Depoimento para o catálogo da mostra “As Muitas Faces de Jece Valadão”

July 17, 2017 | Autor: Rodrigo Bouillet | Categoria: Cinema, Audiovisual, Biografia, Mostra, Homenagem, Catalogo, Retrospectivas, Depoimento, Catalogo, Retrospectivas, Depoimento
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A expressão “homem de cinema” é usada para nos referirmos aos que se entregam ao sacerdócio da sétima arte. No caso de Jece Valadão, no entanto, parece mais apropriado o termo “animal cinematográfico”. Nos anos 60, em todo o mundo, estabeleceu-se um novo cinema, de maior investimento sobre o realismo, que exigiu dos atores à época uma revisão na forma de interpretar. Neste sentido, Valadão, com seu desempenho intuitivo e visceral, alcançou maior liberdade artística e empatia com o público que seus contemporâneos também egressos do sistema das chanchadas. Ele não comungava, por exemplo, da interpretação de Reginaldo Faria, que já lançava as bases de uma atuação televisiva global, tampouco das caras e bocas de um certo teatro popular do farsesco John Herbert. Conseguiu, desta forma, apresentar dentro do cinema comercial um novo tipo brasileiro. Desde então, associa-se ao ator a figura do mulato, viril, rude, com ambições de ascensão social a qualquer preço. Antes de tudo, uma questão de sobrevivência em uma nova realidade urbana frouxa de ética, por isso uma carreira de malandros e cafajestes. Em cada filme, por mais de 30 anos, Valadão, por muitas vezes entrelaçando pessoa e personagem, foi figura emblemática das vicissitudes de um país e seu cinema. Rodrigo Bouillet, organizador do Cineclube Tela Brasilis Depoimento para o catálogo da mostra “As Faces de Jece Valadão”, CCBB-RJ, Set / 2006

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