E se negar os crimes do Comunismo também fosse crime? (draft)

July 5, 2017 | Autor: João Titta Maurício | Categoria: History, Political Theory, Communism, Political History, Historia, Comunismo, História, Comunism, Comunismo, História, Comunism
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«E se negar os crimes do comunismo
também fosse ilegal?»

Este foi o título de um interessante artigo publicado pelo semanário "O Diabo" (10 de Setembro, p. 6 – sem indicação do A.)
Confesso que me incomodam estas proibições, na medida em que consistem na criminalização da opinião e da consciência. Bem sei que é legalmente proibido questionar-se um lado (e que as pessoas que proferem tais dúvidas não são nem fascista nem sequer são adeptos de qualquer regime não democrático... mas, tão só, estudiosos ou curiosos que, sendo cientificamente habilitados e – invocando factos e mobilizando meios de prova de acordo com reconhecidos e aceites parâmetros académicos – colocam questões pertinentes). E eu, que não defendo essa censura, muito menos compreendo porque é que o mesmo critério (se o querem manter) não se aplica a todos os regimes totalitários.
É que a situação é asfixiante: quem (sobre os regimes nazi, fascista ou equivalentes) ousar questionar (não é sequer negar: basta questionar) a verdade conveniente ao "politicamente correcto" (a qual consiste numa "narrativa" conivente com os interesses ideológicos dos criadores deste) acaba com um processo e com uma alta probabilidade de se ser condenado e cumprir pena de prisão. Quem questionar a "verdade" (sobre os regimes comunistas, as suas criaturas e os seus sucedâneos) ideologicamente conveniente ao "politicamente correcto", acaba por ser enxovalhado por toda a horda de herdeiros que, puros serventuários voluntários, que os denunciam à "censura inquisitorial vermelha" a qual, não poucas vezes, os condena ao desemprego e ao ostracismo intelectual em relação ao mainstream que, a troca da participação na "boda aos subsídios", gravita em torno do poder dominante.
Repito, mesmo compreendendo o lamento e a angústia que são causa deste texto, a minha solução é, por coerência, diferente: não suporto (nem encontro motivos válidos que permitam defender) a censura. Mesmo sabendo que, no curto prazo, esta postura beneficia mais o comportamento sectário e ignorante dominante, não sou capaz de, como eles, defender que os fins justificam os meios: a verdade acaba sempre por vir ao de cima.
Todavia, ainda assim, aqui deixo excertos do texto, principalmente para que se possa dar a conhecer uma obra fundamental: Livro Negro do Comunismo: crimes, terror, repressão – «uma obra que documenta a violência de Estado em países comunistas e os crimes cometidos por comunistas em outros países, incluindo deportações, fome infligida, trabalho forçado, execuções e genocídios» (bem sei que há outras obras sobre outros factos históricos que, só por uma profunda desonestidade intelectual e moral, podem ser invocados para, objectivamente, se procurar branquear o que neste se denuncia):

«Nos parlamentos, nas conferências governamentais, nos organismos oficiais, nas editoras, nas escolas, nos jornais de todo o Ocidente e quase até nas casas e nas consciências dos europeus, só há lugar para uma "verdade histórica" sobre o século XX: a verdade oficial.
Quem foi mau e quem foi bom, o que está certo e o que está errado – tudo se encontra definido em minúcia pelos mentores do "politicamente correcto", auxiliados por uma historiografia dominada pelo pensamento marxista.
Em muitos países do Ocidente, leis específicas criminalizam a simples dúvida sobre as versões oficiais do que se passou. Quem conteste o número de vítimas de regimes há muito desaparecidos, quem questione as biografias demonizadoras permitidas pelo sistema, quem ponha em causa as mitologias em vigor, arrisca-se a ser processado e condenado a pesadas penas de prisão.
Já aconteceu, nomeadamente em França, a editores cujo único crime foi publicarem livros que contestam, muitas vezes com provas de peso, as "versões autorizadas" da História. E até inocentes investigações académicas analisando, por exemplo, a autenticidade documental do famoso Diário de Anne Frank, em vez de serem debatidas [, confirmadas ou rebatidas] cientificamente, são remetidas para o tribunal como crimes de consciência.
(…) [Mas] que dizer de um regime como o comunista, que tem as mãos a pingar de sangue inocente – e sobre o qual não é de bom tom fazer reparos?
(…) Porque há, paradoxalmente, quem negue os crimes do Comunismo, ou simplesmente os ignore [havendo até quem deles se orgulhe ser "herdeiro", considerando-os, em função dos fins prosseguidos – e até dos resultados alcançados – justificados e aceitáveis]. Recentemente, a investigadora sueca Camilla Andersson, do Institute for Information on the Crimes of Comunism, divulgou os resultados de um estudo feito na Suécia junto de estudantes entre os 15 e os 20 anos: 40 por cento pensavam que o Comunismo tinha sido um próspero e pacífico regime; 90 por cento estavam bem instruídos quanto ao "Holocausto"; mas 90 por cento nunca tinham ouvido falar dos Gulags, em que morreram milhões de prisioneiros [às mãos dos comunistas] soviéticos.
Um retrato exaustivo do cadastro comunista pode ser encontrado no Livro Negro do Comunismo: crimes, terror, repressão (…). [Este, que] relata [e prova] de forma sistemática as atrocidades dos comunistas ao longo do século XX, é assinado por onze especialistas e académicos de reputação mundial:
Stéphane Courtois, director de pesquisas do Centre Nacional de la Recherche Scientifique;
Nicolas Werth, investigador do Institut d'Histoire du Temps Présent, de Paris;
Jean-Louis Panné, especialista [em assuntos sobre o] movimento comunista internacional;
Andrrzej Paczkowiski, director do Instituto de Estudos Políticos da Academia Polaca das Ciências;
Karel Bartošek, historiador checo;
Jean-Louis Margolin, investigador da Universidade da Provença e do Instituto de Investigação do Sudeste Asiático;
Sylvain Boulougue, investigador da Universidade de Paris X;
Pascal Fontaine, jornalista especialista [em assuntos sobre a] América Latina;
Rémi Kauffer, especialista [em assuntos sobre a] história dos serviços secretos e do terrorismo;
Pierre Rigoulet, investigador do Instituto de História Social; e
Yves Santamaria, historiador.
«"Os regimes comunistas fizeram do crime em massa um sistema de governo", acusa Stéphane Courtois na introdução ao "Livro Negro". Segundo o respeitado historiador, [usando uma estimativa estatisticamente conservadora e restrita quanto aos dados contabilizados] o Comunismo foi responsável pela morte de 94 milhões de pessoas: 65 milhões na China, 20 milhões na extinta União Soviética, 2 milhões no Cambodja e outros tantos na Coreia do Norte [o tal regime que o (eleito) presidente da câmara de Loures não tinha a certeza que não fosse democrático!], 1,7 milhões em África, 1,5 milhões no Afeganistão, 1 milhão nos países-satélte do leste europeu, 1 milhão no Vietenam e 150 mil na América latina (sobretudo em Cuba).
(…) "O Comunismo foi responsável por um maior número de mortes do que qualquer outro movimento ou ideia política, incluíndo o nacional-socialismo", conclui Stéphane Courtois (…). Comentando o tema no Parlamento Europeu, o [democrata-cristão] György Schöpflin lamentou que "o Ocidente considere esta questão irrelevante" e ache que "os crimes dos comunistas são menos importantes do que os dos nazis", apenas porque não quer ver os seus negócios prejudicados….»

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