Discussões sobre o Patrimônio Arqueológico e Possibilidades de Estudo: O Caso do Sítio Araçá (São Cristóvão, Sergipe).

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DISCUSSÕES SOBRE O PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO E POSSIBILIDADES DE ESTUDO: O CASO DO SÍTIO ARAÇÁ (SÃO CRISTÓVÃO, SERGIPE, BRASIL). FERNANDA LIBÓRIO RIBEIRO SIMÕES [email protected] VIRGÍLIO JOSÉ SILVEIRA DANTAS JÚNIOR [email protected] ADEMIR RIBEIRO JÚNIOR [email protected]

Introdução Em 2013, a Contextos Arqueologia, a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) e o Iphan/SE realizaram uma parceria para a execução do "Programa emergencial de preservação do patrimônio arqueológico na área de inundação da barragem de acumulação do rio Poxim-Açu, São Cristóvão, Sergipe". Através da prospecção na área que formaria o lago e os limites da cota máxima de inundação, foram identificados 5 sítios arqueológicos: o Sítio Goiabeira, Sítio Aguiar, Sítio Timbó, Sítio Juá e o Sítio Araçá. O Sítio Araçá apresentou um conjunto de ferramentas líticas e foi identificado antes da Contextos Arqueologia se envolver no programa. Nesse sítio, foi identificado grande impacto negativo que influenciou diretamente os resultados obtidos de seu estudo, pois danificou permanentemente a dispersão horizontal e espacial do sítio. O objetivo dessa pesquisa é demostrar que mesmo um sítio arqueológico que foi alvo de impacto negativo e irreversível pode fornecer dados para a sua interpretação.

Imagem do Sítio Araçá impactado. Foto: F. Simões, 2013.

Análise do Material Selecionamos 15 amostras líticas do Sítio Araçá que foram alvo de análise tecnofuncional. O objetivo principal da aplicação desse tipo de análise foi identificar se as 15 amostras poderiam ser consideradas como oriundas de um único conjunto. Foram identificadas as partes técnicas dos objetos técnicos (preensiva, receptora e transformativa) e houve um maior interesse em discutir possibilidades de funcionamento dessas amostras. Resultados Constatou-se que, das 15 peças de sílex, apenas uma não corresponde a um instrumento, e que as outras são ferramentas. O suporte pode ter influenciado os artesãos, já que apenas três ferramentas são feitas tendo como o suporte lascas com gumes lisos ou denticulados entre 30°-45°, enquanto o restante foi elaborado em plaquetas lascadas bifacialmente com gumes denticulados ou serrilhados e ângulos de 30°-80°. Apresentou lascamento com percussão dura que assemelhou-se a marcas de percussão macia, (ausência de bulbo e lábio pronunciado) pois o córtex calcinado absorveu parte do impacto. Quatro peças são ferramentas em lascas retocadas (debitagem e retoque), dez peças são ferramentas em plaquetas (façonadas) e uma peça é inconclusiva. Discussões Analisando as técnicas empregadas, a multifuncionalidade de alguns artefatos e o córtex presente, concluímos que as amostras podem ser consideradas como um conjunto. Essa conclusão e uma breve análise do panorama do material lítico identificado em Sergipe, fazem com que levantemos o seguinte questionamento: esse sítio pode ser considerado em harmonia com o panorama regional já conhecido? A resposta é inicialmente negativa, mas ainda não foram realizadas pesquisas sistemáticas para a construção de um panorama válido. É necessário estabelecer o contexto arqueológico da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe para, então, estabelecer similaridades.

Fotos: Almir Brito Jr, 2014. Desenhos: Virgílio José Silveira Dantas Júnior, 2015.

Agradecimentos:

IPHAN/SE e DESO Bibliografia:

Assista a palestra completa: https://www.youtube.com/watch?v=FMhuecGAZnw

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