Dissolver a Diferença - Conversão e Mestiçagem no Império Português. In Villaverde, Manuel, Wall, Karin, Aboim, Sofia e Silva, Filipe Carreira da (Eds.), Itinerários: A Investigação nos 25 Anos do ICS (pp. 709-727). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais , 2008

Angela Barreto Xavier

Capitulo 35

Dissolver a diferen~a Mesti~agem

e conversao no imperio portugues

Em 1951, Gilberto esteve em Goa. Quatrocentos e a conquista da cidade, ;1 visita do soci610go brasiJeiro fez vlagem durante a qual circulou pelas col6nias portuguesas em Arnca e na com 0 intuito de observar os resultados do processo de miscigena~ao que, no seu entender, era uma caracteristica central da experiencia imperial portuguesa. Em Goa, apresentou uma conferencia intitulada «Uma cultura mo­ dema: 0 luso-tropical», na qual 0 sistema anaHtico do luso-tropicalismo surgia definido, e a sociedade goes a aparecia como uma das melhores conCJretJlZaiC:O(~S desse sistema. Como urn contraponto ao darwinismo social e ao racialismo partllhados por boa parte da intelectualidade brasileira do seu tempo (Vainfas 1999 passim) e ao diseurso colonial portugues dominante, (Castelo 1999 passim; Matos 2006 no livro C'asa Grande e Senzala, de 1933, Freyre defendera ja que os Por­ tugueses tinham, em boa parte devido asua natureza misturada, in-berd!Jeen (parte europeia, parte africana), uma capacidade especial para se adaptarem fIsiea e eulturalmente aos contextos tropicais. Em 1940, num livro publicado em Portugal, a Mundo que 0 Portugues CriOl{ (Aspec/os das Relar;5es Sociais e de Cultura do Brasil com Portugaleas Co16nias Portuguesas), 0 soei610go reiteraria essa interpre­ argumentando que a conscieneia de ra~a era pratieamente inexistente entre os Portugueses, substitufda, em vez disso, por um impulso para a na