Do vôo possível: arte, formação e liberdade

September 30, 2017 | Autor: Luciane Goldberg | Categoria: Arts Education, Arte Educação
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Ercília Maria Braga de Olinda. (Org.). Medida Socieducativa de Internação: Educa? Fortaleza: Edições UFC, 2013, p. 331-352.

Do vôo possível: arte, formação e liberdade Luciane Germano Goldberg Universidade Federal do Ceará [email protected] O educador que não faz tudo o que pode, agora, no plano da educação escolar - que é o plano mais geral e decisivo - que deixa passar o momento oportuno, quer por indiferença, por cansaço ou por negligência, contribui para manter a banalidade do mundo, a mediocridade do homem, a insignificância da vida. Bem entendido, tudo isto é condizente com uma ordem que está sendo mantida: nivelamento integrador, normalizações em todos os sentidos. Mas então, por que pretender que somos educadores? Em nome de que futuro humano? Em nome de que adiamento? Em nome de que desvio das razões de existir? (FORQUIN, 1973, p. 48)

Este texto vem refletir sobre que contribuição teria a Arte para jovens em conflito com a lei, cumprindo Medidas Socioeducativas privados de liberdade. Deveria ser óbvio que, junto ao direito à educação que esses jovens têm, seja nas escolas regulares ou nas unidades educacionais, a Arte fosse um elemento presente no seu cotidiano, como agente potencializador de suas singularidades, da busca de sentido para a vida que, em virtude das trajetórias de cada um, certamente se perdeu pelo caminho. No entanto, se já não contamos com a presença da Arte em boa parte das escolas regulares, o que pensar a respeito do que é oferecido nas instituições em que são internados? Como levantar questões relativas ao ensino de Arte numa sociedade que a vê como desnecessária e supérflua? Em que medida a Arte se tornaria estratégia pedagógica nesse contexto de limitações a que os jovens em conflito com a lei são destinados? Como, em meio à precariedade educacional oferecida, na escola pública ou nas unidades educacionais, podemos garantir um espaço para a criação e a expressão que vá além da reprodução ou do emblema da geração de renda? Se o objetivo das Medidas Socioeducativas aplicadas aos jovens infratores é pedagógico, no sentido da chamada “ressocialização” ou “reinserção” enquanto um direito previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, a educação deveria ser o processo mais intenso e significativo de reinserção deste jovem à sociedade, mas como se dá essa educação? Que tipo de educação é essa? O que proporciona? Que sentido trará para a vida desses jovens? A grande maioria dos jovens já estava à margem da educação regular, ou seja, já não via sentido na escola e no futuro por ela prometido, buscando caminhos alternativos e expressando, consequentemente, a violência gerada pelas desigualdades sociais de nossa sociedade capitalista. Quando o projeto educativo não condiz com o objetivo principal a que se propõe, o esforço falha, ofuscando a esperança e mantendo o estigma, impedindo que tais jovens retornem à sociedade mais plenos, mais conscientes de sua situação e, principalmente, com coragem de enfrentar os espaços e hábitos antes responsáveis pela sua própria criminalização. Qual o sentido da privação de liberdade senão o de promover uma oportunidade à autoformação e à reflexão da condição social a fim de apontar outros caminhos e oportunidades? O aprendizado de um ofício é suficiente? A alfabetização, tão essencial, é a solução? A retirada do jovem do seu cotidiano marcado pela violência e pelo uso de drogas? O que dizer das marcas, dos traumas e da violência a que certamente foram e 331

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têm sido submetidos desde o começo de suas vidas? Como devolver a eles próprios a autoestima, a crença num futuro mais promissor numa sociedade capitalista excludente e produtora da miséria social? Sendo a Arte, considerada elemento potencializador da expressão e da criação, oportunizadora do autoconhecimento e do desenvolvimento de uma consciência mais crítica e mais sensível, poderíamos apostar na sua presença como elemento detonador de reflexão e de processos de singularização na busca de sentido para a vida? Garantir o acesso à Arte ao jovem, enquanto criador e espectador, nas suas mais variadas expressões, levaria estes jovens à sua autoformação, à descoberta sobre si mesmos, à tomadas de consciência, capazes de levar a uma implicação com a mudança necessária, a uma responsabilização com seu processo de retorno ao cotidiano? Constatou-se, por meio de pesquisas e estudos sobre a educação nos centros educacionais que cumprem Medidas Socioeducativas do município de Fortaleza, que a presença da Arte está atrelada, quase que diretamente, aos trabalhos manuais e ao artesanato (carpintaria, cestaria, corte e costura, crochê, produção de bijuterias, etc.), o que nem sempre permite a livre criação, estando pautada, basicamente, na reprodução de modelos já pré-estabelecidos. Sem menosprezar tais atividades, que são extremamente válidas e que trazem variados benefícios, o que vimos defender aqui é o direito à Arte enquanto criação e expressão livres do sujeito, como um espaço de constituição de voo, de liberdade, de singularidade e de autoconhecimento. Uma questão significativa que deve ser observada quando se trata do ensino de Arte é que, seja no ensino regular ou na educação oferecida ao jovem nas unidades de internação, constata-se a falta de formação da maioria dos educadores para trabalhar Arte. Como proporcionar a formação desses educadores? Como fortalecer a importância da Arte para a formação dos jovens? Há que se detonar processos de construção de novas visões pedagógicas em que a Arte integre os projetos de intervenção enquanto elemento essencial na formação rompendo com o estigma que a arte-educação carrega historicamente. Numa sociedade em que a Arte é considerada algo supérfluo, sem importância ou utilidade, defender seu espaço faz parte de uma militância política pelo direito que crianças e jovens têm de acesso a ela enquanto área do conhecimento essencial para o desenvolvimento humano. Na sequência e, não menos importante, é preciso destacar o direito que os jovens têm à Arte também enquanto espectadores. A experiência estética, proporcionada pelo contato com a Arte, permite o desenvolvimento de um olhar sensível diante do mundo, proporciona um sentido para esse estar no mundo, voos intensos e possíveis. Quando vemos um filme, ouvimos uma música ou vemos uma pintura nos encontramos com instâncias sensíveis do nosso eu que nos levam ao êxtase, ao sublime e ao intenso, ou seja, àquilo que nos torna definitivamente humanos, no que temos de mais único e especial. Assim, vamos dialogar aqui sobre o espaço que a Arte deve ocupar na educação dos jovens em conflito com a lei que estão sob a égide das Medidas Socioeducativas, no sentido de revelar sua importância e necessidade, bem como reivindicar um direito, o direito ao voo! Do direito ao voo! A arte é a prova viva e concreta de que o homem é capaz de restabelecer, conscientemente e, portanto, no plano do significado, a união entre sentido, necessidade, impulso e ação que é característica do ser vivo. A intervenção da consciência acrescenta a regulação, a 332

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capacidade de seleção e a reordenação. Por isso, diversifica as artes de maneiras infindáveis. Mas sua intervenção também leva, com o tempo, à ideia da arte como ideia consciente – a maior realização intelectual na história da humanidade (DEWEY, 2010, P. 93).

Sabe-se que todo o indivíduo ao nascer possui características próprias e potencialidades infinitas a serem desenvolvidas e aperfeiçoadas. Segundo Read (1958), existem duas possibilidades com relação à educação e ao desenvolvimento dessas potencialidades. A primeira hipótese é a de que o homem deve ser educado para chegar a ser o que é, afirmando que cada indivíduo nasceu com determinadas potencialidades, que têm um valor positivo e que é seu destino desenvolver essas potencialidades por si mesmo, permitindo uma variação infinita de tipos. A segunda hipótese é a de que o homem deveria ser educado para chegar a ser o que não é, afirmando que sejam quais forem as características que o indivíduo possa ter ao nascer, é dever do educador irradiá-las. Sendo assim percebe-se a responsabilidade da educação em transcender as transformações do indivíduo, agindo como catalisadora dos processos mentais mais profundos, ligados ao desenvolvimento do espírito. O mesmo autor afirma que educar é encorajar o desenvolvimento das qualidades espirituais, acreditando na Arte como base para educação (GOLDBERG, 1999). Ao pensarmos na relação entre Arte e Direitos Humanos temos dois caminhos: o direito à expressão, o direito à Arte e o acesso à cultura e as questões pedagógicas, que envolvem a contribuição da Arte para o aprendizado a respeito dos Direitos Humanos e do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA1. Segue a menção à Arte e Cultura como direitos, no texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos e no ECA: Da Declaração Universal dos Direitos Humanos: ARTIGO XIX Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. ARTIGO XXVII 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Do Estatuto da Criança e do Adolescente: Capítulo II - Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade: Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: 1

Trechos retirados de aulas elaboradas para material da disciplina Educação em Direitos Humanos do curso de Pedagogia a distância UFC/UAB.

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II - opinião e expressão; Capítulo IV - Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer: Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura. Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

A partir dos destaques em ambos os documentos legais, podemos observar que, tanto deve ser garantido o direito à fruição – contato com obras de Arte enquanto espectador, importante para a educação estética, (obras de Artes Visuais, Dança, Teatro, Música, Literatura, etc), quanto o direito de expressão e criação por meio da Arte, com respeito ao potencial de cada um. Aqui temos duas instâncias importantes da formação artística do ser humano: a criação e a fruição. Nesse horizonte, a Arte se configura como um elemento de formação, de reconhecimento de si como um ser singular, único e especial que possui um universo subjetivo próprio e capacidades que devem ser desenvolvidas e respeitadas. O direito à Arte, na perspectiva da criação é essencial para o desenvolvimento pessoal nos aspectos afetivos, cognitivos, sociais e culturais. Como citado anteriormente, para Read (1958), a arte deveria ser a base de toda educação, pois está profundamente envolvida no processo real de percepção, pensamento e ação corporal. Ele ainda afirma que, sem este mecanismo, a civilização perde o seu equilíbrio e cai no caos espiritual e social (p. 27). Duarte Júnior (2001) afirma que é através da arte que o indivíduo pode simbolizar mais de perto o seu encontro sensível com o mundo (p. 22): A arte não estabelece verdades gerais, conceituais, nem pretende discorrer sobre classes de eventos e fenômenos. Antes, busca apresentar situações humanas particulares nas quais esta ou aquela forma de estar no mundo surge simbolizada e intensificada perante nós (DUARTE JÚNIOR, 2001, p. 23).

Para Lowenfeld e Brittain (1970), o crescimento mental de um indivíduo depende das relações ricas e variadas que mantém com o meio que habita, sendo estes os ingredientes básicos estimuladores à criação artística: Um dos ingredientes básicos, de uma experiência artística criadora, é a relação entre o artista e o seu meio. Pintar, desenhar ou construir são processos constantes de assimilação e projeção: absorver através dos 334

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sentidos uma vasta soma de informações, integrá-las no eu psicológico e dar uma nova forma aos elementos que parecem ajustar-se às necessidades estéticas do artista nesse momento (p. 16).

Considerando que sofremos as mais variadas influências dos meios que habitamos, de forma direta ou indireta, a Arte é capaz de reunir essas representações mentais e transformar essas potencialidades em objetos concretos e importantes em si mesmos, capazes de interagir e proporcionar, ao criador e ao espectador, sentidos e vivências diferenciadas e significativas para sua própria existência. Rubem Alves in Duarte Júnior (2002), afirma que a questão não é somente incluir a Arte na Educação, é repensá-la sob a perspectiva da arte, como uma atividade estética, sempre com um fim em si mesma, muito ao contrário do ensino de Arte que se tem na escola ainda hoje, onde ela está sempre a serviço de algo, como ilustração ou acessório. Loubet (1979) complementa que: Cabe ao educador hoje o papel aparentemente subalterno de instigador, de detonador de potencialidades do educando. Só na medida em que consegue descobrir o encanto do insólito, velado sob o manto do habitual cotidiano, é que a arte atinge sua significação plena. É só na medida em que levamos a outrem a se tornar autor, seja de “obras” ou de sua própria vida – a maior de todas as obras – podemos acreditar na tarefa da educação (p.27).

Laterza (1995) também propõe uma revalorização da educação artística nas escolas, para que o aluno possa, a partir dela, respeitar outros valores, como os morais, históricos e sociais: Se o aluno se capacita a respeitar os valores da beleza, ele ganha um pouco de si mesmo, ele encontra alguma coisa que satisfaz seus sentimentos mais profundos. Daí, a educação artística não ser uma coisa acidental nem eventual, secundária. Não se tem educação sem a formação do gosto estético, o reconhecimento do valor do artista, o desenvolvimento da emotividade – da afetividade – da memória nesse campo absoluto da arte. Então, a primeira coisa é dar mais ênfase à educação artística (p. 12).

Tendo em vista estas colocações podemos então pensar no papel do ensino de Artes para a formação integral dos indivíduos, como um direito que se têm ao desenvolvimento da capacidade criadora, única e singular em cada um. Daí a Arte ser uma importante área do conhecimento para a Educação em Direitos Humanos. Read (1958) afirma que o objetivo da educação pode ser o de desenvolver, ao mesmo tempo em que a singularidade, a consciência social ou reciprocidade do indivíduo, tendo em vista a importância da singularidade do indivíduo para a comunidade: Pode ser apenas uma maneira singular de falar ou de sorrir – mas isso contribui para a variedade da vida. Mas pode ser uma maneira singular de ver, de pensar, de inventar, de expressar o pensamento ou a emoção – e, nesse caso, a individualidade de um homem pode ser incalculável para toda a humanidade (p.18). 335

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O processo educativo não pode ser apenas de individualização, mas também de integração, reconciliando a singularidade individual com a unidade social, pois o indivíduo se realiza dentro da totalidade orgânica da comunidade: “O seu toque particular contribui, embora imperceptivelmente, para a beleza da paisagem – a sua nota é um elemento necessário, apesar de não ser notado, na harmonia universal” (READ, 1958, p. 18). Será que podemos entender porque a Arte é algo importante para o ser humano, para sua formação, seu processo de autoconhecimento e conhecimento do mundo, para o desenvolvimento de uma consciência crítica e sensível? Podemos perceber então que a Arte é elemento de transformação, seja para o criador, seja para o fruidor no contato com a matéria sensível do mundo, catalisando potências e expressando o que há de belo ou de terrível, levando à reflexão, ao questionamento, à invenção, à possibilidade de voar mesmo engaiolado? Do que é supérfluo-essencial: arte para que? Ao defendermos a Arte como elemento essencial para a educação dos jovens em conflito com a lei, é preciso ter consciência das dificuldades enfrentadas na implementação de projetos que verdadeiramente trabalhem a criação, a expressão e a apreciação, na condição de quem cria e de quem frui a Arte nos dias hoje. Numa sociedade como a nossa, capitalista, pautada no consumo e na massificação a quem interessa projetos educativos de emancipação? A quem interessa a formação de seres mais sensíveis e críticos? A quem interessa a singularidade? As soluções para aqueles que se encontram à margem, excluídos socialmente, como o caso da maioria dos jovens que acabam por se envolver com drogas ou com a criminalização, surgem sempre numa educação para o trabalho, partindo da premissa de que a profissionalização, que aprender um ofício, vai garantir sua reintegração social o que não deixa de ser válido e importante numa sociedade em que se valoriza o trabalho como a principal fonte de renda e de satisfação pessoal. Mas e a formação subjetiva e sensível? E o sentido da vida? Arte e Cultura não parecem promover mudanças ou as transformações que se quer nesse sistema capitalista voraz. O que se quer é oferecer o “pão e circo” à população como lazer, que também é importante e necessário nos dias de hoje, mas onde está o espaço da crítica, da reflexão, da esperança, da transgressão, da troca, do diálogo? Quando se trata de Arte e educação esbarramos nas visões estereotipadas que se têm do ensino de arte, especialmente como resultado de práticas ultrapassadas ainda presentes nas escolas regulares, onde a Arte ainda é vista como “tapa-buraco”, “recreação”, “decoração de festas” e “apresentações em datas comemorativas”, “reprodução de modelos prontos”, algo supérfluo e sem importância. Fica difícil defender a Arte quando se trata de problemas aparentemente mais vitais, pois sempre há um jogo de forças na decisão do que pode ser proposto ao jovem que se encontra cumprindo Medidas Socioeducativas, o que é mais importante? O que deve ser priorizado no projeto de educação oferecido? Quais os critérios de seleção dos conteúdos a serem trabalhados? Que visão de educação permeia tais conteúdos? Quais os objetivos dessa educação? Acaba sempre por ouvirmos que a Arte é menos importante quando se passa fome ou quando se é usuário de drogas, será mesmo? Em meio ao utilitarismo da vida 336

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ocidental, o tempo todo precisamos justificar a importância da Arte, provar e comprovar que ela deve ser mantida do ensino regular e que todos devem ter acesso à Arte. Aquilo que parece supérfluo para muitos, torna-se essencial quando vivenciado e experenciado de forma significativa no fazer, no pensar, no expressar, no sentir, no apreciar. O que também ocorre com frequência no nosso país é o investimento na elaboração de programas educativos por especialistas que nunca são verdadeiramente implementados, como boa parte das leis que nos regem: na teoria todo um idealismo, mas na prática pouco é realizado concretamente. Ao pesquisar sobre as unidades de internação no município de Fortaleza encontramos um material que esboça ideias para um programa educativo elaborado na época do governo Lúcio Alcântara (2002-2004) que tem um item denominado “Arte-Educação e Cultura: Fazendo Arte com Arte, Estética e Ética”, trazendo ideias muito semelhantes às que estamos defendendo aqui. Tal documento traz a importância da criação e da fruição para formação humana: “fazer da arte, do produzir arte, do fruir arte, um grande instrumento do fazer educativo” (p.51). Traz a estética “como resultado da educação do sentimento, da educação e do olhar”, a espiritualidade como “a vivência de sentimentos e perspectivas que transcendem o nosso mundo concreto e imediato”; fortalecendo a fé, seja qual for o credo, sem resquícios da cultura alienante de que a religião salvará e a ética como “principal regulador do comportamento humano”: Assim sendo, “fazer arte” com arte, estética e ética é uma forma de colocar a imaginação a serviço de um mundo melhor, posto que integra o produzir e fruir arte, construindo o significado da beleza de uma vida digna e a consciência ética do respeito aos direitos do outro (FONTE! p.52).

Se não há abertura a projetos essencialmente artísticos, é junto ao processo educativo e pedagógico que a Arte deve ser desenvolvida, na educação regular que é ofertada obrigatoriamente ao jovem, seja na escola ou na unidade em que está internado e aí nos defrontamos com as dificuldades de formação docente, infraestrutura, espaço, etc. De fato, diante de tantas dificuldades é preciso um começo, quem sabe partir da necessidade da Arte? Ao compreendermos sua importância torna-se mais significativa a luta por seu espaço? Talvez, diante da falta de formação e de informação sobre a área, decorrente de um longo histórico de desvalorização, devamos partir de um processo de (re) conhecimento das contribuições que a Arte pode dar à educação, desta forma, vamos então destacar alguns desses benefícios da atividade artística para a educação com base nas ideias de alguns educadores. Para Forquin (1973) a educação artística contribui para o que denomina de “desenvolvimento global da personalidade” (p.29). Segundo o autor, a Arte proporciona melhor domínio corporal e intelectual, melhor equilíbrio psicológico, melhor capacidade de expressão e comunicação, relação mais enriquecedora com o outro e assimilação mais pessoal e mais flexível das significações constitutivas do meio ambiente (p.30). A atividade artística leva assim a exprimir a vida sensível, emocional e imaginária na formação da sensibilidade (p. 34). Eisner (2008) afirma que existem aprendizados importantes derivados do conhecimento artístico, formas qualitativas de inteligência que seriam como lições da arte à educação: (1) a capacidade de compor relações qualitativas que satisfaçam a algum propósito – experimentar relações de qualidade e fazer juízos sobre elas (p. 9): “As artes ensinam os alunos a agir e a julgar na ausência de regras, a confiar nos 337

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sentimentos, a prestar atenção a nuances, a agir e a apreciar as consequências das escolhas, a revê-las e, depois, fazer outras escolhas” (p.10); (2) a flexibilidade na formulação de objetivos, saber lidar com as incertezas e com a imprevisibilidade, trabalhar feitos temporários e experimentais: “Nas artes os fins podem seguir os meios” (p. 11); (3) forma e conteúdo são quase sempre inextrincáveis – o “como” as coisas são ditas, feitas, representadas é importante e não pode ser deixado de lado: “Muda o ritmo de um verso de poesia e mudarás o significado do poema” (p. 12); (4) nem tudo o que é conhecível pode ser articulado de forma proposicional: “sabemos mais do que podemos dizer” (p.12) – a arte seria um canal para expressão do indizível, do que muitas vezes não pode ser medido, quantificado, classificado, racionalizado; (5) há uma relação de dependência entre o pensamento e o material: “Cada material impõe as suas exigências distintas e para usá-las bem temos que aprender a pensar dentro delas” (p. 13). Diante de tais lições ele afirma categoricamente: As decisões que fazemos sobre tais questões têm muito a ver com os tipos de mentes que nós desenvolvemos nas escolas. As mentes, ao contrário dos cérebros, não são inatas; as mentes são também uma forma de realização cultural. Os tipos de mentes que nós desenvolvemos são profundamente influenciados pelas oportunidades de aprender que a escola fornece (EISNER, 2008, p. 14).

Para Duarte Júnior (2002), a arte possui funções cognitivas ou pedagógicas, como: (1) a arte está na esfera dos sentimentos, que não são acessíveis ao pensamento discursivo (p. 103) – conhecer os próprios sentimentos e as experiências vividas que escapam à linearidade da linguagem: “a arte se destaca como importante instrumento para a compreensão e organização de nossas ações” (p. 104); (2) a arte “agiliza a imaginação” enquanto elemento libertador de descobertas de si e do mundo: “Através da arte a imaginação pode realizar sua potencialidade, criando sentidos fundados nos sentimentos, desdobrando e detalhando-os” (p. 105); (3) a arte proporciona o desenvolvimento e a educação dos sentimentos: “Da mesma forma que o pensamento lógico, racional, se aprimora com a utilização constante de símbolos lógicos, os sentimentos se refinam pela convivência com os símbolos da arte” (p. 106); (4) a experiência estética proporciona a vivência da arte e a reflexão posterior, combinando o vivido a novos sentidos e significados conceituais para o experienciado (p. 107): [...] se num primeiro momento a experiência estética é “pré-reflexiva”, depois ela se torna um objeto para a reflexão. Depois ela se converte em material para que se amplie a compreensão do mundo no qual estamos, por possibilitar o inter-relacionamento e a comparação de eventos. Completa-se, então, a dialética do conhecimento, entre o que é sentido e o que é pensando (p. 107-108)

Continuando com Duarte Júnior (2002): (5) a arte oportuniza sentir e vivenciar coisas que vão além da vida cotidiana, ter contato com experiências vividas por outras pessoas que proporciona a união do indivíduo com o todo. Viver as experiências alheias como se fossem suas, projetar-se nelas e compreendê-las; (6) “Ao manter-se em contato com a produção artística do seu tempo e sua cultura, o indivíduo vivencia o ‘sentimento de época’, isto é, participa daquela forma de sentir, comum a seus contemporâneos” (p. 109): 338

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Conhecendo a arte de meu tempo e cultura, adquiro os fundamentos que me permitem uma concomitante compreensão do sentido vivido aqui e agora. E mais: conhecendo a arte pretérita da cultura onde vivo, posso vir a compreender as transformações operadas no seu modo de sentir e entender a vida ao longo da história, até os meus dias (p. 109).

(7) A arte proporciona o contato e o conhecimento de outras culturas, de outras visões e expressões de mundo o que nos faz compreender melhor as diferenças e respeitá-las e, por fim (8) a arte possui um caráter utópico no sentido de projetar, desejar a transformação, dirigindo o olhar para novos horizontes de possibilidades. A utopia como a abertura para o possível, para um projeto de futuro mais estético (p. 111). A educação dá frutos lentos, portanto como medir o aprendizado e a formação de alguém? Como acompanhar, ao longo da vida, os processos educativos e os resultados obtidos? Daí o investimento em educação não apresentar os resultados imediatos desejados e as respostas visíveis que podem ser noticiadas e usadas como propaganda política. Já o resultado artístico é visível, enche os olhos e a alma e colore os espaços. Impossível não se perceber a presença da Arte nas mais variadas formas de expressão. Quando a Arte surge tudo fica diferente e é esse espaço que precisa ser conquistado e que pode ganhar visibilidade à medida que podemos ver e acessar o que os jovens pensam e sentem a respeito de si mesmos, de suas vidas e da sociedade em geral. Há sempre o que se dizer, o que falta, na maioria das vezes, é oportunidade de expressão, é ensaiar o voo e aprender a voar. Da educação estética: a educação dos sentidos O prazer estético reside na vivência da harmonia descoberta entre as formas dinâmicas dos sentimentos e as formas de arte (ou dos objetos estéticos). Na experiência estética os meus sentimentos descobrem-se nas formas que lhes são dadas, como eu me descubro no espelho. Através dos sentimentos identificamo-nos com o objeto estético, e com ele nos tornamos um (DUARTE JÚNIOR, 2002, p. 93).

Neste item vamos discorrer um pouco a respeito da educação estética, da importância que devemos dar aos nossos sentidos e à educação da sensibilidade que pode se dar por meio da Arte ou do contato com a vida cotidiana através das manifestações naturais ou culturais. Muitos autores afirmam que estamos vivendo num mundo anestésico, ou melhor, cada vez mais antiestético, um mundo em que não há uma preocupação com os sentidos, com a beleza e com a poesia cotidiana. A educação estética seria responsável por educar os sentidos e expressar as principais funções dos nossos processos mentais como a sensação, a intuição, o sentimento e o pensamento, por isso ser tão essencial ao desenvolvimento humano. Quando falamos de educação estética percebemos muitas críticas das pessoas com relação à falta de condições da população em geral para pensarem em assuntos considerados tão supérfluos, ainda mais no contexto dos jovens em conflito com a lei privados de liberdade. É como se a ‘fome’ fosse o principal fator para a cegueira e ignorância das classes menos favorecidas. Mas a fome desses jovens não é apenas de comida, é fome de oportunidade, de cidadania, de identidade, de educação e de direitos. É a fome dos excluídos, à margem da esfera das decisões. 339

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Nesse sentido, não deveria ser a educação o meio pelo qual as pessoas saciassem essa fome? Mas, é preciso pensar numa forma de educação diferenciada, ou melhor, numa reeducação dos sentidos e no despertar de uma percepção mais poética do cotidiano. Resgatar a singularidade de cada um seria, neste contexto, permitir uma autovalorização de cada indivíduo enquanto ser único, capaz de perceber suas potencialidades e de se desenvolver integralmente podendo assim auxiliar os outros: Compreender essa relação entre coletividade e singularidade é o primeiro passo para o autoconhecimento e o conhecimento do outro. É através desse autoconhecimento que nos valorizamos, resgatamos nossa autoestima, construímos nossa cidadania e nos tornamos capazes de conviver e auxiliar os outros (CRIVELLARO et al. 2001, p. 28).

Tendo em vista a abrangência do conceito de educação estética, podemos perceber sua importância enquanto conexão do indivíduo com o ambiente que habita, a forma como compreende, interpreta e age no exterior, expressando e construindo sua personalidade. Cada indivíduo é único e ao se comunicar e se expressar deixa sua marca no mundo, revela sua singularidade e interage na esfera social através da linguagem dentro de uma determinada cultura. Neste horizonte temos a Arte como aliada, pois não somente por meio da criação, mas do contato com a Arte podemos proporcionar processos de reflexão e de subjetivação, levando ao autoconhecimento (GOLDBERG, 2004). Confirmando o fato de que o desenvolvimento da consciência estética é imprescindível para o resgate da singularidade do indivíduo, Estévez (2003) afirma que: A profundidade dos sentimentos estéticos manifesta-se na riqueza da percepção emocional da realidade, na singularidade do juízo artístico e na capacidade de fruição do belo. Também se expressa no impulso da criação, na luta contra toda expressão do feio e no cultivo da beleza na vida pessoal e social. Estes sentimentos encontram-se interrelacionados de maneira harmônica com as necessidades e interesses, com o ideal e gosto estéticos. Quando a consciência estética alcança um grau elevado de desenvolvimento, os sentimentos estéticos expressam a singularidade da personalidade (única e irrepetível), seu sentido criador e a elevação de seu ideal estético (p. 77).

Dada a falta de importância à educação estética e artística no ensino formal estas instâncias são consideradas supérfluas ou mesmo desnecessárias, pois no mundo moderno a sensibilidade não é considerada importante ao progresso humano. A falência deste paradigma mecanicista, no que diz respeito ao mundo social e à relação das pessoas com o ambiente que habitam, revela a necessidade de se produzir uma diferente visão de mundo. Por meio de vivências e dos contatos dos indivíduos consigo mesmo, com outros indivíduos e com o meio social e natural, constrói-se uma personalidade, através de novos ambientes singulares, como a assinatura de um criador (GUATTARI, 1992, p. 178). A existência de cada um é formada através da influência de cartografias essenciais como família, ambiente, escola, trabalho. Essa personalidade tem a necessidade de se expressar, de ser exteriorizada a fim de constituir e produzir subjetividade individual e coletiva. Subjetividade refere-se ao universo único de um indivíduo, o qual integra o domínio das atividades sentimentais, emocionais e psíquicas singulares, componentes 340

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únicos da existência individual em constante produção. Se somos, ao mesmo tempo, agentes e objetos da cultura, tudo o que produzimos e construímos constitui um modo de vida que tem uma subjetividade, que se amplia do individual para o coletivo numa escala macro, formando padrões comportamentais e atitudinais de ação e transformação do mundo. Não podemos então deixar de pensar na responsabilidade da produção de subjetividade dos indivíduos para um desenvolvimento mais sadio na sua relação com o meio e com o outro. A partir dessas ideias pode-se perceber que esta proposição explicita a presença de objetos, atividades e especialmente outras pessoas, os quais emitem linhas de força, valências e vetores que atraem e repelem, orientando o comportamento e o desenvolvimento das pessoas caracterizando o crescimento psicológico. É como se existisse um mundo virtual em cada pessoa, podendo ser exteriorizado pela linguagem, seja ela gráfica, escrita ou falada na medida em que fatos, acontecimentos ou outras pessoas provocam sua expressão. A subjetividade de cada um se constrói, então, pelos processos gerados nessa tensão entre o indivíduo e seus ambientes de atuação: De uma maneira mais geral, dever-se-á admitir que cada indivíduo, cada grupo social veicula seu próprio sistema de modelização da subjetividade, quer dizer, uma certa cartografia feita de demarcações cognitivas, mas também míticas, rituais, sintomatológicas, a partir da qual ele se posiciona em relação aos seus afetos, suas angústias. (GUATTARI, 1992. p. 21/22).

Importante atentarmos então para as oportunidades que os jovens têm de encontro consigo mesmos enquanto privados de liberdade. Qual o espaço determinado para esse processo de interiorização, de percepção de si, de expressão de subjetividade? A violência que expressam, nada mais é que uma resposta à falta de perspectiva em outras formas de ver e viver no mundo, de encontrar um lugar de direito, digno. Por mais que a sociedade em geral teime em menosprezar a importância da Arte e da educação estética para a formação humana, relegando para segundo plano a sensibilidade e a expressão, é nesse contato com instâncias mais profundas que se pode (re) constituir seres marginalizados ao centro de suas existências. De nada adianta engaiolar pássaros potenciais, mas antes de tudo é preciso acreditar que se pode ensinar-lhes o voo. Ao ensinarmos a voar precisaríamos garantir que ganhassem novos horizontes ao invés de reincidirem nos mesmos fracassos alimentando o sistema viciado.

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