CRIAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE HIPERMÍDIAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

October 5, 2017 | Autor: Cleybson Lima | Categoria: Ensino, Aprendizagem
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CRIAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE HIPERMÍDIAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

CLEYBSON DE LIMA CAVALCANTI, ALEXSANDRA ALVES DE JESUS, MARCOS ALEXANDRE DE MELO BARROS, MARCELO BRITO CARNEIRO LEÃO, BRUNO OSVALDO RAMOS DOS SANTOS, LUCAS DOS SANTOS FERNANDES [email protected]

Resumo:

O presente artigo tratará de discutir acerca dos benefícios da criação e utilização de hipermídias, como forma de facilitar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos e dinamizar o trabalho docente. A hipermídia apresentada neste trabalho foi desenvolvida no software computacional Adobe® Flash® CS3 Professional. Este projeto propõe a utilização de hipermídias como recurso didático no ensino de ciências, onde através de mecanismos interativos de navegação não linear, os alunos têm a possibilidade de aprender os conteúdos didáticos a partir de imagens digitais, com animações e simulações no qual é possível representar fenômenos físicos e químicos bem como explicar de forma dinâmica como a natureza se comporta mediante cada situação, levando-os ao desenvolvimento significativo de determinadas aprendizagens e consequentemente, contribuindo para a melhoria na qualidade do ensino. Palavras-Chave: Hipermídia, Ensino, Aprendizagem, Tecnologia.

Introdução:

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A aquisição dos conhecimentos científicos é uma das preocupações centrais da escola. Porém, pouco se tem visto nas práticas docentes, materiais educacionais que promovam de forma dinâmica e atrativa o aprendizado significativo de determinados conteúdos. Assim, com o objetivo de superar os limites da aprendizagem e melhorar a forma como se realiza o processo de ensino-aprendizagem, propomos discutir e analisar a produção de materiais didáticos com o uso de novas tecnologias para o ensino de ciências, bem como a forma pela qual podem ser empregados. Dessa maneira, acreditamos que o uso exclusivo de mecanismos superficiais decorrentes de uma abordagem tradicional pouco ou nada contribui para o desenvolvimento de uma boa compreensão por parte dos alunos. Isso acontece porque esse tipo de ensino se restringe à transmissão de conceitos a serem interiorizados sem, contudo, preocupar-se com a qualidade das aprendizagens. Diante disso, entendemos que o rompimento do modelo tradicional é fundamental para que se promovam práticas de ensino que valorizem o trabalho docente e melhorem o nível de compreensão dos 2 estudantes. Pois, segundo Bonilla (2005, p. 157): As possibilidades que as tecnologias da informação e da comunicação desencadeiam de desenvolvermos uma ação, e outra, e mais outra, pode gerar um contexto de dinâmicas que permitam emergir o novo, o diverso, o complexo, o impensado, e dessa forma termos uma educação muito mais significativa tanto para alunos quanto para professores.

Nesse aspecto, buscamos analisar, dentre outras, algumas questões que consideramos relevantes: Qual o impacto da tecnologia sobre o ensino? O uso de recursos tecnológicos em sala de aula realmente melhora o processo de aprendizagem dos alunos? Qual a relação do aluno com o ensino a partir da introdução tecnológica no campo educacional? Em que medida os recursos computacionais enriquecem o trabalho docente? Como esse processo interfere diretamente no ensino de ciências? Assim, com o objetivo de superar os limites da aprendizagem e melhorar a forma como se realiza o processo de ensino-aprendizagem, propomos discutir e analisar a produção de materiais didáticos com o uso de novas tecnologias para o ensino de ciências, bem como a forma pela qual podem ser empregados.

Referencial Teórico:

Partindo-se em busca da contextualização do conteúdo didático trabalhado em sala de aula, é possível trazer situações vivenciadas pelos alunos, dando uma real compreensão do que ocorre em cada situação. Através de perguntas e indagações que estimulam o raciocínio e o questionamento do senso comum, o professor pode perceber o nível do conhecimento prévio dos alunos e saber em que medida poderá avançar na exploração do conteúdo. É nesse contexto que o conceito de zona de desenvolvimento proximal, discutido por Vygotsky, se insere, pois diz respeito à distância entre aquilo que já foi conquistado no desenvolvimento do sujeito e aquilo que está por vir. Diante disso Pozo e Crespo (2006) afirmam que: Dessa forma o currículo de ciências, desenvolvido por meio das atividades de aprendizagem e ensino, deve servir como uma autêntica ajuda pedagógica, uma via para que o aluno tenha acesso à forma do conhecimento que por si mesmas seriam alheias a ele ou , pelo menos, muito distantes. Essa redução da distância entre a mente do aluno e o discurso científico ou,... entre o conhecimento cotidiano e o científico requer a adoção de estratégias didáticas específicas dirigidas a essa meta.

Essas estratégias podem ser traçadas a partir de escolhas adequadas dos recursos didáticos a serem utilizados no processo de ensino-aprendizagem tendo em vista que estes são os principais determinantes das abordagens de ensino. Uma abordagem ideal para o ensino de ciências deve se distanciar do modelo tradicional, que vê o professor como centro do processo educacional com comunicação unilateral e a sala de aula isolada do mundo natural. Nesse modelo os recursos didáticos têm seu potencial reduzido, pois são vistos, unicamente, como ferramentas para auxílio do professor na aplicação de atividades e os alunos são tratados como agentes passivos neste processo, considerados apenas como meros espectadores. Assim, com o surgimento de uma nova abordagem que tentava corrigir as falhas presentes no modelo tradicional, o aluno passou a ser visto como construtor de seus conhecimentos e os recursos didáticos passaram a ter maior importância, visto que estes seriam ferramentas destinadas aos discentes e não mais instrumentos de

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uso exclusivo do professor. Mas, é no equilíbrio entre esses modelos que encontramos a forma ideal de utilização dos recursos didáticos, quando o processo de aprendizagem passa a ser centralizado na interação entre o professor e o aluno. Uma forma de potencializar essas interações em sala de aula é através da inserção das tecnologias da informação e comunicação no ambiente escolar. A utilização dos recursos tecnológicos como metodologia de apoio à realização das práticas educativas, servem para que o professor possa lecionar de forma que estimule o educando ao desenvolvimento de competências e habilidades para lidar com a atual sociedade. Através disso, ele deve estimular nos discentes a autonomia, o prazer pela pesquisa, a interação por meio da troca de informações e experiências vivenciadas e a promoção de ações críticas e colaborativas. O avanço da tecnologia tem nos fornecido uma enorme variedade de recursos computacionais que podem enriquecer a prática docente. Dentre as ferramentas prontas, através da rede mundial de computadores, a World 4 Wide Web, é possível propor atividades de busca de informações e estudos dirigidos por meio dos sites de busca ou metodologias mais elaboradas como WebQuest’s. É possível comunicar-se em tempo real com grupos de estudo através de salas de chat ou ferramentas como MSN, Google Talk ou Skype, além de poder explorar-se o lado áudio-visual com projetos envolvendo som, imagem e vídeo, entre tantas outras formas de utilização dos recursos computacionais. Porém, segundo Seabra (2010 , p.24) “Este uso do computador exige um professor preparado, dinâmico e investigativo pois as perguntas e situações que surgem na classe

fogem do controle preestabelecido do

currículo.” E ainda segundo Valente e Almeida (2007, p.160) ... [...] o domínio instrumental de uma tecnologia, seja ela qual for, é insuficiente para que o professo possa compreender seus modos de produção de forma a incorporá-la à prática. É preciso criar situações de formação contextualizada, nas quais os educadores possam utilizar a tecnologia em atividades que lhes permitam interagir para resolver problemas significativos para sua vida e trabalho, representar pensamentos e sentimentos, reinterpretar representações e reconstruí-las para poder

recontextualizar as situações em práticas pedagógicas com os alunos.

Ou seja, não basta apenas o domínio técnico dessas ferramentas por parte do professor, é necessário trabalhar todas as variáveis implícitas no processo de ensino-aprendizagem, mobilizando as ferramentas a fim de prover as melhores condições para a aprendizagem. Desta forma, conforme Campos (1996) a integração da informática nas situações de ensino exigem uma compreensão no campo pedagógico, pois permite abordar a modelização computacional dos processos didáticos. Uma forma de utilização das TIC’s no campo educacional é através de materiais como as hipermídias. Segundo Babbitt e Usnick (1993) a hipermídia é um ótimo ambiente para ajudar os estudantes a formarem conexões entre os assuntos estudados, pois permite criar facilmente ligações entre definições, conceitos, representações e aplicações relacionadas, ampliadas com a adição de som, animação e gráficos. Os sistemas hipermídias são a junção de componentes hipertextuais (textos dinâmicos) e multimídias (integração visual e sonora em um único meio), caracteriza-se pela disposição de informações de forma nãolinear, ou seja, na ordem definida pelo leitor do material, permitindo-o navegar pelo conteúdo através de ligações entre elementos da tela, essas ligações são chamadas links. A criação de uma hipermídia, como de qualquer material didático, deverá levar em consideração a função que esta terá em termos de aprendizagem, quanto ao seu valor cognitivo para a construção de significados. Outra vantagem da hipermídia é a possibilidade de criação de imagens digitais com animações e simulações atuando como um laboratório virtual no qual é possível representar fenômenos físicos e químicos bem como explicar de forma dinâmica como a natureza se comporta mediante cada situação. Um exemplo de como um sistema hipermídia pode ser estruturado é, partindo da tela de apresentação onde constam perguntas para reflexão do conhecimento do senso comum, o aluno possa ter a possibilidade de partir para outras telas que contenha informações na forma de organizadores prévios para compreensão de um determinado fenômeno, ou animações e simulações, ou qualquer outro elemento que alcance o objetivo de estimular a reflexão e favorecer a compreensão dos conteúdos de ciências e suas aplicações, na ordem em que

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desejar, de acordo com o seu interesse na busca do conhecimento. Como afirmam Campos (1994) e Lucena (1994), o uso da hipermídia traz vantagens associadas à informática educativa em geral, dentre as quais se destacam: a interação entre o computador e o aluno, com a retroalimentação conforme sua atuação, de forma imediata; a possibilidade de se dar atenção individual ao aluno; a possibilidade do aluno controlar seu próprio ritmo de aprendizagem e também a seqüência e o tempo desta; a apresentação das lições de modo criativo, atrativo e integrado, estimulando e motivando a aprendizagem; e a possibilidade de ser usada para avaliar o aluno.

Metodologia A hipermídia apresentada neste artigo é parte do material produzido pelo núcleo SEMENTE – Sistema para Elaboração de Materiais Didáticos com uso de Novas Tecnologias, da Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE, e foi elaborada a partir da idéia de facilitar a compreensão de processos físicos ou químicos, que são muitas6 vezes de difícil assimilação pelo fato de ser necessário um raciocínio abstrato dos mecanismos que ocorrem em determinadas situações, principalmente a nível molecular. Esta hipermídia, intitulada: Um Copo que “transpira”, foi criada através do software computacional Adobe ® Flash® CS3 Professional, que é um software de gráfico vetorial utilizado para a criação de animações interativas, que podem ser visualizadas em um navegador web ou qualquer dispositivo computacional com suporte ao aplicativo. A hipermídia é composta por quatro páginas (cenas): Início, Apresentação, Animação e Explicação. É possível navegar entre as páginas através dos botões à esquerda na barra de links. 

A página de início contém a capa do projeto, com o título e imagem de ilustração, como pode ser visto na

figura 1 deste artigo; 

A página de Apresentação contém uma breve introdução com perguntas que os alunos devem se

questionar: “Seja em casa, num bar ou numa festa, já tivemos a oportunidade de molhar nossas mãos ao

pegar em um copo de vidro cheio de refrigerante ou água gelada.

Será que o copo estava rachado? De onde surgiu aquele líquido que molhou nossas mãos? Por que aquele copo está ‘suando’?” 

A página Animação, apresentada na figura 2 deste artigo, contém uma simulação de como ocorre a

mudança do estado físico da água presente na atmosfera, exibindo as moléculas em movimentos condizentes com seus respectivos estados de agregação, incluindo a transferência de calor entre o sistema e o meio. 

A página Explicação traz as devidas explicações a respeito do fenômeno em estudo: “[...] No caso do copo, ocorre que as moléculas de água que se encontram no estado gasoso (vapor d´água) ao estabelecerem contato com o copo gelado transferem energia (sob a forma de calor - energia em trânsito) para o copo. Ressalta-se que o calor flui espontaneamente do mais quente para o mais frio. Deste modo, as moléculas do vapor d´agua, que transferiram energia para a superfície do copo, passam para o estado líquido (menor energia cinética).”

Figura 1. Tela inicial da hipermídia.

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Figura 2. Tela da Animação.

Aplicações: O professor poderá utilizar esta hipermídia como recurso didático, auxiliando uma aula que envolva 8 conceitos de energia, transferência de energia, mudanças de estado físico e assuntos relacionados, numa abordagem centrada na Teoria da Flexibilidade Cognitiva (TFC), pois segundo Spiro et al., (1988) um grande número de elementos ou conceitos que interagem de diferentes modos formam um domínio complexo ou pouco estruturado, sendo assim, deve-se estruturar o conhecimento de forma a desenvolver uma flexibilidade cognitiva que possibilite a transferência do conhecimento à novas situações.

Considerações Finais:

A proposta didática discutida nesse projeto nos leva a concluir que a utilização do recurso hipermídia educacional conduz o aluno à construção de conceitos científicos e possibilita-os a compreensão do conhecimento adquirido. Dessa maneira, Acreditamos que essa ferramenta alternativa de ensino contribui qualitativamente no desenvolvimento das aprendizagens dos estudantes, à medida que possibilita a visualização interativa e

contextualizada dos conteúdos trabalhados em sala por meio de um navegador web ou qualquer dispositivo computacional com suporte ao aplicativo.

Referências

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BABBITT, B. C.; USNICK, V. Hypermedia: a vehicle for connections. Arithmetic teacher, [s.l.], p. 430-432, 9 April 1993.

BONILLA, Maria Helena S. Escola aprendente: para além da sociedade da informação– Rio de Janeiro: Quartet, 2005.

CAMPOS, Gilda H. B. de et al. Avaliação da Qualidade de Software Educacional. Rio de Janeiro: Coppe, 1996. CAMPOS, F. C. A. Hipermídia na educação: paradigmas e avaliação da qualidade. 1994, 138 f. Dissertação (Mestrado) – COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1994.

CARVALHO, Ana Amélia Amorim. Apresentação do conhecimento segundo a Teoria da Flexibilidade Cognitiva, Revista Portuguesa de Educação, Universidade do Minho, Portugal – 13 (3), p. 157, CEEP-,

2000.

LUCENA, M. W. F. P. O uso das tecnologias da informática para o desenvolvimento da educação. Rio de Janeiro: COPPE – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1994. 46 p. (Publicações Técnicas ES – 301/94).

MACHADO, Daniel Iria; SANTOS, Plácida L. V. A. da Costa. AVALIAÇÃO DA HIPERMÍDIA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA FÍSICA: O CASO DA GRAVITAÇÃO - Ciência & Educação, v. 10, n. 1, p. 75-100, 2004.

MELEIRO, Alessandra; GIORDAN, Marcelo. Hipermídia no ensino de modelos atômicos - Química Nova na Escola – Nº10, p. 17-20, Novembro 1999.

10 POZO, Juan I.; CRESPO, Miguel. Á. G.; - A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico – Tradução: Naila Freita.5. Ed - Porto Alegre: Artmed, 2009. SEABRA, Carlos. Tecnologias na escola – Porto Alegre: Telos Empreendimentos Culturais, 2010.

SPIRO, Rand; COULSON, Richard; FELTOVICH, Paul; ANDERSON, Daniel. Cognitive Flexibility Theory: Advanced Knowledge Acquisition in Ill-StructuredDomains. IN: Conferência Anual da Sociedade de Ciência Cognitiva , 10º .. -. p. 375-383. Hillsdale, NJ: Erlbaum, 1988.

VALENTE, José A.; ALMEIDA, Maria E. (orgs). Formação de educadores à distância e integração de mídias. São Paulo: Avercamp, 2007.

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