de prelo do n.º 14, que nunca chegou a ser publicado. A composição dos textos da revista é globalmente bem realizada, demonstrando uma preocupação com o ritmo da paginação, evitando que esta se tornasse repetitiva/monótona. Essa preocupação estendeu-se também à forma como a dupla página foi sendo tratada, questão pouco normal na época, sobretudo em revistas literárias onde o hábito do texto corrido dos livros tradicionais dominava a composição de diversas publicações. O protagonismo apresentado nos títulos dos textos denota um prolífico trabalho gráfico, indo desde uma perspectiva comunicacional simples, porém expressiva, aos exemplos onde existe uma intenção de jogar com a manipulação dos valores semânticos – através da junção/oposição das características gráficas dos distintos tipos de letra –, criando ainda uma interessante riqueza rítmica e cromática da composição das páginas. Este projecto de José Pacheko, surgido quando a revolução proposta pela “geração de Orpheu” apresentava já um claro declínio, apresentou-se graficamente como o reflexo das concepções propostas pela vanguarda nacional à realidade nacional. Não ignorou as tendências cosmopolitas que continuavam a chegar de Paris, que marcaram o número specimen, nem as propostas de rivoluzione tipográfica dos futuristas italianos, mas manifestou-se com uma vocação nacionalista, que passava pelo neo-academismo e valorização do tradicional. Ou seja, desempenhou um importante papel na recuperação da linguagem formal de harmonia e proporção 68
do neoclassicismo, recorrendo a elementos gráficos que funcionavam como meio pelo qual pretendia alcançar o equilíbrio das partes. Um recurso que convocava os princípios do Deutscher Werkbund, e dos quais José Pacheko recuperava a associação da arte com a tecnologia, funcionando como forma de valorizar os artefactos produzidos industrialmente, testemunhando o nascimento de uma nova expressão gráfica reveladora de um retorno historicista, que haveria de conduzir o design gráfico nacional no caminho do Internacional Modernism. Luís Ferreira
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