EDUCAÇÃO INCLUSIVA: repensando saberes

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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: repensando saberes
Edinéia Aparecida Blum[1]


O avanço das ciências e das tecnologias cada vez mais vem contribuindo
para a identificação e diagnóstico da origem das deficiências, como parte
das diferenças individuais na vida dos seres humanos e abrindo espaços para
a diversidade.
A escola, ao reconhecer e valorizar a diversidade humana, como
característica inerente a construção de qualquer sociedade, sinaliza o
comprometimento em garantir o acesso e a permanência em seu espaço
educacional, de todos os alunos, independentemente das suas peculiaridades
e necessidades especiais.
Ter consciência, de que, a escola é um dos locais principais do
envolvimento social do ser humano e que, a interação da criança com
necessidades educacionais especiais com outras crianças no contexto da
escola comum, é uma rica oportunidade de desenvolvimento das
potencialidades individuais e das capacidades de relações inter-pessoais.
Assim sendo, é preciso se ter claro que a escola, se constitui numa
proposta politicamente correta onde estão implícitos valores simbólicos
importantes e condizentes com as indicações de igualdade de direitos e de
oportunidades educacionais para todos, em ambientes educacionais
favoráveis, no que se refere às instalações físicas e recursos materiais e
humanos que cada nível de ensino requer.
Porém, a inclusão do aluno com necessidades educacionais especiais
impõem, não apenas a superação de barreiras de acesso ao espaço físico da
escola e ao currículo, mas principalmente às barreiras atitudinais do
preconceito, medo e desconhecimento.
O respeito às diferenças e às necessidades de cada indivíduo, estimula
a construção de espaços de vivência, de cidadania e contribui para a
formação de cidadãos mais conscientes, respeitosos, tolerantes, pacíficos e
principalmente melhores pessoas.
Quando pensamos na inclusão no espaço educacional não nos restringimos
referenciar apenas as pessoas que apresentam uma necessidade educacional
especial, mas a todos os alunos que, em dado momento de sua vida estejam
excluídos do processo sócio-educacional. Oportunizar a construção de
conhecimento a todos os alunos para que possam exercer sua cidadania é
papel fundamental da educação .
A promoção da educação inclusiva, fundamentada no princípio da
universalização do acesso à educação e na atenção à diversidade, requer uma
filosofia de educação de qualidade para todos.
Para que, a inclusão seja de fato uma realidade em nossas escolas faz-
se necessário generalizar o conceito de inclusão a todo o sistema
educacional de ensino.
Assim sendo,todos os setores responsáveis pela efetivação da educação
, seja nas instâncias administrativas ou pedagógicas devem conhecer e
comprometer-se com a proposta de inclusão educacional.
A Constituição Federal (1988, art.1º., incisos II e III) elege como
fundamento da nossa República a cidadania e a dignidade da pessoa humana e
como um dos seus objetivos fundamentais (...) a promoção do bem de todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação (art. 3º. Inciso IV).
Assim, fundamentando-nos nas Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica (2005), teremos que, o movimento pela inclusão
se constitui numa postura de identificação das barreiras que alguns grupos
encontram no acesso à educação e também na busca dos recursos necessários
para ultrapassá-las, consolidando um novo paradigma educacional de
construção de uma escola aberta às diferenças, visto que,


"A sociedade inclusiva, motivada pelo acolhimento e
valorização das diferenças, rompe com a ideologia da
exclusão e indica uma transformação no sistema
educacional a partir da construção de escolas abertas
para todos, de uma pedagogia não homogênea e da
participação da comunidade" (MEC/SEESP, 2005,p.5).




Temos então que, para a busca na efetivação deste pressuposto, ter
clareza de que o essencial é o desenvolvimento de uma pedagogia centrada na
criança, ampliando-a para a participação da família e da comunidade nos
espaços educacionais, ou seja, a escola deve organizar-se para a
participação e aprendizagem de todos os alunos e alunas.
A inclusão não diz respeito apenas a um grupo de profissionais, a
inclusão diz respeito a toda a sociedade que se mobiliza e se organiza para
cumprimento do direito de todos à educação.
Estes são, portanto, os princípios fundamentais de uma Educação
Inclusiva , que assegura o direito à diversidade. São os princípios que
respeitamos, são os valores que defendemos e que priorizamos na nossa
prática educacional junto aos sistemas de ensino, considerando que, todos
podem se desenvolver, todos podem aprender, desde que sejam ensinados e
mediados nesse processo.
Assim, a implantação de propostas com vistas à construção de uma
educação inclusiva requer mudanças nos processos de gestão, na formação de
professores, nas metodologias educacionais, com ações compartilhadas e
práticas colaborativas que respondam às necessidades e às capacidades de
todos os alunos.
Sabemos da necessidade e da urgência de se enfrentar o desafio da
inclusão escolar e de transformar em ações os meios sócio-educacionais
pelos quais ela verdadeiramente se concretiza.
Com relação às instituições escolares, ao afirmarem a educação
inclusiva como uma proposta pedagógica que nelas se organiza, deverão
disponibilizar recursos e atendimentos educacionais especializados, de
forma a possibilitar e promover a escolarização dos alunos com necessidades
educacionais especiais em todos os níveis de ensino
As práticas escolares inclusivas são em sua essência, emancipadoras e
reconduzem os alunos com necessidades educacionais especiais ao "lugar do
saber", ao mesmo tempo em que, possibilita avançarmos juntos para efetivar
e afirmar um novo paradigma de educação especial.
Trata-se portanto, de uma ação que eleja princípios e valores
significativos centralizados no aluno enquanto sujeito do processo ensino-
aprendizagem, cujas características individuais as diferenciam de seus
pares, merecendo ajustes apropriados ao atendimento de suas necessidades.
Esta é a essência das adaptações curriculares, entendidas como um
conjunto de estratégias que permitem adequar os conteúdos mínimos do
currículo às necessidades de aprendizagem de aluno.
As peculiaridades que envolvem a utilização de adaptações curriculares
para o processo de ensino-aprendizagem é uma questão que requer dos
envolvidos, um comprometimento, uma análise e discussões constantes , em
busca de se considerar as singularidades dos alunos, sem prejuízo dos
processos interativos de quem aprende (aluno-aluno, aluno-professor, aluno-
contexto escolar, professor-professor).
Esta projeção dará às instituições educacionais a medida de seus
avanços com relação à inclusão e a compreensão clara de que os alunos
aprendem das mais diferentes maneiras e nos mais diferentes tempos. E que
ensinar não é submeter o aluno, por menor que seja a sua capacidade de
aprender um dado conteúdo, a um conhecimento pronto, mas prover meios pelos
quais, com liberdade e determinação, ele possa construir novos saberes,
ampliar significados, na medida de seus interesses e capacidade.


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[1] Profª. Ms. Em Educação , pela Universidade Estadual de Ponta Grossa-
UEPG
Profª. Especialista em Educação Especial pela Universidade Estadual de
Ponta Grossa-UEPG
Coordenadora do Ensino Especial da Secretaria Municipal de Ponta Grossa-
SME/PG
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