Elementos pessoais e participação política em perfis de vereadores de Itupeva/SP no Facebook

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Elementos pessoais e participação política em perfis de vereadores de Itupeva/SP no Facebook Tayra Carolina Nascimento Aleixo1

Resumo: O artigo delineia os usos de elementos pessoais nas páginas de vereadores da cidade de Itupeva, interior de São Paulo, no Facebook. Foram analisados todos os perfis e três fan pages, verificando as vinte postagens mais recentes de cada uma a partir de três elementos: freqüência de atualização das páginas, interações obtidas (―curtidas‖, comentários e compartilhamentos) e conteúdo abordado. Ademais, como recorte, contempla-se em que medida elementos pessoais estão inseridos nas atualizações a partir da variável ―conteúdo‖. A captação dos dados foi desenvolvida a partir da netnografia. Palavras-chave: Mídias Sociais; Política; Redes Sociais; Legislativo.

Abstract: The article outlines the use of personal elements on Facebook personal and pages of councilors of Itupeva-SP. The paper focuses on the latest twenty posts of each councilor, both in personal and fan pages. Analyses has underlined the following variables: frequency of updating pages; likes, comments and shares; interactions obtained and discussed content. Data for this study has been gathered from netnographycal observation. Key-words: Social Media; Politics; Political Communication; City Councilors.

Introdução

Desde o início do século XIX, assistimos um crescente número de pessoas com acesso a mensagens mediadas. Como recorda Castells (1999, p. 418), ―vivemos com a mídia e pela mídia‖. No caso específico das práticas políticas o advento da Internet, a crescente visibilidade e o compartilhamento irrestrito de informações parecem ter mudado a forma como é elaborada e administrada a visibilidade das figuras políticas (THOMPSON, 2012). As conexões digitais trazem, para a política, debates potenciais a partir de interações com pessoas que pensam de forma diferente e defendem posições diferentes. Essa troca de informações contribui com a formação de conversações públicas que permeiam grupos diferentes e constituem a ―conversação em rede‖ (RECUERO, 2012).

1

Mestranda do PPG em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Teorias e Processos da Comunicação, sediado na mesma instituição.

As articulações das questões políticas nesse cenário é controversa. A interação incrementa a discussão na medida em que não possui aparentemente controle e nem filtro, enriquecendo a gama de opiniões envolvidas em quaisquer fóruns, dando oportunidade de minorias se expressarem e ganharem atenção (BUCY E GREGSON, 2000; CASTELLS, 2003; JENSEN, 2003; MIGUEL, 2008; GOMES, 2005; RECUERO, 2012). Por outro lado, ainda se observa uma imensa desigualdade de acesso, à qual se adiciona uma cultura política fragilizada, no qual as pessoas não criam interesse por debates políticos, em sua maioria (MIGUEL, 2008; WOLTON, 2012). Ou seja, a um maior interesse político dos indivíduos poderia corresponder uma maior abertura do sistema político, uma vez que o estado ainda vive reservado, protegendo-se do olhar publico (GOMES, 2005). Se, com a mídia de massa, era eventualmente possível levar uma parcela dos cidadãos a crer na fachada desenhada pelos políticos, hoje isso se torna consideravelmente mais complexo por conta da disseminação de informações proporcionada pelas mídias digitais. Em contrapartida, lembra Miguel (2008), supõe-se hoje a oportunidade de exigir maior responsividade através da interlocução com seus representantes. Se, como afirma Miguel (2008), parece existir entre as pessoas certa predisposição à desconfiança em relação aos políticos e à política, isso pode ser parcialmente vinculado à postura dos meios de comunicação de privilegiar, no noticiário, aspectos negativos da política, o que alimentaria essa desconfiança. Nesse cenário, o ambiente online torna-se um espaço no qual a opinião pública pode ser observada. Se políticos já se interessavam pelas mídias de massa por motivos práticos, independente se a finalidade era suprimi-la, moldá-la ou até segui-la (BRIGGS e BURKE, 2006), hoje o interesse pode ser creditado também alcance dos meios digitais escapa a limites geográficos ou temporais. A utilização da Internet atinge 105,1 milhões de pessoas no Brasil no segundo trimestre de 2013, segundo dados do IBOPE Media. Políticos e assessores parecem sentir a necessidade de encontrar uma configuração adequada para se comunicar com seu público eleitoral a respeito de ações e propostas, seja durante as campanhas políticas, seja durante a gestão em curso. Neste cenário, este artigo verifica, dentro das mídias sociais, a presença de elementos pessoais em perfis de vereadores da cidade de Itupeva, interior de São Paulo. Para tanto, utilizou-se o método da observação de informações online (―netnografia‖), que, segundo Montardo e Rocha (2005), consiste em utilizar a Internet como fonte de captação de dados úteis para desenvolvimento de estudos científicos.

Adota-se a definição apontada por Recuero (2012) de rede social como um grupo de pessoas, organizações ou ainda de outros relacionamentos que conecta através de um conjunto de relações sociais (amizade, trabalho). Na Internet, uma rede social é caracterizada pela maneira virtual de representar as redes sociais que sempre existiram. Ou seja, pode ser formada uma rede social online com contatos preexistentes no mundo offline. Uma rede social na Internet é formada a partir de interações mediadas por computador (SILVÉRIO, 2012). Segundo dados de 2008 apontados no site da prefeitura da cidade, Itupeva conta com 23.958 eleitores de um total de 52.627 habitantes. No atual mandato, o município apresenta 13 vereadores vigentes, dos 188 candidatos na última eleição de 2012, sendo 12 homens e apenas uma mulher eleitos. Na primeira parte, apresenta-se o referencial teórico, desenvolvido, entre outros, a partir de Beetham (1993), Bucy e Gregson, (2000), Miguel (2008), Gomes (2005), discutem. Sob a luz dessa primeira discussão sobre mídia e política, resgata-se também o potencial interativo e de disseminação da Internet, bem como a noção de transparência nesse ambiente online. A discussão estende-se para as variáveis analisadas sob a perspectiva do elemento pessoal, que apresenta-se como objeto central da pesquisa: freqüência de atualização das páginas, interações obtidas (―curtidas‖, comentários e compartilhamentos) e conteúdo abordado.

(1) Interatividade, democracia e potenciais de interação da Internet Em alguma medida, o que se entende por ―democracia‖ pressupõe o controle compartilhado do governo com povo, no qual o segundo influencia as decisões do primeiro. Nessa linha, discutem-se os melhores parâmetros e limites desejáveis para que a sociedade seja mais beneficiada a partir do ―quanto de democracia‖, afirma Beetham (1993, p. 55) ―é desejável ou praticável, e como ela pode ser realizada numa forma institucional sustentável‖. As eventuais limitações da participação democrática podem estar relacionadas com a falta de conhecimento político, em dimensões estruturais e circunstanciais, por parte do eleitorado, assim como a dificuldade de debates na esfera civil, de oportunidades de participação em grupos de pressão e instituições democráticas, além da falta de comunicação da esfera civil com seus representantes, em termos de cobrança de explicações e prestação de contas (BUCY E GREGSON, 2000; MIGUEL, 2008; GOMES, 2005).

Acerca do ―monopólio da fala‖, a que se refere Sodré (2004), a estima do poder civil foi enfraquecendo à medida que suas motivações foram ficando evidentes, ou seja, sua orientação voltada para lucro levou a crer que as informações podiam ser moldadas de acordo com os interesses de grandes empresas e pelo poder político. Tal fato indica o déficit democrático que nossa sociedade vive atualmente. A cultura política contemporânea, segundo Gomes (2005), abriga a crença de que práticas políticas civis não possuem efetividade sobre o poder público, ou seja, não há relação de causa e efeito ao exercer a democracia. Alguns autores esperam que a Internet sirva como instrumento para promoção da democracia, mas esta não deve ser considerada como ―um conserto tecnológico para a crise da democracia‖ (CASTELLS, 2003, p. 128 e 129). Ou seja, a facilitação do acesso às informações políticas e sua possibilidade de interação com o debate político, não deve ser sugerida como potencial ganho imediato em termos de participação e interesse das pessoas na prática. A Internet não pode ―nos tornar automaticamente cidadãos mais informados e mais ativos. [...] Tecnologias tornam a participação na esfera política mais confortável e acessível, mas não a garante‖ (GOMES, 2005, p.13). Os processos de reordenação de tempo e espaço causados pelo desenvolvimento da mídia fazem com que a interconexão entre diversas partes do mundo seja cada vez maior, contribuindo para um mundo cada vez mais globalizado (THOMPSON, 2012). Dentro desse contexto, a Internet apresenta um alcance jamais visto: o tempo que a TV levou para atingir sessenta milhões de pessoas nos Estados Unidos, por exemplo, foi de 15 anos, enquanto o rádio demorou 30 anos e a Internet, apenas três anos para atingir esse nível de difusão (CASTELLS, 2012). Nas palavras de Castells (1999, p. 553): ―a cultura da virtualidade real associada a um sistema multimídia eletronicamente integrado [...] contribui para a transformação do tempo em nossa sociedade de duas formas diferentes: simultaneidade e intemporalidade‖. Esse fluxo de bens materiais e simbólicos em escala global é influenciado por fatores tanto econômicos quanto políticos e históricos. Culturas são resultados de uma mistura profunda de crenças, valores e práticas compartilhadas, mas isto não quer dizer que a globalização, a partir das mídias digitais, tenha produzido necessariamente novas formas de dominação e dependência culturais (THOMPSON, 2012). No âmbito do debate público, terse-ia que identificar as vozes das minorias e grupos sociais que acrescentariam efetivo valor ao debate público, de modo a acrescentar efetivo pluralismo ao mesmo. Ou seja, há a necessidade de interesse de todos, e não de apenas de grupos dominantes (MIGUEL, 2004).

Outro aspecto a ser considerado é a descentralização do poder sobre as informações lançadas, que antes eram emitidas apenas por organizações e figuras públicas. O cenário é diferente: ―a Internet, alardeada como estádio supremo do desenvolvimento dessas técnicas, veio oferecer a interatividade capaz de dar uma resposta ao problema da dominação simbólica (o monopólio da fala) da mídia sobre as audiências‖ (SODRÉ, 2012, p. 19). A internet surgiria com possibilidades de interação, cujo espaço conectado permite aos usuários direito de resposta e protesto, ate mesmo para as minorias. A internet carrega o poder de, afirma Gomes (2005, p. 64), ―superar o déficit democrático dos tradicionais meios de comunicação de massa‖. Essa configuração permite reunir pessoas fisicamente distantes, que, virtualmente conectados, apresentam-se como uma nova e potencial esfera pública (JENSEN, 2003). As discussões online podem, em alguns aspectos, ser ricas, apresentando dados e informações em grande quantidade, que podem ser encontrados na mesma rede que o debate ocorre. Esse debate pode acontecer superando as barreiras de tempo e geografia, ficando registrados de uma maneira que conversas off-line não podem ser, apresentando potencial de ser identificada e combinada numa unidade de análise que pode ser tanto coletiva, quanto individual (CASTELLS, 2003). A ausência do corpo no ciberespaço é um dos elementos que pode gerar, em ocasiões específicas, certa aceleração na hostilidade, potencializando o conflito online por ter muitos contatos que não necessariamente fazem parte de sua rede social no mundo offline, ou seja, pessoas que você nem mesmo conhece. Isto, afirma Dery (1994), deve-se a sensação de impunidade e anonimato que são característicos na Internet. Por isso, fala-se sobre o conceito de polidez na rede, como explicado por Recuero (2012), torna-se evidentemente necessário, pois está relacionado com compreensão de normas aceitáveis dentro de grupos online. A polidez é um ―contrato‖ negociado constantemente na rede, considerando a estrutura de interações tratadas, ou seja, a partir da identificação de laços fortes e fracos. Ela contribui para normas de interação que ajustam os ganhos de capital social e potencial cooperação na rede, de modo a tornar possível o debate entre pessoas que defendem idéias diferentes (RECUERO, 2012). Essa estratégia mostra-se necessária na construção do capital social de candidatos políticos, uma vez que a interação de pessoas cujas idéias são contrárias às defendidas por determinado candidato, podem ser involuntárias e sem dúvida fogem do controle do candidato, ou seja, não há escolha entre interagir ou não com aquele grupo de pessoas.

Entretanto, importante ressaltar um contraponto à idéia de que quanto mais transparência, menos desconfiança. A título de contraponto, vale mencionar que essa perspectiva não é unânime nos estudos de comunicação. Wolton (2012, p. 103), por exemplo, defende o inverso: ―quanto mais há transparência, mais há rumores e segredos‖, justamente por que nunca há relações sociais calcadas na transparência, essa transparência é apresentada como impossível pelo autor. Na medida que simplificações são inventadas para relações, há por outro lado a criação de signos de distinções, regras, filtros, do outro lado, com intuito de proteger-se com relação ao outro. A disseminação da informação pode ser feita através do compartilhamento online nas diversas redes sociais existentes, dando corpo à conversação online e sendo republicada a cada novo acesso. Este fato influencia ainda mais no cuidado ao elaborar mensagens cujo público pode apresentar opiniões muito controversas como na política em face à opinião pública (RECUERO, 2012). Pode-se resgatar esta idéia para entender o que ocorre na Internet, aonde os representantes políticos podem avaliar a compreensão das pessoas sobre suas mensagens e propostas através do feedback, podendo assim aumentar a exposição pontual de certos argumentos e posicionamentos que julgar mais eficaz no que se refere ao ganho de visibilidade (AQUINO, MARQUES E MIOLA, 2014). Como na campanha de Barack Obama nas eleições de 2008, na qual a equipe competente identificou o potencial de engajamento a partir do incentivo à colaboração dos internautas e ao compartilhamento de informações nas múltiplataformas online, extraindo daí o máximo de visibilidade possível para o candidato em questão (GOMES et al, 2009). Este engajamento é peça fundamental para o compartilhamento de informações voluntárias potenciais na rede. E estas são preciosas, pois, como apontam Aquino, Marques e Miola (2014, p. 03), ―saber de um acontecimento, ou de uma opinião, por meio de um amigo que comentou algo publicado por uma determinada personalidade política pode ter tanta credibilidade (ou até mais) do que ler o material produzido pela assessoria parlamentar‖. Ou seja, quanto mais seguidores, maior será o grau potencial de influência do político no ambiente online, uma vez que a mensagem não somente pode chegar direto àqueles que acompanham as atualizações do mesmo, como também o alcance da mensagem é exponencial sob a lógica de compartilhamento na rede, podendo atingir usuários que não recebem, a princípio, o conteúdo postado (AQUINO, MARQUES E MIOLA, 2014).

(2) Elementos pessoais em perfis políticos

Segundo Druckman et alli (2009), alguns critérios determinam o grau de uso, por políticos, de determinados meios de comunicação: disponibilidade de recursos financeiros; partido ao qual pertence o candidato, gênero, e por fim, cargo por ele ocupado. Há ainda que considerar o uso iminente de alguns meios apenas no período de eleição, essa intermitência de atualização online sendo um elemento negativo no tocante ao uso das redes sociais aos olhos dos usuários. Não obstante, atribuir o uso das redes sociais somente na época das eleições como decisão unânime entre os políticos não parece ser uma alegação válida. Como demonstram Marques e Pessoa (2013), a maioria dos vereadores de Fortaleza criou contas na rede social Twitter longe do período de eleições. A partir disso, neste trabalho, buscou-se identificar quais vereadores utilizam a rede social Facebook fora deste período que visa apenas resultados no curto prazo (campanha eleitoral com objetivo de eleger o candidato). A observação dos perfis e das postagens feitas pelos vereadores de Itupeva que mantém uma página na rede social Facebook foi feita a partir de três variáveis: freqüência de atualização das páginas, interações obtidas (a partir de ―curtidas‖, comentários e compartilhamentos) e conteúdo abordado. Foram desconsideradas as curtidas nos comentários, uma vez que o próprio dono da página pode o fazer e conteúdo abordado. O número de amigos de cada perfil não pode compor as variáveis aqui adotadas por motivos de restrição do próprio sistema do Facebook, no qual quem não é ―amigo‖ não pode visualizar o número de amigos do outro, e mesmo sendo amigos, configurações de privacidade escolhidas pelo usuário podem impedir que este número apareça mesmo assim. Entende-se como ―amigos‖ pessoas admitidas para interagir a partir da aceitação de solicitações de amizade enviadas através da rede social Facebook. Contempla-se, como recorte, em que medida elementos pessoais estão inseridos nas atualizações a partir da variável ―conteúdo‖. O elemento pessoal na política, tal como se apresenta nas redes sociais, não pode ser descartado, como apontam Aquino, Marques e Miola (2014, p. 23), mas sugerem uma aproximação candidato-cidadão que remete ao ―aprimoramento no processo de produção da decisão política‖. E neste estudo, de todos os onze vereadores considerados, apenas um não apresentou elemento pessoal em suas postagens, salvo páginas que são alimentadas na estrutura de ―fan page‖, explicada a seguir. Para observação das variáveis contempladas neste estudo, foram consideradas as 20 últimas atualizações feitas por parte dos próprios vereadores em seus perfis no dia 09 de Setembro de 2014, desconsiderando conteúdo de terceiros que compunham o perfil da

maioria. Aponta-se que a pesquisa possui um ―outlier‖ (objeto analisado que não possui os requisitos tidos como básicos para tornar-lhe parte da análise), cujo conteúdo foi tomado como ―sem atividade‖ relevante na página, uma vez que apresentou como sua atualização mais recente datada antes de Janeiro de 2014. Há vereadores que possuem tanto o perfil de usuário comum como alimentam também uma ―fan page‖. Para efeitos deste estudo, considera-se neste estudo ambos independentes da freqüência de atualização, pois as fan pages são páginas voltadas para relações que extrapolam o círculo social, ou seja, é um recurso do Facebook utilizado para fins comerciais. São contemplados, portanto, onze perfis de usuário comum e três ―fan pages‖ dos vereadores Angelo Dante Lorenção, Angelo Bottan e Erivaldo Evangelhista Campos. O elemento pessoal é encontrado logo no momento de busca das informações sobre os vereadores no Facebook, uma vez que essa busca apontou a utilização de apelidos e formas de tratamento utilizadas antes da adoção de ferramentas online, ou seja, a forma como são conhecidos é a mesma forma que se apresentam na rede:

Tabela 1: Nomes dos vereadores nos perfis do Facebook Nome completo Angelo Dante Lorenção Angelo Donizete Botan Ciro Negreti Dias Cleber Roberto da Silva Edicarlos Candiani Luna Erivaldo Evangelhista Campos Márcio Alves dos Santos Paulo Batista Nantes Salvador Philomeno Polli Tatiana Salles Valdemir Rodrigues da Silva

Página FP UC FP UC UC UC UC

Nome utilizado Angelin Lorenção Angelin Lorenção Vereador Eng. Angelo Bottan Angelo Bottan Cleber Silva -

FP

Vereador Eri Campos

UC UC UC UC UC

Eri Campos Marcio Gallo Paulo Batista Nantes (Minhoca Vereador) Salvador Philomeno -

UC

Grandão Valdemir

Legenda: UC = Usuário Comum; FP: Fan Page. O emprego de ―fan pages‖ pode denotar uma abertura maior e orientação comercial mesmo por parte dos vereadores. Pode-se notar que isto é de fato real, logo quando analisamos o nome adotado em cada um: perfil de usuário comum e fan page, daqueles

vereadores que mantém ambos. Ou seja, das três fan pages consideradas, duas delas carregam a palavra ―Vereador‖ como nome, enquanto que os mesmos vereadores, em seus perfis de usuário comum apresentam apenas o nome: Angelo Bottan (usuário comum) e Vereador Eng. Angelo Bottan (fan page), e, Eri Campos (usuário comum) e Vereador Eri Campos (fan page). Em termos de indicação de elementos pessoais, os mesmos vereadores também transparecem deixar a fan page apenas para assuntos de âmbito político, como apontado na Tabela 2 a seguir, apenas uma postagem de uma fan page carregou elemento pessoal, ou seja, de 60 postagens analisadas nas três fan pages aqui consideradas, apenas um indicou algo da vida pessoal do vereador, no caso, o vereador Eri Campos, que postou uma foto com uma amiga, como a legenda sugeria.

Figura 1: Elemento Pessoal na Fan Page.

Assume-se como atualização, postagens feitas com ou sem conteúdo audiovisual, além de contar como um os conjuntos de fotos (o ―álbum‖) postados, uma vez que quando lançado de uma vez, no layout da página/perfil é mostrado como se fosse uma postagem única e não as fotos em sequência que daria mais de uma postagem no layout do que se convenciona chamar por ―feed de notícias‖ do Facebook. Nestes casos, as interações alcançadas em cada foto foram consideradas para o montante calculado. Seguem os dados captados sobre o conteúdo das postagens nos perfis analisados:

Tabela 02: Morfologia das postagens nos perfis de vereadores

Vereador

Perfi l

Atividade política

Cumpriment os

Elemento pessoal

Checkin

Compartilhament os

Sem valor

Angelo Dante Lorenção

FP

20

0

0

0

0

0

UC

17

0

2

0

1

0

FP

20

0

0

0

0

0

UC

5

1

9

0

2

3

UC

11

0

3

6

0

0

UC

7

7

1

0

2

3

UC

1

4

4

8

0

3

FP

16

0

1

0

0

3

Angelo Donizete Botan Ciro Negreti Dias Cleber Roberto da Silva Edicarlos Candiani Luna Erivaldo Evangelhist a Campos

UC Márcio Alves dos Santos Paulo Batista Nantes Salvador Philomeno Polli Tatiana Salles Valdemir Rodrigues da Silva

3

UC

4

9

3

0

2

2

UC

7

4

0

0

7

2

UC

5

14

1

0

0

0

UC

7

5

6

1

0

1

UC

10

0

2

4

2

2

Legenda: UC = Usuário Comum; FP: Fan Page.

Uns mais do que outros, admitem postagens com conteúdo pessoal, entretanto nota-se que o mesmo está presente no perfil de 10 dos 12 perfis analisados. Foram identificadas postagens com familiares, lamentações de perdas pessoais, e até mesmo fotos com amigos em eventos de caráter social pessoal. Sobre a variável idade, Wilhelm (2000) já havia apontado que a facilidade de aderir e explorar as inovações tecnológicas presentes na Internet, como o uso de redes sociais, é

inversamente proporcional à faixa etária de seus usuários, mas esta premissa não é verificada integralmente neste estudo, conforme pode-se visualizar na tabela abaixo:

Tabela 3: Frequência de Alimentação da Página e Interações.

Vereador

Partido

Perfil

Data do 20º post analisado

Interações

Angelo Dante Lorenção

PHS

Angelo Donizete Botan

PR

Ciro Negreti Dias Cleber Roberto da Silva Edicarlos Candiani Luna

PMDB PROS PTB

FP UC FP UC UC UC UC

05/02/2013 04/09/2014 04/06/2014 07/06/2014 25/06/2014 19/05/2014 16/12/2013

166 200 36 762 354 710 1090

Erivaldo Evangelhista Campos

PT

FP

29/05/2014

122

Márcio Alves dos Santos

PT

UC UC

12/06/2014 27/08/2014

906 463

Paulo Batista Nantes

PSDB

UC

18/08/2014

288

Salvador Philomeno Polli

PMDB

UC

14/07/2014

239

Tatiana Salles

PT

UC

01/09/2014

2050

Valdemir Rodrigues da Silva

PT

UC

21/07/2014

403

Legenda: UC = Usuário Comum; FP: Fan Page.

Dentre os quatro vereadores que compõe a Mesa Diretora da câmara, dois deles são os que atualizam seus perfis com maior freqüência frente à todos os outros 10 vereadores. São seis vereadores nascidos antes do ano de 1969 (idade menor que 45 anos), e seis nascidos após o mesmo ano (idade igual ou superior a 45 anos), mas não há uma predominância de vereadores mais novos que 45 anos efetuarem mais atualizações do que aqueles que são mais velhos. Entretanto, quando tratam-se de interações das pessoas com o conteúdo atualizado pelo vereador, os nascidos antes de 1969 não apresentaram número maior que 403. Já aqueles com até 45 anos, todos superaram 450 interações, exceto um que apresentou apenas 288. A vereadora Tatiana Salles, do PT, apresentou 2050 interações, número que superou em muito os demais perfis (o segundo com maior interação apresentou 762 interações, nem a metade da vereadora). Frente aos perfis considerados very low users, ou seja, aqueles que

apresentam baixa freqüência de atualizações e interações, Tatiana Salles apresentou uma configuração dos chamados heavy users (usuária mais assídua em termos de alimentação da página). Seria possível atribuir tal ganho de capital social aos elementos de sua página, que apresentam maior qualidade visual e atualizações que convidam à interação, seus seguidores na rede. Exemplo: a vereadora postou um caça-palavras e pediu para as pessoas comentarem qual a primeira palavra que achavam, este post rendeu mais de 68 comentários, além das curtidas e compartilhamentos; outro post que chamou atenção foi a vereadora participando do ‗desafio sem maquiagem‖, na qual postou uma foto com a cara lavada e convidou outras pessoas pra participarem.

Figura 2: Desafios entre amigos na rede social.

O vereador Edicarlos Candiani Luna atualizou seu Facebook com fotos no momento de cortar o cabelo, indicando ainda a seguinte legenda (palavras integralmente retiradas do Facebook do vereador): ―Atendendo reivindicação dos amigos kkk to tentando melhorar o

visual. Abraço a todos e tenha todos uma ótima sexta e um fim de semana iluminado.‖ O mesmo também participou, como a vereadora Tatiana Salles, de ―desafios‖ entre amigos na rede social, e postou uma foto da sua cédula de identidade, marcando e desafiando outros quatro amigos a fazerem o mesmo.

Figura 3: Desafio entre amigos na rede social 2.

Outros vereadores ainda utilizaram seu perfil para demonstrar sentimentos de perda de um ente querido, como os vereadores Cleber Silva, Salvador Philomeno e Valdemir Rodrigues da Silva. Os vereadores Angelo Lorenção, Angelo Bottan, Ciro Negretti Dias, Eri Campos, Márcio Alves dos Santos e Tatiana Salles postaram ou compartilharam fotos com familiares, indicando que o elemento pessoal ―família‖ é o mais contemplado nas postagens que carregam esse caráter da vida particular dos vereadores. Há ainda variações de elementos considerados pessoais, como:

 Postagem de eventos sociais particulares como festa de aniversários (Eri Campos) que postou um álbum de fotos intitulado ―Aniversário de 6 anos da Anna Julia — com Nalvinha Campos e outras 3 pessoas.‖  Parabenizações voltados para terceiros sobre seu dia (Márcio Alves dos Santos): ―Parabéns Cássia Ozelo Polli, e a todos os profissionais que se dedicam aos animais.‖, legenda da imagem a seguir: Figura 4: Elemento pessoal como parabenizações voltadas a terceiros.

 Utilização do recurso ―check-in‖ do Facebook indicando que a pessoa está com familiares ou cônjugues em shoppings ou outras cidades (Angelo Bottan): ―Festa do chapéu da Aliança Bíblica Universitária ABU em Jaboticabal SP — com Angela Ribeiro Bethiol e Ivonet Botan em Cidade de Jaboticabal.‖ e ―Tarde maravilhosa — com Gabriela Leonardi em RibeirãoShopping.―, ambas postagens eram legendas de fotos ou álbuns que continham fotos do vereador com parentes, amigos e mulher. (Ciro Negretti Dias): ―Vereador Pastor Ciro, prestigia a festa das Escolas no Parque da Cidade juntamento com a Família. — com Ludmila Negretti e outras 2 pessoas‖, legenda de foto com a família do vereador, sua mulher e duas filhas.  Ou referenciando bichos de estimação (Tatiana Salles): ―Bom dia !! Obrigada Deus por mais um dia !!! Que tenhamos um dia de muito trabalho e conquistas !! Obrigada Deus o nosso " Ossinho" esta melhor que nunca !! Bom dia vamos levantar !!!‖, mensagem que era legenda da foto de um gato em seu cesto de dormir. Figura 5: Animais de estimação como elemento pessoal.

 E até mesmo visita ao zoológico (Valdemir Rodrigues): ―Um dia de lazer no zoológico! Muito bom‖, legenda de álbuns de fotos do vereador em frente à jaula de um animal.

Considerações Finais

O presente estudo trouxe informações para tratar da identificação de elementos pessoais dentro de páginas em redes sociais online de figuras públicas. Tal metodologia e

estrutura de análise podem ser replicadas para qualquer outra cidade, ou ainda aumentar o âmbito da pesquisa para as esferas estaduais e federais. De um total de 280 atualizações consideradas na análise, 38 delas carregavam o elemento pessoal. Mesmo não possuindo evidências sobre o impacto destas nos ganhos em termos de interação e engajamento, pois este não era o foco do estudo, pode-se pressupor que o elemento pessoal não é algo necessariamente dissociável da vida pública uma vez a pessoa sendo eleita para exercer um cargo político, mesmo por que a exposição de fotos de si mesmo já demonstra uma abertura muito maior sobre a vida privada que antes das mídias sociais não existia. Nas palavras de Miguel (2008), ―o povo confiava nos políticos confiáveis do passado e desconfia dos atuais, inconfiáveis‖, indica o quanto a visibilidade de figuras políticas sofreu alterações com a disseminação de informações proporcionada pela mídia. Ou seja, a simples postagem feita em formato de check-in ou que carrega em si uma mensagem de indicação da execução da agenda formal do candidato (por exemplo, as idas nas sessões da câmara, que aqui foram consideradas de caráter político), já é por si só uma maneira de expor as atividades daquela pessoa, sua rotina de trabalho. Comparar o cenário atual com o de antes sem internet, indica a necessidade de revisar noções de ―privacidade‖ e ‖visibilidade‖, por exemplo. Dentre as postagens analisadas, nota-se que o elemento ―família‖ é o mais encontrado, tanto em palavras, quanto em fotos e compartilhamentos de terceiros pelo vereador em suas páginas online. Observa-se que este estudo não levou em consideração a comparação entre o nível de interação nas postagens que possuíam o elemento pessoal frente as que não possuíam. Outro fato percebido quando havia necessidade de voltar nas postagens analisadas no processo de captura e estudo dos dados, é que o número de interações variava, ou seja, as interações subiam ainda que a atualização não tivesse sido feita naquele instante ou no mesmo dia, indicando a assincronia visível no ambiente online que é possível através do registro de atividades na rede social que possibilita a continuidade da conversação ao longo do tempo. Os vereadores também possuem conversação entre si, muitos utilizam o recurso de ―check-in‖ do Facebook e marcam os colegas enquanto estão nas sessões da Câmara Municipal de Itupeva. Além disso, comentam e curtem postagens feitas pelos mesmos. Nota-se que as atualizações são, em sua maioria, contempladas com fotos desde as postagens cuja finalidade é indicar o cumprimento da agenda política, até álbuns com fotos de aniversário de parentes. Outro elemento bastante utilizado são as figuras de linguagem, no qual os vereadores desejam ―boa tarde, bom dia ou boa noite‖ aos seus amigos (perfil de usuário comum) ou seguidores (―fan page‖).

O elemento pessoal também pode ser analisado sob a perspectiva da noção de laços fortes e fracos na Internet apresentado por Recuero (2012) e que neste estudo não foram contemplados. O fato de ser uma cidade interiorana de aproximadamente 52 mil habitantes, portanto considerada pequena, sugere que a presença de interagentes ―laços fortes‖ com os atores políticos tende a ser proporcionalmente muito maior comparado a um vereador de uma grande cidade. Aleixo e Dias (2013) apontam a pessoalidade presentes em cidades interioranas como ponto essencial no tocante à privacidade das pessoas que moram na mesma localidade. Os vereadores não estão imunes a esta premissa, podendo ser ainda mais propensos a confusão privado-particular por justamente representarem figuras públicas. Portanto, verificar esta proporcionalidade a partir de interações online com páginas de figuras políticas, poderia sugerir o grau de influência desses contatos considerados ―laços fortes e fracos‖ dentro de sua manutenção.

Referências Bibliográficas

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