COSME, Susana Rodrigues (2014) - \"A necrópole de São Matias, freguesia de São Matias, concelho de Beja”

June 9, 2017 | Autor: Susana Cosme | Categoria: Late Roman Archaeology, Bronze Age (Archaeology), Alentejo
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Descrição do Produto

4.º COLÓQUIO DE ARQUEOLOGIA DO ALQUEVA O Plano de Rega (2002-2010)

MEMÓRIAS d’ODIANA 2.ª Série Estudos Arqueológicos do Alqueva

FICHA TÉCNICA MEMÓRIAS d’ODIANA - 2.ª Série TÍTULO

4.º COLÓQUIO DE ARQUEOLOGIA DO ALQUEVA O Plano de Rega (2002 – 2010) EDIÇÃO

EDIA - Empresa de desenvolvimento e infra-estruturas do Alqueva DRCALEN - Direcção Regional de Cultura do Alentejo COORDENAÇÃO EDITORIAL

António Carlos Silva Frederico Tátá Regala Miguel Martinho DESIGN GRÁFICO

Luisa Castelo dos Reis / VMCdesign PRODUÇÃO GRÁFICA, IMPRESSÃO E ACABAMENTO

VMCdesign / Ligação Visual TIRAGEM

500 exemplares ISBN

978-989-98805-7-3 DEPÓSITO LEGAL

356 090/13

Memórias d’Odiana • 2ª série

FINANCIAMENTO

EDIA - Empresa de desenvolvimento e infra-estruturas do Alqueva INALENTEJO QREN - Quadro de Referência Estratégico Nacional FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Évora, 2014

ÍNDICE 9

INTRODUÇÃO

11

PROGRAMA

15

LISTAGEM DOS PÓSTERES APRESENTADOS

17

CONFERÊNCIAS

19

“Alqueva – Quatro Encontros de Arqueologia depois...”. António Carlos Silva

34

“O património cultural no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva: caracterizar, avaliar, minimizar, valorizar …”. Miguel Martinho

45

“O Acompanhamento no terreno do Projecto EFMA na área da Extensão de Castro Verde do IGESPAR”. Samuel Melro, Manuela de Deus

53

COMUNICAÇÕES

55

“Um mundo em negativo: fossos, fossas e hipogeus entre o Neolítico Final e a Idade do Bronze na margem esquerda do Guadiana (Brinches, Serpa)”. António Carlos Valera, Ricardo Godinho, Ever Calvo, F. Javier Moro Berraquero, Victor Filipe e Helena Santos

74

“Intervenção arqueológica em Porto Torrão, Ferreira do Alentejo (2008-2010): resultados preliminares e programa de estudos”. Raquel Santos, Paulo Rebelo, Nuno Neto, Ana Vieira, João Rebuje, Filipa Rodrigues, António Faustino Carvalho

83

“Contextos funerários na periferia do Porto Torrão: Cardim 6 e Carrascal 2”. António Carlos Valera, Helena Santos, Margarida Figueiredo e Raquel Granja

96

“Intervenção Arqueológica no sítio de Alto de Brinches 3 (Reservatório Serpa – Norte): Resultados Preliminares”. Catarina Alves, Susana Estrela, Eduardo Porfírio, Miguel Serra

103

“Caracterização preliminar da ocupação pré-histórica da Torre Velha 3 (Barragem da Laje, Serpa)”. Catarina Alves, Catarina Costeira, Susana Estrela, Eduardo Porfírio, Miguel Serra, António M. Monge Soares, Marta Moreno-Garcia

112

“Questões e problemas suscitados pela intervenção no Casarão da Mesquita 4 (S. Manços, Évora): da análise intra-sítio à integração e comparação regional”. Susana Nunes, Miguel Almeida, Maria Teresa Ferreira, Lília Basílio

119

“Um habitat em fossas da Idade do Ferro em Casa Branca 11, na freguesia de Santa Maria, concelho de Serpa”. Susana Rodrigues Cosme

125

“Poço da Gontinha 1 (Ferreira do Alentejo): resultados preliminares”. Margarida Figueiredo

132

“Currais 5 (S. Manços, Évora): diacronia e diversidade no registo arqueoestratigráfico”. Susana Nunes,; Mónica Corga, Miguel Almeida, Lília Basílio ÍNDICE

Memórias d’Odiana • 2ª série

5

Memórias d’Odiana • 2ª série

6

137

“A villa romana do Monte da Salsa (Brinches, Serpa): uma aproximação à sua sequência ocupacional”. Javier Larrazabal Galarza

145

“Dados para a compreensão da diacronia e diversidade do registo arqueológico na villa romana de Santa Maria”. Mónica Corga, Maria João Neves, Gina Dias, Catarina Mendes

155

“A pars rústica da villa da Insuínha 2, freguesia de Pedrógão, concelho da Vidigueira”. Susana Rodrigues Cosme

162

“A villa da Herdade dos Alfares (São Matias, Beja) no contexto do povoamento romano rural do interior Alentejano”. Mónica Corga, Miguel Almeida, Gina Dias, Catarina Mendes

171

“A necrópole de incineração romana da Herdade do Vale 6, freguesia e concelho de Cuba”. Susana Rodrigues Cosme

178

“Necrópole romana do Monte do Outeiro (Cuba)”. Helena Barranhão

185

“O conjunto sepulcral do Monte da Loja (Serpa, Beja)”. Sónia Cravo e Marina Lourenço

191

“O sítio de São Faraústo na transição da Época Romana para o Período Alto-Medieval, freguesia de Oriola, concelho de Portel”. Susana Rodrigues Cosme

197

“O sítio romano da Torre Velha 1. Trabalhos de 2008-09 (Barragem da Laje, Serpa)”. Adriaan De Man, Eduardo Porfírio, Miguel Serra

203

“Análise preliminar dos contextos da Antiguidade Tardia do sitio Torre Velha 3 (Barragem da Laje - Serpa)”. Catarina Alves, Catarina Costeira, Susana Estrela, Eduardo Porfírio, Miguel Serra

212

“A Necrópole de São Matias, freguesia de São Matias, concelho de Beja”. Susana Rodrigues Cosme

219

“Xancra II (Cuba, Beja): resultados preliminares da necrópole islâmica”. Sandra Brazuna, Ricardo Godinho

225

“Funchais 6 (Beringel, Beja) – resultados preliminares”. Manuela Dias Coelho, Sandra Brazuna

231

PÓSTERES

233

“Primeiros resultados da intervenção arqueológica no sítio Torre Velha 7 (Barragem da Laje - Serpa)”. Adriaan De Man, André Gregório, Eduardo Porfírio, Miguel Serra

237

“A Torre Velha 3 (Serpa) no espaço geográfico. Uma abordagem morfológica de um “sítio” arqueológico”. Miguel Costa, Eduardo Porfírio, Miguel Serra

242

“O contributo da Antropologia para o conhecimento das práticas funerárias pré e proto -históricas do sítio de Monte da Cabida 3 (São Manços, Évora)”. Maria Teresa Ferreira

246

“Villa Romana da Mesquita do Morgado (S. Manços, Évora): considerações acerca das práticas funerárias”. Maria Teresa Ferreira

ÍNDICE

“Monte da Palheta (Cuba, Beja): dados para a caracterização arqueológica e integração do sítio à escala regional”. Mónica Corga, Gina Dias

256

“Aldeia do Grilo (Serpa): contributos para o estudo do povoamento romano na margem esquerda do Guadiana”. Carlos Ferreira, Mónica Corga, Gina Dias, Catarina Mendes

261

“Resultados preliminares de uma intervenção realizada no sítio Parreirinha 4 (Serpa)”. Carlos Ferreira, Susana Nunes, Lília Basílio

267

“Depósitos cinerários em Alpendres de Lagares 3”. Maria Teresa Ferreira, Mónica Corga, Marta Furtado

271

“Workshop Dryas’09: Estruturas negativas da Pré e Proto-história peninsulares – estado actual dos nossos conhecimentos... e interrogações”. Miguel Almeida, Susana Nunes, Maria João Neves, Maria Teresa Ferreira

276

“Intervenção arqueológica na Horta dos Quarteirões 1, Brinches, Serpa”. Helena Santos

280

“A Intervenção Arqueológica no Monte das Covas 3 (S. Matias, Beja): Os contextos romanos de época republicana”. Lúcia Miguel

284

“O Sítio do Neolítico antigo da Malhada da Orada 2 (Serpa): resultados preliminares”. Ângela Guilherme Ferreira

289

“Intervenção arqueológica nas necrópoles do Monte da Pecena 1 e Cabida da Raposa 2”. Andrea Martins, Gonçalo Lopes, Marisa Cardoso

7

ÍNDICE

Memórias d’Odiana • 2ª série

250

“A NECRÓPOLE DE SÃO MATIAS, FREGUESIA DE SÃO MATIAS, CONCELHO DE BEJA”. SUSANA RODRIGUES COSME115 Resumo O local sítio de São Matias, localiza-se numa plataforma sobre a ribeira de Mata Frades, na freguesia de São Matias, concelho e distrito de Beja. Foi identificada uma necrópole de época tardo-romana/alto-medieval, com 4 sepulturas intervencionadas, bem como dois ossários. Deste período parecem ser, também, alguns dos silos/fossas, pelos materiais aí exumados. Estamos ainda perante um outro período de ocupação anterior, da Idade do Bronze. Deste período surgem enterramentos e vestígios de ocupação com lareiras com restos de ossos de animais e fossas apenas com materiais cerâmicos. Foram registadas 126 unidades estratigráficas sendo que 29 implicaram escavação de elementos osteológicos. Foram intervencionadas 13 fossas/silos e 4 sepulturas.

Abstrat The site of São Matias, bes situated in a platform on the Ribeira of Frades, São Matias, Beja. High-medieval/ delay-roman was identified to a time necropolis, with 4 tombs, as well as two ossuaries. Of this period they seem to be, also, some of the garners/fosses, for the materials exhumed there. We are still before one another period of previous occupation, the Age of Bronze. Of these period vestiges of occupation with fireplaces with remaining portions of bones of animals and fosses only with ceramic materials appear burials and 126 U.E. had been registed being that 29 had implied hollowing of osteologicals elements. Had been diged 13 fosses/garners and 4 tombs.

1. Introdução No âmbito da empreitada de execução do Aproveitamento Hidro-agrícola de Alvito-Pisão no sub-bloco Cuba Este e na sequência dos trabalhos de abertura de valas para colocação de uma conduta de rega pela EDIA, foram identificadas em perfil diversas estruturas negativas tipo silo/fossa e um possível fosso, fragmentos de cerâmica manual, material de construção de cronologia incerta e vestígios osteológicos de natureza indefinida. Foram adjudicados os trabalhos arqueológicos à empresa de arqueologia ArcheoEstudos, Ltd.. Os trabalhos iniciaram-se a 29 de Abril de 2008 e terminaram a 7 de Junho de 2008, tendo sido realizados 30 dias de trabalho efectivo. Todos os materiais osteológicos foram levantados e será realizado o seu estudo laboratorial pelas antropólogas Cristina Pombal e Patrícia Simão.

2. Descrição do Local O sítio arqueológico localiza-se numa plataforma sobre a ribeira de Mata Frades, na freguesia de São Matias, concelho e distrito de Beja. Trata-se uma zona com boa visibilidade para Cuba, Vidigueira e para as alturas da Serra de Portel. Encontra-se na Carta Militar de Portugal, n.º 510 dos Serviços Cartográficos do Exército. As sondagens foram marcadas entre as coordenadas M223891.94 P-126738.82 e M223884.50 P-126722.08, com uma altitude média de 170m.

3. Intervenção Arqueológica

Memórias d’Odiana • 2ª série

212

3.1. Sondagem 1 Foi realizado o registo fotográfico e gráfico à escala 1:20 do corte Este da U.E.-001. A partir deste corte foi marcada uma sondagem com 14 metros de comprimento paralela à vala com uma largura de 2m embora na realidade a

115

Arqueóloga, direcção de intervenção arqueológica para a empresa Archeo’Estudos, Lda. e investigadora do CITCEM. [email protected]

COMUNICAÇÕES

largura se tenha traduzido numa área maior pois a zona foi escavada até ao corte realizado pelas máquinas, verificando-se em algumas zonas uma largura de 2,5m a 3m de largura. Neste corte foram identificadas 5 fossas/silos e duas sepulturas cortadas pela vala, sendo que, numa das sepulturas se verifica a existência de um crânio, em corte. Ao interface da vala do tubo foi atribuída a U.E.-001 e ao tubo a U.E.-002. Foi removida a camada superficial, caracterizada por um sedimento argiloso muito compacto com muitas raízes e de tonalidade castanha escura. A esta unidade foram atribuídas: a U.E.-003 nos primeiros 5 metros a contar de Norte, a U.E.-004, nos 5m seguintes para Sul e a U.E.-005, nos últimos 4m da sondagem.

3.1.1. Silo A U.E.-023 foi atribuída ao enchimento de um silo, que por não se ter detectado a boca em plano foi removido o seu conteúdo a partir do Corte Este da U.E.-001. Este enchimento é caracterizado por um sedimento arenoso com pedras e terra castanha-acinzentada. Neste depósito foram exumados fragmentos de cerâmica comum, de cerâmica pintada (Fig. 7), um objecto pontiagudo em ferro, material cerâmico de construção, amostras de carvão, material osteológico de fauna diversa e fauna malacológica. Ao interface deste silo foi atribuída a U.E.-047 e à terra branca onde ele foi cortado, a U.E.-048.

3.1.2. Sepultura 1 Com os enchimentos, U.E.-021 caracterizada por um sedimento arenoso de cor castanho-acinzentado e U.E.026, ao enterramento foi atribuída a U.E.-034 (Fig. 1), à estrutura da sepultura foi atribuída a U.E.-045 construída em tijolo e argamassa, que enche o interface U.E.-066 que corta o caulino.

3.1.3. Sepultura 2 Com o enchimento, U.E.-022, caracterizada por um sedimento arenoso de cor castanho-acinzentado ao enterramento foi atribuída a U.E.-033 (Fig. 2), à estrutura da sepultura foi atribuída a U.E.-049 construída em tijolo, pedra e argamassa, que enche o interface U.E.-055 que corta o caulino.

3.1.4. Sepultura 3 Com restos de tampa, junto aos pés da sepultura em oppus, U.E.-050, com um enchimento, U.E.-035, onde foi exumado um pote de bordo trilobado (Fig. 8), material osteológico disperso, cerâmica comum, material cerâmico de construção e fauna malacológica. Ao enterramento foi atribuída a U.E.-051 (Fig. 3), à estrutura da sepultura construída em tijolo, pedra e argamassa, foi atribuída a U.E.-052, que enche o interface U.E.-047 que corta o caulino.

)LJXUD²6RQGDJHP8( da Sepultura 1.

)LJXUD²6RQGDJHP8(GD Sepultura 2.

)LJXUD²6RQGDJHP8(GD Sepultura 3.

COMUNICAÇÕES

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3.1.5. Silo/Fossa Foi atribuída a U.E.-056 ao enchimento de uma fossa que por não se ter detectado a boca em plano foi removido o seu conteúdo a partir do Corte Este da U.E.-001. Neste depósito, U.E.-056, caracterizado por um sedimento arenoso heterogéneo de cor castanha clara foram exumados 4 fragmentos de cerâmica comum. Ao interface desta fossa/silo, foi atribuída a U.E.-059. Este interface corta a U.E.-046.

3.1.6. Fossa A U.E.-040 foi atribuída ao enchimento de um silo, que por não se ter detectado a boca em plano foi removido o seu conteúdo a partir do Corte Este da U.E.-001. Este enchimento é caracterizado por um sedimento arenoso de terra castanha-acinzentada. É coberto pela U.E.-039 e corta a Sepultura 3 com o interface, U.E.-058. Este interface é cortado na terra branca a que aqui se atribuiu a U.E.-054.

3.1.7. Fossa/Silo Com o enchimento, U.E.-028, foi identificado mas não escavado.

3.1.8. Fossa/Silo Com o enchimento, U.E.-060, foi identificado mas não escavado.

3.1.9. Fossa/Silo Com o enchimento, U.E.-037, foi identificado mas não escavado.

3.1.10. Buraco de Poste Com o enchimento, U.E.-039, foi identificado mas não escavado.

3.1.11. Silo Com o enchimento, U.E.-056 e o interface, U.E.-059 cortado no caulino, U.E.-046.

3.1.12. Fossa com Ossário 1 Com o enchimento U.E.-018, o ossário/esqueleto 1, U.E.-032. com o enchimento, 062, 063 e 064, com o ossário/ esqueleto 1ª, U.E.-065, com ossário/esqueleto 1B, U.E.-067A e U.E.-067. Associado a este enterramento encontrava-se o vaso de cerâmica U.E.-068. Enchem o interface, U.E.-070 cortado no caulino, U.E.-071.

3.1.13. Estrutura pétrea Coberta pelos enchimentos de terra e caulino, U.E.-053, 057, detectou-se a estrutura sub-rectangular de pedras de xisto fincadas, U.E.-063. Foi identificada mas não escavada.

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3.1.14. Fossa com 2 níveis de lareiras Camada de pedras imbricadas, U.E.-016 que cobrem a lareira, U.E.-025 composta por uma camada de pedras e de terra negra e amarela. Neste depósito foram exumados fragmentos de cerâmica comum de fabrico manual, fauna malacológica e uma amostra de terra. Esta lareira enche o interface, U.E.-030. Este interface corta os enchimentos, U.E.-019 caracterizada por um sedimento arenoso de terra castanha acinzentada compacta onde foram exumados fragmentos de cerâmica comum e fauna malacológica da Idade do bronze e U.E.-031. Estes enchimentos cobrem a lareira com o enchimento composto por uma mancha de terra negra, U.E.-036 que enche o interface U.E.-042, que corta o caulino U.E.-043.

COMUNICAÇÕES

3.2. Sondagem 2 Foi realizado o registo fotográfico e gráfico à escala 1:20 do corte Oeste da U.E.-001. A partir deste corte foi marcada uma sondagem com 17m de comprimento paralela à vala com uma largura de 1m embora na realidade a largura se tenha traduzido numa área maior pois a zona foi escavada até ao corte realizado pelas máquinas, verificando-se em algumas zonas uma largura de 2,5m a 2m de largura. Neste corte foram identificadas 7 fossas/silos cortadas pela vala, U.E.-001. Ao interface da vala do tubo foi atribuída a U.E.-001 e ao tubo a U.E.-002. Depois de se ter verificado da compactação da camada superficial, na sondagem 1, resolveu-se remover a camada superficial da sondagem 2 com uma máquina retro-escavadora. Assim, à camada superficial, caracterizada por um sedimento argiloso, castanho-escuro muito compacto e com muitas raízes foram atribuídas as U.E.s-100 (nos 5m mais a Norte), 101 (nos 5m seguintes para Sul) e 102 (nos 7m seguintes para Sul). Nestes depósitos foram exumados fragmentos de cerâmica comum, de material cerâmico de construção, material osteológico e um prego.

3.2.1. Fossa Enchimento, U.E.-111 sobre a U.E.-113 composta por uma camada de cerâmica manual colocada a forrar a fossa/ silo, foi assim, exumada a cerâmica de fabrico manual e um fragmento de quartzito rosa que enchem o interface, U.E.-115.

3.2.2. Fossa Foi registado um depósito de terra castanha muito escura, com carvões, fauna carbonizada e pedras de média dimensão, U.E.-116. Nesta camada foram exumados fragmentos de cerâmicas comuns, fauna, fauna malacológica, foi também recolhida uma amostra de terra. Sob este depósito foi registada a U.E.-119, lareira em pedras com ossos carbonizados. Foram exumados vários fragmentos de restos de fauna carbonizada, fauna malacológica e uma amostra de terra. Ao interface desta lareira foi atribuída a U.E.-154. Foi ainda registado um depósito de terra castanha muito escura semelhante à U.E.-116 e à qual se atribuiu a U.E.-117. Não foram exumados materiais arqueológicos. Após a remoção deste depósito foi registada a lareira composta por pequenas pedras, U.E.-118. Não foram exumados materiais arqueológicos. Ao interface desta lareira foi atribuída a U.E.-155. Ambas as lareiras enchem uma grande fossa, U.E.-129.

3.2.3. Silo/Fossa Com o enchimento, U.E.-110 onde foram exumados fragmentos de cerâmica comum e fauna malacológica. Este depósito enche o interface, U.E.-128 que corta a rocha-base (caulino), U.E.-127.

3.2.4. Silo/Fossa Com o enchimento, U.E.-151, foi identificado mas não escavado.

3.2.5. Silo/Fossa Com o enchimento, U.E.-109 caracterizado por um sedimento arenoso castanho acinzentado, neste depósito foram exumados fragmentos de cerâmica comum, material cerâmico de construção, material osteológico e algum carvão que enche o interface, U.E.-135. Este silo cortou o Ossário 2.

3.2.6. Silo/Fossa Com o enchimento, U.E.-104 onde foram exumados fragmentos de cerâmica de construção e material osteológico. Este depósito enche o interface, U.E.-106, que corta o caulino, U.E.-127.

3.2.7. Silo/Fossa Com os enchimentos, 105 e 108, sobre a U.E.-107 atribuída a um sedimento castanho acinzentado. Neste depósito foram exumados materiais osteológicos dispersos, cerâmica comum, fauna malacológica e material cerâmico de COMUNICAÇÕES

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construção. Sob este depósito foram identificados alguns elementos osteológicos em conexão do que parecem ser restos osteológicos de um indivíduo não adulto, aos quais se atribuiu a U.E.-112, que enche o interface, U.E.-125.

3.2.8. Silo/Fossa Com o enchimento, U.E.-041 caracterizado por um sedimento arenoso, castanho claro e nele foram exumados fragmentos de cerâmica comum, de material cerâmico de construção e de fauna malacológica. Este depósito enche o interface, U.E.-103, que corta o caulino, U.E.-127.

3.2.9. Silo/fossa Após a remoção do depósito, U.E.-124 foi registada uma terra castanha esbranquiçada de enchimento de uma fossa/silo, U.E.-131. Sob a U.E.-131 foi registada a U.E.-134, também cortada pelo interface, U.E.-135. No depósito da U.E.-134 foram recolhidos materiais osteológicos, material cerâmico de construção e fauna malacológica. A U.E.134 enche um interface de um silo/fossa, U.E.-138. Este interface corta uma terra castanha com alguns ossos, U.E.149. Sob esta camada foi registada uma terra castanha, U.E.-150 que não foi intervencionada.

3.2.10. Ossário 2 e Ossário 3 Como a fossa/silo, U.E.-135 cortava uma camada com vestígios osteológicos resolveu-se alargar a sondagem para que estas realidades fossem intervencionadas. Assim, foram registadas as U.E.-120 e 121, terras castanhas claras arenosas, cortadas pelo interface, U.E.-135. Na U.E.-120, foram exumadas cerâmicas comuns, materiais osteológicos dispersos, fauna malacológica e material cerâmico de construção. Sob a U.E.-120 foi registado o Ossário 2, com a U.E.-122. Sob a U.E.-122 foi registada a 2ª camada do Ossário 2, com a U.E.-130, 130 B e 130C. Na U.E.-121 foram exumadas cerâmicas comuns de fabrico manual, material cerâmico de construção, material osteológico disperso, carvão e fauna malacológica. Sob a U.E.-121, foi registada uma terra castanha com um conjunto de cerâmica associado a um conjunto osteológico, U.E.-123. Sob este depósito foi registada uma camada de barro, possível lareira com cerâmica a material osteológico, U.E.-124. Foram exumados fragmentos de cerâmica comum, material cerâmico de construção, amostra de terra da lareira, carvões, fauna malacológica e material osteológico humano junto com fauna. A estrutura do Ossário 3, U.E.-152, corta uma camada de uma fossa/silo, que não se intervenciou. Foi registado o seu enchimento com a U.E.-151. Foi também registada uma terra castanha acinzentada, U.E.-132, sob a U.E.-121. Neste depósito, U.E.-132 foram exumados fragmentos de cerâmica comum, fauna malacológica, um fragmento de ferro, material osteológico disperso, uma amostra de oppus e material cerâmico de construção.

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COMUNICAÇÕES

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Sob a U.E.-132 foi registada uma camada de terra castanha com pedras grandes e o Ossário 3, U.E.-133. Como o Ossário 2 e o Ossário 3 se prolongavam pelo corte Oeste da sondagem 2, foi decidido pela EDIA, alargar a escavação para Oeste em 3 m2. Assim, na zona do Ossário 2 foi registada uma terra castanha, com a U.E.-136. Neste depósito foram exumados fragmentos de material cerâmico de construção, cerâmica comum e fauna malacológica. Sob esta camada foi registada uma terra castanha com pedras e material de construção, U.E.-140 (Fig. 4). Possível camada de destruição da sepultura. Foram exumados fragmentos de material cerâmico de construção, cerâmica comum, material osteológico e fauna malacológica. Sob esta camada foi registada uma terra com alguns elementos osteológicos, U.E.-142, sobre a tampa da Sepultura 4. No Ossário 3 foi registada uma terra castanha escura com pedras e tijolos, com a U.E.-137. Foram recolhidos neste depósito fragmentos de material cerâmico de construção, cerâmica comum, fauna malacológica, material osteológico disperso. Sob esta camada foi registada uma terra castanha acinzentada com ossos e pedras grandes, U.E.-141. Neste depósito foram exumados materiais osteológicos, fauna malacológica e fragmentos de material cerâmico de construção. Igual à U.E.-141, foi registado o Ossário 3, com a U.E.-146, onde foram exumados vários elementos osteológicos. À estrutura do ossário, constituída por pedras e material cerâmico de construção foi atribuída a U.E.-152 e ao seu interface a U.E.-153.

3.2.11. Sepultura 4

4. Conclusões O local intervencionado em São Matias (Fig. 10) revelou-se num local de enterramentos de época tardo-romana/alto-medieval, com 4 sepulturas intervencionadas, bem como, dois ossários. De referir que os enterramentos e sepulturas desta fase apresentam-se com uma orientação Oeste/Este, e quase sem espólio funerário, à

COMUNICAÇÕES

217

Memórias d’Odiana • 2ª série

Foi registada a estrutura dos que resta da tampa da sepultura 4, constituída por ladrilhos e pedra de xisto, U.E.143. Sob a U.E.-142 e 143, registou-se uma terra castanha, U.E.144. Foram recolhidos fragmentos de cerâmica comum, material osteológico disperso, fauna malacológica e fragmentos de material cerâmico de construção. Sob este depósito, foi registada uma terra castanha arenosa com alguns ossos, U.E.-145, na parte Este da Sepultura 4. Foram exumados matérias osteológicos, um elemento de alfinete em bronze (Fig. 9), fauna malacológica, cerâmica comum e fauna. Sobre esta terra foi registada a estrutura do que resta da tampa da sepultura, constituída por ladrilhos e pedra de xisto, U.E.-143 (Fig. 5). Figura 7 – Fragmentos de panela de pasta alaranja Figura 8 – Jarraem )LJXUD²$OÀQHWHHP da com pinturas no bordo e pança, a vermelho, cerâmica com bordo Bronze, com cabeça Sob a U.E.-142 e 143, GD8( trilobado e arranque decorada com círculos registou-se uma terra castanha, GHDVDQD8( LQFLVRVQD8( U.E.144. Foram recolhidos fragmentos de cerâmica comum, material osteológico disperso, fauna malacológica e fragmentos de material cerâmico de construção. Sob este depósito, foi registada uma terra castanha arenosa com alguns ossos, U.E.-145, na parte Este da Sepultura 4. Foram exumados materiais osteológicos, um elemento de alfinete em bronze, fauna malacológica, cerâmica comum e fauna. Sob esta camada e na zona mais a Este da sondagem foi registada a U.E.-139, caracterizada por um ossário sobre o indivíduo U.E.-148 (Fig. 6). Sob a U.E.-145, foi registado um ladrilho, U.E.-147 sobre o Esqueleto, U.E.-148. Levantado como o 148 A, 148B e 148. Parecem vários indivíduos sobrepostos, ou um ossário sobre o indivíduo 148. À estrutura da Sepultura 4, foi atribuída a U.E.-157, esta é constituída por lajes de xisto, tegulae e ladrilhos. À terra branca, caulino, onde ela assenta foi atribuída a U.E.-158.

Figura 10 – Implantação das estruturas de São Matias.

excepção do jarro trilobado associado ao enterramento, U.E.-051 e o elemento de fíbula associado ao enterramento, U.E.-148. A tipologia das sepulturas apresenta-se em caixa construídas em cerâmica de construção, tijolos, argamassados com caulino e pedras de xisto, a sepultura 1 apresenta um rebordo, para colocação de tampa mas que não foi encontrada. Na sondagem 2 e sob o ossário foi registada uma sepultura de tipologia diferente das 3 anteriores. Parece ser mais recente e ter aproveitado os materiais existentes, nomeadamente,

pedras, tegulae e ladrilhos colocados ao alto, tendo usado ladrilhos como tampa. Estamos ainda perante um outro período de ocupação anterior. Da Idade do Bronze parecem ser algumas fossas e lareiras que apresentam material cerâmico de fabrico manual. De referir que o Ossário 1, as U.E.s-146 e 147, que em todos os seus momentos apresenta uma orientação Sul/Norte, onde o único espólio funerário exumado foi um vaso em cerâmica manual com engobe vermelho associado ao enterramento, U.E.-147. Deste período parecem ser, também, alguns dos silos/fossas, como a U.E.-125, 138, 047 e 058 que se encontram associadas a uma peça cerâmica da Idade do Bronze.

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Memórias d’Odiana • 2ª série

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