Desertificação, a grande vilã

July 23, 2017 | Autor: Francisco Caruso | Categoria: N/A
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DESERTIFICAÇÃO, A GRANDE VILÃ

Desde 1995, a ONU escolheu o dia 17 de junho como Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação. Sempre achei curiosa essa estratégia, que mais me parece o que o comércio faz para aumentar suas vendas a cada mês, instituindo o Dia da Criança, o Dia do Professor e tantos outros. Um dia dedicado a um tema tão importante é, sem dúvida, muito pouco, a não ser que o aproveitemos para refletir sobre os danos da desertificação e a urgência em se definir planos de combate a ela. É sabido que a água é um dos recursos mais preciosos da Natureza, se não for o maior deles. O homem não vive sem água e apenas 3% da água de todo o planeta é doce. Mas o problema da desertificação não se resume à falta de água. Tem a ver também com a salinização do solo. Muitas vezes deparamos com grandes regiões, como já é o caso do Nordeste brasileiro, em que o custo com adubos e matérias orgânicas para recuperar o solo para o plantio é enorme, inviável, mesmo supondo que de alguma forma se resolveria o problema da irrigação. Tecnologia para isso já existe. Vejam, por exemplo, o que Israel consegue fazer no deserto. O Secretário Geral da ONU, Ban-Ki-moon, fez ontem um alerta de que o aumento da desertificação no planeta pode aumentar o risco de conflitos por terra e acirrar a instabilidade social em várias partes do planeta. Há uma enorme população vivendo hoje em regiões que sofrem dessa degradação do solo e de todo o ambiente. O avanço da desertificação provoca fome, força a migração de um número enorme de pessoas e, como já dissemos, nem sempre a recuperação de uma área desertificada é economicamente viável. Portanto, estamos de frente a mais uma daquelas questões ambientais nas quais é muito mais vantajoso e barato prevenir do que remediar. No Brasil, muito se poderia fazer, com a contribuição de grandes e pequenos fazendeiros, preservando as margens dos rios e a vegetação local, seguindo algumas determinações gerais do nosso Código Florestal. Outra iniciativa, capaz de enfrentar simultaneamente problemas ambientais e sociais, deveria ser a de criar um grande número de pequenas cooperativas rurais, com apoio da Embrapa e de outros órgãos ambientais, capazes de frear a degradação do solo em vários pontos espalhados e, ao mesmo tempo, criando condições de fixar várias famílias no campo. Não seria isso muito mais honesto e humano do que dar uma bolsa família como esmola para famílias de camponeses, sem qualquer preocupação em capacitar o homem para que ele possa, de fato, construir uma vida melhor para ele e sua família? Ou a ideia é, a exemplo do final do século XIX, apenas alargar os mercados consumidores?

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