Editorial: Educação e Desigualdade

Editorial

Educação e Desigualdade Fernando Cruz Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Brasil)

A AGIR – Associação para a Investigação e Desenvolvimento Sócio-cultural organizou, em Outubro de 2010, o VIII Congresso Internacional de Investigação e Desenvolvimento Sócio-cultural, pelo segundo ano consecutivo na cidade do Porto (Portugal). À semelhança das edições anteriores, manteve, em esse evento, o debate e a reflexão sobre projetos, resultados de investigação e metodologias utilizadas no estudo do desenvolvimento social, cultural, económico e/ou pessoal, em diferentes áreas de pesquisa. O VIII Congresso de Investigação e Desenvolvimento Sócio-cultural contou com a participação de pesquisadores, técnicos, professores e estudantes e foi estruturado com mesas de comunicações, conferências, debates e programa cultural. Educação e Desigualdade foi um dos eixos temáticos do evento que contou com várias comunicações que publicamos em este segundo número da AGIR – Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. No artigo de Mª del Carmen Armada Olleros intitulado “¿Todas las personas somos libres e iguales? Coeducación y Cuidado”, a autora enfatiza a responsabilidade da educação promover a igualdade real de gênero, tendo por fim último, a vida em sociedade. A escola mista representou um avanço em relação à escola segregadora de géneros, uma vez que as escolas femininas detinham um currículo desvalorizado face às escolas masculinas. Hoje, como refere a autora, as meninas devem aprender um saber e um conhecimento que se quer neutro, porém este, não deixa de ser um saber e um conhecimento androcéntrico. Nesse sentido, no seu artigo procura dar resposta às questões colocadas sobre a heterogeneidade de posições pedagógicas no momento de AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 2, ago 2013

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planear uma educação não androcéntrica. Em “Ser professor hoje: que formação? Que desafios? Um estudo de caso”, de Florbela Rodrigues e Elisabete Constante de Brito, as autoras centram a sua atenção na formação de professores de acordo com o processo de Bolonha procurando entender de que modo os professores profissionalizados do ensino básico, do regime pré-Bolonha, perspetivam a sua formação ao longo da vida, nomeadamente em termos de segundo ciclo (mestrado). O terceiro artigo que apresentamos intitulado “Estereotipia e Currículo – Entre a inclusão e a integração dos alunos do ensino profissional nível III”, de Liliana Rodrigues, apresenta a função social das teorias implícitas. Como refere a autora “o Outro não é um Outro distante de mim”, já que se assume como relação dialética. Como conclui em esse artigo a sua não assunção implica uma reflexão e uma indagação sobre as relações de poder nas instituições de ensino. Teresa Portas Pérez em seu artigo “Igualmente desiguales: una perspetiva arendtiana sobre la autoridad en el mundo educativo” reflete sobre o papel da autoridade no sentido arendtiano enquanto condição indispensável em dado contexto no âmbito da educação. O poder se assume como ferramenta para tratar de articular a inevitabilidade do conflito de gerações sobre o que se sustenta na mudança histórica. Ora, o projeto educativo se assume como equilíbrio dessa tensão. Por seu lado, Maria Armanda Leal em “Educação e Desigualdade na Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção” apresenta a sua pesquisa sobre alunos com Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção, os quais carecem de apoio individualizado para suprir ou atenuar as suas dificuldades. O não acompanhamento adequado destes alunos traz consequências nefastas para os mesmos, para além de se constituir como barreira ao desenvolvimento e à aprendizagem. Em “Autoconcepto e imagen de la tecnociencia de las alumnas y de los alumnos de segundo curso de bachillerato de Galicia”, F. Javier Álvarez Lires, María Álvarez Lires, Purificación Mayobre Rodríguez e Uxío Pérez Rodríguez apresentam os resultados obtidos em sua pesquisa sobre as razões e dificuldades das mulheres para acederem a cursos de engenharia, para além de proporem novas pistas de investigação. Em este estudo se verifica a prevalência de fortes estereótipos sobre o objeto de estudo, para além da baixa estima que as alunas têm sobre os pré-requisitos necessários para realizar estudos ou desenvolver profissões AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 2, ago 2013

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relacionadas com engenharias face a seus colegas do sexo masculino, ainda que elas próprias possam obter melhores classificações. Sousa Reis, João Carlos Leitão, Miguel Salgado e Carla Ravasco em seu artigo “The inclusive culture in Guarda’s county: teachers’ perceptions and practices” apresentam um estudo exploratório sobre as razões relacionadas com a inclusão escolar, analisando a perceção dos educadores e dos professores do primeiro ciclo acerca da cultura, política e práticas pedagógicas de inclusão. “El sexismo moderno en estudiantes universitários/as portugueses/as” é o título do artigo em que Yolanda Rodríguez Castro e Maria José Magalhães procuram avaliar as atitudes sexistas modernas dirigidas às mulheres por parte dos estudantes universitários portugueses de ambos os sexos. Já Natália de Paula do Nascimento e Suzana Lima Vargas no seu artigo “O gênero diário pessoal: o desenvolvimento da leitura e escrita por alunos de escola pública” apresentam a sua pesquisa sobre a construção de conhecimentos acerca do género diário pessoal, o qual é visto pelos alunos como expressão de suas emoções e pensamentos, mas também como reflexão de suas ações. Finalmente, Samuel Moreira de Araújo, Beatriz Gomes de Souza, Cátia Pereira Duarte, Carla Beatriz da Silva Rafael e Jéssica Sobrinho Teixeira apresentam um artigo intitulado “Avaliação perceptiva da satisfação corporal dos alunos do Colégio de Aplicação João XXIII – UFJF”, onde procuram identificar o nível de satisfação corporal de alunos dos primeiros anos do ensino médio, na cidade de Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais (Brasil), face à importância crescente da Educação Física no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

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