Elaboração e validação de escala diagramática para quantificação da mancha de isariopsis da videira

July 5, 2017 | Autor: Adriano Arrué | Categoria: Microbiology, Plant Biology, Quantitative analysis, Analysis, Quantitative Analysis
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Elaboração e validação de escala diagramática para avaliação da severidade de oídio em folhas de mamoeiro Pedro Henrique Dias dos Santos1, Marcelo Vivas1, Silvaldo Felipe da Silveira1, Janieli Maganha Silva2, Carlos Eduardo Pessanha da Silva Terra1 1

Laboratório de Entomologia e Fitopatologia, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, CEP 28013-600, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil. 2Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Alegre, CEP 29500-000, Alegre, ES, Brasil. Autor para correspondência: Marcelo Vivas ([email protected]) Data de chegada: 22/11/2010. Aceito para publicação em: 10/10/2011. 1732

RESUMO Santos, P.H.D.; Vivas, M.; Silveira, S.F.; Silva, J.M.; Terra, C.E.P.S. Elaboração e validação de escala diagramática para avaliação da severidade de oídio em folhas de mamoeiro. Summa Phytopathologica, v.37, n.4, p.215-217, 2011. Com o objetivo de facilitar e padronizar as avaliações da severidade de oídio (Streptopodium caricae) em folhas de mamoeiro elaborou-se e va lidou -se uma esca la diagramá tica com os segu intes níveis de severidade: 0,6; 1,2; 2,5; 5,0; 10,0 e 20,0%. Sem a escala, todos os avaliadores superestimaram a severidade da doença. Com a escala, os avaliadores obtiveram melhores níveis de acurácia, com erros absolutos

concentrando-se na faixa de 5%, sendo muitas vezes inferiores a esse valor e pou ca s vezes ultrapassa ndo os 1 0%. Todos os a va lia dores a presenta ra m boa repetibilida de e eleva da reprodu tibilida de da s estimativas com a utilização da escala. A escala diagramática proposta mostrou-se adequada para avaliação da severidade de oídio em folhas de ma moeiro.

Palavras-chave adicionais: Carica papaya, Streptopodium caricae, quantificação, severidade.

ABSTRACT Santos, P.H.D.; Vivas, M.; Silveira, S.F.; Silva, J.M.; Terra, C.E.P.S. Elaboration and validation of a diagrammatic scale to assess powdery mildew severity in papaya leaves. Summa Phytopathologica, v.37, n.4, p.215-217, 2011. A diagrammatic scale for powdery mildew (Streptopodium caricae) in papaya leaves was elaborated and validated in order to standardize the disease severity assessments. The proposed scale presented severity levels of 0.6, 1.2, 2.5, 5.0 , 10.0 and 2 0.0%. Without the scale, all evalua tors overestima ted the disea se severity. When the sca le was u sed by the eva lu a tors, better a ccu ra cy and precision levels were

obta ined, althou gh there was a severity u nderestima tion tendency, with absolute errors around 5% and many times inferior to this value a nd a few times a bove 1 0 %. The eva lu a tors presented good repeatability and high reproducibility of estimates when the scale was used. The diagrammatic scale was suitable for powdery mildew severity evaluation in papaya leaves.

Keywords: Carica papaya, Streptopodium caricae, assessment, severity.

O mamoeiro (Carica papaya L.) é uma das fruteiras tropicais de maior importância no Brasil, sendo o país o maior exportador mundial. Mundialmente, o mamoeiro é hospedeiro de quatro espécies de oídio, pertencentes à Phyllactinioideae: Ovulariopsis papayae Van der Byl, na África do Sul; Phyllactinia caricaefolia Viégas, no Brasil; Oidiopsis haplophylli (Magnus) Rulamort, anamorfo de Leveillula taurica (Lév.) G. Arnaud, na Australia, India e Portugal; Streptopodium caricae Liberato & R.W. Barreto no Brasil (5). No Brasil, S. caricae é relatado como espécie comumente observada ocasionando sintomas de oídio em folhas de mamoeiro na região norte do Espírito Santo (5), 2º maior produtor dos estados brasileiros. O oídio é de ocorrência generalizada em viveiros, casa de vegetação e nos campos de mamão nos meses mais frios do ano. As pulverizações com fungicidas a base de S e outros fungicidas tem sido requerida para o controle do oídio do mamoeiro nestas épocas (6,7). Visando-se reduzir a dependência da cultura do mamoeiro em relação à fungicidas convencionais, pesquisas tem sido direcionadas visando-se a utilização de indutores de resistência (ativadores de plantas) e a seleção de material

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genético resistente (10). Todavia, faltam metodologias adequadas para a avaliação da severidade da doença. Trabalhos de patometria na cultura do mamoeiro são escassos e compreendem algumas escalas diagramáticas, como para pinta-preta (9) e para antracnose de frutos de mamoeiro (1). Considerando-se a inexistência de métodos padronizados para quantificação de oídio em folhas de mamoeiro, este trabalho teve como objetivos desenvolver uma escala diagramática para avaliação da severidade da doença nas folhas e analisar os níveis de acurácia, precisão e reprodutibilidade das estimativas geradas com a utilização da escala desenvolvida. Para elaboração da ecala diagramática foram coletadas aleatoriamente 80 folhas de plantas com idade entre 6 e 8 meses, com diferentes níveis de severidade. A confirmação etiológica do agente causal como S. caricae foi feita com base na sintomatologia peculiar (clorose tênue na superfície adaxial e pontuações com esporulação tênue na superfície abaxial) e análise microscópica com a constatação de conidióforos formados a partir de micélio exógeno (5).

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Figura 1. Escala diagramática de severidade (% de área foliar lesionada) do Oídio do mamoeiro, causado por Streptopodium caricae. As imagens da escala referem-se à porção central (nervura central) do limbo das folhas da planta.

Como as folhas do mamoeiro são muito grandes e de difícil manuseio, foi utilizada apenas a porção do limbo foliar correspondente à nervura central. As imagens destas porções obtidas foram digitalizadas em scanner de mesa, com resolução de 300 dpi. Em computador, com auxílio do programa Quant®(8), determinou-se a área total e a área lesionada das imagens. Baseando-se na lei de Weber-Fechner de acuidade visual (2), bem como na forma, distribuição e freqüência das lesões, foi confeccionada uma escala diagramática com os níveis de: 0,6; 1,2; 2,5; 5,0; 10,0 e 20,0% de severidade (área lesionada/área foliar total x 100) (Figura 1) Para a validação da escala, uma apresentação foi elaborada no programa Power Point 2003 (MS Office 2003®), contendo imagens de 50 folhas apresentando diferentes níveis de severidade de Oídio. Com esta apresentação, mediante projeção, com auxílio de 10 pessoas (avaliadores inexperientes), foram feitas estimativas das severidades. Inicialmente, a severidade foi estimada sem o auxílio da escala diagramática e, após sete dias, com o auxílio desta. Sete dias após, nova seqüência das mesmas imagens foi apresentada e uma terceira estimativa visual (com auxílio da escala diagramática) foi efetuada pelos mesmos avaliadores, para a avaliação da repetibilidade. A partir dos dados de cada avaliador determinou-se a acurácia e a precisão por meio de regressão linear simples (Microsoft Excel 2000®) entre a severidade real estimada no programa Quant ® (variável independente) e a severidade estimada visualmete (variável dependente), sem e com o uso da escala. A precisão das estimativas foi determinada por meio do coeficiente de determinação (R²) da regressão e pela

Tabela1. Valor do intercepto (a), coeficiente angular da reta (b) e coeficiente de determinação (R²) de equações de regressão linear que relacionam estimativas visuais de severidade de oídio em folhas de mamoeiro, efetuadas por avaliadores, sem e com auxílio de escala diagramática.

* indica que a hipótese de nulidade (a=0 e b=1) foi aceita pelo teste t (t= 0,05); 1Estimativas de equação de regressão linear simples relacionando a segunda à primeira estimativa de severidade com auxílio de escala.

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variância dos erros absolutos (diferenças entre o valor real e estimado). A acurácia foi avaliada por meio dos parâmetros “a” e “b” da equação de regressão, comparando-os respectivamente, aos valores 0 e 1, pelo teste “t” (p < 0,05), sem e com uso da escala. Nas avaliações conduzidas sem a utilização da escala diagramática os valores do intercepto relacionados a 40% dos avaliadores diferiram significativamente de zero (P=0,05), com forte tendência a superestimativa da severidade, indicando a presença de desvios positivos constantes para todos os níveis de severidade da doença (Tabela 1). Com a utilização da escala, todos os valores do intercepto dos avaliadores foram significativamente iguais a zero (P=0,05), na segunda e na terceira avaliação. A maioria dos desvios foi negativa, ou seja, tendeu-se a subestimativa da severidade. A tendência dos avaliadores em subestimar os níveis de severidade da oídio do mamoeiro quando utilizaram a escala diagramática, assemelhou-se ao constatado na validação de escalas em outros patossistemas (4,9). Com relação aos valores do coeficiente angular da reta, 80% dos avaliadores apresentaram valores significativamente diferentes de 1 sem a utilização da escala diagramática (Tabela 1). Com a utilização da escala, 70% dos avaliadores na segunda e na terceira avaliações apresentaram coeficientes angulares significativamente diferentes de 1 (P=0,05), indicando que a utilização da escala melhorou a acurácia das estimativas visuais (Tabela 1). Na análise da precisão, estimativas visuais da severidade sem a utilização da escala diagramática resultaram em valores de R2 com média de 0,57, variando de 0,31 a 0,67 e uma amplitude de 0,36. Com a utilização da escala, os valores de R2 tiveram média de 0,76, variando de 0,66 a 0,83 (amplitude de 0,23). Na terceira avaliação, o R2 variou de 0,71 a 0,84 com amplitude menor que 0,13. Portanto, a precisão das estimativas visuais com auxílio de escala diagramática aumentou, assemelhando-se ao verificado noutros estudos de validação de escala diagramática (3, 4 e 9). Em geral, os avaliadores apresentaram boa repetibilidade, pois pelas análises de regressão linear entre os dados da terceira avaliação em relação à segunda, ambas com o uso da escala, observaram-se valores de R2 entre 0,66 e 1,00, com média de 0,83 (Tabela 1). Os valores de severidade estimados com o auxílio da escala diagramática foram mais acurados e precisos para maioria dos avaliadores. Além disso, a escala proporcionou boa repetibilidade e elevada reprodutibilidade entre as avaliações de diferentes avaliadores, principalmente por estes avaliadores não terem sido submetidos a nenhum tipo de treinamento (avaliação com exposição simultânea dos resultados reais e estimados), o que poderia melhorar ainda mais a acurácia. A escala diagramática desenvolvida mostrou-se adequada para avaliação da severidade de oídio em folhas de mamoeiro e tem sido

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utilizada pela equipe noutros trabalhos, tanto em campo quanto em casa de vegetação, para avaliação de diferentes genótipos do mamoeiro quanto à resistência a doença. As imagens utilizadas no desenvolvimento e na validação da escala poderão ser fornecidas pelos autores aos interessados.

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