Eleições Brasileiras 2014: Reviravoltas e Resultados

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Novembro, 2014 BPC Policy Brief - V. 4 N. 12

BPC Policy Brief

Monitor: Eleições Brasileiras 2014: reviravoltas e resultados Luísa Medeiros e Carlos Frederico Pereira da Silva Gama

Sobre o BRICS Policy Center O BRICS Policy Center é dedicado ao estudo dos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e demais potências médias, e é administrado pelo Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio (IRI), em colaboração com o Instituto Pereira Passos (IPP). Todos os briefs tem sua publicação condicionada a pareceres externos. As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade do(a)(s) autor(a)(es)(as), não refletindo, necessariamente, a posição das instituições envolvidas.

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BPC Policy Brief. V. 4. N. 12 - outubro - novembro/2014. Rio de Janeiro. PUC. BRICS Policy Center ISSN: 2318-1818 11p ; 29,7 cm 1. Relações Internacionais. 2. Eleições. 3. Desenvolvimento.

Sumário

Introdução ...................................................................................

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Dos preparativos à definição de candidaturas ...............

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As reviravoltas e seus desdobramentos ............................

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Conclusão ....................................................................................

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A candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Presidenta Dilma Rousseff, conquistou a reeleição em campanha marcada por reviravoltas, surpresas, ataques e imprevisibilidade. O que parecia ser mais uma campanha polarizada entre PT e Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) passou pela surpresa e comoção coletiva da morte acidental do candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos. O falecimento de Campos num acidente aéreo, às vésperas do início da propaganda eleitoral, fez com que o jogo político fosse alterado, modificando os cursos de ação das principais candidaturas, num contexto de intensa contestação doméstica aos governos do PT. A reeleição de Dilma, saudada pelos países do grupo BRICS, foi acompanhada por promessas de mudanças econômicas e sociais.

President Dilma Rousseff – candidate for the Worker’s Party (PT) – was reelected in a surprising electoral contest. Early forecasts of another bipolar dispute between PT and the Brazilian Social Democratic Party (PSDB) were countered by the sudden death of candidate Eduardo Campos (from the Brazilian Socialist Party, PSB) during the early stages of electoral propaganda. Campos’ tragic demise in a plane crash proved a game changer. The main contenders changed their strategies, amidst intense domestic contestation of PT administrations. Dilma’s reelection was celebrated by BRICS countries and accompanies by promises of economic and social change.

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BPC POLICY BRIEF - V. 4 N. 12

Eleições Brasileiras 2014: reviravoltas e resultados

Luísa Medeiros e Carlos Frederico Pereira da Silva Gama

Introdução No dia 26 de outubro, o Brasil recebeu o resultado das eleições presidenciais de 2014. A candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), a Presidenta Dilma Rousseff, conquistou a reeleição em uma campanha marcada por reviravoltas, surpresas, ataques e imprevisibilidade. Aquela que parecia ser mais uma campanha polarizada pelo PT e pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) passou pela surpresa e comoção coletiva da morte acidental do candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos. O falecimento do candidato em um acidente aéreo, às vésperas do início da propaganda eleitoral no rádio e na TV, fez com que o jogo político fosse alterado consideravelmente, modificando os cursos de ação das principais candidaturas que estavam disputando o cargo mais alto do Poder Executivo brasileiro. O “voto emocional”, gerado a partir da solidariedade com a morte precoce do candidato do PSB, fez com que as campanhas adotassem um novo formato, e a definição de adversários diretos se mostrou mais imprecisa. O então candidato na segunda posição das pesquisas, Aécio Neves (PSDB), viu uma fuga de intenções de votos para a candidata Marina Silva (PSB), que assumiu a chapa antes encabeçada por Campos. Nesse sentido, a candidata à reeleição, Dilma Rousseff, se encontrava em uma posição em que dois candidatos fortes ameaçavam os seus objetivos e, ao mesmo tempo, Aécio Neves e Marina Silva, brigavam para definir quem iria para a disputa do segundo turno. Apesar da morte do candidato do PSB ser considerada fator fundamental para as definições da eleição de 2014, é importante destacar que os fenômenos e processos que fizeram dessa a eleição mais disputada da história recente do Brasil foram construídos desde o pleito de 2010. Nesse sentido, o objetivo deste monitor é apresentar como foram construídas as principais candidaturas da eleição de 2014, qual o cenário político no qual estava inserido o Brasil ao longo desse processo e, finalmente, como as diversas variáveis envolvidas afetaram os resultados apresentados em 26 de outubro.

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Eleições Brasileiras 2014: reviravoltas e resultados

1. Dos preparativos à definição de candidaturas Como todo processo eleitoral, as eleições presidenciais de 2014 foram influenciadas ainda pelos acontecimentos das eleições anteriores no ano de 2010. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que governou até 31 de dezembro de 2010, conseguiu obter 80% de aprovação do seu governo e 87% de aprovação como presidente1. Essa expressiva popularidade rendeu ao ex-presidente a eleição da sua sucessora e apadrinhada política, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. Em 2010, a campanha foi mais uma vez polarizada entre os Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tendo José Serra como candidato; entretanto, uma terceira via se mostrou fortalecida com a candidatura da exsenadora, Marina Silva, pelo Partido Verde (PV), que conseguiu contabilizar quase 20 milhões de votos2. Apesar das mudanças trazidas pela candidatura de Marina Silva, os candidatos do PT e do PSDB foram para a disputa do segundo turno, com a vitória da primeira mulher para a Presidência da República do Brasil com 56,1% dos votos. Todos esses fatores foram fundamentais para a definição das principais candidaturas que viriam a disputar as eleições no pleito de 2014. O governo da presidente Dilma Rousseff enfrentou as consequências da crise econômica internacional de 2008/2009, o que não possibilitou a manutenção das taxas de crescimento vislumbradas em anos anteriores. Além disso, outra questão importante, ligada ao distanciamento do PT de bandeiras históricas defendidas pelo partido (como reforma agrária, reforma política, reforma tributária e diálogo com as centrais sindicais), começaram a gerar maiores insatisfações com o governo federal. Em junho de 2013, os governos municipais, estaduais e federal enfrentaram as maiores manifestações de rua do país em mais de duas décadas. Inicialmente, os protestos foram motivados pelo aumento dos preços das passagens de transporte coletivo nas capitais do país; com o cancelamento do aumento, as manifestações voltaram a sua pauta para outras questões relacionadas à saúde, educação, segurança e corrupção, associadas à condução das obras da Copa do Mundo da FIFA de 2014 e da Copa das Confederações da FIFA de 2013, cuja realização coincidiu com os protestos3. Esses eventos foram responsáveis por uma queda acentuada da popularidade da presidente que, até então, possuía 79% de índice de aprovação pessoal. Ao mesmo tempo, houve um aumento crescente da popularidade da ex-senadora Marina Silva, que chegou a empatar com a presidente Dilma Rousseff em simulações de segundo turno em meados de 20134. Em resposta aos chamados das ruas, e diferentemente das reações de prefeitos e governadores, que não se pronunciaram sobre as reinvindicações, em pronunciamento oficial, a Presidenta propôs cinco pactos para a população: a defesa de uma maior responsabilidade fiscal para evitar o avanço da inflação, a proposta de criar uma Assembleia Constituinte para promover a reforma política, maiores investimentos em mobilidade urbana, a destinação de 100% dos royalties do Pré-Sal para a educação e ações voltadas para a melhoria da saúde pública. Com relação à proposta da Constituinte, o PT se viu bloqueado pela base aliada do governo no Congresso para seguir com a ação; a destinação dos royalties do Pré-Sal para a educação foi modificada na Câmara dos Deputados para também favorecer a saúde pública; o governo lançou ainda o programa Mais Médicos, que consistia na importação de médicos estrangeiros para o país 1 REVISTA VEJA. CNI/Ibope: Lula se despede com aprovação popular de 80%, 16 dez. 2010. Disponível em: http://veja.abril. com.br/noticia/brasil/governo-lula-chega-ao-fim-com-aprovacao-de-80 Acesso em: 28 out. 2014. 2 G1. Apuração Eleições 2010 1º Turno, 03 out. 2010. Disponível em: http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/apuracao1-turno/index.html Acesso em: 23 out. 2014. 3 MÜZELL, Lúcia. Estudo mostra que protestos evidenciam fragilidade do governo do PT, 10 jan. 2014. Disponível em: http:// www.portugues.rfi.fr/geral/20140110-estudo-mostra-que-protestos-evidenciam-fragilidade-do-governo-do-pt Acesso em: 20 out. 2014 4 G1. Pesquisa Ibope aponta Dilma com 38% e Marina Silva com 16%, 26 set. 2013. Disponível em: http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/09/pesquisa-ibope-aponta-dilma-com-38-e-marina-silva-com-22.html Acesso em: 20 out. 2014 6

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com o objetivo de que esses fossem responsáveis por atender os municípios do interior e as periferias das grandes cidades5. Ainda em setembro de 2013, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) entregou seus cargos no governo federal, rompendo a aliança existente com o PT desde a eleição do ex-presidente Lula. Em seguida, o partido anunciou o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como candidato à Presidência da República pelo partido6. Outro fator que foi decisivo para as definições das eleições de 2014 ocorreu em outubro de 2013. Marina Silva, até então a maior beneficiada com as manifestações populares, não conseguiu apresentar o número mínimo de assinaturas exigidas pela legislação para registrar o seu partido, a Rede Sustentabilidade, ficando impossibilitada de concorrer à presidência no ano seguinte pela agremiação. Devido a isso, os apoiadores de Marina Silva, juntamente com representantes da Rede, iniciaram negociações com o Partido Popular Socialista (PPS) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), e Marina decidiu filiar-se ao PSB, o que levaria à formação da chapa encabeçada por Eduardo Campos7. A candidatura do senador Aécio Neves (PSDB), mais uma vez, dependeu das definições do ex-governador José Serra (PSDB) sobre os caminhos que viria a seguir. Ainda nas eleições de 2010, especulou-se que Aécio seria o candidato do partido que iria concorrer com a então candidata do PT, Dilma Rousseff. Entretanto, diante da indefinição de José Serra como candidato, o tucano mineiro optou por concorrer ao Senado Federal e foi considerado um dos principais cabos eleitorais na campanha do companheiro de partido. Dessa vez, para as eleições de 2014, José Serra tentou por algum tempo se firmar como candidato à presidência, mas não conseguiu apoio suficiente dentro do partido. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já havia declarado, em 2012, apoio à pré-candidatura de Aécio. No final de 2013, José Serra publicou um curto comunicado em sua conta do Facebook desistindo da indicação do partido para a Presidência da República8. Posteriormente, na convenção partidária do PSDB, Aécio Neves seria confirmado como candidato e principal nome de oposição na campanha9. Além dos três principais candidatos citados anteriormente, as eleições brasileiras de 2014 ainda contaram com outros oito candidatos: Luciana Genro (PSOL – Partido Socialismo e Liberdade); Eduardo Jorge (PV – Partido Verde); Pastor Everaldo (PSC – Partido Social Cristão); José Maria Eymael (PSDC – Partido Social Democrata Cristão); Levy Fidelix (PRTB – Partido Renovador Trabalhista Brasileiro); José Maria de Almeida (PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados); Rui Costa Pimenta (PCO – Partido da Causa Operária) e Mauro Iasi (PCB – Partido Comunista Brasileiro)10. Esses candidatos foram considerados nanicos, por não possuir estrutura para uma campanha de grande porte.

5 LEITE, Paulo Moreira. Gestão Pública: Dilma Rousseff, 29 nov. 2013. Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/337112_GESTAO+PUBLICA+DILMA+ROUSSEFF Acesso em: 28 out. 2014 6 O ESTADO DE SÃO PAULO. PSB entrega cargos no governo federal e dá 1º passo na candidatura, 18 set. 2013. Disponível em: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,psb-entrega-cargos-no-governo-federal-e-da-1-passo-na-candidatura,1076127 Acesso em: 20 out. 2014. 7 FOLHA DE SÃO PAULO. PSB reage a Marina e diz que candidato em 2014 é Campos, 10 out. 2013. Disponível em: http:// www1.folha.uol.com.br/poder/2013/10/1354368-psb-reage-a-marina-e-diz-que-candidato-em-2014-e-campos.shtml Acesso em: 20 out. 2014. 8 G1. Serra desiste e deixa PSDB livre para indicar Aécio à Presidência em 2014, 16 dez. 2013. Disponível em: http://g1.globo. com/politica/eleicoes/2014/noticia/2013/12/serra-desiste-e-deixa-psdb-livre-para-indicar-aecio-presidencia-em-2014.html Acesso em: 22 out. 2014 9 ESTADO DE MINAS. Candidatura de Aécio Neves à Presidência da República é confirmada, 19 nov. 2013. Disponível em: http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2013/11/19/interna_politica,471557/candidatura-de-aecio-neves-a-presidenciada-republica-e-confirmada.shtml Acesso em: 22 out. 2014 10 G1. Candidatos à Presidente. Disponível em: http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/candidatos-presidente.html Acesso em: 28 out. 2014. 7

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2. As reviravoltas e seus desdobramentos Ainda em 2013, ao final do ano, os condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da ação penal do mensalão foram presos. Dentre eles estavam figuras históricas do PT, como: Delúbio Soares, José Genoíno e José Dirceu. A presidente Dilma Rousseff, por sua vez, optou por não comentar as prisões dos colegas de partido. Apesar de ser a ilustração das ações de corrupção, as prisões dos condenados foram responsáveis por auxiliar no aumento da popularidade da presidente11. Na abertura da Copa do Mundo da FIFA de 2014, na Arena Corinthians, durante a cerimônia de abertura do evento e antes da partida entre Brasil e Croácia, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada e xingada pelos presentes; fato que também havia ocorrido na abertura da Copa das Confederações da FIFA de 2013. Entretanto, pesquisas mostraram que a maioria dos brasileiros achou que os torcedores que xingaram a presidente agiram mal12. No início efetivo da campanha presidencial, em 13 de agosto de 2014, veio a acontecer aquele que foi o evento mais marcante das eleições do Brasil nos últimos 25 anos. O então candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, sofreu um acidente aéreo após embarcar do Rio de Janeiro em direção ao município do Guarujá (em São Paulo) para cumprir agenda de campanha. Cerca de 10h da manhã, o avião, após arremeter devido ao mau tempo, caiu em cima de um quintal na cidade de Santos (litoral de São Paulo), no bairro do Boqueirão, matando todos os sete ocupantes da aeronave. A morte precoce de Eduardo Campos causou forte comoção coletiva e foi responsável por alterar o rumo das eleições13. De acordo com a legislação vigente, a coligação “Unidos pelo Brasil”, de Eduardo Campos e Marina Silva, tinha dez dias para apresentar um novo candidato. Ficou decidido que seriam aguardados as cerimônias fúnebres e o enterro das vítimas para que fosse definido quem seria o novo cabeça de chapa14. No dia 16 de agosto, o PSB escolheu a então candidata à vice-presidente, Marina Silva, para ser a nova candidata à Presidência. Apesar de atritos por incompatibilidade de posicionamentos, nenhum partido deixou a coligação; entretanto, o coordenador-geral da campanha deixou o cargo por não concordar com a indicação de Marina. Por outro lado, a escolha de Marina tinha o apoio da família de Eduardo Campos, principalmente do seu irmão, sua esposa e dos seus filhos, questão fundamental para a sua manutenção como candidata. Beto Albuquerque, deputado federal do PSB pelo Rio Grande de Sul, foi escolhido para ser o vice de Marina, por ser um político da confiança de Campos15. As mudanças geradas pela morte de Eduardo Campos e entrada de Marina Silva na disputa presidencial foram imediatas. Aécio Neves, até então segundo colocado nas pesquisas eleitorais, enfrentou uma forte queda de intenções de voto, transferindo grande parte para a candidata Marina Silva que se firmou em segundo lugar, e chegou a ultrapassar a candidata Dilma Rousseff no primeiro lugar em pesquisas do 11 ALESSI, Gil. Análise: Condenação dos réus do mensalão não prejudica projeto de reeleição de Dilma, 14 nov. 2013. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/11/14/analise-condenacao-de-reus-do-mensalao-naoprejudica-projeto-de-reeleicao-de-dilma.htm Acesso em: 22 out. 2014 12 FOLHA DE SÃO PAULO. Com Copa do Mundo, humor do país melhora e Dilma cresce, 03 jul. 2014. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/07/1480175-com-copa-do-mundo-humor-do-pais-melhora-e-dilma-cresce.shtml Acesso em: 28 out. 2014 13 FOLHA DE SÃO PAULO. Presidenciável Eduardo Campos morre em acidente aéreo em Santos (SP), 13 ago. 2014. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/08/1499718-presidenciavel-eduardo-campos-morreem-acidente-aereo-em-santos-sp.shtml Acesso em: 23 out. 2014 14 G1. PSB poderá escolher novo candidato à Presidência em até dez dias, 13 ago. 2014. Disponível em: http://g1.globo.com/ politica/eleicoes/2014/noticia/2014/08/psb-podera-escolher-novo-candidato-presidencia-em-ate-10-dias.html Acesso em: 23 out. 2014 15 G1. PSB registra no TSE candidatura de Marina Silva e Beto Albuquerque, 22 ago. 2014. Disponível em: http://g1.globo. com/politica/eleicoes/2014/noticia/2014/08/psb-registra-no-tse-candidatura-de-marina-silva-e-beto-albuquerque.html Acesso em: 23 out. 2014. 8

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segundo turno16. Entretanto, com o passar do tempo e o desenvolvimento da campanha, a candidatura de Marina Silva não conseguiu se sustentar e, no primeiro turno, foi ultrapassada por Aécio Neves na segunda posição. O primeiro turno se encerrou com Dilma Rousseff na primeira posição com 41,59% dos votos, Aécio Neves com 33,55% dos votos e Marina Silva com 21,32% dos votos. Com a derrota, após intensas negociações, Marina Silva decidiu apoiar o candidato tucano, Aécio Neves, para o segundo turno17. Assim como no primeiro turno, o tom da campanha do segundo turno foi marcado por tentativas de desconstrução da imagem de opositores e intensificação de ofensas e acusações entre os candidatos. Outro fator importante também merece destaque, os institutos de pesquisa eleitoral tiveram a sua credibilidade questionada devido às diferenças consideráveis entre as pesquisas de intenção de voto e os resultados do primeiro turno, com desvios muito acima da margem de erro das pesquisas. No segundo turno das eleições, além do apoio da candidata Marina Silva, Aécio Neves conquistou, ainda, o apoio dos candidatos Eduardo Jorge (PV), Pastor Everaldo (PSC), Eymael (PSDC) e Levy Fidelix (PRTB). A candidata Luciana Genro, do PSOL, optou pela neutralidade, mas repudiou o voto em Aécio Neves, sugerindo o voto em branco, nulo ou na candidata Dilma Rousseff; os demais candidatos optaram pela neutralidade e recomendaram o voto nulo. Como mostrado anteriormente, a campanha do segundo turno foi fortemente marcada pelas acusações de ambos os lados e tentativas de desconstrução das imagens dos adversários. O resultado do segundo turno começou a ser divulgado após o fechamento da votação no estado do Acre, a partir das 20 horas do horário de Brasília em decorrência da diferença de fusos horários devido ao horário brasileiro de verão. A candidata Dilma Rousseff foi reeleita com 51,64% dos votos válidos, contra 48,36% do candidato tucano Aécio Neves. Essa foi a eleição presidencial mais disputada das últimas décadas, com um índice de abstenção de 21,10%, 4,63% de votos nulos e 1,71% de votos em branco18. No que diz respeito à reação dos líderes dos países do BRICS à reeleição da presidente Dilma Rousseff, três deles se manifestaram imediatamente após o anúncio do resultado. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, felicitou a presidente reeleita e elogiou os seus esforços de cooperação entre os dois países. O homem forte da Rússia “elogiou a atenção dada pela presidente brasileira à parceria estratégica russobrasileira e reiterou o seu compromisso em continuar com um diálogo construtivo e uma cooperação ativa” com o Brasil, indicou o Kremlin em um comunicado19. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, também parabenizou Dilma pela reeleição, e desejou que o segundo mandato da presidente contribuísse para o reforço das relações entre os países20. O presidente da China, por sua vez, Xi Jinping, também parabenizou a presidente e, de acordo com a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, a vitória de Dilma Rousseff será responsável por trazer grandes avanços para o Brasil e para a relação entre os países21. 16 G1. Dilma tem 34%, Marina, 29%, e Aécio, 19%, aponta pesquisa Ibope, 26 ago. 2014. Disponível em: http://g1.globo.com/ politica/eleicoes/2014/noticia/2014/08/pesquisa-ibope-mostra-dilma-com-34-e-marina-silva-com-29.html Acesso em: 23 out. 2014. 17 G1. Apuração 1º Turno Presidente, 05 out. 2014. Disponível em: http://apuracao.g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/1turno/presidente/index.html Acesso em: 28 out. 2014. 18 TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Divulgação de Resultados Eleições 2014. Disponível em: http://divulga.tse.jus.br/ oficial/index.html Acesso em: 28 out. 2014. 19 G1. Putin felicita Dilma por reeleição, 27 out. 2014. Disponível em: http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/noticia/2014/10/putin-felicita-dilma-por-reeleicao.html Acesso em: 28 out. 2014 20 G1. Índia quer reforçar relação comercial com o Brasil no 2º mandato de Dilma, 27 out. 2014. Disponível em: http:// g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/noticia/2014/10/putin-felicita-dilma-por-reeleicao.html Acesso em: 28 out. 2014 21 G1. China diz que segundo mandato de Dilma trará grandes avanços para o Brasil, 27 out. 2014. Disponível em: http:// g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/noticia/2014/10/china-diz-que-segundo-mandato-de-dilma-trata-grandes-avancos-aobrasil.html Acesso em: 28 out. 2014 9

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3. Conclusão A reeleição da candidata Dilma Rousseff apesar de, em um primeiro momento, se mostrar como uma ideia de continuidade do governo do PT que já está há 12 anos no poder, tem sido recebida com um sentimento de mudança embutido. A instabilidade econômica enfrentada pelo Brasil, principalmente ao longo do ano de 2014, mostra uma necessidade de mudança no atual sistema econômico do país, que tenha como objetivo a redução do processo inflacionário, ao mesmo tempo em que demanda uma retomada dos níveis de crescimento. Com uma projeção de crescimento próxima a zero para o ano de 2014, e uma taxa de inflação acima do teto definido pelo governo, a questão econômica se mostrou como a principal fonte de crítica da oposição para o governo petista. Ao mesmo tempo, essa campanha eleitoral foi marcada por agressões mútuas dos candidatos e um maior comprometimento da população, principalmente nas redes sociais. Esse aumento do engajamento popular, juntamente com a acirrada disputa do segundo turno, gerou em alguns grupos um sentimento de divisão no Brasil entre visões diferentes dos atuais projetos políticos propostos. Não é possível afirmar que essa divisão irá se manter com o fim das disputas políticas, entretanto, importantes questões que foram levantadas devem ser levadas em consideração pelo Governo Federal. Questões importantes como as reformas políticas e tributárias, e a qualidade dos serviços públicos oferecidos estarão cada vez mais inseridas nas pautas de discussão da população brasileira. No que diz respeito ao BRICS, observa-se que a manutenção do atual governo é recebida com clamor pelos demais parceiros do Brasil, uma vez que ela é vista como uma garantia dos acordos firmados nos últimos tempos, principalmente no que diz respeito àqueles estabelecidos em Fortaleza durante a VI Cúpula BRICS. Ao mesmo tempo, observa-se que os demais países do grupo veem na reeleição da presidente uma possibilidade de intensificação das relações bilaterais dos seus países com o Brasil, uma vez que a mudança de governo no país era observada com cautela pelos líderes de Rússia, Índia, China e África do Sul.

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Sobre os autores Luísa Medeiros Mestranda em Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, estagiária do BRICS Policy Center, no núcleo Country Desks, trabalhando com o Brasil, e graduada em Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em 2011. Carlos Frederico Pereira da Silva Gama Pesquisador do Country Desks no BRICS Policy Center, Doutor em Relações Internacionais pelo IRI/PUC-Rio e, atualmente, Pós-doutorado (FAPERJ, em “Os BRICS e as transformações na ordem internacional contemporânea”). Professor de Relações Internacionais do IRI/PUC-Rio.

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