Corrupção e Incompetência na Defesa e Preservação do Património

CORRUPÇÃO E INCOMPETÊNCIA NA DEFESA E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO

H. D. Cerqueira de Souza

CORRUPÇÃO E INCOMPETÊNCIA NA DEFESA E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO -1Speculare & P roponere

CORRUPÇÃO E INCOMPETÊNCIA NA DEFESA E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO

H. D. Cerqueira de Souza

CORRUPÇÃO E INCOMPETÊNCIA NA DEFESA E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO Palestra apresentada no 1.º Congresso Internacional Casa Nobre - Um Património para o Futuro Arcos de Valdevez, 2005

Speculare & P roponere

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CORRUPÇÃO E INCOMPETÊNCIA NA DEFESA E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO

ABSTRACT The architectural heritage bequeathed to us has been systematically destroyed by the incompetence and corruption of owners, promoters and appointed managers, either through ignorance or to satisfy more immediate and materialistic goals. They have allowed, promoted and executed plans for the destruction, perversion or brutal and unreasonable modernization of this historical and irreplaceable legacy. This article, first presented at the Casa Nobre International Congress (2005) deals briefly with some of the most visible aspects of this divorce between legislation and reality, between theory and practice, between the ideal and the achievable, supported by the 1991 and 2001 censuses. Keywords: architectural heritage, historic environment, traditionalist

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CORRUPÇÃO E INCOMPETÊNCIA NA DEFESA E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO

Corrupção e Incompetência na Defesa e Preservação do Património Palestra apresentada no 1.º Congresso Internacional Casa Nobre - Um Património para o Futuro Arcos de Valdevez, 2005

A herança patrimonial que nos foi legada tem sido sistematicamente destruída pela incompetência e corrupção dos proprietários, agentes promotores e gestores do património, que por via da ignorância ou para cevarem objectivos materialistas mais imediatos, permitiram, promoveram e executaram, planos de liquidação, de descaracterização ou de modernização brutalista, despropositada e destrutiva, desse legado histórico. Abordarei aqui, com a brevidade que se impõe, alguns dos aspectos mais evidentes deste divórcio entre a legislação e a realidade, entre a teoria e prática, entre o ideal e o possível, cujos resultados imediatos são, por um lado, a dissuasão dos sectores mais conservadores dos proprietários, isto é, daqueles que estariam em melhores condições de proporcionar um serviço turístico original, de alta qualidade, e a consequente fruição de um estilo de vida autêntico; e por outro lado, a destruição sistemática de tipologias de construção, de distribuições espaciais, e funcionais, e dos estilos de vida que lhes estão intimamente associados.

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H. D. CERQUEIRA DE SOUZA

Competência e corrupção são termos a que recorremos frequentemente no decurso deste texto. Exige-se, pesar da brevidade, uma explicação do sentido mais profundo que associamos aos dois termos. É competente quem for capaz de apreciar e resolver qualquer assunto  (1). A competência, no desempenho de qualquer função, pressupõe a capacidade de apreciar, ou de avaliar, de forma objectiva, informada e contextual, qualquer matéria.   (1)

Competência, f. Qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver qualquer assunto. (Lat. competentia). (FIGUEIREDO, 1986: I, 685).

Fig. 1.  Vista da praia do Carvoeiro, Algarve. Quase não se conseguem discernir as chaminés, mesmo as mais simples, no meio do casario. A dita chaminé algarvia era uma raridade e assim permaneceu até ao seu uso indiscriminado a partir dos anos 80. Fonte: Autor Desconhecido. 1960-70. Fotografia (Postal).

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Não são competentes aqueles que, por falta de formação ou de informação, de disciplina na abordagem, de objectividade e rigor científico, ou simplesmente por demissão e desleixo das suas responsabilidades, faltarem à verdade na apreciação ou na resolução. A competência exige intervenção, mas exige uma intervenção que não diminua, nem destrua, o objecto intervencionado. A resolução é a capacidade de restituir ao todo e às partes o seu equilíbrio e integridade, sem prejuízo de nenhuma delas. A preservação da integridade de um objecto, arquitectónico ou outro, pressupõe a preservação ou reintegração da sua identidade própria, sem prejuízo de nenhuma das características

Fig. 2.  Aldeamento na praia do Carvoeiro, Algarve. A proliferação das chaminés acompanha proporcionalmente a descaracterização da arquitectura local para a qual funcionam como um paliativo de substituição. Fonte: Google Maps (http://maps.google.pt), actualidade.

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