Cultura na primeira página: o jornal Diário do Sul e a representação do sistema artístico-cultural

June 4, 2017 | Autor: Ana Gruszynski | Categoria: Journalism, Jornalismo Cultural, Cultural Journalism
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Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VI Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo UMESP (Universidade Metodista de São Paulo), novembro de 2008

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Cultura na primeira página: o jornal Diário do Sul e a representação do sistema artístico-cultural

Cida Golin1 Ana Gruszynski2 Everton Cardoso3 Sara Keller4 Tales Gubes Vaz5 Resumo: O artigo apresenta os resultados parciais da pesquisa Jornalismo e representação do sistema artístico-cultural nos anos 80: um estudo do jornal Diário do Sul (Porto Alegre, 1986 - 1988), em desenvolvimento na Fabico/UFRGS. Discute-se a relação entre a prática jornalística e a representação do sistema artístico-cultural, analisando os elementos discursivos e gráficos da editoria de cultura do extinto jornal. Busca-se compreender como este periódico documentou e avalizou o sistema cultural em meados dos anos 80, época em que o chamado jornalismo cultural aderia ao modelo dos cadernos e imprimia novas estratégias de cobertura. Palavras-chave: Jornalismo Cultural – Diário do Sul – História do Jornalismo - Práticas Editoriais – Jornalismo e sistema artístico-cultural

1 Introdução

Referência importante e pouco estudada na história da imprensa do Rio Grande do Sul, o jornal Diário do Sul, periódico do grupo Gazeta Mercantil, surgiu em 04 de novembro de 1986 em Porto Alegre. Em 581 edições, até setembro de 1988, colecionou 18 prêmios, entre eles o Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa. O projeto nasceu inspirado nos quality-papers europeus e norte-americanos, jornais de alta qualidade, dirigidos a um público sofisticado e com tiragens reduzidas. O texto de tom analítico, visando um leitor com nível de informação acima do mediano, era uma resposta inédita, no sul do País, ao impacto da agilidade informativa da mídia eletrônica. Na busca obsessiva pela diferenciação, o jornal elegeu a cobertura cultural e artística como uma de suas ênfases. O slogan "Diário do Sul tem cultura na capa" defendia uma nova tentativa de hierarquização de editorias. Ao lado da economia e da

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Prof. PPGCOM UFRGS, Coordenação da pesquisa. Prof. PPGCOM UFRGS. 3 Mestrando PPGCOM UFRGS. 4 Graduanda em Jornalismo FABICO/UFRGS, Bolsista BIC-FAPERGS. 5 Graduando em Jornalismo FABICO/UFRGS, Bolsista Voluntário PROPESQ/UFRGS. 2

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política, priorizava a cobertura das manifestações artísticas e culturais em detrimento de assuntos como polícia ou esportes. Este artigo apresenta os resultados parciais do desenvolvimento da pesquisa Jornalismo e representação do sistema artístico-cultural nos anos 80: um estudo do jornal Diário do Sul (Porto Alegre, 1986 - 1988), em andamento desde março de 2007 na Fabico/UFRGS, com recursos da UFRGS, FAPERGS e CNPq.6 Pretende-se discutir a relação entre a prática jornalística e a representação do sistema artístico-cultural a partir da análise dos elementos discursivos e gráficos da editoria de cultura do extinto jornal. Buscar-se-á compreender como este periódico documentou e avalizou o sistema cultural em meados dos anos 80, época em que o chamado jornalismo cultural aderia ao modelo dos cadernos e imprimia novas estratégias de cobertura. Trata-se de pesquisa exploratória de viés histórico-crítico que encontra apoio no referencial teórico sobre história da imprensa, teorias do jornalismo, jornalismo especializado em cultura, design gráfico e na fortuna crítica sobre o campo de produção artística e cultural. Utiliza o método bibliográfico, análise de documentos (coleção dos jornais) e técnicas de análise de conteúdo.

2 Breve percurso pela imprensa especializada em cultura nos anos 80 A década de 1980 no Brasil assistiu mudanças significativas no percurso do chamado jornalismo cultural, transformações essas consideradas, muitas vezes, como artifícios redutores do espaço analítico e simplificadores da visão sobre a experiência artística, estética e intelectual. Por outro lado, sabe-se da profusão contemporânea de revistas, suplementos e páginas diárias dedicadas ao setor cultural, abrangendo do mero material de divulgação à crítica dirigida a públicos iniciados. Em contraponto à cultura vinculada à política e ao Estado, característica dos anos 60 e 70, as indústrias culturais brasileiras da década de 1980 apresentam um crescimento expressivo, ultrapassando fronteiras nacionais. Naquele momento, o Brasil era o sétimo mercado de televisão e publicidade e o sexto na área da indústria fonográfica (ORTIZ, 1988, p.202). Simultaneamente, a expansão editorial é percebida pelo aumento das resenhas informativas e pelo “tratamento mais comercial” do livro (divulgação e venda) e 6 A presente investigação insere-se nas atividades do Laboratório Eletrônico de Arte e Design (LEAD) da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (FABICO) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Integra a linha de pesquisa Comunicação, representações e práticas culturais do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação (PPGCOM). Em 2007 trabalharam no início do projeto e na indexação do material as bolsistas de iniciação científica BIC-UFRGS Flávia Moraes, BIC-FAPERGS Raquel Hirai e a bolsista voluntária da UFRGS, Ana Laura de Freitas.

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significativa redução da reflexão crítica nas páginas jornalísticas (SUSSEKIND, 2003, p.35). Uma série de iniciativas renovou a edição jornalística nos anos 1980. Entre elas, a proliferação de cadernos especializados dentro de um mesmo jornal (BARBOSA, 2007, p.221). O modelo dos "segundos cadernos" consolidou-se neste período, quando a grande maioria dos jornais passa a circular com um encarte diário de cultura (GADINI, 2003). Ao mesmo tempo, perceberam-se mudanças significativas no design gráfico, valorizando a imagem em composições mais leves e ousadas. A Ilustrada, suplemento diário da Folha de São Paulo – e que refletia o projeto Editorial da Folha gestado no final dos anos 70 (ROMANCINI & LAGO, 2007) –, traduziu uma estratégia mercadológica que apresentava os bens culturais a partir de critérios como grandes audiências, internacionalização, serviço e hibridações entre o erudito e o popular. Concorrente direto, o Estado de São Paulo lançou o Caderno Dois (diário) em 1986, mesmo ano do surgimento do suplemento semanal Idéias do Jornal do Brasil. Vários periódicos de menor alcance tiveram o projeto gráfico e o estilo da Ilustrada como paradigmas. No encarte paulistano de dimensão nacional, Prysthon (2001) chama atenção para a proeminente discussão do conceito de pós-moderno, bem como para a emergência de uma cultura pop voltada à hegemonia cultural norte-americana, cinema para grandes públicos, universalização do rock e ênfase no cosmopolitismo e no mercado. O jornalismo cultural mimetizou a efervescência daquele período, adotando as lógicas publicitárias do slogan, do in-out, dos produtos e estilos efêmeros, dirigindo-se, sobretudo, ao leitor jovem das classes médias nos grandes centros urbanos do sudeste do país. Vale pontuar que, naquele momento, o Rio Grande do Sul vivia mais um boom da cultura regional impulsionada pelo movimento Nativista e seus festivais de música, ampliando o mercado editorial deste segmento assim como o espaço de manifestações regionais na mídia. Não faltaram polêmicas sobre a especificidade de tal cultura e a adoção de comportamentos típicos por parte da população urbana como usar bombachas ou tomar chimarrão (JACKS, 2003). Januário (2005) afirma, por meio de pesquisa quantitativa, que o jornalismo cultural paulista entre as décadas de 1980 e 1990, no contexto de crise financeira das empresas jornalísticas, passou a ser constituído prioritariamente por peças informativas, sintonizadas com a agenda televisiva e do mercado, em detrimento do caráter crítico e analítico dos assuntos artístico-culturais. Equipes menores na redação e redução do

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espaço para ensaios, entre outros fatores, contribuíram para a configuração de um segmento ausente de reflexão, centrado na divulgação e no celebrismo. A aposta no jornalismo de serviço privilegiou o espaço dedicado aos roteiros de programação, tendo como parâmetro o consumo do leitor de classe média urbana.

3 A experiência da Gazeta Mercantil Sul e o surgimento do Diário do Sul em Porto Alegre Dentro do segmento especializado, o jornalismo econômico começou sua ascensão no final dos anos 60 acompanhando a agenda do “milagre econômico” brasileiro (ABREU, 2002). Nos anos 80, a proeminência desta editoria era perceptível na hierarquia das redações. O jornal Gazeta Mercantil (GzM), matriz da experiência do Diário do Sul(DS), consolidou sua posição como o principal diário nacional especializado em economia nos anos 1970: apostou na contratação de jornalistas renomados, em uma reforma gráfica sintonizada com a sobriedade dos principais periódicos econômicos internacionais e no projeto editorial alinhado ao incremento de uma economia capitalista de livre mercado, ao relato dos êxitos empresariais e à divulgação eficiente de taxas e do valor da moeda em uma economia altamente indexada. Investimentos tecnológicos foram feitos visando uma maior eficiência na circulação nacional do periódico. No final dos anos 70, a GzM foi o terceiro jornal no mundo a adotar um sistema de impressão simultâneo via satélite,7 imprimindo páginas nas cidades onde havia sucursais e facilitando a distribuição. O impacto foi imediato. Em 1987, o jornal atingiu o maior pico de tiragem: 107.151 exemplares, incluindo 84.101 assinantes e 3.220 de venda avulsa (LENE, 2004). A criação do Diário do Sul em novembro de 1986 foi decorrência desta bemsucedida experiência da empresa Gazeta Mercantil com seus cadernos regionais impressos simultaneamente em várias capitais do Brasil, projeto este que a empresa levou adiante nos anos 1990. A Gazeta Mercantil Sul, encarte regional criado em julho de 1984, oferecia nas suas páginas pautas da cidade e de âmbito estadual. Destinada ao público segmentado de um jornal especializado em economia, empresários e leitores supostos das classes A e B, a Gazeta Mercantil Sul (apelidada de Gazetinha) chamou a atenção pelo cuidado e pela sofisticação com que tratava as artes plásticas, cinema, teatro, literatura, gastronomia e música. 7

Transmissão simultânea, por meio de microondas, de uma página do jornal em 90 segundos. Convertida em filme, permitia a impressão do jornal em diversos locais.

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Cerca de 15 dias antes da estréia do caderno Gazeta Mercantil Sul, encartado na GzM, Porto Alegre viu fechar o seu jornal mais tradicional, o Correio do Povo, e o tradicional vespertino Folha da Tarde, ambos editados pela empresa Caldas Júnior. Na capital até então conhecida pelo alto índice de leitura e pela múltipla oferta de periódicos, mas já estigmatizada como "cidade-cemitério" de projetos jornalísticos (MARINI, 2002, p.17), restavam apenas dois periódicos de inserção regional, Zero Hora, do grupo RBS, e o Jornal do Comércio editado pela Companhia J.C. Barros. Reagindo a este quadro, em março de 1985 surgiu O Estado do Rio Grande, uma iniciativa do Grupo Sinos que durou apenas 12 edições e teve o seu fechamento decretado por uma série de erros técnicos e administrativos. O projeto do novo jornal Diário do Sul, apresentado pela sucursal sulina da Gazeta Mercantil, tinha como referência internacional o empreendimento do El País, na Espanha. A equipe imaginava um periódico analítico, aberto à investigação, e o lançamento foi antecedido por um seminário de aprimoramento da equipe de redação. Contudo, uma série de entraves na área administrativa e de parque gráfico atrasou a estréia. É importante registrar que, naquele período, o fechamento dos jornais da empresa Caldas Júnior havia deixado disponível o parque gráfico para a impressão do novo jornal. No entanto, a aquisição da Caldas Júnior por novos proprietários impediu o acordo. Tratativas foram feitas com a gráfica Corag, de propriedade do Governo do Estado, e não avançaram. Restou ao novo jornal ser rodado, diariamente, na cidade de Santa Cruz do Sul, distante 155 quilômetros de Porto Alegre. Às vésperas do Plano Cruzado II, plano econômico que acabaria com o congelamento de preços no governo Sarney, e da eleição de governadores e do Congresso Nacional Constituinte, o Diário do Sul foi lançado em uma terça-feira, 04 de novembro de 1986 (Figura 1), depois de um mês de testes com edições experimentais. O caderno principal apresentava 14 páginas, seguido de um outro suplemento de 08 páginas com especiais sobre vestibular e política. A editoria de cultura, em geral, ocupava as páginas 08 e 09, seguida por duas páginas de comportamento e lazer, que abrigava desde televisão, rádio, moda, esportes, passando por uma coluna de xadrez, quadrinhos e horóscopo. Ou seja, havia uma nítida separação entre as manifestações artísticas (música, artes, cinema, literatura, dança, teatro) e o entretenimento, incluindo aí a televisão. O caderno principal fechava com economia.

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Figura 1: Capa da primeira edição do Diário de Sul em 04 de novembro de 1986. Na mesma edição, a editoria de Cultura na página 9.

A criação da editoria de Imagem em 03 de julho de 1987 deslocou o cinema para perto do vídeo e da TV (Figura 2). Quando o jornal fechou, em 30 de setembro de 1988, a editoria de cultura encontrava-se agrupada com a de lazer, em um caderno separado, seguindo a tendência dos diários nacionais. O caderno surgiu em 19 de julho de 1988 (Figura 3). Percebe-se ali uma maior valorização gráfica dos títulos, acentuando o uso das imagens. No entanto, é visível o declínio quantitativo de reportagens e da cobertura cultural neste caderno de 04 a 08 páginas (suplemento maior no final de semana). Em compensação, outros atrativos são agregados como uma proposta gráfica mais arejada (no sentido da inovação gráfica, destaca-se o suplemento tablóide semanal Espectador Cinema e Vídeo) e inserções de folhetins especialmente produzidos por escritores renomados. Na última edição estava em andamento a história Breviário das terras do Brasil de Luiz Antônio Assis Brasil, um folhetim de leitura difícil contando a história do índio Francisco Abiaru, guarani educado nas missões jesuíticas, vítima da Inquisição portuguesa em solo brasileiro na passagem do século XVII para o XVIII.

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Figura 2: Editoria de Imagem na página 14, em 26 de maio de 1988.

Figura 3: Capas do Caderno Cultura e Lazer dos dias 19 e 28 de julho de 1988, respectivamente.

O projeto gráfico do DS herdou a linha sóbria da Gazeta Mercantil: estabeleceu normas rígidas para o desenvolvimento das edições, que seguiam um diagrama baseado em 06 e 08 colunas, valorizando a fotografia como elemento de destaque na página. A redação contava com uma série de ilustradores – Edgar Vasquez, Moa, Iotti, Jaka, entre outros – e um grupo de fotógrafos liderado por Jaqueline Joner. O jornal introduziu a função de editor de imagem, responsável pela edição de fotos, arte e textos. Este encargo foi assumido por Jorge Gallina, autor do projeto gráfico. Inovação na época,

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proporcionou mais tempo para o editor de texto que, após entregar o material para diagramação, só via novamente a página no momento de fechar os títulos e legendas, ganhando mais tempo para trabalhar as demais páginas. No âmbito do fotojornalismo, a publicação priorizou o olhar interpretativo do fotógrafo, que deveria informar de modo singular o tema tratado. Imagens grandes e em alto contraste, ângulos e composições que fugiam da perspectiva tradicionalmente presente nos jornais, ocupavam o espaço gráfico do formato standard – 54x33,5cm – evidenciando o valor da editoria de fotografia no âmbito da publicação. Em 30 de setembro de 1988, o jornal Diário do Sul fechou suas portas, encerrando um capítulo diferenciado na história da imprensa sulina, com o mérito da sua ousadia editorial dirigida a um público muito segmentado, com as falhas estruturais e de gestão administrativas e de ter relegado ao segundo plano a cobertura miúda de temas gerais, da cidade e pautas de maior repercussão em áreas já citadas como esportes e polícia.8 Segundo Francisco Rüdiger (2003), em sua síntese sobre a história do jornalismo no Rio Grande do Sul, o jornal do grupo Gazeta Mercantil tentou suprir o hiato deixado pela tradição cultural do antigo Correio, mas foi derrotado pela estratégia mercadológica do conglomerado de mídias da RBS e pelo próprio retorno do Correio do Povo, com novos proprietários, em formato tablóide, uma espécie de síntese noticiosa entregue, quase de graça, na casa dos leitores pelo sistema de assinaturas.

4 A representação do sistema artístico-cultural pelo discurso jornalístico O jornalismo cultural dinamiza, documenta, avaliza o sistema cultural, age na formação de públicos e fornece parâmetros interpretativos da cultura de um determinado período e local. Por meio dos limites de suas estratégias discursivas e das escolhas editoriais, realiza a importante função de mediação, aproximando o público da experiência da arte, do pensamento e da cultura. A divulgação de uma obra de arte é mecanismo obrigatório para sua própria existência; o próprio processo criativo prevê estratégias de condução do pensamento do artista até o público, momento em que o produto cultural se transfere de mãos. Várias instituições (escola, universidade, museus, galerias) asseguram a legitimidade do gesto artístico, mas a mediação jornalística torna-se crucial ao garantir a 8

Além da análise da coleção dos jornais, as informações sobre o percurso histórico do DS foram obtidas por meio de registros do Coordenador deste projeto de pesquisa e da monografia Diário do Sul: breve trajetória de um jornal porto-alegrense com espírito cosmopolita de Ana Rita Sant'Anna Marini, defendida no Curso de Jornalismo da Unisinos em novembro de 2002 (MARINI, 2002).

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visibilidade das ofertas, produzir a sedução, portanto, a necessidade destes próprios objetos e sustentar a palavra dos críticos, autoridades que afiançam a consagração ou a descoberta dos novos. Na periódica revisão de temas artísticos e culturais, assim como na apresentação de novas tendências, o jornalismo alicerça e constrói a memória simbólica, confirmando sua condição de práxis narrativa marcada pela cultura profissional e pelo contexto em que está inserida. Cada vez mais, reforça ou mesmo desafia cânones constituídos em locais autorizados como as instituições museológicas e acadêmicas. Junto com outras instituições referenciais, participa do mecanismo de criação de consenso sobre o que significa a cultura de uma época. Além de informar, cumpre uma função formativa no horizonte cultural de percepção do público. Dentro dos seus limites, e historicamente ligado ao projeto iluminista de vulgarização do saber, o jornalismo cultural contribui para a compreensão dos códigos artísticos, enfatizando a secular dimensão comunicativa do ato de criticar e interpretar (LEENHARDT, 2000). Como já escreveu Tubau (1982), a cultura apreendida por meio do discurso jornalístico é somente aquela capaz de se tornar notícia. Pautado pela dinâmica das indústrias culturais, pela sua estrutura de lançamentos e distribuição, as manifestações estéticas, no jornalismo cultural, são percebidas em geral a partir do espetáculo e do evento. A representação e interpretação do sistema artístico-cultural organizam-se a partir de uma linguagem da antecipação, configurando o campo da cultura e da arte como uma seqüência linear de atividades: aberturas de exposições, estréias de espetáculos, lançamentos de discos e livros, a chegada ao país de novos grupos editoriais, feiras e festivais artísticos (PEREIRA, 2007). Trata-se de um tempo cíclico em que o novo e o atual significam repetição na cobertura de fatos pré-agendados pelos produtores. O campo jornalístico, seja no reforço da tradição ou na revelação de novas perspectivas, detém o “poder de incluir ou de excluir, de qualificar ou desqualificar, de legitimar ou não, de dar voz, publicizar e tornar público”(BERGER, 1996, p.190). O trabalho da imprensa pode nos guiar na visualização de um retrato do sistema cultural de um determinado período, mas não teremos acesso, na versão final, a tudo o que foi excluído na rotina de redação. O jornalista, neste momento, faz uma triagem, atua como um filtro, produzindo escolhas, perspectivas e oferecendo abordagens parciais sobre a arte e a cultura de seu tempo histórico. Esta parcialidade significa, muitas vezes, priorizar a divulgação dos produtos e relegar a um segundo plano ou praticamente

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ignorar os processos culturais. Entende-se por processo o próprio movimento do sistema artístico-cultural expresso nas políticas públicas de cultura, na economia do setor, marketing cultural, questões do processo artístico que antecedem ou estão para além do evento, lançamento ou do produto acabado (CUNHA, FERREIRA, MAGALHÃES, 2002).

5 Arte, cultura e entretenimento no jornal Diário do Sul: resultados quantitativos Esta pesquisa aproximou-se de seu objeto, situado em um contexto de duas décadas atrás, a partir do propósito de refletir sobre o quanto o discurso jornalístico interfere, referenda e interpreta o campo cultural, artístico e estético ao produzir significações específicas. Esta leitura histórica parte das seguintes questões: agindo num momento de transição do jornalismo cultural, quais práticas discursivas e gráficas foram implementadas pela editoria de cultura do jornal Diário do Sul e de que forma esta perspectiva configurou uma interpretação do sistema cultural em Porto Alegre em meados dos anos 80? Seguindo a pergunta de Antônio Dimas (1996) proposta para diferentes suplementos culturais, que parâmetros foram estabelecidos para aferir a vida artística de sua comunidade? Os primeiros procedimentos da equipe foram localizar a seleção da amostra no acervo do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa e Arquivo Municipal Moysés Vellinho. Definiu-se como recorte temporal o período de 03 meses alternados do primeiro semestre de existência do jornal – novembro de 1986; janeiro e março de 1987 – e 03 meses alternados do último semestre de edição do periódico – maio, julho e setembro de 1988. No conjunto aplicou-se uma tabela para indexação e tabulação de um total de 1.469 matérias jornalísticas em cerca de 150 edições. Os dados9 foram organizados em gráficos representativos por abrangência geográfica da cobertura, segmento cultural, gêneros narrativos, entre outras perspectivas de visualização quantitativa da amostra.

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Foram registrados os seguintes dados: página; título; área total da página x área total da matéria (áreas de textos e imagem); segmento cultural; local; autor; gênero do texto; número de fontes; gancho factual x memória; abordagem (analítica, informativa, histórica, tendências, efemérides, obituário, outras); tipo de imagem (fotografia, ilustração, charge, vinheta, quadrinhos); função da imagem (pontuação, estética, informativa) e crédito das imagens.

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Figura 4: Linha do tempo de publicação do DS e períodos compreendidos na análise quantitativa.

A partir dos dados coletados no fichamento da totalidade das matérias, foi possível concluir a análise quantitativa do material. Para os critérios de abrangência geográfica de cobertura, a equipe utilizou as categorias local (Porto Alegre), regional (interior do Estado do Rio Grande do Sul), nacional (Brasil) e internacional, configurando o seguinte mapa apresentado no Gráfico 1:

Gráfico 1: Abrangência de cobertura no corpus analisado

Sendo o Diário do Sul um jornal de Porto Alegre, nota-se que a hierarquização dos locais de cobertura se dá no sentido local - regional e nacional - internacional. A maior quantidade das matérias trata de assuntos referentes à capital gaúcha, valoriza o critério jornalístico de proximidade e segue uma tendência dos periódicos sulinos. A esfera regional aparece em segundo lugar, empatada com os assuntos de caráter nacional. Por fim, temos a categoria internacional, que representa a menor parte da amostra. Vale ressaltar algumas ocorrências mais freqüentes em cada categoria. Em internacional, destacam-se, em primeiro lugar, os Estados Unidos, com ênfase para a

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cidade de Nova Iorque, confirmando a forte influência cultural norte-americana naquele período. Na Europa, predominam referências à França (em especial Paris e Cannes) e Grã-Bretanha, com relevância para Londres. No âmbito nacional, prevalece o eixo RioSão Paulo. Em termos regionais, temos as maiores ocorrências relacionadas à cidade de Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre, e Gramado, situada na serra e palco do Festival Nacional de Cinema. Para esta pesquisa, os segmentos culturais constituem os temas tratados pelo jornal, espécie de subeditorias dentro da editoria maior. A análise quantitativa dos dados chegou a um resultado que não traz surpresas quanto à freqüência dos temas tradicionais da cultura. Durante os seis meses analisados, as cinco principais ocorrências em relação aos segmentos culturais foram: cinema, música, literatura, agenda cultural e artes plásticas, com algumas variações de acordo com o mês. Todos são segmentos-chave na esfera do jornalismo cultural que segue o sentido mais usual do termo cultura, ou seja, o das artes e o do trabalho intelectual (WILLIAMS, 2000). Confirma o recorte genérico apropriado pela mídia a partir do ideário iluminista de difusão do pensamento e da produção artística. A preocupação do jornal com o serviço, assim como sua presença marcante no jornalismo cultural, elevou a agenda cultural à categoria de um dos principais segmentos.10 Podemos mostrar visualmente tal relação no Gráfico 2:

Gráfico 2: Segmentos culturais no corpus analisado

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Para a realização do gráfico, e visando uma análise mais clara e sintética da amostra, foi criada a categoria “outros” que reuniu segmentos com números de ocorrência pouco representativos em relação aos demais.

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Na medida em que a editoria circunscreve o campo das manifestações artísticas, há uma tentativa de contemplar os diversos segmentos, ainda que seja difícil manter um equilíbrio total no mosaico temático de cada edição. O fato de determinadas subeditorias receberem maior espaço do que outras aponta para a dinâmica do circuito na sua dimensão local ou nacional, em que determinados setores têm maior prestígio ou relevância econômica do que outros. Percebe-se aqui o predomínio da cobertura cinematográfica, confirmando sua tradição no circuito cultural porto-alegrense, seguida pela música, forte mercado industrial daquele período. A pesquisa também se dedicou à análise quantitativa dos gêneros jornalísticos constantes na editoria de cultura do Diário do Sul. Após realizar uma revisão da literatura dos gêneros, a equipe deparou-se com o impasse em categorizar textos que resistiam às categorias estanques tradicionais (informação, opinião, interpretação, análise), revelando uma típica característica do jornalismo cultural: o baralhamento, a hibridação dos modelos de construção. Apresentando características híbridas, percebe-se a predominância do formato notícia com um total aproximado de 843 ocorrências.Cabe destacar que, na apresentação gráfica, se observou em diferentes edições a tênue marcação de textos opinativos apenas com o uso do itálico. Configura-se na amostra o perfil pragmático e de serviço assumido geralmente pelas editorias especializadas em cultura. Destaca-se o roteiro de cinema produzido pelo repórter e crítico Luiz Carlos Merten, capaz de em poucas linhas mesclar análise e informação a partir de dados relevantes dos filmes em cartaz. Além da costumeira grade televisiva, havia o cuidado em divulgar a programação jornalística radiofônica e o roteiro de música erudita da rádio da Universidade. Há uma forte presença de textos de opinião (resenhas, crítica, comentários); em menor freqüência aparece a reportagem e, por fim, a ficção (folhetim), elemento anacrônico no jornalismo contemporâneo, incluindo a década de 1980. A pesquisa quantitativa também levantou dados relativos à utilização de imagens no jornal. Constatou-se que as imagens no interior da publicação ocuparam em média 30% da área impressa diante de 70% dedicada ao texto. Esta proporção mantém-se na capa do jornal, ainda que tenhamos algumas edições em que a matéria de cultura não traz fotografia ou ilustração.

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6 Perspectivas para uma análise qualitativa A partir de uma breve análise qualitativa, como ensaio prévio para estudo detalhado das notícias,11 percebeu-se que os critérios de noticiabilidade da editoria de cultura do Diário do Sul são típicos do universo jornalístico: partem da atualidade e da proximidade, valorizam a relevância dos sujeitos envolvidos e os produtos disponíveis no mercado. Predomina o formato de notícia com tratamento analítico. Agrega-se a isso a iniciativa de situar o fato sob perspectiva histórica, numa recorrência constante à memória. Ou seja, parte-se do tempo presente e a narrativa oscila entre a memória (passado) e a tendência (futuro). Dirigido a um consumidor de alto poder aquisitivo, e tendo como matriz a Gazeta Mercantil, o jornal costumava correlacionar os objetos e eventos ao contexto econômico, evidenciando custos de produção ou o valor das obras no mercado, o que é bastante inusitado pelo menos na área do jornalismo cultural. Além do gancho factual, percebe-se, em menor número, a tentativa de sondar tendências nos segmentos culturais, evidenciar questões da política cultural e iniciativas do setor, os chamados processos da cultura. Pode-se inferir que o tempo dedicado à leitura do jornal é longo, seus enunciados são dirigidos a um interlocutor diferenciado, freqüentador de bons restaurantes, ouvinte de música erudita, interessado em mercados de arte e de cultura (nota-se a freqüência de pautas relacionadas ao marketing cultural, ao crescimento da ação privada de empresas nesta área). Seguindo uma característica típica do jornalismo cultural, são poucas as fontes explicitadas nas matérias jornalísticas, em geral os agentes envolvidos na notícia (produtores, artistas, eventualmente fontes analíticas ou mesmo citação de outras mídias). No caso do Diário do Sul, o uso de poucas referências não indica superficialidade no tratamento do tema. Vislumbra-se em muitos dos textos um narrador que domina o contexto do qual fala, insere dados de pesquisa e propõe uma análise do produto ou evento em destaque, confirmando a ambição em marcar a produção diária com estilo aprofundado de revista. No manual de redação do jornal (MARINI, 2002) havia uma longa orientação sobre uso das fontes, recomendando a

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A pesquisa prevê análise qualitativa de parte da amostra, esmiuçando o conceito de cultura proposto pelo periódico, seu público interlocutor, a identidade e o ponto-de-vista das fontes, a instância narrativa e temporalidade dos textos, a estética da página (diagrama, tipografia e imagem) e a relação entre as narrativas visual e textual.

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checagem obsessiva dos dados. Subtrair a origem da informação por meio do uso de off era uma prática a ser evitada a todo custo. Em uma análise preliminar da hierarquia na diagramação do jornal, observou-se que as fotografias têm papel fundamental para a aproximação do leitor ao texto, identificada tanto pelo seu posicionamento – antes do título da matéria, por exemplo – como pelo enquadramento. Closes, ângulos inusitados para tomada da cena, iluminação e profundidade de campo são um convite ao olhar do leitor, sugerem uma perspectiva de aproximação do tema. Levando em conta que a produção gráfica do jornal era feita com o uso de laudas, diagramas para marcação dos espaços de imagens, bem como indicação de tamanho e fontes em que os textos deveriam ser fotocompostos e depois montados em papel para gerar os fotolitos para impressão, explica-se a necessidade da padronização rígida dos recursos tipográficos.

7 Considerações finais A análise quantitativa realizada até o momento permitiu uma parcial aproximação de nosso objeto de pesquisa, estabelecendo uma panorâmica das principais tendências do tratamento dispensado pelo Diário do Sul às matérias da editoria de cultural nos seis meses da amostra. A segunda etapa da investigação, por meio do refinamento dos critérios analíticos, pretende visualizar com mais precisão o retrato do sistema artístico-cultural proposto pelo periódico. Entende-se como sistema a dinâmica de relações entre instituições, valores, agentes, produtos e processos em um determinado período cronológico. O recorte interpretativo proposto pelo periódico a partir deste campo constitui parâmetros para o entendimento da arte e da cultura de seu tempo histórico. Além de oferecer uma contribuição, mesmo que pontual, à história da imprensa no Rio Grande do Sul, acreditamos que este estudo de caso oferece subsídios para interpretar os eixos com que o discurso jornalístico, transitando entre as funções informativas, de divulgação e visibilidade, entre dizer e excluir, configura uma perspectiva do campo artístico-cultural e produz conhecimento nesta área.

Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VI Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo UMESP (Universidade Metodista de São Paulo), novembro de 2008

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