Disseram que eu voltei americanizada

July 19, 2017 | Autor: F. De Souza Costa | Categoria: Análise do Discurso, Carmen Miranda
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DA PRODUÇÃO E EFEITOS DE SENTIDOS EM “DISSERAM QUE EU VOLTEI AMERICANIZADA” Felipe de Souza Costa1 1. INTRODUÇÃO A presente análise traz como corpus uma canção escrita por Luiz Peixoto e Vicente Paiva na década de 40, a qual, mesmo nos dias atuais é interpretada por diversos artistas. Entretanto, neste trabalho, nos deteremos em analisar a interpretação, gravada no mesmo ano, de Maria do Carmo Miranda da Cunha, popularmente conhecida como Carmen Miranda. O objetivo geral é fazer um levantamento dos recursos linguístico-discursivos utilizados pelos enunciadores, a fim de que se possa analisar criticamente, com fundamentações teóricas da análise do discurso de linha francesa, as vontades de verdade existentes no texto supracitado e, ao mesmo tempo, as produções de sentidos que neles subexistem. Ao propormos uma apreciação fundamentada na análise do discurso de linha francesa, não podemos deixar de observar alguns elementos que são essenciais para a sua concretização. Iniciaremos, portanto, tomando a canção proposta como expressão de linguagem. Sabemos, porém, que ela, a linguagem,

pode ser

estudada de diversas maneiras, poderíamos concentrar nossa atenção sobre a língua enquanto sistema de signos, como sistema de regras formais ou, ainda, como normas que estabelecem padrões de bem dizer. E é justamente pensando que há diferentes meios de se debruçar em um estudo linguageiro, que propusemos, nesta análise, trabalhar o discurso, o qual, de certa forma, envolve estudos como os que foram citados anteriormente, entretanto nossa concentração se dará em estudar a linguagem funcionando na produção de sentidos. (ORLANDI, 2009). 2. CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO E IDEOLÓGICO O contexto sócio-histórico é um elemento que nos oferece ferramentas para desvendarmos de que forma os sentidos produzidos em um enunciado podem ser evidenciados de maneira mais clara. Falaremos, neste momento, das condições de produção que envolveram a canção “Eu não voltei americanizada”. 1

O tempo

Licenciado em Letras e especialista em Estudos da Linguagem pela Universidade de Mogi das Cruzes.

histórico é, para a análise do discurso, como uma chave que abre diversos caminhos a serem trilhados. O corpus, proposto neste trabalho, foi escrito no ano de 1940. Nesta década o mundo vivenciou um período extremamente turbulento: a Segunda Guerra Mundial, da qual o Brasil não esteve fora. Em 31 de agosto de 1942, o Brasil declarou guerra à Alemanha e à Itália, encorajado pelos Estados Unidos a unir forças contra o que conhecemos hoje como Nazismo e Facismo. Aqui, a hostilidade contra os alemães e italianos refletiu-se com intensidade no cotidiano dos imigrantes desses países. Um sentimento nacionalista xenofóbico tomou conta da população de tal modo que os estrangeiros alemães e italianos foram obrigados a obter salvo-conduto para circular e manter-se no país. Em 1945, com a declaração de Guerra ao Japão, as mesmas condições discriminatórias foram estendidas à colônia japonesa. E atracados nesse contexto ideológico de nacionalismo, alguns fatos inusitados ajudam a ilustrar esse sentimento ufanista desenfreado, eventos como a mudança de nome dos times de futebol de São Paulo e Minas Gerais, ambos nominados como Palestra Itália, para Palmeiras e Cruzeiro, respectivamente. Nesse ínterim, as relações culturais com os Estados Unidos estavam cada vez maiores e mais intensas. Recebemos, no Brasil, a visita de Walt Disney e o malandro Zé Carioca uniu-se a Panchito e Pato Donald, todos personagens estadunidenses, que formavam, na imaginação popular, uma aliança amigável na América, dado que cada personagem representava estereotipadamente alguns países do Continente Americano. Famosos cineastas como Orson Welles e John Ford vieram à terra do pau-brasil para gravarem seus filmes. Concomitantemente a todos esses fatos históricos, que revelam a sociedade da época da enunciação do nosso corpus, Carmen Miranda brilhava nos Estados Unidos e, sob influência da cultura estadunidense, ao retornar ao país que acolhera como seu, uma vez que não era brasileira nata, mas portuguesa, canta em um de seus shows uma música em inglês. Na ocasião, foi vaiada e deixou o palco chorando. Pouco tempo depois, grava um samba, cuja autoria já foi citada, em resposta aos críticos da época. A canção é “especialmente” para esse fim. O título “Eu não voltei americanizada” é uma resposta contundente e, ao mesmo tempo, um “prato cheio” para qualquer analista do discurso.

3. EU-EMPÍRICO X EU-ENUNCIATIVO Após explanarmos acerca do contexto sócio-histórico e ideológico da época, elementos importantes nesta análise, prosseguiremos falando a respeito de uma dicotomia que facilmente confunde a muitas pessoas e que, na canção, é fator determinante na produção de sentidos: o eu-empírico e o eu-enunciativo. Sabemos bem que uma canção é composta essencialmente de letra e música. À margem desse casamento artístico existe, também, o intérprete que impõe à canção certa pessoalidade, pensando na sua materialização fonética. É costumeiro que grande parte da população atribua à pessoa do intérprete a autoria de uma canção, entretanto gostaríamos de, neste momento, realizarmos algumas reflexões de ordem linguageira, que nos ajudarão a remontar esse quadro enunciativo. Como bem sabemos, o corpus da nossa análise foi, praticamente, encomendado para um fim específico. Podemos dizer que, a priori, temos três “euempíricos”, que são formados pelo trio Luiz Peixoto, Vicente Paiva e Carmen Miranda, dos quais apenas a intérprete coaduna-se e confunde-se com o “euenunciativo”. O “EU” que enuncia no discurso não é, necessariamente, o empírico, ou seja, aquele que se baseia apenas na experiência palpável da materialidade, pois segundo Orlandi (2009): “Assim não são os sujeitos físicos nem os seus lugares empíricos como tal, isto é, como estão inscritos na sociedade, e que poderiam ser sociologicamente descritos, que funcionam no discurso, mas suas imagens que resultam de projeções. São essas projeções que permitem passar das situações empíricas – os lugares dos sujeitos – para as posições dos sujeitos no discurso.”

No caso da canção “Eu não voltei americanizada”, o próprio título nos ajuda a refutar a possibilidade de os letristas serem parte integrante da enunciação e, ao mesmo tempo, coloca numa posição de transição a intérprete, já que ela pode movimentar-se entre o empirismo e a projeção (eu-enunciativo). O gênero do enunciador reforça a ideia apresentada. Sabemos que, no plano do discurso, a questão genérica não é fator determinante, mas no caso específico do nosso corpus, conseguimos inferir que tal afirmação pode ser validada se confrontarmos as

posições dos “eus” evidenciados no texto à condição de produção sócio-histórica e ideológica que anteveio à concretização da canção. 3.1.

O SUJEITO DA/NA CANÇÃO E FORMAÇÃO DISCURSIVA

Ao pensarmos nesse EU como parte central de uma enunciação, não podemos deixar de considerar que esse eu-enunciativo, no plano discursivo é, sem dúvida, o que conhecemos como sujeito. É no discurso que sujeitos e sentidos se constituem como tais. Para a análise do discurso, o sujeito é essencialmente histórico, marcado pelo espaço e pelo tempo: “Dessa forma, como ser projetado num e espaço e num tempo e orientado socialmente, o sujeito situa o seu discurso em relação aos discursos do outro. Outro que envolve não só o seu destinatário para quem planeja, ajusta a sua fala (nível intradiscursivo), mas que também envolve outros discursos historicamente já constituídos e que emergem na sua fala (nível interdiscursivo). Nesse sentido, questiona-se aquela concepção do sujeito enquanto ser único, central, origem e fonte do sentido, formulado inicialmente por Benveniste, porque na sua fala outras vozes também aparecem.” (BRANDÃO, 1996)

A ideologia, presente no cenário sócio-histórico, ajuda-nos a remontar um quadro extremamente nacionalista e a projeção de imagem que o sujeito enunciativo do nosso corpus tenta manter é de que não está americanizada, que suas raízes, nesse caso brasileiras, ainda estão mais vivas do que nunca. Há em todo o texto uma tentativa de refutar o que é americano e supervalorizar o que é nacional: “Eu digo mesmo „Eu te amo‟ e nunca „I love you‟/ Enquanto houver Brasil, na hora das comidas / Eu sou do camarão, ensopadinho com chuchu.” Tais versos nos permitem fazer uma analogia às ideias de Althusser, no que diz respeito à noção de que “a ideologia interpela os indivíduos como sujeitos”, as quais foram divulgadas por Helena Brandão (1996), em seu livro Introdução à Análise do Discurso: “O reconhecimento se dá no momento em que o sujeito se insere, a si mesmo e a suas ações, em práticas reguladas pelos aparelhos ideológicos. Como categoria constitutiva da ideologia, será somente através do sujeito e no sujeito que a existência da ideologia será possível.”

O EU, marcado linguisticamente nos versos supracitados, revela um sujeito discursivo que tem no seu bojo um interesse grande em partilhar da mesma ideologia em que estava afundada a nação. Resume-se a uma explicitação de demonstração da vontade de verdade, como bem explicita Foucault em “A ordem do discurso”, imanente do povo em querer reconhecer numa divulgadora dos ideais brasileiros aquilo que era amplamente propagado. Orlandi (2009) ao falar a respeito do sujeito locutor e interlocutor - a presença dos dois é que constitui o sujeito como tal - oferece-nos algumas questões que auxiliam na ilustração de um eu-enunciativo em busca da projeção de sua imagem num discurso: Posição do sujeito locutor:

Quem sou eu para lhe

“Eu nasci com o samba

falar assim?

e vivo no sereno”

Posição do sujeito interlocutor:

Intérprete ou artista considerada Quem é ele para me falar assim, ou para que eu lhe fale assim?

brasileira que cantou uma canção em inglês, depois de passar um tempo nos Estados Unidos.

Objeto do discurso:

Do que estou lhe

“Disseram que eu voltei

falando, do que ele me

americanizada”

fala?

A tríade, representada nas ilustrações acima por duas flechas que estão uma de encontro a outra, sugere a ideia de que o discurso é um lugar propício para o conflito. E a partir dele, aquilo que conhecemos como Formação Discursiva começa a ganhar materialidade nesta análise. Entendemos por Formação Discursiva aquilo que pode e deve ser dito num determinado contexto. O sujeito da canção só pode enunciar suas defesas em torno da acusação do outro “disseram que”, se estiver inserido no contexto e é, justamente por isso, que podemos ligar o sujeito empírico ao discursivo sem maiores problemas. 4. HETEROGENEIDADE

DISCURSIVA,

DIALOGISMO

E

INTERTEXTUALIDADE Quando nos referimos ao discurso como efeito de sentido entre locutores posicionados em diferentes perspectivas (BRANDÃO, 1996), não podemos vê-lo como algo estático e homogêneo. O discurso é heterogêneo e dialógico por natureza. A canção principia com um verso escrito num discurso indireto: “Disseram que eu voltei americanizada”. Todas as demais conjecturas apresentadas ao longo da letra estão norteadas a partir desse verso. Dele podemos extrair duas condições que instauram o discurso como tal. A primeira diz respeito à heterogeneidade discursiva, o que, de certa forma, acusa a presença do outro (AUTHIER-REVUZ, apud, BRANDÃO, 1996). O discurso relatado é um indício real dessa presença empírica e, ao mesmo tempo, enunciativa do outro na canção, pois é por motivações exteriores, ou seja, do outro que o eu-enunciativo se constitui no nosso corpus. Segundo Brandão (1996): “no discurso indireto, o locutor, colocando-se enquanto tradutor, usa de suas próprias palavras para remeter a uma outra fonte do „sentido‟. A segunda condição que confere ao discurso o dialogismo, na nossa análise, é que para Bakhtin a ideia de dialogização do discurso possui uma linha tênue bifurcada, sendo que em uma via tem-se a presença de outros discursos e na segunda

uma

ideia

voltada

ao

outro

da

interlocução.

No

nosso

caso,

especificamente com o primeiro verso, temos as duas possibilidades: a voz do outro e a motivações claras para a enunciação oriundas de declaração desse outro. Dessa

forma, podemos pensar em um dialogismo duplo, que é, ao mesmo tempo, interdependente. É inerente ao plano da heterogeneidade discursiva o conceito de intertextualidade, em que o discurso está pautado entre textos, podendo sua relação se dá no mesmo campo discursivo (interior) ou exterior a ele. Temos um exemplo da segunda relação que se coaduna ao nosso corpus. No mesmo ano de lançamento da canção “Eu não voltei americanizada”, houve a divulgação uma outra intitulada “Voltei pro Morro”, a qual foi escrita pelos mesmos letristas e interpretada, também, por Carmen Miranda. O tópico discursivo reside, basicamente, na mesma tônica: “Voltei pro morro, onde está o meu cachorro / Meu cachorro vira-lata, minha cuíca e meu ganzá? / Voltei pro morro, onde está o meu moreno? / Chamem ele pro sereno, / porque se eu não me esbaldar eu morro! / Voltei pro morro, onde estão minhas chinelas? / Eu quero sambar com elas, / vendo as luzes da cidade! Voltei, voltei, voltei! / Ai! Se eu não mato esta saudade eu morro / Voltei pro morro, voltei...!” Podemos perceber que a ligação entre os dois texto é extremamente pungente e neles a vontade de verdade que se pretende legitimar é a mesma: eu não esqueci minhas raízes, eu também sou nacionalista como toda população. 5. (IN) CONCLUSÃO Este trabalho detém-se em estudar os limites da interpretação, utilizando como base a materialidade linguística presente na canção “Eu não voltei americanizada”. Os efeitos de sentidos depreendidos do seu contexto histórico e ideológico foram extremamente úberes para um deslizar teórico e, ao mesmo tempo, constatativo do corpus proposto. Sob a égide de alguns preceitos que circundam filiações da análise do discurso de linha francesa, procuramos desconstruir determinados conceitos enviesados em nossa sociedade, a fim de mostrar a maneira como a língua e a linguagem estão intimamente ligadas à historicidade e à ideologia e de como o discurso pode ser construído num contínuo e com objetivos preestabelecidos. Além disso, serve para mostrar como a propagação de alguns ideais, como o nacionalista da época, pode se tornar prejudicial, no que diz respeito à inflexibilidade

com o outro e, consequentemente, com sua cultura. Pudemos observar que a objetividade da língua é um plano inexistente e que o sujeito é inerente ao discurso. A condição da linguagem, segundo Orlandi (2009), é a incompletude. Ora, se a linguagem, arcabouço de nosso trabalho, é incompleta, uma análise que a tem como sua matéria-prima também o é, portanto outras incursões reflexivas podem ser adicionadas às apresentadas aqui ou rediscutidas ao longo do que conhecemos como tempo.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, Rubim Santos Leão de (et al). Sociedade brasileira: uma história através dos movimentos sociais – da crise do escravismo ao apogeu do neoliberalismo. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2007.

BARROS, Diana Luz Pessoa de. Estudos do discurso. In: FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística: II. Princípios de análise. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007. BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à análise do discurso. 5ª ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 1996. CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. 2ª. ed. São Paulo: Contexto, 2008. FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. 9ª. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005. MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. 2ª. ed. São Paulo: Cortez, 2002. ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: Princípios e procedimentos. 8ª ed. Campinas: Pontes, 2009.

7. ANEXOS: Disseram que eu voltei americanizada (Luiz Peixoto e Vicente Paiva) Carmen Miranda Disseram que voltei americanizada Com o burro do dinheiro, que estou muito rica Que não suporto mais o breque de um pandeiro Que fico arrepiada ouvindo uma cuíca

Disseram que com as mãos estou preocupada E corre por aí que eu sei um certo zum-zum Que já não tenho molho, ritmo nem nada E dos balangandãs já não existe mais nenhum

Mas, pra cima de mim, pra que tanto veneno? Eu posso lá ficar americanizada! Eu, que nasci com o samba e vivo no sereno Tocando a noite inteira a velha batucada

Nas rodas de malandro, minhas preferidas Eu digo mesmo é "eu te amo" e nunca "I love you" Enquanto houver Brasil, na hora das comidas Eu sou do camarão ensopadinho com chuchu!

Voltei pro Morro (Luiz Peixoto e Vicente Paiva) Carmen Miranda Voltei pro morro, onde está o meu cachorro Meu cachorro vira-lata, minha cuíca e meu ganzá? Voltei pro morro, onde está o meu moreno? Chamem ele pro sereno, porque se eu não me esbaldar eu morro!

Voltei pro morro, onde estão minhas chinelas? Eu quero sambar com elas, vendo as luzes da cidade!

Voltei, voltei, voltei! Ai! Se eu não mato esta saudade eu morro Voltei pro morro, voltei...!

Voltando ao berço do samba que em outras terras cantei pela luz que me alumia eu juro que sem a nossa melodia e a cadência dos pandeiros muitas vezes eu chorei, chorei

E eu também senti saudade quando este morro deixei É por isso que eu voltei, voltei...!

Voltei pro morro, onde está o meu cachorro Meu cachorro vira-lata, minha cuíca e meu ganzá? Voltei pro morro, onde estão minhas chinelas?

Chamem ele pro sereno, porque se eu não me esbaldar eu morro! Voltei pro morro, onde estão minhas chinelas? Que eu quero sambar com elas, vendo as luzes da cidade!

Voltei, voltei, voltei! Ai! Se eu não mato esta saudade eu morro Voltei pro morro, voltei...!

E eu também senti saudade quando este morro deixei E é por isso que eu voltei, voltei...!

Voltei pro morro, onde está o meu cachorro Meu cachorro, meu cachorro vira-lata, minha cuíca e meu ganzá? Voltei pro morro, onde está o meu moreno? Chamem ele pro sereno, porque se eu não me esbaldar eu morro! Voltei pro morro, onde estão minhas chinelas? Eu quero sambar com elas, vendo as luzes da cidade!

Voltei, voltei, voltei! Ai! Se eu não mato esta saudade eu morro Voltei pro morro, voltei...!

Voltei, voltei, voltei! Ai! Se eu não mato esta saudade eu morro Voltei pro morro, voltei...!

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