Em vez de Estado, uma nova ordem \"sociometabólica\"

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Jornal Valor --- Página 3 da edição "12/05/2015 1a CAD D" ---- Impressa por GAvenia às 11/05/2015@17:04:38 Jornal Valor Econômico - CAD D - EU - 12/5/2015 (17:4) - Página 3- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW Enxerto

Terça-feira, 12 de maio de 2015

EU& | Cultura LIVROS

Quatro campos de trabalho para usar a inteligência que resolve

Os princípios de Daniel Goleman para líderes bem-sucedidos. Por Marinete Veloso, para o Valor, de São Paulo WIREIMAGE

“Liderança – A Inteligência Emocional na Formação do Líder de Sucesso Daniel Goleman. Tradução: Ivo Korytowski. 144 págs., R$ 29,90 (Objetiva) Com as facilidades da tecnologia e a portabilidade dos equipamentos, líderes são bombardeados a cada instante por informações e demandas de todos os tipos. De recados urgentes, solicitações de reuniões e de decisões estratégicas até demandas de funcionários , tudo deve ser lido e processado rapidamente. E não podem mais alegar, como faziam no passado, que estão em viagem, pois as mensagens agora chegam instantaneamente aos mais distantes pontos da Terra. Em seu novo livro, “Liderança – A Inteligência Emocional na Formação do Líder de Sucesso”, Daniel Goleman pondera que essas constantes intromissões disputam a atenção dos circuitos do cérebro, exigindo das pessoas um esforço mental muito maior para discernir sobre o que é mais importante e prioritário. Assim como os músculos, diz Goleman, a atenção pode sofrer sobrecarga e a fadiga decorrente se manifesta sob a forma de menor rendimento, dispersão e, na maioria das vezes, irritabilidade. Seu livro trata de mostrar as saídas possíveis para essas perturbações, através do que denomina inteligência emocional. “Minhas pesquisas, junto com outros estudos recentes, sugerem fortemente que a inteligência emocional é a condição sine qua non da liderança.” Além de talento, QI (quociente de inteligência) e habilidades técnicas, o líder precisa desenvolver sua inteligência emocional trabalhando quatro elementos: autoconsciência, autogestão, empatia e habilidade social. Autoconsciência diz respeito à compreensão profunda do indivíduo sobre suas emoções, forças, fraquezas, necessidades e impulsos. “Pessoas autoconscientes não são nem críticas demais, nem irrealisticamente esperançosas. Seguras de si, são honestas consigo mesmas e com os outros. As decisões das pessoas autoconscientes se harmonizam

Goleman: tudo começa com um mergulho profundo na busca do autoconhecimento, incluídos prós e contras

com seus valores e metas. Por isso, quase sempre acham seu trabalho estimulante.” Pessoas autoconscientes conhecem suas limitações e forças e se sentem à vontade conversando sobre elas ou ouvindo críticas construtivas. No lado oposto, pessoas com baixa autoconsciência interpretam a mensagem de que precisam melhorar como uma ameaça ou sinal de fracasso. A autogestão relaciona-se às emoções. Pessoas assim criam um ambiente de confiança e equidade, em que a politicagem e as rivalidades são fortemente reduzidas e a produtividade é alta. O autocontrole, espécie de “conversa interior contínua”, é o componente da inteligência emocional “que nos libera de sermos prisioneiros de nossos sentimentos. Não podemos eliminá-los, mas podemos administrá-los”.

Bons líderes em autogestão também são capazes de acompanhar as mudanças na empresa, pois buscam desafios criativos, adoram aprender e se orgulham de um serviço bem feito. Têm também uma energia incansável para melhorar as coisas. Para Goleman, os dois primeiros componentes da inteligência emocional são habilidades de autogestão, enquanto os dois últimos, empatia e habilidade social, envolvem a capacidade de uma pessoa se relacionar com outras. A empatia, diz, é a mais fácil de ser reconhecida, mesmo que possa parecer estranha no âmbito dos negócios. Significa levar em conta, ponderadamente, os sentimentos dos funcionários, junto com outros fatores, no processo da tomada de decisões inteligentes. “Equipes são caldeirões de emoções fer-

vilhantes.” Com o ritmo veloz da globalização e a necessidade de reter talentos, a empatia faz-se cada vez mais necessária. O diálogo multicultural pode facilmente levar a erros de comunicação e a mal-entendidos. “A empatia é um antídoto.” A habilidade social não é mera questão de cordialidade. É a cordialidade com um propósito: “conduzir as pessoas na direção que você deseja”. E isso vale para diferentes ações, como uma nova estratégia de marketing, o lançamento de um produto ou uma reorganização na empresa. Segundo Goleman, pessoas socialmente hábeis tendem a ter um amplo círculo de conhecidos e têm o dom para chegar a um denominador comum com pessoas de todos os tipos, desenvolvendo afinidades. “A habilidade social é a culminância das outras

Em vez do Estado, uma nova ordem “sociometabólica” “A Montanha que Devemos Conquistar” István Mészarós. Tradução: Maria Izabel Lagoa. 184 págs., R$ 38,00 (Boitempo) Jorge Felix Para o Valor, de São Paulo O século XXI fez do Estado um objeto de análise obrigatória para a filosofia e as ciências sociais (se é que deixou de ser um dia, como afirmaram os adeptos da história com fim). Principalmente para intelectuais como o filósofo húngaro István Mészáros, algumas questões se colocaram como fundamentais: O que deve ser feito e o que pode ser feito nessa conjuntura da história, no que diz respeito aos grandes problemas do Estado? Como foi constituído, o Estado é mesmo capaz de resolver todos os graves problemas ou tornou-se um dos principais contribuintes para o agravamento de seus próprios problemas? Quais os requisitos de uma alternativa radicalmente diferente? São questões de Mészáros, vencedor do Deutscher Memorial Prize, em 1970. Neste seu “A Montanha que Devemos Conquistar: Reflexões Acerca do Estado”, é sobre essa estrutura

institucional configurada como espaço da disputa capitalista que o autor se debruça, para propor que seja erradicada. Para Mészáros, vive-se o momento do “Estado em falência” e urge sua substituição por uma nova “ordem sociometabólica”. A construção da tese parte dos grandes teóricos do Estado (de Hobbes a Bobbio). Essa linha de raciocínio começou no cartapácio “Para Além do Capital” (1.104 páginas), no qual introduziu a reflexão sobre como o Estado poderia fenecer (o capítulo é publicado como apêndice). Mészáros prossegue em sua análise com uma passagem pelas soluções alternativas surgidas no campo marxista, como o regulacionismo, o derivacionismo. Embora tenha uma posição crítica, ele rejeita a argumentação de que nessa área de pensamento se defenderia uma “anarquia utópica sem lei” ou que os socialistas de hoje desejariam “a transformação da nossa inevitável modalidade global de reprodução social em algum tipo de comunidade utópica de vila bucólica”. O diagnóstico de Mészáros é de que, no capitalismo do nosso século, “a lei”, base da organização regulatória do Estado, fun-

ciona “de facto” somente ao afirmar-se como força — ou “lei do mais forte”. No âmbito da tomada de decisão político/militar global, no domínio das relações interestatais, o Estado assume, assim, a postura mais violenta possível, para defender os interesses de um das forças em conflito, a mais poderosa. A tese remete ao novo momento das relações entre Estados Unidos e Cuba, depois de mais de meio século de embargo à ilha. A constatação da hegemonia da “lei do mais forte” faz Mészáros colocar em xeque “a ilusão da democracia liberal” como promessa de gestão eficiente do capitalismo e como gerência de um Estado que prometia o bem-estar eterno para todos, a paz e o progresso. Uma das razões de o Estado estar em falência seriam as próprias limitações ambientais (“termos materiais de referência”) para a reprodução do capital, acirrando a disputa pelo “trabalho excedente”. O cobertor cada vez mais curto estaria criando resistências estruturais à sobrevivência do Estado. Teríamos chegado ao limite da “expansão da reprodução sociometabólica” mediada pelo Estado. Não se trata de se contrapor, ele esclarece

dimensões da inteligência emocional. Pessoas socialmente hábeis são exímias em gerir equipes, pois são mestras em persuasão. É a empatia em ação.” Dois temas caros ao autor são foco e processos de avaliação. Para apresentá-los, Goleman lança mão da ciência do cérebro. “Quanto mais agimos de certo modo, seja de forma feliz, deprimida ou rabugenta, mais o comportamento se torna arraigado em nossos circuitos cerebrais e mais continuaremos agindo daquela forma.” O processo para reprogramar o cérebro rumo a comportamentos emocionalmente mais inteligentes é apresentado em cinco etapas, cuja descrição é seguida de ferramentas para reflexão. O processo não é fácil. “Leva tempo e, acima de tudo, requer empenho. Mas os benefícios que advêm de uma inteligência emocional bem desenvolvida, tanto para o indivíduo, como para a organização, fazem com que o esforço valha a pena.” Goleman também fala sobre os fundamentos da liderança de sucesso. Trata do papel do líder, suas características e tipos, e de como reconhecer o impacto da liderança. Segundo ele, há seis estilos de liderança: autoritário, coaching, afiliativo, democrático, coercivo e marcador de ritmo. Discorre sobre cada um deles, para concluir que, quanto mais estilos um líder exibir, melhor. “Líderes que dominam quatro ou mais estilos conseguem o melhor clima e desempenho empresarial.” Sugere modos de ampliar o repertório de estilos e trata até mesmo de como lidar com o líder tóxico, ou, em expressão coloquial e direta: “como sobreviver a um chefe FDP”. Dedica algumas páginas ao humor das chefias e a chefes perversos. Goleman é psicólogo, formado em Harvard. Durante doze anos escreveu para o “New York Times”, tendo sido indicado duas vezes para o prêmio Pulitzer. Foi cofundador de um grupo colaborativo que tem como missão ajudar escolas a implementar aulas de inteligência emocional. É autor de vários outros livros sobre o tema da inteligência emocional.

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Valor

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Paper View Europa

A integração futura na União Europeia (UE) depende, cada vez mais, de legitimação pública. A crise financeira global e a subsequente crise da área do euro amplificaram a proeminência e as consequências redistributivas de decisões tomadas em Bruxelas, levantando a questão de como isso influenciou o apoio público à integração da Europa. Examinam-se os modos como a opinião pública respondeu à crise, com foco no apoio à integração monetária. Vê-se que o apoio à moeda única permaneceu alto na área do euro. Entretanto, atitudes são crescentemente orientadas por considerações utilitárias, e preocupações identitárias tornaram-se menos importantes. Os cidadãos na área do euro tendem a formar opinião sobre a moeda com base em análises de custo-benefício da governança econômica europeia, sem maiores preocupações com questões nacionais. (“Public opinion and the crisis: the dynamics of support for the euro” - Sara B. Hobolt and Christopher Wratil) http://bit.ly/1PvyhOH

Emprego

Descrevem-se transições-chave num “mundo que muda rapidamente” e discutem-se seus prováveis impactos em questões relacionadas ao emprego. O mercado de trabalho está sob pressão contínua, também advinda da expansão do uso de robôs e da automação em geral. O trabalho tomará diferentes formas, e será necessário buscar maneiras de equilibrar aspectos positivos e negativos das mudanças que afetam a força de trabalho e os locais de trabalho. Como observa o autor, “as sociedades já mostraram capacidade para lidar com grandes mudanças no passado”. (“The big trade-off in the world of labor” - Klaus Zimmermann)

http://bit.ly/1ElGkaw

Capital

Examina-se um novo papel para os capitalistas de risco (“venture capitalists”), como intermediários do conhecimento. Um investidor pode transmitir conhecimento para um empreendedor, facilitando a inovação. Também pode transmitir a outras empresas de seu portfólio o conhecimento inovador desse empreendedor. Os autores estudam custos e benefícios dessas duas formas de transferência de tecnologia e suas implicações para o investimento, a inovação e a competitividade do produto em mercado. Também se focaliza a escolha entre “venture capital” e outras formas de financiamento, e fatores determinantes da decisão de se procurar proteção de patente para inovações. (“Venture capital and knowledge transfer” – Roberta Dessi e Nina Yin)

http://bit.ly/1KnmrVb

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Livros de economia e negócios

Mészarós: “Lei do mais forte” põe em xeque a “ilusão da democracia liberal”

rapidamente, ao Estado de direito. Pelo contrário. A única lei que pode se sustentar nesse contexto é “a lei que damos a nós mesmos”, que Mészáros define como “democracia substantiva” e que seria dada pela substituição da “lei do mais forte” ou “lei sobreposta” pela “lei autonomamente determinada”. Mészáros condena o “fetiche” da democracia representativa e seu “vazio legislativo” e constata seu “fracasso em todos os países”. Seria preciso resgatar o Estado daqueles que se apropriaram de-

le para seus interesses capitalistas. A tese é capaz de angustiar todas as cabeças políticas e econômicas, inclusive as heterodoxas. Segundo Mészáros, perde-se tempo na discussão sobre o tamanho do Estado. O debate deveria ser sobre o “tipo”. A legitimidade do Estado dependeria, assim, da conquista dele mesmo por todos. Em outras palavras, a desigualdade social estaria corroendo o Estado, “protetor da hierarquia social”. Essa seria a montanha desafiadora à frente da humanidade do século XXI.

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Fonte: Livraria Cultura, Saraiva e Submarino. Elaboração: Valor Data. * Entre 27/04/2015 à 03/05/2015. Obs: Preços sugeridos pelas editoras.

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