DINÂMICAS DE EDUCAÇÃO PARA A PAZ

June 2, 2017 | Autor: R. Azevedo Corrêa | Categoria: Adolescentes, Jogos, Resolução de Conflitos, Cultura da Paz
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" " "
"CAPÍTULO 6 - METODOLOGIAS PARA o TRABALHO EDUCATIVO COM " "
"ADOLESCENTES " "


DINÂMICAS DE EDUCAÇÃO PARA A PAZ

Rosângela Azevedo Corrêa

"Nos tempos atuais estamos vivendo momentos de crise que são "
"percebidos em diversas dimensões: pessoal, social e planetária."
"Os conflitos gerados e vivenciados nesses momentos de crise "
"podem ser freqüentemente agravados, dificultando a superação "
"desta, de maneira equilibrada e sustentável. "
"Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, vivemos cercados"
"pela violência, a guerra (explícita e implícita dentro dos "
"países e dentro de nós) e a opressão, que cobram um preço "
"altíssimo em termos de vidas humanas e sofrimentos de toda "
"sorte. Mas não podemos acreditar que não existirá futuro ou que"
"não somos capazes de superar esta situação de angústia "
"coletiva; cada um de nós deve fazer todo o possível para que, "
"ao entrar no novo milênio, leguemos às gerações futuras certos "
"valores e certas soluções já encaminhadas por diferentes "
"organismos governamentais e não governamentais para combater as"
"injustiças sociais, a pobreza, a miséria, a fome, a exclusão, a"
"discriminação, a destruição do meio ambiente, a proliferação "
"das drogas e das armas e, sobretudo, o recurso à força como "
"forma de resolução de conflitos. "
"Assim sendo, faz-se necessário a busca de resolução de "
"conflitos de forma criativa e positiva. Para tal, entendemos "
"que os mesmos devem ser olhados numa perspectiva de totalidade,"
"percebendo-se os diversos aspectos, relações e inter-relações "
"neles presentes e propondo situações que sejam inclusivas. "
"Essas alternativas de resolução de conflitos devem orientar-se "
"por princípios de cooperação, solidariedade, igualdade e "
"respeito, com vistas à construção de uma nova ética. "
"A educação tem um papel fundamental nesse processo, "
"possibilitando a sensibilização dos educandos para as questões "
"sociais, ambientais e relacionais de sua realidade local e "
"global, contribuindo para a expansão de sua percepção e "
"consciência, criando condições para sejam mais autônomos e "
"criativos e com capacidade de gerenciar conflitos, propondo "
"alternativas que incluam essas dimensões, priorizando a vida e "
"a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável. "
"A proposta da Cultura da Paz pretende mobilizar pessoas do "
"mundo inteiro para buscar novas formas de convivência baseadas "
"na conciliação, na generosidade, na solidariedade, no respeito "
"absoluto aos direitos humanos e à diferença, a rejeição de toda"
"forma de opressão e de violência, a justa distribuição dos "
"recursos naturais e humanos, o livre fluxo de informações e o "
"compartilhamento do conhecimento. Uma das formas que temos "
"trabalhado esta cultura da paz é através do lúdico, tanto para "
"crianças como para adultos, dentro e fora da escola, onde "
"brincar passou a ser uma forma de sermos nós mesmos e "
"procurarmos a formação de grupos sólidos e solidários, capazes "
"de resolver os seus conflitos de forma não-violenta. "
"Nós escutamos todos os dias nos meios de comunicação sobre "
"notícias de violência no mundo inteiro, e nos sentimos "
"impotentes, sem respostas para solucionar os problemas que "
"envolvem a violência na família, na rua, entre os países e "
"entre as pessoas. Chegamos até criticar ou condenar esta "
"situação ou nos escandalizamos pelos atos de violência, sem "
"realmente aprofundarmos na raiz que tem como um dos seus "
"maiores problemas a injustiça e a violência institucional e "
"simbólica. "
"Por esta razão é que propomos um trabalho que considera que "
"educar para a paz significa uma mudança de conteúdos e métodos "
"em todo o âmbito educativo, não só na escola, mas para todas as"
"pessoas com a coragem de construir um mundo melhor. "
"Acreditamos numa forma de trabalho horizontal, participativo e "
"lúdico, que propõe conteúdos a partir de uma experiência e uma "
"realidade concreta que todos podemos vivenciar na própria pele "
"e sentir como uma experiência pessoal e próxima, para desde aí "
"aprofundar nela e analisá-la. "
"Acreditamos que como as pessoas e os grupos têm o seu processo,"
"assim também é, com a educação para a paz e com a resolução de "
"conflitos: é preciso seguir passos. É como uma construção de "
"uma escada, porque cada degrau está baseado na construção do "
"anterior, não podemos construir o 6º degrau sem termos "
"construído os cinco degraus anteriores. Por este motivo é que "
"temos tantos fracassos, ao tentarmos iniciar pelos problemas de"
"comunicação, tomada de decisões ou resolução de conflitos, sem "
"termos construído um grupo. "
"Neste sentido, propomos formar um grupo no qual as pessoas "
"saibam seus nomes, se conheçam, tenham confiança em si mesmas e"
"nas demais, saibam valorizar-se e encontrar os valores "
"positivos nas outras, e sejam capazes de aportar tudo de forma "
"solidária e equilibrada ao enriquecimento do grupo. "
"Não vamos ficar "olhando os nossos umbigos" para que nos "
"sintamos entre amigos; a proposta é criar um grupo forte que é "
"mais que a soma de individualidades, para que possamos "
"continuar subindo a escada que mencionamos. Podemos enfrentar "
"dois desafios importantes na educação para a paz: os problemas "
"de comunicação e a resolução de problemas. "
"O primeiro desafio é buscar uma comunicação efetiva. Aprender a"
"se comunicar, a utilizar os diferentes canais que se tem e "
"reconhecer os canais das demais pessoas, ou seja, aprender "
"tanto a emitir uma mensagem, como recebê-la num processo ativo "
"e enriquecedor para todos, tudo isso utilizado na tomada de "
"decisões, usando como mecanismo o consenso. "
"Não entendemos o consenso como uma mistura, onde você deixa as "
"suas propostas quando as considera importantes ou como algo que"
"funciona bem quando você está de acordo. Trata-se de um "
"mecanismo que começa a ter sentido precisamente quando existem "
"posições diferentes, transformando-se em alguma coisa, que "
"fugindo de maiorias e votações, busca a forma de que todo mundo"
"seja escutado, que a sua proposta seja acolhida e alcançar uma "
"decisão que possa ser aceita por todas as pessoas. "
"O segundo desafio e interminável degrau na nossa escada que "
"propomos para subir em educação para paz é a resolução de "
"conflitos. Começar de exemplos para aprender a interiorizar "
"valores de distanciamento e calma nos conflitos. Aprender a "
"analisá-los, tentando vê-los desde o maior número possível de "
"pontos de vista. Estimular a nossa imaginação na busca de "
"soluções construtivas e não-violentas. Não para ficarmos só aí,"
"senão que pouco a pouco vamos entrando nos nossos conflitos e "
"naqueles que nos rodeiam. Não se trata de criar um mundo "
"distante da realidade. Trata-se de aprender a enfrentar os "
"conflitos cotidianos para que se tornem um trampolim de "
"transformação social, de compromisso. "
"Precisamos trabalhar para encontrar uma coerência e um caminho "
"entre nosso trabalho pessoal e a mudança social. Desde aí e "
"para aí é que trabalhamos com esta proposta. "
" "


"Os Jogos "
" "
"Tradicionalmente utilizamos o jogo no grupo como uma forma de "
""passar o tempo", de mudar o ritmo, de criar uma atmosfera "
"relaxada. Entretanto, os jogos como experiência de grupo são um "
"fator importante na sua evolução, em que o conhecimento dos "
"participantes, a afirmação, a confiança e a comunicação "
"interpessoal abrem a porta a novas realidades como a cooperação e "
"a solução de conflitos de forma criativa. Os mecanismos utilizados"
"baseiam-se em valores, estimulam um tipo de relações ou provocam "
"situações concretas que poucas vezes valorizamos. "
"Nós estamos muito influenciados por esta sociedade que nos leva à "
"competição e a uma inclinação forte a ponto de utilizarmos um tipo"
"de jogo também competitivo. Questionar a competição supõe colocar "
"em evidência um fator muito importante da sociedade. Descobrir "
"novas formas de relação e ação que quebrem esta barreira pode ser "
"também um instrumento de mudança na educação e na sociedade. "
"As relações vividas nas situações de jogo podem ser levadas a "
"outras situações concretas da vida. É importante introduzir novas "
"regras nos jogos em que a competição seja um fator importante, de "
"forma que os sentimentos dos adversários como superior/inferior se"
"tornem sentimentos para a realização de uma comunicação e "
"cooperação efetiva, a conquista de objetivos comuns ou a busca do "
"prazer pelo próprio jogo. "
"Portanto, o jogo como instrumento para quebrar as relações "
"competitivas baseia-se em: "
"Poder ajudar a fazer consciente uma situação em que o grupo vive "
"inconscientemente, seja interna ou do grupo em relação ao "
"exterior. "
"É um campo de experimentação das próprias possibilidades, das "
"capacidades pessoais de comunicação, da ação que pode ajudar a uma"
"afirmação pessoal e coletiva. "
"Como experiência vital, que proporciona elementos para resolver os"
"conflitos com novas formas. O jogo pode ser também, em si mesmo, "
"uma forma de superar um conflito. "
"É preciso considerar que os sujeitos do jogo são aqueles que "
"participam nele, por isto é importante deixar uma margem aberta "
"para que o próprio grupo possa construir, remodelar, mudar, "
"inventar... novos jogos. Os jogos que tradicionalmente têm sido "
"competitivos podem ser transformados em cooperativos, e sempre é "
"possível descobrir novos aspectos, com um pouco de imaginação. "
"Te convidamos a viver esta experiência. "
" "
"1. Jogos de Apresentação "
" "
"Trata-se de jogos muitos simples que permitem uma primeira "
"aproximação e contato. Fundamentalmente, são jogos para aprender "
"os nomes e/ou alguma característica mínima dos integrantes do "
"grupo. Quando os participantes não se conhecem, é o primeiro "
"momento para ir criando as bases de um grupo que trabalha de forma"
"dinâmica, horizontal e distendida. "
"Observação: ver "Dinâmicas de Apresentação" "
" "
" "
" "
" "
"2. Jogos de Afirmação "
" "
"São jogos em que o papel prioritário é a afirmação dos "
"participantes como pessoas e do grupo como tal. No jogo, são "
"apresentados os mecanismos em que se baseia a segurança em si "
"mesmo, tanto internos (auto-conceito, capacidades, etc.) como em "
"relação às pressões exteriores (papel no grupo, exigências "
"sociais, etc.). "
"Trata-se, às vezes, de fazer conscientes as próprias limitações. "
"Outras, de facilitar o reconhecimento das próprias necessidades e "
"poder expressá-las de uma forma verbal e/ou não-verbal, "
"potencializando a aceitação de todos no grupo. E ainda outras, de "
"favorecer a consciência do grupo. "
"O desenvolvimento dos jogos ressalta a afirmação pessoal no grupo "
"e implica em inumeráveis ocasiões na negação ou na desqualificação"
"do outro, em lugar de basear-se na própria realidade. Os jogos de "
"afirmação tentam potencializar os aspectos positivos das pessoas "
"ou do grupo, para favorecer uma situação em que todos se sintam "
"bem, num ambiente promotor. A afirmação é a base de uma "
"comunicação livre e posteriormente de um trabalho em comum, em "
"condições de igualdade. "
" "
"JOGOS: "
" "
"JOGO: "Abraços Musicais Cooperativos" "
" "
"Definição: Trata-se de saltar no ritmo da música, abraçando-se a "
"um número progressivamente maior de companheiros até chegar a um "
"grande abraço final. "
"Objetivos: Favorecer o sentimento de grupo desde a chegada "
"positiva de todos. "
"Material: Um aparelho de música ou um instrumento musical. "
"Ordem de partida: Ninguém deve ficar sem ser abraçado. "
"Desenvolvimento: "
"1. Uma música soa, os participantes começam a dançar; quando a "
"música para, cada pessoa abraça a outra. A música continua, os "
"participantes começam a dançar, se querem, podem dançar com o "
"companheiro. Na seguinte vez que a música parar, se abraçam três "
"pessoas. O abraço vai ficando cada vez maior até chegar a um "
"grande abraço final. "
"Avaliação: O jogo tenta romper o possível ambiente de tensão que "
"pode haver no princípio de uma sessão ou um primeiro encontro. "
"Cada participante expressará como se sente e como viveu o jogo. "
" "
" "
" "
"3. Jogos de Comunicação "
" "
"São jogos que buscam estimular a comunicação entre os "
"participantes e tentar quebrar a unidirecionalidade da comunicação"
"verbal no grupo em que normalmente estão estabelecidos os papéis. "
"Estes jogos pretendem favorecer a escuta ativa na comunicação "
"verbal e, por outro lado, estimular a comunicação não-verbal "
"(expressão gestual, contato físico, olhar, etc.) para favorecer "
"novas possibilidades de comunicação. O jogo vai oferecer para elo,"
"um novo espaço com novos canais de expressão de sentimentos em "
"relação ao outro e a relação no grupo. Os jogos quebram os "
"estereótipos de comunicação, favorecendo relações mais próximas e "
"abertas. "
" "
"JOGOS: "
" "
"JOGO do Zoológico "
" "
"Definição: Trata-se de que cada pessoa encontre o seu par, "
"mediante a emissão de um som e os movimentos do seu animal. "
"Objetivos: Conseguir uma cooperação entre o casal para poder "
"encontrar-se o quanto antes. Favorecer a sensibilidade e a escuta."
" "
"Material: Papel com os nomes de animais (dois por casal). "
"Desenvolvimento: "
"Cada participante recebe um papel com um nome de um animal escrito"
"nele. O jogo consiste em que cada um encontre o seu par, "
"utilizando como único meio a emissão de um som e os movimentos do "
"seu animal. "
"Avaliação: cada pessoa tentará explicar como se sentiu, quais "
"foram as dificuldades para encontrar o seu par, etc. "
" "
" "
" "
"4. Jogos de Cooperação "
" "
"São jogos em que a colaboração entre os participantes é um "
"elemento essencial. Coloca em questão os mecanismos dos jogos "
"competitivos, criando um clima distendido e favorável à cooperação"
"no grupo. Se trata de que todos tenham possibilidades de "
"participar e, em todo caso, não fazer exclusão/discriminação no "
"ponto central do jogo. Nos jogos cooperativos, não existe o "
"estereótipo de "bom" ou "mau" jogador; o grupo funciona como um "
"conjunto em que cada pessoa pode aportar diferentes habilidades "
"e/ou capacidades. "
"Em muitas ocasiões existe uma finalidade comum no jogo, isto não "
"quer dizer que este se limite a buscar esta finalidade, senão a "
"construir um espaço de cooperação criativo, em que o jogo é uma "
"experiência lúdica. "
" "
"JOGOS "
" "
"JOGO: "Pintura Alternativa" "
" "
"Definição: Trata-se de realizar uma pintura em conjunto. "
"Material: Papel, pincéis e tinta. "
"Consignas de partida: O grupo deve estar em silêncio. "
"Desenvolvimento: "
"Colocar o papel e o material no centro da sala. "
"Cada pessoa vai fazendo um traço no papel até que todos consigam "
"terminar a "obra". "
"Avaliação: Se analisa os pensamentos e sentimentos vividos "
"(cooperação, conflito, subordinação). Valorizará os obstáculos e a"
"riqueza da cooperação. "
" "
" "
" "
"5. Jogos de Distensão "
" "
"São jogos que fundamentalmente servem para liberar energia, fazer "
"rir, estimular o movimento, etc., no grupo. O movimento e a risada"
"atuam nestes jogos como mecanismos de distensão psicológica e "
"física em todas as suas inter-relações. "
"Estes jogos tentam também eliminar a competitividade, em que a "
"diversão se faz à custa da outra pessoa, para se centrar em "
"situações em que todos participam, ou uma mudança contínua de "
"papéis que propicia a "expansão" do grupo. "
" "
"JOGOS "
" "
"JOGO: "A Caixa Mágica" "
" "
"Definição: Trata-se de ir tirando diversas coisas de uma caixa, de"
"forma imaginária. "
"Objetivos: Estimular a imaginação e a capacidade gestual. "
"Consignas de partida: De uma caixa mágica nós podemos tirar "
"qualquer coisa. "
"Desenvolvimento: "
"1. As pessoas ficam ajoelhadas e colocam o rosto entre as pernas. "
"O animador diz: "se abre a caixa e dela saem ... (por exemplo: "
"motos). Todos os participantes imitam o objeto mencionado e faz o "
"som e gestos correspondentes. Quando se diz: "fecha a caixa", "
"todos voltam à posição inicial. A caixa abre de novo e sairá "
"outros objetos: cachorro, borboletas, etc. "
" "
"JOGO: "Colo Musical" "
" "
"Definição: Trata-se de ficar sentado, cada qual no colo de quem "
"está atrás. "
"Objetivos: Favorecer a cooperação e passar um momento agradável. "
"Material: Aparelho de música ou instrumento musical. "
"Desenvolvimento: "
"Todos ficarão de pé, formando um círculo na mesma direção, muito "
"juntos e com as mãos na cintura da pessoa que está na sua frente. "
"Quando começa a música, começam a andar. Ao parar a música, tentam"
"sentar no colo ou sobre os joelhos da pessoa que tem atrás. Se o "
"grupo inteiro consegue se sentar sem que ninguém caia, o grupo "
"ganha. Se alguém cair, será a gravidade que ganhará. "
" "
" "
" "
"6. Jogos de Resolução de Conflitos "
" "
"São jogos que propõem situações de conflito ou que utilizam algum "
"aspecto relacionado com estes. "
"Constituem uma ferramenta importante para aprender a descrever "
"conflitos, reconhecer suas causas e seus diferentes níveis e "
"interações (pessoal-social, grupal-institucional), como buscar "
"possíveis soluções. "
"Alguns destacam na análise de situações conflitivas, outros nos "
"problemas de comunicação no conflito, nas relações "
"poder/submissão, na tomada de consciência do ponto de vista dos "
"outros, etc. "
"Os jogos de resolução de conflitos não só servem como exercício, "
"mas constituem em si mesmos, experiências que contribuem para as "
"pessoas e para o grupo com elementos que ensinam a enfrentar os "
"conflitos de uma forma criativa. "
"A evolução do grupo leva a uma situação em que se pode desenvolver"
"sua capacidade de resolver conflitos. A base que supõe o avanço "
"nas relações dialéticas afirmação-insegurança, conhecimento "
"interpessoal-ignorância do outro, confiança-individualismo, "
"comunicação e falta de comunicação, cooperação-relações "
"competitivas, supõe de fato uma situação nova em que os conflitos "
"não têm porquê ser algo que se deva evitar, senão que devemos "
"resolvê-lo de forma criativa. Para isto, a vivência "de estar "
"dentro" e o distanciamento como mecanismo de análise nos permite "
"ter uma atitude mais afetiva. A seguir, apresentamos alguns jogos "
"que podem ser realizados em sala de aula ou em qualquer situação "
"que possamos superar o conflito através destes jogos. Estes jogos "
"estão baseados no trabalho de Paco Cascón e Carlos Martín, "
"integrantes do Seminário de Educação para a Paz da Associação "
"Pro-Direitos Humanos da Espanha. "
" "
"JOGOS "
" "
"JOGO: Cartões Descritivos "
" "
"Definição: Trata-se de realizar a descrição de uma série de "
"situações de conflito e relacioná-las entre si, tentando tirar "
"outras conclusões práticas (tudo a partir de figuras, desenhos, "
"fotografias ou recortes de revistas ou jornais). "
"Objetivos: Estimular a capacidade de descrição e análise de "
"situações conflitivas e estabelecer relações entre os diferentes "
"níveis de conflito (pessoal, social...). "
"Participantes: Se o grupo é muito grande, trabalhar em grupos "
"pequenos. "
"Material: Figuras, desenhos e fotografias ou recortes de revistas "
"ou jornais. "
"Desenvolvimento: "
"Descrever o mais completo possível a primeira figura (o que vê e o"
"que sente). Eventualmente, o animador pode fazer alguma pergunta "
"ou descobrir algum aspecto. Depois vem o debate até que todos "
"falem. "
"Proceder da mesma forma com cada uma das figuras. "
"Em seguida, buscar relações entre as figuras. Deixar que o debate "
"se estabeleça. "
"Logo, cada pessoa explica suas conclusões, suas interrogantes, "
"seus novos descobrimentos. "
"Nota para o facilitador: "
"Evitar dar a própria opinião ou fazer chegar a tal. "
" "
"JOGO dos Triângulos "
" "
"Definição: Consiste em chegar a uma síntese a partir de uma "
"situação de conflito. "
"Objetivos: Aprender a valorizar as situações de conflito e "
"estabelecer possibilidades novas de resolução. "
"Participantes: Se o grupo é grande, trabalhar em pequenos grupos. "
"Material: Série de figuras, fotografias, desenhos, caricaturas e "
"recortes de jornal ou revista. "
"Desenvolvimento: "
"O grupo descreve a série de figuras. Logo, tenta resumir em uma ou"
"duas palavras a situação descrita (p.e.: "dependência", "
""atropelamento", "injustiça", violência verbal", etc ...) "
"Os participantes buscam situações similares que tenham vivido, "
"descrevendo-as e escrevendo num quadro em colunas: "
"os sentimentos vividos. "
"as conseqüências da atitude tomada (tanto no plano da eficiência "
"prática, como na evolução pessoal interior). "
"Debater as possíveis soluções para os conflitos pessoais e "
"analisar se estas soluções foram adequadas para as possibilidades "
"de cada um. "
"Logo, tentam buscar e explicar, uma outra classe de soluções "
"(p.e.: "autonomia", "ser eu mesmo", "compaixão" ...), a partir das"
"vivências de todos. Anotam os resultados. "
"Avaliação: Discutir como o processo para a paz constitui na busca "
"de soluções sem violência, pois o conflito é positivo e necessário"
"para o crescimento do ser humano. O conflito é o processo lógico "
"que ocorre quando tentamos uma tarefa comum, e na solução do "
"conflito está o caminho para conseguir a paz "positiva". "
" "
"JOGO: "Gato e Rato" "
" "
"Definição: Trata-se de interiorizar o conto e ir vivendo-o, a "
"medida que vai se lendo. "
"Objetivos: Reflexionar sobre as relações de "
"superioridade-submissão e definir os elementos que devem existir "
"para que uma relação seja equilibrada. "
"Participantes: Em grupos. "
"Observação: Ler atentamente, mas com animação, e marcar largas "
"pausas entre uma seção e outra, com a intenção de deixar tempo "
"para sentir a situação. "
"Desenvolvimento: "
"Narração do seguinte texto: "
""Fecha os olhos e imagina que você saiu desta sala e anda por uma "
"calçada muito longa. Chega na frente de uma casa velha e "
"abandonada. Você já está no caminho que conduz à ela. Suba as "
"escadas de uma porta de entrada. Empurre a porta, que ao abrir, "
"chia; olhe ao redor, para o interior de um quarto escuro e vazio. "
"De repente, você tem uma sensação estranha. O seu corpo começa a "
"tremer e arrepia, e você sente que vai ficando pequeno. Por "
"enquanto você só chega à altura do marco da janela. Continua "
"diminuindo até o ponto que o teto parece que está agora muito "
"longe, muito alto. Você só chega ao tamanho de um livro, e "
"continua diminuindo. "
"Agora você muda de forma. Seu nariz alonga cada vez mais e o seu "
"corpo se enche de pêlo. Neste momento você está com quatro patas e"
"você entende que se transformou num rato. "
"Olhe ao seu redor, na sua situação de rato. Sentado no extremo do "
"quarto. Depois vê a porta mover-se, ligeiramente. "
"Entra um gato. Ele senta e olha ao redor lentamente, com ar "
"indiferente. Levanta e avança tranqüilamente pelo quarto. Você "
"está imóvel, petrificado. Você escuta o seu coração bater; sua "
"respiração fica entrecortada. Olhe o gato. "
"Acaba de vê-lo e vai na sua direção. Se aproxima lentamente, muito"
"lentamente. Depois ele pára diante de você, se abaixa. O que você "
"sente? O que você pode fazer? Neste instante, que alternativas "
"você tem? O que você pode fazer? Um longo silêncio... "
"Exatamente neste instante em que o gato pretende se jogar para "
"cima de você, seu corpo e o dele começam a tremer. Você sente que "
"se transforma de novo. Desta vez você cresce. O gato parece que "
"fica cada vez menor e muda de forma. Agora você tem o mesmo "
"tamanho de antes... agora ele é menorzinho. "
"O gato se transforma em rato e você se converte em gato. Como você"
"se sente agora que você é grande? E agora que você não está "
"encurralado, o que te parece o rato? Você sabe o que sente o rato?"
"E você, o que sente agora? Decida o que você vai fazer e faça. Um "
"longo silêncio... Como você se sente? "
"Tudo volta a começar. A metamorfose. Você cresce mais e mais. Você"
"quase recupera a sua estatura e agora você se converte em você "
"mesmo. Saia da casa abandonada e volte a esta sala. Abra os olhos "
"e olhe ao teu redor. "
"Avaliação: Faça a reflexão sobre o que é que acontece nas relações"
"quando uma pessoa encontra-se numa situação de superioridade. "
"Analisar a relação entre a força e o direito. "
"Observação: A partir de aqui podem estudar as relações "
"internacionais: a relação de força entre os países ricos e pobres;"
"ou as relações entre as pessoas ricas e pobres; ou entre pais e "
"filhos; ou entre o professor e o aluno. "
" "
"JOGO: "Compatriotas, Extrangeiros, Diferentes" "
" "
"Definição: Trata-se de conhecer as realidades de caráter nacional,"
"regional ou local com os sentimentos que isto implica. "
"Objetivos: Quebrar os preconceitos com respeito às pessoas de "
"outras nacionalidades, cor ou diferenças de qualquer tipo. "
"Participantes: Pessoas de diferentes nacionalidades ou "
"características culturais. "
"Material: Papel, caneta e gravadora. "
"Observação: "
"Obter respostas claras sobre: "
"O que é um estrangeiro? "
"O que é um...? (segundo a nacionalidade, etnia ou naturalidade "
"majoritária do grupo ou o tema a ser tratado) "
"O que é ser... ? (negro, mulher, indígena, ou qualquer grupo que "
"vive a discriminação social) "
"Desenvolvimento: "
"1. Os participantes realizam um questionário aos residentes das "
"diversas nacionalidades, etnia ou naturalidade, que terão que "
"responder a essas duas perguntas. Depois, se analisará o "
"questionário e se comparará as respostas obtidas. Caso no grupo "
"não existam pessoas com as características em relação ao tema "
"eleito pelo grupo, podem realizar o questionário fora do grupo e "
"voltar com as respostas obtidas para serem discutidas no grupo "
"original. "
"Avaliação: Trata-se de discutir as idéias que temos sobre os "
"estrangeiros e vice-versa ou pessoas que tenham diferenças "
"físicas-intelectuais-culturais em relação a nós mesmos. Quais são "
"as conseqüências sobre as realidades nacionais ou locais que se "
"observam? "
" "
"JOGO: "Fotos Conflitivas" "
" "
"Definição: Consiste em buscar soluções a uma situação de conflito "
"proposto. "
"Objetivos: Tomar consciência de como diferentes pessoas vivem de "
"forma diferente uma situação conflitiva. Imaginar formas criativas"
"de solucionar o conflito. "
"Participantes: Dividir os grupos com 3 a 5 pessoas. "
"Material: Uma ou várias fotos com situações de conflito. "
"Desenvolvimento: "
"1. Divide-se o grupo em subgrupos de 3 a 5 participantes. Num "
"lugar visível, coloca-se a foto com uma situação conflitiva. Cada "
"grupo discutirá durante um tempo e logo representará em forma "
"teatral, para o resto do grupo, as possíveis soluções que dariam "
"às pessoas retratadas na foto no conflito em questão. Logo expõe "
"ao grupo de forma objetiva sua decisão. Cada grupo pode "
"concentrar-se em uma das pessoas que participam no conflito. "
"Avaliação: Pode contrastar as diferentes situações representadas "
"por cada grupo com a realidade, discutindo porque elegeram essa e "
"não outra, e dialogando sobre as soluções mais convenientes. "
"Observação: Não se trata de chegar a uma solução concreta aceita "
"pelo grupo, apesar que isto possa acontecer. "
" "
"JOGO: "Cadeia de Transmissão" "
" "
"Definição: Trata-se de ir contando uma situação, por exemplo, um "
"conflito numa cadeia de transmissão oral. "
"Objetivos: Desenvolver a capacidade de escuta e síntese. Estimular"
"o debate sobre os problemas de comunicação. "
"Participantes: Grupo de 8 a 20 participantes. "
"Desenvolvimento: "
"Várias pessoas participantes ficam fora do grupo em outra sala. Um"
"membro do grupo conta às outras um conflito, preferentemente com "
"muitos detalhes e não muito curto. É melhor que esteja escrito num"
"papel. "
"Uma das pessoas que escutou chama a outra que está fora e conta o "
"conflito; uma vez que terminou, esta chama a outra pessoa e faz a "
"mesma coisa. Assim sucessivamente, até que todas as que estavam "
"fora entrem na sala. No final, se comparará o conflito original "
"com o que resultou depois. "
"Avaliação: Cada participante poderá expressar as dificuldades que "
"tiveram na transmissão e podem estabelecer analogias com a vida "
"cotidiana. "
" "
"JOGO: "Escutando" "
" "
"Definição: Algumas pessoas escutam o desenvolvimento de um "
"conflito e logo tentam reconstruí-lo. "
"Objetivos: Aprender a escutar e descrever um conflito. "
"Desenvolvimento: "
"Vários participantes saem de uma sala ou se colocam atrás de um "
"biombo ou de costas para o grupo, para não ver o que acontece. "
"Enquanto isso, o grupo desenvolve um conflito com muito barulho, "
"que foi preparado anteriormente. Os que saíram escutam e tentam "
"captar o que passa no grupo, reconhecem os ruídos, etc. "
"Quando o conflito acaba ou pára (depois de 5 ou 10 minutos), os "
"que estão fora voltam ao grupo e tentam reconstituir o conflito e "
"expressar como o viveram desde fora. "
"Avaliação: Pode-se abrir o diálogo sobre o processo de escuta no "
"conflito, confrontando com as situações reais de quem "fala porque"
"escutou falar"; como diz o ditado: "escutou o galo cantar mas não "
"sabe aonde foi". "
" "
"JOGO: "Mata desejo" "
" "
"Definição: Trata-se de descrever conflitos e buscar soluções em "
"grupo. "
"Objetivos: Aprender a explicar os detalhes de um conflito e "
"estimular a imaginação e criatividade na busca de soluções. "
"Favorecer a afirmação de um mesmo e o apoio do grupo frente aos "
"conflitos. "
"Material: Quadro de giz, giz, lápis e letreiro. "
"Observação: Formar grupos com menos de 7 pessoas. "
"Desenvolvimento: "
"Todos os participantes começam dizendo em voz alta todos os "
"problemas que cada um tem na sua mente, sem discutir. Depois, cada"
"pessoa escreve os seus problemas de forma que todas as pessoas do "
"grupo leiam. "
"O grupo escolhe da lista uma situação-problema e a pessoa que o "
"escreveu explica detalhadamente o conflito para que todos possam "
"entender os fatos. "
"Depois todos dizem um "Meta/Desejo" ou um "desejo de fantasia" que"
"gostariam que acontecesse, caso tudo fosse possível (isto abre uma"
"variedade de possibilidades para a situação e ajuda a definí-la "
"mais claramente). "
"Logo, cada um dá uma solução, prática e realista, que pode "
"solucionar o problema. As Metas/desejos e as soluções são escritas"
"e entregues à pessoa que apresentou o problema. O processo se "
"repete para cada um dos participantes. "
"Avaliação: "
"Como se sentiu cada um? "
"O que contribuiu aos demais? "
"É possível solucionar o problema a partir da proposta feita pelos "
"colegas? "
" "


Revista Adolescer - Compreender, Atuar, Acolher

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Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn Nacional
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