Dante ou a Alma da Idade Média: uma breve biografia [Dante or the Soul of the Middle Ages: a brief Biography]

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TÔRRES, Moisés Romanazzi - Universidade Federal de São João del-Rei DANTE OU “A ALMA DA IDADE MÉDIA”- UMA BREVE BIOGRAFIA A cidade de Florença nos séculos XIII e XIV era uma comuna marcada por sangrentas discórdias políticas: as incessantes lutas entre os Grandes (nobres), sempre entrecortadas por reconciliações; as eternas disputas entre guelfos e gibelinos; entre facções guelfas. Igualmente marcada pelas incertezas religiosas: as heresias (catarismo, gnoticismo), o averroísmo, a oposição entre dominicanos e franciscanos, entre franciscanos “espirituais” e “conventuais”, freqüentes acusações recaindo sobre clérigos (padres casados, concubinato, sodomia). E simultaneamente marcada pela riqueza e a glória: o desenvolvimento do comércio, das manufaturas e da banca nascente, além das antigas rendas feudais, deram a Florença uma posição econômica de destaque, logo coroada por algo que poderíamos chamar de uma liderança política do mundo guelfo que, entretanto, além de agravar muito as dissensões internas, suscitava a cobiça de diversas forças externas. Foi nesta ambiente conturbado que nasceu, e viveu na fase inicial de sua vida, um dos intelectuais mais destacados e uma das sensibilidades mais sutis que a Idade Média conheceu: Dante Alighieri. Sabemos muito pouco da infância de Dante. Ele nasceu em maio de 1265, numa casa próxima a igreja de San Martino del Vescovo, em San Pier Maggiore. Em suas obras, ele não fala jamais de seus pais. Sabemos, porém, através dos biógrafos, que sua mãe, chamada Bella, morreu ainda jovem, quando Dante tinha doze ou treze anos, e que seu pai, denominado Alighiero, não tardou em tomar uma nova mulher como esposa. Sua família pertencia à antiga nobreza de origem feudal, mas sua condição econômica era modesta. O único evento aparentemente certo destes primeiros anos é o encontro do pequeno Dante com a pequena Beatriz. Quando do primeiro contato, os dois tinham cerca de nove anos de idade. Foi este apenas um encontro entre duas crianças, numa tarde da primavera de 1274, numa festa na casa do pai da menina. Somente nove anos mais tarde, ele a revê, ela então lhe faz uma “saudação gentil” e ele lhe diz talvez algumas palavras. A partir daí, Dante começa a lhe dedicar poemas enviados a um grupo de jovens poetas, uma espécie de sociedade literária chamada “Fiéis do Amor”. Mais tarde, em San Martino del Vescovo, ele a encontra uma terceira vez, não mais que olhares à distância. Posteriormente, Dante se encontra imprevistamente na presença de Beatriz, com quem ele cruza na rua, mas então ela lhe “recusa a saudação”, o que faz com que ele mergulhe em profunda melancolia. Um pouco mais tarde ainda, Dante se encontra por acaso em uma reunião mundana diante de Beatriz acompanhada de dois amigos, mas ela e seus companheiros tem um ar de zombar dele. Em resumo, dos nove aos vinte anos são portanto apenas cinco encontro fortuitos, sendo os primeiros fonte de alegria e os dois últimos de desesperança, mas nosso poeta jamais a pode esquecer. Segundo Louis Gillet (1941:18), nossa primordial fonte sobre a vida de Dante é tardia, trata-se da famosa biografia de Bocaccio que escreveu cerca de quarenta anos após a morte do autor da Commedia (bem como outras biografias como as de Bruni e Villani, posteriores àquela). De acordo com Bocaccio, Beatriz era filha de um mercador florentino de posses consideráveis denominado Folco Portinari. Gillet sublinha que foi justo Bocaccio quem nos deixou uma descrição, “romanceada” é bem verdade, dos encontros de Dante e Beatriz. Bocaccio, por todos estes motivos, não é uma fonte das mais certas. Mas René A. Gutman (1977:27) vai contestar toda X Encontro Regional de História – ANPUH-RJ História e Biografias - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - 2002

uma escola de comentadores do poeta que negam a existência histórica de Beatriz afirmando que esta era para Dante exclusivamente um símbolo. Gutman aponta que, durante a primeira idade de Dante, certamente viveu em Florença uma Beatrice Portinari. Seu pai, rico e famoso, foi eleito prior por San Pier Maggiore, e assim participou do Conselho dos Seis Priores, ou seja, uma câmara, periodicamente renovada, que governava a cidade junto ao podestà (o líder do governo, também periodicamente substituído). Sua tumba se encontra ainda na pequena igreja de Sant’Egidio, situada sob a fachada do hospital de Santa Maria Nuova que ele fundou. Sua mãe, Cilla Camposachi, segundo registros da municipalidade da época, teve três filhas. Sabe-se que a própria Beatriz casou em 1287 com um “banqueiro” florentino chamado Simone dei Bardi e foi morar, do outro lado do Arno, perto da Ponte alle Grazie e que ela morreu muito jovem. Assim, apesar das oposições de dantólogos ilustres como Peré Mandonnet, Bardi, Vallone, a historicidade de Beatrice Portinari está bem demarcada. Mas será que Beatrice Portinari era a Beatriz de Dante? Não há, de fato, nenhuma prova irrefutável, mas, uma vez constatada a existência real de Beatrice Portinari, somos tentados a acreditar, por uma simples questão de encadeamento lógico, que ela seja a Beatriz de Dante, uma vez que, além de contemporânea do poeta, era sua vizinha em San Pier Maggiore. Igualmente pelo fato que a Beatriz de Dante também morreu precocemente. Isto tudo, entretanto, não exclui o fato de Beatriz, pessoal real, ser para Dante também um símbolo, algo que vem do Bem e que, efetivamente, representa a Teologia. Dante, aproximadamente aos doze anos de idade, entretanto, esposa Gemma Donati, de muito poderosa família nobre. Com ela nosso poeta teve quatro filhos. O casamento era então entendido como o estabelecimento de uma aliança entre duas famílias, e assim o foi também no caso de Dante. Entre 1275 e 1282, Dante estudou com os dominicanos e os franciscanos, respectivamente nos conventos de Santa Maria Novella e Santa Cruz. Ao sair da escola, ele tinha dezessete anos. Segue um período de prazeres mundanos pelas tabernas de Florença, na companhia de outros jovens letrados, candidatos à fama através da poesia. Houve também, nesta fase de sua vida, algumas outras mulheres (cuja existência real também tem sido muito contestada), às quais dedicou alguns versos. Porém Beatriz continuava a ser e foi sempre o principal elemento da sua inspiração poética. Fez então bons amigos, com destaque para Guido Cavalcanti e Forese Donati (primo de Gemma). As disputas poéticas entre Dante e Forese formam a Tenzone, série de seis ferozes sonetos, escritos em volgare (o idioma popular que dará origem a língua literária italiana) e segundo os preceitos do dolce stil nuovo, a que Dante e seus companheiros aderiram. Dante vai completar seus estudos, provavelmente entre 1285 e 1287, inicialmente e por pouco tempo em Pádua, logo depois e por bem mais tempo em Bolonha. É possível que tenha sido nesta famosa universidade que Dante se familiarizou com a Filosofia, se bem que aqui seus estudos devem ter sido fragmentários, uma vez que somente mais tarde ele se instruiu em autores fundamentais como Cícero e Boécio. Foi também em Bolonha que Dante estudou “Medicina”, então inextricavelmente ligada à Filosofia; de fato o que se oficialmente ensinava era a Astrologia, reguladora da vida dos homens, e muitos “médicos” tiravam as doenças do horóscopo. Sabe-se também que foi de sua passagem por Bolonha, onde freqüentou a então célebre escola de Retórica, que ele guardou para toda a vida o culto do estilo e da beleza da linguagem, entendida como arte. Na realidade, a vida de Dante em Bolonha é muito mal conhecida. X Encontro Regional de História – ANPUH-RJ História e Biografias - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - 2002

Após sua formação universitária, Dante retornou a Florença. Esta cidade vivia então envolta em disputas acerca de importantes rotas comerciais com duas rivais gibelinas: Arezzo e Pisa. O conflito Papado-Império, diretamente erguido sobre o solo italiano desde o século XII, favoreceu o surgimento nas cidades de dois partidos, o guelfo e o gibelino, sua luta marcou profundamente toda a vida peninsular desde o fim deste mesmo século: discórdias, guerras e levantes, exílios, confiscos de bens, represálias, vendette. Os primeiros viam no imperador sacro-germânico a fonte do seu poder; os segundos procuravam se aliar às hierarquias fiéis ao Papado. Esta divisão, entretanto, é somente básica e não vale absolutamente para todas as situações, variando de acordo com as características das velhas rivalidades locais, manifestando-se em lutas que, muitas vezes, pouco ou nada tinham a ver com a Igreja e o Império. Esta oposição multissecular, sempre bastante viva, profundamente enraizada nos costumes de cada cidade, explica-se normalmente, como salienta Jacques Heers (1991:138), por divergências de interesses, às vezes por conflitos sociais, sempre pelas questões de família. O próprio Dante, no verão de 1289, como soldado da milícia florentina, participou de vitoriosas expedições militares contra as forças de Arezzo e Pisa. A primeira foi a batalha de Campaldino contra Arezzo. Trata-se do maior acontecimento bélico que Florença se engajou desde a funesta jornada que havia terminado com a derrota guelfa: a batalha de Monteperti. Mas desta vez as tropas florentinas são amplamente vitoriosas. Dante, que havia participado do pelotão de frente, comentou suas impressões numa carta relatada por Bruni. Posteriormente participou da tomada do castelo de Caprona, ocupado por milícias de Pisa. Seu último encontro com Beatriz foi anterior a sua participação em atividades militares, sendo provavelmente datado de 1288. Ela, entretanto, morreu em junho de 1290 quando Dante tinha vinte e quatro anos de idade. Este fato talvez tenha sido o maior choque de sua vida. Segue um período pouco esclarecido, de profunda tristeza, entre prantos infindáveis, visões, a procura do esquecimento através do estudo (acredita-se que foi neste momento que Dante completou sua imensa erudição) e, como diz Gillet (1941:28), “através de diversões menos severas”. Tal período culmina com a redação da Vita Nuova (por volta de 1292 a 1296) – sua primeira obra significativa. A figura feminina de Beatriz (Beatrice Portinari), angelizada na Vita Nuova, passará na Commedia, por representar a Teologia, a um estado divinizado de perfeição humana. A atitude de Dante na primeira obra, entretanto, não correspondeu nem a uma inovação nem a uma originalidade, foi sim a maneira habitual com que todos os poetas do dolce stil nuovo tratavam suas Madonne. A nova poesia italiana foi “inspirada” na dos trobadores franceses por seus detalhes técnicos e por sua concepção geral, mas, espiritualmente, ela foi diferente. A Dama francesa se transformou na Madonna. A Dama dos trobadores do Midi, ainda que idealizada, era uma pessoa concreta; a Madonna italiana era uma “criatura sobrenatural”: ela passa, obscura, em geral silenciosa, concedendo algumas vezes um discreto sorriso, aceitando eventualmente uma discreta saudação; não a descrevem jamais, sabem somente que ela tem uma “tintura de pérola”. Porém a Vita Nuova corresponde apenas a juvenília de nosso poeta. Na Commedia, um outro Dante, maduro intelectual e poeticamente, irá fundir o ideal de humanidade perfeita segundo a natureza e o tipo de humanidade perfeita de acordo com a graça num tipo superior de humanidade divinizada, Beatriz, aquela cujo domínio se estende a tudo aquilo que na Teologia é conhecimento. X Encontro Regional de História – ANPUH-RJ História e Biografias - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - 2002

Posteriormente, Dante ingressou na vida política e, em 1300, foi eleito para o Conselho dos Seis Priores. Logo depois, participou do Conselho dos Capitudini (o “poder legislativo”), mas então se viu envolvido com o governo dos “brancos”, a facção guelfa contrária às ingerências do Papado na vida da cidade. Após o golpe militar de 1301, engendrado pelo papa Bonifácio VIII e pelo príncipe capetíngio Carlos de Valois, que levou os “negros”, facção rival (também guelfa) favorável à Santa Sé, ao poder, Dante, acusado de baratteria (delito de concussão e venalidade), foi condenado, caso retornasse a Florença, à morte em fogo brando. Segue o longo período de exílio que duraria até sua morte em Ravena e quando Dante compôs suas principais obras: o Convivio, a Commedia, e a De Monarchia. No inacabado Convivio, Dante parecia se orientar por uma metafísica aristotélico-tomista. A grande obra de referência era, não por acaso, a Ética a Nicômaco, ou melhor, a leitura tomista da Ética, onde Dante encontrou os elementos para desenvolver uma conduta de equilíbrio e harmonia que se esforçava antes de tudo em descobrir no ser humano os princípios de uma nobreza, de definir um tipo completo, tão grande pela inteligência como pelas virtudes, de humanidade diligente. Mas já Platão e os neoplatônicos por momentos o ajudavam a guiar o racionalismo para perspectivas ainda distantes, confusamente entrevistas, de uma mística intelectualista. O Convivio, obra dedicada à cultura e nobreza humanas, foi porém bruscamente abandonada, sendo substituída pela redação do Inferno, um poema onde logo surge, em mortais trevas, o pecado e o castigo. Tal contraste nos leva a pensar que Dante, então descontente com seu trabalho, intentava refazê-lo sob um outro espírito e dentro de um outro estilo. O poeta, que se maravilhava no espetáculo das virtudes humanas, tomou, por motivos que não sabemos explicar, uma consciência mais nítida do ódio, do erro e do pecado em que vivem estes mesmos homens. Foi preciso então revirar as perspectivas e introduzir em sua obra o grande “drama da humanidade”. Já a peregrinação de Dante através do Purgatório significa, segundo Ernst Kantorowicz (1989: 350 e 351), a purificação do homem em um sentido filosófico, e não teológico-sacramental, o que, de certa maneira, equivale aos efeitos do sacramento do batismo: tanto quanto se emerge das fontes batismais como renascidos, liberados do pecado original, Dante emergirá do Purgatório como um ser novo, semelhante a Adão. Enquanto o Inferno é todo dominado por um ódio também pessoal: pela idéia do pecado e do castigo, da desordem e da iniqüidade, mas onde Dante (que é igualmente um pecador) sofreu pessoalmente de todo este mal a ponto de, segundo muitos dantólogos, ao longo dos castigos cruéis e trágicos que ele descreve, haver o que poderíamos chamar de um prazer vingativo. No Purgatorio seu espírito é atraído por problemas mais abstratos e gerais. Toda uma crítica da sociedade humana, de seu governo espiritual e temporal, todo um vasto projeto de reforma e restauração cristãs lá se desenvolvem e se precisam. Neste ponto, os debates que ocupam a inteligência de Dante são essencialmente morais, sociais e políticos. É porque ele só pode conceber uma ordem de um mundo segundo o ideal cristão e sob o controle moral e religioso da Igreja, que seu pensamento e esperança se convertem vigorosamente para uma reforma da sociedade humana guiada por uma Igreja igualmente reformada. No Paradiso, Dante dá continuidade a este plano de reforma, mas, cada vez mais, todas estas questões morais, sociais e políticas são vistas fundamentalmente por seu lado místico. Não há, no estado atual de nossos conhecimentos, como se pensar que a causa desta transformação seja outra que a derrota e morte do imperador Henrique de Luxemburgo (a quem o agora gibelino Dante havia atribuído, X Encontro Regional de História – ANPUH-RJ História e Biografias - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - 2002

enquanto imperiatus, o papel de reformador da Christianitas), e toda a desesperança que nosso poeta sofre em conseqüência – de agora em diante não há mais como confiar ao ser humano seu imenso projeto de reforma, somente o próprio Deus poderá leva-lo a diante. E se o poeta ainda afirma, com magnificência, a necessidade do poder imperial, única garantia do Direito eterno, se ele ainda glorifica a ética franciscana da pobreza, é em Deus que ele funda, com a magistratura romana e cristã de César, a ética de Francisco de Assis e, sobretudo, mais voluntariosamente que em qualquer momento antes, seu pensamento se volta totalmente para a metafísica e a teologia mística. O pequeno tratado intitulado De Monarchia (escrito em algum incerto período entre 1310 e 1313, em meio à redação da Commedia, já que sua datação se prende exatamente a invasão da Itália por Henrique de Luxemburgo), trata-se de um verdadeiro manifesto, erguido sobre o tom do raciocínio e da demonstração. O autor aqui expõe, baseado no princípio da unidade, sua teoria do Império Universal. Reclama a necessidade de um Monarca soberano, justiciador e ordenador, acima dos povos e dos príncipes, para que seja alcançada a paz e a harmonia universais. Desenvolve igualmente a idéia da missão providencial de Roma e estabelece uma distinção dos poderes temporal e espiritual (do imperador e do papa), a independência e simultaneamente a relação deste “duplo sol”, que foi sua mais original contribuição para o conjunto do pensamento medieval e, muito especialmente, para o discurso antihierocrático: a distinção de duas vias, de duas beatitudes entendidas enquanto fins últimos. Em junho de 1316, Guido Novelo da Polenta sucede Lamberto como governante de Ravena. Segundo a biografia de Bocaccio, ele ofereceu a Dante sua hospitalidade. Assim nosso poeta, após perambular por diversas cidades, se instalou em Ravena em fins de 1316 ou no princípio de 1317. Foi lá que ele passou, em relativa tranqüilidade, num círculo da familiares e admiradores, os últimos anos de sua vida. Nesta época não existia ainda a figura do “artista de corte”, aquele que vive da proteção de um nobre (o mecenas), amante das artes, benfeitor da atividade cultural. Isto foi um fenômeno renascentista. Os nobres que davam abrigo a Dante, interessavam-se por ele como homem de intelecto, capaz de desempenhar eficientes missões diplomáticas ou de agir como um teórico do partido gibelino. Calcula-se que foi somente em Ravena que Dante compôs o fim do Purgatorio, ao menos os seis últimos cantos, este prelúdio do Paradiso. Por volta de 1319, graças a correspondência que Dante manteve com Giovanni del Virgilio (humanista de Bolonha), sabemos que os dois primeiros cantos do Paradiso (o poema tem três) foram escritos e divulgados. Dante morreu na madrugada de 13 ou 14 de setembro de 1321, na vigília da festa da Exaltação da Cruz, pouco depois de concluir a Commedia. Ele tinha cinqüenta e seis anos. Não sabemos quase nada dos últimos meses e sua vida, porém as circunstâncias de sua morte parecem estar esclarecidas. Em agosto de 1321, quando as questões se agravaram entre a signoria de Ravena e a república de Veneza, Guido Novelo despachou Dante para negociar um acordo. A guerra foi evitada. Mas o governo veneziano, não se sabe o motivo, recusou uma de suas galeras para reconduzir a Ravena os plenipotenciários. Foi preciso portanto retornar por um caminho, ao longo da costa, por uma região de pântanos, através do delta do rio Pó, em plena estação da malária. Assim, tomado pela infecção, nosso poeta morre cerca de um mês depois. Guido Novelo lhe fez magnífico funeral, pronunciou pessoalmente seu panegírico fúnebre e prometeu elevar em sua honra uma esplêndida tumba. X Encontro Regional de História – ANPUH-RJ História e Biografias - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - 2002

Referências Bibliográficas GILLET, L. Dante. Rio de Janeiro: Ed. América, 1941 (Edição em Língua Francesa). GILSON, E. A Filosofia na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1995. GUTMANN, R. A. Dante et son Temps. Paris: Librarie A. G. Nizet, 1977. HEERS, Jacques. História Medieval. São Paulo, Bertrand Brasil, 1991. KANTAROWICZ, E. Les Deux Corps du Roi. Paris: Gallimard, 1989. NARDI, B. Dante e la Cultura Medievale: Nuovi Saggi de Filosofia Dantesca. Bari, 1942. RENAUDET, A. Dante Humaniste. Paris: Les Belles Lettres, 1954.

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