EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E ZONA RURAL: O ENSINO A PARTIR DO MUSEU

October 6, 2017 | Autor: Ticiane Pinto Garcia | Categoria: Museum Education, Historia, Ensino
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EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E ZONA RURAL: O ENSINO A PARTIR DO MUSEU

Ticiane Pinto Garcia.[1]
Universidade Federal de Pelotas.
[email protected]


Resumo: O presente trabalho baseia-se na construção metodológica do
projeto de educação patrimonial aplicado no Museu etnográfico da Colônia
Maciel, bem como os primeiros resultados obtidos em sua parte prática.
Práticas estas que foram desenvolvidas em três encontros em duas escolas
municipais da cidade de Pelotas no ano de 2013. Para o projeto previamente
foram escolhidos o 5° e 6º anos para que fossem aproveitadas as
intervenções junto ao conteúdo que são vistos nestes anos, com pequenas
variações, onde são abordados temas sobre a história do Brasil e história
do Rio Grande do Sul, momento em que as crianças têm a oportunidade de
conhecer a formação étnica da sua região, resultado das campanhas de
imigração incentivadas pelo governo com o objetivo da ocupar o território e
promover o desenvolvimento sócio-econômico das regiões. Nos três encontros
são trabalhados os pressupostos básicos de educação patrimonial,
observação, registro, exploração e apropriação.
O Projeto de Educação Patrimonial do Museu Etnográfico da Colônia
Maciel, de caráter inclusivo, buscará estimular a valorização de bens
patrimoniais, memórias e identidades culturais. Espera-se que Projeto
contribua para a construção progressiva de um processo contínuo e
sustentável de Educação Patrimonial, na medida em que procurará difundir a
prática da cidadania cultural através da escola.


Palavras chave: História, Museu, Escola.


PATRIMONIAL EDUCATION AND COUNTRYSIDE: TEACHING FROM THE MUSEUM

Abstract: This work is based on the methologycal construction of
Patrimonial Education Project implemented in the Ethnographic Museum of
Colonia Maciel and the first results obtained in the practical part. These
practices that have been developed in three meetings in two schools in the
city of Pelotas in 2013. For the project, the 5th and 6th years were
previously chosen, so that, they improved the interventions with the
contents that are seen in this years, with small variations. Where topics
on History of Brazil and Rio Grande do Sul at which children have the
opportunity to know the ethnic background of their region, the result of
immigration campaigns encouraged by the government with the aim of
occupying are addressed territory and promote socioeconomic development of
regions. In three meetings are worked the basic assumptions of heritage
education, observation, recording, exploitation and appropriation.
The Heritage Education Project of the Ethnographic Museum of the Cologne
Maciel, of inclusiveness, seek to encourage the appreciation of assets,
memories and cultural identities. Project is expected to contribute towards
the creation of a continuous and sustainable process of heritage education,
to the extent that seek to spread the practice of cultural citizenship
through school.

Keywords: History, Museum School.





EDUCACIÓN PATRIMONIAL Y AREA RURAL: LA ENSEÑANZA APARTIR DEL MUSEO
RESUMEN: Este trabajo se basa en la construcción metodológica del proyecto
de educación patrimonial implementado en el Museo Etnográfico de Colonia
Maciel y los primeros resultados obtenidos en su parte práctica. Estas
prácticas se han desarrollado en tres encuentros en dos escuelas
municipales de la ciudad de Pelotas en 2013. Para el proyecto, se eligieron
previamente los años quinto y sexto para que mejoraron las intervenciones
con los contenidos que se ven en estos años, con la pequeña variaciones,
donde se tratarán temas sobre la historia y la historia de Brasil desde Rio
Grande do Sul, en el que los niños tienen la oportunidad de conocer el
origen étnico de la región, el resultado de las campañas de inmigración
alentada por el gobierno con el objetivo de ocupar se abordan territorio y
promover el desarrollo socio-económico de las regiones. En tres encuentros
se trabajan los supuestos básicos de la educación del patrimonio, la
observación, la grabación, la explotación y apropiación.
El Proyecto de Educación sobre el Patrimonio del Museo Etnográfico de la
Colonia Maciel, de inclusión, que invitaban a la apreciación de los
activos, los recuerdos y las identidades culturales. Se espera que el
proyecto contribuya a la creación de un proceso continuo y sostenible de la
educación patrimonial, en la medida en que tratan de difundir la práctica
de la ciudadanía cultural a través de la escuela.

Palabras clave: Historia, Museo, Escuela.





Introdução


No ano de 2000, o Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e
Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas (LEPAARQ[2]/UFPEL) criou um
projeto de pesquisa, que tinha como objetivo recuperar e preservar a
memória histórica da comunidade italiana pelotense. Durante o
desenvolvimento das pesquisas, estando em contato frequente com a
comunidade da Vila Maciel percebeu-se que havia, já há muito tempo, uma
grande vontade da comunidade em criar um local que mantivesse guardado o
seu patrimônio. A partir dessa percepção nasceu a ideia de criação do Museu
Etnográfico da Colônia Maciel. O projeto foi então desenvolvido por uma
equipe da UFPEL, sendo o Museu inaugurado em junho de 2006.
Desde então, muitas atividades foram desenvolvidas, tanto com a
própria comunidade da Colônia quanto com alunos de escolas públicas e
privadas do município. Atualmente a equipe do Museu está empenhada em
desenvolver e implementar um programa de Educação Patrimonial que, através
de diferentes ações estimule a construção coletiva do conhecimento, o
diálogo entre os agentes sociais e a participação efetiva da comunidade,
sendo um instrumento para a afirmação da cidadania.
O Patrimônio cultural são todas as manifestações, realizações e
representações de um povo, de uma comunidade. Segundo Evelina Grunberg,




"A educação patrimonial tem como partida o Patrimônio
Cultural com todas as suas manifestações." (...) são
expressões que a sociedade e os homens criam e, que ao
longo dos anos, vão se acumulando com as das gerações
anteriores."Cada geração dá a sua contribuição,
preservando ou esquecendo essa herança.".
(GRUNBERG,2007)




Tendo em vista que a colônia pelotense é formada por pluralidades
étnicas e têm diversos patrimônios culturais e ambientais, o Projeto de
Educação Patrimonial do Museu Etnográfico da Colônia Maciel foi pensado
como uma ferramenta que possibilitará, por meio de ações educativas
realizadas junto aos alunos do 5º e 6º ano das redes de educação municipal,
estadual e particular, o reconhecimento deste patrimônio e da sua
importância para a construção da história e da memória da sociedade.




O patrimônio, formação da cidadania e seu lugar pedagógico no ensino.


O interesse pela educação patrimonial no Brasil, que remonta aos anos
80 do séc. XX, tem aumentado significativamente nos últimos anos. O que se
entende por educação patrimonial renova-se constantemente, na medida em que
a conceituação de patrimônio se renova e se amplia, incluindo o
antropológico (imaterial) e o biológico/geográfico (meio ambiente).
Para formulação deste projeto a equipe do museu necessitou estar
ambientada com a legislação nacional referente ao patrimônio, bem como
sobre os conceitos propugnados pelos órgãos internacionais responsáveis
pela promoção cultural (UNESCO, ICOM). Do mesmo modo, conhecer a estrutura
administrativa responsável pela preservação do patrimônio, na escala
nacional (IPHAN), estadual (no Rio Grande do Sul, IPHAE) e municipal (em
Pelotas, Coordenação de Preservação da Memória Histórica/ SECULT).
Hoje a educação patrimonial é formalizada como política pública em
escala nacional, na medida em que o IPHAN recomenda o Guia Básico de
Educação Patrimonial (1999), elaborado pela museóloga Maria de Lourdes
Parreiras Horta, diretora do Museu Imperial. Neste guia, a educação
patrimonial é definida como:


"um instrumento de 'alfabetização cultural' que
possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que
o rodeia", caracterizado por ser um "processo ativo
de conhecimento, apropriação e valorização de sua
herança cultural, capacitando-o para um melhor
usufruto destes bens, e propiciando a geração e a
produção de novos conhecimentos, num processo
contínuo de criação cultural" (HORTA, 1999).


A princípio, a educação patrimonial possui dois focos gerais de ação:
a educação da comunidade escolar e a educação da comunidade em geral. A
educação da comunidade em geral, por sua vez, realiza-se de várias formas.
A mais destacada é o turismo cultural, que deve ser entendido não somente
como uma atividade lúdica, mas também como uma atividade pedagógica de
formação de cidadania – uma formação diferenciada, pois aberta para o
diálogo entre o local e o global, porque a educação para o patrimônio tem
como alvo não somente o turista local, mas também aquele vindo de outras
regiões do país ou do estrangeiro. O turismo, portanto, pode ser uma
atividade educadora em escala planetária, com significativa colaboração
para o desenvolvimento da consciência, das políticas e das ações públicas
para a preservação do patrimônio cultural.
A educação patrimonial, que hoje é assunto na escola, iniciou na
verdade nos museus, que, desde a década de 70 do séc. XX, intensificaram em
vários países do planeta suas ações educativas. Algumas experiências dessa
natureza foram relatadas num número especial da revista Museum, publicação
trimestral oficial da Unesco, com o tema Le rôle éducatif du musée (1984).
Neste número, encontramos relatos de diferentes países: o Canadá,a França,
os Estados Unidos, o Equador e o Quênia.[3] Muitas experiências educativas
foram desenvolvidas por museus brasileiros a partir da década de 1980. No
Rio Grande do Sul, a prefeitura municipal de Caxias do Sul foi uma das
pioneiras com o projeto das "Caixas de Memória"[4]. Em Pelotas, somente a
partir de 2001 o Museu da Baronesa iniciou um programa público oficial de
educação patrimonial (NEP = Núcleo de Educação Patrimonial), por meio de
uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e o curso de História
da Universidade Federal de Pelotas.
Nas duas últimas décadas do século XX, a educação patrimonial cresceu
como uma importante dimensão da formação dos cidadãos na democracia
moderna, uma vez que estimula o fortalecimento da consciência do caráter
público do patrimônio e a identificação e manutenção dos laços de memória
com significantes coletivos portadores das memórias sociais dos diferentes
grupos que compõem a sociedade.
Por meio da educação patrimonial, busca-se sensibilizar as comunidades
sobre a importância de preservar a sua memória; mais que isso, busca-se
gerar uma reflexão sobre as memórias dos diferentes grupos sociais, de modo
que se perceba que patrimônio não é somente o monumento belo e notável que
fala do passado de algumas elites, mas que patrimônio é, igualmente, todo
símbolo de memória coletiva, do terreiro à igreja, do sobrado à senzala,
das praças públicas aos prédios das escolas, dos antigos armazéns de bairro
aos grandes teatros, das canchas retas aos estádios de futebol. A escola,
em decorrência da constatação da importância social da educação
patrimonial, chamou para si também esta responsabilidade.

Pedro Paulo Funari e Ana Piñon em seu artigo "Contando às crianças
sobre o passado no Brasil" publicados nos Cadernos do LEPAARQ fazem uma
reflexão sobre o papel da escola no desenvolvimento da identificação dos
jovens com o patrimônio, avaliando o grau de percepção dos jovens do
caráter público do patrimônio. Leva em consideração estudo realizado em
diferentes escolas públicas brasileiras, com estudantes da 5ª e 8ª séries
do ensino fundamental. Seu objetivo é "diagnosticar a capacidade da
educação pública brasileira de transmitir a idéia e o conceito de
'patrimônio' aos estudantes", apontando para a necessidade da educação
patrimonial no âmbito da educação escolar [5].
Os autores constatam primeiro, que a maioria dos jovens não percebe o
patrimônio como um bem público – portanto, podemos dizer, não inclui esse
patrimônio numa identidade da qual ele faça parte. Observe-se que boa parte
dos estudantes de ensino fundamental das escolas públicas pesquisadas são
afro-descendentes, e não identificam como patrimônio público aqueles bens
culturais consagrados pela política patrimonial tradicional brasileira,
cuja história está diretamente associada à dominação de seus ancestrais
pelo regime escravista.
A segunda constatação diz respeito, por sua vez, à capacidade da
escola de educar para o patrimônio, uma vez que averigua, num comparativo
entre a 5ª e a 8ª séries do ensino fundamental, uma progressão na
capacidade de identificar o patrimônio como público. Apesar de pequeno, o
fato em si de ocorrer essa progressão comprova a capacidade do ensino
formal de educar para o patrimônio.
A terceira constatação concerne aos bens identificados como "seu"
patrimônio cultural. A pesquisa conclui que "60% dos estudantes são
incapazes de identificar o patrimônio histórico. Doze por cento o fazem em
um caminho completamente equivocado: em especial, o erro mais comum foi
mencionar os monumentos de outros países, principalmente a Estátua da
Liberdade em Nova Iorque e os trabalhos de Da Vinci" (FUNARI & PIÑON, 2004,
p. 21), O caso do Rio de Janeiro é mais grave: algumas crianças, que
estudam em escolas que são registradas no IPHAN como patrimônio cultural
nacional, não foram capazes de identificar sua própria escola como
patrimônio cultural que lhes pertença. A tendência é identificar como
patrimônio bens alheios à sua realidade. O mais comum é limitarem-se a
citar museus como patrimônio.
Das conclusões de Funari e Piñon, aprendemos que a escola pode e deve
desenvolver educação patrimonial, e que um dos passos recomendáveis pode
começar pela própria escola e pela realidade familiar, para inverter a
perversa situação atual em que a maioria dos jovens das escolas públicas
não é capaz de situar a sua identidade cultural dentro do patrimônio
público, o que constitui uma forma de auto-exclusão cultural e identitária
da cidadania e da memória oficial.

Objetivos do projeto


Aproximar a comunidade estudantil do Museu e qualificar estas visitas,
fazendo com que os alunos compreendam o que é um museu, para que ele serve
e por que preservar estes objetos.
Possibilitar que os alunos e seus pais conheçam um pouco da história
da colônia de Pelotas, que tanto contribuiu para o desenvolvimento sócio
econômico-cultural da região.
Promover a auto-estima da comunidade, bem como divulgar a memória
social local e o Circuito de Museus.
Colaborar com o desenvolvimento sustentável da região colonial por
meio do estímulo à preservação patrimonial (cultural e ambiental) e do
fomento ao turismo cultural, de vertente rural.
Planejar a implementação de novas ações educativas, que tenham como
foco a comunidade da Colônia, e que a serem desenvolvidas que tenham como
foco a comunidade da Colônia.

Metodologia aplicada


O projeto de Educação Patrimonial do Museu Etnográfico da Colônia
Maciel foi elaborado visando atender alunos dos 5º e 6º anos das escolas
das redes municipal, estadual e particular. A escolha deste público se deve
ao fato de ser nestes anos que o conteúdo programático das escolas (com
pequenas variações) aborda temas sobre a história do Brasil e história do
Rio Grande do Sul, momento em que as crianças têm a oportunidade de
conhecer a formação étnica da sua região, resultado das campanhas de
imigração incentivadas pelo governo com o objetivo da ocupar o território e
promover o desenvolvimento sócio-econômico das regiões.
As atividades propostas pelo projeto serão desenvolvidas ao longo de
três encontros, nos quais serão trabalhados os pressupostos básicos da
Educação Patrimonial, observação, registro, exploração e apropriação.
A primeira ação do projeto é levar a proposta para as escolas, que são
escolhidas aleatoriamente ou a partir de indicação ou interesse de
professores e/ou coordenadores. A partir da aceitação da proposta pelas
escolas, são agendados os encontros que se desenvolverão conforme descrito
abaixo:

I Encontro:
O primeiro encontro será realizado nas dependências da escola, com as
turmas que participarão do projeto. Este encontro deverá ser acompanhado
pelo professor de História das turmas em questão. Havendo interesse outros
professores, mesmo que de outras áreas, poderão participar do Projeto,
visto que várias disciplinas podem inserir os conteúdos da Educação
Patrimonial às suas atividades.
O primeiro encontro está dividido em quatro etapas:
1ª – a equipe do Museu se apresentará aos alunos e fará um breve
relato sobre o Museu, sua localização, seu acervo e sobre o projeto do
qual eles irão participar, explicando a metodologia de trabalho;
2ª – a turma será dividida em grupos de no mínimo quatro alunos.
Cada grupo receberá uma folha de atividades (Anexo I). A equipe do
Museu apresentará um Power Point, no qual estarão elencados os
conceitos de patrimônio, cultura, identidade, patrimônio cultural e
memória
3º - após a apresentação os alunos deverão resolver a questão
número 1 da folha e em seguida apresentarão suas respostas.
4º - a equipe do Museu fará breves comentários sobre as
respostas dadas e esclarecerá as dúvidas. Os alunos então deverão
responder a questão nº 2 da folha.





Foto: Ticiane pinto Garcia




Será feito encerramento da atividade. As folhas serão recolhidas para
serem utilizadas pela equipe como instrumento de avaliação.


II Encontro:
O segundo encontro do Projeto de Educação Patrimonial prevê a saída de
campo para a Colônia Maciel para que seja possível a observação, o registro
e a exploração o que resultará na apropriação.
A saída de campo será acompanhada pela equipe do Museu e pelos
professores responsáveis pelas turmas. O itinerário será:


8h30min - Saída da Escola


9h30min – chegada ao Museu Etnográfico da Colônia Maciel, onde os
alunos serão divididos em pequenos grupos para que possa ocorrer a
visitação guiada. Nesta visitação será apresentado o museu, a história da
comunidade, bem como o sistema de organização de um museu: catalogação,
conservação, reserva técnica.

Foto: Ticiane Pinto Garcia




10h30min – visita à Igreja de Sant'Ana, local de referência para a
comunidade da região, onde ocorrem os eventos religiosas e também muitos
eventos sociais. Durante a visita será trabalhado o conceito de patrimônio
imaterial.



Foto: Ticiane Pinto Garcia


11h00min – Ponte do Trem: patrimônio material reconhecido pela
comunidade. Construída para dar passagem à linha férrea Canguçu-Pelotas
entre 1940 e 1948, foi desativada em 1962.
11h:30min – Museu Grupelli: a visita ao Museu Grupelli tem por
objetivo que os alunos possam reconhecer a presença da identidade de
imigrantes entre a Colônia Maciel e Colônia Municipal. No passado o
Grupelli era a estação de veraneio, na qual era comum a presença de
moradores de cidades vizinhas que passavam seus veraneios na Hospedaria da
família. Além de hospedaria, a propriedade possuía uma vinícola e um
armazém.
12h:30min – Almoço/Lanche: o grupo poderá optar por fazer um lanche
partilhado ou almoçar no Restaurante Grupelli, localizado ao lado do Museu.
Após o almoço haverá momento de recreação, onde os alunos poderão brincar
no espaço verde ao lado do restaurante e nas águas do Arroio Quilombo
(bastante raso, não apresentando riscos às crianças).
15h:30min - Túnel do Trem: localizado na colônia São Manoel, foi
construído para dar passagem ao trem da linha Canguçu-Pelotas. Abandonado
na década de 1960 encontra-se rodeado pela mata nativa e seu acesso é feito
por uma pequena ilha. Neste local será possível trabalhar os conceitos de
patrimônio natural e patrimônio edificado.



Foto: Ticiane Pinto Garcia


16h:30min – Retorno à escola: previsão de chegada por volta da
17h30min.


III Encontro
O terceiro encontro será realizado na escola e tem como objetivo fazer
uma avaliação do Projeto. No primeiro momento os alunos receberão uma folha
onde deverão fazer um desenho daquilo que mais chamou sua atenção durante o
passeio. Logo após será pedido que eles façam um pequeno texto sobre o
desenho, justificando sua escolha e relatando o que lembram sobre o objeto,
ou lugar que desenharam.
Os desenhos serão recolhidos e servirão como instrumento de avaliação,
na medida em que será possível perceber através deles, a capacidade dos
alunos de apropriação dos conceitos apresentados e trabalhados no primeiro
encontro.




Conclusão

O investimento em educação voltada ao reconhecimento do patrimônio
cultural de uma comunidade constrói um conjunto de significados para o
estudante, que proporciona um entendimento pessoal do espaço onde vive (e
mesmo do mundo), de caráter concreto e ordenador de seu pensamento e
comportamento.
Desta forma, a educação patrimonial pode subsidiar novas
interpretações em relação ao futuro da comunidade, em que o patrimônio
acumulado ao longo de muitas gerações pode ser requalificado, e capaz de
ser repassado às gerações futuras. A Educação Patrimonial é entendida aqui,
de acordo com Evelina Grunberg (2000), como um trabalho permanente de
envolvimento de variados segmentos que compõem a comunidade, visando à
preservação dos marcos e manifestações culturais e, principalmente, ao
fortalecimento da auto-estima das comunidades pelo reconhecimento e
valorização de sua cultura e seus produtos, objetivando a promoção de uma
mudança positiva de percepção da realidade cotidiana.
A educação patrimonial se utiliza dos lugares e suportes da memória
(museus, monumentos, arquivos, bibliotecas, conjuntos históricos, vestígios
arqueológicos, etc.), no processo ensino-aprendizagem, a fim de desenvolver
a sensibilidade e a percepção dos educandos e dos cidadãos, para a
importância da preservação desses bens culturais, que fazem parte da
memória coletiva e da paisagem cultural. O conhecimento adquirido e a
apropriação dos bens culturais por parte da comunidade constituem fatores
indispensáveis no processo de conservação integral, e/ou preservação
sustentável do patrimônio local (SOUZA FILHO, 1999).
A valorização do patrimônio local faz com que se formem cidadãos mais
conscientes de seu papel, e os estimule a transformar a sua realidade,
aumentando a sua auto-estima, no sentido individual, e consequentemente do
lugar onde vivem no sentido coletivo. Portanto, em última instância,
estaria a serviço do bem-estar (ZORZI, 2010).
O Projeto de Educação Patrimonial do Museu Etnográfico da Colônia
Maciel, de caráter inclusivo, buscará estimular a valorização de bens
patrimoniais, memórias e identidades culturais. Espera-se que Projeto
contribua para a construção progressiva de um processo contínuo e
sustentável de Educação Patrimonial, na medida em que procurará difundir a
prática da cidadania cultural através da escola.
O Projeto busca ampliar a inserção do tema preservação patrimonial na
prática pedagógica dos educadores, e no cotidiano escolar das redes
municipal, estadual e privada da cidade de Pelotas. Considera-se que a
Educação Patrimonial é importante para que as pessoas compreendam o próprio
universo sociocultural, enquanto possuidores de uma historicidade, elevando
a autoestima, exaltando saberes e fazeres, e fortalecendo a identidade
cultural local.
A educação patrimonial, ao mesmo tempo em que deve estimular o
conhecimento e valorização dos testemunhos culturais e identitários das
comunidades locais, deve também encetar nelas o sentimento de tolerância
para a diversidade cultural, a sensibilidade para admirar a cultura dos
outros povos, de outras regiões e outras épocas, cujos registros culturais
expressam a riqueza da cultura humana (CERQUEIRA, 2008).
Há que se considerar ainda que a educação patrimonial pode exercer um
importante papel no desenvolvimento regional, tanto do ponto de vista
social – pois valoriza as identidades dos diferentes grupos que compõem a
sociedade, estimulando sua auto-estima social – quanto econômico –
revertendo-se em importante impacto sobre o desenvolvimento de turismo com
enfoque no patrimônio. Um programa pode vir a alimentar assim o turismo,
que emerge como possibilidade para a sustentabilidade, de forma integrada,
da preservação das diferentes manifestações do patrimônio cultural e
ambiental (ZORZI, 2010).




Referências Bibliográficas


CERQUEIRA, Fábio Vergara. Educação Patrimonial nas escolas: por que e
como? In: Educação Patrimonial: perspectivas multidisciplinares. Fábio
Vergara Cerqueira, et. al. Pelotas, RS: Instituto de Memória e Patrimônio e
Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPEL, Pelotas: Editora
da UFPEL, 2008, 100p.
GRUNBERG, Evelina. Manual de atividades praticas de educação patrimonial.
Brasília, DF: IPHAN,2007.

GRUNBERG, Evelina. Educação Patrimonial: Utilização dos bens culturais como
recursos educacionais. In.: Cadernos do CEOM, Chapecó: Argos, n.12, p
159–180, 2000.

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Grumberg, Evelina. MONTEIRO, Adriane
Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Museu Imperial, 1999.


SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Bens culturais e proteção jurídica.
2 ed., Porto Alegre: Unidade Editorial,1999

ZORZI, 2010. Relatório

FUNARI, Pedro Paulo Abreu & PIÑON, Ana. Contando as crianças sobre o
passado no Brasil. Cadernos do LEPAARQ. Textos de Antropologia, Arqueologia
e Patrimônio. Pelotas: Editora da Universidade Federal de Pelotas, v.1,
n.1, 2004, p. 13-30.

ANJOS, Marcos Hallal dos. Estrangeiros e Modernização: a cidade de Pelotas
no
Último quartel do Século XIX. Pelotas: Ed. Universitária/ UFPel, 2000.

PEIXOTO, Luciana da Silva. Memória da imigração italiana em Pelotas / RS.
Colônia Maciel: lembranças, imagens e coisas. Pelotas: Monografia de
Conclusão do
Curso de Licenciatura em História da Universidade Federal de Pelotas, 2003.

CERQUEIRA, F. V; PEIXOTO L.S. Museu e Identidade Ítalo-descendente na Serra
dos Tapes, Pelotas/RS: o projeto do Museu Etnográfico da Colônia Maciel.
Métis (UCS), v. 07, p. 115-137, 2008.

POLLAK, Michel. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de
Janeiro, Vol. 5, n.10, 1992, p.200-212.











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[1] Bolsista de extensão no Museu Etnográfico da Colônia Maciel

[2] Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia.

[3] Le rôle éducatif du musée (O papel educativo do museu). Museum. Révue
trimestrielle publié par l'UNESCO. nº 144, 1984.


[4] Projeto desenvolvido em parceria pela Universidade de Caixas do Sul e
pela prefeitura: uma caixa itinerante, com objetos culturais, percorria as
escolas da rede pública.


[5] Estudo detalhado conduzido entre 821 estudantes em diferentes cidades
do país: 459 pertencentes à quinta série e 363 da oitava, isto é,
respectivamente do primeiro e último ano do segundo ciclo do ensino
fundamental. A margem de erro é de 4,5% para os estudantes de quinta série
e 6% para os de oitava; para ambos os casos, a margem de confiança é de
95%.
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