Draft - apresentação da crítica a noção de testemunho de grupo de J. Lackey

July 15, 2017 | Autor: Leonardo Ruivo | Categoria: Epistemology, Testimony, Social Epistemology, Epistemology of Testimony
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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul VI Conferência de Epistemologia Social

Testemunho de Grupo Os limites da visão deflacionária de Jennifer Lackey

José Leonardo Ruivo Luiz Paulo Da Cas Cichoski

Testemunho de Grupo: intuições EXEMPLOS: “Ministério Público diz que o governo repassou irregularmente R$ 500 bi ao BNDES” “NASA diz que vai ter "provas definitivas" de vida extraterrestre” “Associação de Moradores do Vidigal diz que não quer só polícia”

Primeiras intuições: (R) Reducionista: o testemunho T do grupo é epistemologicamente redutível ao testemunho de alguns indivíduos [epistemologia do test de grupo] (S) Somativa: todos ou alguns membros do grupo testemunham T quando tem oportunidade relevante de fazê-lo. [natureza do test de grupo] (S) -> (R)

Anthony Quinton: a origem do somativismo “Nós, obviamente, falamos livremente sobre as propriedades mentais e atos de um grupo da mesma forma como falamos de pessoas individuais. Dizemos que grupos possuem crenças, emoções e atitudes, tomam decisões e fazem promessas. Mas essas formas de falar são claramente metafóricas. Atribuir predicados mentais a um grupo é sempre uma forma indireta de atribuir tais predicados aos seus membros. Com tais estados mentais como crenças e atitudes, as atribuições são da forma como eu chamei de tipo somativo. Dizer que a classe dos trabalhadores da industria está determinada a resistir às leis anti-sindicato é dizer que todos ou a maioria dos trabalhadores industriais estão assim dispostos.” (QUINTON 1975/1976, apud LACKEY, 2015. Grifo nosso)

Testemunho de Grupo: intuições Posição não reducionista: ~(R) e ~(S) ~(R): “[aspectos epistêmicos (confiabilidade, crença, informação, etc.) do] testemunho T do grupo não é epistemologicamente redutível a todos ou alguns indivíduos do grupo ~(S): o testemunho T do grupo não pode ser compreendido no sentido de todos ou alguns membros do grupo testemunhando T na oportunidade relevante de fazê-lo. Proposta da Lackey: (R), mas ~(S) O testemunho do grupo é redutível aos indivíduos que testemunham T; mas não necessariamente os membros do grupo testemunham T

As Comissões: resposta não-somativista “Suponha que o Comitê da Biblioteca e o Comitê do Orçamento precisam, cada um, decidir se o orçamento do último ano da biblioteca é adequado para o próximo ano. O Comitê do orçamento julga que sim enquanto que o Comitê da Biblioteca julga que não. Mas seus membros são os mesmos (e vamos supor, para deixar a coisa simples, que julgam do mesmo modo). Se segue que um dos dois comitês crê na proposição P e que nenhum membro crê. Tais considerações são suficientes para lançar dúvida em uma proposta somativa de crença de grupo…” (SCHMITT, 1994, apud LACKEY, 2015, p. 67)

A visão não-reducionista

Razões em favor da visão não-reducionista e não-somativa do testemunho de grupo: 1. 2. 3. 4.

Ausência de Crença Ausência de Informação Ausência de Confiabilidade Citação de Grupo

Ausência de crença ●

Nenhum membro do grupo G crê que P, mas ouvintes adquirem conhecimento de que P com base no testemunho de que P de G.

“o grupo pode comunicar suas crenças através, por exemplo, da publicação de documentos, relatórios verbais através de porta-voz (...), parece se seguir que deveríamos endossar uma abordagem não somativa ou inflacionária de testemunho de grupo ”

Ausência de crença Exemplo de Deborah Tollefsen (relatório Mapeando o Progresso das Populações da Comissão de População da ONU) (2007, 301): “Nem um membro é a fonte do relatório como uma peça de testemunho, uma vez que nem um membro individual tem todas as informações ou o panorama geral expresso no documento. De fato, podemos imaginar que o estado da taxa de nascimentos, digamos, da America do Sul foi um assunto sobre o qual nenhum membro tinha alguma ideia até a leitura do relatório compilado pelo comitê. Podemos imaginar também que, apesar do relatório do comitê, cada membro permanece cético. Eles não acreditam no conteúdo do relatório, ainda assim ele continua sendo o relatório do comitê por causa do contexto organizacional em que foi escrito.”

Ausência de Informação ●

Nenhum membro do grupo G está a par de toda informação transmitida pelo testemunho de que P de G, mas ouvintes podem saber que P com base no testemunho de que P de G.

Fenômeno comum: divisão do trabalho cognitivo, pessoas trabalhando em rede, compilações de informações,…. Os membros não tem acesso a informação transmitida. O não-somativista explica tal fenômeno atribuindo ao grupo G a proposição P (indisponível para os membros de G).

Ausência de Confiabilidade ●

Nenhum membro do grupo G é confiável com respeito ao testemunho de que P, mas os ouvintes podem adquirir conhecimento de que P com base no testemunho do grupo G de que P

Consequência da ausência de informação: se nenhum membro está a par de que P, mas o grupo G testemunha P, então nenhum membro é fonte confiável com respeito a P.

Citação de Grupo ●

Grupos são tidos como capazes de transmitir conhecimento testemunhal

Exemplo: “Ministério Público diz que o governo repassou irregularmente R$ 500 bi ao BNDES”. Eu sei que o governo repassou irregularmente R$500 bi ao BNDES a partir da investigação divulgada pelo Ministério Público. Dado linguístico: citamos grupos como fonte de conhecimento Explicação prima facie plausível: essas citações são acuradas dado que nenhum indivíduo detém a informação possuída

Contra a Ausência de Crença Argumento 1 (1) Um grupo G pode dar o testemunho de que P ainda que nenhum membro do grupo creia que P. (2) Um falante S pode testemunhar P somente se S crê que P. (Crença do falante) (3) G, ele mesmo, crê que P ainda que nenhum membro de G tenha essa crença. (Crença de grupo) (4) Então, G ele mesmo é a fonte do testemunho de que P.

Premissa (2) é implausível, pois crença não é condição necessária para o testemunho. Contraexemplo: asserir insinceramente é um caso de testemunho sem crença. Não há base na literatura epistemológica para tal princípio.

Contra Ausência de Crença Argumento 2 (5) Um ouvinte H pode saber que P com base no testemunho de que P fornecido pelo grupo G ainda que que nenhum membro de G creia, portanto nenhum membro de G sabe que P. (6) Um ouvinte H pode saber que P com base em um testemunho de que P de um falante S somente se S sabe que P. (SK: Conhecimento do falante) (7) G ele mesmo pode saber que P mesmo que nenhum membro de G saiba que P. (Conhecimento de grupo) (8) Então, o testemunho de G de que P é a fonte do conhecimento de H. Foco de Lackey na Premissa (6) que defende o conhecimento como condição necessária para o valor epistêmico do testemunho.

Razões em defesa de (SK) 1. Amplo apoio na literatura 2. Analogia com a memória: assim como a memória preserva, o testemunho transmite propriedades epistêmicas. 3. Motiva a intuição da ausência de crença: se os membros não creem que P, alguém adquire conhecimento de que P via testemunho do grupo, então o grupo sabe que P. 4. Explica a relevância da ausência de informação e de confiabilidade: “Adquirir conhecimento testemunhal requer uma fonte conhecedora. Ser fonte conhecedora sobre P requer possuir a informação de que P e confiabilidade com respeito a sua transmissão. Já que nem um indivíduo de um dado grupo necessita satisfazer tais desideratos para que o conhecimento testemunhal seja adquirido através do seu testemunho, o grupo ele mesmo deve ser a fonte do conhecimento testemunhal”

Contra Conhecimento do Falante (SK) Lackey utiliza-se de dois casos contra (SK) (i) Professora criacionista: sujeito não crê, portanto, não sabe; (ii) Crente persistente: sujeito não está justificado, portanto, não sabe. Mas em ambos os casos transmitem confiavelmente a informação através do testemunho. Ou seja, os ouvintes dos testemunhos nos casos (i) e (ii) conhecem que P ainda que os falantes não saibam que P. Logo, o conhecimento como condição necessária para o valor epistêmico do testemunho.

Contra Conhecimento do Falante (SK) PROFESSORA CRIACIONISTA: Stella, professora de quarta série, é uma cristã devota, e suas crenças religiosas foram fundadas em uma fé muito profunda desde os tempos em que ela era apenas uma criança. Parte dessa fé inclui a crença na verdade do Criacionismo e, consequentemente, na falsidade da Teoria Evolucionista. A despeito disso, ela reconhece que há uma esmagadora quantidade de evidências científicas que vão contra essas suas crenças. E, de fato, ela admite que o seu comprometimento com o Criacionismo não é baseado em evidências, mas na sua fé de que existe um Criador todo poderoso. Levando isso em conta, Stella não pensa que religião seja algo que ela deva impor aos que convivem com ela, e isso é especialmente verdadeiro no que diz respeito aos seus alunos da quarta série.

Contra Conhecimento do Falante (SK) PROFESSORA CRIACIONISTA: Ao contrário de suas crenças, levando em conta seu dever como professora, ela apresenta o material melhor suportado pelas evidências que incluí a verdade sobre a Teoria Evolucionista. Como resultado disso, após consultar fontes confiáveis na biblioteca e desenvolver uma aula confiável, Stella faz a seguinte asserção aos seus alunos: “O Homo sapiens evoluiu do Homo erectus”, enquanto apresentava a aula de biologia. Embora Stella não creia nem saiba tal proposição, e também nunca compartilhe sua fé com seus alunos, eles acabam formando a correspondente crença baseados no seu testemunho confiável (LACKEY, 2008, p. 48).

Contra Conhecimento do Falante (SK) PROFESSORA CRIACIONISTA mostra que: ●

Um indivíduo que não crê naquilo que assere pode testemunhar confiavelmente:

Apesar de Stella não crer na proposição “O Homo sapiens evoluiu do Homo erectus”, seus alunos passam a conhecer-la através do testemunho de Stella.



O testemunho de Stella é confiável: ○ ○ ○ ○

Stella não asseriria que P se P fosse falsa (sensibilidade); Stella não afirmaira que P a menos que fosse o caso que P (segurança); O histórico de aulas de Stella mostra que ela é uma fonte produtora de testemunhos confiável (estocástica); O histórico de aulas de Stella mostra que ela é uma testemunha virtuosa.

Confiabilidade do Falante (SR) (SK) substituída por (Confiabilidade do falante: SR) (SR) Um ouvinte H pode vir a saber que P com base no testemunho de que P de um falante S somente se a afirmação de que P é confiável ou, pelo menos, conducente à verdade. Mais três condições: (Visão do testemunho como afirmação: SVT) (SVT) Para qualquer falante, S, e ouvinte, H, H sabe que P com base no testemunho de S somente se (1) a afirmação de S é confiável ou, pelo menos, conducente à verdade; (2) H compreende que P e vem a crer que P é verdadeira com base no conteúdo da afirmação de S; (3) H não possui derrotadores não derrotados para a crença de que P.

Proposta (R), ainda que ~(S) Caso da Comissão de Populações da ONU (Lackey, 2012): “A Comissão de População da Organização das Nações Unidas, compreendida por quarenta e sete membros, publica um relatório intitulado Mapeando o Progresso das Populações. Cada membro foi responsável por coletar informações sobre um segmento da população representada no documento, sendo esse trabalho executado de forma completamente independente. A informação contida no relatório está, desta forma, distribuída pelos membros do grupo. Sam, que não é um membro da Comissão de Populações da ONU, foi contratada para compilar e interpretar todo o banco de dados gerado pelas contribuições dos membros do grupo no relatório publicado e servir como porta-voz do grupo. Uma das declarações do relatório é que "a taxa de nascimento de Latinos nos Estados Unidos está em crescimento", sendo que nenhum membro da Comissão de População da ONU está ciente dessa proposição.”

(R) O testemunho do caso da ONU é dependente do status epistêmico [da afirmação] da Sam: ● ●

“...Sam é a emissora das afirmações em questão, e se os ouvintes adquirem conhecimento com base no seu testemunho dependerá se ela é uma testemunha confiável da informação” “... se essa afirmação é confiável vai depender de fatos sobre Sam como uma testemunha dessa informação. Por exemplo, uma forma de entender esse critério de confiabilidade é via noção de sensibilidade de Nozick, i.e., Sam não afirmaria que p se p fosse falsa. Alternativamente, confiabilidade pode ser expressa em termos do requerimento de segurança defendido por Pritchard, Sosa e Williamson, i.e., Sam não afirmaria que p a menos que fosse o caso que p. Ou pode ser o caso que fatos gerais sobre a história de Sam como uma fonte produtora de testemunhos ou como uma testemunha virtuosa determine se sua afirmação sobre a taxa de nascimento de Latinos nos EUA é confiavel" (p. 79).

Por isso SVT é reducionista (deflacionária, diz a Lackey).

~(S) Mas é não-somativa! Embora na literatura (S)->(R) (e, ptto, ~(R)->~(S)), Lackey faz diferente: “Na minha visão (...) o status epistêmico do testemunho de um grupo é redutível ao status epistêmico do indivíduo que não é sequer membro do grupo em questão.” E ela segue: “Esse é o caso da Sam que, ex hypothesi, não é membro da comissão de populações da ONU, mas ainda assim enuncia afirmações em seu nome sobre a taxa de nascimento dos Latinos nos estados unidos.”

(R) e ~(S) overview Estratégia negativa: Não é necessário um falante S saber ou crer que P para que um ouvinte saiba que P através do testemunho de S. ●

Nem os membros, nem o grupo necessitam saber ou crer que P

Estratégia positiva: Um ouvinte sabe que P através de um testemunho se a afirmação proferida (P) for confiável. ● “Eu proponho que o testemuho do grupo seja tratado epistemicamente do mesmo modo que qualquer instância individual de testemunho e, em particular, que a epistemologia do testemunho de grupo seja subsumida sobre a SVT” (p. 80).

Explicando Ausência de Crença e Informação SVT explica Ausência de Crença: ●



Não é necessário que o falante tenha a crença (nem o conhecimento) de que P para que um ouvinte possa adquirir conhecimento de que P com base no testemunho desse falante. SVT desloca a análise de propriedades epistêmicas do falante para as propriedades epistêmicas da afirmação (ou do ato de testemunhar).

SVT explica Ausência de Informação: ●

Assim como Stella não precisa estar a par de toda a informação relevante sobre a teoria evolucionária para transmitir confiavelmente o conhecimento; o porta voz não precisa acessar toda a informação relevante para o testemunho em questão; ela só precisa satisfazer condições epistêmicas (confiabilidade ou conducência à verdade).

Crítica: sem informação há RTBNA? RTBNA (razoabilidade para crer como norma de asserção): Alguém pode asserir que P somente se (i) é razoável para ele crer que P, e (ii) se alguém assere que P, ele deve asserir que P, ao menos em parte, porque é razoável para alguém acreditar que P (2008, p. 125). Entendendo RTBNA: “é razoável para S crer que P somente se S tem suporte epistêmico adequado para S saber que P se S acreditasse verdadeiramente que P. Colocado de outra forma, menos crença e verdade, a RTBNA requer tudo que conhecimento como norma da asserção requer (...) RTBNA requer tanto suporte epistêmico quanto é necessário para crença justificada. Mais precisamente: é razoável para S crer que P somente se S tem suporte epistêmico adequado para que S creia justificadamente que P se S acreditasse em P sobre essa base.” (2008, p. 128)

Explicando: Ausência de Confiabilidade SVT explica Ausência de Confiabilidade: Identificar a confiabilidade depende do método de compilação das informações fornecidas pelos indivíduos em um caso de testemunho de grupo. Assim: (1)

(2)

(3)

se não há agregação de informações individuais o documento é tratado como um somatório de múltiplos testemunhos individuais, assim cada testemunho (trecho do documento) terá o grau de confiabilidade correspondente ao da testemunha (indivíduo responsável pelo trecho); Se há uma legítima produção conjunta, então é: “a confiabilidade individual [dos membros do grupo] com respeito a transmissão da informação” que conta para a confiabilidade do testemunho se há um porta-voz, então a sua confiabilidade como testemunha será a relevante para a análise.

Crítica: confiabilidade individual e conjunta (2) Se há uma legítima produção conjunta, então é: “a confiabilidade individual [dos membros do grupo] com respeito a transmissão da informação” que conta para a confiabilidade do testemunho Contraexemplo: Índex da democracia - cientistas sociais trabalhando para julgar se o Brasil representa ou não representa uma democracia plena. Para ser uma democracia plena o Brasil precisa (i) ter um processo eleitoral democrático; (ii) ter um funcionamento do governo condizente com a democracia; e, (iii) ter alto nível de participação política. Vamos supor 3 cientistas sociais avaliando um argumento da forma P^Q^R → C. Onde: P - O Brasil tem um processo eleitoral democrático; Q - O governo brasileiro tem funcionamento condizente com a democracia; R - O Brasil tem alto nível de participação política; C - O Brasil é uma democracia plena.

Crítica: confiabilidade individual e conjunta Argumento P^Q^R → C. Onde: P - O Brasil tem um processo eleitoral democrático; Q - O governo brasileiro tem funcionamento condizente com a democracia; R - O Brasil tem alto nível de participação política; C - O Brasil é uma democracia plena. Ilustramos o posicionamento dos cientistas conforme a tabela: Processo eleitoral

Funcionamento governo

do Participação política

Democracia Plena

S1

N

S

S

N

S2

S

N

S

N

S3

S

S

N

N

Crítica: confiabilidade individual e conjunta Mas, o Index da Democracia representa uma instância do Dilema discursivo. Tal dilema “...consiste no fato de que votações majoritárias em proposições interconectadas podem levar a julgamentos de grupo inconsistentes, mesmo quando os julgamentos individuais são completamente consistentes” (LIST; PETTIT, 2011, p. 46)

Processo eleitoral

Funcionamento governo

do Participação política

Democracia Plena

S1

N

S

S

N

S2

S

N

S

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S3

S

S

N

N

GRUPO

S

S

S

S/N

Crítica: confiabilidade individual e conjunta Na literatura encontramos algumas rotas de fuga do Dilema. A mais promissora envolve dar um tratamento diferente as proposições: ou o grupo adota o procedimento baseado nas premissas ou adota o procedimento baseado na conclusão. ● Problema: resultados diferentes ○ Regra da conclusão: incompletude ○ Regra das premissas: grupo sustenta uma atitude para com a conclusão que não é sustentada por nenhum dos seus membros Processo eleitoral

Funcionamento governo

do Participação política

Democracia Plena

S1

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S2

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S3

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GRUPO

S

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S

Crítica: confiabilidade individual e conjunta Teorema de Condorcet aplicado a grupos: pequena propensão dos julgamentos em direação da opção correta (confiabilidade individual) resulta no acerto por parte do grupo (que tenha um número expressivo de membros).

Fonte: List; Pettit, 2011, p. 89

Crítica: confiabilidade individual e conjunta O que ocorre no Teorema de Condorcet? Ex.: moeda com viés (0,6 cara / 0,4 coroa) Cenário 1 - 10 jogadas: Razão (cara/coroa) esperada = 6/4 Resultados Possíveis: 7/3; 5/5; 4/6 Cenário 2 - 100 jogadas: Razão esperada = 60/40 Resultados Possíveis: 58/42; 63/37; 55/45

Crítica: confiabilidade individual e conjunta Se a proposição resultante da Função de Agregação representa uma crença do grupo e não dos indivíduos, e se essa proposição é resultante de uma confiabilidade do grupo, que é maior que a confiabilidade dos indivíduos; então temos um contraexemplo a proposta de Lackey. Note-se que no Índex da Democracia, Lackey não pode afirmar que essa proposição, quando transmitida, tem sua confiabilidade proporcional a do falante porque a função parece transmitir a informação (a tabela que identifica que o Brasil não é uma democracia plena). Ou seja, por que não há um testemunho sendo passado do Grupo para o porta-voz? Um caminho mais heterodoxo seria dizer que a crença resultante da função (ou do grupo) tem a intenção de comunicar. Explorando a ideia de que a regra das premissas mostra que o grupo é uma entidade racional e, como tal, é capaz de responder a questões, como p.ex. “O Brasil representa uma democracia plena?”

Crítica: metafísica do porta-voz Lackey, em defesa do seu não-somativismo defende que o testemunho do grupo é redutível ao “status epistêmico do indivíduo que não é sequer membro do grupo em questão.” Para isso ela se vale do caso da Sam que “ex hypothesi, não é membro da comissão de populações da ONU, mas ainda assim enuncia afirmações em seu nome sobre a taxa de nascimento dos Latinos nos estados unidos.” Com o caso do Índex da democracia, e seus cognatos, podemos colocar em xeque essa afirmação exigindo de Lackey uma metafísica do porta-voz. Porque, em nosso contraexemplo, ou o porta-voz faz parte do grupo, e assim sendo, o ato comunicacional é o do grupo. Ou o porta-voz faz parte de uma cadeia de testemunhos e conta como um testemunho individual, logo, não pode ser utilizado na explicação do testemunho de grupo. Outro modo de captar a intuição de que o porta-voz faz parte do grupo seria através da dinâmica de atribuição de culpa a entidades coletivas decorrente do testemunho de grupo.

Considerações finais Crítica ao reducionismo de Lackey O testemunho do grupo não é dependente do status epistêmico do porta-voz porque a confiabilidade do grupo G é diferente da confiabilidade dos seus membros com respeito a uma proposição P quando testemunhada por G. Crítica ao não-somativismo de Lackey O status epistêmico do testemunho T de um grupo G NÃO é redutível ao status epistêmico do indivíduo que não é sequer membro do grupo em questão pois: ou o porta-voz possui um status epistêmico independente do grupo, e pode ser tratado como um caso de testemunho individual; ou o porta-voz não possui um status epistêmico independente do grupo, mas porque ele faz parte do grupo, e só assim pode ser tratado como um caso de testemunho coletivo.

Referências LACKEY, J. “A Deflationary Account of Group Testimony.” Essays in Collective Epistemology. Oxford: Oxford University Press, 2015. 65 - 97. ______. “Group Knowledge Attributions,” in BROWN, J.; GERKEN, M. (eds.), Knowledge Ascriptions. Oxford: Oxford University Press, 2012. 243-269. ______. Learning From Words: Testimony as a Source of Knowledge. Oxford: Oxford University Press, 2008. LIST, C; PETTIT, P. Group agency: the possibility, design, and status of corporate agents. Oxford: Oxford University Press, 2011. TOLLEFSEN, D. ‘Group Testimony’, Social Epistemology, 21 (3), 299–31, 2007.

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