Do Eden à Arca de Noé

June 24, 2017 | Autor: Alberto Vieira | Categoria: Landscape Ecology, Political Ecology, Ecology, Meio Ambiente
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TÍTULO Do Éden à Arca de Noé. O Madeirense e o Quadro Natural

Colecção Documentos 8

AUTOR Alberto Vieira EDIÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DO ATLÂNTICO SECRETARIA REGIONAL DO TURISMO E CULTURA Rua dos Ferreiros, 16.5 9000-Fuilchal- MADEIRA

Telef.: (35191)229635 Fax.: (35191)230341 Emsil: [email protected] /lURL: http:/Iwww.nesos.net littp://www.celia-madeira.net/

TIRAGEM: 1000 exemplares CAPA: W. Combe, 1821, Colecção Museu Frederico de Freitas IMPRESSÃO: O LIB€ARl, Einpresas de Ai-tes Gráficas, Lda. Deposito Legal: 136068199

Região Autónoima da Madeira

Secretaria Regional do Turisino e Cultura Centro de Estudos de História do Atlântico 1999

INDICE GERAL

23 37

A ECONOMIA DA MADEIRA E A EVOLUÇÃO DO QUADRO NATURAL Cientistas Estrangeiros na Madeira séculos XVI- XX

47 O MADEIRENSE E A DEFESA DO MEIO NATURAL 55 Cronologia 56 Bibliografia

OLHARES CRUZADOS 73

l.ACUARELAS, ESTAMPAS E DESENHOS DA MADEIRA SÉCS. XVIII-XIX 2.DOCUMENTOS E ESTUDOS

2.1. TESTEMUNHOS Francisco Alcoforado[séc. Xv] Rcgiincnto Novo das Madeiras para a Ilha da Madeira[l562] Gaspar Fr~ituoso[l522-159I] Alvará pelo qual Sua Magestade Manda dar os Meios e Modos de Estabelecer o Povo e Conservar o Doininio da Ilha do Porto Santo[1770] 11 9 Rcgimento da Agricultura[l77 I ] 122 lastruções de Agricultura do Corregedor Aiitonio Roiz Velozo de Oliveira, 1792

87 90 98 116

125 Bernardino José Pero da Camara [I8 161 129 Paulo Dias de Alineida [I8171 133 Projecto sobre o Restabelecimento dos Arvoredos e sua Competente ~ c o n o m i a na Madeira( 1822) 137 Correio da Madeira (1 849) 139 Isabella de França [1853-18541 149 Manuel Braz Sequeira [I9131 160 J. Henriques Camacho [I9191 172 Regime Pastoril Ilha da Madeira 175 Fernando Augusto da Silva: O Revestimelito Florestal do Arquipélago da Madeira[] 9461 216 Eduardo de Campos Andrada C19541 230 Eduardo de Campos Ai-idrada: memoraiidum [I9551 2.2. A LITERATURA E O MEIO NATURAL: PROSA 235 Introdução 237 Bibliografia

241 242 243 243 245 246 247 251 253 258 262 264 271 273 274 275 280 284 291 298

Francisco Travasses Valdez [1825-18921 Raiiiiundo António Bulhão Pato [L 829- 19121 Aiitónio da Costa de Sousa Macedo [1824-18921 Acúrcio Garcia Rainos [1834-?] Joaquim Guilher~neGomes Coellio (Júlio Diilis)[1839- 187 11 Manuel Teixeira Gomes [ I 860- 19411 Raul Gerinano Brandão [1867- 193I] Virginia Castro e Alilieida [1874-19461 Marqiiez de Jacome Corseia [1882/1937] José Maria Ferreira de Castro [1898-19741 Ailtónio Assis Esperança [1892-19751 Fernando Augusto da Silva [1863- 19491 Hugo Rocha [1906-?] Luis Teixeira [I 904- 19781 Henrique Galvão [1895- 19701 Edinundo Tavares [1892-19831 J. Vieira Natividade [1899-19681 Eduardo Nunes C19 10-19571 Maria Lainas [I 893-1983] Horácio Bento de Gouveia [1901-19831

2.3. A LITERATURA E O MEIO NATURAL: POESIA 305 Introdução COLECTÂNEA DE POEMAS 309 311 31 1 312 313 314

Manuel Thoinas [I6351 Troilo de Vasconcelos da Cunha [I 654- 17291 Francisco Manuel Álvares de Nóbrega[l804] Manuel Gomes Pais(gomes Pais)[?-18901 João Fortunato de Oliveira [1828-18781 João da Câmara Leme I-lornem de Vasconcelos (João da Câmara Leine) [l 82919021 315 Carlos Olavo Correia Azevedo 316 Bulhão Pato [I8701 318 Luís Anlónio Gonçalves de Freitas [I858 19041 318 Pe Jacinto da Conceição Nunes. [1860-19541 319 Maria Eugénia Rego Pereira [ I 875-1947] 319 António Pimenta de França 320 Augusto Correia de Gouveia (A. Correia de Gouveia) [I8801 320 Pe Eduardo Clemente Nunes Percira [I8871 321 João Vieira da Luz [I8961 321 Julia Graça de França e Sousa (Uma Mulher) [I8971 322 Carlos Maria de Olivcira [ I 898- ] 322 Edmundo Alberto de Bettencourt [I 899-1 323 Armando Santos 323 Fernando Acácio de Gouveia 324 Leandro de Sousa 324 Gertr~idesMarceliana Rodrigues Câmara (Gerina) [I91O] 325 Alberto Figueira Gomes 119 121 326 Secundino Teixeira (Dino) [ I 9261 327 Manuel Gonçalves 327 Baptista dos Santos 329 Ana Bela A. Pita da Silva 330 ~ N D I C EDAS ILUSTRAÇÕES

A Historiografia tem propiciado nos últimos anos uma grande abertura na temática e na forma de abordagem dos diversos aspectos da História. A História d o Ambiente ou Eco História ganhou um grande destaque, nomeadamente na Historiografia norte-americana. Na verdade, foi aí que o novo domínio encontrou maior número de adeptos e especialistas. Na Europa, depois de alguns pioneiros estudos de F. Braudel e Emanuel Le Roy Ladurie, só nos últimos anos parece ter retomado o interesse pelo estudo da evolução do quadro natural e da inter-acção com o Homem. Aqui, para além da Inglaterra assinalamos a Finlândia, Itália e Espanha'. A leitura de alguns dos títulos mais destacados desta bibliografia, como sejam os textos de A. Crosby', Donald Worster', R. Nash', J. Donald Hughes' e R. A. Grove6, despertou em nós o entusiasmo pelo estudo da temática, ao mesmo tempo que nos incutiram a curiosidade pela melhor elucidação das informações avulsas que encontramos em quase todos sobre o papel específico da Madeira. Foi na verdade a última situação que nos levou a definir um projecto de investigação em que se pretende aclarar e fundamentar as referências com uma abordagem exaustiva da inter-acção do madeirense com o natural. A ilha ficou como um marco da intervenção do homem no quadro natural. A densa florestal desapareceu num ápice por força da necessidade das culturas que alimentaram a dependincia do mercado madeirense a Europa. A cana de açúcar teve na

Madeira a primeira experiência em larga escala e rapidamente são visíveis OS efeitos do iiiipacto ecológico. Por outro lado, a permanente vinculação da ilha ao mundo colonial britânico desde a segunda metade do século XVII fez com que a Madeira se tornasse numa das peças cliaves da História da Ciência. Ein pouco tempo a ilha transfoimou-se num laboratório vivo que atraiu cientistas ingleses, franceses e alemães. Eis os inotivos que dão suporte a um considerivel núniero de questões sobre O devir histórico madeirense e que permitem usar as diversas fontes docuinentais na construção de uma diferente visão da História da ilha. Ein certa medida é a oportunidade de dar voz ao quadro natural e através das suas míiltiplas nlanifestações com evidências e testemi~rihoshistóricos tomá-lo iiiteligivel. Mas isto não se resuiiie apenas a urna História do Ambiente que se preocupe com a relação do Hoinein coin O quadro natural quc o envolve, iiein tão pouco uma História da Ciência que se dedique liminarmente aos nomes dos cientistas e As suas descobei-tas.A envolvência da ilha leva-lios a atender aos dois aspectos eiii siiiiultâileo e a procurar eiiteilder, não apenas o papel da ilha, mas fundainentalniente o que derivou deste protagoiiisino para o próprio arquipélago. A História do ambiente é sem dúvida uma criação do mundo científico e utiiversittírio americano e por isso teve aí desde a origein uma valorização inexcedível. A década de sessenta foi o inomento ideal para o nascimento, contribuitido para isso alguns trabalhos cntão publicados que hoje são um marco do alerta para a situação ern que o Homein estava iiiterviiido e destruindo o meio natural. São dois os livros que se assumem coino o desperiar das consciêmias dos cidadilos e políticos para esta cruzada. Eiii 1962 Rache1 Carsori publicou "Siieiit Spring", coiisiderado o verdadeiro alerta para os efeitos do "DDT" sobre a Natureza e ficou como o aviso As autoridades e motivo de reflexo de jovens de gerações de académicos. Seis anos depois se juntou o texto de Paul Ehrlich: T/?e Populntion Bomb7. N&o obstante a Eco I-Iistória ser simultânea c0111 a afiri~~açao do moviinento ambieiltalista não pode nein deve ser confundida com a História do ambientalisinoB. O ambiente não foi apenas inotivo de denuncia pública, iiias também de reflexa0 filosófica e historiográfica. E é precisamente neste campo que ganhou forma o novo domínio historiogrifico. Na década de setenta para além de se assistir As reedições de clássicos do século XXX, como Henry David Thoreau e Ralph Aldo E~nerson~, é de salientar a publicação de novas reflexões. O ciclo inicia-se em 1935 com Paul Sears ein Dese~tso11 fhe MOI-che prossegue na década de cinquenta. Primeiro em 1957 c0111 "Nature and tlie American" de Hans I-Iiiiit, que foi secuiidado com "Conservatioii and the Gospel of Efficiency" de Sainuel P. Hays(1959). Nos anos iinediatos assiste-se a urna maior precisão teinitica:1963: Mrin cn7d Natzrre in America de Arthur A. Ekirch Ji:; 1967: Wilderrzess and t1ze American Mind de R. Nash; In the Hozrse ofStone ozr Light: A Hziman History oh the Granel Cunj~onde J . Donald Wuglies; 1970: Tlze Gueening of America de CliarIes A. Reich; 1972. Colzrn?bian Excl?nnge de A. Crosby; 1973: Anlericarz Enviro171ne1ztulis117 de Dona1 Worster"'. O inoviinento ganhou fortes raizes nos ineios acadétilicos" e, por inicialiva de R. Nasli, na Universidade de Califórnia, Donald Worster lia dc Yale e Brmdeis no E-Iawaii, a disciplina entrou 110s currículos de ensino. Foi neste contexto que a

História do ambiente lançou as raízes iiistitlicionais e acadéinicas, sendo de realçar a criação ein 1976 da "Ainerican Society for Eiivironmental History" e a revista "Enviroiimental RevicwM1? coino os mecanismos mais importantes de afirinaçlio de uina interpretação ecológica da História". O recoiiheciincnto deilnitivo de "Environmei1tal History" esiU patente na mesa redonda organizada eiii 1990 por "Tlie Journal of Aiiiericari History". Estava lançada a senientc que rapidaiiiente iria frutificar. Eiiq~iantona América crescia a coiisciência aiiibieiitalista, fruto dos alertas para a destruição da Natureza, iia Europa a Geo-Histbria, que a Escola dos Aiinales era a principal promotora, deseinbocava ilo mesmo ruino e na clara definiçâo a valorização da nova disciplina. Assiin, uin niiniero dos A~iiiolcvde 1974 dedica atençao cspecial ao terna. Por outro lado F. Bi-a~idel,utn dos expoentes iuáxiinos, pode ser considerado o pai no coiitineiite e~irope~i. Um dos aspectos mais evideiites do novo movimento liistoriográfico Iòi o cruzaiiiento com as solicitaçòes da sociedade. Ein 1970 tiveinos a priiiieira coii~eiiioi-aç8o do dia da terra e a criação da EPA - Eni~i1.oi71i7ei7tr11 Pi.cliectin//ilgc?iic:ji.Est avainos ' na época de ouro dos iiioviiiientos ecológicos1.'.Foi tainbérii a d~ividalevantada sobre ti liistoricidade do moviiiieiito ecológico que levoli ao novo olhar sobre o passado humano e a interacção coin o ineio iiaturalI5. Os estudos históricos acabara111 por apenas após a scglinprovar que a ideia ele preservação do meio anibieiite iião s~irgi~i da Gucrra Mundial1".Taiiibéiii ficou claro que a ideia de ecologia é anterior ao aparecimento da palavra oecologiír I'. Descobri~i-seo movimento aiiibientalista de finais do século passado e priilcípios do nosso, beiii coiiio o priiiiciro anibientalista radical na iig~irade .lohn Evelyn ( 1 620-1 706) lu. Os trinta anos cpie se succderaiii U dkcada de setenta forain cruciais para a afirmaç5o da Eco I-Iistória, deste niodo o aiiibieiitalisiiio deixou de ser Liina religião para se ass~imircomo Lima aclivietacle profissional orientada de acorclo com os ditames da ciêricial". De acordo com J. Doiiald I-luglies "Eiivironinenta1 Iiistory, as a s~il-ject,is tlie st~idyof Iiow Ii~iinanstiave ielated, to the tiatural world thro~ighiiiiie. As a inctticid, it is Lhe applicatioii 01. ecological piiiiciples to Iiisiory"'". Para Donsild Worster "its principal peal becanie of decpening our ~iiiderstancliiigoi' how li~iiiiansIiave been affected by their iiatiiral envirotieriital tlirough tiiiie and, coiiversely, how they liave af'fected tliat eiiviroment and witli that re~ults"~l.E W. Beiiiarl precisa q ~ i ca "Environmei-ital Iiistory deals with tlie various dialog~iesover tiine betwccii peoplc and the rest of iiature, focusing oti recipocal iiiipacts"". Poderi referenciar-sc ainda a pigiiia na Internet ela Forest I-iistoi-y Society (D~~rlia~ii-North Caroliiia) ondc encotitraiiios a mais intuitiva deliniqão e objecto que nos oçiipa: "Uriclerstanding tlie past for its iiiipact on tlie fiit~ire"~'. JS Joachim Radltau, i pcrgunta sobre o q ~ i eé a i-lislbria do Meio Ainbiente responde que a nova cliscipliiia "investiga como el ser Iiuiiinno iiiismo lia influiclo eii estas condicioi~esy cóiiio reaccionó aiite Ias altera~ioiies."'~. A História do Ainbierite tein demoiistrado 110síiltiinos arios Liiiia tendência para a especializaç8o. Alg~iinasáreas leii~hlicasda História passaraili a lhzer parte clo seu repertório, revelando-se Liina iinportante faceta p1iii~idiscipliiiai..Assiin aos tenias tradicionais, como a Agric~ilt~ira, Arq~ieologia,Floicsia, Arte c Literatura juiita-se outros co~iioo Clima. O clima é considerado Liiiia das evidências do iiilpacto negativo das questões

ecológicas. A História do clima é o ineio de averig~iara forma de interveiição do homeiil no quadro iiatural e dos efeitos secundários. Depois do celebrado estudo dc E. le Roy Ladurie" sucederam-se trabalhos de grande impacto: Raymond Bradley e Philip D. Jones (1992), F. M. Cha~iibers(1993), Richard 14. Grove (1997), H. Lamb (1982, 1995) e T.M. L. Wigley (1981). O ramo da Arqueologia do meio ambiente coineçou após a I1 Guerra Mundial e ganhou notoriedade na década de setenta. De acordo com Joliaii Evails "Environmental Archaelogy is the study of the past environinent of ina~i"'~.Por outro lado E. J. Reitz" destaca que "Environmental Arcliaeology is an ecletic Field tliat encoinpasses the earth sciences, zoology and botany". Na verdade, siio vários OS factores determiriantes do quadro natural que perdurain nas várias camadas de sedimentação. Através da recollia de iiifoimações sobre animais, plantas e solo é possível reconstruir o ainbieilte do passado. E esta a função primordial da Arqueologia do Ambiente e que faz com que a mesina se liguem as Ciências da Terra, Arqueo-bolanica, Zoo-arq~ieologiae a Geo-arqueologia2x. Os estudos sobrc Zoo-arqueologia tiveram enl Elizabetli Wing a líder nos EUA e América Latina2". A floresta é indissociável da História do I-Ioiiiein. Não obstante o Cristiaiiisino assiimir uma atitude liostil ela esteve seinpre presente nos grandes iiioineiiios da História da Cristandade. E a nossa principal reserva de riqueza. Foi alé nieados do século XIX uin meio indispensável a sobrevivência e coinodidades huiiianas coni o foriiccime~ltode lenhas e madeiras. Em todos os teinpos a riqueza de uina região dependeu da reserva que delimitava a fronteira do espaço agrícola e Iiuinanizado. A partir do século XVIII Rousseau transformou a ideia e a relação do Hoincin c0111 o quadro natural, que passou a estar envolvido no quotidiaiio. Perante isto ao liomeiil do século XIX a ideia de floresta era outra. Perdeu-se o medo, o iiisliiito dominador e agora procurava-se nela a Iiarmonia. É esta a lição de David Tlioreau ein "Waden"l". Foi tarnbéiii então que o hoinein toinou consciência da acçiio devastadora sobre a floresta. O primeiro grito é de Marsli em "Man ancl nature" (1874). E reacções sucederam-se através de medidas dc protecção da floresta. A priineira atitude neste sentido surgiu em 1669 coin a ordenança francesa das ilorestas de Colbcrl, depois iiveinos o,fiee tirnber act (1 873), a criaçtío dos parques e reservas: Yosemite National Park em 1890 e, as associações privadas - Sierra Club (1 892) - e publicas - Divisão de Florestas (1 886)". A devastação da floresta não se resuinia apenas a perda irrenieditível do coberto arbóreo, pois provocava efeitos secundSrios destrutivos considerados catastroficos. A situação tornava-se mais evidente nas ilhas onde o Iiinlerland era rcduzido. A primeira imagem disto foi a ilha de Chipre, onde a construção naval e a exporlaçLo levaraili a que perdesse o epíteto de ilha verde, dado pelos antigos"?. A siluação repete-se na Madeira, Canárias e na maioria das Antillias. Um dos aspectos significativos da valorização da floresta coino recurso foi a constmção naval. A expansão eiiropeia desde o século XV iinplicou uma revolução no sector. 0 s séculos XVII e XVIII de conipetêiicia clas potências europeias no doinitlio do inar e do Novo Mundo conduzirain ao seu incremento. Até 1862, altura e111que se atingiu a idade do ferro, a madeira era a matéria priii~ada coilstr~içãoiiaval". Os poi-t~iguesesdesde D. Dinis que avançaram com o célebre piiilial de Leiria. Todavia

as sit~iaçõesmais evidentes desta dependência s~irgenino século XVII. O caso mais conliecido disto está na Ingiatcrra que, ao ver perdida a floresta se socorre das inadeiras de América do Norte para assegurar o poderio naval. Aliás, este contiriente foi a principal reserva europeia: a Nova Inglaterra para os ingleses e o Canadá para os franceses3". A Madeira ass~iiniuLim lugar de destaque. A ilha ganhou o nome do denso arvoredo, mas a presença d o homem desde o século XV rapidamente conduziu ao desapareciiiiento na vertente sul. As madeiras da ilha ganharam fama na Europa, revolucionando a construção de prédios sobradados em Lisboa e alimentaram a florescente construçfio naval. Rapidatiieiite se sentiram os deitos deste abate sem tréguas. Deste modo a Madeira é considerada ~ i n iexeinplo da acção incontrolável e destrutiva do iiiacliado e serras de ág~ia.Tal como afirma S. Pyne7' a situação da Madeira não é Lima caricat~irado processo de desllorestação, mas a evidencia. Da leitura dos clássicos e da produção historiografica recente releva-se uma situação particular que toca cle novo ao arquipélago da Madeira. A Madeira não se posicioriou apenas nos anais da História universal como a primeira área de ocupação atlântica, pioneira na cultura e divulgaçc70 do açúcar n o Novo Mundo. Tambeiii a expansão europeia não se resumiu apenas ao encontro e desenconlro de Cult~iras, pois que inarcou o início de ~ i n iprocesso de transforn~açãoou degradação do aiiibiente"'. O eliropeli carregou consigo a fauria e flora coin valor ecoiiómico, que acabou por provocar prolùiidas inudaiiças nos novos eco-sistemas. Com isto o espaço vivido e iiatlireza ~iniversalizaraiii-se. O processo de iinposição da cliai~iadahiotn poi.tútil ezllupeia, iio dizer de Alfred Crosby17, foi respons:'ivel por alguns dos priiiieiros e iiiais importantes probleiiius ecológicos. Quem ligo se leinbra da praga dos coellios d o Porto Santo'? Que dizer do incêndio que lavrou na ilha da Madeira d~iraiitesete anos ? Estas situações são assiduamente rcfcreiiciadas pela actual historiografia aiiiericaiia que se dedica ao estudo da História clo aiiibiente, sendo o ponto de partida e alento para a nossa incursão tei-iiatica inovadora. Outro làcto insistentemente referido é o da própria ilha da Madeira. O iioine hi o atributo para refereiiciar a abundincia e aspecto lux~iriantedo l?osqlie, situaçiio tão poiiiposaineiite referida por Ca~iiões'~:

Ein pouco tenipo, as queimadas para abrir clareiras cle c~ilturae habitação, o desbaste para í'ruição das leiilias e iiiadeiras, fizerain-na desmerecer tal epiteto. Da Madeira quase só Iicou o noiiie ! A tradição refere que os navegadores pot-L~igueses ateaiiim Liin incêndio A cleiisa floresta para poder entrar na ilha. Foram sete anos de cliaina acesa, d i ~a tradição. Hoje ninguém acredita na versão divulgada por Francisco AlcoToraclo e repetida em Caclamosto e outros autores da época. A ser verdade teria reduzido a ilha a carvão. É apenas enteiidido em sentido figurado para val-

orizar as proporções que o fogo assumiu no solo virgem. A situação expressa a realidade que pautou a expansão europeia mas que só nos últimos anos tem cativado a atenção do historiador. T~idoisto tem origem tlum produto devorador que conquistou o mercado e que pa~itoua evolução da economia atlântica a partir do século XV. O carrasco é o açúcar. A disponibilidade no mercado só foi possível com este processo de degradação do meio que viu nascer os canaviais. Isto conduziu-nos imediatamente a uma reflexão sobre a Agricultura e as relações com o ambiente. Tendo em conta as múltiplas funções da floresta os estudos realizados reparteinse na História da Floresta em geral", os múltiplos usos que vão desde o ~ o r n b u s t i v e l ~ ~ ti constnlção naval4. A incessante procura conduziu o Iiotnein à ~ L I S de C ~medidas de defesa que surgem em circunstâncias e conjunturas de crise deste inestitnavel recursoA2. O desenvolviinei~toda agricultura é considerado um dos factores fundamentais de intervenção do Hoinein no quadro natural. O processo de sedentarização liuinana e a consequente doinesticação de animais e plantas implicaram a mais evidente expressão da inudança4', Foi o conde de Buffon quem primciro se deu conta deste impacto, sendo secundado por George Perlcins Marsh em 1864 coin "Maii and Nature". O impacto da agricultura no quadro natural é um dos teinas mais valorizados na Historiografia do Ambiente. Aqui, para além dos estudos que tratam de História da Agricultura, temos que evidenciar os que estabelecem uma relação do sector com a E~ologia"~ e defineili uma intervenção Iiarmónica através de uma ugriczrlturn szatentada". Neste contexto é evidente o papel assumido pela cana de açúcar, cujos efeitos devastadores foram notórios nas áreas onde a cultura c l i e g o ~ ~ ~ ~ . Josué de Castrof1 traça-nos o retrato violento da expansão da cana de açíicar: "Ji afirmou alguém, coin muita razão, que o cultivo da cana de açúcar se processa em regime de autofagia: a cana devorando tudo em torno de si, engolindo terras e iliais temas, dissolvendo o húinus do solo, aniquilando as pequenas culturas indefesas e o próprio capital liurnano, do qual a sua cultura tira toda a vida, E é a pura verdade ... Donde a caracterização inconfilndível das diferentes áreas geográficas açucareiras, coin seu ciclo ecoiiómico, com as fases de rápida ascensão, de esplendor transitório e de irreinediável decadência. " Esta ideia é corroborada por Mário Lacerda de M ~ ~. ~DificiImente ~ I K . se encontrarão formas de utilização dos recursos dos solos que se possam rivalizar coin a agro indusiria canaveira quanto i capacidade de condicionar um tipo dc sociedade e de economia, de modelar um tipo de paisagem e de estruturar uin tipo de arranjo ecoiiómico do espaço". A cana de açúcar poderá ser considerada a cultura agrícola tnais importante da História da Huinanidade, porque provocou o maior lenóimeno de mobilidade huinana, econóinica, comercial e ecológica. A sua afirinaçao agrícola é milenar e abrange virios quadrantes do planeta. A cana é de todas as plantas don~esticadaspelo Homem a que acarretou maiores exigências. Ela quase que escraviza o homem, esgota o solo, devora a floresta e dessedenta os cursos de água. A exploraçÊío intensiva desde o século XV gerou grandes exigências em termos de mão-de-obra, sendo responsivel pela inaior fenónieno migratório A escala miindial que teve por palco O

Atlântico: a escravatura cle riiilliões de africaiios. Ligado a isto está também uin conj~iiitovariado de ~iianifestaçõescult~iraisclue vão desde a literatura à iuusica e A dança. Foi o Oriente que clescobri~ia doçiira, terido a Papua Nova Guiné como berço. Os árabes f~zeraiii-iiochegar ao ocidente e forain os principais arau~osda expansão. Geiioveses e veneziaiios encarregarain-sc do comércio na Europa. Mas foi rias ilhas que ela encontrou Liin dos principais viveiros de afirniac;ão e divulgação tio Ocicleiite: Crera e Sicília no Mediterrâneo, Madeira, Açores, Ganirias, Cabo Verde e S, Toiné no Atlântico Oriental, Puerto Rico, Cuba, Jamaica, Demerara lias Aiitillias. A realidade sócio-econóinica que serve de s~iporteao açiicar diferencia-se no percurso do ~acificolíndicopara o MediterrâncoIAtlântico. Assitii, no prinieiro caso não asslirne a posição dominante ria economia, primarido pelo caracter secuiidário, enquanto no seg~incloé patente o efeito domiiiador na econoii-iia e socied;ide/assocração ao escravo, que coiiieçou no Mediterriiieo e se reforc;ou rio Allânlico. A caiia, tal coiiio atirtnou Josué de Castroi", é autofigica. A realidade Iiistórica clos íiltimos cinco séculos, ein que ass~iiniuuin estatuto de produção ein larga escala. assim o conlirnia. O que acoiiteceu iia Macleira dos skculos XV e XVI, repetiu-se nas CanSrias, Caraibas e só iião atingili iclênticas proporções no Brasil, porque a iiiata atlintica era extensa. Mesmo assiin os probleinas, eiiibora inais tardios, ~ninbkiil tiveram lugar. Gilberto Freire"' afirina que "o canavial desvirgiiio~itoclo esse mato grosso cle iiiocio mais cru pela queiiuada. A cultura da caiia .. valorizou o caiiavial e tornou desprezível a inata". O processo é siiiiples. Piira plantar a caiia derruba-se ou queima-se a Ilorcsla. Depois para fabricar o açúcar a Iloresta h z k l t a para inanter acesa a cliaiiia dos eiigeiilios, o ~ coiistriiii i as ir~fia-estr~ituras. A caiia teiii na floresta o inaior aiiiigo e inimigo. Uiii exemplo apenas evideiicia a dimensão qLie ass~iiiii~i o processo. Para o Brasil do século XVIII cada q~iilode açiicar eqiiivalc a 15 Icg de leiilia cl~iciinada, daiido a iiiédia anual de 2 10.000 toiieladas. A cada hectare deveri correspcincler 200 torieladas". A coiitiiiliada acção devastadora é assiin descrita por Wrrrrcii Deaii: "Durniite q~iinlientos anos, a Mata Atlântica propiciou lucros 18ceis: papagaios, corantcs, esciavos, ouro, ipeeacuaiilia, orquídeas e madeira para. o proveito de seus senliorcs coloniais e. q~ieiinadae devastada, Liina camada imensainente férLil de cinzas q ~ i cpossibilitavain uma agric~ilt~ira pirssiva, iiiipriidentc e iiisusteiitivel. A pop~ilaçãocrescia cada vez mais, o capital "se aciini~ilava", eilquanto as Ilorcstas desal~iireciaiii;mais capital eiitão "se aciiiii~ilava"- em barreiras 2i erosão de terras cle lavoura, em aqciedutos, coiitrole de Iluxos e eiichentes de rios, eq~iipainentosde dragiigem. ternis ele inata plantada e a iiidustrializaç5o de sucetlâiieos para ceiiteiias de produtos outroiíi aparihados de graça iia floresta. Nenhtima restriçgo se cibservou d~iraiiteesse meio iiiiléiiio de gula, iiiuito embora, quase clescle o início, Sosscm entoadas interinitentes interdições solenes que, nos dias at~iais,são contínuas e Srenélicas.". Eiii 1660 o inuiiicípio dc Salvador da Baía cleiiniu LIIIIcoiij~intocle inedidas, cllic não Iòrain suficientes uina vez que e m 1804 110 Recâiicavo era evidente a falta de le~iliase madeiras", O clesapareciiueiito da Iloresta ~iroxiinaclos cngeiikos firzia siumeiitar os custos de fabrico clo açíicar.

O processo é similar nas regiões que antecederam o booni do açúcar americano. Senão vejainos. Em Motril a primeira metade do século XVI é definida por uina quebra da produção açucareira, atribuída ti falta de leiilias que forçaram a tomada de iiiedidas desde 1540q3.A situação repete-se na Madeira e Canáriassi, o que provocou uina reacção dos proprietários de engeiilio, materializada nas medidas exaradas ein ordens régias e posturas Mui~icipais'~. As illias, pela limitaçiio do espaço, foram as primeiras a ressentir-se da realidade. Sucedeu assim em ambos os lados do Atlântico. A Única excepção está nas ilhas de S. Tomé e Príncipe. Nas Caraíbas a situação é igual a Madeira, A ilha de Santo Domingo, hoje Haiti e República Doininicana, a cultura da cana teve um apogeu curto de pouco mais de cinquenta anos, pois que em 1550 a notória escassez de leiiha conduziu ao abandono de muitos engenhos desde 1570. Já lia Jamaica, a proinoção pelos ingleses da cultura, levou a busca de soluções. O trem jainaicano foi a solução inais eficaz. Com este sistema de fornallia o aproveitamento de lenha era evidente, pois apenas com uina sb fogueira se conseguia inaiiter as três foriiallias. Concomitanteinente tivemos o recurso ao bagaço como combustível. Ambas as situações difundiram-se primeiro nas Antilhas inglesas a partir da década de oitenta do século XVII e só depois atingiram as dernais ireas açucareiras5B A generalização do sistema aconteceu primeiro nas ilhas carentes de lenha e só depois chegou ao Brasil. A entrada definitiva da solução na iiid~istriaaçucareira do Brasil é ein 1806, altura em que Manuel Ferreira da Câmara, na Baía, adaptou o engenho nova situação. Mas na época a grande inovação era já a máquina a vapor, que coineçou a ser usada no Brasil a parlir de 1815. Entretanto a caldeira de vacziuin, inventada ein 1830 por Norbert Rillius de New Orleans, foi a técnica que revolucionou o fabrico do açúcar e que mais contribuiu para a economia de combustível e por consequência a preservaçtío da floresta. Não ficam por aqiii os efeitos negativos da actividade agrícola no quadro natilral. São vários os estiidos que nos elucidain sobre o impacto resultante da doinesticação de animais e plantas, processo que ocorre a partir de 800 A.C.. Daniel E. Vasey [I 9921 [raça-lios o retrato e evidencia as tiansforn~açõesocoi-ridas a partir da seguida metade do século XIX coin o recurso a adubos quiinicos, peslicidas e hcrbicidas. Foi, aliás, de acordo com este quadro que após I1 Graiide Guerra surgiu o grito de Racliel Carson [I9621 que face a unia Priinavera de silêncio, sem o cliilrrear dos pássaros, clama para que todos a cntendain: "TIie liistory of life on earth has been a histoiy of interaction between living hings and their surroundiiigs.( ...) The inost alarming of a11 mari's assa~ilts~ipontlie eiivironineiit is the containiriation of air, earth, rivers, and sea with dangerous and even lethal ~naterials"~'.Foi este grilo ecológico contra os efeitos nefastos dos pesticidas que fez despertar a coiisciência de políticos, cieiilistas e despoletar a afirmação do inoviinento e das publicações cieiitificas e historiográficas. Detinidos os temas mais coinuns da História do ainbieilte poderá questionar-se q~iaisas fontes fundamentais para a sua concretização. Uina das fontes privilegiadas para estudo do impacto h~imanono quadro iiatiiral encontra-se na expressão plástica. A gravura e a pintura, c01110 mera iinpressão de viagein ou forma de ilustraçZio científica, assumem a função de fonte histórica. Foi nos EUA que esta fonte mereceu nos

últimos anos a adequada atenção". Na verdade, a pintura americaiia do scculo XIX revela uin desusado apego ao quadro natural do continente nuina onda de fundamentação do sentiineiito nacional". E o período de iYzici.~oti River Scliool. Aqui hB iiina busca pelo espaço não produtivo, doininado pelos pântaiios e selva. A sit~iação deu lugar, após a guerra civil, aos teiiias exóticos. A pintura 6 tambéin utn meio de expressão da actividade e exploração dos cientistas. Huinbolt foi dos priineiros a ter a noção disso "" O período que decorre de 1840 a 1880 é considerado o inoinento do livro ilustrado em toda a Europa"'. Uina forma de expressão ai-tistica, fiuto da iiitervcnção do Hoiiiein no quadro natural, está nos jardins. Os jardins são outra forma de expressão do relacionatiiento do Iioinein coin o meio natural. Aliás, Paul Sliepard (1991) afirnia que através deles o honiem coinunica com a natureza. Duck Clifford (1963) precisa: "garden is man's idealized view of the world ... Gardens cannot be considered in detacliiiieiit fioin tlie people who iiiade tliein""'. O jardim no mundo cristão está inevitavelmente ligado A ideia de Paraíso e expressa-se formalinente através das flores e fontes "'. Esta coinuiilião do homein coin a natureza não é apeiias apanágio do inuiido cristão. A ideia de jardini coin O espaço de retiro, reflexão e de coinuiilião c0111 a iiatureza está presente na civilização inuçultnana e no inundo oriental desde a China ao Japão. Os jardins inuçulina~ios~~, cliinêsf", ou japonês influenciarain de forma decisiva os do rriuiido cristão"'. O primeiro jardiin terá surgido na China no tempo do imperador Wu Ti(140-86 A.C.). Na Europa os priiiieiros est2o docui~ieiitadosein Itklia - Pisa(1543), Padria (1545) -mas foi o de Versailles (1662) o inais fainoso e alvo de cópias"'. O S ~ C L I I O XVII anuncia uiii novo tipo de jardiin que tein COIIIO referência os de Oxford (162 1 ), Chelsea (1673), Ediinbusgli (l680)e Kew (I 759)hH.Estaiiios perante o início dos actuais jardins botânicos que se afirinain conio repositórios de plantas exiiticns de toclo o inundo. Os séculos XVIIXVIII forain monientos da grande revoluçTio na arte da jardiiiageiil. Os jardiiis toriiani-se populares, s~icedeiido-seiniii-i-ierasedições de livros sobre florcs c jardins Dos vários tipos de jardiiis que se divulgaraiu i10 mundo ocidental teinos o italiano e francês. O jarcliin italiaiio do século XVII é doiniiiado pela água, estatuária e Liina ponte central. Já o francês C ~1111csl>aço traçado a esq~iadria, sitiiação que iiiarcou a jardinageni até ao século XX alt~iraem a influência do Japão levou-o a perder a gcoinetria"". E111 Inglaterra surgili desde fins do séciilo XVII o clianiado "Tudor Garden" em que a geoiiletria cedeu lugar ao quadro natural7". Os coiitactos com o inundo oriental pesaram nesta iòriiia do jardiin iiiglês que tambéni iiifl~iei~ciou os niadeirenses. Os eleineiltos f~indaiiientaisdos jardins são as flores, árvores, água e clenientos arquitectónicos (pontes, cascatas, esthtuas) que se articiilain de foriiia harmónica de acordo coin a serisibiliclade cultural de cada região c época7'.O jardiiu 1150 é apeiias "desigii" e estilo iiias taiiibém inspiração da pintura e litcratiira. O culto clas árvores é evidente no seculo XV11. São elas que orieiitain a alirinação clas classes possidciitcs e lhe dRo grancliosidadc cin avenidas ein frentes (Ias O próprio acto dc plantar uma árvore, que hoje se ceIebra com grande poiiipa no dia dedicado a iiiesnla, está já docuinentado desde o séciilo XV1117'.

A Europa partiu no século XV à procura do Éden, bíblico ou descrito na literatura clássica greco-romana7". Foi este uin dos motivos do empenho de Colombo e dos riavegadores portugueses. O reencontro era encarado como uma conciliação com Deus, o apagar do pecado original de Adão e Eva. A imagem perseguiu quase todos os navegadores quinhentistas e não fogem à regra os que apostaram 6 Madeira. Tenha-se em conta que as duas primeiras crianças gémeas nascidas na ilha, filhas de Gonçalo Aires Ferreira tiveram nomes bíblicos de Adão e Eva7j. O encontro da ilha era o retorno ao Éden que aos poucos se perdeu, tal como sucedera aos primogéiiitos Adão e Eva. A rec~iperaçãodesta imagem acontecerá no século XVIII com a ilha a afirmar-se de novo como o paraíso agora redescoberto pelo viajante ou tísico ingleses, e recuperado e revelado ao cientista, seja ele inglês, alemão ou francês, através das recolhas ou da recriação com os jardins botânicos. A literatura anuncia unia nova expressão da relação do Hornem com o quadro natural. A vaga romântica que, cedo se expandiu desde França, colocou o escritor e poeta próximos da Natureza. O romantisrno é sinónimo depastorialismo nos Estados Unidos que começou a partir do século XVII. O pastoriuiismo é a revolta pacifica contra a revolução industrial. Aqui a escrita surge na primeira pessoa numa descrição real, como se pode provar da leitura dos textos de J. White, T~I.Cole e George Marsh7'. Dois livros demarcam o romantisrno americano: Waldetz. Or Life in the Wnods(1854) de Henry David Thoreau e Moby-Dick (1851) de H. Melville. O último é, segundo Annie Dillard, "tlie best book ever written about nature"". Thoreau é uma referência no panorama de "nature writing". A sua obra abriu unia nova era na valorização do iiiundo natural. Thoreail afirmava que "a writer is the scribe of a11 nature"'* e tem como f~inçãofazer conipreender a natureza. Ele foi, na verdade, o escritor mais popular da literatura romântica nos EUA e a sua obra influenciou os estudos de História Natural7". É, por isso mesmo, considerado o santo pationo dos escritores sobre o ambiente ainericatiox".Se Tlioreau merece o epíteto de patrono dos escritores da Natureza já John Muir (1813-1914) e John Burroughs (1 837- 192 1 ) estão nas origens do tnovimento ecológicox',que tem a plena afirinação após a segunda guerra mundial. Os reflexos da nova corrente estão tanibéin patentes no discurso literáriox'. Nos iiltimos anos editarain-se diversas colectâneas de textos recuperados numa perspectiva de História do Ambientex3. A Natureza é motivo de coristante inspiração dos poetas. Mesino Fernando Pessoa[1888-19351 num dos lieteróizimos não perdeu a oportunidade de afirmar: "Além disso, Iùi o iinico poeta da izat~ireza"~~, Na poesia americana a expressão mais evidente do romantis~iioé WodsworthX5.Eln Pot.t~~gal o romaiztismo legou-nos algumas paginas de oiiro da literatura do século XIX. A produção literária e os estudos teóricosn"eizvolvein alguns dos nomes sonariies: que vão desde Júlio Dinis a Alineida Garrett. É, aliás o primeiro que inaugura a escola nahiralista com os Serões da Pt*ovi17cia(l870y. A relação do I-Ioinein coiii o quadro natural parte tainbéin da reflexa0 filosófica e dos rumos definidos pela História da Ciência a partir do século XVIII. O século XVIII é na verdade o de afirmação da ciência. T~idoisto é fruto de um triunvirato de cientistas que estão na origem de academias em Paris, Gottingen e Uppsala: George Louis Leclerc, Cointe de Buffon (1701-88), Albrecht von Haller (1708-77), Carl voii

Linné (Linnaeus) ( 1707-78)XX. A curiosidade do lioinem acerca da Natureza é do séc. 111 A.C. coiii o M~iseude Ptoloineu ein Alexaiidrinax", inas os ruinos da actual ciência, na busca incessante e descoberta delinearam-sc a partir do século XVI. Os principais alicerces estão nos inuseus de História Natural e os jardins botânicos. Os jardins foram priiilciro 170~t~1.s tnediccrs, isto é, locais de cultivo de plantas coiii valor medicinal. O mais antigo surgiu ein 1545 ein Pisa, Florença e I-Ieidelberg. A estes seguiram-se outros: Z~iriq~ie (1560), Bolonlia (1 547), Leiden (1 577), Leipzig ( 1579) Montpellier e Heidelberg (1594), Jardin des Plantes-Paris 11635) The Royal Botaiiical Garden of Ediinburgli ( 1 690), Capelown (1 694), Mauriti~is/ 1735), Oxford (1621), Cainbridge (1761), Chelsea Pliysic Garden (1 673)"'. O século XVII1 é o moiiiento de criação dos inuseLis de História Natural: Coiinbra (1772), Charlestori (1 773), Madrid (1 7761, Filadélfia (1 786), Rio de Janeiro ( 18 18), Buenos Aires e Bogotá (1 823), Saiiliago do Chile (1 830), Boston e N. YorIt( 1860), Beléiii (1871), Milwaukee ( 1 880) S. José da Costa Rica (1887), Chicago e S. Francisco (1890) e S. Paiilo (1894), Praga (1 894), Bruxelas (1903), Viena (1889)"'. No caso inglês o Royal Botanic Gardeii excrceu uni papel fundaineiital na afirinação do sisterna coloiiial. Segundo Lucille M. Brocltway (1979) "...tlic Royal Botanic Gardens at ICew... served as a control centre wliicli regulated the flow of botanical iiiformation froin of tlie iiietropolis to tlie coloiiial satellites, nnd disseminated iiiforination eiiiaiiating froili tlieiii.". Tal coiiio afirmava N. Reingold (1987, p. 354), ao referir-sc ao Bristish Muscuiii (1 881), o espaço é uiii "teiiiplo de ciência". Jardins botânicos e museus de História Natural tiveram uni papel fiindaineiital na alirinação da ciência e apoio aos cientistas, porque Sorain o suporte de uma rede de contactos que a revelação das descobertas tornava iiecessária a div~ilgação. Os museus e as sociedades cieniificas desde o século XVII coi~trib~iiraiii para quebrar o isolainento dos cientistas "?. A Royal Society ein Londres ( 1 662) foi o embrião deste suporte iiistit~icional.Os seus ideais alargarain-se às colónias e difundiraili-se eiii toda a Europa: 1760 - American Philosopliical Society 1768 - Aiiierican Philosopliical Society a1 Pliiladelpliia 1805 - Cliarleston Botaiiical Society and Gardeil 1846 - Siiiithsoiiiaii Institutioii 1848 - Ainerican Association for tlie Advaiiceiiient of Science 1854 - Société Zoologique d'Accliinatation (Paris) 1890 - Botanical Society of Ainerica "' Este enquadrameiito ii~stitucionalé reforçado no século XIX coiii o aparecimento de publicações periódicas especializadas, associadas a Liina relaguarda institucioiial. Assiin, a Royal Society edita desde 1665 "tlie Pliilosopl.iical Transaclions, eiiquaiito do outro lado do Atlântico tivemos desde 1818 o "Ainericail Jourilal OSScience""'.

I ~ C O \ O \ l \~ 1) \ \I \l)b.Il< \ E A EC'OI,UÇAO DO Q U A D R O \ATURAL \

Nos primeiros momentos de ocupação do solo madeirense, o vinho, o trigo, e, depois, o açúcar, surgem como culturas aglutinadoras da peculiar vivência com inevitáveis implicações politicas e urbanísticas. Os primeiros materializaram a necessária garantia das condições de subsistência.e do ritual cristao, enquanto o último encerrou a ambição e voracidade mercantil da nova burguesia europeia que fez da Madeira o principal pilar para afirmação na economia atlântica e mundial. O processo é irreversivel sucedendo-se uma catadupa de produtos, com valor utilitário para a sociedade insular, ou com capacidade adequada para activar as trocas com o mercado externo. Se na primeira fase o domínio pertenceu a economia agrícola, no segundo, que se aproxima da nossa vivência, reparte-se em serviços, industrias artesanais (vimes e bordado) e produtos agrícolas. O enquadramento e afirmação económica não é pacífico, sendo feito de embates permanentes entre a necessária manutenção de subsistência e a animação comercial externa. Deste afrontamento resultou a afirmação dum produto que adquiriu maior pujança e numero de defensores nesta dinâmica. Foi nesta luta permanente de produtos de subsistencia familiar, local e insular com os impostos de fora pela permanente solicitação externa quese alicerçou a economia da ilha até ao limiar do sdculo XIX. Deste modo os produtos foram os pilares mais destacados para a compreensão da realidade socio-economica madeirense, ao longo dos quinhentos anos, com reflexos inevitáveis na actualidade. Por isso proponho uma breve reflexão sobre a importância no devir e quotidiano madeirense.

UMA ECONOMIA DE EQUILIBRIO ENTRE. A SUBSISTÊNCIA E O MERCADO. A tradição inediterrânio-atlântica, que define a realidade peninsular, repercute-se, inevitavelmente na estrutura agrária do Novo Mundo e por consequência no impacto ecológico que acompanha a expansão atlântica. Da Europa saíram as sementes, uleiísilios e homens que lançaram as bases da nova vivência insular e atlântico, e aí se sitiiavalli as principais solicitações e orientações. A par disso o confronto coni as iiovas realidades civilizacionais americanas e índicas contribuíram para o paulatino desencravamento planetário da ecologia e cardápio dos séculos XVI e XVII, conz inevitáveis repercussões na econoniia e hábitos alimentares do europeu. A Europa contribuiu COIII OS cereais (centeio, cevada e trigo), as videiras e as socas dc cana, enquanto da América e India aportaram ao velho coi-itinenteo inillio, a batata, o inhaine, o arroz e uma variada gama de árvores de fruto. Neste contexto as illias atlânticas, pela posição charneira no relacioi-iamento entre estes mundos, surgem coino viveiros da aclin~ataçãodos produtos As novas condições ecosistéinicas dos espaços que os acolliein. A Madeira assuini~iuma posição importante, aíirinaiido-se no século XV como o viveiro experiniental das culturas que a Europa pretendia implantar no Novo Mundo - os cereais, o pastel, a vinlia e a cana de açúcar. A expansão europeia, que desde o século XV revolucionou o cardápio europeu, enriqueceu-se e aumentando a gan-ia de produtos e coiidiineiitos. A tradição cutinária europeia foi destronada pelo exotisino das novas sensações gustativas que acabaram por afeiçoar o paladar. Mas até que isso se generalizasse tornava-se i-iecessário conduzir aos locais mais recôi-iditos o cereal e o vinho. Assim, as einbarcaçõcs que sulcavam o oceano levavaiii nos porões, para alem das nan nu facturas e bugigangas aliciadoras das populações a~~tóctones, inúineras pipas de vinho, peixe salgado e barris de farinha ou biscoito. Se o cereal poderá encontrar similar, coiilo o inillio e a maiidioca, o inesnio 1120 acontecia com o vinho que era descoiiliecido e incapaz de se adaptar As novas condições iiiesológicas oferecidas pela colónias europeias. Desta forina o vinho foi conduzido da Europa ou das ilhas, onde se afirinou com esta finalidade aos tiiais recônditos espaços ern que o europeu se fixou. Ele foi o inseparhvel companheiro dos rnareaiites, cxpcdicionários, bandeirantes e coloiiizadores. Aos pri~neirosservia clc antídoto ao escorbuto, aos segundos saciava a sede, enquanto aos últiiilos era a recordação ou devaneio hilariante da teria-mãe. O vinho era assim um dos principais traços dc união das gentes europeias na gesta dc expansiío além-Atlântico. No imaginário e devir histórico n-iadcireiise paira scinpre a vis50 tripartida da faiiia agrícola: o vinho e o cereal que a traclição iinpõc coino necess6rios ao qiioticliatío espiritual e alimeiltar, o açúcar que se afirinou como provento cxcedeiltário capaz de atrair a atenção dos inercados europeus e de trazer a ilha as manufacturas que necessitava. Esta Iiai-inóiiica trifiiiicioiialidade produtiva, porque clelinida pela extreina dependência as dinimicas e directrizes europcias, esteve sujeita n diversos sobressaltos que coiitribuírain para a desinesuracla desarticulação do quoticlia~ioe economia iiiadeirenses. Assim, a coiicorrência do açiicar ainericaiio lançou o pânico na ilha c obrigou a necessária afirinação da cultura da vinha, levailclo o vinho a assuii~ira situação de moeda de troca ein substituição CIO açiicac A precariedade da econoinia iziadcirense não deriva tipcnas da posição de

dependência ao vellio continente, inas tainbéni radica-se nas diminutas possibilidades de usufr~ito dos 741 K1112 de superfície da illia. O lançamento e afirmação da sociedade eiiropeia depende seiiipre das possibilidades de afirinação siiuultâiiea deste coiij~iiitode produtos que são os inotores da expaiisão atlântica e da e~iropeizaçãodo espaço insular. Todos os autores coevos forain ~inâniinesem afiriiiar a apetêiicia da ilha para satishzer as expectativas dos primeiros povoadores. Assiin, Gaspar Frutuoso diz-110s que "a terra foi iiiostrando seus friitos e dando a fama deles no regno, e enobrecendo-se coiii iiioradores ricos""'. Esta iilaudita riqueza foi o motor de sucesso do povoaineiito da ilha: "crescendo e inultiplicando seus fi-utos, assiin iam crescendo as povoações e inoradores com a fama de sua fertilidade.""" O processo de labuta insular expressa-se mais coiiio uina revolução Ii~iiiiatiae técnica do que ecolbgica. Se as condições eco-sistétnicas favoreceram a transplantação clas primeiras seiiientes, ao lioiiiem íicou reservada a iiiais espiiihosa c hábil tarefa. Priilieiro ergueu os socalcos (poios), depois adaptou as técnicas e as alfaias agrícolas às conclicionantes do novo espaço cultivaclo. O testem~ii~lio de tudo isto está os poios, ladeados de levadas, considerados entre as principais realizações do Iioineiii na li~iiiiaiiizaçãodo espaço. Os poios são tambéiii ~ i n iinoiiuinento ao cabouqueiro, colono q ~ i crecebeu das principais gentes da ilha o encargo de valorizar economicaiilente as parcelas. O iiivestiinento da capacidade cle trabalho tein justificação jiirídica nas cliainaclas benfcitorias, que eiiglobavain paredes, casas de Iiabitação, lagares ou lagariças, arvores de í'r~lto,latadas, etc. O colono que laiiçou as bases da revoluçiio téciiica c agrícola deve sei. considerado iim dos principais obreiros da Iiariiioiiiosa paisagem rural que hoje se co~iteinpla.Os proprietários preferiaiii os bulício ribeiriiilios da cidade 1:rizcndo com que a arquitectiira e viver quotidiano se adaptasseiii 21 medida do volume (10s reditos acuiii~iladoscoin o cotnéicio do açúcar e vinho e estava-llies rescrvado o us~ifr~ito clas coiiiodidadcs e empenhado nas lides adininistrativas ou jogos da pela e canas. Umri das particularidades das ilhas res~iltado facto de estarinos perante espaços liinitados, que condicioiiaiii e Iòraiii influeiiciaclos de forma evidente pela presença Iiuinana. O processo ecoiiórnico quando assuine uina posição dc sucesso atravcs da iiiscrção no iiiercaclo mundial provoca obrigatoriamente uma forma cle exploração intensiva que acaba inevitavelmei~tepor provocar o desequilíbrio eiitre aquilo que possibilita o quadro iiatural e o que o Hoiiiein exige dele. Na Madeira a exploraç30 económica fez-sc de foriiia iiilensiva e de acordo coiii as solicitações do niercatlo exterior, agravando o aíi-oiitaiiicnto coin o quadro natural c arrastando-o para a total clcgradação. Um breve relance pelos tes~cinuiiliosliistoriográlicos dos séculos XV c XVI rebrça esta realidade. O primeiro a revelar a cleterioração dos solos devido ao ctiltivo inteiisivo, surge já eiii iiieados do séc~iloXV. Caclainosto alirti~ava:"As stins teri-as costiiniavaiil dar a priiicípio, sessenta por ~1111,o qtic presentemente está recluzido a trinta c q~iarenla,pnrque se vão cletcrioraiido dia a clia ''"7. A situação resultou da solicitação do cerca1 para abastecer as cidades clo reino e praças afiicsiiias. Rapitlamciite o cereal cedeu l~igaraos canaviais que eiii pouco leinpo clominaiati~ todo o espaço agrícola. A indústria que se proiiioveu lia rcctag~iardapara o í'abrico do açíicar exigiu iiiiiito do q~iadronatural, laiiçando a ilha para um processo de clesllorcslação c0111ei~~iscq~~Eiicias ii~~l)revisíveis. Isto arraslou o solo agrícola da illia para a

quase total exaustão. Em 1689 John Ovirigton testemunha-o de forma lapidar: "A fertilidade da ilha decaiu muito relativamente ao período das primeiras culturas. A cultiira sem descanso dos terrenos tornou os fracos espaços ein muitos lugares e de tal modo que os abandonam periodicamente, tendo de ficar de pousio três ou quatro anos. Depois desse tempo, se não crescer nenhuma giesta como sinal de fertilidade futura, abandonam-nos, como estéreis. A actual aridez de muitas das suas terras atribuem-na simploriamente ao aumento dos seus pecados"". A vinha e o vinho assumiram particular destaque na caracterização do processo histórico madeireiise ao longo dos quase seiscentos anos de labuta. Desde os primórdios da ocupação da ilha até a actualidade o produto manteve a mesma vivacidade na vida agrícola e comercio da ilha. Dos mais produtos não houve capacidade suficiente para resistir a concorrência desenfreada de novos e potenciais mercados fornecedores de aquém e além-mar. Os cereais tiveram saque fácil nos Açores, Canárias, Europa e, depois na América, sofrendo, mais tarde, a concorrência do abundante fornecedor americano. Apenas, o vinho resistiu a concorrência do dos Açores, Canárias, Europa e Cabo da Boa Esperança, mantendo o tradicional grupo de apreciadores no velho e novo Mundo. Esta foi uma situação vantajosa para o quadro natural, uma vez que as exigências da cultura da vinha quanto a floresta era diminutas. AS DOMINANTES DA ECONOMIA A G ~ C O L ANo . principio da ocupação da ilha as necessidades alimentares e ritual cristão comandaram a selecção das sementes que acompanharatn os primeiros povoadores. O precioso cereal partilhou com os primeiros cavalos de cepas peninsulares o processo de transmigração vegetativa. A fertilidade do solo, resultante do estado virgem e das cinzas fertilizadoras das queimadas, fizeram elevar a produção a níveis inatingíveis, criando excedentes que supriram as necessidades de mercados carentes, como foi o caso de Lisboa e praças do norte de África. Até a década de setenta a Madeira firmou-se como o celeiro atlântico, perdendo-a, depois em favor dos Açores que emergem com uma posição dominante na política e economia fninientária do Atlântico. Na Madeira inverteu-se a situação. A ilha passou de área excedentária a dependente em relação ao celeiro açoriano, canário e europeu. O estabeleciinento de uma rota obrigatória de fornecimento de cereal açoriano à Madeira, criou as condições necessárias 21 afirmação da cultura da cana sacarina, produto tão insistentemente solicitado no mercado europeu. O empenho de todos no cultivo do novo produto conduziu a afirmação preferencial de uma nova vertente da economia atlântico-insular. A partir de então os interesses mercantis dominaram a dinâmica agrária madeirense. Na ilha as searas deram lugar aos canaviais, enquanto as vinhas se mantiveram de modo insistente uma posição de destaque. Se o cereal pouco contribuía para aumentar os reditos dos intervenientes o mesmo não se poderá dizer ein relação ao açúcar e vinho que contribuíram para o enriquecimento das gentes da ilha. A própria coroa e senhorio fizeram depender grande parte das despesas ordinárias desta fonte de receita. A par disso o enobrecimento da vila, mais tarde, cidade do Funchal fez-se à custa destes dinheiros. O Funchal avançou para poente e adquiriu fama de novos e potenciais mercados, mas foi de vida efémera. Desde a terceira década do século XVI o açúcar madeirense foi destronado da posição

cimeira no mercado europeu, perdendo a preferência ein favor do canário o u brasileiro, de inenor qualidade, mas coin preços mais conipetitivos. A persistência de alguns lavradores, a celebridade da superior qualidade e a solicitação da doçaria e casq~iinhamadeirenses contribuiu para que a cultura dos canaviais se inantivesseii~por largos anos atingindo, em momentos de crise lios inercados americanos, alguma p~!.jança.Mas O inadeirense, irreinediavelmente condenada a cultura, foi forçado a canalizar todas as ateiições nas vinhas, fazendo-as assumir o espaço abandonado pelas socas de cana. Os canaviais deram lugar As latadas e os engeiilios desapareceram para se erguerem os lagares e arinazéns. Esta inudaiiça na estrLitura prod~itivaprovocou alterações na dinhmica econóinicil da ilha. O açUcar definia apenas ~inicoiiiplexo industrial, o engenho, onde decorria a respectiva safra. O vinho necessita de dois espaços distintos. O lagar onde as uvas davam lugar ao saboroso iiiosto e os annazéns da cidade onde femienta e C preparado para atingir o necessário aroma e Doirq~rct.Destc modo o agricultos, coloiio ou não, detiiilia apenas o controle da viticultura, ficando reservado ao mercador o moroso processo de vinifícação. Por inais de dois séculos a vinha e o vinho surgirain como os principais agliitinaclorcs das actividades econó~iiicasda ill-ia dando ao ineio rural e urbano desusada animação. O Furiclial cresceri em iiion~imentalidadee as principais famílias reforçaram a posição econóiiiica. A conjuntura da primeira metade de oitocentos, demarcada pclos conflitos curopelis, guerra de ii-idepericlência das colónias e associada aos thctores de origein bolânica (oiclio-1852, filoxera-1872) conduziu ao paulatino degeneresciineiito da plijança ecoiiómica do vinho. Coino corolário, do processo, sucederaili-se as fomes, nos anos rl~iarciita,e a sangria emigrtttória nas clecadas de 50 e 80, para o coiitiiiente aniericano, onde o inadeirense foi substituir o escravo nas plantações. Por uin pei-iodo de inais de setenta anos a coiifusão ~tistitucioiiale eco~lórnicaalargou-se a o domíiiio social e aliiiientar. Assiiii, sucederam-se novos produtos de iinportação d o Novo Mundo que gaiiliarain Liina posição de relevo na culinária inadeireiise, com espcciiil destacl~iepara o iiiliaine e a batata. A par disso dcfinirain-se políticas d e recoi~versãoe cnsaios de iiovos produtos com valor coinercial (tabaco, clii, ...). A einigiaaç50 oitoccntista e no período após a segunda Guerra M~inclialfoi resporisável por uin acent~iacloprocesso de dcsertificação do interior da ilha e arrastou inuitas terras para o abandono. Foi o iriicio de ~ i i i ipousio necess8rio para as terras j L de si esgotadas coin a exploraç80 intensiva das ciilt~irasde subsistência e exporlaçiio. As políticas cie reíiorestação eiii aiiibos os iiioineiitos permitiram o fhcil auineiito da niailclia florestal, sem conflito coin a actividade agrícola. E111pleno apogeu cia iiidústria vinhateira tivemos a paulatina afirinação de ~ i mIIOVO sector de serviços. Na segunda metade do século XVIII a ilha assiiiiiiu um outro papel. Alguém ter8 dito que os pritneiros promotores do t~irisinoinsular foiãiii os gregos, inas os priineiros tiiristas í'orain, seiii diivida, ingleses. Os gregos cclebrarain, na prolixa criação literiiria, as dclícias das ilhas sit~iadaspara além das colunas de tlérciiles. Os arq~iipélagosda Macleira e Caniirias, são riii~ologicametitecorisideraclos a inans5o dos deuses, o jarcliiii das delícias, onde eles convivem com os heróis da mitologia. da aiiibiência parTodavia Iòrain os ingleses, ainda que muito inais tarde, a clesl's~~tsir adisiaca, reservada aos deuses e Iieróis, escolhendo-as como rinc2io de perinanência,

breve ou prolongada. Diz-se até que a primeira viagem de núpcias, embora ocasiorial, foi protagonizada por um casal iiiglês. Mais uma vez estainos perante a lenda que ficou conhecida coiiio de Machim. Na verdade, foi esta visão mítica, perpetuada 110s relatos antigos ou reavivada nos testeinui~hoscoevos, que motivou o desusado interesse do inglês pelas belezas aprazíveis da Madeira. A Europa oferecia ao aristocrata britânico demasiados rnotivos que concorriam coma o "grand tour" europeu. O ilhéu, autêntico cabouqueiro e jardineiro do rincão, estava por detnais einbrenhado na árdua tarefa de erguer paredes e arrotear os poios, e por isso manteve-se alheio às delícias. Para ele a beleza agresle dos declives não passava de niais uin entrave na luta contra a natureza. Enquanto o inadeirense cavava e traçava os poios o inglês entretinha-se nos passeios a cavalo ou em rede pelos innis recônditos locais da ilha. A verdadeira descoberta da Madeira foi obra dos ingleses, mas ao português deve ser atribuído o mérito do descobrimento do caminho para cá chegar, AS ROTAS DE MIGRAÇÃO DE HOMENS, PLANTAS E MERCADORIAS. A valorização do Atlântico nos séculos XV e XVI conduziu a uin intriilcado traçado de rotas de navegação e comércio que ligavam o velho continente ao litoral attlântico. Esta niultiplicidade de rotas resultou das complementaridades económicas e das formas de exploração adaptadas. Sc é cei-to que estes vectores geraraiii as reFeridas rotas, não é menos certo que as condições mesológicas do oceailo, doiliinadas pelas correntes, ventos e tempestades, delinearam o rumo. As mais iinpostantes e d~iradouras de todas as tragadas neste inar foram sem dúvida as da Índia e Índias que galvai~izarani as atenções dos inonarcas, da população europeia e insular, dos piratas e corsários. A par disso a Madeira susge, nos alvores do século XV, como a primeira experiência d e ocupação ein que se ensaiaram produtos, técnicas e estruturas institucioiiais. Tudo isto foi, depois, utilizado, ein larga escala, noutras illias e no litoral africano c aniericaiio. O arquipélago foi, assiin, o cenlro de divergência dos susteritáculos da nova sociedade e economia do mundo atlântico: primeiro os Açores, depois os demais arquipélagos e regiões costeiras onde os porhigueses apartaram. A posição deinarcada do Mediterrâneo Atlântico no coinércio e navegaçiio allâiitica fez com que as coroas penins~ilaresinvestissein todas as tarefas de apoio, defesa e controle do trato comercial. As illias eram os bastiões avançados, suportes e símbolos da hegcinonia peninsular no Atlântico. A disputa da riqueza e111 inoviinento no oceano sucede na área definida por elas, pois para ai incidiain piratas e corshrios ingleses, franceses e holaiideses, ávidos das riquezas em circulaçno nas rotas ainericaiias e íiidicas. Uma das maiores preocupações das coroas peninsulares foi a defesa das enlbarcações que sulcava~no Atlintico, evitando o contacto com os corsários europeus e argelinos. A área definida pela Península Ibérica, CanLrias e Açores era o foco priiicipal de intervenção do corso europeu sobre os navios que transportavam açúcar ou pastel ao velho continente. A afirinação da Madeira resulta em muito do facto de ter sido o início cla presença poituguesa no Atlântico, e o primeiro e mais proveitoso resultado. Gaspar F r ~ l t ~ l o s o ~ ~ testeinunha este papel de âncora atlântico quando a í i m a ".,. que Deus põs no inar oceano ociclental para escala, refíigio, coIheita e reinédio dos navegantes..,". Vários são os factores que se conjugaram para esta situação. A inexistência de população, e111

consoiiância com a extreina nccessidade de valorização para apoio das navegações ao longo da costa africana, favoreccrain a rápida ocupação e crescimento económico d a Madeira. Por isso, a afirinação do arquipélago inadeirense, nos priineiros anos dos descobriineiitos, foi evidente: porto de escala o ~ apoio i para as precárias enlbarcações quatrocentistas, que sulcavain o oceaiio; impoi-tante área econóinica, foinecedora d e cereais, vinho e açúcar; inodelo económico, social e político para as demais ii~tervenções portuguesas no Atlâ~itico'~". O prolagonisino clas ilhas não se fica só pelos séculos XV e XVI, pois as navegações e explorações oceânicas lios séculos XVIII e XIX levam-nas a assuinir uina nova T~inçãopara os Europeus. De primeiras terras descobertas passarain a campos d e expcrin.ientac;iio e escalas retemperadoras da navegação na rota de ida e regresso. Finaliliente, no século XVIII desvendou-se uina nova vocação: as ilhas como canlpo de eiisaio das técnicas de experiinentação e observação directa, que coil-iandaina ciência das "luzes", e escala das constantes expedições científicas dos europeus. O enciclopedismo e as classiiicações de Linileo(1735) têiu nas illias Liin boin campo d e experimentação. O Iio~iieiiido séc~iloXVIII perdeu o medo ao inundo circundante e passou a oll~klo com inaior c~iriosidacle,deste modo con-10 doi10 da criação estava-lhe atribuída a inissão cle perscrutar os segredos. É este iinpulso que justifica todo o a f i cieiitífico q u e explode na cciltúria. A insaciável procura e descoberta da natureza circundante cativou toda a Europa, inas I'orain os ingleses que111 entre nós marcaraili preseriça, serido inenor a de fraiiceses e alemães'"'. Aqui são protagonistas as Catiárias e a Madeira. T~icloisto é resultado da Fuilção de escala h navegação e comírrcio no Atlântico. Foi também aqui que a Iiiglaterra estabeleceu a base para a guerra de corso no Atlântico. Sc as einbarcações de coinércio, as expedições militares cá tinha111escala obrigatória, iiiais razões assistiam i s viagens cientííicas para esta paragem obrigatória. As ilhas pelo eiidemisrno, própria história geo-botâiiica, levaram obrigatoriamente a este primeiro ensaio clas técnicas de pesquisa a seguir noutras longínquas paragens. As ilhas fòiain aiiida Liin ineio revelador da incessante busca do co1~11ecimeiilod a geologia e botânica. Instituições seculares, coino o Br~tishMziseunz, Lineur~Sooety, e Kcvv Gardcns, cliegarain a ei-iviai. especialistas a fazer recolhas. Os estudos n o doinínio tla geologia, botânica c flora siío resultado da presença fortuita ou iiitei~cional dos cientistas europeus. Estai-i-iosperante uina iiloda do século XVIII que levou a que algumas instit~iições cientílicas curopeias licassein depositárias de alg~iinasdas Colecções: O M Z ~ S E L I Britlinico, a U17iveli~i~/cr~Je de Kit'l, Uniilem~dndede Combridge, M~rseude (eiLstór4iu Nntzir.ol de P~rr-u.E, por ci, passarain destacados especialistas da época, sendo d e clcstacai Jolin Byroi~,Jaines Cook, I-Iuinbolt, Jolin Forstec A lista é infindável, c o m taiiclo-se, entre 175 1 e 1900, quase uina centena de cieiitista. Estáinos perante ui-iia riqueza liistorial q ~ i aiiida c não foi devidamente explorada e que aguarda por uiii esludo e valorização. Jaines Cook escalou a Madeira por duas vezes (1768 e 1772), nuina réplica da viagein cle circuiii-navegação, inas apenas corn interesse científico. Os ciet-itistas qlie o acoinpaiihaiam ii~troineterain-seno interior da ilha à busca das raridades botâi~icaspara classificação e depois revelação h coiilunidade científica. A tudo isto ír de refereiiciar a f~inçãode hospital para a cura da tísica pulmonar ou

de quarentena na passagem do calor tórrido das colónias para os dias frios c iiebulosos da vetusta cidade de Londres. Esta f~inçãocatapultou a ilha para tima evidente afirmação. O debate sobre as potencialidades terapêuticas da climatologia propiciou urn numeroso gnipo de estudos e criou uma escala de estudiosos, dentro e fora da ilha. As filas interminiveis de aristocratas, escritores, cientistas deseiiibarcaram no calliau e foram encosta fora à procura do ar benfazejo da illia. Vein daqui inuito do espólio que hoje está disponível na Cosa Mzzneu Frederico de F d t n s , Casa Mztsezr Bnrbeito de Vnscor~celose Biblioteca M~micipul. A Madeira recriou os initos antigos e reservou-lhe uin ambiente paradisíaco e calmo para o descanso, ou, como sucedeu no século dezoito, O laboratório ideal para os estudos científicos. De acordo com isso as illias toinarain-se no principal alvo de atenção de botânicos, ictiólogos, geólogos, o que levou Alfredo Herrcra Pique a considera-las "a escala científica do Atlântico". Forain os ingleses os prinieiros si descobrir as infindiveis qiialidades de clima e paisagem, e a divulga-las junto dos coiiipatriotas. E esta qliase esquecida dimensão da ilha corno n~otivodespertador da ciência e cullusa europeia desde o século XVIII que importa realçar. A Madeira parliu cle cainpo experimental dos descobrimentos para a afirmação, coin a filosofia clns luzes, como novo campo experimental de nova ciência que clesabrocha, mercê da nova f ~ ~ i i ç ãdeo escala das expedições científicas. Mais uma vez ficou demonstrado O activo protagonistiio da Madeira no devir histórico ocidental.. Para os navegadores do século XV aqiiilo que inais os einocionou foi o dei~so arvoredo, já para os cientistas, escritores c tleinais visitantes da ilha a partir c10 séciilo XVIlL o que mais chainou i atenção é, sem duvida, o aspecto exótico dos jardins e quintas que povoaram a cidade. O Funchal tratislòriiiou-se num vcrdadciro jarcliiii botânico. Na Europa os jardins botânicos coineçarain a surgir desde o século XVI. Ern 1545 temos o de Pádua, seguindo-se o de Oxford ein 1621. Ein 1635 o de Paris preludia a arte de Versailles ein 1662. Eni todos foi patente a iiitençtio de fazer recuar o paraíso'". As ilhas não tinham necessidade disso pois já o eram iialuralinente. Desde a segunda melade do século XVII qiie ii atitude do liorneili perante os plaiitas iiiudou. Em 1669 Robert Morison publicou Prnelztcii~rBota~zicn,coiisidcri~dacoiiio o principio do sistema de classificação das plantas, que tem ein Caii V011 Linné (Linnaeus) (1707-1778) o principal protagonista. Coiiteiiipor8neo clele é o Cointc de Buffoii que publica entre 1749 e 1804 a "Histoire Nal~irclle,générale ec parliculiére" em 44 voluiiies. Os jardins botiinicos do século XVIII deixaram de ser riina recriação do paraíso e passaram a espaços de investigação botiinica. O Kew Gardens eiil 1759 é a expressão disso. Note-se que Hans Sloane (1660-1753), presicleiite CIO Royal College of Pliysicians, da Royal Society of Loiidoi~e fiiiidaclor do British Museuiíl, esteve na Madeira no decurso das expedições que o levaraiii às Antilhas i~iglesas"'~. A aclimatação das plantas com valor ecoiióniico, ~iiedicinal011 ornainenlal assumiu cada vez inais iinportância. Alias, o interesse medicinal provocoii desde o século XVII o desusado e[~lpenlio"'~. Em 1757 o inglês Ricarclo Carlos Siliilh fiinda ao Fuiiclial uiil destes jardins onde reuniu vhrias espécies coin valor coiiiercial. Já eiil 1797 Doinirigos Vaiidelli (1735-1816) e João Francisco cle Oliveira no esludo sobre a flora apresentaram no ano iiiiediato uin projecto para uin viveiro de plantas, qcie foi

criado 110 Morite e iiianteve-se ate 1828. O Natnralista fiaiicês, Jeaii Josepli dlOrqriigny, que ein 1789 se fixou no Fuiiclial, foi o priticipal inentor da criação da Socie~luu'c.P u t ~ ~ ó t i cEcoi7Qinicc1, a, cz'e Co~rzkrcio,Agr.rc~iltl/~c~ Ciêt1cia.s e Ai.te,s, enipenhada rio estudo e div~ilgaçãoda Ciência, mas foi riin projecto efémero, i.iiercê da condenação ein 1792 do seu proinotor como nzuçorz. A ideia de progresso alia-se coin o conheciinento do meio natural que 110s rodeia"". De acordo com Elizabeth B. Keeneyl"Via Ainérica do Norte a partir de 1820 a Botânica tornou-se muito popular, fazendo surgii-a figura do "botaiiizers", isto é aqueles que por passateinpo se declicavaiil a colecção, identificação e preservação das espécies botânicas. A História Natriral era vista como um boiii exercício para a mente dos jovens"". Passados vinte anos o espectro i-iiudou no sentido da especialização sriigindo associações especializadas coino Srníthsonint~I1~.stitl/tioti(l846)e Ame~ircirl Associalion .for the Adi~nizccmci~t c!fScience(l848). Eiii Londres Iiavia tiveinos ein 1838 a Botaniccrl S o c i c s Clzrb. E111 França, por iniciativa de G. Saiiit-Milaire(l8051861), foi criada em 1854 a Socleté Níitioncrle cle Pi-otection de Iíi Nc7tui.e t't D 'occli~~zatczlion. Os franceses a pai-tir da obra de Buffon e Lamarckiaii foram os principais difusores da iioção e prática de acliinatização. Tudo isto se ligou directalilente c0111 O processo de coloiiização africana, assinalando-se no caso ii-aiicês o processo eiil curso na Argélia1"'.Augiiste I-Iardy é peremptório na aproxiinação: "it may be said that the whole of colonization is a vast deed of acclimati~ation"~"". Esta opqiio ganhou adeptos e111 tocla a Europa e iiiereccLi o seguinte con~eiitáriode Micliael Osborile"": "Tlie proliferatioii of acclimatizatioti societies and its empires at niidcentury indicates that acclimatizatioii stuclies were tied to tlie pan-European plienonienon of settlcr colonies". O ambiente cieiitifico europeu roi acolhido coni entusiasmo na Madeira. E I 1850 ~ i dc Jose Silvestre Ribeiro, então governador civil da Madeira, avançou coin ~ i i i plaiio criação do Gabinete de História Natriral, a partir da exposição inaugurada a 4 de Abril tio PaILicio de S. Lo~irenço.Mas foi tudo em vão, urna vez qiie a sua pariida em 1852 tudo se desfez. A 23 de Seteinbro de 1852 surgili a proposta de Frcderico Welwistschl'l para a criaçgo dos jardins de acliiizataçiío no Funchal c ein Luanda"'. A Madeira cuiiipriria o papel de ligação das colónias aos jardiils de Lisboa, Coiinbra e Porto. Este bolâiiico alemão, qtic lèz algiiiis estiidos eni Portrigal, passou em 1853 pelo Fii~iclial coin destino a Angola. A presetiça de outro aleinão na Madeira, o Padre Ernesto João Schniitz, coiiio professor do seiiiin8rio diocesano, levou i criaçiío ein 1882 riin Mztseu cIe Hi,stói*iaNcrtitr.ul, que liojc se eiicoiitra iiitegiado no Jardiiu botânico. Passado Liin século o inleresse pela criaç8o cle rim jardiii~botânico voltou a mereccr a atenção dos especialistas, ergiiendo-se eiii favor da criação na Madeira. Ein 1936 relere-se iitiia tentativa fr~istradnde uin Jc~izilm Zoolhgico e de Aclu17atrrp3o nas Quintas Bianclii, Pavão c Vigia, que contava corii o apoio do Zoo de H~niii~zirgo"~. Etn 1946 Aiitóiiio de Sousa da Cainata recoineiidava a criaçgo de ~ i mjarclim colo~iial.O al.~elode J. de Azeveclo Pereira1I4na "I Coiiferência da liga para a protecçiio da natureza" teve iepercussão nas autoridades locais. Em 1952 adquiriu-se a Quinta do Boiii Sucesso onde ticarain os serviços da Estação Agriria, iiias o objectivo era a criaçiio do Jarclirii Botânico qrie iiconteceii em 30 de Abril de 1960 por deliberação da Juiita Geral do Disti.ito Aritórioiiio do Fuiiclial. Isto e o corolário da defesa secular das

condições da ilha para a criação e a dei~ionstraçãoda impoi-tâticia científica revelada por destacados iiivestigadores botânicos que aqui procederain a e s t ~ d o s " ~ . Ein qualqlier dos niomeiitos assinalados as illias cuinprirain o papel de ponte e ineio de adaptação da flora colonial. Os jardiiis de aclimatação foram a moda do inoniento e entre 116stivera111por palco as ainplas e quintas paradisíacas. O Marquez dc Jácoine Correia1'5dentificaas do Palheiro Ferreiro e Magnólia coiiio jardins botâilicos. Estas í'oram viveiros de plantas, hospital para acolher os doentes da tísica pulliionar e outros visitantes. O deslumbramento acoinpai~l~ou o iiiteresse científico e conviveii lado a lado coin as initmeras publicações do século XIX que o testeinuiiliain. Os jardiiis, através da liarrnaiiia do aivorcdo fiomloso e das garridas cores das Llorcs tiveram nos séculos XVII c XVII1 um avanço evidente. Os bosques deixara111 de ser espaços de maldiçHo e as árvores entraram no quoticliaiio das classes altas, aliilliiitido-se ein tilas para dar acesso à casa de moradia. Os jardiils adqiiiriraiii a diiiiensão de paraíso bíblico, de espaço espiritual e a expressão do doriiínio do Hoinein sobre a Natureza1". Note-se que na Inglaterra do século XIX os jardins e as flores se tornam niiiito p o p i ~ l a r c sEsta ~ ~ ~an~biênciachegou à ilha através dos inesiiios súbditos de Sua Majestadc. As ilhiis exerceraiii uni fascíiiio especial sobre todos os visitantes e parece que iliiiica perderam a iinortal característica de jardins h beira do oceano. Deste moclo podereinos alíriiiai; coin propriedade, que í'orain as illias jardins e que os jardins colitiiiuain a scr o encaiito dos que as procuram, sejain eles turistas ou cientistas. A História do Meio Alnbieiite e Ecológica veio fazer apelo de novo ao pioneirisino cln Madeira, naqiiilo qiie o devir inostra a gesta europeia deslniidora do iueio eilvolveiite. O processo de expansão europeia não se alirmou a l m a s pela iiovidade de descoberta de novos iii~indos,tnas tainbéin pclos efeitos destrutivos da presença do eiiropeu sobre a Ijuiia c flora dos novos espaços. Tiido isto foi coilseguido por exigeticias das Icis do iiiercado de então que defiiiiraiii uina eslnitura de nonoc cultivo e exploração intensiva do solo, através de cirlt~irascom elevado reiidiineiito económico, c01110 foi O caso da cena de açiicar. Da leitura dos clássicos e tla produção bibliogrhfica recente releva-se a situação particular que toca de novo ao arquipélago da Madeira. A Madeira não se posiciotla apciias nos anais da I-Iistória Universal coiiio a priiileira área de ocupação atliiitica, pioiieira tia cultura e divulgação do açúcar ao Novo Mundo, inas tainbém con~oo priiiieiro exemplo dos efeitos nefastos dc uma cxy>loraçãoiiitensiva"". A expaiisão europeia não se rcsuinc apciias ao encontro e desencoiitro de Culturas, iiias tainbém niaica o início de uin processo de trai~sforiiiaçSiOO L ~degradação do iiieio. O europeu carrcga consigo a fauria e Ilora do seu coiivívio e com valor económico, que irão provocar prof~ii~das mudailças 110s i~ovosecossisteinas. Coin isto acoilteceu cliie o espaço vivido e iiatural se utliversalizou. Nos séculos XV e XVI forain as viagens cle clescobriinei~to. ciiq~iaiitoiio séc~iloXVIlI tivemos as de exploração e descoberta cla natureza coinandadas por inglcses e franceses. A consciência ecológica do Iioinein Iiodieriio serve de apelo a esta viragem regrcssiva i I-listória da i-lumanidade. O preseiite actua assiin coili expressão incdihtica para a rlescobcrta desse passado que pocle ter alguiii efeito pragmático nas actuais poIiticas de defesa do ainbiente, parsi que se alcance o liiniai do século XIX com inais e iilel-

hor ambiente, preservando aquilo que os nossos antepassados nos legarairi O TURISMO E A DESCOBERTA DA NATUREZA. A partir da segunda metade do séciilo dezoito foi a revelação da Madeira como estância para o turisino terapêutico, inercê das eiitão consideradas qualidades profiláticas do clima na cura da tuberculose, o que cativou a atenção de novos foi,asteiros. A tísica propiciou ao longo do século dezanove o convívio coin poetas, escritores, políticos e aristocratas. Não obstante a polémica causada cm toriio das possibilidades do sistema de cura a ilha permaneceu por muito tempo corno local de acolliiinento de doentes, sendo considerada a priineira e priiicipal estância de cura e convalesceiiça do vellio continente. A pieseiiça, cada vez mais assídua, destes doeiites que provocou a necessidade de criação de infra-estnit~irasde apoio: sanatórios, Iiospedageiis e agentes, que serviraiii de interinedihrios entre os forasteiros e os proprietários de tais cspaços de acolhirueiito. Este íiltiii~oé o prelúdio do actual agente de viagens. O turisino, tal coino hoje o cntendeiiios, dava os primeiros passos. Coiiio corolário disso estabeleceram-se as primeiras i~ifra-estruturashoteleiras e o t~irisinopassou a ser liiiia actividade orgariizada coin urna f~inçãorelevante na ecoiiomia da illia. Mais uma vez o inglês foi o protagonista principal. A forte afliiência de estrangeiros coincidiu coin a época de euforia da Ciência nas Acadeinias e Uiliversiclades europeias. Desde finais do siculo XVTI as expedições científicas erani coinuns e o Funclial foi uin porto f~indaiiientalde escala, para iiigleses, franceses e alctnãs. A fiiiição do Funchal coiilo porto dc escala das navegações oceânicas e estSiiicia de turismo terapêutico contribuiu para valorizar o papel da ilha c justifica os iiiíiineros estudos cieiitíf~cosou de viagem. O Turisiilo caminliou lado s i lado coin o viiilio e o aparecimento rle ilovas actividades. A viiilia persistiu lias latadas e fez-se coinpanlieiro CIOS viiiieiros e bordadeiras. Esta hariiionia iiiarcliou a favor da ilha e tornou possível a existêiicia de várias 1Bi-mas de actividade que garantiram a sobrevivê~icia.A variedade foi a receita certa para niaiitei de pé por algum teinpo a frágil economia insular. Na década de quareiitii defiiie-se o "coinércio, a navegação o tiirismo, os graiides prop~ilsoresdo deseiivolviinento ins~ilar".As actividades ein torno da obra de vimes e bordados tiveram nos estrangeiros priiicipaliiieiite ingleses os principais proinotores. A priineira iiietade da presente c~ntíiriafoi marcad:~por prof~indasmuclaiiças na ecorioiiiia inadeireiise. Primeiro as guerras inuiidiais ( I 9 14- 19 e 1939-45) e depois os problemas políticos e ecoilóinicos inarcaraiii este inoinento negro da vida inadeireiise. A guerra evidenciort a fragilidade da ecoiioiiiia da illia e evidericio~i a extreiila (lependência do mercado externo. Os probleinas ecoiióiiiicos arrastasaili coiiv~ilsões sociais que se misturaram coiii as polilicas. Assim, tiveinos eiii Fevereiro de 193 1 a Revolta das Fariiilias, a que se seguiu eiii I936 a Revolta do Lcile. Para iiiuitos madeireiises a solução foi a emigração para o Brasil, Veiiezuela, USA, Cuiaçau. O Brasil coniinuava a ser o iiosso El Dourado. A einigração fiiiicioiiava cm todos os tempos coiii válvula de escape para a miséria da sociedade. As medidas clo governo, coin a Coinissão de Aproveitaiiientos I-lidraulicos e as iniciativas qiie promoveu atenuara111 para algumas fainilias os efeitos cla crise. Começava um plano de fomento de infra estruturas coiisideradas priinordiais para o progresso da ilha. A rear-

ganização do sistema de regadio, que através de novas levadas iria pesnlitir urn maior aproveiiaiiiento agrícola, o delinear de um plano viário, que possibilitou a aproximação das diversas localidades da ilha e um progresso har~nonioso. No passado foram as condições do ineio que fizeram da illia uin dos inotivos priiicipais de atracção turística. Hoje o turista é outro e por isso também as exigências são diferentes. Assiin aos motivos ainbientais aliam-se os culturais, passando os dois a andar de braço dado. É a simbiose do "grand tour" europeu com o turisino terapêutico insulas. A ilha continua a fascinar cientistas e visitantes. O clima, o eiideinisino, as particularidades do processo Iiistórico, a evidência na História do Atlântico fazem dela, ontem como hoje, uin pólo cliave para o co~iliecirilentocientífico. Hoje a ilha é tema de debale nos diversos areópagos cieiitíficos e cada vez mais se sente o apelo da comunidade cientifica para o conhecimento e divulgação. Esta realidade vai ao encontro do que Foi a História do arquipélago. Na verdade, o processo histórico da ilha, relevado qliasc seiupre pelos aspectos econóinicos e sociais, esquece unia componeiite fiindainental do nosso contributo: a inovação e divulgação tecnológica que transforIIIOLI a rotina das tarefas ecoi~óinicase revolucionou o quotidiano dos nossos avoengos. Mais do que isso, o rnadeirense, além de exímio inventor - na inevitável tarefa de encontrar soluc;ão para as questões e dificuldades do dia a dia -, foi tainbéin uin eficaz divulgados da tecnologia. A Madeira foi a primeira terra revelada do novo mundo, escala para a navegação e expansão dos produtos europeus i10 inundo atliintico. Com o século XVIII a ilha transfoi~tia-seem escala obrigatória das expedições cientificas que fizeram saciar a curiosidade inata do I-Ioinein das Luzes. Este protagonisn~oevidente da Madeira condicionou a evolução do quadro natural e a relação do niadeirense. No primeiro inoinento a ganância do lucro atiroii os colo~iospara uina exploração intensiva do solo, procurando exaiirir o máxiino das suas riquezas. O desequilíbrio entre a permanente solicitação de ~ i mcada vez iiiais vasto iiiercado externo e as liinitadas capacidades dos recursos naturais da ilha eram evidentes e arrastaraiii-na rapidameiitc para uina sitiiação de rotura. Primeiro foi a crise da produção cerealífera a que se seguiu a da cana sacarina, todas elas em ultima estância resultado do esgotaineiito dos solos. Perante isto, nuiii ápicc a floresta deu lugar aos poios e as culturas que depois fizeratii surgir o espectáculo desolador dos ten-enos inférteis abandonados. A viragem ocorre a partir do século XVIII, sewiiido-se mais uma vez da íntima aliança da ilha aos iilgleses. As enibarcações deste reino trouxeram-nos as plantas exóticas para rccobrir o solo e os visitantes ávidos de coiihecê-Ias. Assiin se avançou rapidainente para unia política de reflorestação quc einbclezou a cidade e arredores de espécies exóticas e povoou as escai-pas escalvadas de pinheiros, eucaliptos e castanIieiros. Taiiibém a curiosidade e espírito científico que inarcou o mundo britânico desde o século XVIII teve os seus reflexos na ilha, provocando uma procura, descoberta e estudo do mundo vegetal e minial da ilha. Este espírito científico cativou tainbéin os madeirenses e levou-os a coiisiderarein o quadro natural de forma diferente, fazendo frutiiicar o actual espírito ecológico, que rapidainente se transforiíio~i numa moda do inundo actual.

CIENTISTAS ESTRANGEIROS NA MADEIRA sÉcs. xvi-xx12í' 1601: Jran Mocquet[1575-?I. viajante francès, que deixou impressdes da sua viagem em Iii~(~yr,s eu Apiqrie, Asie. Indes Orienloles e1 Orridenrnle.s(I 6 17) 1687: D r Hans Sloane[l 660 17531, médico c nahiralista hritánico 1696: Rev. John Ovington. capelào Real e escritor hritánico 1720: John Atkins. médico naval e escritor hritaniC0

174i1: G e o y Anson[lh97-17621, corsário, navegador hritjnico. Autor do livro: Vobuge Rofind lhe World ( 1748) 1751: Dr Thom. Hcberden. cientista britanico 1755: J. de Bory. cientista, explorador e escritor 1764 Comodoro John Byron. navegador e explorador hritánico 1760: Samuel Wallis[1728 951. oficial de marinha. cientistl. Entre 1766 e 1768 Tez viagem de circun-navegacão no HMS Dolphin Capitain Philip Caneref[?-17961, célebre navegador ecicntista británicoqueacompanhou a viageni de John Byron em ( 1 7 M )

1768: Ch. Green. astrónomo hrilanico Setcmhm.l3. Ancorou ao Funchal James Cook[1728-791. em viagem dc circum-navegatão a bordo do navio Endeavour Joseph Banks. hntánico inglès Dr. Daniel Solander, naturalista sueco 1772: Segunda passagem de James Cmk[17211 791 pela Madeira, sendo a descricão da Viagem da Autoria de George Fonter em Vqjage mrrueguês 1816: Cap. J. K. T~ickey,cientistzi britâiiico 1817: Karl Friedcricli Philip von Martiiis[I79418681, botânico gerinâiiico. Na o b n Reise iii Bi~osilioi (1823) refere algliri-ias espécies botânicas. João Baptista Eniiiiitiel P«Ii1[1782-18341, botânico e explorador austrítico publicou livro coin reFert.iicias d Madeira: 12eise iiii Iriiicin von Brasilieii(l832) 1820: João Coiirado de i-IasseIt[1797-18231, aleinão, fez estudos de Cicniias naturais rio arquipélago, deixando desenhos das Desertas, P. Saiito e costa da Madeira. Henrique KiiIi1[1797-182 11, oniit~logo alemlo, recollieii plantas na illia coiiio se vê do seu traballio: Flura o ~ / e rBotnniscke Zeirirng ( I82 1 ) 1821: Giuseppc Raddi, botliiico itiiliaiio 1822: Di: l'iarks, cientista britânico 1823: Prol'. Karl Mayer, geálogo gcrniaiiico T. E. Ro~lwicli,iiaturalista hritâiiico 1824: Dr. CC II-eiiieken, especialista pulnioiiar britaiiico I825: Kir-vaii, iiatiiialistn, meleorologisia H. Nelson Colcridge, cscrilor britdnico 1826: Di:Rciitoii, Médico, escril~irbritânico Rev. '~lioniasLowe, sábio nutunilistii britâiiiC0

1827: Christian Frctleric I-loll [ I 794-1 8211, botâiiico gcriiiânico. Coin virios estiidos osbrc a botânica da Mndcirn Rev. Janies Biilwer, tleseiiliista britânico 1828: Pliilip Bakcr Webb [1793-18531, bolanico

1840:

1841:

1842: 1844:

1845:

1846: 1847:

1848:

britânico W. P. Canniiig, ofic~aliiiarinha britãiiica M. Rayniond Briicker, escritor fraiicês Dr. J. Mniisoii, iucdico e escritor britâiiico Conie de Bediiiar, geólogo dinaiiinrqiiês Sir W. Jardin, aristocrata e oriiitogista britânico Dr. Ciiarles Lemaiin, botânico britâiiico J. D. Dane, geólogo britâiiico Jolin Drivet; escritor britânico Dr. Julio F. Lippold [1788-18521, botânico iileinllo, fez recolha de plantas para Iierbário Tenente Charlcs Wilkes [1798-18771, alicia] de Marinha norte aiiiericaiia e cientista Sir Jaines Clamk Ross[1800 621, cientista e oficial da Maritilia britlnica Dr. Jarnes Macaulay, cieiilista e escritor britânico Jaines Smith, geólogo britânico W. Wliite Cooper, escritor britanico Zwinko Joksiinowilscli, paleontologists polilco Dr. Carl«s Guillieriiie Emilio Kaiiipfer [1803-18481, cientista e escritor aleiiilo Dr. George Carl Friederiocli Tains [181318631, iiiédico c escritor alemão Jíilio Rodolfo Tcodoro Vogel [1812-184 I], botâiiico alemlo, recollieu plantas para herbáiio ein expcdiçno ao Rio Níger. Ciip. Vidal, oficial da Marinha e escritor Iiritânico Anclrew I'ickcii, artista britânico Dliilcan Maclarcn, escritor brilâriico Cliiirles dc Tryoii Montaleinberte, político c cscrilor Jeiine Wallas Penfold, botânica britânica Dr. Scliineller, escritor alem30 Rcv. Jolin Mason Neale[1818-1866], imiiiiologista c pastor britânico Guillieriiie Frederico Jorge BEI-íN, iiiédico c nat~iralistaalciiião Til« Oiiiboiii, escritor italiano Johii Osboriic, escritor britânico T. Vermon Wallastan, naturalista britânico Rev. W. Marcoui t, ineleorologista britânico Erluiirdo Hildebraiidt[l817-186x1, piiitor alenilo. Registou alguns inotivos da Miideira. Ctiarles Mac Euen, ineleorologista atiierican« Frank Dillon, escritor e artista britânico A. Few, escritor britaiiico E Kcnwortliy Brown, escritor britâiiico Dr Georgc I'eacock [1791- 18581, tcólogo c

Do ÉDENA AKCAIIE Noh astriirioiilo gcrriiâiiico, ~iiihlicoiieiii 1 X50 o e crnd ~LJI (~f'lniicl livro: On d ~ ,Igi~icril/~~i~i. i11 hfLlc/ei/~[l 1849: Diic tlc Leiiclitciibcrg, I'riiicipe c oticiiil dii Mariiiha aleiiiã Sebastião Fisclicr [I806-1 87 I], incdico iiatiiralistn aleiiião. Fez alguiis cstlidos sobre os cr~istáceosda Madeira. 1x50: Prol.. J«:iiii Crist. Albers, riatiiralista aleiiião Robert Wliite, escritor britãiiico Eduard Veriioii d'i-larcorirt, ot.iiitologista c escritor britdiiico Dii Oswalcl I-lecr [ I 800- 18831, botãtiico c ptileciiitolog» suiço, Iez vários cst~iilossol-ire ii lii~iiia c geologiii da illia Jaiiics Ytile Joliiisoii, nat~iralistabriiânico Eiigcne E. G. Joiies, escritor britríiiico Joliii Dix. escritor ainericaii« Di:I! Gniiiici;tiii.dico e csciit»r IkiicEs D. Iiaiiioii Mnsfcri.er y Art~iiiiibiiii, iiiitlico esy>aiiliol Joaiii C'liristopli iillicrs [ 1 705- 1857], iiiétiico e iiaiiiralist~i aleiiião. Pobliciiii iClrilcicog~,rl/~liiri A/f~iilo.cnsi,s( 1854). cai.10s. .Iorge Prcdcrico Hrirliiiig, gc6logo

I85 1: 1852: 1853:

1x54:

1855:

rio17 Joào Ci~iillieriiieItcisz [ I 838-IOOX], geólogc aleiiiào, prow(Icu i reccillie tle tosseis in~iriiiIios de ~ L I Cp ~ i h l i c oc111 ~ i estiiclos. Aug~isloDavid Kroliri[l X03-I XO l 1, zoOl»g« cileriiâo IX56. J. M . Zieglei;geólogo bi'itdiiico D. Arcliibald Colq~ilioiii Ross. m6dico brit2iiico 1857: N. I~laslopi\iliiiisciri, botãiiicii hrit2iiico Cuiuotl. Wclleratort' Urbaii;cieiitista aiistriic0 Di Fcrdiiiaiid Riltcr voii Hnclisietter, ge6logo aiistrinco, piiblicoii ciii 1861 o livro Mitcleirn Vortrag. Ricliartl C. Siiiitli, hotdiiico briiiiiiico 1858: Gecirgc BiislH~astiaii[I82619051. expcdicioiiisk aleiiiàii I-ieriiiaiio I-lciiriqiie Aug~islo Luis Soyaiix I 1888: [1852-1, botiiiiico alenilo Sir Williaiii Toiiipsori-Lord I i l l ~ l i i oj'Cii~ilizafioit,Caiiibridge, MA: Ilarvard UI: 1989. R. G. Albioii, Fot.cr.i.s 01ld Seu Pniver: Tlie Tittil~crPiaDleiii of r/ic R(1~ur1Ncii!~ 1652-180, Cainbridgc Mnss., IO26/I-Iaiiidcii,Cooii. 1926.

I'ERLIN, .l»liii, il 170r~esl .Jortrriqv: Tlte Role c?f bI/oocl i11lhe D e i ~ e l o ~ ~oJ.Cii~ilizoiiot~, ~tt~~t/ Cbiiiibridge, MA: I-lkiiviiid UI, I ')HC)-I 901. p. 175-176, 266; M. Williains, Atriericrtii.s ortcl Tlieii Foresls: il Ili.s/or+ictiGcc~gtur~~l?i>, Çiiinbridge, 1989, p. 82-1 01, S. S. I1yiie, 1ir.c i11 Arttct~icci:A Ctt/l~rr.nllii,r/ot:il qfI.Vi/c//tincl íinrl Rtt1.~1I.?t.e. Princetoii:Priiiccto~i Uiiivcrsily I'ress, 1082, p. 124. CI.. Elioiior C;. I~e>~tril cotlseqiiences offhe conc,ites/ of n/1i:i.ic3o, N. York, 1904, 11.88 Itt1/)~~i(l/iSltto c~o/(j~$'i~o- tr c~~irtrniio biolrjgim r/cr ctiiopct. 9()0-/9/)[), S. Paulo, 1993, 87, 238 l-irs~e~l~t.~, est.5, caiiti) V, 1 (13 i M. Wiliiiiiiis. ihiclc~ti~; W. L)caii, A ,fi~t.tae /bg(~.A AIi.si
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